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Apostila Fundamentos Da Matemática Elementar I - UFSJ PDF
Apostila Fundamentos Da Matemática Elementar I - UFSJ PDF
Graduação
Fundamentos
da Matemática
Elementar I
Flávia Cristina Figueiredo Coura
Judith de Paula Araújo
José do Carmo de Toledo
Flávia Cristina Figueiredo Coura
José do Carmo Toledo
Judith de Paula Araújo
2011
C858f Coura, Flávia Cristina Figueiredo
Fundamentos da matemática elementar I / Flávia Cristina Figueiredo
Coura ; Judith de Paula Araújo ; José do Carmo de Toledo . – São João del-Rei,
MG : UFSJ, 2011.
163p.
Graduação em Matemática.
1. Matemática I. Araújo, Judith de Paula II. Toledo, José do Carmo III. Título.
CDU: 510.2
Reitor
Helvécio Luiz Reis
Coordenador UAB/NEAD/UFSJ
Heitor Antônio Gonçalves
Comissão Editorial:
Fábio Alexandre de Matos
Flávia Cristina Figueiredo Coura
Geraldo Tibúrcio de Almeida e Silva
José do Carmo Toledo
José Luiz de Oliveira
Leonardo Cristian Rocha
Maria Amélia Cesari Quaglia
Maria do Carmo Santos Neta
Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo
Maria Rita Rocha do Carmo (Presidenta)
Marise Maria Santana da Rocha
Rosângela Branca do Carmo
Rosângela Maria de Almeida Camarano Leal
Terezinha Lombello Ferreira
Edição
Núcleo de Educação a Distância
Comissão Editorial - NEAD-UFSJ
Capa
Eduardo Henrique de Oliveira Gaio
Diagramação
Luciano Alexandre Pinto
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – TRIGONOMETRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
PARA COMEÇO DE CONVERSA...
Prezado(a) aluno(a):
Embora você já tenha, de algum modo, estudado a maioria dos conceitos que serão
trabalhados nesta disciplina, certamente, a maneira como os verá será diferente. Por se
tratar de um texto direcionado ao futuro professor de Matemática, consideramos ser
imprescindível apresentar os conteúdos da trigonometria, dos números complexos e das
equações polinomiais com o rigor que é próprio dos conteúdos matemáticos.
Funções trigonométricas.
Identidades fundamentais.
5
Equações trigonométricas
Representações algébrica e geométrica dos números complexos.
Equações trigonométricas.
Polinômios.
Equações polinomiais de grau 1, 2, 3 e n.
Propriedades relacionadas às equações polinomiais.
6
unidade 1
UNIDADE 1
TRIGONOMETRIA
Objetivos
7
Na Unidade 1, estudamos conceitos e resultados correspondentes à medição de
ângulos que são importantes para o estudo da Trigonometria que, segundo Carvalho
(2005), quer dizer medida dos ângulos de um triângulo e é uma palavra que herdamos
unidade 1
do matemático Bartolomeu Pitisco (1561-1613).
Iniciamos este texto com a definição de ângulo – tal como enunciada na Unidade 1 –
como a figura formada por duas semirretas que têm mesma origem O . Essas
semirretas são chamadas de lados do ângulo, e a origem é chamada de vértice do
ângulo.
Já sabemos, também da Unidade 1, que qualquer ângulo pode ser expresso por sua
medida em graus. Essa informação é importante para estudarmos as funções
trigonométricas do ângulo agudo.
Consideremos, então, o ângulo AOˆ A1 , 0º < τ < 90º e sejam AA1 , BB1 e CC1
perpendiculares à semirreta OC1 (FIG. 5.1). Podemos afirmar que os triângulos AOA1 ,
BOB1 e COC1 são semelhantes por terem ângulos correspondentes congruentes (Caso
ângulo-ângulo-ângulo).
121
9
FIG. 6.1
Como podemos observar, essas relações dependem apenas do ângulo τ e não das
medidas dos segmentos envolvidos. Esse fato é muito importante – e por muito tempo
foi muito útil – pelo fato de podermos utilizar triângulos pequenos, cujos lados temos
acesso para medir, para calcularmos as medidas dos lados de um triângulo maior, cuja
medida dos lados seja operacionalmente muito difícil, ou de um triângulo ao qual não
temos acesso aos lados para realizar a medida. Um exemplo dessa utilidade é o cálculo
do raio da Terra, realizado por Eratóstenes no século III a.C., usualmente relatado nos
livros didáticos de Matemática.
122
10
unidade 1
unidade 6
cateto oposto a
sen (6.1)
hipotenusa
cateto adjacente a
cos (6.2)
hipotenusa
cateto oposto a
tg (6.3)
cateto adjacente a
Vamos utilizar essas relações para expressar seno, cosseno e tangente do ângulo
agudo C do ΔABC (FIG. 6.2), retângulo em A, em função das medidas dos lados.
FIG. 6.2
c
senC
a
b
cos C
a
c
tgC
b
123
11
Usando essas igualdades podemos demonstrar algumas relações trigonométricas
importantes, tais como:
sen 2C cos 2 C 1 (6.4)
e
senC
tgC (6.5)
cos C
c 2 b 2 c2 b2 a 2
sen 2 C cos 2 C 2 1
a a a2 a
e
c
senC c
a tgC
cos C b b
a
Proposição 6.1
Se dois ângulos α e β são complementares (α + β = 90º), então, sen cos (o cosseno
Demonstração
No ΔABC (FIG. 6.2), temos que B̂ e Ĉ são ângulos complementares e, aplicando as
relações (6.1), (6.2) e (6.3) ao ΔABC (FIG. 6.2), temos
b
senBˆ cos Cˆ
a
e
b 1 1
tgBˆ
c c tgCˆ
b
12
124
unidade 1
unidade 6
ATENÇÃO
Seno, cosseno e tangente também são chamados razões trigonométricas por serem
razões entre números que expressam as medidas dos lados dos triângulos. Como são
razões entre grandezas de mesma espécie, não vêm acompanhados de unidade.
Contudo, no cálculo desses números, as medidas dos lados precisam estar na mesma
unidade de medida.
Proposição 6.2
a) Se 0 º 45º então sen2 2.sen . cos
1 cos
b) Se 0 º 90 º então sen .
2 2
Exercícios 6.3
13
125
Até aqui, utilizamos o grau como unidade de medida para se medir ângulos. Em vários
textos, é comum expressões como arco de 60°. De acordo com Carmo, Morgado e
Wagner (2005), devemos entender essa expressão como arco que subentende um
ângulo central de 60°, como o que está representado pelo arco DE, na FIGURA 6.3.
FIG. 6.3
Para tratarmos da medida do arco (em radianos) determinado por um ângulo central,
utilizaremos dois resultados, que consideramos sem prova. São eles: (1) arcos de
círculos que subentendem um mesmo ângulo central são semelhantes e (2) a razão de
semelhança é a razão entre os raios desses círculos (LIMA, 1991)
126
14
unidade 1
unidade 6
mesmo ângulo central – DOE D' OE' 60 - podemos usar (1) e (2). Desse modo,
temos
s R
s' R'
ou seja,
s.R' s'.R
ou ainda,
s s'
R R'
Essa mesma propriedade que analisamos para o ângulo de 60º, vale para qualquer
ângulo central. Em outras palavras, a medida do arco determinado por um ângulo
central é igual à razão entre o comprimento do arco determinado pelo ângulo em um
círculo cujo centro é o vértice do ângulo e a medida do raio do círculo. Essa razão é
constante e é a medida do ângulo central – ou do arco – em radianos.
Retomando o nosso exemplo do ângulo DOE 60 , temos que o comprimento do arco
correspondente é dado por s 2R 6 (lembre-se que 60° é a sexta parte de 360°).
Assim, a medida do arco determinado pelo ângulo central de 60° é dada, em radianos,
por
s 2R 6
60 º
R R
ou seja,
60 º rad
3
Façamos o mesmo raciocínio para um semicírculo de raio R:
s 2R 2
180 º rad
R R
127
15
Com esses exemplos foi possível verificar que a relação entre as medidas de um arco,
em radianos, e a do ângulo central que o determina, em graus, não depende do raio da
circunferência e, assim, não varia em circunferências de raios com medidas diferentes.
Isso quer dizer que, por exemplo, que o ângulo central cuja medida é 60° determinará
sempre um arco de radianos . Assim, para qualquer círculo de raio R vale a relação
3
180° = π radianos
Assim, temos que
180 180 º
1 radiano 57
3,141592...
FIG. 6.4
Fonte: PESSOAL SERCOMTEL, 2010
Esse resultado nos permite identificar, em um círculo orientado (vide Definição 6.4), de
raio R=1, com uma origem definida, arcos e ângulos correspondentes.
128
16
unidade 1
unidade 6
Definição 6.4
O ciclo trigonométrico (C1) é um círculo orientado cujo sentido positivo é o anti-
horário, de raio unitário, que tem como origem de todos os arcos um ponto A (FIG 6.5).
FIG. 6.5
Definição 6.5
Medida algébrica de um arco AB desse círculo é o comprimento desse arco, associado
a um sinal positivo, se o sentido de A para B for anti-horário, e, negativo, em caso
contrário. Essa medida será denotada por mAB.
Assim, podemos afirmar que a medida algébrica do arco que representa uma volta
completa no ciclo trigonométrico é igual a 360° ou 2π rad.
129
17
FIG. 6.6
C1, na quarta volta positiva, e podemos representar esse arco por 2k , em
3
que k=3.
O arco determinado pelo ângulo de –660° corresponde a duas voltas completas
no sentido negativo ( 2 360 º ) mais 60° (no sentido positivo) e também tem
extremidade no ponto B. Então, marcamos sua extremidade em C1, na segunda
volta negativa, e podemos representar esse arco por 2k . Assim, temos k=
3
- 2.
130
18
unidade 1
unidade 6
Resumindo, um arco qualquer cuja extremidade seja o ponto B (Fig. 6.6) pode ser
representado pela expressão 2k , k Z (Z representa o Conjunto dos números
3
inteiros) que é a expressão geral dos arcos côngruos a .
3
Definição 6.6
A expressão geral de todos os arcos côngruos a x, tal que 0 x 2 , é dada por
x 2k , k Z .
Agora que sabemos como expressar qualquer ângulo ou arco, podemos associar
qualquer número real x, que representa um arco de comprimento x a um ponto de C1, o
que é imprescindível para estender a todos os ângulos/arcos as relações que
estudamos para os ângulos agudos.
Definição 6.7
Sejam R o Conjunto dos números reais e C 1 o círculo trigonométrico da Definição 6.4.
Definimos a função E : R C 1 , tal que, para cada x R associa o ponto E(x) sobre C 1 ,
percorrido, a partir da origem A, um comprimento igual a x, no sentido positivo, se x>0,
e no sentido negativo, se x<0.
De acordo com a definição anterior, E(x) é o ponto de C 1 atingido. Desse modo, o ponto
P de C 1 é a imagem da função E(x) do arco de comprimento x.
Definição 6.8
Ao associarmos ao ciclo trigonométrico (C1) um sistema de coordenadas cuja origem
é o centro de C1 e sendo A(1,0) (FIG. 6.7), podemos definir
cos x = abscissa de P
sen x = ordenada de P
senx
tgx , se cos x 0
cos x
Na FIG. 6.7, podemos observar o ponto P determinado pelo arco cujo ângulo central é θ
e por suas coordenadas P(cos θ, sen θ). Ainda é possível verificar que as definições de
131
19
seno, cosseno e tangente coincidem com aquelas que estudamos anteriormente, no
triângulo retângulo, para ângulos agudos.
FIG. 6.7
Retomando as funções trigonométricas, temos que para todo k inteiro e para todo x real
sen( x 2k ) sen( x) e cos( x 2k ) cos( x) , já que E( x 2k ) E( x) P . Explicando
melhor, temos que o seno de todos os arcos cuja extremidade seja o P tem o mesmo
valor, o que também se aplica aos cossenos. Com isso, podemos afirmar que as funções
132
20
unidade 1
unidade 6
seno e cosseno são periódicas de período 2π. Esse fato nos permite restringir o estudo
dessas funções ao intervalo [0,2π], que corresponde ao estudo das coordenadas de um
ponto que percorre o ciclo trigonométrico na primeira volta positiva.
