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M. Basilea Schlink

Amas – me

Editora Irmandade Evangélica de Maria


Darmstadt-Eberstadt

ISBN 3872099515
Título Original:
“Hast du Mich lieb?"
Primeira Edição em Alemão — 1952
Primeira Edição em Português— 1976
Traduzido também para o Espanhol
(c) Verlag Evangelische Marienschwesternschaft
P.O.B. 13 01 29, D-6100 Darmstadt 13
República Federal da Alemanha

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“Amemos a Deus porque Ele nos amou primeiro"
(l Jo. 4:19)

Quem pode testemunhar sobre quem é Jesus? Somente aqueles que têm um coração cheio de
amor e para quem Ele, em Seu amor, se deixou mostrar. Não são anjos ou querubins aqueles a quem Ele
dedica Seu amor pessoal e chama a sentar-se ao Seu lado no trono, para unir-se eternamente a Ele e
acompanhar Seu divino trabalho. Não, são Seus filhos pecadores para quem Ele abriu Seu coração, a
quem dedicou Seu indizível amor e em quem Ele se compraz em ver Seu amor correspondido. São os
pecadores, os que se transformam em queridos filhos de Deus, através do amor e sacrifício de Seu Filho.
São os pecadores que Ele transforma em Seus bem-amados e faz, lá no alto, participantes das bodas do
Cordeiro. Já aqui na terra, é o amor o que de maior nos pode ser presenteado, a nós crianças no Reino
de Deus. Por outro lado, tanto na terra como no céu, o maior presente que podemos oferecer a Deus é
o amor. Porque só o amor se dá por completo.
O demônio sabe disto e tenta, manhosamente, tornar sem valor este preciosíssimo dom para os
que têm fé. Ele lhes insinua a ideia de que crer é o mais importante, pois “quem crê está justificado”.
Sim, isto é verdadeiro e bom, mas segue sendo válida a Palavra de Deus: “Agora porém permanecem os
três: fé, esperança e amor. Mas de todos o maior é o amor”. É claro que não podemos amar a Jesus sem
antes acreditar que Ele existe, que assumiu nossos pecados e que por Ele fomos redimidos. Mas nós
chegamos a crer em Jesus para amá-Lo. Fomos criados e salvos por Ele para alcançar nossa meta nesta
vida e para toda a eternidade: amá-Lo, a Ele que nos amou primeiro. De outro modo não haveremos
cumprido o objetivo de nossas vidas como cristãos: “Amar-Te é viver!”
Sim, nós vivemos apenas para amar. Porque Ele, que é fonte de Vida, é amor e quem está em
Deus está em amor e não pode senão amar. Sabemos quantas vezes aparece nas Escrituras que aqueles
que O amam serão os herdeiros e O verão face a face? Estas palavras nos são pouco conhecidas, embora
conheçamos todas as que falam da fé. Mas, um dia, não nos decepcionaremos se, embora crendo n'Ele,
não O houvermos realmente amado? Não se perdoaram tantos pecados à pecadora pelo muito que
havia amado?
Nossa relação com Jesus tornou-se, na maioria das vezes, uma anêmica compreensão intelectiva.
Nós sabemos que Jesus vive. Que Ele é o Filho de Deus e que assumiu na cruz os nossos pecados.
Permanecemos na crença deste fato, nos definimos por Jesus Cristo e, se esta fé é contestada ou
perseguida, nós a defendemos como se defende uma convicção, até com a própria vida. Mas Jesus
anseia por mais. Por isso dizem as Escrituras: “E se entregasse meu corpo para ser queimado, se não
tivesse amor, isto nada me aproveitaria” (l Cor. 13,3). E Jesus pergunta a Pedro, muito pessoalmente:
“Amas-Me?” Ele não nos apresenta como primeiro Mandamento a crença n'Ele e em Sua Palavra e sim
que devemos amá-Lo acima de todas as coisas que existem na terra ou no céu.
Jesus diz algo sobre a exigência deste amor: “Aquele que ama seu pai e sua mãe mais do que a
Mim, não é digno de Mim”. Aquele que não está capturado por um amor pessoal a Jesus, deve entender
estas palavras como uma usurpação de nossos direitos. Mas isto demonstra também que nós não
contamos o Reino do Amor como fazendo parte dos Seus domínios. Ah! se suspeitássemos quanto isto
fere o Senhor Jesus! Ele não é um conceito sem vida. É o Filho de Deus. É o Filho do Homem. Ele tem um
coração que ama, que sofre. E é o próprio Deus-Pai quem fala: “Não é Efraim meu precioso filho? Tantas
vezes falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele”(Jer. 31,20). Ah, se contássemos quantas

