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08/12/2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Objetivo da Aula


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL PROPEC
DISCIPLINA: MICROECONOMIA E ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL

Aula 11: Política Industrial  Abordar a intervenção do Estado na promoção do


desenvolvimento industrial de um país.
O Papel do Estado na Promoção do
Desenvolvimento Industrial
 Essa discussão está dividida em oito seções:
Referência bibliográfica:
FERRAZ, João Carlos, PAULA, Germano Mendes de; KUPFER,
David. Política Industrial. In: KUPFER, David; HASENCLEVER,
Lia (orgs.). Economia Industrial: fundamentos teóricos e
práticas no Brasil. 2. ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Capítulo 24 – Política Industrial.
2

Profa. Dra. Denisia Chagas

o que é politica industrial?


quadro comparativo das 3 teroria.
Intrumentos da Pol Ind.
Mecionas caso Brasil.

Objetivos da Aula (Cont.) 1- Introdução

1. Introdução;
2. Discutir a relação entre Estado e mercado;  A participação do Estado na promoção das atividades
3. Abordar os principais tópicos da literatura sobre política produtivas de um país é uma questão plena de
industrial, mediante o exame da corrente ortodoxa; controvérsias entre os economistas.
4. Apresentar a ótica desenvolvimentista sobre política
industrial;  O tema é defendido ou atacado a partir de diferentes bases
teórico-analíticas. O debate escapa aos limites da
5. Investigar a perspectiva evolucionista referente política
industrial; discussão econômica, para enveredar por questões
ideológicas, dificultando a compreensão adequada do
6. Estudar a relação entre política industrial e outras tema.
políticas de Estado (macroeconômica, comércio
exterior, regulação de infraestruturas e C&T);
 São três as correntes principais:
7. Ilustrar a experiência brasileira e dos países da OCDE;
8. Conclusão.

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1- Introdução (Cont.) 1- Introdução (Cont.)

 Ortodoxa: coloca em questão as fronteiras de atuação do  A política industrial objetiva a promoção da atividade
Estado e do mercado na promoção de atividades produtiva, na direção de estágios de desenvolvimento
econômicas; superiores aos preexistentes em um determinado espaço
nacional.
 Desenvolvimentista: prioriza o poder econômico e  Do ponto de vista conceitual, política industrial consiste
produtivo das nações no contexto internacional; no conjunto de incentivos e regulações associadas a
ações públicas, que podem afetar a alocação inter e
 Evolucionista: o foco está na competência dos agentes intraindustrial de recursos, influenciando a estrutura
econômicos em promover inovações que transformem o produtiva e patrimonial, a conduta e o desempenho dos
sistema produtivo. agentes econômicos em um determinando espaço
nacional.

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2- As Relações entre Estado e 2- As Relações entre Estado e


Mercado Mercado (Cont.)
 Na atualidade, os avanços nas análises sobre as relações
entre Estado e mercado incorporam três constatações:

1. O sucesso do desenvolvimento asiático na década de


1980 forçou os economistas a incluírem as 3. Os economistas passaram a discutir as restrições do
instituições públicas nos modelos de funcionamento do mercado sob as quais se dá a
desenvolvimento econômico; atuação do Estado: a existência de racionalidade
limitada, de informação imperfeita e de interesses
2. A importância do progresso técnico e do múltiplos, que implicam a necessidade de maiores
aprendizado como fontes de eficiência, foi esforços para entender e melhorar a qualidade da
formalizada pela “Nova Teoria do Crescimento” sobre ação pública.
retornos crescentes de escala associados ao avanço
do progresso técnico, que implicam espaços
economicamente justificáveis para a ação do
Estado.

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2- As Relações entre Estado e 2- As Relações entre Estado e


Mercado (Cont.) Mercado (Cont.)

 Esses avanços fortalecem a visão de cientistas políticos que  Esse tipo de visão recupera as contribuições de autores
enfatizam a responsabilidade histórica dos Estados no clássicos, como Friedrich List e A. Gerschenkron, que
processo de transformação econômica das sociedades. demonstraram, com base em análises históricas dos
processos de industrialização de países europeus, a
 Nas palavras de Peter Evans (apud FERRAZ; PAULA; importância do papel do Estado como agente do
KUPFER, 2013, p. 314): desenvolvimento industrial.
Daniel Friedrich List, alemão, foi
(...) o debate estéril sobre o “quanto” o Estado
um economista, partidário
intervém deve ser substituído por argumentos sobre
do protecionismo, matéria sobre a
os diferentes tipos de envolvimento do Estado na
qual teorizou.
sociedade e seus efeitos.... o envolvimento do
Até meados do século XX, sua obra
Estado é dado. A questão adequada não se refere a
era a mais traduzida de qualquer
“quanto” o Estado intervém, mas sim “que tipo”
economista alemão, exceto a de Karl
de intervenção ocorre e quais suas consequências.
Marx.
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2- As Relações entre Estado e 2- As Relações entre Estado e


Mercado (Cont.) Mercado (Cont.)