FIG. 6.8
Agora, vamos mostrar como determinar os valores das funções seno e cosseno, em
qualquer quadrante, conhecidos seus valores no primeiro quadrante. Para tanto,
consideraremos os casos em que a extremidade de um arco está no segundo, terceiro
ou quarto quadrante.
21
133
FIG. 6.9
Considerando que o ponto P determina o arco AP que, por sua vez, está associado a um
ângulo central, que chamaremos de α, temos que P(cos α, sen α). Por semelhança de
triângulos, temos que
Com isso, ainda usando a semelhança de triângulos e lembrando que P(cos α, sen α),
temos que,
no 2º quadrante,
sen (180°° α) = sen (α ) e cos (180°° α) = cos(α), então, P2 ( cos α, sen α).
No 3º quadrante,
sen (180°+α) = sen(α ) e cos (180°+α)= cos(α), então, P3 ( cos α, sen α).
No 4º quadrante,
sen (360°° α) = sen(α ) e cos (360°° α)=cos(α), então, P4 (cos α, sen α).
134
22
unidade 1
unidade 6
Usando esse processo, conseguimos verificar que os valores absolutos das funções
trigonométricas seno e cosseno podem ser determinados pelos valores dessas funções, no
primeiro quadrante.
Os gráficos das funções seno e cosseno no intervalo [0,2π] estão representados nas FIG.
6.10 e 6.11, respectivamente.
FIG. 6.10
FIG. 6.11
Como já sabemos que as duas funções são periódicas de período 2π, podemos, então,
representar os gráficos das funções seno e cosseno, isto é, as representações de parte
dos conjuntos de pontos (x, sen x) e (x, cos x), como se pode ver nas FIG. 6.12 e 6.13,
respectivamente.
135
23
y
FIG. 6.12
FIG. 6.13
As duas curvas (FIG. 6.12 e 6.13) são idênticas e são chamadas de senoide. O gráfico da
136
24
unidade 1
unidade 6
FIG. 6.14
Da relação (6.5), temos que tgx senx cos x . Utilizando os dados da figura anterior,
temos:
senx MM '
tgx
cos x MM "
Como os triângulos OMM’ e OTA são semelhantes (pelo Caso AAA), podemos
considerar que:
senx MM ' AT AT
tgx m AT
cos x MM " OA 1
A função tangente também tem um gráfico, que é o conjunto dos pontos (x, tg x), para
todo x real e diferente de 2 k , em que k é um número inteiro. Os arcos da forma
137
25
2 k são aqueles cuja extremidade estão em pontos de abscissa (cosseno) zero. A
FIG. 6.15 representa uma parte do gráfico da função tangente.
FIG. 6.15
tg (x)= tg (x+π) .
Ainda focalizando o gráfico anterior, podemos observar que a função torna-se maior
tanto quanto se aproxima de 2 , por valores menores que 2 e fica menor à medida
que se aproxima de 2 , por valores maiores que 2 , sem, contudo, ter um ponto
definido, quando x 2 , arco para o qual a função tangente não está definida. A reta
A partir das funções seno, cosseno e tangente, podemos definir outras funções que
indicamos, a seguir, e que, em algumas referências, são denominadas como suas
recíprocas:
138
26
unidade 1
unidade 6
1
senx
1
cos x
1
tgx
Definição 6.9
Cossecante de x
1
cos ecx , se senx 0
senx
Secante de x
1
sec x , se cos x 0
cos x
Cotangente de x
1
ctgx , se tgx 0
tgx
Os gráficos das funções cossecante, secante e cotangente podem ser obtidos, a partir
dos gráficos das três primeiras funções que estudamos, conforme se pode ver nas FIG.
6.16, 6.17 e 6.18, respectivamente.
139
27
y
FIG. 6.16
FIG. 6.17
y
y = cos(x)/sin(x)
FIG. 6.18
28
140
unidade 1
unidade 6
EXERCÍCIOS 6.10
2) Calcule:
a) sen 315°
b) cos 240°
c) tg 150°
3
a) sen
2
2
b) cos
2
c) tg 1
4) Calcule:
a) tg1500
b) cos(1035)
7
c) sen
2
9
d) tg
4
5) Determine a menor solução positiva da equação sen 5 x 0 .
3
29
141
6) Encontre o conjunto dos números reais x, tais que:
a) cos 3x 0
2
b) sen 3x 0
2
c) tg 3x 0
2
1
7) Determine o conjunto de todos os números reais x para os quais senx .
2
8) Sabendo que a mAP = x, verifique que ctg x = BD, sec x = OS e que cossec x = OC. Para
isso, observe as FIG. 6.19, 6.20 e 6.21, respectivamente, sabendo que d é paralelo a
reta AA’.
FIG. 6.19
FIG. 6.20
142
30
unidade 1
unidade 6
FIG. 6.21
10)Prove as relações
1
, x k
(a) ctgx tgx ,k Z
0, x k
2
(b) sec 2 x 1 tg 2 x
FIG. 6.22
Fonte: PT. WIKIBOOKS .ORG, 2010
143
31
11) Consideremos duas funções f(x) e g(x), de domínios Df e Dg. A sentença f(x) =
g(x) é chamada uma identidade, se for verdadeira para todo x que pertença aos dois
domínios. Assim, a identidade trigonométrica é uma igualdade que é válida
para quaisquer elementos pertencentes ao domínio de cada uma das funções
envolvidas. Desse modo, verificar se uma igualdade é uma identidade
trigonométrica consiste em provar que a relação é verdadeira para qualquer
elemento que pertença ao domínio de cada uma das funções que a compõe.
Existem inúmeros métodos que podemos utilizar para verificar se uma igualdade é
uma identidade, dentre os quais destacamos:
- Partir de um dos membros para chegar ao outro.
- Transformar dois membros separadamente em uma mesma expressão.
- Estabelecer a diferença entre os dois membros e provar que essa diferença é
igual a zero.
- Partir de uma identidade conhecida e chegar à identidade desejada.
Para exercitar, demonstre as identidades, a seguir.
a) (senx cos x)(senx cos x) 2sen 2 x 1
senx 1 cos x
b) 2 cos sec x
1 cos x senx
sen 2 x sec 2 x tg 2 x
c) 1
1 cos x sec x
d) sen6 x 1 3 cos 2 x 3 cos 4 x cos 6 x
32
144
unidade 1
unidade 6
tga tgb
f) tg (a b)
1 tga.tgb
d ( x1 x2 ) 2 ( y1 y2 ) 2
ou seja,
d 2 2 2 cos(a b)
Até este ponto do texto, nossos estudos focalizaram o triângulo retângulo a partir do
qual calculamos as funções trigonométricas de um ângulo. Agora, estudaremos
relações envolvendo senos e cossenos e que são válidas para quaisquer triângulos,
retângulos ou não.
33
145
Proposição 6.11
a b c
senA senB senC
Esse resultado é conhecido como Lei dos senos e pode ser enunciado da seguinte
forma: em todo triângulo, as medidas dos lados são proporcionais aos senos dos
ângulos opostos.
Demonstração
Para esta demonstração precisaremos utilizar o seguinte resultado, em relação à área S
de um triângulo ABC:
1
S b.c.senA (3),
2
em que b e c são as medidas dos comprimentos dos lados do triângulo que formam o
ângulo A.
Começaremos demonstrando que a relação enunciada é válida para qualquer triângulo
(acutângulo, retângulo ou obtusângulo). Traçando a altura CH do triângulo ABC, temos:
FIG. 6.23
Caso 1: A é um ângulo agudo (FIG. 6.23), temos que, no triângulo ACH,
h
senA , então, h b.senA (a)
b
146
34
unidade 1
unidade 6
Retomando ABC, já sabemos que
1
S ch .
2
1
S c.b.senA .
2
FIG. 6.24
Caso 2: Quando A é um ângulo obtuso (FIG. 6.24), temos que, no triângulo ACH,
h
senA sen( A) senD
b
então,
h b.senD b.sen( A)
Desse modo,
h bsenA
Usando raciocínio análogo ao anterior, teremos que
1
S b.c.senA
2
Caso 3: Para o caso em que A é um ângulo reto (senA sen90 º 1) , teremos que
1 1 1
S c.a. c.a.1 c.a.senA
2 2 2
147
35
Desse modo, provamos a relação (3) para qualquer triângulo. Para demonstrar a Lei
dos senos, multiplicamos a relação (3) por a (medida do lado oposto ao ângulo Â),
obtendo,
1
aS b.c.a.senA
2
Então,
a abc
sen 2S
Seguindo o mesmo raciocínio, mas em relação aos outros dois ângulos do triângulo –
B e C – temos, também para a área do triângulo ABC, as expressões
1 1
S a.csenB e S a.bsenC
2 2
em que se conclui que,
b abc c abc
e
senB 2S senC 2S
Portanto,
a b c
sen senB senC
Exercícios 6.12
1) Num triângulo ABC são dados A = 40°, B = 35° e AB = 100m. Calcule o ângulo Ĉ e as
medidas dos lados AC e BC. Dados: sen 40° = 0,643; sen 35° = 0,574 e sen 75° =
0,966.
36
148
unidade 1
unidade 6
ACB 44º e CAB 102º . Calcule a distância de AB, sabendo que sen 34° = 0,559;
sen 44° = 0,695 e sen 78° = 0,978.
Proposição 6.13
Em um triângulo qualquer de lados medindo a, b e c, respectivamente opostos aos
ângulos  , B̂ e Ĉ do triângulo ABC, vale a igualdade
a 2 b 2 c 2 2bc cos Aˆ
Esse resultado é conhecido como Lei dos cossenos e pode ser enunciado assim: em
todo triângulo, o quadrado da medida de um lado é igual à soma dos quadrados
das medidas dos outros lados, menos duas vezes o produto das medidas desses
lados pelo cosseno do ângulo que eles formam.
Demonstração
Novamente utilizando a FIG. 6.23, analisemos o caso em que ABC é acutângulo.
FIG. 6.23
a 2 h 2 (c x) 2 (4).
37
149
Já que no triângulo ACH, b 2 h 2 x 2 , então, b 2 x 2 h 2 . Substituindo essa igualdade
em (4), temos que,
a 2 b 2 x 2 (c x) 2 ou
a 2 b 2 x 2 (c 2 2cx x 2 ) , ou seja,
a 2 b 2 x 2 c 2 2cx x 2 , isto é,
a 2 b 2 c 2 2cx (5).
x
Como, no triângulo ACH, temos que cos Aˆ , então, x b. cos Aˆ , que substituída na
b
igualdade (5) resulta em
a 2 b 2 c 2 2bc cos Aˆ
FIG. 6.24
a 2 b 2 c 2 2bc cos Aˆ
150
38
unidade 1
unidade 6
Já que no triângulo ACH, b 2 h 2 x 2 , então, b 2 x 2 h 2 . Substituindo essa igualdade
em (6), temos que,
a 2 b 2 x 2 (c x) 2 ou
a 2 b 2 x 2 (c 2 2cx x 2 ) , ou seja,
a 2 b 2 x 2 c 2 2cx x 2 , isto é,
a 2 b 2 x 2 c 2 2cx x 2 , ou seja,
a 2 b 2 c 2 2cx (7).
a 2 b 2 c 2 2bc cos Aˆ
Exercícios 6.14
1) Dois lados de um triângulo medem 5 cm e 10 cm e formam ângulo de 110°. Calcule
a medida do terceiro lado, sabendo que cos 70° = 0,34.
BC = 2 3 cm.