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vezes nos falam as Escrituras sobre o amor de Deus e de como Seu coração suspira e lamenta porque
não correspondemos a este amor! Vemos na carta à Igreja de Laodicéia que o amor é o mais importante
para Jesus. Aí Ele se queixa não somente da tibieza na comunidade, mas os ameaça com vomitá-los de
Sua boca. Ele os condena não por suas grandes culpas, mas somente porque eles são mornos no amor. E
ameaça a Igreja de Éfeso com remover Seu Candelabro, caso não faça penitência, somente porque
aquele povo havia deixado esfriar seu primeiro amor. De todos os incontáveis pecados nenhum tem o
peso de um pecado contra o amor. Pois Deus é amor e se pecamos contra o amor pecamos contra o
primeiro Mandamento.
Do amor depende nossa vida de cristãos. Dele principalmente. Se tivéssemos toda a fé, capaz de
transportar montanhas, mas não tivéssemos amor, de nada nos adiantaria (l Cor. 13,2). Em Mateus
25,31 e segts., Jesus, como juiz, nos interroga sobre o amor. Pergunta aos Seus se terão amor quando
Ele voltar. Porque Ele virá primeiro não como Juiz ou Salvador, mas como noivo a buscar Sua noiva.
Quem encarna esta noiva que n'Ele se enleva? Aquela que traz a marca de uma noiva. E esta marca não
é senão o amor. Uma noiva está inflamada de amor por seu noivo.
Satanás nos obscureceu esta grande e maravilhosa glória. Lançou como verdadeira questão a
pergunta sobre quem, entre os que têm fé, seria chamado a ser esta noiva do divino esposo. E
mobilizou, com isso, nossa força de pensamento lógico não liberto. Assim muitos fiéis chegaram à
conclusão de que os judeus são a noiva e os crentes de todas as nações o Corpo de Cristo. Neste caso,
como se entende que a noiva seja a Jerusalém celeste (Apo. 21,9-10), ao mesmo tempo que cremos
poder, caso vençamos, vir a morar nesta cidade? E se isto é assim, fica implícito que nesta cidade santa
vivem almas que permanecem no amor nupcial por Jesus e que são tanto de Israel como de outras
nações. Senão elas não poderiam representar uma parte da noiva, já que a parte é igual ao todo. Onde
os fiéis não acham necessário perguntar se são os judeus a noiva de Cristo ou os crentes de todo mundo
o Corpo de Cristo, colocou satanás outros pensamentos nos corações. Para que eles não se deixem
traspassar por este amor nupcial, o demônio os induz a perguntar: as Escrituras falam da noiva como do
povo de Israel ou toda a Igreja, mas nunca que uma pessoa pudesse ser a noiva de Jesus. Aqui vale o
mesmo que afirmou acima: se a cidade de Deus e Sua noiva significam o mesmo, não se pode entender
outra coisa senão que aí moram as mais puras almas, as que permanecem neste amor nupcial, porque
cada uma delas, individualmente, representa uma noiva do Cordeiro.
O amor traz em si um segredo. Ele é o mais recatado, o mais terno e ao mesmo tempo o mais
forte, onde se encontra todo o poder — “Porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura
o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas.” (Ct. 8,6). Satanás teme este
poder do amor e faz todo o possível para que nos pareça sem valor e suspeito, criando, aqui também,
lemas (dos quais muitos já caducaram), como por exemplo: “Misticismo” ou “Repressão do instinto
sexual”.
Como deve afligir-se Nosso Senhor Jesus, quando numa destas almas, onde desabrochou um
amor íntimo por Ele, rompe-se este amor devido a conselhos de quem sobre o amor a Jesus nada sabe e
dele suspeita! Não seria melhor, como diz Jesus, que a estes falsos guardas de almas se lhes atasse ao
pescoço uma pedra de moinho e os precipitassem ao mar? Porque eles escandalizaram um destes
pequeninos que, na simplicidade de seus corações, outra coisa não fizeram que amar intimamente seu
Senhor e Salvador, tão intimamente como uma noiva a seu esposo. Porque se dirá a estas almas: Estas
são repressões sexuais, pois assim se ama a um ser humano e não a Jesus. Mas com isso não se leva em
conta, ou se dissimula conscientemente, que em todos os tempos também existiram, na Igreja de Jesus,
tais homens e mulheres, agraciados com o amor nupcial, que viviam em matrimônio e abençoados com
filhos. Não, a verdadeira repressão ao amor consiste em deixar de amar a Deus sobre todas as coisas,
pois este sim é o amor nupcial, para amar um ser humano acima de tudo.

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É claro que existe um amor humano que, emanando do Espírito Santo, é purificado através do
amor divino e não deve ser confundido com o amor de Deus, embora ambos sejam uma dádiva divina.
Noivado, paternidade e outros dons terrenos, como nossas casas e roupas, não são mais que símbolos,
sombras dos verdadeiros, reais e eternos, que estão no alto. Porque a paternidade na terra só existe
devido à do céu. O nome de toda paternidade advém d'Ele, do verdadeiro Pai. Somente porque lá no
alto existem tronos, principados, casas e vestes, é que aqui na terra se encontra o mesmo como
sombras e símbolos feitos de material terreno, passageiro e pecaminoso. E porque lá existe um noivo —
assim Jesus se autodenomina repetidas vezes — e a boda do Cordeiro, a quem pertence a noiva,
somente por isso existe aqui na terra o noivado. Mas este também é apenas uma sombra, uma
adaptação ao imperfeito, passageiro, porque no alto nem se pedirá nem se será pedido em casamento.
Queremos nós, deixando-nos, lavar pelos enganos de satanás, perder o essencial e verdadeiro
que é ser noiva do Cordeiro e deixar de tomar parte nas Suas bodas? Sim, Satanás sabe do poder que o
amor possui. Já sentiu a vitória do poder do amor na cruz, sobre ele e o inferno. Como não deveria estar
furioso, sob a forma de um anjo de luz, com piedosas palavras mas com o único objetivo de impedir
nosso envolvimento no amor nupcial. Ele sabe que os que são amantes estão preparados a entrar no
sofrimento por seu amado e ajudá-Lo a levar Sua dor. Onde há amor existem sacrifícios, porque a
característica do amor é fazer sempre demasiado. Quando cremos podemos ser obedientes e leais, mas
quando amamos nunca podemos fazer demasiado pelo amado. Assim se expressa Paulo: “E tudo
suporto por causa dos eleitos, para que alcancem também a salvação”. (2 Tim. 2,10). O amor traz em si
uma força sobrenatural tão dinâmica que é capaz de coisas que nenhum ser humano, só com a
obediência, consegue. Onde este amor é ardente estão em perigo o poder e a posição de satanás. Por
isso se enfurece e fica fora de si quando as almas desejam seguir este caminho, tratando de impedir, por
todos os meios, que elas participem deste precioso tesouro. E este tesouro não nos é dado apenas como
o mais precioso aqui na terra, mas como aquilo que é e permanecerá o mais precioso no céu.
Somente do amor se diz: “Ele não passa jamais”. A fé passa porque lá no alto O
contemplaremos. É portanto algo passageiro já que ligado somente à terra. Lá veremos a Deus, tal como
Ele é, e não haverá mais lugar para a fé. Mas o amor, que floresceu aqui embaixo sob a escuridão da fé e
esperou com ardente anseio o momento de estar com o amado, este amor se desdobrará em todo o seu
fervor quando veja a Jesus face a face. Se, já aqui, a alma se inflamava pela Sua beleza, como haverá de
inflamar-se completamente lá no alto! Lá poderá ver aquele que é o mais belo entre todos os filhos dos
homens, cujo rosto, como o sol, brilha de eterno e divino amor. Que indizível tristeza sentirão aqueles
que se pensavam entre os Seus não podendo contemplar este rosto e vendo que se lhes fecha a porta
da sala de bodas. Porque só têm entrada a esta sala aqueles que participam das bodas: noivas, as
verdadeiras noivas, em quem o amor se incendeia em clara chama, como as lâmpadas acesas das cinco
virgens prudentes. Sim, quando Ele, o Noivo, vier nas nuvens do céu, perguntará apenas por uma coisa:
pelo amor. Paulo escreve que àqueles “que estiverem, com amor, esperando a Manifestação”, será
dada a coroa no dia de Sua glória, o dia das bodas do Cordeiro. É nosso destino que está em jogo, para
toda a eternidade, quando nos entregamos, com todas as forças do nosso coração, ao Seu chamado de
ardente amor nupcial.