 Para List, em condições de atraso relativo, cabia aos estados  Para esse autor, liberalização ou proteção comercial, por
nacionais – em seu caso, o alemão –, empreender esforços exemplo, são somente meios para determinados fins: o
para aumentar a quantidade e qualidade do capital humano desenvolvimento do poder produtivo.
e para acessar a melhor tecnologia disponível, o que
demandaria políticas industriais ativas e de longo prazo, por
meio da combinação de mecanismos de proteção e  Qual política seria eficaz e adequada?
incentivo, especialmente tarifas de importação e crédito de  Dependeria do estágio de desenvolvimento de uma nação
longo prazo em condições favoráveis. em relação aos líderes internacionais.

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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado Falhas de Mercado (Cont.)

 Na visão neoclássica o mercado competitivo é o alocador  Portanto, se todos os mercados forem competitivos, a
eficiente dos recursos. política industrial é não somente desnecessária como,
principalmente, indesejável.

 Os agentes racionais realizam escolhas que maximizam não


apenas o seu bem-estar individual, mas também o coletivo.  A intervenção governamental seria necessária se ocorressem o
que os economistas neoclássicos denominam falhas de
mercado.
 A livre mobilidade dos fatores e o atomismo dos agentes
levam a que o mecanismo de demanda e oferta determine
preços de equilíbrio ótimos do ponto de vista social.

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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)

Tipos de falhas de mercado: (Cont.)


 Há cinco tipos principais de falhas de mercado:

1. Estruturas de mercado ou condutas não competitivas 1. Estruturas oligopolizadas ou monopolizadas decorrem, muitas
(oligopólios e monopólios);
vezes, da existência de economias de escala, isto é, os custos
2. Externalidades;
unitários de produção reduzem-se à medida que a produção
3. Bens públicos;
se eleva.
4. Direitos de propriedade comuns;
5. Diferenças entre as taxas de preferências intertemporais
sociais e privadas

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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)
 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)

1. Estruturas de mercado ou condutas não competitivas


 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)
(oligopólios e monopólios) (Cont.)

 Uma vez que os mercado são preponderantemente


oligopolizados, não chega a ser surpreendente que a política 2. Externalidades ocorrem quando as decisões de um
industrial seja um tema tão relevante. agente econômico influenciam, positiva ou
negativamente, outros agentes. O exemplo clássico de
 Nesse caso, os principais mecanismos da política externalidade negativa diz respeito à poluição.
industrial são a política de concorrência com vistas à
redução do poder de mercado das grandes empresas,
tanto do ponto de vista de possíveis condutas
anticompetitivas, quanto da concentração do mercado
por intermédio de fusões e aquisições.
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)

 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)


 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)
2. Externalidades (Cont.)
2. Externalidades (Cont.)
 Exemplo: há duas empresas, uma refinaria de produtos
 Exemplo: há duas empresas, uma refinaria de produtos petrolíferos e uma fábrica de pescado. (Cont.)
petrolíferos e uma fábrica de pescado.
 A consequência desta externalidade é a ineficiência
 A refinaria produz derivados de petróleo, mas alocativa, pois haverá excesso de produção de
também poluição marinha. Assim, a poluição é um derivados de petróleo e subprodução de pescado.
custo para a fábrica de pescado, mas não para a
refinaria, que define sua produção em função dos  Analogamente, uma externalidade positiva (ou
custos e preços dos seus produtos. sinergia), como um distrito industrial, não seria
captada na contabilidade de cada agente, levando a
um subinvestimento em cada uma das atividades.
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)

 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)  Tipos de falhas de mercado: (Cont.)

2. Externalidades 3. Fornecimento de bens públicos

 Há três formas de correção da externalidade:  Bens públicos possuem duas características: a não
exclusividade e a não rivalidade:
i. Fusão entre as empresas envolvidas, porque, nesse caso,
a externalidade negativa ou positiva passaria a ser i. Não exclusividade: significa que a propriedade do bem
contabilizada, respectivamente, como um custo ou como não pode ser atribuída como direito exclusivo de um
uma receita, pelo tomador de decisão; único agente econômico. Portanto, ele não pode ser
possuído, comprado ou vendido.
ii. Criação de um imposto ou subsídio para corrigir os
preços dos produtos e aproximá-los de seus custos de  Por exemplo, o benefício da iluminação de uma
oportunidade; ou avenida não pode ser privilégio apenas de um
subconjunto dos usuários dessa avenida, pois
iii. Atribuição de direitos de propriedade de forma que crie
ninguém pode ser excluído desse benefício;
um mercado para externalidade.
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)

