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INTRODUÇÃO

Como estabelecer objetivos e metas financeiras? Como preparar o


orçamento da família? Como controlar esse orçamento? Neste curso,
daremos dicas de como lidar com a perda de um emprego e com o
endividamento, indicando alternativas para as pessoas acertarem a sua
vida financeira. Desse modo, o curso tem como objetivo proporcionar o
conhecimento necessário para que as pessoas sejam capazes de planejar a
sua vida financeira e organizar o seu orçamento familiar.
Ao final do curso, você deverá estar apto a:
 planejar a sua vida financeira;
 organizar o orçamento individual e familiar, e
 aprender a organizar a sua vida financeira em casos de
endividamento.
SUMÁRIO
MÓDULO I – PLANEJAMENTO FINANCEIRO ........................................................................................ 7

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO ........................................................................ 10
Crescimento do nível de endividamento .............................................................................. 11
PREPARAÇÃO DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO ......................................................................... 12
Objetivos e metas .................................................................................................................... 12
Objetivos vagos e sem prazo determinado ......................................................................... 14
Flexibilidade .............................................................................................................................. 14
Reflexão: os seus objetivos e as suas metas........................................................................ 15

MÓDULO II – ORÇAMENTO E CONTROLE FINANCEIROS ................................................................ 17

ORÇAMENTO FAMILIAR ................................................................................................................... 17


Renda ......................................................................................................................................... 17
Renda variável .......................................................................................................................... 18
Despesas ................................................................................................................................... 18
ANÁLISE DO ORÇAMENTO FAMILIAR ............................................................................................ 24
PLANO DE EMERGÊNCIA ................................................................................................................. 24
Organizador .............................................................................................................................. 25
Pagador ..................................................................................................................................... 25
Manutenção da documentação ............................................................................................. 25
Conversa em família ................................................................................................................ 26
Conta conjunta do casal.......................................................................................................... 27

MÓDULO III – EDUCAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................................. 29

DICAS ................................................................................................................................................. 29
Mesada ...................................................................................................................................... 30
Quanto dar de mesada aos filhos? .................................................................................. 30
LIQUIDAÇÃO DE DÍVIDAS ................................................................................................................ 30
PLANO DE EMERGÊNCIA ................................................................................................................. 33
Orçamento ABCD ..................................................................................................................... 33

CONLUSÃO ........................................................................................................................................... 35

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 36

PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 37
MÓDULO I – PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Neste módulo, vamos analisar a importância do planejamento familiar como forma de


garantir o melhor aproveitamento da renda. Para isso, discutiremos o valor do planejamento, bem
como do estabelecimento de objetivos e metas, grandes aliados para o melhor aproveitamento
financeiro.

Introdução

Vamos começar com uma pequena história.

João Paulo era um cara com muitos sonhos. Ele acreditava que as
coisas melhorariam para ele algum dia. Vivia lendo revistas com
celebridades e adorava os núcleos ricos das novelas da televisão. Ele
admirava personagens bem-sucedidas.
João Paulo sonhava ter a sua própria casa, estudar, trabalhar e
oferecer melhores expectativas para a sua família. Sonhava com uma
aposentadoria tranquila. O fato é que ele vivia com dívidas e não tinha
poupança alguma, embora tivesse um bom emprego. João Paulo reclamava
que os seus sonhos pareciam cada vez mais distantes. Ele não conseguia
entender como algumas pessoas podiam ter tantas coisas e ele não conseguia
uma estabilidade financeira mínima. Um dia, João Paulo resolveu
conversar com o seu amigo Franco.
João falava, com certo desdém, de pessoas com muita sorte na vida.
Parecia que tudo dava certo para elas sem nenhum esforço. Pensando no
salário que ele mesmo recebia, era impossível entender como a vida
financeira dos outros era saudável. Ou o sacrifício era gigantesco, ou as
pessoas deveriam sem um bando de sovinas.
Franco, que não aguentava mais tantas reclamações, resolveu agir.
– Sabe, João Paulo, realmente, algumas pessoas devem ser muito
sortudas. Outras, muito sovinas, mas a maior parte delas não é nada disso.
Vamos entrar no meu carro que eu te mostro!
Os dois entraram no carro e saíram em direção a uma estrada.
Franco dirigia por todo o caminho, sem falar nada. João Paulo via a
estrada avançar, mas não entendia nada. Uma hora, João Paulo resolveu
perguntar:
– Franco, o que nós estamos fazendo aqui?
– Nada – respondeu Franco.
– Aonde vamos?
– Não sei.
– Então, Franco, por que você pegou esta estrada?
– Já que não estamos fazendo nada e não sabemos onde estamos indo,
qualquer estrada serve. Certo? Quando a gente não tem um destino, não
sabe aonde chegar, qualquer estrada é igualmente certa ou errada. Se não
sabemos onde queremos ir, o caminho que trilhamos não faz a menor
diferença – disse Franco.
– Bom, isso eu sei, mas o que você quer dizer com isso tudo, Franco?
– Você vive dizendo que os outros são sovinas ou têm sorte –
continuou Franco -, mas você não faz nada para mudar a sua própria
sorte. Você pode ter alguma coisa, viver bem com o que ganha e realizar
alguns sonhos. Basta planejar a sua vida financeira.
– Mais isso dá trabalho, Franco. É chato.
– Dá trabalho, João, como tudo que se deseja na vida. Tudo exige
esforço para ser conquistado. É assim quando você quer emagrecer ou
quando está praticando algum esporte, né?
– Qual é o incentivo para começar a preparar planilhas e mais
planilhas se o meu dinheiro não dá para nada? – questionou João.
– Pense mais uma vez nos seus sonhos.
– Hum, hum! – murmurou João.
– Agora pense em você, realmente, conquistando tudo isso. Imagine
como vai ser bom para você e a sua família. Veja a sua casa, o seu carro, o

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diploma, os seus filhos estudando. Deixe de lado a fantasia de ganhar na
loteria e pense em você mesmo sendo capaz de conquistar tudo isso com o seu
esforço, com o seu trabalho.
– Mas como?
– Com planejamento financeiro! – retrucou Franco. Não há nada de
mágico ou extraordinário. Dá certo trabalho, exige tempo e esforço. Tudo
na vida custa esforço, dedicação, mas o retorno compensa. Comece a pensar
em investir de maneira inteligente.
– Como é?
– Investir de maneira inteligente é planejar, ter disciplina e conhecer
investimentos. Dessa forma, você pode consumir com segurança e se
preparar para emergências e para a própria aposentadoria.

