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ROBERTO AGUIAR 1

Artigo originalmente publicado nas páginas

x http://klerida.blogspot.com/2016/08/a-confusao-espiritual-de-c-s-
lewis.html, assinado por Roberto Aguiar

x https://discernimentocristao.wordpress.com/2009/04/12/a-confulsao-
espiritual-de-c-s-lewis-autor-de-as-cronicas-de-narnia/

Arte da capa por Teresa Yoo:


https://www.dailypaintworks.com/fineart/teresa-yoo/lion/389175

Arte da contracapa: O leão: lápis de cor sobre a4 por Ana Melo, Artista
Cepanense anamelo1980.blogspot.com1200 × 1600

Revisado e Editorado por


Fábio Amarante – FAMARTE
em março/2017

2
C.S. LEWIS - SUA CONFUSÃO
ESPIRITUAL
A confusão espiritual de C.S. Lewis
autor de as Crônicas de Nárnia

Clive Staples Lewis, conhecido como C.S. Lewis,


(1898 – 1963) foi um autor e escritor irlandês que
se salientou pelo seu trabalho acadêmico sobre
literatura medieval e pela apologética cristã que
desenvolveu através de várias obras e palestras.
É igualmente conhecido por ser o autor da
famosa série de livros infantis "As Crônicas de
Nárnia".

Foi chamado até de "Elvis Presley evangélico" devido à sua


popularidade. É bastante conhecida sua influência sobre
personalidades ilustres, dentre elas Margaret Thatcher, ex-primeira
ministra inglesa. Seus livros foram lidos pelos seis últimos presidentes
americanos e muitos de seus pensamentos citados em seus discursos.

Foram vendidas mais de 200 milhões de cópias dos 38 livros escritos


por Lewis, os quais foram traduzidos para mais de 30 línguas,
incluindo a série completa de Nárnia para a língua Russa. Entre 1996
e 1998, quando foi celebrado o seu centenário, foram escritos cerca de
50 novos livros sobre sua vida e seus trabalhos, completando mais de
150 livros desde o primeiro, escrito em 1949 por Chad Walsh: "C.S.
Lewis: O Apóstolo dos Céticos". Lewis é respeitado até pelos que não
concordam com a sua abordagem.

"Li todos os livros de C.S. Lewis, incluindo seus ensaios, suas coleções
de cartas, sua ficção científica e As Crônicas de Nárnia. Li a maioria
desses livros mais de uma vez, e li As Crônicas de Nárnia várias vezes.

3
Li também todos os livros de Charles Williams porque ele era um amigo
íntimo de Lewis, e Lewis elogiava muito os livros dele. Também li todos
os livros de George MacDonald, porque Lewis o admirava e elogiava
seus livros. A Viagem do Peregrino da Alvorada é o terceiro livro na série
Nárnia. Ele promove diretamente os encantamentos e a magia. Uma
parte da viagem é sobre uma ilha habitada por criaturas invisíveis
chamadas Dufflepods. O personagem Lúcia usa um encantamento
para tornar os Dufflepods visíveis. Ela examina um livro de
encantamentos, que é bonito e fascinante. Ela então encontra o
encantamento certo, profere as palavras e segue as instruções. Os
Dufflepods (e Aslan) então tornam-se visíveis. O encantamento torna
Aslan visível e ele fica satisfeito com o que Lúcia fez.

Muitos cristãos estão tratando os livros de Nárnia como se fossem uma


alegoria, em que Aslan representa Jesus Cristo e as crianças
representam os cristãos. Se você fizer isso com A Viagem do Peregrino
da Alvorada, então estará retratando que Jesus Cristo fica satisfeito
quando os cristãos recorrem à magia e aos encantamentos. E você
estará apoiando a ideia de que existe a magia e o encantamento do
bem. Entretanto, a Bíblia proíbe claramente qualquer forma de
feitiçaria:

"Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não


aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.
Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou
a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem
agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a
um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os
mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao
SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança
fora de diante de ti. Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus."
[Deuteronômio 18:9-13]

4
No livro, os Dufflepods são governados por um mago. Ele usa a magia
para reinar sobre os Dufflepods porque eles ainda não são maduros o
suficiente para serem governados diretamente por Aslan. Assim, existe
uma magia boa e um mago bom. Esse mago prepara as pessoas para
terem um relacionamento com Aslan. Novamente, se Aslan for
considerado um símbolo para Jesus Cristo, então a magia prepara as
pessoas para serem cristãs. Na nossa cultura moderna, isso significaria
que a Wicca é um modo para alguém vir a conhecer Jesus Cristo e se
tornar um discípulo de Cristo.

