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Sumário
Apresentação
Os organizadores[1][2]
Cristiano Therrien[1]
A cidade tomou uma decisão cuidadosa, uma decisão que ela adiou
por anos. Lentamente, em seu próprio ritmo, ela começou a executar
a estratégia baseada nessa decisão. Era a hora de abraçar suas
crianças um pouco mais de perto.[2]
INTRODUÇÃO
1. A CIDADE INTELIGENTE EM UM
FUTURO PRÓXIMO E FICCIONAL
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO[2]
2. ECOLOGIA DA PRIVACIDADE:
(RE)VISITANDO A INTERDEPENDÊNCIA
ENTRE TECNOLOGIA E PRIVACIDADE
Por ser o campo de estudo das relações dos seres (vivos e não
vivos) com o meio ambiente, a ecologia é útil para entender como
o uso intensivo de TIC nos espaços urbanos impacta os organismos
dele integrantes, em especial os cidadãos. Nesse sentido, o termo
“cidades ecológicas” coloca em perspectiva o “todo” de um
ecossistema sob reconfiguração, cujos novos artefatos podem
alavancar a proteção dos dados pessoais dos cidadãos e, ao mesmo
tempo, gerar transparência a respeito da administração da
infraestrutura informacional e física da cidade e se ela está
acarretando de fato uma melhoria na qualidade de vida. Essa
parece ser uma narrativa inteligente para compreender o
fenômeno das cidades inteligentes, especialmente as suas virtudes
e vicissitudes no que diz respeito à proteção da privacidade e aos
dados pessoais dos cidadãos.
1. Doutorando em Direito Comercial e Mestre em
Direito Civil pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo. Advogado do
Núcleo de Informação e Coordenação do
Ponto BR/NIC.br, membro da Rede Latino-
Americana de Estudos sobre Vigilância,
Tecnologia e Sociedade/LAVITS e Fundador
do Data Privacy Brasil. ↵
2. Esse texto foi publicado originalmente em:
BARBOSA, A. (org.). Pesquisa sobre o uso das
tecnologias de informação e comunicação no
setor público brasileiro. São Paulo: Comitê
Gestor da Internet, 2018. v. 3, p. 191-200. ↵
3. MACAYA, J. Smart Cities: tecnologias de
informação e comunicação e o
desenvolvimento de cidades mais sustentáveis
e resilientes. Panorama Setorial da Internet,
ano 9, n. 2, p. 4, set. 2017. ↵
4. NAM, T.; PARDO, T. Conceptualizing Smart
City with Dimensions of Technology, People,
and Institutions. In: J. Bertot & Association for
Computing Machinery (org.). Proceedings of the
12th Annual International Digital Government
Research Conference Digital Government
Innovation in Challenging Times. New York,
NY: ACM, 2011. p. 283. ↵
5. MILLER, A. The assault on Privacy: computers,
data banks, and dossiers. Ann Arbor: University
of Michigan Press, 1971. p. 223. ↵
6. BRUNO, F. Máquinas de ver, modos de ser:
vigilância, tecnologia e subjetividade. Rio de
Janeiro: Sulinas, 2013. p. 24-26. ↵
7. NAM, T; PARDO, T, op. cit., p. 285. ↵
8. FLORIDI, L. The 4th revolution: how the
infosphere is reshaping human reality. Oxford:
Oxford Univ. Press, 2014. p. 25. ↵
9. Ibid., p. 45. ↵
10. SPINA, A. Laudato Si’ and Augmented Reality: in
Search of an Integral Ecology for the Digital
Age. Rochester, NY: Social Science Research
Network. p. 3. Disponível em:
https://papers.ssrn.com/abstract=3088487.
Acesso em: 8 mar. 2018. ↵
11. FIORILLO, C. A. Curso de direito ambiental
brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 45. ↵
12. MACINTOSH, R. The background of ecology:
concept and theory. Cambridge: Cambridge
University Press, 2000. p. 08. ↵
13. BOFF, L. Ecologia, Mundialização,
Espiritualidade. São Paulo: Record, 2008. p. 27.
