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Tintas A Partir de Pigmentos Minerais
Tintas A Partir de Pigmentos Minerais
PIGMENTO MINERAL:
Pigmento é toda substância colorida e finamente dividida que passa seu efeito de cor a
outro material, quer quando misturado a ele, quer quando aplicado sobre sua superfície em
uma camada fina. Joice( apostila-2004)
Os pigmentos podem ser minerais, vegetais e de origem animal.
Os pigmentos minerais são encontrados em locais nos quais os minérios afloram, locais
chamados de “ocas”, nos quais são colhidas as amostras e o material disponível para
confecção dos pigmentos minerais. A utilização de pigmento minerais com outros de origem
animal e vegetal não é recomendada,uma vez que os pigmentos minerais praticamente
destroem os demais pela sua cor mais incisiva.
Quanto mais finamente triturado o grão, melhor a qualidade do pigmento.Para que se defina
qual o tipo de pigmento é preciso definir antes o objetivo da utilização do pigmento, se para
tintas de paredes, para pinturas de outros objetos como o papel. , ou pintura artística ou
tecido.Os pigmentos são insolúveis no meio de aplicação, existem como cristais, mas
podem segundo Gordilho(1996), entrar em suspensão. Já os corantes são substâncias
solúveis em seu meio de aplicação e estão distribuídos ao nível molecular. Enquanto
propriedades óticas, existe uma diferença entre eles: nos corantes é a molécula que
determina a absorção de luz e portanto a cor, nos pigmentos é a estrutura cristalina que
codefine as propriedades óticas.
PIGMENTOS
História:
Há cerca de 40.000 anos, os homens primitivos começaram a preparar pigmentos
extraídos de plantas, animais e minerais reduzidos a pó, secos e aglutinados em resinas
vegetais e gordura animal diluídos em água. Os artistas usaram estas cores para pintar
figuras de animais nos tetos e paredes das cavernas. As primeiras descobertas destas
pinturas foram feitas no século XIX em Altamira, Espanha e em 1940 na gruta Lascaux,
França. Os pigmentos usados eram óxidos de ferro amarelo, vermelho e preto, carvão de
madeira ou ossos queimados, caulim, etc.
Já há cerca de 10.000 anos, artistas do Egito descobriram o processo de preparar cores
incluindo óxidos de ferro, “cinabar” (um mineral a base de mercúrio), amarelos de arsênico,
verdes e azuis do minério de cobre e vermelhos púrpuras da Rubia tinctorum (garança), o
preto do carvão e gordura animal queimada e o branco do caulim.
A partir do século XV mais pigmentos foram adicionados, sendo o branco de chumbo
(carbonato básico de chumbo) o pigmento artificial mais conhecido desde estão e usado até
hoje.
Os óxidos de ferro foram processados extensivamente na Itália, por aquecimento e
lavagem com água. Estes óxidos permitiram, através deste processo, obter-se uma grande
gama de cores, tais como, vermelhos, amarelos, verdes, vermelhos púrpuras, que até hoje
são usados pelos artistas.
Um carbonato verde de cobre produziu o verdigris, outros materiais de origem vegetal
e animal deram vermelhos mais interessantes (sépia, bistre, cochinilha), amarelos (açafrão,
amarelo indiano) e verdes (sap green). Novos materiais foram adicionados tais como
“smalt” (oxido de cobalto e potássio), amarelo real (sulfato de arsênico) e o bastante
conhecido azul ultramar verdadeiro (lápis lázuli).
Em 1704 o primeiro pigmento sintético feito pelo homem foi descoberto, o Azul da
Prússia. Em sucessões rápidas nos 150 anos seguintes, apareceram novas cores que
substituíram as antigas mais fugazes e prejudiciais à saúde. Estes novos pigmentos são hoje
quase indispensáveis ao artista moderno. Eles incluem Azul de Cobalto (1802), o Azul
Ultramar (descoberto acidentalmente em 1828, Verde Viridiam (1838), Amarelo de Cádmio
(1846) e Branco de Zinco (inicialmente produzido em 1751, mas somente disponível em
1840)).