E você? Sabe o que significa investir? Vamos começar a entender melhor por que você deve-
se transformar em um investidor, conhecer o significado do planejamento financeiro e os
benefícios que ele traz para a sua vida.
Não está sendo dito que ser pão-duro é a solução. É possível consumir de maneira
responsável, organizar-se e viver bem. Para isso, é preciso planejamento.
Não devemos nos esquecer de que investir exige disciplina, ou seja, deixar de lado os gastos
desnecessários para aprender a otimizar os ganhos no futuro e não pensar apenas no presente, mas
preocupar-se com o futuro de nossos sonhos.
No entanto, devemos lembrar que as pessoas são diferentes. Cada um tem a sua própria
perspectiva sobre o consumo e a poupança. Devemos investir para que possamos:
 consumir com segurança;
 estar preparados para os imprevistos e
 fazer um planejamento para o futuro.

Vejamos como fazer cada uma dessas três coisas:


a) Consumir com segurança – significa poder consumir sem a preocupação de não
conseguir pagar a conta depois, não ter a dor de cabeça de contrair uma dívida e não
saber como sair dela, poder se dar o luxo de aproveitar um momento sem medo de se
arrepender depois.
Muitas pessoas consomem sem responsabilidade e se arrependem depois. Quem nunca
comprou algo e depois se enrolou para sair daquela situação, não é verdade? Isso
acontece porque nem todo mundo tem a mesma visão sobre poupar.
b) Estar preparado para os imprevistos – um dos maiores benefícios da poupança é
estarmos preparados para uma emergência qualquer. Não estamos falando somente de

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casos de doença mas também de ajudar alguém, de ter e arcar com algo que não estava
em seus planos, mas devemos fazer.
Se não temos poupança alguma, podemos ficar sem uma saída minimamente adequada
em uma situação de emergência. Podemos, até mesmo, passar por situações
constrangedoras para resolver a situação. Isso é bem desagradável.
c) Planejar-se para o futuro – o planejamento permite que você alcance independência
financeira e esteja preparado para a sua aposentadoria.

Importância do planejamento financeiro

Um dos motivos frequentes para a separação em um casamento é a instabilidade financeira


do casal e de outros membros da família. Geralmente, a separação não ocorre em função de o
casal ganhar pouco, e sim por causa dos gastos irresponsáveis, que comprometem todo o
orçamento familiar.
Pessoas com pouca renda costumam se ajudar. Uns cobrem os outros, até mesmo mantendo
um caixa único. O problema aparece quando alguém da família gasta além da conta, isto é, gasta
em coisas com as quais o restante da família não concorda, sem forma alguma de controle.
O problema não está em ganhar pouco, em ter pouca renda. O problema está em gastar
sem controle, levando problemas para dentro de casa.
Nesse sentido, por que fazer um orçamento familiar? Por vários motivos! Vejamos:
 Viver com os próprios meios – você e sua família vão poder viver plenamente, usando
apenas o que ganham.
 Atingir objetivos – o orçamento ajuda a definir os seus objetivos e os da sua família. E
o mais importante – o orçamento permite que você os atinja.
 Viver de forma mais organizada – o orçamento financeiro da família é o planejamento
das finanças do lar. Ele permite que a família viva de maneira mais organizada,
sabendo em que, quanto, quando e de que forma pode-se gastar.

Algumas pessoas são craques organizando as finanças de uma empresa. Muitas vezes, são
muito competentes nas suas funções, no entanto, são verdadeiros desastres na conduta
financeira pessoal.

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Será que é um problema real as famílias estarem endividadas? A seguir, temos uma
primeira resposta.

As dívidas não são um problema efetivo se as famílias com dívidas tiverem controle do seu
orçamento, e as pessoas com dívidas controlarem os seus gastos e tiverem previsão efetiva de
quitação.
O problema é que as pesquisas trazem uma informação adicional preocupante. O
percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou em março pela primeira vez no
ano, atingindo 25,2% – uma alta de 0,3 ponto percentual. A constatação é da Pesquisa de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada abril de 2018, pela
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ela aponta o cartão de
crédito como o principal compromisso financeiro para 76,4% das famílias endividadas.
O percentual das famílias que declararam não ter condições de pagar as suas contas ou
dívidas em atraso, ou seja, que permaneceriam inadimplentes, passou de 9,7%, em fevereiro, para
10%, em março, apresentando queda em relação aos 10,4% de março de 2017.
O estudo aponta, no entanto, que a proporção de famílias endividadas se manteve estável
nos 61,2% de fevereiro, o mesmo não acontecendo quando a comparação é com março do ano
passado, com o indicador subindo 0,4 ponto percentual.
Depois do cartão de crédito – responsável pelos 76,4% do endividamento das famílias –
vêm os carnês, com 16,6% e, em seguida, o crédito pessoal, que responde por 10,4% do
endividamento familiar.

Crescimento do nível de endividamento


Os dados da publicação da CNC indicam que a proporção das famílias que se declararam
muito endividadas também aumentou em relação a fevereiro, passando de 13,6% para 14,1% do total
de entrevistados, uma alta de 0,5 ponto percentual. Já na comparação anual, houve queda de 0,6
ponto percentual nessa proporção dos muitos endividados. Isso é, efetivamente, um problema.
Quantos de nós, com a chegada do fim de ano, recebemos nosso 13o salário e, ao lembrar que
temos dívidas, achamos a solução? Pagamos as dívidas contraídas durante o ano com o 13o! Todo final
de ano é a mesma coisa. Pensamos: “Legal! Tudo resolvido!” Será mesmo? Chegam as festas e vem
aquela vontade de dar presentes e comemorar com todo o requinte. Resultado: as dívidas reaparecem!
As pessoas resolvem atender ao apelo do comércio e acreditam que as coisas podem ser compradas
em parcelas a perder de vista, sem juros. E tem gente que acredita nisso.
As pessoas se esquecem de que o presente é de hoje, mas as parcelas vão pesar nos gastos da
família nos próximos meses. Janeiro, por exemplo, é o mês das taxas – IPTU, IPVA – e dos gastos
escolares – matrícula, uniforme e materiais. Dessa forma, as dívidas são, novamente, contraídas e
trazem dor de cabeça por mais onze meses.