 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)


 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)
3. Fornecimento de bens públicos (Cont.)
3. Fornecimento de bens públicos (Cont.)
 O fornecimento de bens públicos dá margem a um tipo de
comportamento oportunista conhecido como o problema
ii. Não rivalidade: quer dizer que a agregação de novos
do “carona” (free rider): a possibilidade de usar sem
consumidores não altera o custo dos bens consumidos.
pagar.
 O mercado tende a falhar no fornecimento de bens
 No exemplo citado, mesmo com o incremento de públicos pois os incentivos para o ofertante são
população, esse custo não aumentaria. insuficientes.
 Como solução, esses bens devem ser ofertados
diretamente pelo Estado ou por meio de concessões.
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)

 Tipos de falhas de mercado: (Cont.)  Tipos de falhas de mercado: (Cont.)

4. Bens de propriedade comum (ou difusa) 5. Diferenças quanto às preferências intertemporais


sociais e privadas
 Quando direitos de propriedade não são apropriáveis
individualmente, podem existir poucos incentivos para  Elas existem quando agentes privados e a sociedade
conservar ou melhorar propriedades comuns. divergem quanto à preferência entre consumo corrente
e futuro de um bem ou serviço.
 A exemplo de uma área de produção de pescado: um
agente, mesmo sabendo que certas práticas são  Exemplo: a pesquisa básica apresenta uma taxa de
predatórias e comprometem a viabilidade futura da retorno muito demorada, investimentos nesse
atividade, não seria incentivado a mudar sua campo, embora de interesse para a sociedade, tendem
conduta pelo receio de que os demais agentes não a ser subalocados pelos agentes privados.
farão o mesmo.
 Neste caso, a intervenção do Estado se justificaria.
 Novamente, caberá ao Estado disciplinar a taxa25 de 26
exploração dessas reservas.

3- Política Industrial pela Ótica das 4- Política Industrial pela Ótica


Falhas de Mercado (Cont.) Desenvolvimentista

 Em resumo, se os mercados falham em prover o uso


 A corrente desenvolvimentista considera três conjuntos
eficiente de recursos existiriam, em tese, espaços para
de condicionantes:
políticas industriais.

1. As características intrínsecas da nação onde a


 A teoria neoclássica, no entanto, não parece ser uma
intervenção está sendo empreendida;
base apropriada para prescrições de política. Isto porque,
devido aos pressupostos de informação e racionalidades 2. O estágio de desenvolvimento do país em que estão
perfeitas típicos da visão ortodoxa, a possibilidade de sendo implementadas políticas ativas; e,
falhas de mercado é restrita a poucas situações.
3. O contexto internacional ajuda a definir se políticas
intervencionistas são aceitas ou rechaçadas,
facilitando ou dificultando a ação de um Estado
específico.

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4- Política Industrial pela Ótica 4- Política Industrial pela Ótica


Desenvolvimentista (Cont.) Desenvolvimentista (Cont.)

 A argumentação parte da noção do apoio e proteção à


 A atuação do Estado é um elemento ativo, e não apenas indústria nascente. Inicialmente, defendido por John
corretivo, como sugerido pelos defensores da abordagem Stuart Mill e levado ao extremo por Friederich List.
de falhas de mercado.
 A premissa é de que a indústria que está se constituindo
em um país terá custos mais elevados que os vigentes
 O conceito “desenvolvimentista” caracteriza um Estado em países onde a atividade já se encontra estabelecida.
que estabelece como princípio a capacidade de promover
e sustentar desenvolvimento, entendido como a  Portanto, a não intervenção governamental tenderia a
combinação de taxas de crescimento econômico altas e perpetuar uma divisão internacional do trabalho.
sustentadas e mudança estrutural no sistema produtivo.  Logo, a ótica desenvolvimentista é mais
“intervencionista”, quanto mais tardio for o processo de
industrialização.

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4- Política Industrial pela Ótica 4- Política Industrial pela Ótica


Desenvolvimentista (Cont.) Desenvolvimentista (Cont.)

 A proteção à indústria nascente possui duas premissas


 A proteção à indústria nascente possui duas premissas básicas: (Cont.)
básicas:
2. A proteção deve ser temporária devido à
diminuição da desvantagem inicial. Senão, os
1. Os custos de produção, apesar de altos inicialmente, consumidores domésticos estariam adquirindo bens a
tendem a se reduzir de modo significativo, à preços acima dos preços praticados no exterior,
medida que os fabricantes se aproveitam das reduzindo o seu bem-estar e perpetuando a
economias de aprendizagem. Com isso, o hiato de ineficiência produtiva.
eficiência entre as nações tenderia a se reduzir no
 Uma estratégia industrial ativa por parte do Estado
tempo.
deve destacar a manufatura como setor estratégico,
capaz de dinamizar a economia como um todo; a
importância do capital intelectual e do learning by
doing e a necessidade de importar as tecnologias
estrangeiras mais avançadas.
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4- Política Industrial pela Ótica 4- Política Industrial pela Ótica


Desenvolvimentista (Cont.) Desenvolvimentista (Cont.)

