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1. Introdução;
2. Discutir a relação entre Estado e mercado; A participação do Estado na promoção das atividades
3. Abordar os principais tópicos da literatura sobre política produtivas de um país é uma questão plena de
industrial, mediante o exame da corrente ortodoxa; controvérsias entre os economistas.
4. Apresentar a ótica desenvolvimentista sobre política
industrial; O tema é defendido ou atacado a partir de diferentes bases
teórico-analíticas. O debate escapa aos limites da
5. Investigar a perspectiva evolucionista referente política
industrial; discussão econômica, para enveredar por questões
ideológicas, dificultando a compreensão adequada do
6. Estudar a relação entre política industrial e outras tema.
políticas de Estado (macroeconômica, comércio
exterior, regulação de infraestruturas e C&T);
São três as correntes principais:
7. Ilustrar a experiência brasileira e dos países da OCDE;
8. Conclusão.
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Ortodoxa: coloca em questão as fronteiras de atuação do A política industrial objetiva a promoção da atividade
Estado e do mercado na promoção de atividades produtiva, na direção de estágios de desenvolvimento
econômicas; superiores aos preexistentes em um determinado espaço
nacional.
Desenvolvimentista: prioriza o poder econômico e Do ponto de vista conceitual, política industrial consiste
produtivo das nações no contexto internacional; no conjunto de incentivos e regulações associadas a
ações públicas, que podem afetar a alocação inter e
Evolucionista: o foco está na competência dos agentes intraindustrial de recursos, influenciando a estrutura
econômicos em promover inovações que transformem o produtiva e patrimonial, a conduta e o desempenho dos
sistema produtivo. agentes econômicos em um determinando espaço
nacional.
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Esses avanços fortalecem a visão de cientistas políticos que Esse tipo de visão recupera as contribuições de autores
enfatizam a responsabilidade histórica dos Estados no clássicos, como Friedrich List e A. Gerschenkron, que
processo de transformação econômica das sociedades. demonstraram, com base em análises históricas dos
processos de industrialização de países europeus, a
Nas palavras de Peter Evans (apud FERRAZ; PAULA; importância do papel do Estado como agente do
KUPFER, 2013, p. 314): desenvolvimento industrial.
Daniel Friedrich List, alemão, foi
(...) o debate estéril sobre o “quanto” o Estado
um economista, partidário
intervém deve ser substituído por argumentos sobre
do protecionismo, matéria sobre a
os diferentes tipos de envolvimento do Estado na
qual teorizou.
sociedade e seus efeitos.... o envolvimento do
Até meados do século XX, sua obra
Estado é dado. A questão adequada não se refere a
era a mais traduzida de qualquer
“quanto” o Estado intervém, mas sim “que tipo”
economista alemão, exceto a de Karl
de intervenção ocorre e quais suas consequências.
Marx.
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Para List, em condições de atraso relativo, cabia aos estados Para esse autor, liberalização ou proteção comercial, por
nacionais – em seu caso, o alemão –, empreender esforços exemplo, são somente meios para determinados fins: o
para aumentar a quantidade e qualidade do capital humano desenvolvimento do poder produtivo.
e para acessar a melhor tecnologia disponível, o que
demandaria políticas industriais ativas e de longo prazo, por
meio da combinação de mecanismos de proteção e Qual política seria eficaz e adequada?
incentivo, especialmente tarifas de importação e crédito de Dependeria do estágio de desenvolvimento de uma nação
longo prazo em condições favoráveis. em relação aos líderes internacionais.
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado Falhas de Mercado (Cont.)
Na visão neoclássica o mercado competitivo é o alocador Portanto, se todos os mercados forem competitivos, a
eficiente dos recursos. política industrial é não somente desnecessária como,
principalmente, indesejável.
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)
1. Estruturas de mercado ou condutas não competitivas 1. Estruturas oligopolizadas ou monopolizadas decorrem, muitas
(oligopólios e monopólios);
vezes, da existência de economias de escala, isto é, os custos
2. Externalidades;
unitários de produção reduzem-se à medida que a produção
3. Bens públicos;
se eleva.
4. Direitos de propriedade comuns;
5. Diferenças entre as taxas de preferências intertemporais
sociais e privadas
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)
Tipos de falhas de mercado: (Cont.)
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)
3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)
Há três formas de correção da externalidade: Bens públicos possuem duas características: a não
exclusividade e a não rivalidade:
i. Fusão entre as empresas envolvidas, porque, nesse caso,
a externalidade negativa ou positiva passaria a ser i. Não exclusividade: significa que a propriedade do bem
contabilizada, respectivamente, como um custo ou como não pode ser atribuída como direito exclusivo de um
uma receita, pelo tomador de decisão; único agente econômico. Portanto, ele não pode ser
possuído, comprado ou vendido.
ii. Criação de um imposto ou subsídio para corrigir os
preços dos produtos e aproximá-los de seus custos de Por exemplo, o benefício da iluminação de uma
oportunidade; ou avenida não pode ser privilégio apenas de um
subconjunto dos usuários dessa avenida, pois
iii. Atribuição de direitos de propriedade de forma que crie
ninguém pode ser excluído desse benefício;
um mercado para externalidade.
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3- Política Industrial pela Ótica das 3- Política Industrial pela Ótica das
Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)
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Falhas de Mercado (Cont.) Falhas de Mercado (Cont.)
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Para A. Gerschenkron, os países avançados representam o Para essa corrente, todos os instrumentos de política
horizonte de possibilidades para o futuro para os países econômica (cambial, monetária e fiscal; de comércio
em desenvolvimento. exterior, de regulação da concorrência e da propriedade
etc.) são colocados a serviço do objetivo
industrializante.