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Como acabar com esse círculo vicioso? A resposta é simples! Elabore o seu orçamento
familiar, ou seja, faça o planejamento das suas receitas e dos gastos da família.

Preparação do planejamento financeiro

Na hora de preparar o seu planejamento, as famílias devem seguir algumas regras e alguns
procedimentos. O que é planejamento? O que fazer? Quem deve fazer? Quando fazer? Como fazer?
Planejamento é um processo desenvolvido para que uma situação desejada seja alcançada de
um modo mais eficiente e efetivo. Planejar é tomar uma decisão, hoje, sobre algo que acontecerá
no futuro. Planejar significa ter uma vida melhor.
Como fazer um plano eficaz? Como fazer um plano que permita, a mim e a minha família,
gerir nossos recursos eficientemente?
O ponto inicial para um plano orçamentário eficaz é o conhecimento dos objetivos, das
prioridades, da renda e dos gastos da família. Muitas pessoas confundem as coisas porque acham que
estabelecer objetivos e metas financeiras resume-se a cortar despesas. No entanto, não se trata disso.
Você e a sua família apenas terão metas claras a serem atingidas. Por exemplo, quando você
está dirigindo em uma estrada, também tem de controlar a velocidade e saber onde parar para
comer e abastecer o carro, continuando a viagem de maneira mais fácil, sem problemas, até onde
deseja chegar.

Atenção para uma dica muito importante! O planejamento


financeiro deve contar com a participação de toda a família.
Aí está o grande segredo!

Converse com todos juntos e discutam quais são os objetivos comuns. Mostre as vantagens
que todos terão quando esses objetivos forem atingidos. Perceba que a ideia é convencer os outros,
não os obrigar a aceitar as suas posições. Você deve buscar o comprometimento de todos para que
os objetivos e as metas sejam atingidos.

Objetivos e metas
Os objetivos devem refletir, fielmente, os desejos e as necessidades da vida da família. Os
objetivos também devem ser factíveis, e não impossíveis de serem atingidos.
Podemos dividir os objetivos em:
 monetários – como a compra de uma casa ou de um carro, e
 não monetários – como a realização de um curso de graduação ou de pós-graduação.

A seguir, vamos distinguir, claramente, o que é objetivo e o que é meta.

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a) Objetivos
Objetivo é um ponto futuro a ser atingido. Por exemplo, comprar uma casa maior, naquele
local tão sonhado. Para serem úteis, os objetivos devem ser:
 claros;
 desafiadores;
 possíveis de serem atingidos e
 éticos – conquistas que não ferem os seus conceitos pessoais.

Os objetivos podem ser de curto, médio e longo prazos. Vejamos:


 Curto prazo – estamos falando de objetivos para daqui a um ano ou até dois anos,
como quitar a dívida com o cartão de crédito.
 Médio prazo – objetivos entre dois a cinco anos. Podemos pensar, por exemplo, em
trocar o carro por um mais novo.
 Longo prazo – objetivos com mais de cinco anos, como a aposentadoria.

Dessa forma, devemos definir objetivos com prazos distintos. Isso significa que os objetivos
que vamos estabelecer devem ser realistas. Se os objetivos forem impossíveis de serem atingidos,
você e a sua família logo estarão desmotivados. Dessa forma, todo o esforço será perdido, porque
ninguém irá controlar as finanças em busca de um objetivo impossível. Por exemplo, a sua renda
familiar é de R$ 3.000,00 e você estabelece como objetivo, dentro de cinco anos, comprar uma
casa nova, enorme e no melhor bairro de cidade ao preço de R$ 10 milhões.
Mesmo que vocês sejam muito poupadores e consigam guardar R$ 1 mil por mês, ao final
de cinco anos, terão poupado menos de R$ 100 mil. Fica bem claro que esse objetivo é impossível
de ser atingido. Seja mais realista e se volte para objetivos possíveis de serem atingidos. Ainda que
os objetivos sejam difíceis, não devem ser impossíveis.

b) Meta
Meta é um ponto intermediário a ser atingido no caminho do seu objetivo final. Metas são
etapas intermediárias para obtenção de determinado fim e exigem esforço para serem alcançadas.
Algumas pessoas definem meta como desafio a ser alcançado. Esse também é um raciocínio
interessante. Na busca do seu objetivo, você pode estabelecer várias metas. Quanto mais distante
for seu objetivo, mais importante será estabelecer metas intermediárias.
Obviamente, as definições de metas que vimos não são unânimes. Dessa forma, caso você
misture alguns desses conceitos, não há problema. O fundamental é entender que, para atingir o seu
norte, o seu porto de chegada, algumas marcas no meio do caminho são importantes. Em uma
viagem, o seu objetivo é atingir determinado local ou determinada cidade. No entanto, nos seus
planos, você marca pontos ou outros locais que devem ser atingidos dentro de determinado tempo.

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Outra dica importante: quantifique os seus objetivos e as
suas metas! Os objetivos devem ser datados e quantificados
para serem atingidos. Objetivos vagos e sem prazo
determinado não podem ser cumpridos.

