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EIXO TEMÁTICO:

Compartilhamento da Informação e do Conhecimento

MAPA CONCEITUAL: FERRAMENTA PARA ORIENTAR A PESQUISA NA


BIBLIOTECA ESCOLAR

CONCEPT MAP: TOOL TO GUIDE RESEARCH IN SCHOOL LIBRARY

Rosemari Pereira dos Santos Alves - rosebiblio@hotmail.com


Thelma Regina Fonseca de Oliveira - thel_regina@yahoo.com.br

Resumo: Este trabalho discute as diversas vantagens que a adoção dos mapas conceituais
proporciona a alunos e professores. Tem como objetivo refletir sobre sua aplicação no
processo de aprendizagem, a fim de despertar interesse pelo seu uso em pesquisas
escolares, e propor um projeto conjunto entre bibliotecários e professores para ensinar aos
alunos como construir mapas conceituais. Justifica-se pela importância de se empregar essa
ferramenta, que pode incentivar o educando a refletir e ampliar seu processo criativo, tornar
sua aprendizagem mais significativa e contribuir para a organização de seus trabalhos
escolares. O procedimento metodológico adotado foi a pesquisa bibliográfica, com
abordagem qualitativa. Conclui que o mapa conceitual é um recurso valioso no processo de
ensino e aprendizagem, especialmente visto que um mapa bem elaborado possui, ao
mesmo tempo, simplicidade na aparência e complexidade no conteúdo, possibilitando
reflexões profundas. Portanto, o educador deve ensiná-lo com paciência, em um ritmo no
qual o educando possa se acostumar com a técnica, pois, uma vez que ela for dominada,
pode acompanhar o aluno não só no período escolar, mas em sua vida profissional e
pessoal.

Palavras-chave: Mapa Conceitual. Pesquisa escolar. Biblioteca escolar

Abstract: This paper discusses the several advantages brought to students and teachers by
the adoption of concept maps. Its objective is to reflect about the employment of the tool, in
order to awaken interest towards the use of concept maps in school research, and to
propose a joint project between teachers and librarians to teach students how to make
concept maps. It is justified by the importance of understanding this tool, which can instigate
students to reflect and amplify their creative processes, make their learning more significant
and contribute to the organization of their school tasks. The methodological procedure
adopted was the bibliographic research, with a qualitative approach. Concludes that concept
maps are valuable resources in the process of teaching and learning, especially since, if well
made, they can condense complex content in simple schematics, potentially leading to
profound reflections. Thus, the educator must teach this technique with patience, in a rhythm
which allows the learner to adapt, inasmuch as, should it be mastered, it is bound to follow
the student beyond scholar education, reaching his or her professional and personal lives.

Keywords: Concept map. School research. School library.

I Colóquio em Organização, Acesso e Apropriação da Informação e do Conhecimento (COAIC) 2016.


Londrina: Universidade Estadual de Londrina (UEL), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI/UEL).
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1 INTRODUÇÃO

No processo de aprendizagem são estudadas diversas técnicas para


transformar informação em conhecimento e formas mais eficazes de se capacitar o
educando a usar os conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida, a fim de que
possa avaliar e absorver as informações disponíveis. Dessa maneira, seu senso
crítico é desenvolvido e ele se torna capaz de gerar novos conhecimentos a partir de
informações anteriores, tornando-se independente na busca informacional.
Para a organização da informação ser eficiente, um dos instrumentos usados
é o mapa conceitual, que, segundo Souza e Boruchovitch (2010), consiste em
representações gráficas como instrumentos organizadores de conceitos e
interligados em forma de rede. Nos mapas conceituais, as informações são
disponibilizadas de maneira sequencial, com ligação entre os termos. No entanto, é
fundamental ter conhecimento do público que será usuário dessa ferramenta para
que sejam aplicados os conceitos preexistentes nesse meio, tornando possível o
encontro das informações buscadas. Pois estes têm como alicerce a aprendizagem
significativa e utilizam-se dos conhecimentos que o educando possui para que se
possam introduzir novos conceitos, possibilitando um aumento em seu vocabulário a
cada nova pesquisa realizada.
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a aplicação do mapa conceitual no
processo de aprendizagem, tendo em vista o interesse dos estudantes para se
envolver nesse processo, e propor um projeto conjunto entre bibliotecários e
professores para ensinar os alunos como construir mapas conceituais. Justifica-se
pela importância de entender essa ferramenta, além de sugerir novas possibilidades
de utilização de mapas conceituais. Compreender a sua importância e seu uso
adequado mostrará ao aluno que este instrumento será um facilitador na
organização de seu trabalho escolar
A metodologia usada foi a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa.
Para critério de seleção de fontes foram consideradas as bibliografias que
abordaram os temas mapa conceitual, pesquisa escolar e biblioteca escolar. Foram
utilizados livros e artigos científicos encontrados no Google Acadêmico, Brapci e
Scielo. Na construção dos mapas foi empregado o programa LibreOffice Draw.