 Para A. Gerschenkron, os países avançados representam o  Para essa corrente, todos os instrumentos de política
horizonte de possibilidades para o futuro para os países econômica (cambial, monetária e fiscal; de comércio
em desenvolvimento. exterior, de regulação da concorrência e da propriedade
etc.) são colocados a serviço do objetivo
industrializante.
 Portanto, não se trata de inovar, mas de copiar um
 As políticas beneficiam o setor privado, a empresa
mapa produtivo existente e fazer uma nação crescer
nacional, e priorizam o crescimento, a rivalidade e a
a taxas superiores aos líderes internacionais, em um
produtividade, tendo como referência a melhor prática
processo de emparelhamento (catching-up).
internacional, para emular experiências.

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4- Política Industrial pela Ótica 4- Política Industrial pela Ótica


Desenvolvimentista (Cont.) Desenvolvimentista (Cont.)

 O Estado tem legitimidade política e um corpo técnico  Entretanto, subsistem diferenças em termos de taxa de
capacitado, dotado dos instrumentos de intervenção crescimento, estrutura e composição da indústria,
necessários. instrumentos utilizados em cada país e ideologia por trás
das políticas empreendidas em cada nação.

 Nesse sentido, o Estado-desenvolvimento lidera o


 Exemplo: a Coreia do Sul diferencia-se da maioria dos
mercado, pois as autoridades tomam iniciativas sobre
países de industrialização tardia pela disciplina que o
que produtos e tecnologias deveriam ser encorajados,
Estado exerceu sobre o setor privado:
mobilizando os necessários instrumentos de incentivo e
regulação.

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4- Política Industrial pela Ótica 4- Política Industrial pela Ótica


Desenvolvimentista (Cont.) Desenvolvimentista (Cont.)

 O Estado sul-coreano privilegiou a grande empresa


nacional, proibiu as atividades de empresas estrangeiras,
 Na América Latina, o Estado também participou
facilitou a importação de tecnologia e subsidiou o
ativamente do processo de industrialização, focalizando
investimento de um grupo selecionado de setores e
indústrias de bens de consumo não duráveis e duráveis e
firmas, para estimular um conjunto de indústrias
de bens intermediários, independentemente da
específicas.
natureza do capital das empresas.

 Em contrapartida, foram impostos padrões de  Sob a argumentação de Raul Prebish, quanto à


desempenho extremamente rígidos, em geral associados perversidade das relações desiguais de troca entre países
ao sucesso exportador. centrais e periféricos, que perpetuariam a restrição
externa ao crescimento, a industrialização era vista como
 Ao mesmo tempo, no Estado sul-coreano, assim como em forma de promover o desenvolvimento das sociedades
Taiwan, as políticas privilegiaram indústrias produtoras latino-americanas.
de bens com crescente elasticidade–renda da demanda.
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4- Política Industrial pela Ótica 4- Política Industrial pela Ótica


Desenvolvimentista (Cont.) Desenvolvimentista (Cont.)

 O que se popularizou como estratégia de substituição de  Mas, ao contrário do padrão asiático, a meta e o controle
importações, na verdade, constituiu um grande esforço das políticas não era definido pelo desempenho nos
dos países latino-americanos em criar capacidade mercados e sim pela construção de capacidade
produtiva local, com a contribuição de empresas produtiva:
estatais, nacionais e estrangeiras.
 Para os asiáticos, o indicador de controle era o sucesso
exportador;
 Para tanto, foram introduzidos incentivos ao investimento
e regulações contra importações, bem como criadas
empresas estatais principalmente para atuar na área de  Para os latino-americanos, o grau de nacionalização
infraestrutura. da produção.

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4- Política Industrial pela Ótica 5- A Política Industrial pela Ótica da


Desenvolvimentista (Cont.) Competência para Inovar

 A corrente evolucionista destaca as relações entre


estrutura de mercado, estratégia empresarial e
 Os desafios para a corrente desenvolvimentista estão
progresso técnico.
associados à capacidade do Estado evoluir em sua forma
de intervenção, adaptando-se às mudanças na indústria.
 Inspirada em Schumpeter, esta abordagem enfatiza que as
inovações constituem-se no motor do desenvolvimento
 Note-se que ao longo do tempo, com a maturação da do capitalismo.
competência industrial de um país, a intervenção reduz-
se para abrir mais espaços para as decisões privadas.  As empresas investem na formação de competências
para criar assimetrias competitivas, diferenciar produtos
e ganhar posição no mercado; esse é o ânimo que move
as empresas a crescer à frente de seus concorrentes.
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5- A Política Industrial pela Ótica da 5- A Política Industrial pela Ótica da


Competência para Inovar (Cont.) Competência para Inovar (Cont.)