↵
14. NUSDEO, F. Desenvolvimento e ecologia. São
Paulo: Saraiva, 1995. p. 13. ↵
15. DONEDA, D. Da privacidade à proteção de
dados pessoais. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
p. 10-12. ↵
16. Esse é o caso da Constituição Federal do Brasil:
Artigo 5º, XI - a casa é asilo inviolável do
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial; Artigo 5º, XII - é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal; ↵
17. KAYE, D. Promotion and protection of the right
to freedom of opinion and expression. New
York: Organização das Nações Unidas, 2015. p.
10. ↵
18. COHEN, J. E. Examined Lives: Informational
Privacy and the Subject as Object. Stanford
Law Review, v. 52, n. 5), p. 1373-1438, maio
2000). Disponível em:
https://doi.org/10.2307/1229517. Acesso em:
20 mar. 2018. ↵
19. BIONI, B. R.. Autodeterminação informacional:
paradigmas inconclusos entre a tutela dos
direitos da personalidade, a regulação dos
bancos de dados eletrônicos e a arquitetura da
internet. São Paulo: Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, 2016. p. 211. ↵
20. SOMMER, R. The Ecology of Privacy. The
Library Quarterly, v. 36, n. 3, p. 234-248, jul.
1966. ↵
21. HILDEBRANDT, M. Smart technologies and the
end(s) of law: novel entanglements of law and
technology. Cheltenham: EE Edward Elgar
Publishing, 2016. p. 217. ↵
22. DONEDA, D. Princípios e proteção de dados
pessoais. In: LUCCA, N. de; LIMA, C. R. P. de;
SIMÃO FILHO, A. (org.). Direito & Internet III:
Marco Civil de Internet. São Paulo: Saraiva,
2015. p. 378. ↵
23. SCHWABE, J.; MARTINS, L.; WOISCHNIK, J.
Cinquenta anos de jurisprudência do Tribunal
Constitucional Federal Alemão. Montevideo:
Fundación Konrad-Adenauer, 2005. p. 233-238.
↵
24. BIONI, B. R., op. cit., p. 70. ↵
25. FLORIDI, L., op. cit., p. 224. ↵
26. Essa é uma interpretação sistemática que
combina os artigos 4º, IV, 6º, inciso III e 31,
caput. ↵
27. LYON, D. Surveillance as social sorting:
computer codes and mobile bodies. In: LYON,
D. (org.). Surveillance as social sorting: privacy,
risk, and digital discrimination. New York:
Routledge, 2003. p. 12. ↵
28. MANTELERO, A. Personal data for decisional
purposes in the age of analytics: from an
individual to a collective dimension of data
protection. Computer Law & Security Review, v.
32, n. 2, p. 238-255, 2016. ↵
29. Ibid., p.14. ↵
30. GARVIE, C.; BEDOYA, A. M.; FRANKLE, J. The
Perpetual Line-Up: unregulated Police Face
Recognition in America. GeorgeTown Law
Center on Privacy & Technology: Washington,
2016. p. 03. ↵
31. MANTELERO, A., op. cit., p. 8. ↵
32. DECODE. Me, my data and I: the future of the
personal data economy. p. 79. Disponível em:
https://decodeproject.eu/publications/me-
my-data-and-ithe-future-personal-data-
economy. Acesso em: 15 mar. 2018. ↵
33. Ibid., p. 61. ↵
Paisagens urbanas e cenários distópicos: para
quem produzir cidades inteligentes?