A era moderna dos pigmentos começou com o desenvolvimento dos corantes
sintéticos, a partir do carvão da hulha por William Perkins em 1856, embora tivessem fraca
resistência à luz. Em 1868 o primeiro corante orgânico-natural, Alizarim Crimson, foi
comercializado e aceito pelos artistas.
No final do século XIX e no início do século XX houve um tremendo aumento de
variedade de cores, melhoria no refino dos pigmentos minerais e nos pigmentos orgânicos
sintéticos.
Hoje, os pigmentos sintéticos orgânicos, por sua excelência comprovada em testes de
laboratório, estão substituindo com enorme vantagem os pigmentos inorgânicos.
Os pigmentos naturais mais comuns entre nós são os óxidos de ferro e variam do
amarelo ao vermelho arroxeado até ao preto, conforme o grau maior ou menor de oxidação
do minério.
As “ocas” são encontradas em bancos de mais ou menos 2 metros de espessura, de
formação laminar horizontal de argila.São mais ou menos fina,.macias e friáveis.Suas cores
variam do pardo rosadas, vermelhas, amarelas e diversos tons de branco.Tornam-se
vermelhas ou claras em função da ação do calor e quantidade de óxidos de ferro.
Coleta e Preparação:
Ao se fazer a coleta das amostras e do material para confecção dos pigmento deve-se
utilizar uma ficha técnica que garanta o registro e catalogação da amostra .
São pontos importantes a considerar no registro e coleta da amostra:
1-Estudo geológico/ geográfico da região de coleta;
2-Condições do clima –temperatura, umidade e índice pluviométrico;
3-Coleta do material-etiqueta da amostra;
4-Seleção de material;
5-Limpeza;
6-Maceração;
7-Peneiramento;
8-diluição em água;
9-Refino;
10-Decantação;
11-Secagem
FICHA TÉCNICA DE COLETA DE PIGMENTOS MINERAIS:
AMOSTRA Nº-
DATA:
MATÉRIA-PRIMA:
PROCEDÊNCIA:
CLIMA:
CONDIÇÕES DE COLETA:
LOCALIZAÇÃO:
PROXIMIDADE DA ÁGUA:
PROFUNDIDADE:
OBSERVAÇÕES:
TINTAS
Tintas nada mais são do que uma composição química líquida pigmentada, ,que ao ser
TINTAS ECOLÓGICAS:
As indústrias de tintas de todo o mundo trabalham no sentido de diminuir a agressão
ambiental causada pelas tintas e vernizes. Em muitos países é forte a restrição dos solventes
na formulação das tintas. O Brasil ainda não adotou normas nesse sentido.Algumas medidas
a serem tomadas é a diminuição da emissão de compostos voláteis poluentes(VOC) pelas
tintas.Uma outra atitude é substituir a resina base solvente por resina base água.Os cuidados
que esse sistema requer, tais como maiors tempo de moagem, maior cuidado com a
embalagem pelo alto potencial corrosivo do produto, adição de neutralização e controle do
pH, uso de água desmineralizada, uso de cargas não iônicas e pigmentos com baixo teor de
sais solúveis, encarece em 40% a mais a tinta base água. A resina base água custa 70% a
mais do que a base solvente.No entanto essa é uma tendência mundial e se o consumo for
feito de forma consciente o aumento da produção com certeza levará a diminuição dos
preços.