 Quatro aspectos são cruciais para o entendimento desta  Quatro aspectos são cruciais para o entendimento desta
abordagem: abordagem: (Cont.)

1. Concorrência por inovação tecnológica: diversamente da 3. Estratégia, capacitação e desempenho: as empresas


visão convencional de concorrência via preços, aqui se avaliam seu ambiente competitivo, definem os caminhos a
enfatiza a competição por meio de inovações e seus efeitos seguir, sob a restrição do nível da capacitação existente,
dinâmicos; alocam recursos para o fortalecimento da capacitação
tecnológica que, uma vez posta em marcha, irá definir
parâmetros de eficiência produtiva e diferenciação de
2. Inter-relações entre agentes econômicos: há vantagens produtos para cada uma.
advindas da cooperação entre empresas e dessas com
universidades, centros de pesquisa e mesmo consumidores, 4. Importância do ambiente e processo seletivo: Fortalece a
o que se expressa no conceito de aprendizado por interação. importância das tecnologias superiores ao longo do tempo,
de modo que melhores práticas são repetidamente
introduzidas e tornam-se referências móveis e constantes
43 para a conduta dos agentes econômicos. 44

5- A Política Industrial pela Ótica da 5- A Política Industrial pela Ótica da


Competência para Inovar (Cont.) Competência para Inovar (Cont.)

 O investimento em inovações é pleno de incertezas, abrindo


espaços para a intervenção pública orientada para induzir as
 Nesse campo, a política industrial e a política tecnológica
empresas a experimentar, descobrir e introduzir produtos,
superpõem-se, dando lugar ao que se denomina política de
serviços e processos superiores aos existentes no mercado.
inovação.

 Embora o protagonista seja a empresa e o espaço de atuação


 Para promover um ambiente indutor de condutas tecnológicas
o mercado, o Estado tem papel relevante, seja ampliando a
proativas, é necessário mesclar instrumentos genéricos, que
intensidade do processo seletivo, seja criando instituições
afetam o conjunto de agentes econômicos, com medidas
facilitadoras do processo de geração e difusão de novas
seletivas, focalizadas em um grupo específico de empresas.
tecnologias.

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5- A Política Industrial pela Ótica da 5- A Política Industrial pela Ótica da


Competência para Inovar (Cont.) Competência para Inovar (Cont.)

 Os instrumentos de intervenção constituem em:

 Subvenção a projetos de alta densidade tecnológica;


 Adicionalmente, são importantes os investimentos e ações
 Incentivos fiscais à P&D;
orientadas ao fortalecimento das instituições que compõem
 Financiamento para a inovação;
um sistema de inovação local ou nacional, especialmente
 Compras do setor público;
institutos dedicados à investigação científica e tecnológica e
 A disponibilidade de capital de risco para novos
empreendimentos; à formação de recursos humanos de alto nível.
 Medidas para garantir a apropriabilidade privada do
investimento tecnológico (patentes) e manter padrões
técnicos (metrologia, padronização e qualidade).

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6- Política Industrial na Prática: 6- Política Industrial na Prática:


Instrumentos Horizontais e Verticais Instrumentos Horizontais e Verticais
(Cont.)
 A discussão da política industrial na prática exige demarcar as
relações existentes entre esta e a política macroeconômica.
 De um lado, a política macroeconômica afeta a política  A política industrial pode ser descrita de acordo dois alvos
industrial ao: prioritários:

a) Determinar os preços relativos de produtos


transacionáveis e não transacionáveis por meio da 1. Políticas horizontais (ou funcionais): pautadas em
taxa de câmbio; medidas de alcance global. Buscam melhorar o
desempenho da economia na sua totalidade, sem
b) Influenciar o nível de investimentos via taxa de privilegiar alguma indústria específica.
juros;
c) Sinalizar, mediante a estabilidade macroeconômica e 2. Políticas verticais (ou seletivas): desenhadas para
a capacidade fiscal do Estado, quanto à possibilidade fomentar indústrias, cadeias produtivas ou grupos
de implantar políticas de incentivo e de específicos de empresas.
investimento em infraestrutura, educação, C&T.
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6- Política Industrial na Prática: 6- Política Industrial na Prática:


Instrumentos Horizontais e Verticais Instrumentos Horizontais e Verticais
(Cont.) (Cont.)