Lewis ensinou muitas coisas boas, mas misturadas com elas estão
ensinos que lançam a base para a apostasia (abandono da fé). Lewis
disse também que "o cristianismo cumpriu o paganismo" e "o
paganismo prefigurava o cristianismo" C.S. Lewis 1. Em sua
autobiografia 2, Lewis conta como, aos 13 anos, ele abandonou sua fé
anglicana devido à influência de uma supervisora na escola que estava
envolvida com ‘teosofia, rosa-cruz, espiritismo, e toda a tradição
ocultista anglo-americana". E Lewis desenvolveu um "desejo forte" pelo
ocultismo que permaneceu com ele mesmo após retornar para o
anglicanismo. Ele disse:

"E isso iniciou em mim algo com o que, desde então, de tempos em
tempos, tenho tido muita dificuldade – o desejo pelo sobrenatural, ou
simplesmente, a paixão pelo ocultismo. Nem todos têm essa doença;
aqueles que a têm saberão o que quero dizer. Eu uma vez tentei
descrevê-la em um livro. É uma lascívia espiritual; e, como a lascívia
carnal, tem o poder de tornar tudo o mais no mundo parecer
desinteressante enquanto ela dura." 3

Lewis disse que descreveu essa lascívia pelo oculto em um livro. Ela
aparece no terceiro livro de sua trilogia de ficção científica. Um

1
Roger Lancelyn Green, C.S. Lewis: A Biography, Harcourt Inc., 1974, págs. 274 e 30.
2
Surprised by Joy
3
C.S. Lewis do livro [Surprised by Joy, Harcourt Brace, 1955, pág. 58-60

5
personagem citado está no processo de ser iniciado em um círculo mais
interno de cientistas que são ocultistas. Eles adoram os demônios, a
quem chamam de "macróbios" (imensas e poderosas coisas invisíveis,
ao contrário dos micróbios, que são coisas invisíveis e minúsculas).

"Aqui, certamente afinal (assim seu desejo sussurrou para ele) estava
o verdadeiro círculo mais interno de todos, o círculo cujo centro estava
fora do gênero humano – o segredo máximo, o supremo poder, a última
iniciação. O fato que ele era quase completamente horrível não
diminuía nem um pouquinho sua atração."4 "Estas criaturas
[demônios] … arfavam a morte sobre o gênero humano e sobre toda a
alegria. Não a despeito disso, mas por causa disso, a terrível gravitação
o sugava, arrastava e fascinava em relação a eles. Nunca antes tinha
ele conhecido a força frutífera dos movimentos opostos na natureza,
que agora o tinha em seu poder; o impulso de reverter todas as
relutâncias e desenhar todos os círculos no sentido anti-horário." 5

Observe que Lewis dizia que tinha problemas com aquele forte desejo
pelo ocultismo desde que conheceu a supervisora na escola. Ele
escreveu essa afirmação em 1955. Naquele tempo, ele já tinha escrito
todos seus livros, exceto três (The Four Loves, Reflections on the
Psalms, e A Grief Observed).

Lewis dedicou sua autobiografia a Bede Griffiths, um ex-aluno que se


tornou um velho amigo. Griffiths fundou um "ashram cristão" na Índia
(Ashram: é um eremitério hindu, uma espécie de convento onde os
gurus e seus discípulos vivem em meditação). Ele dizia que os templos
hindus são um "sacramento". E ele dizia: "Ninguém pode dizer no senso
correto que os hindus, os budistas ou os muçulmanos são ‘incrédulos’.
Eu diria que temos de reconhecê-los como nossos irmãos em Cristo.6

4
[C.S. Lewis, That Hideous Strength: A Modern Fairy Tale For Grown Ups, Collier Books, Macmillan Publishing Company,
1946, pág. 259-260]
5
C.S. Lewis , That Hideous Strength, pág. 269
6
Randy England, The Unicorn in the Sanctuary: The Impact of the New Age on The Catholic Church, TAN Books and
Publishers, 1991, págs. 70-72