“ Quem mais tenho eu..."


(SI. 73, 21)

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O amor nupcial tem a característica de somente buscar, amar e seguir a seu amado. Maria
Madalena, a que muito amou, é uni exemplo disso. Depois da morte de Jesus, ela se apressa a ir ao
sepulcro, de manhã cedo, antes de qualquer dos discípulos, levada pelo amor a buscar aquele que é o
amor de sua alma. Aí encontra um belíssimo anjo com as vestes resplandecentes de um brilho celestial.
Mas Maria Madalena está cega para toda beleza, mesmo que essa seja a majestade e magnificência de
um ser celeste. Seus olhos buscam o amigo de sua alma. E ela se dirige ao jardineiro perguntando:
“Onde o puseste?”. Embora não O encontre não desiste de procurá-Lo. O amor não desiste porque ele
sempre espera e acredita, mesmo quando, na verdade, não há em que acreditar ou o que esperar. O
amor não se detém. Persegue seu objetivo: possuí-lo, possuir o amado. Não se contenta com menos
porque para ele tudo o mais é sem cor e mesquinho, quando comparado com o amado. Este amor não
descansa até poder lançar-se aos pés daquele a quem diz: “Raboni”.
Em Maria Madalena vemos este amor nupcial, um amor exclusivo — ela ama somente a Ele — e
Sua formosura atinge até o mais íntimo de seu ser. Ah! Estaremos atingidos por Nosso Senhor Jesus, de
tal modo a sermos totalmente tomados por Seu amor, pela beleza de Seu rosto, a ponto de precisarmos
cantar com o poeta Wilhelm Lõhe:

“Que me detém? Deixai-me ir / para junto do meu


povo a ver o Filho do Homem! / Não só meu
olhar mas também minha alma deseja submergir /
em Sua bela majestade. / Já agora uma alegria e
tremor me traspassam; / deixa-me ir para o alto,
Oh Senhor, para Teu lado, / pois meu espírito
clama dentro em mini por contemplar-Te!”

Este é o idioma do amor que nunca pode calar. Do amor que apenas sabe expressar-se sobre seu
amado. Que, tal como fez Maria Madalena, se esquece a si mesmo.
Oh, o amor é forte, pois nem mesmo os muitos obstáculos o podem subjugar. Este amor que se
inflama em Jesus Cristo é mais forte que tudo. Se o amor que incendeia pobres mortais pode ter um
grande poder, como deverá ser, então, o amor que se inflama no Criador do céu e da terra. Naquele
cujo coração une todo amor do universo, como numa brasa ardente, com uma força tal que nele se
aniquilam os poderes do pecado e de satanás. Este amor tem poder sobre tudo. Sabemos que os
mártires se lançavam ao fogo e à água, assim como às feras, porque, como diz urna antiga canção
guerreira, eles “chispavam fogo e ardiam de amor”.
Oh, não deveria Jesus, Ele que possui em Si o poder e a plenitude do amor, preencher com
torrentes de amor um coração que do Seu se aproxima e a Ele se oferece? Canta-se sobre os mártires:
eles são ébrios, nécios de amor. E assim deve ser. Pois Aquele por quem eles se deixaram inflamar era
também um enamorado insensato. Ele amava pessoas que não O queriam, que O odiavam apesar de Ele
os haver criado. Oh, que loucura! Ele os seguiu amando e sempre teve renovadas palavras de amor e
reconciliação, embora O rechaçassem, escarnecessem e pregassem na cruz. É realmente um enamorado
insensato o que perde tempo com quem O trata com os pés, o que tudo tolera embora seja Jesus, o
Senhor e Deus Todo-Poderoso. Embora lhe baste uma só palavra para lançar os adversários a Seus pés.
Que imenso amor aquele que só tem uma resposta a toda malícia: amor! Porque Ele não pode senão
amar! Porque entregou Seu coração a nós, filhos de Deus! Jesus ama sem limites e sem fim. Ele vive
para nos amar. Como poderá nosso amor ser de outra forma, quando ele se inflama por um tal Amor?
Por isso o nosso amor também precisa amar insensatamente, como escreve o apóstolo Paulo:
“Nós somos insensatos por causa de Cristo, e vós sois sábios em Cristo. Nós somos fracos e vós sois
fortes. Vós sois ilustres e nós desprezados. Até este momento padecemos fome, sede e nudez. Somos