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O trabalho esta organizado em duas seções, além desta introdução e das


considerações finais. A primeira seção discute a pesquisa escolar como um
processo complexo que exige dos alunos habilidades que precisam estar
previamente desenvolvidas e a importância da biblioteca escolar como espaço de
pesquisa, aprendizado e desenvolvimento do senso crítico dos alunos. A segunda
traz o conceito de mapa conceitual e propõe um projeto conjunto entre bibliotecários
e professores para ensinar alunos a construir mapas conceituais. Finaliza indicando
o mapa conceitual como uma ferramenta de ensino/aprendizagem, que poderá
trazer aos alunos muitos benefícios, tanto em sua vida escolar quanto em sua vida
pessoal.

2 PESQUISA NA BIBLIOTECA ESCOLAR

Para a formação educacional da criança, a biblioteca escolar tem um papel


fundamental, pois nela se encontram inúmeras possibilidades de assuntos reunidos
num mesmo lugar, visando o estudo e a pesquisa. As diretrizes da IFLA/UNESCO
publicadas em 2000 para as bibliotecas escolares, traduzida por Macedo e Oliveira
(2005), descrevem aspectos sobre sua missão, política, recursos, pessoal,
programas, atividades e promoção. De acordo com suas Normas este espaço deve
proporcionar ideias fundamentais na formação social, baseada na informação do
conhecimento. “A biblioteca escolar habilita os alunos para a aprendizagem ao longo
da vida e desenvolve sua imaginação, preparando-os para viver como cidadãos
responsáveis” (IFLA/UNESCO, 2005, p.4).
Conforme Hillesheim e Fachin (2004), a biblioteca escolar é um espaço em
que os alunos encontram material para complementar sua aprendizagem e
desenvolver sua criatividade, imaginação e senso crítico. É neste ambiente que
podem reconhecer a complexidade do mundo que o rodeia, descobrir seus próprios
gostos, investigar aquilo que os interessa, adquirir conhecimentos novos, escolher
livremente suas leituras preferidas e sonhar com mundos imaginários.
Neste contexto, a biblioteca escolar se torna um ambiente propício para a
aprendizagem. Fragoso (1996) a considera um centro de recursos educativos
integrados ao processo de ensino aprendizagem, no qual o uso da informação é

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preponderante, o que torna esse espaço um laboratório de aprendizagem tendo o


bibliotecário como mediador. Portanto, é indispensável que a biblioteca escolar e o
professor realizem um trabalho em conjunto, socializando as informações e
conhecimentos disponíveis no ambiente. Neste trabalho, o professor pode orientar o
educando sobre a metodologia a ser seguida, enquanto o bibliotecário pode
disponibilizar o material para ajudá-lo na elaboração do mapa conceitual,
transformando tal ferramenta em instrumento eficaz de ensino-aprendizagem do
aluno.
A biblioteca escolar é um centro ativo da aprendizagem, portanto precisa ser
vista como um núcleo ligado ao esforço pedagógico dos professores, não como um
apêndice da escola. Ela, portanto, deve trabalhar com os professores e alunos, não
apenas para eles. Mas na maioria das vezes, segundo Sanches Neto (1998), a
biblioteca é encarada como um anexo da escola, quando, na verdade, ela deveria
ser a sua alma.
Côrte e Bandeira (2011, p. 2) afirmam que “é indiscutível a importância da
leitura na vida de cada cidadão, e consequentemente, a importância de desenvolver
o hábito de leitura em todas as crianças”. A leitura amplia o vocabulário, logo auxilia
no momento da construção do mapa conceitual para a preparação do percurso a ser
estabelecido na elaboração do trabalho de pesquisa.
Segundo Bagno (1998 p.17), “pesquisa” é uma palavra de origem espanhola
cuja raiz é o verbo “perquirere” (do latim), que significa “procurar” ou “buscar com
cuidado”. O particípio passado de “perquiro” é “perquisitum” que, com o
desenvolvimento histórico da fonética e a passagem do latim para o espanhol, se
transformou em pesquerir e, eventualmente, em pesquisar. Conforme Suaiden
(1995) e Santos (1989) a pesquisa escolar foi criada na Reforma do Ensino de 1971
que, através da Lei 5.692, alterou a estrutura do ensino e fez da pesquisa uma
prática obrigatória nas escolas (BRASIL, 1971).
Abreu (2005) explica que, apesar de haver uma concordância generalizada
entre os professores que acreditam que a pesquisa escolar é uma estratégia de
aprendizado, que permite maior participação do aluno, levando-o a aprender a
trabalhar em grupo ao mesmo tempo em que individualiza seu conhecimento, na
prática não é o que acontece. O que tem acontecido hoje em dia é o