151
39
unidade 2
UNIDADE 2
NÚMEROS COMPLEXOS
Objetivos
41
unidade 2
Nesta unidade, começamos o estudo dos números complexos, a partir de uma reflexão a
respeito dos números, de suas características, de seus usos, para, então, apresentar um
percurso histórico por meio do qual se fizeram necessários os números complexos. Em
seguida, apresentamos o Conjunto dos números complexos e suas propriedades. Os
complexos são ainda apresentados nas suas duas representações – algébrica e
goemétrica -, para as quais se definem as operações de adição, subtração, multiplicação,
divisão, potenciação e radiciação. Para essas duas últimas operações, apresentamos
ainda as respectivas representações geométricas.
CONCEITOS E CONTROVÉRSIAS
Sabemos que os números 1, 2, 3, 4, ..., n, ... – que formam o conjunto * dos números
naturais – surgiram a partir de situações concretas de contagem.
Admitindo que cada elemento a de * possui um simétrico –a, isto é, um número que
cumpre a condição
–a + a = a + (–a) = 0
43
pode-se falar, então, nos números simétricos aos números naturais, isto é, os números
inteiros negativos. Os números naturais passam a ser chamados, assim, de números
inteiros positivos.
Surge, assim, o chamado conjunto dos números inteiros relativos, que é a união do
conjunto dos números inteiros positivos com o zero e com o conjunto dos números
inteiros negativos.
multiplicar um número inteiro relativo por –a quer dizer multiplicar por (–1)a,
ou seja, primeiro por a e, depois, por –1.
Resumindo:
44
unidade 2
Será possível demonstrar, em vez de impor, que (–1)(–1) = 1? *
Outra insinuação que geralmente se faz, quando do primeiro contato com o conjunto é
a seguinte:
Quando alguém pergunta o que é isso ou aquilo e recebe como resposta a definição do
dicionário, vemos a ênfase mudando na resposta porque, na verdade, essa definição não
revela exatamente o que isso ou aquilo é, mas, sim, o quer dizer. Ao longo do processo
de desenvolvimento da ciência matemática, observamos, por exemplo, os nomes dos
números se afunilando em símbolos e os próprios números se subordinando às regras às
quais obedecem. A mudança na Matemática começou quando alguém contou, pela
primeira vez, e evoluiu pelo projeto – em andamento – de derivar essas leis de um
conjunto de axiomas capazes de serem manuseados pelos matemáticos. Acompanhando
a mudança de paradigma, a influência recíproca dos números veio a ser entendida como
manifestação desses axiomas. Nós os vivenciamos como se eles fossem anteriores à
experiência.
*
Veja o Apêndice deste Capítulo.
45
Com a evolução do pensamento matemático, os números se tornavam invisíveis: não
mais descrevendo objetos, mas sendo eles os próprios objetos. Os números adquiriam
adjetivos próprios: positivos, negativos, naturais, racionais, reais (racionais e
irracionais). Com o tempo, esses adjetivos viriam a se tornar substantivos (os reais, os
racionais). Os números mudaram e tinham sua existência considerada em meio às
operações neles executadas. Tudo que vimos e entendemos estava passando das causas
dos números a seus efeitos.
O que caracteriza a atividade viva de fazer matemática é que, para qualquer coisa ser
um número, ela tem de se socializar com os números que já existem, sendo capaz de,
pelo menos, trocar “amabilidades” com os “nativos”.
SITUAÇÃO 1
Por exemplo:
46
unidade 2
“– 30 reais” significam um prejuízo de 30 reais.
CONCLUSÃO:
Um prejuízo de 3 reais somado a outro prejuízo de 8 reais resulta em um prejuízo
total de 11 reais. Por isso, é intuitivo concluir que
(–3) + (+8) = +5
Um lucro de 3 reais somado com um prejuízo de 8 reais resulta em um prejuízo
de 5 reais. Por isso, é intuitivo concluir que
(+3) + (–8) = –5
SITUAÇÃO 2
Por exemplo:
47
+ 8 reais significam um ganho de 8 reais.
– 8 reais significam uma perda de 8 reais.
3 reais perdidos podem ser representados pelo número –3.
4 dias no futuro, depois de hoje, podem ser representados pelo número +4.
– 3 dias significam 3 dias, antes de hoje.
4 dias, antes de hoje, podem ser representados pelo número –4.
12 reais perdidos podem ser representados pelo número –12.
12 reais ganhos podem ser representados pelo número +12, ou, simplesmente,
12.
CONCLUSÃO:
Se uma pessoa perde 3 reais por dia, então, em 4 dias, a partir de hoje, essa
pessoa terá perdido 12 reais, ou seja,
Se uma pessoa vem perdendo 3 reais por dia, então, em 4 dias, antes de hoje, essa
pessoa estava 12 reais mais rica, ou seja:
(– 3) (– 4) = 12 .
Se uma pessoa vem ganhando 3 reais por dia, então, em 4 dias, antes de hoje, tal
pessoa tinha 12 reais a menos, ou seja:
(+ 3) (– 4) = –12.
48
unidade 2
Para encerrar essa discussão sobre conceitos e controvérsias, vamos voltar à equação
x+5=1
x+5=1
x + 5 + (–5) = 1 + (–5)
x + 0 = –4
x = –4
Uma equação como essa – bem como sua respectiva solução negativa – poderiam não
fazer sentido no passado remoto da humanidade. Hoje, é possível dar-lhe significado,
imaginando, por exemplo, o seguinte contexto:
Essa maneira de pensar torna os números negativos tão reais quanto seus equivalentes
positivos.
49
UM POUCO DA HISTÓRIA DOS NÚMEROS COMPLEXOS
50
unidade 2
que se reduz a resolver a equação de segundo grau
x2 – 10x + 40 = 0
Daí, operando como se os números que aparecem fossem números reais, escreveu:
x–5 = 15 ,
Deixando de lado – como proposto pelo próprio CARDANO – toda a tortura mental
envolvida, temos:
(5 15 ) + ( 5 15 ) = 10.
(5 15 ) ( 5 15 ) = 25 – (–15) = 40.
51
Desse modo, ele encontrou 5 15 e 5 15 , mostrando que esses números, de
Em 1545, CARDANO, em seu livro “Ars Magna” (A Grande Arte), mostrou o método para
resolver equações do terceiro grau **, hoje, chamado de Fórmula de CARDANO. Veja, a
seguir, o enunciado desse método.
q q2 p3 q q2 p3
x 3 3 .
2 4 27 2 4 27
** A resolução de equações cúbicas não foi, em sentido algum, motivada por considerações
práticas, nem tinham valor para os engenheiros ou praticantes da matemática. O mais importante
resultado das descobertas publicadas na Ars Magna foi o enorme impulso dado, em várias direções, à
pesquisa em álgebra.
52
unidade 2
x3 –15x – 4 = 0 (*)
o resultado é
x 3
2 121 3
2 121 (#)
Se, por um lado, CARDANO sabia que não existe raiz quadrada de número negativo, por
outro, ele sabia que x = 4 é uma raiz de (*). Portanto, ele não conseguiu entender como
sua regra faria sentido em tal situação.
2 3
1 2 121 ***
***
De fato,
2 3
1
1 2 3 3.2 2 . 1 3.2. 1
2 3
8 12 1 6 1 2 11 1 2 121.
53
ou seja,
3
2 121 2 1
3
2 121 2 1
x= 2 1+2 1 = 4
Uma mudança na atitude dos matemáticos em relação aos números complexos pode ser
percebida nas palavras de ALBERT GIRARD (1590-1633):
54
unidade 2
“Pode-se perguntar: para que servem essas soluções impossíveis (raízes complexas)?
(1) A adição e a multiplicação são comutativas, isto é, se a e b são números reais, então,
i) a + b = b + a;
ii) ab = ba.
(2) A adição e a multiplicação são associativas, isto é, se a, b e c são números reais, então,
i) (a + b) + c = a + (b + c);
ii) (ab)c = a(bc).
55
ii) ab = ba.
i) a + 0 = a;
ii) a1 = a,
(5) A todo real a corresponde um único número real (–a), e, se a 0, um único número
real
1
, tais que
a
i) a + (–a) = 0;
1
ii) a = 1.
a
(c) A partir das propriedades acima, também pode ser deduzido que (–1)(–1) = 1.
56
unidade 2
Os números complexos nascem dessa impossibilidade. Queremos dispor de um conjunto
de objetos – que chamaremos números complexos – em que se possa somar e
multiplicar e em que se possa, também, extrair a raiz quadrada de um número negativo.
Evidentemente, queremos que os reais sejam elementos desse conjunto e que as
operações de adição e multiplicação, quando feitas sobre reais, deem o mesmo resultado
que as operações que já conhecemos.
(a) Existe um número complexo i – chamado de unidade imaginária – tal que i 2 = –1.
(b) Todo número complexo pode ser escrito de uma maneira única na forma algébrica
a + bi, em que a e b são reais [a é chamado de parte real, e b é chamado parte
imaginária
do complexo a + bi]. Usa-se a notação Re(a + bi) = a e Im(a + bi) = b.
COMENTÁRIOS
57
(–i) . (–i) = (–1)2 i2 = i2 = –1,.
Portanto, o símbolo 1 , por si só, poderia pressupor dois significados distintos: i e –i.
Portanto, com essa convenção, a unidade imaginária i dos complexos pode ser definida
de dois modos:
i 2 = –1.
i= 1.
EXEMPLO 2.1
imaginária”.
58
unidade 2
POTÊNCIAS DE i
i0 = 1
i1 = i
i 2 = –1
i0 = 1
i1 = i
i 2 = –1
i3 = i2 . i = – i
i4 = i3 . i = – i . i = – i2 = 1
i5 = i4 . i = 1 . i = i
i6 = i4 . i2 = 1 . i2 = i2 = – 1
i 7 = i 4 . i 3 = 1 . (– i) = – i
i8 = i4 . i4 = 1 . 1 = 1
i9 = i4 . i5 = 1 . i = i
i 10 = i 4 . i 6 = 1 . (–1) = –1
i 11 = i 4 . i 7 = 1 . (– i ) = – i
59
COMENTÁRIOS
isto é, n = 4q + r.
Portanto,
i n = i 4q + r = i 4q . i r = ( i 4 ) q . i r = 1 q . i r = i r
i n = i r,
em que r é o resto da divisão de n
por 4.
EXEMPLO 2.2
Calcular i 253.
60
unidade 2
Solução. Dividindo 253 por 4, temos:
Portanto, i 253 = i 1 = i.
EXERCÍCIOS 2.1
(a) i 112 (b) i 245 (c) i 112 (d) i 1987 (e) i –127
1
in +
in
61
(b) (1 + i) 100 (d) (1 – i) 50 (f) (1 + i) 11
IGUALDADE EM
Além disso, se
a + bi = c + di,
62
unidade 2
se dois complexos são iguais, então, as suas partes reais e imaginárias são
iguais.
Por exemplo:
EXERCÍCIOS 2.2
1. Efetue as seguintes adições:
63
2. Efetue as seguintes operações:
(a) (5 + 4i) + (2 + 7i) – (3 – 2i) (c) 2(7 – 3i) + 5(4 – 2i) – 3(1 + 5i)
3. Em algumas situações, é conveniente usar uma letra (z, por exemplo) para indicar um
número complexo a + bi. Leia a seguinte definição:
(2 + 3i) z = 21 – i
(1 – i) z = 14
64
unidade 2
7. Responda, com justificativa, se as afirmativas abaixo são verdadeiras ou falsas.
(a) Não existem números reais b tais que (1 + bi)3 seja um número real.
(b) É igual a zero a soma dos números reais b para os quais (1 – bi)3 é um número
imaginário puro.
(a) real
(b) imaginário puro
1 3
(a) i (b) 3 + 4i (c) i
2 2
10. Defina o que é uma raiz cúbica de um número complexo e, em seguida, calcule a raiz
cúbica da unidade imaginária.