INTRODUÇÃO
1. AS CIDADES SE PRODUZEM E SE
TRANSFORMAM
Por que essa mesma tecnologia não seria utilizada para publicidade
nos ambientes off-line? Na verdade, ela já é. No metrô da cidade de
São Paulo, por exemplo, houve estudos e tentativa de
implementação, nas estações Luz, Pinheiros e Paulista (Linha 4 –
Amarela), de portas interativas digitais, com reconhecimento
facial[57]. A ideia é que sensores de presença e de verificação facial
identificassem número de pessoas, contato visual com os anúncios
exibidos, gênero, tipo de reação (alegria, raiva, neutralidade etc.),
entre outros. Dessa forma, seriam adotadas as mesmas estratégias
de perfilamento publicitário anteriormente restritas às páginas das
redes sociais e às telas dos celulares, em uma verdadeira
materialização da inteligência algorítmica nas ruas (e estações de
metrô) da cidade. Em setembro de 2018, no entanto, o programa de
vigilância foi considerado ilegal, em caráter liminar, pelo Poder
Judiciário do estado de São Paulo, por meio de Ação Civil Pública
promovida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(IDEC)[58].
As dúvidas acerca do aproveitamento desses dados
imediatamente se apresentam. Como serão armazenados e
utilizados? Haverá compartilhamento das imagens com os órgãos
de segurança pública, por exemplo, que estão à procura de
suspeitos? No caso de tecnologias empregadas por empresas
participantes de parcerias público-privadas, será possível a
utilização dessas métricas entre empresas pertencentes ao mesmo
grupo econômico para, por exemplo, também verificar as rotas de
deslocamento de consumidores pela cidade (a fim de verificar
residência e local de trabalho e, consequentemente, traçar
predições de poder aquisitivo)? Quais as possibilidades de
integração entre a iniciativa privada e o poder público de um
sistema de perfilamento comum?
Todas essas questões, para além das inquietações referentes à
privacidade do cidadão, também revelam transformações
profundas de sua experiência no âmbito público. Se a experiência
de vivenciar a paisagem é sempre intermediada pelo ambiente à
sua volta, a natureza urbana cada vez mais modificada pelas
mediações tecnológicas impõe ao sujeito vivências estéticas e
sensoriais eminentemente direcionadas e cada vez mais
individualizadas por quem as cria (ou permite sua implementação).
A exemplo do metrô de São Paulo, caso a tecnologia de
intervenção na cidade seja delegada aos anúncios publicitários
perfilados pelos mais variados entes, a sujeição de quem vivencia a
cidade passa a ser, também, a de espectador-consumidor
individualizado. As potencialidades de conformação dessa
experiência do que é público no espaço urbano passam,
igualmente, a ser moduladas de acordo com gênero, raça, faixa
etária, poder aquisitivo etc.
Nesse sentido, precauções com parâmetros mínimos de
privacidade e proteção da individualidade servem também para a
manutenção de vivências essencialmente públicas no espaço
urbano. A individualização publicitária pretendida pelas cidades
inteligentes, cujos embriões também podem ser localizados em
outdoors e anúncios estrategicamente localizados em certos
bairros, revistas e jornais, tem a capacidade de alterar as formas de
percepção da paisagem urbana e condicionar a experiência
humana nesses lugares.
Por sua vez, esse avanço tecnológico da publicidade pode servir
não apenas para impulsionar produtos, mas também pessoas e
grupos a frequentarem ou não determinados locais. O
perfilamento pode ser, em certa medida, criador de uma
segmentação social apta a incentivar ou constranger determinados
grupos de pessoas a interagirem ou não com o ambiente que os
circunda quando estes não forem o público-alvo da publicidade.