6
". O que Bede Griffiths fez e disse é a conclusão lógica de uma frase que
C.S. Lewis escreveu em Cristianismo Puro e Simples: "Existem pessoas
em outras religiões que estão sendo levados pela influência secreta de
Deus para se concentrar naquelas partes de sua religião que estão em
concordância com o cristianismo e que, portanto, pertencem a Cristo
sem saber. Por exemplo, um budista de boa vontade poderá ser levado
a se concentrar mais e mais no ensino budista sobre a misericórdia e
a deixar em segundo plano (embora ele ainda possa dizer que acredita)
no ensino budista sobre outros pontos. Muitos dos bons pagãos muito
antes do nascimento de Cristo podem ter estado nessa situação."
[Existem muitas edições do livro, e a numeração das páginas varia.
Essa citação é do Livro IV, Cap. 10, quarto parágrafo.] [Essa conclusão
ecumênica esotérica comprova que Lewis não compreendeu os
fundamentos da fé cristã. [Nota Roberto Aguiar]

Lewis dizia que foi fortemente influenciado por George MacDonald, que
era um universalista (universalismo: opinião segundo a qual Deus vai
salvar todos os homens e não só os eleitos) [Obviamente não existirá
julgamento]. O livro de MacDonald, Lilith, está baseado no ensino
ocultista que Adão esteve casado com um demônio feminino chamado
Lilith antes de se casar com Eva. No fim do livro de MacDonald, Lilith
é redimida, e Adão diz que até mesmo o Diabo será eventualmente
redimido. O universalismo aparece em alguns dos livros de ficção de
Lewis. Em O Grande Divórcio, Lewis está no céu. Ele fala com George
MacDonald e pergunta sobre o universalismo, e MacDonald responde
que Lewis não pode compreender isso agora. No último livro de As
Crônicas de Nárnia (A Última Batalha), um pagão chega ao céu. (o "País
de Aslan") por causa de suas boas obras e de seus bons motivos, a
despeito do fato que ele não cria em Aslan e adorava o inimigo de Aslan,
um falso deus chamado Tash. Lilith aparece em O Leão, a Feiticeira e
o Guarda-Roupa. O Castor diz às crianças que a Feiticeira Branca é
uma descendente de Lilith, que foi a "primeira mulher" de Adão. Isso

7
pode causar confusão, especialmente na mente das crianças. Embora
o Castor seja um personagem fictício, ele está falando com autoridade
sobre o mundo real – os reais Adão e Eva da Bíblia.

Lewis elogiava Charles Williams e seus livros, de modo que li todos eles.
São livros que misturam as trevas e o ocultismo com algumas
compreensões sobre o cristianismo. Em The Greater Trumps, o herói é
uma mulher santa que passa o tempo fazendo magias com as cartas
do tarô. Williams era tão confuso quanto são seus livros. Ele começou
como um sério ocultista. Ele acreditava na teosofia 7 e em outros
ensinos ocultistas, e ingressou no Alvorada Dourada, um grupo que
pratica a "magia sexual", que é sexo ritual realizado com o propósito de
obter poder ocultista. (O notório satanista Aleister Crowley( o mais
famoso guru do rock, mestre spiritual dos Beatles, Led Zepelin, Rolling
Stones e muitos outros) foi membro da Alvorada Dourada.) Williams
abandonou a Alvorada Dourada e ingressou na Igreja Anglicana, mas
manteve algumas de suas crenças teosóficas.

Lewis também tinha um amigo íntimo chamado Owen Barfield. Lewis


dedicou os livros de Nárnia a ele e deu o nome de Lúcia a um dos
personagens para homenagear a filha de seu amigo. Barfield era um
filósofo que se iniciou na teosofia e que criou sua própria versão da
teosofia. De acordo com a teosofia, o Deus da Bíblia é um tirano, e
Lúcifer (o Diabo) veio para resgatar a humanidade. Até mesmo essa
visão tenebrosa de Deus aparece nos escritos de C.S. Lewis.

Após a morte de Joy, sua esposa, Lewis escreveu A Grief Observed, um


livro que descreve seus pensamentos e lutas emocionais em
decorrência da morte de sua mulher. A obscura visão teosófica acerca
de Deus aparece nesse livro, como mostrado nas seguintes citações:

7
(Teosofia: Conjunto de doutrinas filosóficas que conciliam a razão e a fé, de tal maneira que se estabelece perfeita
harmonia entre todas as religiões, seitas e escolas filosóficas) [Teosofia era a religião de Hitler e da cúpula do nazismo]

8
"Supor que a verdade seja ‘Deus sempre faz vivisseção?’ " (Vivisseção:
dissecação ou operação cirúrgica em animais vivos, para estudo de
alguns fenômenos anatômicos e fisiológicos). [C.S. Lewis, A Grief
Observed, Bantam Books, The Seabury Press, 1963, pág. 33]

É racional crer em um Deus mau? Em um Deus tão mau assim? O


Sadista Cósmico, o Imbecil Odioso? [C.S. Lewis, A Grief Observed, pág.
35].