 Os instrumentos de política industrial podem ser agrupados  Do ponto de vista da regulação, vários instrumentos
de acordo com a sua natureza: encaixam-se na política horizontal, com destaque para:

1. Regime de regulação: política antitruste e comercial, 1. Concorrência: repressão de condutas anticompetitivas


assim como regulações referidas à propriedade (vendas casadas, acordos para fixação de preços,
intelectual, consumidor e meio ambiente. discriminação de preços etc.) e controle dos atos de
concentração (fusões, aquisições e joint-ventures).

2. Regime de incentivos: medidas fiscais e financeiras,


como os incentivos fiscais à P&D e créditos e estímulos à 2. Infraestrutura: políticas de concessões (privatizações) e
exportação. controle administrativo de preços (mecanismos de
reajuste de tarifas de serviços, como energia elétrica e
telecomunicações).
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6- Política Industrial na Prática: 6- Política Industrial na Prática:


Instrumentos Horizontais e Verticais Instrumentos Horizontais e Verticais
(Cont.) (Cont.)

 Do ponto de vista da regulação, vários instrumentos  Do ponto de vista dos incentivos, vários instrumentos são
encaixam-se na política horizontal, com destaque para: mobilizados pelo Estado, sendo os principais:
(Cont.)
1. Inovação: incentivos ao gastos com P&D, fomento à
3. Comércio exterior: política tarifária e não tarifária, difusão de tecnologias e informações;
prevenção de concorrência desleal (anti-dumping,
2. Capital: crédito e financiamento a longo prazo,
direitos compensatórios e salvaguardas).
estímulos às exportações (crédito e seguro de crédito),
financiamento às importações;
4. Propriedade intelectual: patentes, marcas e
3. Incentivos fiscais: deduções fiscais em âmbito nacional,
transferência de tecnologia.
estadual ou municipal para promoção de atividades
industriais;
4. Compras de governo: mecanismos preferenciais para
produtores locais.
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6- Política Industrial na Prática: 6- Política Industrial na Prática:


Instrumentos Horizontais e Verticais Instrumentos Horizontais e Verticais
(Cont.) (Cont.)

 Também são alvos da política industrial horizontal políticas


genéricas associadas ao desenvolvimento do entorno onde
 No que tange às políticas verticais, quatro são os argumentos
operam as empresas. Dentre elas, destacam-se:
que justificariam sua adoção:

1. Política de infraestrutura: geração e distribuição de


energia elétrica, transporte, portos e telecomunicações; 1. Indústrias com maior valor agregado: supondo tudo mais
constante, uma maior proporção de trabalhadores
2. Política de recursos humanos: educação, qualificação da
localizados em indústrias com maior valor agregado
mão de obra; e
resultaria em maior renda per capita.
3. Política de C&T: investimentos e subsídios aos institutos
de pesquisa e universidades de um país.

55 56

6- Política Industrial na Prática: 6- Política Industrial na Prática:


Instrumentos Horizontais e Verticais Instrumentos Horizontais e Verticais
(Cont.) (Cont.)

 No que tange às políticas verticais, quatro são os argumentos  No que tange às políticas verticais, quatro são os argumentos
que justificariam sua adoção: (Cont.) que justificariam sua adoção: (Cont.)

2. Indústrias com grande poder de encadeamento: esses 3. Indústrias com grande dinamismo potencial: tendo em
setores apresentariam grande efeito multiplicador ao vista que o crescimento da renda agregada seria maior,
longo da cadeia produtiva. consequentemente, haveria um incremento da renda per
capita.
 Historicamente, esse foi o argumento para estimular 4. Indústrias nascentes ou com retornos crescentes de
indústrias de insumos básicos, como a siderurgia escala: o Estado deveria estimular novas indústrias,
(grandes efeitos de encadeamento para frente) ou que, inicialmente, apresentariam custos mais elevados
indústrias produtoras de bens de consumo de alto do que os verificados em países já produtores.
valor agregado, como a indústria automobilística
(grande efeito de encadeamento para trás).
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6- Política Industrial na Prática: 7- Experiências Nacionais: Os Países


Instrumentos Horizontais e Verticais da OCDE e o Brasil
(Cont.)
 Apesar de ênfases distintas, os países, geralmente, adotam
políticas de cunho horizontal e vertical, simultaneamente,
 Ao contrário do discurso político e da postura das nações
embora a importância delas tenda a se alterar ao longo do
desenvolvidas em fóruns internacionais, em que se destaca a
tempo.
defesa da liberalização econômica como melhor forma de se
 A partir da década de 1990, foi se configurando um padrão de promover o crescimento econômico e o bem-estar social, a
intervenção estatal nos países industrializados, nos quais a maioria dos países implementa, de fato, políticas industriais.
política industrial recorre a instrumentos de cunho
horizontal. Ao mesmo tempo, instrumentos de cunho
vertical são aplicados na promoção de indústrias nascentes e  Estas buscam fortalecer a capacidade competitiva de suas
em declínio. empresas, em um ambiente internacional crescentemente
aberto aos fluxos de capital, bens, serviços e tecnologia.
 Ou seja, tanto indústrias de alto ritmo tecnológico,
quanto indústrias muito maduras, que tendem a
empregar um elevado contingente de pessoas, acabam
sendo priorizadas em termos de política industrial.
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7- Experiências Nacionais: Os Países 7- Experiências Nacionais: Os Países