Por essa ideia, não seria inviável pensar em regiões inteiras em que
a publicidade esteja direcionada para um grupo de pessoas de
determinada classe social e se apresente a elas de modo positivo,
enquanto expõe uma mensagem de padrão sutil (ou subliminar), a
fim de criar barreira mental a outros grupos sociais. Representa
também uma mudança nas formas de reconhecimento da pessoa
em sociedade. Dos critérios de diferenciação — que, por sua vez,
podem gerar processos de discriminação —,caminha-se para um
reconhecimento impessoal e biotécnico dos seres humanos, sendo
esvaziada a força política da existência e oposição no espaço
coletivo.[59]
Em uma perspectiva integrativa, seria fundamental criar
regulamentação pública capaz de impedir a desincompatibilização
dos espaços públicos daquela que deve ser sua principal
característica: a abertura a todos os cidadãos. No entanto, a
realidade das administrações municipais e suas legislações, as
quais visam a uma proteção da paisagem urbana, encontra-se
alicerçada, em larga escala, em limitações de uso do solo e do
espaço aéreo pela publicidade, em um modelo de regulação das
mídias publicitárias muitas vezes por interdição[60], o qual
desconsidera o conteúdo das mensagens ou o público-alvo a ser
atingido. Esses regulamentos devem estabelecer critérios de uso
do espaço público pela publicidade, os quais possam refletir não
apenas o interesse privado, mas que sejam também condizentes
com a manutenção da complexidade e da heterogeneidade do
tecido urbano.
5. MARGINALIZAÇÕES INTELIGENTES:
GENTRIFICAÇÃO E CONCENTRAÇÃO
GEOLOCALIZADA DOS BENEFÍCIOS
DIGITAIS
O que entendemos por inteligência na organização urbana também
pode significar, a depender da forma como ela é implementada e
aos interesses de quem ela serve, eficiência no desenvolvimento de
processos de gentrificação e de concentração dos benefícios que
inicialmente a justificam. Se o procedimento de “smartização” das
coisas implica o emprego de tecnologia de ponta para a prestação
de serviços no contexto urbano, também é possível que essa
aplicação de recursos, direta e indiretamente, seja enviesada,
assim como o são tantos outros atualmente[61].
Celso Furtado, em estudos sobre a formação econômica
brasileira e latino-americana, enfatiza os processos de acumulação
desigual de riquezas que ensejaram o que ele determina como
subdesenvolvimento, provendo assim explicações sobre as origens
de estruturas assimétricas que se busca eliminar por meio da
indução ao desenvolvimento. Para o autor, seria incongruente que
países e regiões subdesenvolvidas buscassem se desenvolver por
meio de técnicas produtivas inadequadas a suas realidades
culturais e geográficas. Essa importação de técnicas e métodos
produtivos, em detrimento da valorização da natureza, da
criatividade e da engenhosidade local, teria o condão de perpetuar
relações de dependência com países produtores de tecnologia,
além de aumentar o fosso de desenvolvimento entre essas
regiões[62].
O mesmo processo pode ser observado em fenômenos recentes
de assunção tecnológica por países e regiões em desenvolvimento.
Em geral, são fenômenos que envolvem a importação de
tecnologias, exigem o licenciamento de software e demandam a
capacitação técnica de pessoal especializado. Além disso, a
aplicação de novas tecnologias, ou de infraestrutura tecnológica,
seja como política pública, seja como estratégia comercial da
iniciativa privada, não é imediatamente disseminada. São
incorporações pontuais, em locais e em mercados estratégicos.
Essa seria uma reprodução das assimetrias de desenvolvimento
internacionais também no âmbito interno, entre litoral e sertão,
entre Sudeste e Nordeste, entre capital e interior, entre centro e
periferia, e assim por diante[63].
Para Furtado, seria necessária uma “criatividade cultural” para
superar a imposição social, política e econômica do capitalismo na
contemporaneidade. Esse é um dos meios de inovar, seja no
âmbito dos bens de propriedade intelectual, das estruturações
produtivas e até mesmo das atividades sociais. Sem levar em
consideração aspectos culturais e a heterogeneidade dos povos, a
sociedade conforma-se com as velhas estruturas reprodutivas de
uma “marginalidade urbana” e de um “autoritarismo econômico”,
capaz de “bloquear os processos sociais em que se alimenta essa
criatividade, frustrando o verdadeiro desenvolvimento”[64]. Nesse
contexto impositivo, as relações de poder entre os agentes são
assimétricas, a competição não é perfeita e as teorias econômicas
clássicas seriam insuficientes para explicar os contratempos ao
desenvolvimento de regiões não industrializadas ou que
apresentam baixos índices de industrialização. Tendo em vista que
o progresso econômico e a integração comercial dos povos não
são homogêneos, o desenvolvimento regional requer diferentes
estratégias de implementação, a depender dessas características
locais.