Objetivos vagos e sem prazo determinado


Um exemplo que todos nós conhecemos é aquela proposta que muitos fazemos perto da
meia-noite do dia 31 de dezembro. Estamos com a taça na mão e pensamos: “no próximo ano,
vou emagrecer”. Essa é a típica promessa que não será cumprida. Você entendeu por quê?
Não será cumprida porque você não estabeleceu quantos quilos perder e quando o objetivo
deve ser atingido. Você não buscou saber quantos quilos pesa hoje e como perderá o peso
estabelecido dentro do prazo proposto. Não estabeleceu, também, quais são as suas metas
intermediárias.
Um bom exemplo de como perder peso seria o seguinte: hoje, eu peso 75 quilos e pretendo
chegar a 69 quilos até julho do próximo ano. Após ter consultado o médico, já sei como devo
agir, uma vez que estabeleci que, até março, devo estar com 72 quilos; em abril, com 70 quilos e,
em julho, atingirei meu objetivo.
Agora, fica mais fácil entender que metas são parâmetros a serem atingidos, não importa
que seja uma medida de peso, valor, distância ou outra qualquer. O importante é entender que,
para atingirmos nossos objetivos, devemos estabelecer um ponto intermediário a ser alcançado e
com prazo a ser observado – ou seja, uma meta.
Outro aspecto importante que devemos saber sobre nossos objetivos é que eles devem ser
flexíveis. Ao estabelecermos um objetivo para nossas vidas não estamos entrando em uma camisa
de força, de onde é impossível sair!

Flexibilidade
Podemos imaginar o comandante de um navio quando sai para navegar. O comandante
estabelece o seu destino e sai na direção do seu Norte. Quando aparece uma ilha à frente, ele dá a
volta e segue na direção do seu objetivo. Caso surja uma tempestade que torne a navegação muito
arriscada, ele para em porto seguro. Passada a tormenta, ele segue o seu rumo porque o Norte
continua firme, mostrando o caminho.
Essa situação pode ser pensada no seu cotidiano. Por exemplo, vamos considerar que você e
a sua família estabeleceram como objetivo que, dentro de cinco anos, irão comprar aquela casa
maior, melhor e que cabe até a sogra. No entanto, nesse tempo, surge uma oportunidade de
trabalho para você, que implica que todos morem no exterior durante um período de dois a três
anos. O problema é que, para isso dar certo, uma parte da poupança será gasta. Vocês devem

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pensar se o sonho da casa maior não pode ser adiado por mais alguns anos, para que tenham essa
experiência de vida.
Será que compensa manter o sonho e não ir para o exterior? O que não é correto é vocês
ficarem amarrados ao plano inicial somente porque ele já foi estabelecido e todos concordaram.
Vale, novamente, a conversa em família. Situações como essa podem acontecer de outras formas,
como se fossem acidentes de percurso. Por exemplo, você pode perder o emprego, os imóveis
podem ficar muito caros, os juros podem ficar muito altos, entre tantas outras coisas.
Vamos trabalhar um exemplo para deixar mais claro como estabelecer objetivos e metas.
Você e a sua família decidem que o objetivo, para daqui a cinco anos, é comprar uma casa nova,
cujo preço é de R$ 150.000,00. Nesse contexto, as metas de vocês podem ser estas:
 1o ano → R$ 25.000,00;
 2o ano → R$ 52.000,00;
 3o ano → R$ 82.000,00;
 4o ano → R$ 98.000,00 e
 5o º ano → R$ 150.000,00.

Tais metas seriam atingidas com o esforço de poupança de algo em torno de R$ 2 mil
mensais, aplicados à taxa de 0,7% ao mês.

Reflexão: os seus objetivos e as suas metas


Vamos abrir um espaço para você parar um pouco e pensar nos seus objetivos e nas suas
metas. Os objetivos podem ser pensados para curto, médio e longo prazos. Também podem
existir alguns objetivos imediatos.
Não se sinta pressionado. Tente e veja que o planejamento é um exercício que pode ajudá-
lo a pensar um pouco na sua vida. Pense, com liberdade, em qualquer tipo de objetivo. Pode ser
fazer uma viagem para a Austrália, juntar dinheiro, escrever um livro, comprar um carro – cada
um tem o seu perfil. O importante é quantificar o valor do seu objetivo e o prazo em que
pretende atingi-lo.

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MÓDULO II – ORÇAMENTO E CONTROLE
FINANCEIROS

Neste módulo, discutiremos os diversos tipos de despesas e os papéis que cada integrante da
família deve assumir para que as contas não saiam do orçamento. Trabalharemos também com
tabelas para organização dos gastos familiares.

Orçamento familiar

O orçamento familiar é a chave para o sucesso do planejamento financeiro, já que ele


permitirá que você e a sua família vivam com os próprios meios. Não importa se você vai
controlar as suas receitas e despesas em uma planilha eletrônica, em um caderno ou usando um
software sofisticado. O importante é anotar tudo, sem exceções.
Além de manter o controle mensal, pense em dados anuais. Nos filmes americanos, quando
alguém pergunta sobre quanto o outro ganha, a resposta é, por exemplo, US$ 40 mil por ano.
Nós, brasileiros, temos outros hábitos. Quando fazem essa pergunta, respondemos, por exemplo,
R$ 5 mil por mês.
Faça o levantamento detalhado de todos os seus ganhos e gastos, mas em termos líquidos.
Hipoteticamente, se o seu salário é de R$ 3.500,00, o valor que entra no seu bolso – o valor
líquido – é inferior a essa quantia. Poderia ser, por exemplo, R$ 2.865,43. Esse é o valor que deve
ser considerado na sua planilha de controle.

Renda
Nas receitas, não se esqueça de considerar o salário de todos que contribuem para a renda
da família. Considere, no seu orçamento, valores como 13o salário, abonos de férias, participação
de lucros, bonificações, restituição do imposto de renda. Vejamos um modelo que pode ajudá-lo a
preparar as entradas da renda familiar.

Quadro 1– Renda familiar

renda valor mensal valor anual

salário líquido do cônjuge

salário líquido do outros cônjuge

bonificações recebidas

devolução do IR

outros ganhos

total

Renda variável
Separamos uma palavra especial para aqueles que não têm receita fixa, como os que recebem
comissões ou profissionais liberais. Você pode estar-se perguntando como controlar ganhos e
gastos se eles são muito variáveis. Justamente por isso, a manutenção de controle orçamentário é
mais necessária.
Pelo controle do orçamento, você vai saber, exatamente, quais são os seus limites de gastos.
Imagine se você adotar a prática de gastar muito em meses de fartura e não economizar. Será que, nos
meses em que entrar pouco ou nenhum dinheiro, você conseguirá efetuar os seus pagamentos em dia?