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descontentamento dos educadores com as pesquisas escolares. Segundo Abreu


(2005), os professores reclamam do fato de que os alunos simplesmente copiam dos
livros, enquanto os bibliotecários se queixam por não conhecerem o tema
antecipadamente, não podendo se preparar adequadamente para atender os alunos,
pois geralmente recebem a classe inteira, de uma só vez, em busca do mesmo
assunto. Silva (1991) afirma que as visitas à biblioteca, pelos alunos, acabavam se
transformando em “tiros no escuro”, com leitores perdidos que se satisfazem com
qualquer material disponível, de preferência “bem mastigado”.
Abreu (2005) diz que a internet, que poderia ser uma aliada na aprendizagem
dos alunos e na contribuição de trabalhos mais críticos, pois disponibilizam diversas
fontes de informação, não modificou este cenário. Em vez de explorarem a rede em
busca de mais informações, para enriquecerem sua pesquisa, muitos alunos
continuam copiando, recortando e colando, às vezes nem leem o trabalho pronto e
já entregam para o professor. Isto acontece porque muitas pesquisas são fruto de
tarefas impostas que não despertam o interesse dos alunos, que apenas se
preocupam em acabar o mais rápido possível. No mesmo sentido, livros são
disputados simplesmente por terem sido solicitados por professores para a
conclusão de determinada tarefa, não por haver alunos com desejo de lê-los.
Muito diferente de como tem acontecido na prática, a pesquisa escolar, como
aponta Demo (1997), deveria ser entendida como um recurso metodológico para a
construção da aprendizagem no processo de formação da competência humana.
Para Kuhlthau et al. (2002) a pesquisa escolar como estratégia de aprendizado deve
possibilitar ao aluno o desenvolvimento de habilidades de escolha de temas que lhes
sejam interessantes e a utilização de recursos que o ajudem a entender o que foi
pesquisado, além de ser uma oportunidade para o estudante aprender a trabalhar
em grupo.
Abreu (2005) explica que é preciso reconhecer que a pesquisa escolar é um
processo complexo que exige dos alunos habilidades que precisam estar
previamente desenvolvidas. O estudante deve conhecer o espaço da biblioteca e as
fontes de consulta que o ajudarão a recuperar a informação que necessita, como os
catálogos por exemplo. Precisa saber quais fontes são confiáveis, pesquisar em
mais de uma, interpretar as informações lidas e dominar as técnicas de escrita,

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como a citação e a paráfrase.


Um dos grandes problemas que surgem do descaso dos pesquisadores no
ambiente escolar é a cópia de conteúdo sem referências. Esse é um problema que a
biblioteca escolar pode reverter, pois, conforme Fragoso (1996), ela é a mediadora
do processo de ensino-aprendizado e, além disso, é o laboratório no qual a pesquisa
é realizada, o que significa que sua intervenção é necessária. Abreu (2005), por sua
vez, diz que só serão alcançados resultados positivos da pesquisa se a escola
sempre investir em programas de desenvolvimento de habilidades informacionais,
que deverão iniciar na vida da criança desde cedo.
A pesquisa escolar ainda pode ser uma ferramenta poderosa no centro do
processo pedagógico, ficando clara a oportunidade da biblioteca escolar para intervir
e conduzir as mudanças necessárias para tanto. E o primeiro passo é fazer o bom
uso da biblioteca e da informação.