TINTAS E ADITIVOS:
Uma vez elaborado o pigmento mineral é preciso escolher os veículos, aditivos e ligantes. A
cal virgem, extinta e colocada para curar em água por um período longo de tempo é o tipo
de mais usado no interior desde os tempos coloniais. Os chineses usavam a receita do fumo
negro, carvão misturado com cola e água ou óleo de linhaça. Com o passar do tempo,
substâncias vegetais foram acrescidos como carga.A carga aumenta o volume da tinta.Usa-
se hoje o caulim e outros óxidos tais como óxido de titânio, de zinco, carbonato de cálcio e
o agalmatolito, como cargas. Vale dizer que óxidos de minerais pesados tais como o
chumbo, arsênio, mercúrio e outros têm sido usados como carga e são altamente
impactantes do ponto de vista ambiental além de tóxicos.O óleo de linhaça foi substituído
por óleos sintéticos e resinas e solventes químicos. A seiva da bananeira e seiva de cactos
têm sido usadas com sucesso, no sentido de substituir o óleo de linhaça e ligantes
químicos.Feitos os pigmentos podem-se fazer inúmeras experiências e pesquisas, no sentido
de se encontrarem os melhores e menos impactantes veículos e ligantes. A cola branca e
água têm sido usadas na proporção 2X1 , misturando-se ao pigmento, para áreas externas e
internas e mesmo madeira. A utilização da cal também tem sido muito usual e o pigmento é
acrescentado de forma controlada até se obter a cor desejada. As tintas feitas com a cal
tendem ao longo do tempo a perderem a cor inicial, uma vez que a ação das intempéries se
faz sentir.Mas o efeito rústico tem sido valorizado e até buscado por usuários e arquitetos.
Com o pigmento pronto podem-se utilizar bases comerciais prontas a base de água e
acrescentar o pigmento da forma desejada. O importante é que todo o processo seja
controlado e registrado de forma a garantir o resultado final adequado e permitir a
reprodução final da cor. A Renner é a única empresa no Brasil que está produzindo tintas a
base água e podem ser utilizadas como base ecológica, são 40% mais caras que o restante a
base de solventes. O Idhea- www.idhea.com.br possui toda uma linha de ecoprodutos .
Receitas diversas:
-Receita de Francisco _ Proterra
1 de óleo de linhaça;
½ de aguarrás
¼ de secante
3 de óxido de ferro ou pigmento mineral
1 de alvaiade
obs: aguarrás e alvaiade são tóxicos e a base de solventes químicos
A - Inorgânica (mineral)
1. Terras-naturais: ocre, sombra-natural, etc.
2. Terras-naturais calcinadas: sombra-queimada, siena-queimada, etc.
3. Cores sintéticas inorgânicas: amarelo de cádmio, oxido de zinco,
etc.
B - Orgânica
4. Vegetal: gamboge (goma guta), índigo, garança, etc.
5. Animal: cochonilha, amarelo indiano, etc.
6. Pigmentos orgânicos sintéticos.
Nomenclatura:
Os pigmentos podem ser batizados por suas semelhanças com as cores de objetos da
natureza, pelo nome de seus inventores, por seus lugares de origem, pelos seus propósitos
para os quais são utilizados ou pelas suas composições ou derivações químicas.
Até o século XVIII havia uma situação de confusão, quase um caos, quanto à
denominação e fabricação das tintas e pigmentos pelos próprios artistas. Existiam
incontáveis pessoas preparando pigmentos e tintas e muitos “Guilds” mantinham em
segredo suas formulações. Os nomes dos pigmentos mudavam de região para região e
muitas substâncias de qualidade duvidosa eram usadas na formulação de aquarelas e
vendidas pelas lojas com nomes de fantasia.
Com o advento da química moderna e a partir do século XIX, os fabricantes
começaram a escolher com mais critério os pigmentos e melhorar as formulações de suas
tintas.
Somente a partir de 1977 a “Artists Equity Association”, uma renomada associação
representando os artistas americanos junto aos fabricantes de aquarelas, solicitaram à
“American Society of Testing and Materials (ASTM)” o desenvolvimento de novos
padrões. Estes padrões foram escritos e publicados, sendo encaminhados aos fabricantes
para serem colocados nas etiquetas das aquarelas. Estas informações que todos os
fabricantes de tintas devem seguir, em conformidade com o padrão ASTM D 5067, são:
. “Color Index Name” do pigmento.
. Descrição do pigmento
. Grau de toxidade.
. Resistência à luz
Por exemplo, uma aquarela que leva a denominação da cor Azul Ftalo, deve constar
na sua etiquete os seguintes dados:
Azul Ftalo (cor da tinta)
Ftalocianina de cobre alfa ( denominação da matéria prima).