65
11. Para resolver uma equação do 2° grau com coeficientes complexos, utiliza-se um
procedimento análogo ao que se usa numa equação do mesmo grau com coeficientes
reais. Sabendo-se disso, resolva as seguintes equações quadráticas complexas:
(a) z2 = 5zi
(b) 5z2 = –2zi
(c) –3z2 = iz
(d) z2 – 4iz – 5 = 0
(d) z2 – 2iz – 2 = 0
(e) z2 + 4iz – 4 = 0
(f) z2 – (3 + i)z + 2 + 2i = 0
(g) z2 – (3 + 4i)z – 1 + 5i = 0
(h) z2 – (2 + i)z + 2i = 0
Vamos tratar, agora, de mais uma operação aritmética que pode ser definida em .
Sejam dados os complexos, z1 e z2, com z2 0. Para dividir z1 por z2, procuramos um
complexo z3 tal que z1 = z2 . z3.
Portanto,
z1
z3 z1 z 2 z3
z2
Exemplo 2.3
2 5i
Vamos efetuar a divisão .
3 4i
66
unidade 2
Para isso, será necessário encontrar um complexo z = a + bi, a e b , tal que
2 5i = (3 4i ) (a + bi).
Portanto, devemos ter
2 5i = (3a – 4b) + (4a + 3b)i,
isto é,
3a 4b 2
4a 3b 5
14 23
a= e b= .
25 25
z = a – bi, a e b .
Exemplo 2.4
67
Se z = –2 + 7i, então, z = –2 – 7i.
Se z = 1003,56, então, z = z.
Exemplo 2.5
68
unidade 2
Usando esse fato, e uma propriedade do conjugado, podemos reduzir uma divisão de
dois números complexos a uma divisão de um número complexo por um número real.
Acompanhe.
Sejam os números complexos, z = a + bi, a e b e w = x + yi, x e y , sendo w 0.
z
Esse é, portanto, o artifício matemático que pode ser usado para efetuar a divisão ,w
w
0, dos números complexos z e w.
Exemplo 2.6.
2 5i (2 5i ) (3 4i ) 6 8i 15 i 20 14 23 i 14 23
= i.
3 4i (3 4i ) (3 4i ) 32 4 2 25 25 25
69
EXERCÍCIOS 2.3
1. Mostre que
(a) z w z w (c) z . w z . w
z z
(b) z w z w (d) se w 0, então,
w w
z n
zn .
3 i
(a)
2 3i
5 2i
(b)
3i
70
unidade 2
10 i
(c)
10 i
(a) w . w + 2(w – w ) = 5 – 8i
(b) w 2
w
(c) w3 = 2 w
(d) 2w – w = 1 + 6i
71
8. Analise o seguinte comentário:
Como
x2 + y2 = x2 – (–y2) = x2 – (y2 i2) = x2 – (y i)2 = (x + yi) (x – yi),
dizemos que a fatoração da soma de quadrados x2 + y2, no conjunto dos
complexos, é dada por
(x + yi) (x – yi).
10. Fatore, no conjunto dos complexos, a expressão a4 – b4, em que a e b são números
reais.
72
unidade 2
b é a parte imaginária de z [em símbolos, b = Im(z)].
bi, (b e i2 = –1)
O conjunto dos números reais – que consta dos números racionais e dos irracionais –
pode ser representado geometricamente, numa correspondência biunívoca, pelo
conjunto de todos os pontos de uma reta, chamada de reta (eixo) real. Isso significa que
cada ponto da reta representa um único número real e que cada número real é
representado por um único ponto da reta, como ilustra a Figura 2.1, abaixo.
Raízes reais de números positivos podem ser representadas na reta real, mas a raiz
quadrada de um número negativo não existe em .
73
2 = 2 i, 4 = 2 i, 5 = 5 i, 16 = 4 i, 16 = –4i,
Todos os números imaginários puros podem ser representados por pontos de uma reta,
chamada de reta (eixo) dos números imaginários puros, como ilustra a Figura 2.2,
abaixo.
Não foi feliz a escolha da expressão “imaginário puro”, para designar os números da
forma bi, com i = 1 , pois dá a falsa impressão de que são números que não existem. É
preciso ressaltar, portanto, que essa expressão significa, simplesmente, que os números
imaginários puros não podem ser representados na reta real; eles estão situados, como
acabamos de ver, em uma outra reta: a reta dos números imaginários puros.
74
unidade 2
z1 = 4i
z2 = 3 + 3i
z3 = 4
z4 = 2 – i
z5 = –4 – 2i
z6 = –3 + 2i
75
MÓDULO, ARGUMENTO E FORMA TRIGONOMÉTRICA DE UM NÚMERO COMPLEXO
FIGURA 2.4
a = r cos θ ;
b = r sen θ ;
r = a 2 b2 .
plano complexo.
76
unidade 2
O número θ , tal que 0 θ 2 (ou 0 θ 360°), é chamado de argumento principal
de z.
Essa é a chamada forma trigonométrica de z que se revelará muito útil nos cálculos
envolvendo potências e raízes complexas.
COMENTÁRIOS
Exemplo 2.7.
77
Para esse fim, precisamos calcular o módulo e o argumento de z.
z = a 2 b2 = 2 2 = 2.
a 2
cos θ
z 2 π
θ é o argumento principal de z.
b 2 4
senθ
z 2
π π
z = 2(cos + sen i)
4 4
π π
z = 2 [cos 2kπ + sen 2kπ i ]
4 4
EXERCÍCIOS 2.4.
(a) 1 + 3i
(b) –1 + i
(c) –8
(d) – 3 – i
78
unidade 2
(e) 5
(a) (0, 15) (b) (15, 0) (c) (–23, 0) (d) ( 2,5 , –1,36) (e) (3, –3)
79
(a) z = 3(cos 60° – sen 60° i)
7. Desenhe o lugar geométrico dos afixos dos números complexos z tais que z = 3.
8. Desenhe o lugar geométrico dos afixos dos números complexos z tais que z 2.
9. Desenhe o lugar geométrico dos afixos dos números complexos z tais que 1 z 3.
10. Desenhe o lugar geométrico dos afixos dos números complexos z tais que 0 < z
5.
11. Desenhe o lugar geométrico dos afixos dos números complexos z tais que
1 1
Re( z )
2 2
z 1
12. Desenhe o lugar geométrico dos afixos dos números complexos z tais que
1 1
Im(z )
2 2
z 1
80
unidade 2
13. Responda, apresentando justificativa: existe algum número complexo z que tenha
1
módulo simultaneamente igual ao módulo de e ao módulo de 1 – z ?
z
z = cos + sen i
81
Vamos encontrar o significado geométrico de multiplicar z pela unidade imaginária i.
π π
i z = i (cos + sen i ) = – sen + cos i = cos( + ) + sen ( + ) i
2 2
Concluímos, assim, que
= cos ( θ1 + θ 2 ) + sen ( θ1 + θ 2 ) i
82
unidade 2
Concluímos, desse modo, que
Finalmente, considere, agora, dois números complexos, z1 e z2, quaisquer, não unitários.
Nesse caso, são unitários os números complexos unitários, w1 e w2, dados por
1 1
w1 = z1 e w2 = z2 .
z1 z2
Portanto,
z1. z2 = z1 w1 z2 w2 = z1 z2 w1 w2
83
Conclusão:
então,
z1. z2 = z1 z2 [ cos ( θ1 + θ 2 ) + sen ( θ1 + θ 2 ) i ]
Exemplo 2.8.
Vamos obter o módulo e o argumento principal do número complexo z1. z2, sendo
z1. z2 = 2,5 . 4 [ cos (283° + 149°) + sen (283° + 149°) i ] = 10 (cos 432° + sen 432° i)
84
unidade 2
EXERCÍCIOS 2.5
π π π π
1. Efetue a multiplicação de z1 = cos + sen i por z2 = cos + sen i.
5 5 7 7
2. Se z1 = 2(cos 12° + sen 12° i), z2 = 7(cos 9° + sen 9° i) e z3 = 5(cos 27° + sen 27° i),
efetue o produto z1. z2. z3.
3. Sendo z1 = 2,5(cos 283° + sen 283° i) e z3 = 4(cos 149° + sen 149° i), determine o
módulo e o argumento principal do número complexo z1. z2.
11π 11π π π
4. Sendo z1 = 7 (cos + sen i ) e z2 = 3 (cos + sen i ), determine o módulo e
12 12 3 3
o argumento principal do número complexo z1. z2.
5. Se z1 = cos 320° + sen 320° i, z2 = cos 310° + sen 310° i e z3 = cos 200° + sen 200° i,
determine o módulo e o argumento principal do número complexo z1. z2. z3.
Dado um número complexo unitário z = cos x + sen x i, determinar a potência zn, sendo n
um número inteiro positivo.
85
Obter zn = ( cos x + sen x i ) n equivale a multiplicar cos x + sen x i, por si próprio, n
vezes. Como uma consequência imediata da interpretação geométrica do produto de
números complexos, concluímos o seguinte:
zn = z n ( cos x + sen x i ) n ,
ou seja,
1 1
z–n = = =
zn z
n
[cos (nθ ) sen (nθ ) i ]
86
unidade 2
1 [cos (nθ ) sen (nθ ) i ] cos (nθ ) sen (nθ ) i
= n
= n
=
z [cos (nθ ) sen (nθ ) i ] [cos (nθ ) sen (nθ ) i ] z [cos2 (nθ ) sen2 (nθ )]
cos ( nθ ) sen ( nθ ) i
= n
z .1
Portanto,
87
Exemplo 2.9.
Calcular (1 + 3 i )12.
z = 12 ( 3) 2 4 2.
a 1
cosθ
z 2
θ 60 é o argumento principal de z.
b 3
senθ
z 2
88
unidade 2
(1 + 3 i )12 = [ 2(cos 60° + sen 60° i) ]12 = 212 [cos (12 . 60°) + sen (12 . 60°) i ] =
EXERCÍCIOS 2.5.
π π
2. Calcule z10, sendo z = cos + sen i).
10 10
4. Se z = 2(cos 70° + sen 70° i), encontre o módulo e o argumento principal de z7.
5. Se z = 5(cos 302° + sen 302° i), encontre o módulo e o argumento principal de z3.
9π 9π
6. Se z = 0,5(cos 5 + sen 5 i), encontre o módulo e o argumento principal de z–6.
246
1 3
8
1 1
(c) i
9
(a) i (e) 3i
2 2 2 2
247
1 3
6
1 1
(b) i (d) i
2 2 2 2
89
8. Calcule o seguinte produto:
8 8
1 3 3 1
i i .
2 2 2 2
9. Determine o menor inteiro positivo n tal que o número complexo, a seguir, seja um
real positivo:
n
3 1
i
2 2
.
10. Determine o menor inteiro positivo n tal que o número complexo, a seguir, seja
imaginário puro, com coeficiente positivo:
n
3 1
i
2 2
11. Determine o menor inteiro positivo n tal que o número complexo, a seguir, seja real
negativo:
n
1 3
i
2 2
12. Determine o menor inteiro positivo n tal que o número complexo, a seguir, seja
imaginário puro, com coeficiente negativo.
n
1 3
i
2 2
90
unidade 2
13. Estude o exemplo a seguir:
cos 3x + sen 3x i = (cos x + sen x i)3 = cos3x + 3cos x i2 sen2x + 3cos2 x i sen x + i3 sen3x
= cos3x – 3cos x sen2x + (3cos2 x sen x – sen3x) i
91
FÓRMULA DA DIVISÃO
z1 = r1 ( cos θ1 sen θ1 i )
z2 = r2 ( cos θ2 sen θ2 i )
92
unidade 2
Exemplo 2.10.
Se z1 = 12 (cos 49° + sen 49° i) e z2 = 4 (cos 26° + sen 26° i), então,
z1
z2
12
cos (49o 26o ) sen (49o 26o ) i = 3 (cos 23° + sen 23° i).
4
Exemplo 2.11.
1 (cos 0 sen 0 i )
cos (0 θ ) sen (0 θ ) i cos (θ ) sen (θ ) i .
1 1 1
z–1 = =
z r (cos θ sen θ i ) r r
2
Portanto, se zo = (cos 73° + sen 73° i), então,
3
1
zo
3
= cos (73o ) sen (73o ) i .