3 MAPA CONCEITUAL

Segundo Ferreira et al. (2007), John Novak desenvolveu o mapa conceitual


como linguagem para descrição e comunicação de conceitos. Estas autoras
descrevem este termo como representações gráficas em formato de diagrama que
indicam relações entre conceitos ligados por palavras, tratando-se, portanto, de um
instrumento que destaca hierarquias de assuntos numa estrutura de rede composto
por termos-chave de uma especialidade. Sua construção se dá na vertical, do termo
mais geral para o mais específico, no topo do gráfico ficam conceitos mais
inclusivos, no meio do mapa os intermediários e na base os menos inclusivos,
seguindo uma hierarquia. Os conceitos são elementos-chave que estão organizados
e interligados em forma de rede.
Ferreira et al. (2007) explicam que os mapas conceituais são instrumentos
fundamentais na elaboração de um vocabulário controlado: o tesauro, que se trata
de uma lista de termos padronizada sobre assunto determinado com linguagem
documental. Já Souza e Boruchovitch (2010) definem mapa conceitual como meio
para alcançar um fim e afirmam que, ao ser aplicado no ensino, configura-se como
uma estratégia de aprendizagem ou ferramenta avaliativa. A forma de estruturação

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deste esquema tem por alicerce a aprendizagem significativa, que consiste na


integração de novos conceitos. Para que a aprendizagem ocorra, é necessário
determinar o que o educando conhece para introduzir novas ideias.
Wuster (1998) defende que conceito é um elemento do pensamento. Para
Lancaster (1993, p. 10-11), é “um tópico estudado por um autor”. Novak (1988), por
outro lado, argumenta que são representações de um objeto pelo pensamento,
expresso por palavras que os descrevem e particularizam. Dessa maneira, forma-se
um conceito ao se pensar sobre o que está sendo estudando e ao descrevê-lo, ou
seja, ao denominá-lo com um termo que permita que sua identificação se concretize.
Assim, o número de conceitos criados para o mapa conceitual depende do
conhecimento preexistente do educando, de tal maneira que o estudo e a busca por
novos conceitos proporcionam o aumento de seu conhecimento.
Moreira (2006) lembra que, dentro de uma instituição de ensino, o mapa
conceitual pode ser usado na organização e na análise de conteúdo que o professor
vai ministrar como recurso didático na aula ou em uma matéria específica, e ainda
pode ser usado como instrumento de avaliação. Por isso os mapas conceituais, para
Souza e Boruchovitch (2010), se configuram como uma estratégia de aprendizagem
por destacarem a organização que se fundamenta no estabelecimento de relações,
possibilitando inúmeros ganhos de natureza metacognitiva, e mobilizam o educando
no planejamento do próprio pensamento e ações.
A linha construtivista propõe que o educando participe do próprio
aprendizado, por meio de experiências. O erro não se traduz como tropeço, mas,
sim, como meio de aprendizagem. Dois grandes pensadores, Piaget e Vygotsky,
afirmam que experiências de vida constroem o saber do ser humano desde
pequeno.
Segundo Matos (2008), para Piaget a concepção de homem é a de um sujeito
em atividade que constrói seu conhecimento via interação com o meio, ou seja, a
relação entre sujeito e objeto é indissociável, o conhecimento é resultado da troca
constante entre sujeito e ambiente. Para construir esse conhecimento, o
entendimento infantil ajusta-se às informações do meio, a compreensão é o
resultado de uma interação entre aluno e ambiente, onde o sujeito é um elemento
ativo que procura compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as

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questões que tal mundo gera.


Sirgado (2000) descreve que, para Vygotsky, o desenvolvimento é visto como
acontecimento individual que ocorre em interação com o meio que implica em
adaptação dos comportamentos individuais e práticas sociais. Assim, observa-se
que a socialização depende de uma adequação das características sociais e
culturais do indivíduo. Para este autor ao invés de perguntar como a criança se
comporta no meio, deve-se perguntar como o meio social age na criança.
Para Vygotsky o outro tem um papel fundamental no processo cultural de uma
pessoa. Não se trata de fazer do outro um mediador instrumental, no caso da
criança cujo desenvolvimento estaria comprometido sem a presença e ajuda do
outro, tal mediação tem um sentido profundo no seu desenvolvimento. (SIRGADO,
2000)
Em cada indivíduo a construção do conhecimento é singular, depende de sua
história de vida, de família e de oportunidades vividas que de alguma maneira
acrescentaram algo em sua vida seja positiva ou negativa. Para a construção do
mapa conceitual o educando vai inevitavelmente ter que partir do seu conhecimento
prévio e representá-lo por meio de conceitos.
O mapa conceitual hierárquico se coloca como um instrumento
adequado para estruturar o conhecimento que está sendo construído
pelo aprendiz, assim como uma forma de explicitar o conhecimento
de um especialista. Ele é adequado como instrumento facilitador da
meta-aprendizagem, possibilitando uma oportunidade do estudante
aprender a aprender, mas também é conveniente para um
especialista tornar mais clara as conexões que ele percebe entre os
conceitos sobre determinado tema. (TAVARES, 2007, p. 74).
Tavares (2007) lembra que durante o processo de aprendizagem, na
construção do mapa conceitual vai ficando nítido as dificuldades de entendimento do
tema proposto, dessa maneira o educando identificará quais os conceitos que faltam
para a construção do mapa e poderá retomar sua pesquisa para voltar na
construção. Diz ainda que o educando que desenvolve essa habilidade de
construção do mapa desenvolverá sua autonomia no processo de aprendizagem.
Seria interessante que a construção de mapas conceituais fosse ensinada
nas escolas. Para tanto, propõe-se a realização de um projeto no qual os alunos
possam aprender a construí-los. O projeto será realizado na biblioteca escolar, com
bibliotecários e professores trabalhando em conjunto. O professor orientará o