PB 15:1 (Color Index Number)
Grau de toxidade: (não tóxica)
Solidez à luz = 8 (refere-se à resistência à luz)
Além das informações acima, os produtos fabricados no Brasil devem informar:
Composição da aquarela, número do registro do responsável no CRQ da
região, advertência para manter o produto longe do alcance de crianças, data de fabricação,
validade, número do lote de fabricação, CNPJ do fabricante, etc.
Nota: Para aqueles que querem se aprofundar no estudo dos pigmentos, sugerimos
consultarem o Manual do Artista da Ralph Mayer, páginas 40 a 143.
Resistência à luz:
A impermanência de um pigmento não é somente devido à ação da luz. Algumas
cores sofrem a ação de substâncias químicas que estão na atmosfera.
A exposição à luz é a que maior dano produz, principalmente nas aguadas
transparentes das aquarelas. Muitos pigmentos resistem à ação da luz em aplicações densas,
mas se tornam fugazes em aplicações mais diluídas.
De acordo com a ASTM, as cores devem seguir os seguintes padrões quanto à
resistência à luz:
ASTM III - Não atende as normas e tais cores podem sofrer alterações
principalmente nas aplicações mais diluídas.
De 1 a 2 - No máximo 20 anos.
2,1 – 4,1 e 4,6 – 6 - No máximo de 20 a 100 anos
Acima de 6 - Resistem sem modificações cerca de
anos.
Como já foi mencionada anteriormente, esta classificação se refere somente à ação
da luz, porém existem outros fatores tais como poluição do ar nas grandes cidades onde o ar
contém inúmeros gazes poluidores, tais como os resultantes da queima de combustíveis e
gazes produzidos pelas industrias de transformação e que atuam sobre os pigmentos,
principalmente nas aquarelas, modificando as cores.
TINTAS
Entre meados do século XVIII e meados do século XIX novas descobertas sobre a
policromia da arquitetura egípcia, do Oriente Médio e do Extremo Oriente vêm somar-se às
revelações sobre a arquitetura clássica, alimentando o imaginário revivalista então em plena
ascensão. As polêmicas travadas entre artistas e arquitetos como John Ruskin, Quatremère de
Quincy, Owen Jones, Auguste Rodin, refreiam o ímpeto inicial que levou muitos alunos de Belas
Artes a aderir a uma arquitetura efusivamente colorida e alegórica que buscava em supostas
comprovações arqueológicas o aval para suas interpretações. Na verdade a policromia revivalista e
arqueológica do século XIX traduzia um estado de espírito da sua época, a saber, a progressiva
libertação da arquitetura com relação ao poder espiritual da igreja e o alargamento do olhar para
outras civilizações.
Entretanto, apesar do enorme interesse histórico e prático pela cor na arquitetura, seu uso
continuou sendo discreto, sobretudo no exterior dos edifícios, reservando-se uma maior fantasia e
liberdade para a decoração dos ambientes internos. Em parte da arquitetura vitoriana e em
trabalhos de Vioilet Le Duc explorou-se, por exemplo, o contraste entre tijolos de tonalidades
diferentes formando desenhos geométricos repetitivos vez por outra animados por incrustações em
cerÂmica policromática ou pelo afloramento de um elemento metálico de reforço estrutural. Esse
mesmo expediente continuou sendo explorado na construção habitacional para fins sociais de
vários países europeus até as primeiras décadas do século XX.
O Art-Nouveau e a Secessão vienense são um último sinal de alerta antes da eclosão dos
grandes conflitos estéticos e sociais do inicio do século XX. Ainda mantendo a sua estrutura
tipológica tradicional, os edifícios vêem a fantasia de seus interiores extravasar para o tratamento
das fachadas. Por vezes o rebuscamento da decoração encoraja a movimentação dos planos e dos
volumes, mas a cor permanece como fator coadjuvante, usada apenas no avivamento dos
desenhos, numa postura decorativista.