2
1
Para encontrar o argumento principal do número é necessário “reduzir” –73o, à primeira
z0
volta positiva. Fazemos isso, somando 360o a –73o.
1
Portanto, o argumento principal do número é 287o.
zo
93
EXERCÍCIOS 2.6
π π π π
1. Divida z1 = 7 (cos + sen i) por z2 = 7 (cos + sen i).
4 4 6 6
2π 2π
2. Determine o inverso do número z = 2 (cos + sen i).
7 7
z1
3. Determine o módulo e o argumento principal do número , sendo
z2
z1
4. Determine o módulo e o argumento principal do número , sendo
z2
π π π π
z1 = cos + sen i) por z2 = 2 (cos + sen i).
5 5 3 3
5. Sendo z = 3 (cos 40° + sen 40° i), determine o módulo e o argumento principal do
1
número .
z
6. Sendo z–1 = 2 (cos 45° + sen 45° i), determine o módulo e o argumento principal do
número z.
94
unidade 2
RADICIAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS
Mas
wn = [s ( cos σ sen σ i )]n = sn ( cos(nσ) sen (nσ) i )
sn r
cos(nσ ) cos θ
sen(nσ ) sen θ
ou seja
n
s r
nσ θ 2kπ
95
θ 2kπ
σ (0 σ 2π )
n n
θ
σ1
n
θ 2π
σ2
n n
θ 2π
σ3 2.
n n ( )
θ 2π
σn (n 1) .
n n
Exemplo 2.12
2 2
Vamos determinar as raízes cúbicas de z = i.
2 2
2 2
z= i = cos 45° + sen 45° i
2 2
96
unidade 2
3
s = 1=1
45
σ1 15
3
45 360
σ2 15 120 135
3 3
45 360
σ3 2 15 2(120 ) 15 240 255
3 3
cos15 sen15 i w1
2 2
Portanto,
3 i cos135 sen135 i w2
2 2
cos 255 sen 255 i w3
Exemplo 2.13
2 2
A representação das três raízes cúbicas de z = i é a seguinte:
2 2
97
P1 é o afixo de w1 = cos 15° + sen 15° i;
Exemplo 2.14
3 1
Vamos achar as raízes cúbicas de z = i.
2 2
98
unidade 2
Observe que, a partir de w3 = wo, as raízes começam a se repetir. Além disso, usando os
valores negativos de k, verificamos facilmente que
99
EXERCÍCIOS 2.7
(a) z = 3 i (b) z = 1
(a) z = 1 + 3i (b) z = –3 + 4i
(a) z8 – 3 i = 0
(b) z6 – 8 = 0
(c) z6 + 64 = 0
(d) z8 + 1 + i = 0
100
unidade 2
8. Leia o texto, a seguir.
Como sabemos, por volta da metade do século XVI, o italiano Gerônimo Cardano
publicou um trabalho que teve enormes repercussões nos meios matemáticos da
época. Nesse trabalho, ele mostrou que, sob certas condições, uma das raízes da
equação do 3° grau x3 + ax + b = 0 (sem o termo em x2) podia ser obtida através da
seguinte fórmula de radicais:
b b2 a3 a
x 3
(a)
2 4 27 b b2 a3
33
2 4 27
Utilizando essa fórmula, podemos determinar, por exemplo, uma das raízes da
equação
x3 – 6x – 9 = 0 (b)
9 49 ( 6) 3
6 6
x 3 8 2 3
2 4 9 49 3 3 8 3.2
3 3
2 4
101
Sejam:
102
unidade 2
APÊNDICE
Não se pode demonstrar algo a partir do nada. Para provar um resultado, é preciso
admitir uns tantos outros fatos como conhecidos. Esta é a natureza da matemática.
Todas as proposições matemáticas são do tipo “se isto então aquilo”. Ou seja, admitindo
isto como verdadeiro, provamos aquilo como consequência.
Que fatos devem ser admitidos como verdadeiros para demonstrar, a partir deles, que
(–1)(–1) = 1?
De modo sucinto, podemos dizer que (–1)(–1) = 1 é uma consequência da lei distributiva
da multiplicação em relação à adição, conforme mostraremos, a seguir.
Com efeito, a + a . 0 = a . 1 + a . 0 = a (1 + 0) = a . 1 = a + 0.
Assim, a + a . 0 = a + 0.
Logo, a . 0 = 0.
103
Logo, (–1) . a é o simétrico de a, ou seja, (–1) . a = –a.
OBSERVAÇÃO:
104
unidade 3
UNIDADE 3
EQUAÇÕES POLINOMIAIS
Objetivos
105
unidade 3
Nesta unidade, iniciaremos com o estudo de polinômios e suas propriedades e
operações. Em seguida, trataremos de um tipo especial de polinômio: ( ) , que
passará a ser chamado equação polinomial ou algébrica. A fim de fundamentar e
embasar nosso estudo, serão feitas importantes demonstrações, tais como do Teorema
de D’Alembert, que será amplamente utilizado ao longo de todo o capítulo, e
fundamental para tratarmos das raízes de uma equação algébrica.
Estudaremos, ainda, as relações entre coeficientes e raízes de uma equação.
NOÇÃO DE POLINÔMIO
Dado um número natural n, e os números complexos an, an-1, an-2, ..., a2, a1 e a0,
denominamos função polinomial ou polinômio em à função
( ) √
( )
( ) ( ) ( )
( ) .
( )
( ) √
107
( )
( )
( ) √
( ) ( )
Exemplo 3.2
Calcular o valor numérico do polinômio ( ) , para x = 5.
( )
Exemplo 3.3
Dado ( ) , calcular o coeficiente de m, de modo que se tenha
( ) = 1.
Temos
()
108
unidade 3
RAIZ OU ZERO DE UM POLINÔMIO
Dizemos que um número complexo é raiz (ou um zero) de um polinômio ( ), se, e
somente se:
𝑃𝑃(α)
Exemplo 3.4
Verifique se 1+ i é um zero do polinômio ( ) .
Fazendo
( ) ( ) ( ) ,
verifica-se que 1+ i é uma raiz (ou zero) de ( ).
Exemplo 3.5
Dê a condição sobre o natural n, para que ( ) seja raiz de ( ) .
109
ou seja, ( ) representa a soma dos coeficientes de ( ).
Exemplo 3.6
Dado ( ) ( ) , encontrar a soma dos coeficientes de ( ).
Ora, basta fazer
( ) ( )
Note que encontramos a soma dos coeficientes sem explicitá-los, sendo que, como
( ) ( ) ,
seus coeficientes são 10, e 3.
GRAU DE UM POLINÔMIO
Considere um polinômio em x
( )
Definiremos o grau do polinômio P(x), e indicaremos por gr(P), considerando três casos:
1º) Se pelo menos um dos coeficientes não for nulo, então gr(P)
será o maior dos expoentes de x nos termos com coeficientes não nulos. Por exemplo,
( ) gr(P) = 4
2º) Se e , então, gr(P) = 0. Por exemplo,
( ) gr(P) = 0
3º) Se ( ) tem todos os coeficientes nulos (que como veremos a seguir caracteriza um
polinômio identicamente nulo), então não se define gr(P). Por exemplo,
( ) não se define gr(P)
Exemplo 3.7
Discutir, para a o grau de ( ) ( ) .
110
unidade 3
O maior expoente de x será 4, se o coeficiente de não for nulo, ou seja,
( )
Agora, se a=2, então, ( ) = , e nesse caso, ( ) .
Assim, conclui-se que
( )
( )
EXERCÍCIOS 3.1
1. Verifique se os complexos (1+i) e (1- i) são raízes de ( ) .
111
POLINÔMIO IDENTICAMENTE NULO
Dizemos que um polinômio P é nulo ou identicamente nulo, quando o valor numérico de
P é igual a zero, para qualquer valor atribuído à variável. Nesse caso, indicamos
( ) , e temos
𝑃𝑃(𝑥𝑥) 𝑃𝑃(𝑥𝑥) 𝑥𝑥
Teorema 3.1
Um polinômio P é nulo, se, e somente se, todos os coeficientes de P forem nulos. Em
outras palavras, se ( ) , então,
Demonstração
(⇐) Se , então, é fácil ver que
( )
(⇒) Por outro lado, se P é nulo, então, existem n+1 números complexos ,
distintos dois a dois, que são raízes de P, isto é:
112
unidade 3
( )
( )
( )
( )
Observe que estamos diante de um sistema linear homogêneo do tipo (n+1)x(n+1) cujas
incógnitas são . O determinante desse sistema é dado por:
| |
| |
⧠
POLINÔMIOS IDÊNTICOS
Dizemos que dois polinômios A e B são idênticos (ou iguais) quando os valores
numéricos de A e B são iguais para todo valor da variável. A igualdade de polinômios é
indicada por A≡B, de modo que
𝐴𝐴 𝐵𝐵 𝐴𝐴(𝑥𝑥) 𝐵𝐵(𝑥𝑥) 𝑥𝑥
O teorema, a seguir, apresenta uma ferramenta muito útil para se verificar facilmente
quando ocorre a igualdade de polinômios.
Teorema 3.2
Dois polinômios A e B são iguais, se, e somente se, os coeficientes de A e B forem
ordenadamente iguais, ou seja,
se
113
( ) = ∑
e
( ) = ∑ ,
então
𝐴𝐴 𝐵𝐵 𝑎𝑎𝑖𝑖 𝑏𝑏𝑖𝑖 𝑖𝑖 * 𝑛𝑛 +
Demonstração
Para todo , temos:
( ) =0
⬄∑ ( ) =0
⬄∑ -∑
⬄∑ =∑
⬄A(x) = B(x)
⧠
Exemplo 3.8
Calcular a, b e c, de modo que se tenha para todo ,
( )( )
{ ⇒ {
EXERCÍCIOS 3.2
1. Determine a, b, c, d, e para tornar identicamente nulo o polinômio:
( ) ( ) ( )
114
unidade 3
2. Se o polinômio ( ) possui mais do que duas raízes distintas, o que se
pode concluir a respeito dos coeficientes?
ADIÇÃO DE POLINÔMIOS
Dados dois polinômios, ( ) e
( ) , existe um único polinômio S, tal
que ( ) ( ) ( ) para todo . Este polinômio é dado por:
𝑆𝑆(𝑥𝑥) (𝑎𝑎𝑛𝑛 𝑏𝑏𝑛𝑛 )𝑥𝑥 𝑛𝑛 (𝑎𝑎𝑛𝑛 𝑏𝑏𝑛𝑛 )𝑥𝑥 𝑛𝑛 (𝑎𝑎 𝑏𝑏 )𝑥𝑥 (𝑎𝑎 𝑏𝑏 )𝑥𝑥 (𝑎𝑎 𝑏𝑏 )
Exemplo 3.9
Dados ( ) e ( ) , determinar o polinômio
.
115
Note que
( )
( )
Então,
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
PROPRIEDADES DA ADIÇÃO
As propriedades da adição de polinômios são as mesmas da adição de números
complexos. Isso se deve ao fato de que o conjunto dos polinômios P, munido da operação
de adição usual de polinômios, define um grupo abeliano (ou comutativo), bem como o
conjunto . O teorema, a seguir, deixa claro esse fato.
Teorema 3.3
A operação de adição define, em P, conjuntos dos polinômios de coeficientes complexos,
uma estrutura de grupo comutativo, isto é, para quaisquer polinômios A, B e C,
verificamos as seguintes propriedades:
A1) ( ) ( ) (propriedade associativa)
A2) (propriedade comutativa)
A3) , em que 0 indica o polinômio identicamente nulo (elemento neutro da
adição)
A4) Existe o oposto de indicado por – , tal que ( ) (existência do inverso
aditivo)
Demonstração
A1) Fazendo ( ) ∑ , ( ) ∑ e ( ) ∑ ,
(( ) )( ) ∑ e ( ( ))( ) ∑ , temos:
( ) ( ) * +
A2) Fazendo ( ) ∑ , ( ) ∑ ,( )( ) ∑ e( )( )
∑ , temos :
116
unidade 3
* +
SUBTRAÇÃO DE POLINÔMIOS
A partir da propriedade A4) da adição, definimos a subtração ou diferença, , de
dois polinômios ( ) e
( ) quaisquer por:
(𝐴𝐴 𝐵𝐵)(𝑥𝑥) (𝑎𝑎𝑛𝑛 𝑏𝑏𝑛𝑛 )𝑥𝑥 𝑛𝑛 (𝑎𝑎𝑛𝑛 𝑏𝑏𝑛𝑛 )𝑥𝑥 𝑛𝑛 (𝑎𝑎 𝑏𝑏 )𝑥𝑥 (𝑎𝑎 𝑏𝑏 )
O exemplo, a seguir, ilustra uma aplicação das propriedades e operações vistas até o
momento.