Lewis não ficou aí. Ele vacilou entre o desespero e a esperança. Mas em
seus momentos de agonia e de desespero, a visão teosófica de Deus
voltava para aterrorizá-lo. Há outro problema com C.S. Lewis. Li todos
os livros dele e não me lembro de uma passagem em que ele trata as
Escrituras como tendo autoridade. Pode ser que ele tenha feito isso,
mas se fez, não foi com frequência suficiente, ou de forma
suficientemente clara e enfática para ficar registrado. A teologia de
Lewis parece estar baseada principalmente no raciocínio humano
(incluindo a Teoria da Evolução e a Psicologia Freudiana) [ambas
inimigas mortais da Bíblia]. Algumas pessoas o chamam de "humanista
cristão" (Humanismo: uma filosofia contrária ao verdadeiro
cristianismo que coloca o homem como o centro de tudo).

As incontáveis similaridades entre os temas olímpicos e os livros de


C.S. Lewis nos fazem lembrar que a natureza humana não muda com
o tempo. Apesar das mudanças culturais ao longo das épocas, a
humanidade enfrenta a mesma tentação intemporal de trocar os
absolutos bíblicos pela atração dos mitos criados pelo homem. O poder
de atração dos Jogos Olímpicos – contos emocionantes, ideias
espirituais, poder triunfante, sensualidade carnal, e a visão de paz e
unidade – combinam com as histórias persuasivas de Lewis.

"Durante os antigos Jogos Olímpicos, na Grécia, uma chama sagrada


queimava no altar de Zeus, em cuja honra os jogos eram realizados. A

9
chama era acesa para sinalizar a abertura dos jogos, e era apagada
para sinalizar o encerramento…"

"A chama é acesa durante uma cerimônia no sítio do antigo estádio


olímpico em Olímpia… Mulheres vestidas em trajes similares aos
usados pelas antigas gregas utilizam um espelho curvo para fazer a
tocha acender naturalmente, com os raios do sol. A suma sacerdotisa
então apresenta a tocha para o primeiro corredor da corrida em
revezamento."

C.S. Lewis amava os Jogos Olímpicos. As raízes deles estão


profundamente imersas nas antigas mitologias, que cativaram seu
coração. Muito depois de decidir acreditar que a Bíblia era verdade
(1931), ele continuou a justificar os mitos pagãos como precursores do
evangelho. Em sua mente rica de imaginações, ele acreditava que "o
cristianismo cumpria o paganismo" porque os dois eram simplesmente
um fio contínuo da mesma história em evolução. A descrição de Lewis
de sua viagem à Grécia em 1960 é coerente com essa persuasão:

"Tive certa dificuldade para evitar que Joy (sua esposa) e eu


RECAÍSSEMOS NO PAGANISMO em Ática! Em Dafni, FOI DIFÍCIL
DEIXAR DE ORAR A APOLO, o curador. Mas, de algum modo, a pessoa
fica com a impressão que não seria uma coisa muito errada – teria sido
apenas dirigir-se a Cristo, subespécie Apolônio. Testemunhamos uma
bela cerimônia cristã em uma vila em Rodes e quase não vimos
discrepância."

Os mitos antigos nos dizem que os antigos Jogos Olímpicos foram


fundados pelo poderoso Héracles (o Hércules dos romanos), filho de
Zeus, o deus que reinava no Olimpo. Esse tema antigo continua a
dirigir as Olimpíadas modernas e suas cerimônias de abertura. Uma
parte reveladora é o hino olímpico, uma oração a Zeus, a deidade grega
que reinava no Olimpo. Muitos justificariam esse ritual pagão de Lewis
como pouco mais do que uma afirmação de um espírito benevolente

10
que vem se adequar às exigências globais de uma espiritualidade
universal. Mas Deus nos diz: "Não terás outros deuses diante de mim."
[Êxodo 20:3]

C.S. Lewis levou esse tema pagão adiante. Por exemplo, ele apresenta
os deuses romanos Marte e Vênus como deidades angélicas visíveis no
planeta Vênus em seu livro Perelandra, o segundo na sua Trilogia
Espacial. Ransom, o herói principal, foi transportado para esse planeta
por alguns elvilas amigos, mensageiros angelicais visíveis somente pela
luz que emanam. Em Vênus, o nu Ransom faz amizade com uma Eva
inocente e a protege de um tentador terreal, possesso por demônios. A
batalha que ocorre esmaga o vilão, porém fere o calcanhar de Ransom,
que continua a sangrar até o fim da história – como se fosse um
cumprimento de Gênesis 3:15.