da OCDE e o Brasil (Cont.) da OCDE e o Brasil (Cont.)
 Na virada do século, as ações dos países da OCDE podem ser
divididas em medidas de apoio à capacidade de concorrência
 Na virada do século, as ações dos países da OCDE foram:
externa e medidas de apoio às atividades tecnológicas:
(Cont.)
1. Medidas de apoio à capacidade de concorrência
externa: 2. Medidas de apoio às atividades de P&D e à difusão
 Auxílio às exportações (financiamento de clientes tecnológica:
estrangeiros de fabricantes nacionais, reforço direto à  Redução dos custos de P&D para as empresas,
capacidade exportadora); sobretudo mediante vantagens fiscais, com ênfase
 Medidas setoriais (redução de setores em declínio em projetos cooperativos;
como os setores siderúrgico, têxtil, naval;  Apoio a tecnologias específicas e estratégicas,
reestruturação de setores expostos a acirrada principalmente informática, biotecnologia e novas
concorrência internacional, como o automobilístico, formas de energia;
o aeroespacial e o eletrônico);
 Apoio à difusão tecnológica: reforço aos
 Medidas de apoio a empresas em dificuldades (apoio investimentos em P&D das empresas.
à consolidação financeira via fusões e aquisições). 61 62

7- Experiências Nacionais: Os Países 7- Experiências Nacionais: Os Países


da OCDE e o Brasil (Cont.) da OCDE e o Brasil (Cont.)
 Na virada do século, as ações dos países da OCDE foram:
(Cont.)
 No Brasil, a política industrial ativa correspondeu ao processo
de substituição de importações:
3. Salvaguarda do tecido industrial:
 Políticas industriais regionais (principalmente regiões
 Teve início nos anos 1930 com os bens não duráveis de
subdesenvolvidas ou com especialização em setores
consumo,
em declínio);
 Aprofundou-se nas décadas de 1950 e 1960 com os bens
 Apoio a pequenas e médias empresas via tratamento
duráveis de consumo e,
fiscal privilegiado e estímulos à criação de empregos
ou estímulos à modernização (P&D, automação,  Nas de 1970 e 1980, com os bens intermediários e parte
consultoria em gestão); da indústria de bens de capital.
 Apoio ao emprego e à formação profissional.
4. Apoio ao investimento fixo, por meio do
financiamento em condições favoráveis a planos
correntes de investimento. 63 64

7- Experiências Nacionais: Os Países 7- Experiências Nacionais: Os Países


da OCDE e o Brasil (Cont.) da OCDE e o Brasil (Cont.)

 As principais características desse longo período (1930-


1980), que foi marcado por uma política industrial
 Conforme mencionado anteriormente, o objetivo da ativa e com instrumentos de cunho vertical, foram:
política industrial era de criar capacidade produtiva
1. Estado-empresário: verificou-se a proliferação de
local, porém, deixando em segundo plano questões empresas estatais tanto nos setores de infraestrutura
associadas à eficiência produtiva. (como telecomunicações e energia elétrica), quanto na
indústria de transformação (siderurgia, petroquímica,
fertilizantes);
2. Protecionismo: a indústria nascente contou com uma
política comercial baseada em barreiras não tarifárias.
Além disso, mesmo indústrias já maduras continuaram a
65 contar com esse benefício; 66

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7- Experiências Nacionais: Os Países 7- Experiências Nacionais: Os Países


da OCDE e o Brasil (Cont.) da OCDE e o Brasil (Cont.)
 As principais características do período entre 1930-
1980 foram: (Cont.)
3. Investimento estrangeiro: atração de um elevado  A direção da política industrial brasileira foi fortemente
contingente de empresas transnacionais para instalarem alterada no governo Collor (1990-92), quando se passaram a
filiais no país. Porém, a atuação em determinados privilegiar instrumentos horizontais.
setores, considerados de segurança nacional, foi
desestimulada e, em outros, forçaram-se joint-ventures
entre empresas estrangeiras e o capital local (privado ou  Pode ser destacado o Programa Brasileiro de Qualidade e
estatal); Produtividade (PBQP), que buscava disseminar novas
4. Incentivos fiscais setoriais e regionais: alguns setores técnicas organizacionais com vistas ao aumento da
prioritários receberam elevados incentivos fiscais (como produtividade.
empréstimos a taxas de juros subsidiadas). Estes
também tiveram uma lógica de tentativa de diminuir a
disparidade entre regiões, estimulando a constituição
de empresas nas regiões norte, nordeste e centro-
oeste. 67 68

7- Experiências Nacionais: Os Países 7- Experiências Nacionais: Os Países


da OCDE e o Brasil (Cont.) da OCDE e o Brasil (Cont.)