Exemplo 3.10
Dados ( ) e ( ) determinar os polinômios
e .
Temos:
( ) ( ) ( ) –
( ) ( ) ( )
117
Já sabemos como somar e subtrair polinômio. Mas como determinar o grau da soma ou
da subtração de polinômios? Esse é o assunto que discutiremos a partir de agora.
Teorema 3.4
Se A e B são polinômios não nulos, então, o grau de A+B é menor ou igual ao maior dos
números gr(A) e gr(B), ou seja,
( ) * ( ) ( )+
Demonstração.
Considere ( ) ∑ , ( ) ∑ , com ( ) ( ) , com .
Admita, por exemplo, , e sendo , temos:
e
Portanto, ( ) * ( ) ( )+
Agora, se temos:
118
unidade 3
Exemplo 3.11
Dados ( ) e ( ) , temos:
( ) ( ) e ( ) ( ) ,
então, gr(A)= 2 = gr(B), gr(A+B) = 2 e gr(A-B) = 1.
Exemplo 3.12
Dados ( ) e ( ) , temos:
( ) ( ) e ( ) ( ) 2,
então, gr(A)= 3 = gr(B), gr(A+B) não existe e gr(A-B) = 3.
MULTIPLICAÇÃO DE POLINÔMIOS
Dados dois polinômios,
( )
e
( ) ,
existe um único polinômio P, tal que ( ) ( ) ( ) para todo x . Esse polinômio
é obtido multiplicando cada termo de A por todos os termos de B, isto é, o produto de A
por B é dado por:
e indicamos por ou .
Note que, se chamarmos , ,..., , podemos
reescrever P(x) como
( ) ,
em que cada coeficiente é obtido da seguinte forma:
119
Exemplo 3.13
Multiplicar ( ) por ( ) .
Conforme definimos, basta multiplicar cada termo de A por todos os termos de B.
Observe:
( ) ( ) ( )( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( )
( )
( ) ( )
120
unidade 3
Dispositivo prático 2 – Multiplicação
Esse dispositivo consiste de colocarmos os coeficientes de ( ), e os coeficientes de
( ) numa tabela, calcularmos os produtos , e, em seguida, somarmos as diagonais
obtendo os valores . Novamente, vamos retomar o Exemplo 3.12. Observe:
C0= 0 B(x)
C1= 4+0=4 A(x) 4 5 6
C2= 8+5+0=13 0 0 0 0
C3= 12+10+6=28 1 4 5 6
C4= 15+12=27 2 8 10 12
C5= 18 3 12 15 18
Portanto, ( ) ( ) .
PROPRIEDADES DA MULTIPLICAÇÃO
Como vimos, o conjunto P dos polinômios possuem as mesmas propriedades com respeito à
adição dos números complexos. O mesmo ocorre em relação à multiplicação, e valem as
propriedades associativa, comutativa, elemento neutro e distributiva.
121
GRAU DA MULTIPLICAÇÃO DE POLINÔMIOS
Dados dois polinômios, A e B. Se um deles for identicamente nulo, então, o produto
também será nulo. Reciprocamente, a condição para que o produto seja nulo é que
pelo menos um dos polinômios, A ou B, seja nulo, isto é:
𝐴𝐴 𝐵𝐵 ⬚ 𝐴𝐴 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝐵𝐵
Caso o produto não seja nulo, verificamos que o grau de é igual à soma dos
graus de A e B. Esse resultado é verificado no próximo teorema:
Teorema 3.5
Se A e B são polinômios não nulos, então, o grau de é igual à soma dos graus de A e
de B, ou seja,
Exemplo 3.14
Sejam ( ) e ( ) . Calcular ( )
Poderíamos simplesmente utilizar o Teorema 3.5, pois ( ) e ( ) são ambos não nulos.
Desse modo, como ( ) e ( ) seque que, ( )
Outra alternativa, um pouco mais trabalhosa, seria encontrar o polinômio resultante do
produto de A por B e observar seu grau, isto é, fazendo
( )( )
que possui grau 3.
122
unidade 3
EXERCÍCIOS 3.3
1) Demonstre o Teorema 3.5. (Sugestão: utilize o coeficiente
, genérico do produto de dois polinômios, para avaliar cada possibilidade,
assim como foi feito no Teorema 3.4).
2) Dados ( ) , ( ) e ( ) , calcule o polinômio .
3) Dados ( ) , ( ) e ( ) , calcule os números a, b
e c, de modo que o polinômio ( ) ( ) ( ) ( ) seja identicamente
nulo.
4) Sejam A e B polinômios não nulos, tais que e sejam também não
nulos. Classifique cada afirmação em verdadeira ou falsa, exemplificando.
a) Existem polinômios A e B, ambos de grau 2, tais que ( ) .
b) ( ) ( ) ( )
c) ( ) ( ) ( )
d) ( ) ( )
e) ( ) ( ) ( )
f) ( ) ( )
g) ( ) ( )
h) Existem polinômios A e B, ambos de grau 2, tais que ( ) .
DIVISÃO DE POLINÔMIOS
Ao tratar da divisão de polinômios, veremos que não existe uma única maneira para
efetuá-la. Apresentaremos o método de Descartes, que utiliza como principal ferramenta
o grau dos polinômios que estão sendo divididos. Em seguida, trataremos do método da
chave, que é muito parecido com uma divisão (euclidiana) de números inteiros, a não ser
123
pelo fato de que, na chave, podemos ter mais do que um termo. Em seguida, veremos
como é feita a divisão por binômios do 1º grau, a partir do dispositivo de Briot-Ruffini,
um dos métodos mais utilizados, graças a sua praticidade, principalmente para
determinados tipos de polinômios.
Observações importantes:
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) ou ( )
b) Na divisão de ( ) por ( ), quando ( ) , dizemos que ( ) é
divisível por ( ), ou que a divisão de ( ) por ( ) é exata.
124
unidade 3
Antes de apresentarmos os métodos de divisão de polinômios mais utilizados, vamos
analisar qual o grau do quociente e do resto de uma divisão.
Exemplo 3.15
Dividir o polinômio ( ) por ( ) 1.
Mesmo sem ter apresentado os métodos para dividir polinômios, podemos encontrar
( ) e ( ), pois note que ( ) ( ).
Então,
( ) e ( ) ( ) .
Exemplo 3.16
Demonstre que, se A e B são polinômios divisíveis pelo polinômio C, então, o resto R da
divisão de A por B também é divisível por C.
125
Demonstração.
Seja o quociente de A por C, então,
Seja o quociente de B por C, então,
Sejam Q o quociente e R o resto da divisão de A por B, então,
Temos, então: ( ) , e, portanto, R é divisível por
C.
Método de Descartes
Esse método, também conhecido como método dos coeficientes a determinar, baseia-se
nos seguintes fatos, discutidos na seção sobre grau da divisão de um polinômio:
I) ( ) ( ) ( )
II) ( ) ( ) ou ( )
126
unidade 3
de modo que ( ) e ( ) .
Método da chave
O método da chave com certeza, já conhecido, e conforme foi dito, aproxima-se muito da
divisão numérica. Faremos um exemplo sobre este método apenas para que você se
recorde.
⌊
127
Novamente, devemos continuar, pois o grau de é igual ao grau de .
EXERCÍCIOS 3.4
1) Divida ( ) por ( ) , empregando o método de
Descartes.
2) Divida ( ) por ( ) ,
empregando o método da chave.
3) Dividindo por , encontra-se o resto igual a . Calcule
a e b.
4) O resto da divisão de ( ) por é 3. Calcule o valor de
.
5) O polinômio é divisível pelo polinômio . Nesse caso,
calcule o valor de .
6) Se é divisível por e , demonstre que
( )
7) Mostre que, se A e B são polinômios divisíveis pelo polinômio C, então, o mesmo
ocorre com e .
128
unidade 3
DIVISÃO POR BINÔMIOS DO 1º GRAU
A divisão de um polinômio ( ) por um binômio da forma apresenta um interesse
especial pela sua aplicação no estudo das Equações Algébricas, assunto esse que
trataremos logo mais.
Aqui, faremos um estudo sobre divisões, em que o dividendo é um polinômio ( ), com
( ) , e o divisor é um polinômio ( ), com ( ) , e coeficiente dominante
também igual a 1.
Observemos o que ocorre quando dividimos ( ) por
( ) :
⌊
Como ( ) , R deve ser um polinômio constante, pois sabemos que em toda divisão
devemos ter ( ) ( ), então, ( ) ou .
Note que o valor numérico de R não depende do número α substituído no lugar de x, isto
é, ( )
Finalmente, observe que
( ) .
129
em que Q e R são, respectivamente, o quociente e o resto. Como tem grau 1, o resto
R tem grau zero ou é nulo. Portanto, R é um polinômio constante. Agora, calculemos os
valores dos polinômios da igualdade acima em
( ) (⏟ ) ( )
⏟ ( )
( )
⧠
Exemplo 3.17
Determinar o resto da divisão de ( ) por ( ) .
Fazemos, simplesmente:
( )
Note que a divisão de ( ) por um polinômio será exata, se, e somente se, for
raiz de ( ) Isso é o que afirma o Teorema de D’Alembert.
⧠
Aplicações do Teorema de D’Alembert
1ª) Verificar que ( ) é divisível por .
Fazemos:
( ) , o que implica que 3 é raiz de
( ). Logo, ( ) é divisível por
130
unidade 3
Devemos impor ( ) e, então:
( ) ( )
FIQUE DE OLHO!
ALGORITMO DE BRIOT-RUFFINI
Além do método da chave e do método de Descartes, podemos recorrer a um dispositivo
prático para divisão por binômios do tipo ( ), conhecido como Algoritmo de Briot-
Ruffini. Vamos entender como ele funciona.
Dados os polinômios
( ) ( ) e
( )
vamos determinar o quociente Q e o resto R da divisão de A por B.
Façamos:
( )
e apliquemos o método de Descartes:
( ) ( ) ( )
Impomos ( ) , e obtemos:
131
( ) ( ) ( )
Esses cálculos tornam-se bem mais fáceis com o seguinte dispositivo prático de Briot-
Ruffini:
( )
⏞
⏟ ⏟ ⏟ ⏟ ⏟
⏟ ⏟
( )
no qual:
1º) colocamos e os coeficientes de ( );
2º) colocamos , que é igual a ;
132
unidade 3
No exemplo, a seguir, fica claro como esse dispositivo facilita a obtenção do quociente e
resto de divisões de polinômios por binômios do 1º grau.
Exemplo 3.18
Obter, utilizando o dispositivo de Briot-Ruffini, quociente e resto das seguintes divisões:
a) ( ) por ( )
3 2 0 -7 3 -1
2 ⏟ ⏟ ⏟ ⏟
Assim: ( ) e ( ) .
b) ( ) por ( )
9 5 1 -11
9 ⏟ ( ) (
⏟ ) ( ) ⏟ ( )
Portanto: ( ) e ( ) .
Teorema 3.8
Se um polinômio A é divisível separadamente por ( )e( ), com , então, A
é divisível pelo produto ( ) ( ).
Demonstração.
Sejam Q o quociente e o resto da divisão de A por ( ) ( ); então:
( ) ( ) ( ) .
Calculando os valores numéricos desses polinômios em , obtemos:
( ) (⏟ ) ( ) ( ) ( )
⏟ ( )
133
em que ( ) , pois A é divisível por .