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educando sobre a metodologia a ser seguida e apresentará para ele o mapa


conceitual de forma simples que facilite seu entendimento. O bibliotecário, por outro
lado, disponibilizará material para ajudá-lo na elaboração do mapa conceitual. Por
ser realizada na biblioteca escolar, o educando ampliará o seu vocabulário ao
pesquisar sobre o assunto determinado, permitindo que elabore conceitos que vão
determinar os tópicos que serão abordados.
A construção do mapa conceitual acontecerá com os tópicos do trabalho,
determinando o percurso a ser seguido, pois como afirma Souza e Boruchovitch
(2010) o mapa conceitual é um meio para alcançar um fim. E esse será o diferencial
na elaboração do trabalho, o educando deverá traçar um gráfico que o mostrará
onde irá começar e onde irá terminar o seu trabalho, elencando os tópicos que são
indispensáveis.
Finaliza-se esta seção apresentando os tipos de mapas conceituais
apresentados por Tavares (2007): 1) Teia de aranha: Ele é organizado colocando-
se o conceito central (ou gerador) no meio do mapa. Os demais conceitos vão se
irradiando na medida em que nos afastamos do centro;
Figura 1: Teia de Aranha

Fonte: Autoria própria


2) Fluxograma: Ele organiza a informação de uma maneira linear. Ele é utilizado
para mostrar passo a passo determinado procedimento, e normalmente inclui um

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ponto inicial e outro ponto final. Um fluxograma é normalmente usado para melhorar
o desempenho de um procedimento;

Figura 2: Fluxograma

Fonte: Autoria própria


3) Tipo Sistema, entrada e saída: Organiza a informação num formato que é
semelhante ao fluxograma, mas com o acréscimo da imposição das possibilidades
“entrada” e “saída”;
Figura 3: Tipo Sistema, Entrada e Saída

Fonte: Autoria própria

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4) Hierárquico: A informação é apresentada numa ordem descendente de


importância. A informação mais importante (inclusiva) é colocada na parte superior.
Um mapa hierárquico é usado para nos dizer algo sobre um procedimento.

Figura 4: Hierárquico

Fonte: Autoria própria.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, pretendeu-se apresentar os conceitos teóricos dos mapas


conceituais. Embora pareça que os mapas são apenas mais uma representação
gráfica de informações, compreender a importância dessa ferramenta e seu uso
adequado mostrará ao aluno que este instrumento será um facilitador na
organização de seu trabalho escolar.
A princípio, pode parecer um simples arranjo de palavras em uma hierarquia,
mas, quando bem organizados, fica evidente que o mapa conceitual é, ao mesmo
tempo, simples e complexo, possuindo significados profundos.
A produção de mapas conceituais ajuda o aluno a aprender de uma maneira
mais eficaz, pois desenvolve o senso crítico e a criatividade, visto que, através desta
ferramenta, terá consciência sobre o que realmente compreendeu e como sintetizar
esse conhecimento.
Por isso, o professor deve ter paciência quando for ensinar este método, pois

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precisa dar tempo para os alunos se acostumarem com esta maneira de pensar e
exteriorizar o conhecimento, tendo em mente que está oferecendo uma excelente
ferramenta de ensino/aprendizagem, que poderá trazer a eles muitos benefícios,
tanto em sua vida profissional quanto em sua vida pessoal.

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