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maltratados e errantes. Chegamos a ser o lixo do mundo, e somos, até o presente, a escória de todos.” (l
Cor. 4,10-13) Por que? O apóstolo Paulo teria, seguramente, a possibilidade de levar outra vida como
piedoso judeu. Mas o amor a Jesus o tornou insensato, e desde então só podia ambicionar satisfazer a
Jesus. E porque O amava, tratava de segui-Lo em Seu caminho de amor insensato. Por isso o apóstolo
entrou em êxtase quando falava sobre Jesus com o governador Festo, a ponto deste dizer-lhe: “Paulo,
estás louco”. (At. 26,24)
Onde ficou aqui o cristianismo burguês? Aqui se vê muito mais um amor apaixonado, uma
entrega que vamos encontrar também em Estevão. Estes homens viram a Jesus, o Filho de Deus, vivo —
e não uma ideia qualquer que toma forma — e se transformaram em tais tochas de amor que, daí por
diante, somente uma paixão indelével ardia em seus corações. Em seus corações ressoou um nome que
os deixou jubilosos e os impulsou a aceitar o sofrimento e a morte, falando: “Quanto à minha vida, não
vale a pena falar dela”. (At. 20,24) E este nome era o de Jesus, cheio de beleza e majestade, o nome do
eterno amor em que se compõe toda salvação e bem-aventurança.
Este amor, o amor nupcial, amor insensato, apaixonado, é exatamente o amor de pecadores.
Nasceu no coração de pecadores. Não naqueles corações que afirmam um “mea culpa” formal, teórico,
sobre os quais já recai um sentença das Escrituras, pois eles, como os doutores da lei, não têm
arrependimento nem dor. Não, são os pecadores que, como o filho pródigo, se ajoelham confessando
ao pai, aos céus e, se necessário, perante os homens: “Pequei contra o céu e contra Ti, já não mereço ser
chamado Teu filho!” (Lc. 15,21)
Pecadores são aqueles que já não se consideram com valor e dignidade para serem amados por
Deus e pelos homens. Aqueles que, devido ao seu comportamento, adiam que o pior dos tratamentos
lhes é o mais adequado, dizendo como o filho pródigo: “Já não mereço ser chamado teu filho, trata-me
como a um dos teus empregados”. E, tal como ele, conseguem não apenas o perdão mas um imenso
amor que o presenteia com a melhor roupa, anel e banquete. Um amor que, cheio de alegria, o toma
afetuosamente nos braços, porque seu filho amado voltou ao lar. E este amor, que é inconcebível e
transbordante, torna pecadores em grandes amantes que já não podem senão voltar a amar
afetuosamente.
Tal havia passado com a grande pecadora. Durante sua vida ela foi seguramente muito amada
pelos homens. Mas agora encontrou aquele que é o grande amante, cujo amor é tão límpido e claro
como Sua face resplandecente. Aquele cujo amor foi tão suave e misericordioso que a curou de toda
enfermidade. Aquele cujo olhar cheio de amor envolveu tão carinhosamente sua pobre e enferma alma,
carente de amor divino, que ela só podia, tal como o filho pródigo, prostrar-se frente este amor e adorá-
Lo e a Ele entregar-se. Este amor foi demasiado forte para ela. Todo amor humano, todas as ligações
que possuía se desvaneceram como névoa ante o calor do sol nascente. Este amor inflamou seu coração
pelo único grande amor, por quem fomos criados e salvos para toda a eternidade, pelo profundo amor
de Jesus, o amor ao Redentor, Salvador e Noivo.
Enquanto o pensador inteligente, o fariseu, discutia com Jesus, n'Ele meditava e falava, a grande
pecadora fazia outra coisa: amava a Jesus e com isso entregava aquilo que o coração de Jesus desejava.
Como nos diz Sua Palavra: “Conhecer o amor de Cristo que supera todo a entendimento”, é melhor que
possuir muitos conhecimentos sobre Jesus. Sim, “se alguém me ama”, fala Jesus, “meu pai o amará, e
viremos a ele e estabeleceremos nele a nossa morada”, (Jo. 14,23) e a este Ele se revelará.
Ele dá Seu perdão a estes amantes, tal como perdoou a grande pecadora com a palavra: “Porque
ela muito amou, muitos pecados lhe foram perdoados — vai em paz”. Do que Jesus disse ao fariseu
Simão se depreende o quanto Ele valoriza o amor: “Entrei em tua casa e não me deste água para os pés,
não ungiste com óleo minha cabeça.., ela, ao contrário, não cessou de cobrir os meus pés de beijos”.
Como se entende que a Jesus lhe agrade que uma mulher molhe Seus pés com lágrimas e com seu