Calculando os valores numéricos desses polinômios em , obtemos:
( ) ( )⏟
( ) ( ) ( )
⏟ ( )
EXERCÍCIOS 3.5
1) Qual o resto da divisão de por ?
2) Determine , de modo que o polinômio ( ) ( )
( ) seja divisível por ( ) , e, em seguida , obtenha o quociente da
divisão.
3) Determine , de modo que a divisão de ( ) ( ) seja
divisível por ( ) .
4) Os coeficientes do polinômio ( ) formam,
nessa ordem, uma P.G. de razão 1/2. Então, qual o resto da divisão de ( ) por ?
Obs.: n é ímpar.
5) Aplicando Briot-Ruffini, determine o quociente e o resto da divisão de
( ) por ( ) ( )( ).
EQUAÇÕES ALGÉBRICAS
Desde muitos anos, um dos maiores desafios da Álgebra clássica para os matemáticos
era a procura por soluções de equações algébricas.
No século VII da era cristã, o matemático árabe Alkhowarizmi apresentou as principais
conclusões a respeito da resolução de equações do 1º e 2º graus. Em seu trabalho,
encontrou-se pela primeira vez a palavra álgebra, significando “trocar de membro um
termo de uma equação”.
134
unidade 3
Centenas de anos se passaram, até que, no século XVI, os algebristas Cardano, Tartaglia
e Ferrari propuseram fórmulas para resolver equações do 3º e 4º graus. No entanto, a
resolução de equações de grau maior que 4 continuou inquietando os matemáticos.
Em 1978, em sua tese de doutorado, Gauss demonstrou que “toda equação algébrica de
grau n, , admite pelo menos uma raiz complexa”. Esse Teorema (chamado,
posteriormente, Teorema Fundamental da Álgebra) constitui-se em um novo estímulo à
pesquisa de soluções para as equações. Nessa época, Gauss já suspeitava da
impossibilidade de resolver equações com grau maior que 4 através de fórmulas
envolvendo os coeficientes.
Anos depois, essa hipótese foi demonstrada por dois jovens matemáticos. Em 1824,
Abel, então com 19 anos, mostrou que uma equação de grau 5 não podia ser resolvida
através de fórmulas de radicais. Alguns anos mais tarde, Galois mostrou que essa
impossibilidade se estendia para todas as equações de grau maior que 4, porém, tais
descobertas não implicam a impossibilidade de conhecerem-se raízes de uma equação
de grau maior que 4. Existem proposições e condições particulares que conduzem a
solução de uma equação algébrica.
CONCEITOS GERAIS
𝑎𝑎𝑛𝑛 𝑥𝑥 𝑛𝑛 𝑎𝑎𝑛𝑛 𝑥𝑥 𝑛𝑛 𝑎𝑎 𝑥𝑥 𝑎𝑎 𝑥𝑥 𝑎𝑎
135
a) , que é uma equação algébrica do 3º grau
b) , que é uma equação algébrica do 1º grau
c) , que é uma equação algébrica do 4º grau.
Exemplo 3.20
Por exemplo, dada a equação , verificar se os números 2, 1 e i são
raízes.
Fazemos :
, logo, 2 é raiz;
, logo, 1 não é raiz;
, logo, i não é raiz.
CONJUNTO SOLUÇÃO
Chamamos conjunto solução de uma equação algébrica, no conjunto universo U, ao
conjunto de elementos de U que são raízes da equação. O conjunto universo aqui
considerado será ( ), quando não o citarmos.
Exemplo 3.21
Resolver a equação , em e em U= .
Primeiramente, em , temos:
( )
e de , obtemos .
Portanto, o conjunto solução em é * +.
Agora, em U= . Como a equação tem como raízes , a única raiz real é
0. Então, o conjunto solução em é * +.
136
unidade 3
EQUAÇÕES EQUIVALENTES
Dizemos que duas equações são equivalentes em U, quando seus conjuntos soluções em
U são iguais.
Por exemplo, as equações e são equivalentes em , pois a única
solução de ambas é 0. Todavia, não são equivalentes em , visto que a primeira equação
apresenta como raízes i e –i, além do 0, e a segunda não.
EQUAÇÃO DO 1º GRAU
As equações do 1º grau não têm uma história propriamente dita. A simbologia moderna
com que são escritas só começou a surgir no século 18. Do ponto de vista elementar,
equações são problemas do seguinte tipo: “Determinar certos valores desconhecidos,
sabendo que quando esses valores são manipulados algebricamente, de certa maneira,
são obtidos certos valores dados”.
As primeiras equações, na forma escrita, surgiram no antigo Egito, 3000 anos a.C. A
maior parte da matemática egípcia antiga, ou seja, do 3º milênio antes do início da era
cristã, encontrada, em alguns poucos papiros famosos, consiste de um compêndio de
tabelas e algoritmos aritméticos, visando à resolução de problemas úteis, tais como
problemas de medição de figuras geométricas.
Num desses papiros, o Papiro de Rhind, encontramos as primeiras equações do
primeiro grau, na forma de problemas "aha". Aha significava quantidade. Tais problemas
referem-se à determinação de quantidades desconhecidas.
Vamos analisar como se comporta uma equação do 1º grau com respeito a suas raízes
ou raiz.
𝑏𝑏
𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑏𝑏 ⬚ 𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑏𝑏 ⬚ 𝑥𝑥
𝑎𝑎
137
Toda equação do 1º grau em admite única raiz.
Exemplo 3.22
Resolver a equação ( )
Observe que a equação em questão é do 1º grau, portanto, vamos encontrar uma única
raiz para tal equação. Fazemos:
( )
Como
( )( )
( )
EQUAÇÃO DO 2º GRAU
O primeiro tratado a abordar sistematicamente as equações do 2º grau e suas soluções
foi Os Elementos de Euclides (séc. 3 a.C.). Em Os Elementos, Euclides nos dá soluções
geométricas da equação do segundo grau. Os métodos geométricos ali encontrados,
embora interessantes, não são práticos.
No início do século 9, o Califa Al Mamum, recebeu, através de um sonho, no qual teria
sido visitado pelo imortal Aristóteles, a instrução de fundar um centro de pesquisa e
divulgação científica. Tal instituição, a Casa de Sabedoria, foi fundada em Bagdá, hoje
capital do Iraque, nas margens do Rio Tigre. Lá, a convite do Califa, estabeleceu-se Al-
Khwarizmi, juntamente com outros filósofos e matemáticos do mundo árabe.
A pedido do Califa, Al-Khwarizmi escreveu um tratado popular sobre a ciência das
equações, chamado Hisab al-jabr wa'l muqabalah, ou seja, o Livro da Restauração e
Balanceamento.
Al-Khwarizmi introduziu simplificações que popularizaram, ou melhor, simplificaram a
álgebra das equações do 2º grau. Seu método de resolução da equação do 2º grau é
138
unidade 3
inspirado na interpretação de números por segmentos, introduzida por Euclides. Al-
Khwarizmi também popularizou o sistema de representação decimal posicional dos
números inteiros, criado pelos hindus, hoje de uso corrente.
De Al-Khwarizmi derivam-se as palavras algarismo e algoritmo, ambas latinizações de
Al-Khwarizmi. Do termo al-jabr, que significa restauração, deriva-se a palavra álgebra! O
termo al-muqabalah, que significa oposição ou balanceamento, é o que hoje entendemos
como cancelamento.
No seu trabalho, Al-Khwarizmi apresenta dois métodos geométricos de solução da
equação do 2º grau. Al-Khwarizmi não fazia uso de notações simbólicas em seu tratado.
Suas equações são escritas no estilo retórico, isto é, sem o emprego de símbolos.
Verifiquemos agora quantas são as raízes de uma equação do 2º grau e qual sua “forma”.
⇔
⬄( ) ⬄( ) .
Como o número complexo admite duas raízes quadradas, que são números opostos,
representado por √ segue que:
( ) ⬄ √ ⬄ √ .
Assim, encontramos duas raízes para a equação, dadas por:
𝑏𝑏 √𝛥𝛥
𝑥𝑥
𝑎𝑎
Caso , as duas raízes são iguais e dizemos que a equação admite uma raiz dupla.
Exemplo 3.23
Resolver a equação , em e em .
139
Em , temos:
( ) √ √ √
Daí,
√ ( )
( )
Portanto, em * +.
Agora, note que , portanto, a equação não admite raízes reais, e em ,
EXERCÍCIOS 3.6
1) Calcule o coeficiente m, de modo que o número seja raiz da equação
EQUAÇÕES DO 3º GRAU
Por muitos séculos, desde o período áureo da Grécia antiga, matemáticos tentaram em
vão, deduzir um método geral de solução da equação do 3º grau ou equação cúbica:
Procurava-se uma fórmula geral da solução da cúbica, isto é, uma fórmula que desse
suas soluções como expressões algébricas, envolvendo os coeficientes .
A conhecida fórmula de Bhaskara, creditada assim ao matemático hindu Bhaskara, do
século 12, conforme vimos, nos dá as soluções da equação quadrática ,
como expressões algébricas dos coeficientes .
140
unidade 3
O primeiro matemático a desenvolver um método para resolver equações cúbicas da
forma foi Scipione del Ferro, professor da Universidade de Bolonha,
Itália, na passagem do século 15 ao século 16. Antes de morrer, revelou seu método, que
mantivera em segredo, a Antonio Fiore.
Nicollo Tartaglia nasceu em Brescia, Itália, em 1499. Conta-se que era tão pobre, quando
criança, que estudava matemática escrevendo nas lápides de um cemitério. Em 1535, foi
desafiado por Antonio Fiore a uma competição matemática. Na época, disputas
acadêmicas eram comuns, muitas vezes, premiando o ganhador com o emprego do
perdedor.
Tartaglia sabia resolver as equações cúbicas de del Ferro, mas tinha descoberto também
um método para resolver cúbicas da forma . De posse desse
conhecimento, foi o vencedor na competição.
Os últimos anos de Tartaglia foram amargurados por uma briga com Girolamo Cardano
(1501{1576), um matemático italiano que, além de médico famoso em Milão, foi
também astrônomo. Cardano é tido como o fundador da teoria das probabilidades, a
qual estudou por interesses pessoais (jogatina). Em 1570, Cardano foi preso por heresia,
por ter escrito um horóscopo de Jesus Cristo.
Em 1539, em sua casa, em Milão, Cardano persuadiu Tartaglia a contar-lhe seu método
secreto de solução das cúbicas, sob o juramento de jamais divulgá-lo. Alguns anos mais
tarde, porém, Cardano soube que parte do método constava de uma publicação póstuma
de del Ferro.
Resolveu, então, publicar um estudo completo das equações cúbicas em seu tratado Ars
Magna (1545), um trabalho que superou todos os livros de álgebra publicados até então.
Em Ars Magna, Cardano expõe um método para resolver a equação cúbica baseado em
argumentos geométricos. Lá, também, expõe a solução geral da equação quártica ou
equação do quarto grau, ,descoberta por Ludovico
Ferrari (1522{1565), discípulo de Cardano, que parece ter superado o mestre na álgebra
das equações polinomiais.
141
Em 1548, Tartaglia desafiou Cardano para uma competição matemática, a ser realizada
em Milão. Cardano não compareceu, tendo enviado Ferrari para representá-lo. Parece
que Ferrari venceu a disputa, o que causou a Tartaglia desemprego e morte na pobreza,
nove anos mais tarde.
A substituição
transforma a equação dada numa equação cúbica, na forma reduzida, isto é, uma
equação cúbica sem o termo de 2o grau:
Tendo em conta essa última identidade, Cardano observa que, para que seja
solução da cúbica , é suficiente encontrar u e v satisfazendo
,
ou seja,
142
unidade 3
Teremos
. /
Se , deduzimos, então,
√ √
.
Finalmente, assumindo que , teremos, para √ ,
√ √
e então,
√ √ √ √
ou seja,
√ √ √ √
Exemplo 3.24
Aplique a fórmula de Cardano para encontrar uma solução para a cúbica
143
.