Assim como a disseminação econômica e tecnológica não ocorre
de forma homogênea pela sociedade (internacional ou nacional), as
cidades inteligentes também têm o potencial de agravar
marginalizações e concentrar alguns dos benefícios dessa
digitalização do espaço off-line. A própria China experimenta esse
paralelo atualmente: ela apresenta um dos maiores níveis de
desigualdade de renda no mundo[65] e, no entanto, fácil acesso a
tecnologias de ponta, como um dos principais exportadores (e
criadores) do setor[66]. Enquanto metade do país ainda é rural,
pobre e desconectada das redes, a outra metade concentra
investimentos nacionais e estrangeiros, produz inovação
tecnológica nos mais variados setores[67], é hiperconectada[68] e
estabelece algumas das principais tendências internacionais do
mercado tech. Segundo relatório da Thomson Reuters[69], a China
tornou-se, em 2011, o país que mais depositou pedidos de patente
no mundo, superando assim os tradicionais mercados norte-
americano e japonês[70].
Essa distribuição desigual do capital informacional,
especialmente por meio da disseminação tecnológica heterogênea,
também tem seus reflexos no contexto digital, ou on-line.
Denominada divisão digital, essa consequente heterogeneidade
decorre de duplo princípio de fomento: a falta de capital produtivo
e tecnológico, por si só, demanda menos capacitação e emprego
de inteligência informacional em seu cotidiano; além disso, a
desconexão hodierna provoca também preterimento nas escolhas
mercadológicas de quem busca investir (de acordo com critérios
relacionados à renda, grau educacional, raça, gênero, entre outros)
.
[71]
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
1. ESCOLHA BIBLIOGRÁFICA
2. DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bernardo Ainbinder[1]
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
1. A INTRODUÇÃO DE DISPOSITIVOS
TECNOLÓGICOS DE CONTROLE E
VIGILÂNCIA NO COTIDIANO DOS
CENTROS URBANOS
2. EXEMPLOS DE PROJETOS DE
INTRODUÇÃO DE CÂMERAS EM DOIS
BAIRROS BRASILEIROS
3. GOVERNAMENTALIDADE,
VIGILÂNCIA E CONTROLE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que há uma cadeia de justificativas para a introdução
de projetos de smart surveillance nas cidades contemporâneas, a
começar pela sua inerente vinculação com a segurança. As áreas
urbanas são constantemente tratadas como locais inseguros, em
que soluções precisam ser encontradas para se conter a
“crescente violência urbana” propagada pelo senso comum e pela
mídia. Difundida a ideia de que soluções precisam ser pensadas
para o problema da insegurança, passa-se a apregoar a narrativa
“modernizante” das tecnologias e do ganho em eficiência trazido
pela automação de processos.
Assim, os discursos que buscam trazer apenas os efeitos
positivos alcançados por cidades que adotaram tais ferramentas
para sua gestão urbana e, principalmente, para a gestão da
criminalidade são difíceis de ser mensurados, pois poucos são os
governos que conseguem fazer a avaliação de políticas públicas
introduzidas e poucos são os dados disponíveis ao público e à
pesquisa.[54]
Dessa forma, este estudo visou levantar algumas discussões
presentes nesse contexto de smart urbanism voltado à proposição
de ideias de redução de criminalidade por meio de dispositivos
inteligentes, focando-se principalmente nas câmeras de vigilância.