Portanto, não se trata de inovar, mas de copiar um
As políticas beneficiam o setor privado, a empresa
mapa produtivo existente e fazer uma nação crescer
nacional, e priorizam o crescimento, a rivalidade e a
a taxas superiores aos líderes internacionais, em um
produtividade, tendo como referência a melhor prática
processo de emparelhamento (catching-up).
internacional, para emular experiências.
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O Estado tem legitimidade política e um corpo técnico Entretanto, subsistem diferenças em termos de taxa de
capacitado, dotado dos instrumentos de intervenção crescimento, estrutura e composição da indústria,
necessários. instrumentos utilizados em cada país e ideologia por trás
das políticas empreendidas em cada nação.
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O que se popularizou como estratégia de substituição de Mas, ao contrário do padrão asiático, a meta e o controle
importações, na verdade, constituiu um grande esforço das políticas não era definido pelo desempenho nos
dos países latino-americanos em criar capacidade mercados e sim pela construção de capacidade
produtiva local, com a contribuição de empresas produtiva:
estatais, nacionais e estrangeiras.
Para os asiáticos, o indicador de controle era o sucesso
exportador;
Para tanto, foram introduzidos incentivos ao investimento
e regulações contra importações, bem como criadas
empresas estatais principalmente para atuar na área de Para os latino-americanos, o grau de nacionalização
infraestrutura. da produção.
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Quatro aspectos são cruciais para o entendimento desta Quatro aspectos são cruciais para o entendimento desta
abordagem: abordagem: (Cont.)
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Os instrumentos de política industrial podem ser agrupados Do ponto de vista da regulação, vários instrumentos
de acordo com a sua natureza: encaixam-se na política horizontal, com destaque para:
Do ponto de vista da regulação, vários instrumentos Do ponto de vista dos incentivos, vários instrumentos são
encaixam-se na política horizontal, com destaque para: mobilizados pelo Estado, sendo os principais:
(Cont.)
1. Inovação: incentivos ao gastos com P&D, fomento à
3. Comércio exterior: política tarifária e não tarifária, difusão de tecnologias e informações;
prevenção de concorrência desleal (anti-dumping,
2. Capital: crédito e financiamento a longo prazo,
direitos compensatórios e salvaguardas).
estímulos às exportações (crédito e seguro de crédito),
financiamento às importações;
4. Propriedade intelectual: patentes, marcas e
3. Incentivos fiscais: deduções fiscais em âmbito nacional,
transferência de tecnologia.
estadual ou municipal para promoção de atividades
industriais;
4. Compras de governo: mecanismos preferenciais para
produtores locais.
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No que tange às políticas verticais, quatro são os argumentos No que tange às políticas verticais, quatro são os argumentos
que justificariam sua adoção: (Cont.) que justificariam sua adoção: (Cont.)
2. Indústrias com grande poder de encadeamento: esses 3. Indústrias com grande dinamismo potencial: tendo em
setores apresentariam grande efeito multiplicador ao vista que o crescimento da renda agregada seria maior,
longo da cadeia produtiva. consequentemente, haveria um incremento da renda per
capita.
Historicamente, esse foi o argumento para estimular 4. Indústrias nascentes ou com retornos crescentes de
indústrias de insumos básicos, como a siderurgia escala: o Estado deveria estimular novas indústrias,
(grandes efeitos de encadeamento para frente) ou que, inicialmente, apresentariam custos mais elevados
indústrias produtoras de bens de consumo de alto do que os verificados em países já produtores.
valor agregado, como a indústria automobilística
(grande efeito de encadeamento para trás).
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Governo Collor (1990-92) (Cont.): A partir de 1994, em função do Plano Real, a política
industrial subordinou-se de forma veemente à prioridade de
Instrumentos de cunho vertical foram utilizados apenas estabilização econômica.
para a indústria de informática.
A política industrial perdeu ainda mais espaço em
Os principais instrumentos foram:
relação à política macroeconômica. Como consequência
a) Abertura comercial, eliminando barreiras não da redução das tarifas e valorização cambial, as
tarifárias e promovendo uma reforma tarifária, que importações incrementaram-se substancialmente e
resultou num crescimento das importações; foram utilizadas como mecanismo de pressão de
b) Programa de privatização, com a venda do controle disciplina dos preços para os bens produzidos
acionário em empresas siderúrgicas e de domesticamente.
fertilizantes; O processo de privatização foi expandido, incluindo
c) Desregulamentação: revertendo a herança anterior setores de infraestrutura, como telecomunicações e
em que o papel direcionador do Estado era muito distribuição de energia elétrica.
acentuado.
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A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais: A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais:
(Cont.)
1. Não é relevante discutir a intensidade de intervenção,
mas os propósitos desta. Em estágios de
desenvolvimento iniciais, as políticas são muito ativas; 2. É importante destacar as relações próximas entre política
em estágios superiores, a intervenção torna-se indireta,
e os espaços para o capital privado se ampliam. Assim, o industrial e outras políticas econômicas, principalmente
estilo da intervenção deve evoluir ao longo do tempo, aquelas de caráter macroeconômico. Estas afetam a conduta
pari passu com a evolução das competências
empresariais. Se bem-sucedido, o Estado adota políticas e o desempenho dos agentes econômicos ao passo que as
de coordenação, utilizando instrumentos cada vez mais políticas industriais, se bem-sucedidas, podem fortalecer a
sofisticados. Ao longo do tempo, a criação de capacidade
produtiva cede espaço para medidas que promovam a estabilidade e a capacidade de crescimento econômico.
rivalidade concorrencial, a inserção externa
competitiva e o desenvolvimento tecnológico.
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A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais: A discussão pode ser resumida em quatro pontos principais:
(Cont.) (Cont.)
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