A história do terceiro livro na série, That Hideous Strength, ocorre na


Inglaterra. Ransom agora precisa deter uma equipe de conspiradores
malignos e totalitários que estão determinados a governar o mundo por
meio das estratégias modernas de comportamento e poderes mágicos
antigos. Forças mais fortes, porém, ficam ao lado de Ransom. Tenho
viajado para Marte e para Vênus, ele tem contato contínuo com os
amigáveis elvilas. Trabalhando com Ransom e Merlin (sim, o druida e
mago dos antigos contos do Rei Artur que foi despertado de um sono
de 1.500 anos), eles invocam os poderosos poderes do panteão
planetário. O primeiro deus a aparecer é Mercúrio (chamado de Hermes
pelos gregos), o deus "mensageiro" das obscuras magias herméticas.
Lewis descreveu a cena de alteração da mente:

"A duplicação, divisão e recombinação dos pensamentos que agora


estava acontecendo neles teria sido insuportável para a pessoa a quem
aquela arte ainda não tinha sido ensinada no contraponto da mente, o
domínio da visão duplicada e triplicada… Todos os fatos estavam
partidos, espirrados em cataratas, pegos, virados de dentro para fora,

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amassados, mortos e renascidos como significado. Porque o próprio
Senhor do Significado, o arauto… estava com eles… a quem os homens
chamam de Mercúrio (ou Hermes)." [4, pág. 322]

Momentos mais tarde, Vênus, a conhecida deusa do amor, chega.


Marte vem logo depois. À medida que você lê o próximo excerto, lembre-
se que nos jogos na antiga Grécia, os atletas – todos homens –
competiam nus. A homossexualidade era considerada boa e normal. O
fato que o amigo de longa data de Lewis, Arthur Greeves, era um
homossexual, pode ajudar a explicar por que Lewis acrescentou esses
detalhes antes de apresentar Zeus.

"Os três deuses que já tinham se encontrado… representavam aqueles


dois dos Sete Gêneros, que têm certa analogia com os sexos biológicos
e podem, portanto, ser em alguma medida compreendida pelos
homens. Isso não seria assim com aqueles que estavam agora se
preparando para descer. Esses também, sem dúvida, tinham seus
gêneros, mas não temos pista alguma deles. Estas seriam energias
mais poderosas: os antigos eldils… " [4, pág. 325]

"Subitamente um espírito maior veio… No andar de cima, seu poderoso


feixe de luz tornou o Quarto Azul em uma chama de luzes… Reino,
poder, pompa e cortesia festivas eram emitidos como as centelhas que
saem de uma bigorna… Porquanto este era o grande Glund-Oyarsa,
Reis dos Reis… conhecido entre os homens nos tempos antigos como
Jove [também chamado Júpiter, pelo romanos, Zeus pelos gregos]…
Então… Merlin recebeu o poder nele." [4, pág. 326-267].

C.S. Lewis via uma necessidade por uma ética global. Treze anos depois
de chamar a si mesmo de cristão, ele escreveu A Abolição do Homem,
que apresenta o Tao chinês, não a Bíblia, como o padrão ético e moral
para toda a humanidade. Simbolizada pelo Yin Yang, esse Tao seria o
guia supremo para os valores e para a ação – incluindo a atitude do
homem com relação ao meio ambiente. Ele substituiria a Bíblia como

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a autoridade final e o guia para as nossas vidas – e para o bem comum.
Considere estas afirmações em A Abolição do Homem, que Lewis – um
fã de Charles Darwin (ateu criador da teoria da evolução) e da evolução
– referência em Cristianismo Puro e Simples. Observe que, na
mensagem de Lewis, esse Tao precede até mesmo o Criador:

"Os chineses também falam de uma grande coisa (a maior de todas as


coisas) chamada de Tao. Ela é a realidade que está por trás de todos os
predicados, o abismo que existia antes do próprio Criador. É a
natureza… É o caminho que o universo segue, o Caminho em que as
coisas perpetuamente emergem… no espaço e no tempo. É também o
Caminho que todo homem deveria seguir em imitação daquela
progressão cósmica e supercósmica, conformando todas as atividades
com esse grande exemplo… A essa concepção em todas suas formas,
ao mesmo tempo platônica, aristotélica, estoica, cristã, e oriental, daqui
para frente, por facilidade, referenciarei simplesmente como ‘o Tao'" [7,
pág. 30, 32]. C.S. Lewis [isso é esoterismo puro!].