A partir das primeiras décadas do século XX as profundas transformações nos conceitos artísticos
abrem novas possibilidades para a utilização da cor na arquitetura. O purismo defendido por Piet
Mondrian, preconiza o depuramento da pintura e da escultura de todo o conteúdo literário, para
transformá-las em manifestações de sentido puramente plástico. Paralelamente, o neo-plasticismo
do movimento De Stijl, adota a mesma postura essencialista com relação à arquitetura, despindo-a
de todo e qualquer compromisso com relação à história e à tradição, a fim de construir uma
linguagem plástica universal. No que se refere ao uso da cor, essa visão encontra uma expressão
particularmente interessante nos projetos de Theo Van Doesburg e Gerrit Rietveld. Estes
consideram a cor como um componente essencial na construção da forma e do espaço,
escolhendo-as e posicionando-as de acordo com sua capacidade de criar efeitos visuais que
clarifiquem os jogos de volumes e planos. Preferem as cores puras ou primárias, com um caráter
mais artificial e racional, recusando qualquer referência à natureza e qualquer concessão ao
subjetivismo e ao sentimento. Pela primeira vez desde a Pré-história, a cor deixa de ser tratada
como um recurso acessório da arquitetura.
Frank Lloyd Wright se serve da cor para sublinhar a diversidade e a adequação dos
materiais empregados em suas construções. Essa adequação expressa ao mesmo tempo um rigor
disciplinar e uma grande sensibilidade para com o espírito do lugar. Resulta que os materiais são
quase sempre utilizados nas suas cores próprias enquanto os elementos artificialmente coloridos
integram-se ao sistema de cores dominante, criando contrapontos que reforçam a diferenciação
das funções construtivas.
As décadas que se seguem à Segunda Grande Guerra, são de uma intensa atividade
construtiva. A reconstrução das cidades destruídas pelo conflito e o desenvolvimento econômico
mundial, permitem uma larga aplicação dos princípios da arquitetura racional e funcionalista.
Apesar de interessantes experiências isoladas a conseqüência, sobretudo na Europa, é a produção
de um quadro monótono e impessoal de vastos conjuntos habitacionais indiferenciados e inóspitos.
A contestação, a Pop Art e a influência de valores culturais "exóticos", criam um ambiente favorável
à recoloração das cidades. O primeiro movimento será no sentido de uma nova utilização acessória
da cor, como nos painéis murais que arrematam as empenas cegas dos terrenos baldios,
condizentes com a linguagem gráfica da comunicação publicitária. Esse colorismo se exprime
também através das iniciativas individuais ou institucionais voltadas para a personalização dos
edifícios, moradias e equipamentos coletivos: escolas primárias recebem cores vibrantes; blocos
residenciais têm suas fachadas animadas segundo esquemas de cores complexos desenvolvidos
por coloristas, psicólogos e antropólogos; residências antigas são cromaticamente rejuvenescidas e
reapropriadas. A ordem corrente é a de humanizar através da cor.
A construção das Villes Nouvelles na periferia de Paris nos anos 70, e a reestruturação do
bairro londrino de Pimlico, trazem para o universo do planejamento urbano as preocupações com a
diferenciação da arquitetura, valorizando a variedade formal e cromática. A maioria das
experiências dessa época revela porém a ausência de uma doutrina mais consubstanciada sobre o
papel da cor na arquitetura. Grafismos supérfluos, tramas e geometrias aleatoriamente variadas
geram uma complexidade vazia e sem personalidade.
O uso da cor na moderna arquitetura brasileira sempre foi influenciado pelas várias fases
da obra de Le Corbusier. A primeira manifestação dessa influência é notada nas caixas d’água e
nos brise-soleil azuis no Ministério da Educação no Rio. Até que se generalize o uso do concreto
aparente nos anos 50, a pintura branca e o revestimento marmóreo dominam a arquitetura
moderna no Brasil. Contrapondo-se à pureza luminosa dos volumes simples e bem definidos, a
tradição portuguesa dos azulejos é reinterpretada numa versão mais sensual e menos literária,
acrescentando grafismos delicados e sutilmente coloridos a edifícios como a igreja da Pampulha, a
escola do Conjunto de Pedregulho e o próprio Ministério da Educação.