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próprio cabelo os seque? Não teria razão o fariseu Simão, que simplesmente não convêm tais descargas
sentimentais, especialmente quando partem de uma mulher que é uma pecadora?
Realmente, se Jesus não é para nós mais que um objeto sem vida, separa nós verdades como
justificação, expiação, são apenas teoria e nada mais, então nos parecerá estranho o que passou na casa
de Simão. Mas Ele é o Filho do Homem, — tem um rosto igual ao dos homens (Dn. 7,13), Ele tem mãos,
mãos de Salvador que são tão ternas e belas que levam as chagas como sinais eternos do Seu amor. Ele
tem um coração que foi ferido pela nossa infidelidade e falta de amor, especialmente de Seus filhos.
Este coração bate com um grande e profundo amor que ama de forma tão pessoal como um amigo a
outro (Jo. 15,15), como a noiva a seu noivo. Que outra coisa podia fazer a grande pecadora senão amar
ternamente este rosto, o mais belo do céu e da terra? Pois já o salmista no Antigo Testamento cantava:
“Eu procuro, Senhor, a Tua face” (SI. 27,8) — “Faz resplandecer o Teu rosto e seremos salvos”(SI. 80,7).
A pecadora sentiu como sua alma se restabeleceu sob a luz do Seu rosto. Que mais podia então
fazer senão adorá-Lo e pensar, cheia de imenso desejo, nesta face do mais belo de todos os filhos de
homem? Havia visto o Rei em Sua beleza, admirado um rosto da mais alta nobreza, como o mundo
nunca havia admirado, como jamais homem algum possuiu. Um rosto radiante, cheio de beleza divina,
de indizível majestade e, ao mesmo tempo, tão cheio de amor e misericórdia que com Seu amor atrai os
pecadores e os ajuda. A eterna paz de Deus repousa neste rosto. Ela buscava esta face e nela encontrou
um olhar que lhe manifestou: “Eu te amo, a ti pecadora, tal como és; teus pecados te são perdoados”.
Quem viu este rosto uma vez tem sede de contemplar a Jesus por toda a eternidade. Isto é a suprema
felicidade, como revelam Seus servos que podem servi-lo no alto: “... e contemplarão Seu rosto” (Apo.
22,4).
“Que me detém? Deixai-me ir para ver o Filho de Deus e do Homem!” Assim canta o poeta
Wilhelm Lõhe e ainda não O havia visto. Mas a pecadora O contemplara e nada a podia deter — nem a
casa do fariseu que a desprezava, nem a impossível situação de estar numa reunião de teólogos que a
olhavam com desdém — não se resignou, em todo caso, a ser uma mulher israelita, ao entrar numa casa
onde homens se reuniam. Mas ela buscava Aquele a quem sua alma amava efusivamente até a loucura,
tanto que Lhe beijava os pés, molhava-os com lágrimas e derramava sobre Ele, abundantemente, um
finíssimo unguento.
Este lugar aos pés de Jesus se tornou, para muitas almas, o lugar do pecador, o preciosismo lugar
onde elas sempre voltam a prostrar-se, mentalmente despedaçadas em sua dor e abraçam Seus pés
traspassados na cruz, como se apresenta em muitos quadros e canções. Sim, Jesus não é uma coisa
morta. Nós podemos abraçar Seus pés, colocar nossas mãos em Suas mãos, podemos olhar Seu rosto e
admirá-lo. Podemos amá-Lo porque Ele muito nos amou e é o único digno de amor no céu e na terra.
Podemos amar a Jesus como Ele foi amado por Maria de Betânia. Ela se uniu tão intimamente ao
Seu coração que chegou a sentir em si Sua tristeza mortal e como Ele estava preparado para a morte. E
ela veio ungi-lo para Seu sepultamento. Seu amor sentia o que passava no coração de Jesus, que
sentimentos o moviam enquanto os discípulos nada percebiam. Eles se preocupavam consigo mesmos e
com várias perguntas. Mas o amor já não pergunta. O amor não pode viver de pensamentos. O amor
precisa presentear-se ao amado com tudo o que ele possui. Precisa alegrá-lo, consolá-lo, refrescá-lo. E
isto fez Maria de Betânia. Nenhum dos discípulos pensou em Jesus nestes momentos em que Ele se
preparava para a morte. Nenhum deles pensou nos sofrimentos por que Sua alma estaria passando. O
coração de Jesus não se revelava a Seus discípulos em tudo o que sentia e por tudo o que passava,
porque eles ainda amavam pouco, por haverem vivido pouco com Ele. Mas o amor de Maria de Betânia
pôde reconhecer o que os discípulos não puderam. E ela ainda faz a Jesus um último favor em vida,
ungindo-O antes de Sua morte.
A ânsia de fazer ainda algo, de qualquer modo, por Nosso Senhor, a havia levado a trazer este
vidro com precioso unguento. Era o melhor e mais precioso que ela possuía e apenas suficientemente

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bom para seu Senhor. Seus discípulos diziam: “Para que este desperdício?”. Mas o amor não fala assim.
O amor é profuso, ele precisa fazer algo efusivo. O amor tem de superar em muito as medidas do dar
por obrigação porque ele é de tal forma ardente que não sabe tudo o que deve presentear ao amado.
Um homem se torna insensato até mesmo quando ama outra pessoa, desejando entregar-lhe tudo o
que possui. Ah! como poderia ser de outro modo com aqueles que realmente encontraram a Jesus e,
sendo pecadores, puderam admirar Seu afável rosto? Com aqueles que ardem em tal amor que por Ele
desperdiçam seus bens e haveres, sua força e saúde, sua família, sua vida, tudo enfim, como o fizeram
Francisco de Assis e Sadhu Sundar Singh?
Que loucos e enganados por satanás somos nós! Quando a pátria chama para a guerra o homem
comum se lança no amor pelo povo e pela pátria, abandonando a família, casa, bens materiais e
espirituais, desperdiçando sua força saúde e vida. E todos acham óbvio e natural. Mas quando Jesus, o
Rei dos reis, chama uma pessoa para Seu serviço, então atrevemo-nos a apresentar-Lhe desculpas.
Desculpas que não nos atrevemos a dar a outros homens quando nos chamam para a guerra. Mas a
família é um dom divino — como pode um filho deixar sua mãe, causando-lhe tamanho sofrimento! A
saúde pertence também ao Senhor e nós devemos cuidá-la e poupar-nos — o serviço no Reino de Deus
te vai aniquilar. Ou ainda: todos os bens espirituais e culturais são uma dádiva de Deus — como se pode,
de forma tão parcial e com tanta naturalidade, deixar tudo e consumir-se totalmente no serviço de
Jesus!
Deste modo, tontamente, falamos os homens demonstrando com isto que não temos a menor
ideia de que Cristo é um Senhor e que para Seu chamado só há uma posição: obediência. Com estas
desculpas e procedimento fazemos ainda pior, demonstrando que apesar de conhecer a Jesus não O
amamos. Porque o amor não pergunta o que perde: riqueza, força, saúde, profundo amor, bens
espirituais. Ele perde com alegria o último que possui, como fez Maria de Betânia, sobre quem Jesus
disse: “Ela fez o que pôde”. (Mc. 14,8) Ela fez tudo, deu tudo o que possuía, porque amava a Jesus.
Mas, tal como para os apóstolos naquele tempo, um amor destes parece “um desperdício”,
pouco sóbrio, exagerado, porque também esses não foram atingidos por este amor insensato. Só os que
amam se entendem, aos outros eles parecem sempre um pouco loucos. Assim era Maria de Betânia
julgada pelos discípulos. Mas Jesus tinha em tamanho valor este ato de amor que, coisa que nunca havia
feito em outra ocasião, afirmou: “Em verdade vos digo: onde quer que for pregada esta boa nova em
todo o mundo, será também narrado, em sua memória, o que ela acaba de fazer”. (Mt. 26,13) Tal como
o amor que nunca termina, assim também não têm fim os frutos que nascem de atos de amor. Os que
assim amam “colhem sem fim”. Sim, o conhecimento é incompleto e terminará quando vier O que é
perfeito. Mas o amor nunca acabará. Ele nasceu do coração de Deus e por isso não pode morrer. Ele é
uma parte da essência de Deus, que é amor, e Sua essência é eterna.
É estranho que Jesus elogie e sinta prazer e alegria entre os gentios, e tão pouco com a gente de
Seu povo. Ele o fez com a pobre pecadora que recebe o elogio que nós gostaríamos imensamente de
ouvir de Sua boca no fim das nossas vidas: “Ela amou muito”. Do mesmo modo solicitamos que um dia,
como no segundo elogio sobre Maria de Betânia, a boca de Jesus se digne pronunciar sobre nós: “Ela fez
o que pôde”. A casa se encheu com o perfume de ungüento deste sacrifício de amor, e Jesus sentiu
como um refrigério o maravilhoso aroma que o atravessava. Sacrifícios de amor são os únicos dignos
d'Ele. Sacrifícios com os quais presenteamos a Jesus o que de mais precioso possuímos. Todo o resto é
demasiado pouco para Ele que é o próprio amor e que nos deu Sua vida por amor. Tantas coisas que nos
são preciosas devemos entregar quando de guerras ou intervenções do Estado. E, quando morremos,
deixamos tudo para traz. Não há outra forma. Que maravilhosa é a possibilidade de poder presentear
algo, livremente, a Nosso Senhor Jesus, por puro amor! Quem poderia hesitar ao contemplar Seu rosto?