"Não olhamos para as árvores como Dríadas ou como belos objetos


quando as cortamos em feixes para lenha: o primeiro homem que fez
isso deve ter sentido o preço agudamente… As estrelas perderam sua
divindade à medida que a astronomia se desenvolveu, e o Deus
Moribundo não tem lugar na agricultura química." [6, pág. 78]
[referindo-se aos mitos antigos em que o deus-sol morria durante o
solstício de inverno]. Desse ponto de vista, a conquista da natureza
aparece em uma nova luz. Reduzimos as coisas à mera natureza de
modo a que possamos ‘conquistá-las’." [7, pág. 79] C.S. Lewis

"Somente o Tao prova a lei humana comum de ação que pode estar por
cima ao mesmo tempo dos governantes e dos governados… No próprio
Tao, desde que permanecemos nele, encontramos a realidade concreta
em que participar é ser verdadeiramente humano: a real vontade
comum e a razão comum para a humanidade… Enquanto falamos de

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dentro do Tao, podemos falar do Homem ter poder sobre si mesmo em
um sentido verdadeiramente análogo ao autocontrole individual. Mas
no momento em que pisamos para fora e consideramos o Tao como um
mero produto subjetivo, essa possibilidade desaparece." [7, págs. 81,
82] C.S. Lewis

Mas Deus diz: "Porque os meus pensamentos não são os vossos


pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz
o SENHOR. Porque assim como os céus são mais altos do que a
terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos
caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos." [Isaías 55:8-9]

A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em Turim teve


uma apresentação dramatizada do famoso quadro de Botticelli, "O
Nascimento de Vênus". No quadro real, Vênus está nua. No palco
olímpico, a modelo estava coberta modestamente por um tecido branco.
Botticelli pintou esse quadro para a poderosa família Médici (que teve
dois papas). "Como eles, o artista aderia ao neoplatonismo: uma teoria
esotérica, filosófica e literária que misturava o paganismo no
cristianismo e professava uma união espiritual com Deus."

C.S. Lewis, que não era um fã das galerias de arte, gostava de Botticelli.
Diz ele, "Tomei a decisão desesperada de ir à Galeria Nacional, onde
finalmente cheguei à conclusão que não tenho gosto pela pintura… A
única coisa (além dos quadros) com a qual me preocupei muito foi o
quadro de Botticelli, ‘Marte e Vênus com os sátiros’…" Botticelli
retratou a Divina Comédia, de Dante, um longo e alegórico poema que
descreve a jornada espiritual de Dante pelo Inferno, pelo Purgatório e
pelo Paraíso antes de retornar a Terra. Cinco séculos mais tarde, Lewis
apresentou um ensaio sobre esse poema diante da Sociedade Dante,
em Oxford. Se você assistiu a cerimônia de abertura, viu um grupo de
atores no palco se moverem na forma de um coração pulsante. Eles

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estavam retratando a paixão – a paixão dos corredores que levam a
tocha olímpica, dos treinos, da competição, da busca pela unidade
global… A apresentação mais apaixonada naquela noite deve ter sido a
ária da ópera Turandot, de Puccini, interpretada por Luciano Pavarotti.
Porém, a música magnífica da Puccini não teria movido o coração de
C.S. Lewis de forma tão dramática quanto faziam as óperas de Richard
Wagner (Além de gênio da música clássica, foi um esotérico cultuador
do paganismo germânico. Ele foi ligado a uma sociedade mística
chamada Thulle, a mesma de Hitler, e os especialistas em estudos
wagnerianos mostram como suas obras eram manifestações do
paganismo germânico. Wagner foi um difusor do misticismo gnóstico
germanista do qual veio nascer o nazismo) especialmente O Anel dos
Nibelungos. Lewis ficava extasiado com os temas místicos e com a
música dessa ópera. Em seu livro Surprised by Joy, ele descreveu sua
paixão:

"Durante este tempo, eu ainda não tinha ouvido uma nota sequer da
música de Wagner, EMBORA A FORMA DAS LETRAS IMPRESSAS DO
NOME DELE TINHAM SE TORNADO UM SÍMBOLO MÁGICO PARA
MIM… Ouvi primeiro uma gravação de A Cavalgada das Valquírias…
Para um menino já amalucado pelos mitos nórdicos e germânicos que
estão subjacentes na obra de Wagner, a Cavalgada veio como um
relâmpago e um trovão… FOI UM NOVO TIPO DE PRAZER, SE
REALMENTE ‘PRAZER’ É A PALAVRA CORRETA, EM VEZ DE
TRANSTORNO, ÊXTASE, ASSOMBRO, ‘UM CONFLITO DE
SENSAÇÕES SEM NOME." [pág. 75] C.S. Lewis

"Aprendemos no Livro de Orações a ‘dar graças a Deus por Sua grande


glória’… CHEGUEI MUITO MAIS PERTO DE SENTIR ISSO PELOS
DEUSES NÓRDICOS EM QUEM EU NÃO CRIA, DO QUE EU JÁ TINHA
ALGUMA VEZ SENTIDO PELO VERDADEIRO DEUS ENQUANTO EU
CRIA. Algumas vezes, quase chego a pensar que fui enviado de volta

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aos falsos deuses ali para adquirir alguma capacidade para a
adoração…" C.S. Lewis [pág. 77]"

Enquanto Lewis delirava com a cultura e a falsa fé do mundo, veja


como ele reagia diante de seu contato com a igreja fundada por Cristo.
C.S. Lewis frequentou a mesma igreja durante trinta anos. A
experiência não tinha nada de extraordinário a cada semana. A maior
parte daqueles anos Lewis não se importava muito com os sermões; ele
até mesmo sentava-se atrás de um pilar da igreja para que o ministro
não visse suas expressões faciais. Ele ia ao culto sem música porque
não gostava dos hinos. E saía logo após a comunhão da Ceia
provavelmente porque não gostava de se envolver nas conversas com
os outros membros depois do culto. Uma vez perguntaram para Lewis:
"É necessário frequentar um culto ou ser membro de uma igreja cristã
para se ter um modo cristão de vida?"

Sua resposta foi a seguinte:

"Esta é uma pergunta que eu não posso responder. Minha própria


experiência é que logo que eu me tornei um cristão, cerca de quatorze
anos atrás, eu pensava que poderia me virar sozinho, me retirando a
meu quarto e lendo teologia, e não frequentava igrejas ou estudos
bíblicos; e então mais tarde eu descobri que era o único modo de você
agitar sua bandeira; e, naturalmente, eu descobri que isso significava
ser um alvo. É extraordinário o quão inconveniente para sua família é
você ter que acordar cedo para ir à Igreja. Não importa tanto se você
tem que acordar cedo para qualquer outra coisa, mas se você acorda
cedo para ir à igreja é algo egoísta de sua parte e você irrita todos na
casa. Se há qualquer coisa no ensinamento do Novo Testamento que é
na natureza de mandamento, é que você é OBRIGADO a participar do
Sacramento e você não pode fazer isso sem ir à igreja. EU NÃO
GOSTAVA MUITO DOS SEUS HINOS, OS QUAIS EU CONSIDERAVA
POEMAS DE QUINTA CATEGORIA COM MÚSICA DE SEXTA

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CATEGORIA. Mas à medida em que eu ia eu vi o grande mérito disso.
Eu me vi diante de pessoas diferentes de aparência e educação
diferentes, e meu conceito gradualmente começou a se desfazer. Eu
percebi que os hinos (os quais eram apenas música de sexta categoria)
eram, no entanto, cantados com tamanha devoção e entrega por um
velho santo calçando botas de borracha no banco ao lado, e então você
percebe que você não está apto sequer para limpar aquelas botas. Isso
o liberta de seu conceito solitário."

Entre alguns grupos da igreja de Cristo C.S. Lewis é difundido como


um defensor da fé cristã, e por ser bem-sucedido como escritor
secular, goza de livre passagem tanto no mundo como na igreja; o que
enche alguns de orgulho. No entanto devemos olhar a questão com
mais cuidado e notar que os questionamentos tanto quanto as
conclusões de Lewis são extremamente esquisitas, e alheias a tudo o
que se conhece em relação à bíblia e aos sentimentos de Jesus. A linha
de raciocínio de C.S. Lewis está sim totalmente coerente com as
conclusões das pessoas do mundo que nunca nasceram de novo e
encontram um sentido de vida em coisas que Jesus ensina
absolutamente não existir valor algum. Nós Cristãos temos que vigiar
sempre nossos sentimentos para que eles, seduzidos pelo mundo, não
nos levem para longe das escrituras, o que significa isolamento de
Deus. Os crentes por serem sempre desconsiderados e humilhados
pela sociedade em que vivem, tendem a receber com euforia e pressa
qualquer celebridade que esboce algo que se pareça a uma conversão,
na esperança de que essa celebridade limpe um pouco sua imagem tão
desgastada perante o mundo, de forma que possam exibir essa
celebridade como uma conquista de seu time. Isso é um erro, uma
espera em vão por uma aprovação que nunca virá, não sem prejuízo ao
evangelho. A bíblia se bem interpretada, coloca um abismo entre a
igreja e a opinião da sociedade organizada, a cultura do homem. Querer
construir uma ponte sobre esse abismo é impossível sem prejuízo