Despesas
Alguns itens de gastos são mais fáceis de controlar do que outros. A dica é você começar
pelos itens mais fáceis, isto é, presentes todos os meses no seu orçamento. Estamos falando
daqueles pagamentos que ocorrem de maneira fixa, como aluguel, condomínio, escola, seguro-
saúde, água, luz, telefone, etc.

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O controle de despesas que não ocorrem todos os meses é um pouco mais difícil. Podemos
chamá-las de despesas variáveis. Comece pelos gastos mais comuns, mas que têm comportamento
variável, como o supermercado, combustível, etc. Na sequência, faça o levantamento daqueles
gastos que não são constantes, como lazer – cinema, restaurantes, lanches, presentes. A seguir,
vejamos algumas dicas, em especial, para aqueles que não têm a prática de controlar os seus gastos.

dica 1
Passe um período inicial – um ou dois meses – anotando, em um caderno tudo, o que
gastar. Seja absolutamente rígido! Não se esqueça de anotar gorjetas, esmolas, estacionamentos e
pequenos lanches. Tudo deve ser registrado!

dica 2
Lembre-se de que todas as despesas devem ser consideradas mensal e anualmente. Há gastos
que ocorrem somente em certo mês ou em certos períodos do ano, como as férias da empregada, a
matrícula escolar, os uniformes escolares e os livros acadêmicos.

dica 3
Para quem tem renda variável, o controle do orçamento é ainda mais importante!

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Além das dicas para controle de despesas, preparamos uma planilha1 que pode orientá-lo a
preparar o seu orçamento. Esse tipo de controle permite que você conheça, em detalhes, onde o
seu dinheiro está sendo gasto. Esse controle fica mais claro quando é feito por grupo de despesas.
Dessa forma, é possível discutir, posteriormente, pontos de economia ou itens que devem ser
cortados. Vejamos:

Quadro 2 – Gastos familiares

orçamento familiar

grupo despesas valor mensal valor anual

alimentação supermercado

açougue

padaria

feira

outros

subtotal

casa água

luz

gás

Tv a cabo

manutenção

IPTU

outros

subtotal

1
Essa planilha encontra-se disponível no material on-line para download.

20
orçamento familiar

grupo despesas valor mensal valor anual

transporte ônibus ou táxis

combustível

estacionamento

manutenção

pedágio

prestação do carro

outros

educação escola filhos

faculdade

outros cursos

uniforme

material

livro

outros

subtotal

lazer academia

clube

assinatura (jornais e
revistas)

livros

cinema

viagem

21
orçamento familiar

grupo despesas valor mensal valor anual

passeios de final de
lazer semana

outros

subtotal

comunicação telefone fixo

celular

internet

outros

subtotal

saúde consultas médicas

dentistas

remédios

seguro saúde

outros

subtotal

pessoal salão de beleza

presente

vestuário

caridade

outros

subtotal

22
orçamento familiar

grupo despesas valor mensal valor anual

filhos mesada

subtotal

subtotal

banco juros

tarifa

crediários

anuidade cartão de
crédito

outras

subtotal

investimentos previdência privada

aplicações

seguro

outros

subtotal

outras despesas

total geral

Você pode adotar o tipo de planilha que se adequar ao seu orçamento. Ela deve ser
organizada para se adaptar aos gastos e costumes da sua família. Desse modo, lembre-se de que
nosso modelo de planilha é apenas uma referência. Ele não tem a intenção de ser completo e
adequado a todos.

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Análise do orçamento familiar

Conhecendo, detalhadamente, A suas receitas e despesas, você deve buscar organizar-se


melhor e analisar todos OS seus gastos. Desse jeito, é possível para saber, exatamente, de onde
vem e para onde vai o seu dinheiro.
A preparação do orçamento familiar permite que você tenha visão clara de quanto sobra ou
falta no final do mês – e do ano! Se sobrar dinheiro, você deve planejar como investi-lo. Se faltar,
analisar os gastos torna-se mais importante ainda. É preciso saber onde cortá-los.
Com o auxílio de planilhas, fica muito fácil calcular a porcentagem que cada item e cada
grupo de gastos representa do total. Tudo fica mais visível ainda com a preparação de gráficos. O
esforço das economias e desse trabalho de controle, mesmo de pequenos valores, é sempre
recompensado!
Uma maneira interessante de analisar os seus gastos é verificar quanto as despesas
representam em dias de trabalho. Para isso, a planilha é um exemplo de como verificar os gastos
em relação aos dias de trabalho.
Divida o seu salário anual pelo número de dias de trabalho no ano. Em seguida, divida o
total de cada despesa por esse valor. Por exemplo, o seu salário-ano é de R$ 28.862,78 e você
trabalha 5 dias por semana, isto é, 240 dias no ano. Dessa forma, seu ganho-diário é de R$
120,26. Caso o gasto de juros, nos últimos 12 meses, tenha sido de R$ 1.540,00, a pessoa teve de
trabalhar quase 13 dias para pagar essa despesa.
Ao fazer um quadro similar para todas as despesas, é possível ter uma visão geral de
todos os gastos. Isso permite identificar as despesas ou o grupo de despesas que consome mais
esforço para pagar.
Quando começamos a controlar nossas despesas, temos algumas surpresas ao verificar o
quanto gastamos com determinados itens. Com uma visão geral de todo o processo, de todas as
suas contas, é possível conhecer quais gastos devem ser reduzidos para que você consiga
poupar. Com o exercício de preparar e analisar o orçamento familiar, você fica mais apto para
desenvolver esse novo hábito.

Plano de emergência

Algumas dicas ajudam a fazer melhor o controle orçamentário. Vejamos:

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Organizador
Para o planejamento financeiro familiar ter mais chances de sucesso, alguns papéis devem
ser definidos. Essa escolha deve ser discutida no grupo familiar. Primeiramente, alguém da família
deve ser escalado para exercer funções parecidas com as que um contador possui em uma empresa.
É isso mesmo: alguém deve assumir a função de organizador das contas de casa!
Quais são as funções do organizador?
 organizar todas as finanças;
 observar os objetivos estabelecidos;
 acompanhar a conquista das metas;
 construir o orçamento;
 coletar e organizar todas as informações, e
 ser capaz de persuadir todos os membros da família a informar onde gastaram o seu
dinheiro.