O trabalho não buscou comparar os dois casos apresentados,
mas mostrar suas dinâmicas, que são em muito parecidas por seus
contextos se darem em locais similares: bairros abastados de
classe média situados em grandes cidades marcadas por estruturas
sociais desiguais. Baseados no discurso do combate aos problemas
sociais e à violência urbana, os casos nos revelam a problemática
presente em muitos desses projetos: as camadas de visibilidade
que permeiam nossa sociedade.
Interessante à ótica neoliberal, a vigilância e o controle que se
operam criam novas relações sociais, demarcadas pela polarização
entre o certo e o errado[55], pela exclusão de grupos considerados
perigosos e pela criação de fronteiras imaginárias[56]. Essa nova
configuração de áreas privatizadas em meio a espaços públicos, ou
de um espaço público neoliberal[57], vem gerando formas ilegítimas
de utilização de nossas cidades e invadindo nossas esferas como
indivíduos e também como cidadãos.
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
Anna Bentes[1]
INTRODUÇÃO
INSTAGRAMIZAÇÃO DA VIDA:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
2. MOTIVAÇÕES
3. DESAFIOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
1. CIDADES INTELIGENTES
1.2. Accountability
Além da conceituação de cidade inteligente e do comparativo
entre as principais metodologias de avaliação existentes, faz-se
importante também discutir dois conceitos relacionados que
possuem grande pertinência para o uso de dashboards nesse
contexto de cidades inteligentes. O primeiro deles é o termo
Accountability que alguns autores defendem poder ser traduzido
como “Responsabilização”, mas que também possui certa relação
com “Prestação de Contas”.
Normalmente, o conceito é utilizado para se referir à
fiscalização, monitoramento e responsabilização do poder público,
governantes, agentes e órgãos (e às vezes utilizado até mesmo para
organizações privadas ou indivíduos) quanto aos atos praticados,
suas obrigações legais e, inclusive, possibilidade de ônus no não
cumprimento destas[17].
Tal termo possui fundamental importância para o planejamento,
desenvolvimento e implantação de dashboards para cidades
inteligentes, uma vez que estes serão a interface física que
permitirá a materialização da accountability junto aos cidadãos.
Sem a correta compreensão desse termo e, mais que isso, sem o
seu devido aculturamento, a visualização de dados se torna
supérflua, mostrando informações destoantes dos objetivos da
administração em questão e das necessidades da população, fato
ainda mais grave.
Previamente à construção do dashboard em si, faz-se crucial
levantar quais são os objetivos que a gestão municipal se propôs,
extrair daí as perguntas que precisam ser respondidas, verificar
quais obrigações legais precisam ser cumpridas, combinar com os
resultados de uma pesquisa de opinião com a população e, por fim,
definir quais são os indicadores relacionados a essas informações,
que ambos os lados consideram importantes. Seguindo-se esses
passos, fica assegurado que o dashboard cumprirá com seu papel
de accountability com a sociedade.
1.3. Indicadores
2. Computação Aplicada
3. DASHBOARDS
4. ESTUDO DE CASO
4.1. Implantação da Metodologia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
1. O SETOR DE TÁXI E OS
CONSUMIDORES
2. CAPTURA REGULATÓRIA,
ENGESSAMENTO DO POTENCIAL
TECNOLÓGICO E PREJUÍZO AO
CONSUMIDOR
CONCLUSÃO
Marco Konopacki[1]
Debora Albu[2]
Diego Cerqueira[3]
Thayane Guimarães[4]
INTRODUÇÃO
1. O APLICATIVO MUDAMOS
2. BREVE HISTÓRICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alexandre Barbosa[1]
INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA I
1.1. Smart City e o território
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA II
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Marina Cyrino[1]
Douglas Leite[2]
INTRODUÇÃO
1.2. Blockchain
ASPECTOS DE DIREITO
CONCORRENCIAL