O brutalismo paulista foi mais tímido na utilização das cores que a sua referência
corbuseana (trabalhos de Le Corbusier do período pós-guerra). A despeito de irrupções pontuais de
sentido purista, como a parede cor-de-rosa na residência Junqueira de Azevedo de Pulo Mendes da
Rocha e do piso caramelo do salão de exposições da FAU-USP de Vilanova Artigas, só a partir dos
anos 80 os arquitetos recuperam o gosto pela policromia em projetos como a fazenda Pindorama
de Marcos Acayaba, a estação Largo Treze de Walter e Odiléia Toscano e as passarelas para
pedestres em Salvador de João Figueiras Lima.
Anexos:
ARQUEOLOGIA
Lapa do Dragão -
Montalvânia - MG
animais extintos do pleistocênico e, ainda, a existência de mais de 500 sítios com
pinturas rupestres em diferentes regiões são outros exemplos.
CULTURAS E GERAÇÕES
Embora conte com uma pequena equipe de arqueólogos, o Museu de História Natural
da UFMG é referência nacional e internacional em arte rupestre e em tecnologia da pré-
história. "Estamos fazendo um trabalho pioneiro, pela metodologia de estudo e pela
elaboração de um quadro de referência cronológica sobre a evolução da pré-história no
Brasil Central", diz o arqueólogo. Apesar das conquistas, dificuldades como a formação
de equipes e a escassez de recursos para a conservação de materiais e para as
pesquisas – que, no entanto, recebem o decidido apoio da Fapemig -, ainda tornam a
arqueologia mineira acanhada frente ao desafio que tem pela frente. Diante desse
quadro, apenas 1% dos municípios mineiros estão razoavelmente estudados e a pré-
história tropical ainda é pouco conhecida. "Não chegamos ao nível de síntese, só de
coleta de informações dentro de um quadro interpretativo provisório", reconhece.
Já a Tradição São Francisco tem seu foco principal em Minas, Goiás e na Bahia. Essa
tradição é encontrada ao longo do Vale do São Francisco, com pequenas variações. As
figuras são geométricas, de grande variedade, muito coloridas e localizadas em locais
bem visíveis, como para enfeitar a paisagem. Alguns painéis alcançam 18 metros de
altura. Além das figuras utilizarem duas ou mais cores, aproveitam a própria cor do
relevo para compor o desenho. Uma das figuras mais recentes dessa tradição, na Lapa
do Veado, foi datada em 2,8 mil anos.
Outras tradições também estão presentes em Minas. São exemplos disso a Tradição
Nordeste, cujo foco é no Piauí e no Rio Grande do Norte, mas que alcança o norte do
Estado, e a unidade estilística Piolho de Urubu, em Januária e Montalvânia. Nesses
municípios, ainda existem outras formas estilísticas. Em Januária, a unidade estilística
Desenhos, com gravuras zoomorfas muito pequenas. Em Montalvânia, especialmente
no Vale do Rio Cocha, além de pinturas antropomórficas e geométricas, grandes
conjuntos de gravuras em baixo relevo, realizadas por picoteamento com cinzel,
apresentam figurações humanas e representações de armas.
COMO ERA A VIDA ANTIGAMENTE
Os homens da pré-história mineira não moravam em cavernas, apenas aproveitavam
casualmente as suas partes abrigadas, porém iluminadas, para se proteger das
chuvas ou do sol quente. Esses abrigos eram específicos para rituais, peregrinações,
moradias temporárias em excursões de caça, execução de pinturas e sepultamento,
esclarece o arqueólogo Gilmar P. Henriques Júnior. Os locais planos, protegidos das
enchentes e próximos a rios tornaram-se os prediletos para o estabelecimento de
aldeias de horticultores. Em zonas mais frias, o sul de Minas e o Alto São Francisco
(Pains e Arcos), faziam casas subterrâneas. Escavavam o solo a três metros de
profundidade, abrindo valas de até 20 metros de diâmetro, e recobriam o local com
um teto.