Lembre-se de que o contador é apenas aquele que gerencia as informações, ou seja, o


organizador. Para isso, é necessário um pouco de tempo, esforço e, principalmente, organização.
Todos os gastos devem ser anotados; os cálculos, atualizados; os relatórios, emitidos
periodicamente e discutidos com todos.

Pagador
Outro aspecto importante é definir quem vai ser responsável pelo pagamento das contas. O
responsável pela organização das contas deve cuidar para que não ocorram atrasos que gerem juros
e multas de mora.
O pagador também deve ser uma pessoa organizada. Essa pessoa deve controlar os dias de
pagamento de cada conta e saber como as contas serão divididas – ou seja, quem paga o quê.
A divisão consensual das despesas também é muito importante para o sucesso do
planejamento familiar. Cada um paga uma conta determinada.

Exemplo
Se um dos membros do casal ganha 60% da receita da família e o outro ganha 40%, é
adequado que as despesas sejam divididas nessa mesma proporção. A organização fica mais fácil
assim. No entanto, isso exige conversa permanente para que a harmonia seja mantida.

Manutenção da documentação
A manutenção adequada de todas as contas é outro fator que ajuda no plano financeiro da
família. O primeiro motivo para mantermos nossos documentos organizados é a questão legal. O

25
Código Civil Brasileiro permite a cobrança por contas antigas, de forma que você deve mantê-las
bem arquivadas.
Segundo o Procon/SP é recomendado preservar, por cinco anos, cópias da declaração do
Imposto de Renda, boletos de cobrança e recibos de quitação de serviços públicos ou privados
prestados de forma contínua. Todo fornecedor de serviços é obrigado a encaminhar ao
consumidor, no mês de maio, a Declaração de Quitação Anual.
Antes do descarte dos papéis, a orientação é digitalizar e armazenar cada boleto de cobrança
e o seu respectivo comprovante de pagamento, usando câmera fotográfica ou escâner. Na
sequência, deve-se nomear cada arquivo de imagem capturado registrando o ano do débito
saldado, o mês e o valor pago. Por exemplo: 2016 01 janeiro conta de luz R$ 90,76.
Outra vantagem de guardar as contas e os comprovantes é ter um histórico documental,
conhecer subitens cobrados e ainda poder comprovar uma cobrança indevida.

Organizar a documentação é muito simples, e cada pessoa


tem o seu próprio jeito. Você pode digitalizar ou usar pastas
com divisórias ou caixas apropriadas. O importante é
manter organizado.

Lembre-se de que cada tipo de documento possui um prazo


legal de guarda e data para descarte.

Conversa em família
A conversa em família é sempre muito importante. Em relação ao orçamento familiar, o
diálogo ajuda a criar um ambiente de cumplicidade entre os membros da família.
Conversar faz com que todos fiquem motivados para participar da determinação dos
objetivos e da elaboração do plano financeiro. Com isso, aumentam as chances de o plano
financeiro ser atingido com sucesso!
Não há maneira certa ou errada de conversar com a família. Isso depende de vários fatores
sociais e de como o diálogo já acontece entre os familiares. Algumas dicas podem ajudar:
 diga a todos qual é o assunto da conversa;
 deixe todos livres para apresentarem propostas sobre os gastos e as economias que
podem ser feitas, e
 apresente os resultados das economias feitas e da poupança obtida até o momento.
E a conta conjunta? Vale a pena?

26
Conta conjunta do casal
Possuir conta conjunta é uma realidade na vida de muitos casais. O problema é gerenciá-la
adequadamente, sem provocar conflitos diários.
O principal motivo para uma conta conjunta é a segurança sobre ela. No caso de viagem ou
doença, o cônjuge terá facilidade para movimentar recursos. Em caso de falecimento, o cônjuge
também pode movimentar o dinheiro. Se as contas forem individuais, no caso de falecimento, o
cônjuge precisa esperar o final do processo de inventário.
O problema da conta conjunta é a possível falta de gerenciamento. No entanto, a
solução é relativamente simples. As contas são conjuntas, mas cada um deve respeitar a conta
individual do outro. Desse modo, você só deve movimentar recursos da conta de despesas da
casa e de sua conta individual.

27
MÓDULO III – EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Neste módulo, trataremos das melhores práticas para o fim das dívidas a partir de dicas e
planos emergenciais.

Dicas

A educação financeira é essencial para alcançarmos nossos objetivos, já que nos permite
viver melhor com nossa renda. Saber o valor do dinheiro e manter uma relação saudável com ele é
essencial.
O ideal é que nossa educação financeira comece desde a infância. Por isso, é
importantíssimo aprendermos e também educarmos nossos filhos para fazer bom uso do dinheiro.
Vejamos algumas dicas importantes para a educação financeira:
1. Conhecer a diferença entre precisar de algo e querer algo – na hora do consumo,
devemos sempre nos perguntar se queremos ou precisamos do objeto em questão. Se a
resposta for “preciso”, pense mais uma vez. Talvez, você ache que precisa de mais um
par de sapatos e isso não seja verdade. Quando a resposta for “quero”, somente realize a
compra se estiver dentro da previsão do seu orçamento.
2. Poupar – guardar dinheiro para o futuro é essencial. Acreditar nessa ideia e cultivá-la é
fundamental. Uma reserva financeira trará garantia e segurança para você e a sua
família.
3. Ganhar com ética – não há outro jeito de ganhar dinheiro que não seja com o
trabalho. Nosso limite ético é nossa própria consciência. Essa é uma prática que deve
ser ensinada aos filhos muito mais com atitudes que com meras palavras. Não adianta
criticar políticos, policiais, colegas de trabalho e outros que ganham dinheiro
facilmente, se, por exemplo, você receber um troco a mais quando pagar uma conta e
não devolver o valor que recebeu indevidamente.
4. Doar – há muitas pessoas que passam por necessidades. Uma sociedade justa é aquela
que busca a dignidade de todos. Consumir apenas o necessário e repartir o que se tem
é muito saudável e deve ser estimulado entre as crianças.

Mesada
Esse é outro ponto de grandes discussões em todas as famílias. A mesada é uma forma
muito adequada de educar os filhos financeiramente, uma vez que eles devem aprender a poupar e
a viver com os seus próprios recursos.