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O apogeu do amor: as bodas do Cordeiro

“Seu amigo vem magnífico do céu, forte em graça, poderoso em verdade, clareia sua luz,
amanhece sua estrela”. Assim canta a noiva Igreja que o espera. A clara estrela da manhã nasceu, o
“Noivo vem” (Mat. 25,6). Rejubila-se a noiva à meia-noite, porque Ele aparecerá em grande esplendor e
glória. É chegada a hora de Seu regresso, quando será revelado quem, entre os Seus, estavam ardentes
de amor. Nesta hora vem o Senhor de todos os senhores, o Rei dos reis, como noivo procurando as
almas noivas que, em grande ânsia de amor, Lhe estendem a mão.
Então se apresentará ao nosso coração apenas uma pergunta, a pergunta de Jesus a Simão
Pedro: “Tu me amas?” E nesta hora Ele se revelará àqueles que O amam e se cumprirá a palavra de
Jesus, tal como está em João 14,21. E eles que “amam sua chegada” (2 Tim. 4,8b) serão coroados na
boda. Neste momento, precioso será o amor a Jesus. “Ela muito amou”, valerá mais que todos os doces
e tesouros deste mundo. Deste modo apenas esses, que O amaram muito, os que possuam este sinal de
noiva, experimentarão a graça do enlevo. Nenhuma outra alma O verá quando Ele se revelar, vindo das
nuvens do céu, como o noivo de Sua amada noiva.
Oh, grande perdão de Deus, permitir-nos ver a Jesus como noivo! Quão amorosamente Ele
deseja ser contemplado como o Salvador em Sua bondade e grande misericórdia! Que espetáculo
apresentou Jesus aos Seus, como Cordeiro, açoitado e torturado! Não abriu a boca, e Seu nobre rosto,
sob a coroa de espinhos, olhou-os suavemente na beleza do sofrimento e amor. Um profundo
sofrimento marcava a fronte de Jesus e entre toda amargura e martírio, Seus olhos, sangrentos e cheios
de lágrimas, brilhavam de puro e compadecido amor. Esta cabeça cheia de sangue e feridas é o amor de
todos os pecadores, á qual eles sempre cantam: “Bendita sejas”.
Mas neste regresso Jesus não se revelará como o Salvador, como Cordeiro ou como Juiz, cujos
olhos são como chamas de fogo e de cuja boca sai uma espada de dois gumes. Não! Jesus se revela em
beleza única e especial, somente para aqueles que foram chamados para as Bodas do Cordeiro. Ele vem
como o noivo real, em glória e majestade (SI. 45,9-10). Jesus aparece em grande glória, formosura e
alegria, acompanhado por milhares e milhares de anjos, para buscar Sua noiva.
“Chegaram as Bodas do Cordeiro” (Rev. 19,7). O dia esperado pelos céus, séculos após séculos. A
festa preparada pelos anjos como a maior que os céus já celebraram. “Alegremo-nos, exultemos e
demos-lhe glória”. Assim soa o chamado através dos céus. Sim, o Pai organizou uma boda para o Filho e
“Sua noiva está preparada” (Rev. 19,7). Oh, admiração de todos os anjos, querubins e serafins: a noiva
do Filho de Deus, Rei dos céus e da terra, são os pecadores que “lavaram as vestes e as alvejaram no
sangue do Cordeiro” (Rev. 1,5 e 7,14) e agora, glorificados, assemelham-se a Ele, o Rei dos céus. “Ele
encontra Seus traços nas feições de Sua noiva que será desposada por assemelhar-se a Ele” (Rom. 8,29).
Oh, nobreza mais bela de almas nupciais que resplandecerão como o sol no reino de seu Pai ( l
Jo. 3,2 e Mat. 13,43), porque irromperam em perfeito amor, tudo padecendo, suportando e esperando
em divina misericórdia, como seu Senhor e Noivo. Seus corações foram purificados e podem ver a Deus
em Sua justiça. Que grande escolha, retirar dentre os pobres pecadores a noiva d'Aquele que é o criador
de todas as coisas, que majestosamente se senta à direita do Pai e diante de quem todos os joelhos se
devem curvar no céu e na terra! Sim, não menos que com dignidade de rei e ornamentos nupciais, Jesus
será arrebatado sob o júbilo de todos os anjos e louvores dos céus, por entre nuvens, nos ares, para
buscar Sua noiva no dia das bodas, (l Tes. 4,17 e Rev. 19,7)
“O Seu rosto assemelhava-se ao sol, quando brilha com toda sua força”. (Rev. 1,16) Este amor
brilha de fervor como apenas Ele pode amar: tão perfeito, tão puro, tão profundo, tão terno mas
também tão forte e fervoroso que uma torrente de encanto se derrama quando Ele, o noivo, se
aproxima. E agora Ele pode mostrar Seu rosto a ela, que tanto ansiou e chamou: “Quando irei e me verei