Usando
√ √ √ √ ,
obtemos:
( ) ( ) ( ) ( )
√ √ √ √
√ √ √ √
√ √ √ √
√ √ √ √ .
O método de Cardano não é o único, e nem sempre o mais prático para se obter soluções
de equações cúbicas. A seguir, daremos outras alternativas para resolução de equações
de grau 3 ou maior.
Toda equação algébrica de grau n (𝑛𝑛 ) admite, pelo menos, uma raiz complexa.
144
unidade 3
Não faremos a demonstração de tal teorema, mas apenas o uso desse importantíssimo
resultado. Com base nele, podemos decompor um polinômio de grau n. É o que nos diz o
próximo teorema.
145
Se , então . Aplicando o Teorema Fundamental da Álgebra à
equação algébrica ( ) , concluímos que ela admite ao menos uma raiz
complexa, que denominaremos . Aplicando, em seguida, o Teorema de
D’Alembert, verificamos que :
( ) ( ) ( ),
ou seja,
( ) ( )( )( ) ( ),
sendo ( ), um polinômio de grau ( ).
Após n aplicações sucessivas do Teorema Fundamental da Álgebra e do Teorema de
D’Alembert, concluímos que
( ) ( )( ) ( ) ( )
sendo ( ), um polinômio de grau
Se desenvolvermos esse produto, verificaremos que o coeficiente de é .
Identificando esse desenvolvimento ao polinômio original ( ), concluímos que
. Logo:
( ) ( )( ) ( ).
⧠
Observações importantes:
FIQUE DE OLHO!
Abaixamento do grau de uma equação
Observe que, quando conhecemos uma raiz da equação ( ) , ao dividirmos ( )
por , encontramos o quociente Q(x), tal que ( ) ( ) ( ) Então
( ) ⬄( ) ( ) ⬄ ( ou ( ) )
146
unidade 3
Desse modo as demais raízes de ( ) serão da equação ( ) , e como grau de
( ) é uma unidade a menos que o grau de ( ), dizemos que abaixamos o grau da
equação. A partir desse método, é possível resolver certas equações de graus maiores
que 2, bastando conhecer alguma ou algumas raízes da equação.
Exemplo 3.25
Verificar que uma raiz da equação é o número 1. Obter as outras
raízes e fatorar ( ) .
Para :
1 -3 4 -2
1 2 2 0
EXERCÍCIOS 3.7
1) Resolva, em , a equação , sabendo-se que uma de suas
raízes é -1.
2) Calcule k, de modo que a equação admita a raiz e,
depois, resolva-a.
147
3) Obtenha o polinômio P(x) de grau 3 que possui uma raiz igual a e duas raízes iguais
a -1, sendo ( ) .
Observações importantes!
Se P(x) é divisível por (𝑥𝑥 𝛼𝛼)𝑟𝑟 e não é divisível por (𝑥𝑥 𝛼𝛼)𝑟𝑟
Se todas as raízes são distintas, cada uma delas terá multiplicidade 1.
Exemplo 3.26
Resolva a equação ( ) ( ) e indique a multiplicidade das
raízes, sabendo que i é uma delas.
Para determinar as outras raízes, vamos efetuar a divisão de
( ) ( ) por , com a finalidade de diminuir o grau da
equação em uma unidade.
Utilizando o dispositivo de Briot-Ruffini, teremos:
1 2
1 2i 0
148
unidade 3
Além de , esta equação terá como raízes as soluções da equação
( )
Efetuando os cálculos, encontramos e .
Assim, o conjunto solução é dado por * +, sendo que a raiz i tem multiplicidade 2.
EXERCÍCIOS 3.8
1) Forme uma equação polinomial cujas raízes são -2, -1, 1 e 4, cada uma delas com
multiplicidade 1.
2) Sabendo que -2 é uma raiz dupla da equação ( ) , decomponha, em fatores do 1º
grau, o polinômio:
( )
2) Se na equação , m é uma raiz dupla e é outra raiz,
ache m e n.
PESQUISA DE RAÍZES
Quando encontramos uma raiz da equação ( ) , dividimos ( ) por ,
recaindo numa equação de grau menor (procedimento que chamamos de abaixamento
do grau de uma equação).
Por exemplo, verificar que 1 é raiz de uma equação não é difícil, basta verificar se a soma
de seus coeficientes é igual a zero.
A seguir, faremos um estudo sobre as relações entre raízes e coeficientes de uma
equação. Tais relações são conhecidas como Relações de Girard, como veremos, a seguir.
149
Se são inteiros, então, também é um número inteiro, e como d é
o produto de por um inteiro, d é múltiplo de , ou seja, é divisor de d.
Assim, podemos concluir que as possíveis raízes inteiras da equação são os divisores do
termo independente d.
Generalizando para uma equação de grau n, , temos:
Desse modo, podemos descobrir se a equação tem ou não raízes inteiras, testando os
divisores de , pois somente eles poderão assumir tal papel.
Exemplo 3.27
Verificar se a equação admite raízes inteiras.
Note que todos os coeficientes da equação são inteiros, portanto as possíveis raízes são
os divisores do termo independente 8. Os divisores de 8 são 1, -1, 2, -2, 4, -4, 8 e -8.
Então, substituindo -1 na equação, obtemos:
( ) ( ) ( ) ( ) ,
portanto -1 é raiz.
Também -2 é raiz:
( ) ( ) ( ) ( )
Se verificarmos os outros divisores, veremos que nenhum outro é raiz da equação, mas
somente -1 e -2.
150
unidade 3
racional da equação. Chame , onde p e q são inteiros primos entre si, ou seja, é a
( ) ( ) ( )
( ) e ( )
⏟ e ⏟
Como e são inteiros, p e q são primos entre si, concluímos que q é divisor de
a, e p é divisor de d.
Assim, as possíveis raízes racionais da equação dada são da forma , onde p é divisor do
Exemplo 3.28
Verificar se a equação admite raízes racionais.
Para responder esta questão, analisemos os divisores do termo independente e do
coeficiente dominante e suas respectivas razões.
Os divisores do termo independente -1 são: 1 e -1.
Os divisores do coeficiente dominante 2 são: 1, -1, 2 e -2.
Como todos os coeficientes são inteiros, as possíveis raízes racionais da equação são da
forma * + * + { }
Para ;
151
para ;
para , ;
para , .
FIQUE DE OLHO!
Note que, nas equações de coeficientes inteiros, o conjunto das
possíveis raízes racionais contém o conjunto das possíveis raízes
inteiras.
Até o dado momento, estabelecemos as relações entre raízes inteiras de equações com
coeficientes inteiros e entre raízes racionais de equações com coeficientes inteiros. Mas
e qual será a relação entre raízes complexas e os coeficientes reais de uma equação?
Esse é o nosso próximo assunto.
152
unidade 3
Teorema 3.11
Se é raiz de uma equação algébrica com coeficientes reais, então, também é raiz dessa
equação.
Demonstração.
Considere a equação algébrica
em que e .
Se, por hipótese, é raiz dessa equação, então:
Logo,
,
o que prova que é raiz da equação dada.
Consequências do teorema
Se é raiz de multiplicidade m de uma equação algébrica com coeficientes reais,
então, também é raiz de multiplicidade m dessa equação.
Numa equação algébrica com coeficientes reais, o número de raízes imaginárias é
sempre par.
Uma equação algébrica com coeficientes reais e grau ímpar admite um número
ímpar de raízes reais (logo, admite ao menos uma raiz real).
153
Exemplo 3.29
Determine o menor grau possível de uma equação algébrica com coeficientes reais que
admite as raízes .
Como os coeficientes da equação são reais, ela admite ao menos as raízes
.
Logo, o menor grau possível da equação é 7.
EXERCÍCIOS 3.9
1) Encontre as raízes inteiras da equação .
2) Encontre as raízes racionais da equação .
3) Resolva a equação ( ) ( ) , observando que a soma dos
coeficientes é nula.
4) Determine o menor grau possível de uma equação algébrica com coeficientes reais
que admite 2, como raiz dupla; como raiz dupla e como raiz tripla.
RELAÇÕES DE GIRARD
Por volta de 1630, o matemático Albert Girard obteve informações gerais a respeito de
raízes de uma equação algébrica, relacionando-as com os coeficientes da equação.
Lembremos que, ao resolver uma equação do 2º grau, como por exemplo
, podemos estabelecer que
Em alguns casos, esse sistema nos leva as raízes da equação. Neste exemplo, e
. Tais relações entre raízes e coeficientes de uma equação podem ser
generalizadas. Vamos analisar alguns casos.
154
unidade 3
Considere a equação algébrica:
onde ( )⇒ e ⇒
Assim,
𝑏𝑏
𝑏𝑏 𝑎𝑎(𝛼𝛼 𝛼𝛼 ) ⇒ 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝑎𝑎
𝑐𝑐
𝑐𝑐 𝑎𝑎𝛼𝛼 𝛼𝛼 ⇒ 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝑎𝑎
( ) ( )
Logo,
𝑏𝑏
𝑏𝑏 𝑎𝑎(𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 ) ⇒ 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝑎𝑎
𝑐𝑐
𝑐𝑐 𝑎𝑎(𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 ) ⇒ 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝑎𝑎
𝑑𝑑
𝑑𝑑 𝑎𝑎𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 ⇒ 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝑎𝑎
155
Essas três relações são chamadas relações de Girard, para uma equação de 3º grau.
Exemplo 3.30
Sejam , e raízes da equação algébrica do 3º grau .
Utilizando as relações de Girard, concluímos que
Exemplo 3.31
Vamos resolver a equação , utilizando as relações de Girard.
Chamando de , e , as raízes procuradas, podemos escrever:
( )
⇒ (1)
⇒ ( ) (2)
( )
⇒ (3)
( )
( ) ⬄6 ,
ou seja,
156
unidade 3
𝑎𝑎𝑛𝑛−
𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼𝑛𝑛 𝑎𝑎𝑛𝑛
𝑎𝑎𝑛𝑛
𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼𝑛𝑛 𝛼𝛼𝑛𝑛
𝑎𝑎𝑛𝑛
𝑎𝑎𝑛𝑛
𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼𝑛𝑛 𝛼𝛼𝑛𝑛 𝛼𝛼𝑛𝑛
𝑎𝑎𝑛𝑛
𝑎𝑎
𝛼𝛼 𝛼𝛼 𝛼𝛼𝑛𝑛 ( )𝑛𝑛
𝑎𝑎𝑛𝑛
Essas n igualdades são chamadas relações de Girard, para uma equação de grau n.
Assim, finalizamos nosso estudo sobre polinômios e equações algébricas.
EXERCÍCIOS 3.10
1) Escreva as relações de Girard para a equação
.
2) Obtenha a soma e o produto das raízes da equação
.
3) Calcule m, de modo que a equação tenha uma raiz igual ao
inverso da outra. Depois, resolva a equação. (Sugestão: utilize as relações de Girard)
4) Calcule k, de modo que as raízes da equação ( ) tenham soma
igual ao produto.
157
PARA FINAL DE CONVERSA...
Que bom que você chegou ao final de mais uma etapa. Essa chegada é fruto de sua
vontade, dedicação e persistência. Sabemos que não foi fácil essa caminhada.
Ao cursar essa disciplina, esperamos que você tenha experimentado um contato mais
profundo com a Trigonometria, com os Números Complexos e com as Equações
Polinomiais. Através dela, você revisou conteúdos, teve experiências com formas
diferentes de abordar alguns conceitos conhecidos e adquiriu novos conhecimentos.
Essa bagagem será importante para você continuar os estudos em Matemática, além de
lhe proporcionar formas diferentes para atuar em atividades relacionadas com o ensino.
Esperamos que esse texto tenha sido agradável e proveitoso para você. Foi assim que
nos sentimos ao escrevê-lo.
Desejamos-lhe sucesso em seus estudos e estamos muito felizes por termos percorrido
com você esse caminho.
Cordialmente,
Os autores.
159
REFERÊNCIAS
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