 Governo Collor (1990-92) (Cont.):  A partir de 1994, em função do Plano Real, a política
industrial subordinou-se de forma veemente à prioridade de
 Instrumentos de cunho vertical foram utilizados apenas estabilização econômica.
para a indústria de informática.
 A política industrial perdeu ainda mais espaço em
 Os principais instrumentos foram:
relação à política macroeconômica. Como consequência
a) Abertura comercial, eliminando barreiras não da redução das tarifas e valorização cambial, as
tarifárias e promovendo uma reforma tarifária, que importações incrementaram-se substancialmente e
resultou num crescimento das importações; foram utilizadas como mecanismo de pressão de
b) Programa de privatização, com a venda do controle disciplina dos preços para os bens produzidos
acionário em empresas siderúrgicas e de domesticamente.
fertilizantes;  O processo de privatização foi expandido, incluindo
c) Desregulamentação: revertendo a herança anterior setores de infraestrutura, como telecomunicações e
em que o papel direcionador do Estado era muito distribuição de energia elétrica.
acentuado.
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7- Experiências Nacionais: Os Países 7- Experiências Nacionais: Os Países


da OCDE e o Brasil (Cont.) da OCDE e o Brasil (Cont.)

 A partir de 1994, em função do Plano Real: (Cont.)


 A partir de 1994, em função do Plano Real: (Cont.)
 A política de concorrência passou a atuar em atos de
concentração (fusões, aquisições e joint-ventures).
 Cresceram, também, as iniciativas dos Estados em
 Por outro lado, a indústria automobilística foi
promover isenções fiscais para empreendimentos
contemplada com redução de tributos e tarifas de
industriais, em particular para a indústria automobilística
importação superiores à média nacional, como forma de
e para as indústrias têxtil, de confecções e de calçados,
garantir empregos aos metalúrgicos e, especialmente,
estas, principalmente em estados do Nordeste, dando
expandir a produção de automóveis com motores de
início a um processo de guerra fiscal, nem sempre
baixas cilindradas.
favorável ao desenvolvimento da indústria brasileira.
 Da mesma forma, foram mantidos os incentivos à
produção em Manaus (Zona Franca) e para a indústria de
informática.
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8- Conclusão 8- Conclusão (Cont.)

 A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais:  A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais:
(Cont.)
1. Não é relevante discutir a intensidade de intervenção,
mas os propósitos desta. Em estágios de
desenvolvimento iniciais, as políticas são muito ativas; 2. É importante destacar as relações próximas entre política
em estágios superiores, a intervenção torna-se indireta,
e os espaços para o capital privado se ampliam. Assim, o industrial e outras políticas econômicas, principalmente
estilo da intervenção deve evoluir ao longo do tempo, aquelas de caráter macroeconômico. Estas afetam a conduta
pari passu com a evolução das competências
empresariais. Se bem-sucedido, o Estado adota políticas e o desempenho dos agentes econômicos ao passo que as
de coordenação, utilizando instrumentos cada vez mais políticas industriais, se bem-sucedidas, podem fortalecer a
sofisticados. Ao longo do tempo, a criação de capacidade
produtiva cede espaço para medidas que promovam a estabilidade e a capacidade de crescimento econômico.
rivalidade concorrencial, a inserção externa
competitiva e o desenvolvimento tecnológico.
73 74

8- Conclusão (Cont.) 8- Conclusão (Cont.)

 A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais:  A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais:
(Cont.) (Cont.)

3. A literatura econômica diverge em termos da necessidade de


4. A análise concreta de experiências nacionais, regionais ou
ações estatais, do tipo de política industrial e quanto a quais
setoriais demanda uma avaliação criteriosa da competência do
devem ser seus objetivos. Mas o avanço do conhecimento
Estado em exercer um papel proativo na sociedade. Para
econômico indica a existência de espaços legítimos para a
minimizar as imperfeições da intervenção, o Estado deve ter
intervenção pública, em particular em áreas sujeitas a
agências, pessoal qualificado, informação e instrumentos
retornos crescentes de escala, ou, ainda, a presença de
adequados.
externalidades positivas ou negativas. Nesse sentido, é
inconteste a necessidade de medidas públicas para
promover a concorrência, o desenvolvimento tecnológico e
para minimizar efeitos negativos da atividade industrial –
concorrência predatória, poluição etc.
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