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perante a face de Deus?”. (SI. 42,2) Agora todo seu sofrimento terminou, toda sua ânsia se acalmou. Ela
pode fitar nos olhos d'Ele que é o Salvador do mundo e seu Senhor e noivo, a quem ela ama com amor
indescritível. Ela poderá apenas, diante de Seu aspecto majestoso, real, divino, de indescritível beleza e
elevação, ajoelhar-se a Seus pés e orar. Mas Ele a levanta e traz para Sua direita. Ela já é Sua noiva sobre
quem é dito: “À tua direita está a rainha adornada de ouro finíssimo de Ofir”. (SI. 45,9) Sua fé e seu
amor foram provados no fogo do sofrimento. Agora ela resplandece no brilho real e na beleza da cidade
de Deus, onde apenas existem amor e glória eternos e onde ela deverá morar.
Este cidade é a chamada “Noiva do Cordeiro” (Rev. 21,9—10) e cada alma por ela abrangida
participa nessa escolha. Quem reconheceria o pecador em tal noiva? “Como é bela a noiva de meu rei”.
Assim se rejubilam hostes de anjos e oram maravilhados com o poder do sangue de Cristo. Pois Ele
torna pecadores em santos, em noiva do Rei no Seu trono. (Rev. 1,6 e 3,21; Ef. 5,25—27; 2 Cor. 11,2)
Sim, a noiva está vestida com realeza, em seda branca, coroada com a coroa da justiça (2 Tim. 4,8) e
agora ela entra, ao lado do Rei de todos os reis para festejar as bodas. A sala das bodas está repleta de
sons de harpa. Os anjos, em júbilo infinito, cantam em coro para o noivo e a noiva escolhida por Seu
amor: “Glória seja cantada a 11 em línguas de homens e de anjos, com harpas e címbalos”. Que dia de
grande alegria, que despertar da glória de Deus, quando pecadores perdoados e glorificados se acham
preparados para tomar posse de sua herança real! Oh, que dia cheio de alegria para todos os que são a
noiva do Cordeiro, porque haverá apenas um amor em seus corações: Jesus!
Gostaria que quem ainda não crê no divino amor nupcial escutasse o seguinte: Para que haja
uma boda é necessário que exista um noivo e uma noiva, e onde está a noiva deve haver um coração
que queima e se rejubila em amor nupcial: “Formoso Senhor Jesus, que governa o Universo, Filho de
Deus e de Maria, quero amar-Te, quero honrar-Te, a Ti, alegria e coroa de minh'alma”. Jesus espera por
este amor. Ele deseja dar-se como noivo, pessoalmente, aqui e eternamente, em amor terno e íntimo.
Ele corteja nosso amor como está escrito no SI. 45,11-12: “Ouve, filha; vê, dá atenção; esquece o teu
povo e a casa de teu pai. Então o rei cobiçará a tua formosura. Pois ele é o teu senhor. Inclina-te perante
ele”
Ah, se nós ouvíssemos este chamado e nos entregássemos como uma Maria de Betânia que lhe
entregou o mais querido que possuía! Ele a recompensará nobremente e se dará a Si mesmo a Sua
noiva. Dar-lhe-á o lugar de confiança que pertence a uma noiva: deixar-lhe-á ver Seu coração. Quando
um homem, a quem honramos e amamos, nos deixa ver seu coração, que ele não abre tão facilmente a
alguém, isto já é uma preciosidade. Que grande graça para as pobres almas pecadoras quando o Rei de
todo o universo nos abre Seu coração, que é o centro desse universo, que tudo criou, que traz em Si um
amor que envolve o mundo e a humanidade, e que sofre permanentemente por nós.
Oh, grande escolha: ser noiva do Cordeiro, poder caminhar a Seu lado e participar
sacerdotalmente no sofrimento do Seu coração (Cl. 1,24; l Jo 3,16; 2 Tim. 2,10; Cor. 12,15; Flp 2,17), tal
como foi permitido a todos que O amam. Que sublime escolha, poder, no alto, descansar em Seu
Coração e, como noiva real, dividir com Ele o trono e o poder! (Rev. 3,21) Sim, é isto o que Deus
preparou para todos aqueles que O amam.

Contigo, para Ti!

Mas como chegaremos a este amor? Ninguém pode ver a Jesus sem que se inflame de amor por
Ele. Ah, se nós nos ocupássemos mais com Ele que com os homens e toda as coisas criadas na natureza
e no mundo do espírito, de modo a esforçar-nos mais por amar Nosso Senhor Jesus com toda