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pessoal e eterno, no entanto, há muitos que se lançaram nessa obra
infrutífera esperando lograr algum êxito. Essa postura resulta da má
compreensão da proposta de Cristo para a humanidade. Eu
simpatizava bastante com C.S. Lewis até descobrir sua distorcida visão
espiritual totalmente embasada na confusa cultura humana. Em uma
certa altura de sua trajetória espiritual (infelizmente) este cristão se
deixou enganar pela as artimanhas do maligno, fazendo uma
miscelânea da cultura do mundo com o evangelho, descaracterizando-
o. Na verdade sua obra juntamente com suas considerações revela que
em toda a sua vida, Lewis nunca abandonou a sua paixão pela inútil
cultura humana ao mesmo tempo em que demonstrou uma
considerável apatia pela contracultura do sermão do monte.

Roberto Aguiar

Mas Deus nos adverte:

"Tu amas mais o mal do que o bem, e a mentira mais do que o


falar a retidão." (Salmos 52:3).

"Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos nos


seus corações, e o tropeço da sua maldade puseram diante da
sua face; devo eu de alguma maneira ser interrogado por eles?"
[Ezequiel 14:3]

"Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também


andai nele, arraigados e sobre-edificados nele, e confirmados
na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação
de graças. Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa
sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição
dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo
Cristo; porque nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade." (Colossenses 2:6-9)"

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BIBLIOGRAFIA:
Adaptação dos textos, "O Lado Ocultista de C.S. Lewis", "Os Deuses
do Olimpo e C.S. Lewis" e "Problemas com Nárnia O Lado Ocultista de
C.S. Lewis".
Mary Ann Collins (artigo extraído de Kjos Ministries, em
http://www.crossroad.to/articles2/006/narnia-trouble.htm) e
http://www.cuttingedge.org
Protocolo da Cerimônia de Abertura
em http://history1900s.about.com/library/weekly/aa081000a.htm
Roger Lancelyn Green, C.S. Lewis: A Biography, Revised Edition
(Orlando, FL: Harcourt Inc., 1974), págs. 30, 274. (A primeira
referência aponta para a página 62 em Surprised by Joy
(http://www.crossroad.to/Excerpts/books/lewis/surprised.htm).
http://www.crossroad.to/Excerpts/books/lewis/inklings-
williams.htm
C.S. Lewis, That Hideous Strength,
http://www.crossroad.to/Excerpts/books/lewis/hideous-
strength.htm (MacMillan Publishing Company, 1946).
Alan Jacobs, The Narnian: The Life and Imagination of C.S. Lewis
(HarperCollins, 2005), pág. 52:
http://www.torino2006.org/ENG/OlympicGames/bin/page/C_3_pag
e_eng_58_paragraphs_paragrafo_2_attachments_allegato_0_object.pdf
C.S. Lewis, A Abolição do Homem,
http://www.crossroad.to/Excerpts/books/lewis-abolition.htm,
Rockefeller Center, NY: Touchstone, 1996 (publicado originalmente
em 1944). Publicado em português pela Editora Martins Fontes, em
http://www.martinsfontes.com.br.
Alessandro Botticelli, Italiamia, em
http://www.italiamia.com/art_botticelli.html
Kathryn Lindskoog, Spring in Purgatory: Dante, Botticelli, C.S. Lewis,
and a Lost Masterpiece, em http://www.lindentree.org/prima.html
Para mais informações, veja
http://larryavisbrown.homestead.com/files/Ring/Ring0_intro.htm e
http://larryavisbrown.homestead.com/files/Ring/Ring2_Valkyrie.htm
C.S. Lewis, A Abolição do Homem; leia um excerto em
http://www.crossroad.to/Excerpts/books/lewis-abolition.htm.
http://www.crossroad.to
http://www.espada.eti.br/db063.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clive_Staples_Lewis

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famarte@uol.com.br

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