Quanto dar de mesada aos filhos?


Cada família tem uma relação própria com o dinheiro. Desse modo, não há, de antemão,
uma regra de qual será o valor da mesada dos filhos. Para definir essa quantia, vários fatores
devem ser considerados.
O nível social e círculo de amizades dos seus filhos são aspectos importantes nessa definição.
Procure conhecer melhor sobre os amigos e ambientes dos amigos, para evitar transformar o seu
filho no milionário ou no mendigo da turma.
Os gastos como transporte, lanches, passeios ou hobbies devem ser objeto de conversa e
considerados quando for estipulado o valor da mesada.
Lembre-se de que o desempenho acadêmico e os trabalhos domésticos fazem parte da vida
familiar, são obrigações, e não devem ser remunerados. Não se esquive de elogiar o seu filho
quando ele merecer, mas remunerá-lo por obrigações não é certo.

Liquidação de dívidas

Na tentativa de se verem livres das suas dívidas, as pessoas estão buscando todo tipo de
ajuda – oração, simpatia, etc. No entanto, quem quer ajuda financeira de verdade precisa fazer a
sua parte. Quem está endividado tem razão em ficar preocupado e querer livrar-se dessa situação.
Estudos mostram que pessoas endividadas têm maior tendência a desenvolver depressão ou
outras patologias. A falta de dinheiro é, também, um dos aspectos mais fortes na geração de
conflitos familiares, particularmente para os casais.

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Logicamente, seria melhor para qualquer pessoa nunca contrair dívida alguma. No entanto,
a verdade é que nossa vida nem sempre permite isso. Aquela TV de LED com que tanto
sonhamos, uma emergência e tantas outras coisas – são muitas as situações que nos levam a
acreditar que podemos entrar em um financiamento, já que teremos condições de ir até o final
sem problemas.
Muitas pessoas acabam percebendo que aquela prestação pequenininha se tornou um
obstáculo insuperável com o passar dos meses. Nesse caso, algumas providências devem ser tomadas.
Para as pessoas que já estão com dívidas, aqui vai um passo a passo para sair dessa. Vejamos:

1o passo
A primeira coisa a fazer é procurar o credor e solicitar a situação exata do seu débito. Peça,
por escrito, o débito total, o número de prestações em atraso, os acréscimos ocorridos nas
prestações e a taxa de juros observada nesses cálculos. Você vai ter uma surpresa quando vir o
efeito nocivo dos juros sobre juros que financeiras e bancos cobram na sua dívida.

2o passo
Procure um órgão de defesa do consumidor – por exemplo, o PROCON2 – ou mesmo
algum conhecido que possa ajudar a entender se aqueles cálculos estão corretos.

3o passo
De posse dessas contas, procure negociar esse débito com o credor. Tente estabelecer um
novo contrato com todas as condições por escrito, como juros, multas, etc. Busque um acordo
com diminuição da dívida.

4o passo
Nesse ponto, há duas alternativas: a primeira é parcelar a dívida com o próprio credor; a
segunda é obter um empréstimo mais barato. Por exemplo, se a sua dívida for no cartão de
crédito, conseguir um empréstimo consignado ou um crédito pessoal para quitar a dívida pode
sair mais barato. Uma dica é pesquisar taxas entre as Fintechs3.

5o passo

2
Procon – significa Proteção do Consumidor. É proveniente do DPDC – Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor –, que pertence ao Ministério da Justiça, sediado em Brasília, DF. O Procon efetua a defesa e a proteção dos
direitos e interesses dos consumidores. A sua função engloba o acompanhamento e a fiscalização das relações de
consumo ocorridas entre consumidores e fornecedores. Ver: http://www.portaldoconsumidor.gov.br/procon.asp
3
O termo'fintech surgiu da combinação das palavras, em inglês, financial (finanças) e technology (tecnologia). São
empresas que oferecem serviços financeiros que se diferenciam pelas facilidades proporcionadas pela tecnologia e que
operam com baixo custo.

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Caso você não consiga refinanciar o total ou uma parte das suas dívidas, pague primeiro
aquelas nas quais incidem juros maiores.

6o passo
Uma vez renegociadas as suas dívidas e conhecidas as formas de parcelamento, coloque essas
parcelas no seu orçamento.

7o passo
Se possível, busque algum ganho adicional com um trabalho extra.

Atenção! Esse passo a passo só é válido caso você ainda não


esteja implicado legalmente pela sua dívida. Caso você
tenha recebido um aviso de cartório, isso significa que você
está sendo protestado por essa dívida. Nesse caso, o
pagamento deve ser feito, dentro do prazo estipulado, pelo
valor impresso na intimação.

No caso de não concordância com aquela dívida, um advogado deve ser consultado e,
talvez, seja melhor entrar em juízo, com o depósito do valor, para a discussão do débito.
No caso de o protesto já ter ocorrido, você deve procurar o credor e acertar a sua vida com
ele. Com os documentos de quitação ou parcelamento da dívida em mãos, o cancelamento
daquele protesto deve ser pedido.
No caso de cheque devolvido por falta de fundos, o seu nome pode ser inscrito no Cadastro
de Emitentes de Cheques sem Fundos – CCF – do Banco Central. Nesse caso, o procedimento é,
basicamente, o mesmo do anterior, ou seja, procure o credor, quite o seu débito, obtenha uma
declaração de quitação – com firma reconhecida – e o cheque devolvido.
Para ter o seu nome limpo novamente, entregue os documentos na agência em que é
mantida a sua conta bancária e realize o pagamento de taxa para retirada do CCF. Normalmente,
uma dívida não quitada leva o seu nome a ser inscrito no cadastro de devedores do SERASA, Boa
Vista SCPC e SPC/Brasil. Após quitado o débito, o credor terá cinco dias para retirar o seu nome
dessa lista.
Uma recomendação muito importante é: não se iluda por ofertas de crédito fácil, como
aquelas que são vistas nas ruas de muito movimento. Ao tentar pagar uma dívida constituindo
outra, você cai na mesma armadilha. Essas empresas emprestam a juros exorbitantes. Você correrá
o risco de ficar duplamente endividado!
A partir daí, mantenha a tranquilidade. Quanto mais serenos você e os seus familiares
estiverem, mais facilmente vão achar novas soluções para os problemas. Uma vida financeira

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saudável – e isso não significa ter muito dinheiro, mas ter equilíbrio financeiro –, sem dúvida,
ajudará você a ter uma vida familiar melhor.