Nos períodos mais remotos, a subsistência era garantida basicamente pela caça, a
pesca e a coleta. Com ossos, faziam agulhas e anzóis. Em Lagoa Santa, as primeiras
lâminas de machado polidas aparecem há nove mil anos. Artefatos de pedra lascada
como raspadores, plainas e facas eram utilizados para se trabalhar madeiras como a
aroeira e o pau-ferro. As flechas tanto podiam ser de pedra lascada quanto de
madeira. Os caçadores utilizavam propulsores de lanças. O fogo era obtido pela
fricção de madeiras duras. Pouca gente ultrapassava os 45 anos, devido a problemas
nutritivos e ao esforço nos trabalhos.
Entre dez mil e dois mil anos atrás, o número de sítios arqueológicos aumentou
consideravelmente. Por volta de quatro mil anos, há indícios de aparecimento de
cultivo de vegetais, especialmente o milho. A partir de dois mil anos atrás, nota-se
maior presença e diversificação da cerâmica. A argila era modelada com as mãos e
depois queimada a céu aberto (não utilizavam fornos). A cerâmica reflete três
principais tradições. A Una, inicialmente identificada no Rio de Janeiro, que foi
difundida em todo o Vale do São Francisco, a Aratu-Sapucai, encontrada em Minas
Gerais e na Bahia, e a Tupi-guarani, presente em boa parte do território brasileiro
fora da Amazônia e, em Minas Gerais, particularmente bem representada no Vale do
Rio Doce.
Há aproximadamente dois mil anos, parte dos agrupamentos humanos passou por
uma revolução tecnológica, aumentando a sua dependência da agricultura. Objetos
polidos eram utilizados para se trabalhar vegetais, como pilãos para socar milho e
mandioca, e surgiram novos tipos de machado para cortar árvores. Cachimbos de
cerâmica atestam o uso do fumo. Fusos eram usados para tecer o algodão.
Nos abrigos do norte mineiro, o clima seco ajudou a conservar materiais orgânicos;
por isso encontram-se silos para a armazenagem de mandioca, milho e urucum. Os
vestígios vegetais, importantes hoje para os geneticistas entenderem a evolução das
plantas, foram encontrados no Vale do Peruaçu (principalmente no sítio do Boquete,
o mais estudado), no Norte de Minas, e no sítio Santana do Riacho, na Serra do Cipó,
onde existem trançados com oito mil anos. No Vale do Peruaçu, segundo a
arqueobotânica Eunice Maria Tavares Resende, existe maior preservação, variedade
e quantidade de vestígios vegetais. Castanhas de palmeiras eram consumidas, bem
como espécies do cerrado ou de matas, como chichá, cagaita, jatobá, umbu,
cancanção, pequi, pitanga, goiaba, jabuticaba e cajui.
Com a horticultura, a dieta passou a ser reforçada com mandioca, feijão, milho,
abóbora, amendoim, pimentão e batata. Os Una provavelmente dominavam a técnica
de fabricação de farinha, como atestam as pinturas rupestres que representam
tipitis. O consumo de carboidratos aumentava os problemas dentários. Frutos duros
como o cancanção eram colocados próximos ao fogo para fragilizar a casca. Em
seguida, "quebra-cocos" (bigornas de pedra) liberavam os frutos. Cascas de
coquinhos serviam de combustível, fornecendo ótimas brasas. Pequenos silos de
armazenagem, enterrados e cobertos de cinza para evitar insetos e roedores,
preservavam sementes desidratadas, reservadas para o plantio. Adotavam
medicamentos como resina de angico e aproveitavam a resina de jatobá como cola
para fortalecer a junção entre a pedra polida e o cabo do machado de madeira.
Faziam cordas e trançados aproveitando embiras e palhas de milho. Sementes de
capim enfeitavam colares. Nas culturas Sapucai e Tupi-guarani, sepultamentos, em
grandes urnas funerárias, passaram a ser praticados. Armas e potes, entre outras
oferendas, acompanhavam o morto.
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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volune 22 / 1999
6 Referências
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SAMPAIO, T.- O Tupi na Geografia Nacional - In:Abreu,S.F.,2aEd.,vol.1
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SCHUMANN,W. - Gemas do Mundo - 3a Ed.,Ao Livro Técnico, 1985.