Plano de emergência

A vida nos traz algumas situações inesperadas. Nem todas são ruins. O nascimento de um filho,
por exemplo, em geral, é bem-vindo. No entanto, pode trazer desequilíbrio para nossas finanças.
Algumas situações podem nos trazer grandes problemas se não estivermos preparados, por
exemplo: problemas inesperados, perda de emprego, fracasso nos negócios, e gastos médicos e
com remédios. Seja qual for a situação, a primeira regra é não entrar em pânico!

Caso você controle o seu orçamento familiar ou tenha


alguma poupança, tudo fica mais fácil. É só uma questão de
ter mais rigor para se adaptar à nova realidade. Nesse caso,
há mais tranquilidade, por exemplo, para procurar um
novo emprego.

Para quem não controla o orçamento familiar, essa é a hora


de manter-se ainda mais calmo e adotar medidas rígidas.

Orçamento ABCD
Um método muito indicado para os casos em que não há planejamento do orçamento
familiar nem poupança é a organização de um orçamento de guerra – o orçamento ABCD. O
método funciona com sete passos. A seguir, vamos conhecer os sete passos do orçamento ABCD:

passo 1 – elabore uma lista completa de todos os gastos da família. Nessa etapa, tenha
atenção e não se esqueça de nada. Todos os itens são importantes!

passo 2 – classifique os gastos nas seguintes categorias:


(A) alimentar – gastos com alimentos, com toda a economia possível;
(B) básico – gastos de água, luz, terreno, etc.;
(C) contornável – aquilo que melhora a qualidade de vida, mas que deve ser cortada em
uma emergência, e
(D) desnecessário – itens não essenciais que podem ser cortados imediatamente.

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passo 3 – calcule o valor mensal mínimo de que você e a sua família precisam para viver.

passo 4 – estime o número de meses que você ficará desempregado até obter uma
recolocação no mercado de trabalho. Um período estimativo razoável é considerarmos 14 meses
de prazo de recolocação.
O período de recolocação depende do nível de atividade econômica, das características da
profissão e da pessoa que busca emprego.

passo 5 – multiplique o valor obtido no passo 3 (valor mínimo para a sua família
sobreviver) pelo número de meses obtido no passo 4 (tempo de recolocação). Você descobrirá o
valor total necessário que deve ter para passar pelo período de desemprego. Desse modo, teremos:

valor total necessário = valor mínimo para sobrevivência da família x número de meses do
tempo de recolocação

passo 6 – se o seu planejamento for apenas preventivo, você terá calculado o total de
recursos que deve ter à disposição para enfrentar um período de desemprego. Você poderá avaliar
qual é o valor mensal e quanto tempo levará para conseguir uma reserva financeira.

passo 7 – no caso de você já estar passando pelo período de desemprego, considere, por
último, a possibilidade de vender algum bem para constituir essa reserva financeira. Lembre-se de
que dinheiro aplicado rende juros sobre juros e isso ajuda bastante. No entanto, não arrisque.
Contar com essa reserva para emergências é essencial.
No mais, preste atenção, faça um esforço verdadeiro no controle dos seus gastos. Não
adianta insistir que determinado gasto é necessário quando todos da sua família dizem que pode
ser eliminado.

Atenção! O orçamento ABCD é um plano de emergência, mas você pode realizá-lo como um
plano alternativo, antes que ocorra o imprevisto. Dessa forma, você estará preparado para tudo.

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CONLUSÃO

Não existe norma alguma que dite como ter sucesso na vida. Cada um tem a sua própria
medida do que é ser alguém de sucesso. Alguns filósofos admitem que o sucesso está em se realizar
como pessoa. Isso significa cumprir a sua própria finalidade como ser humano.
A maior dica é investir em você mesmo. Dessa forma, esteja preparado para o futuro! Para
isso, algumas dicas são importantes:
 invista em formação e cultura;
 seja equilibrado;
 seja autêntico;
 aprenda a lidar com as diferenças;
 seja organizado;
 seja dinâmico;
 seja ético;
 seja persistente e
 goste do que faz.

Chegamos ao fim deste curso! Espero que seja também o fim das suas dívidas, ou melhor, o
início do seu planejamento financeiro! A gente se vê, em breve, no curso 2. Até lá!
BIBLIOGRAFIA
GARCIA, Fabio Gallo; EID JUNIOR, William. Como Fazer o Orçamento Familiar. São
Paulo: Publifolha, 2002.

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PROFESSOR-AUTOR
Fabio Gallo Garcia é doutor em Finanças pela FGV-EAESP/University of Texas at Austin,
doutorando em Filosofia pela PUC/SP, mestre em Administração Contábil e Financeira pela
FGV-EAESP, bacharel em Administração de Empresas pela Fundação Octávio Bastos e graduado
em Engenharia de Agrimensura pela Faculdade de Agrimensura de Pirassununga.
Dedica-se ao estudo das finanças internacionais e finanças comportamentais. Trabalha com
pesquisa na área da Teoria de Sinalização, em que explora a assimetria de informações no mercado
de capitais, além de desenvolver temas em Banking, Contabilidade Gerencias e Finanças Pessoais.
Tem realizado trabalhos de valuation, consultoria e treinamento para empresas, como
Telebras, Saeg, Comusa, Semasa, Vale, Petrobras, Itaú BBA, Itaú Unibanco, Bradesco, CEF,
Sincredi, Emae, Banco Santander, Citibank, entre outras.
É ex-diretor administrativo-financeiro da Companhia de Processamento de Dados do
Estado de São Paulo (PRODESP), tendo exercido o cargo de chief financial officer da Eutectic, do
Brasil, e de outras empresas de grande porte. É sócio da Sinalização e Arte, Comunicação Visual,
All Signs, Giolaser Itaim e Axia Valorem Consultoria. Também é membro do Conselho de
Administração da Rossi Residencial e Conselho Fiscal da Azevedo & Travassos.

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