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simplicidade! Falemos com Ele durante o dia como faz todo amigo com seu amigo, todo noivo com sua
noiva. Conversemos sobre todas as nossas dificuldades e necessidades, apresentando de imediato
nossas queixas (Sl. 62,9). E compartamos com Ele, como crianças, toda a alegria que move nosso
coração. Este é o caminho do amor, aquele em que se compartilha tudo com o amado. Que nós não O
tratemos como a um estranho, a Ele que deseja ser nosso noivo! Talvez escutemos tão pouco Sua voz
por não estarmos próximos desta relação de amor, na qual tudo é compartilhado e falado ao amado.
Quantas vezes O deixamos sozinho e nos afastamos da posição de noiva.
O Evangelho nos mostra como Ele nos conhece e conosco suporta e sofre. Por este motivo não
necessitamos fazer grandes orações. Seu coração se alegra e outra vez, estreitamente, se refazem os
laços de amor quando nós O vemos como nosso Salvador, quem nos proporciona felicidade, como nosso
Noivo e Cordeiro, e cheios de amor por Ele dizemos: «Meu Jesus, meu Salvador, meu Noivo». Pensamos
então que Ele poderia calar-se? Ele nos chamará com amor e deixará que flua sobre nós o poder da
bênção que se esconde sob o nome pelo qual O chamamos. O amor deveria aproveitar os vários nomes
que tem Nosso Senhor Jesus, para com Ele conversar, saudá-Lo e exprimir-Lhe nosso amor. Ele tomará
em Seu coração este louvor e estenderá um vínculo de amor entre o Seu e o nosso coração. Nossa boca,
porém, está quase sempre muda ou repleta de outros nomes e coisas. Mas o amor deve pronunciar
continuamente os nomes de seu amado. Eles são seu bálsamo, alegria e vida. Quando os pronunciamos
despertam no amor novos ardores em seu coração.
Quantas vezes ecoa em nossos corações: Jesus, meu Rei, meu Noivo, meu Salvador, minha
Felicidade? Os céus não podem calar sobre o nome de Jesus. Ante este nome, todos, no céu e na terra,
devem curvar-se e orar. O céu se rejubila ante o sussurro deste nome, mas nós, por Ele redimidos,
eleitos por Seu amor, a quem Ele escolheu para Sua noiva, nós nos calamos! Para um noivo, é um
presente de amor escutar sua noiva repetir carinhosamente seu nome. Mas nós perdemos a
simplicidade das crianças e dos amantes. Nossa relação com Jesus é tão sem vida e anêmica que faz
fenecer nosso amor.
Sejamos perante Deus como uma criança que ama a seu pai, como uma noiva que ama a seu
noivo. Com isto O alegraremos, a Ele que sempre nos diz que deveríamos ser como criancinhas. Uma
criança dá sempre pequenos presentes de amor à sua mãe. São, frequentemente, objetos estranhos e
infantis, no entanto, valiosos para a mãe porque vindos do amor da criança. Em sua maioria são coisas
sem valor aparente mas preciosas para a criança, porque lhe significam um grande esforço. A noiva faz o
mesmo para o noivo. As leis do amor são sempre as mesmas. Ela presenteia o noivo com o que lhe é
amado e precioso e para ela significa esforço. Seu amor não pode agir de outra forma que não seja
dando sempre algo de novo ao amado.
Não deveria também Jesus, nosso noivo, aquele que busca nossa afeição, esperar por tais
presentes e pequenos esforços do nosso amor? Ele já nos disse claramente: “Em verdade vos digo: o que
fizestes a um dos menores desses meus irmãos, a mim o fizestes” (Mat. 25,40). E nos diz uma vez mais
através de Seus apóstolos: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo coração, como para o Senhor e não
para os homens” (Cl. 3,23). Como poderíamos alegrar Seu coração, se fizéssemos como o coração de
uma noiva apaixonada, que canta continuamente durante todas as suas ações: Para Ti, para Ti!
Não deveria Ele, o noivo, Rei de todos os reis, encontrar o verdadeiro amor em nosso coração?
Não deveria soar em nossos corações, em casa, no trabalho e em todas as partes: Para Ti, para Ti?
«Contigo tudo fazer e tudo deixar». Não deveria nosso amor por Ele mover-nos a outras coisas mais que
o amor a um noivo humano? Ofertar-lhe diariamente aquilo a que Ele nos exorta em Suas palavras:
perder a vida por Sua causa, por amor a Ele? (Isto significa tudo o que pertence à nossa vida em homens
bens e dons.)
O jovem rico não o conseguiu e por este motivo se foi triste. Mas para aqueles que realmente O
amam constitui uma alegria perder a vida por Ele, a Ele presentear novos sacrifícios de amor, pequenas

12
dádivas de si mesmos como sejam: esgotar suas forças, sacrificar tempo e sono em benefício de outros;
calar, quando desejaríamos defender nossos direitos; recusar o que nos traria prazer e outras atitudes
semelhantes. Queremos envergonhar-nos diante do amor das criancinhas escutando a sugestão de
satanás: «Isto é ascetismo»? Deste modo todo auto-domínio seria ascetismo. Quando uma criança, por
amor à sua mãe, faz o que lhe é pedido, quando come alguma coisa contra seu desejo, quando dá à mãe
um pedaço do chocolate recebido de presente, está entregando algo de sua vida. Toda doação e
sacrifício que uma noiva faz por seu noivo seria também ascetismo, em seu sentido negativo. Ah, se nós
não escutássemos as palavras de satanás e sim a palavra de Deus! Jesus nos exorta a perder nossa vida
por Sua causa, sacrificar-nos, doar-nos como o fez Maria de Betânia. Com que freqüência o fazemos? No
final dos tempos Ele nos perguntará por nosso amor. E amor se demonstra fazendo sacrifícios. Quantos
sacrifícios de amor Lhe ofertamos diariamente, clamando de coração, em todos os sacrifícios
voluntários, quando nos desligamos dos homens, coisas e pequenas alegrias e satisfações: Para Ti, para
Ti, meu Jesus, meu Salvador, meu Noivo!?
Conta uma lenda que um discípulo de Jesus entrou na eternidade depois de uma vida onde
trabalhara na vinha de Deus, como Seu servidor. Os anjos que o acompanharam mostraram-lhe um
talento e ele ficou muito feliz. Então disse-lhe um anjo: «Agora seu talento será dividido em seus
elementos e novamente pesado. O fruto restante demonstrará o que continha de amor». Quando o
anjo retornou, trouxe apenas um pequeno grão porque este servidor de Deus pouco havia feito na terra
de amor pessoal e abnegado para seu Senhor Jesus em sua permanência na terra.
Sim, no final de nossa vida valerá apenas o realizado por amor a Nosso Senhor Jesus. Ele, que é o
amor, procura nos Seus o amor, amor que se externa em dádiva do coração ao amado. Amor que se
expressa em permanente prova de amor, em pequenas gentilezas e sacrifícios. Ele nos convida. Ele
espera por nós, pelas palavras e ações do nosso amor, que nos devem unir intimamente a Ele e nos
deixarão sentir como Ele abre Seu coração, o Seu coração de noivo. Ele nos cobrirá com o encanto de
Seu amor, como uma corrente que nos embriagará com as riquezas de Sua casa, exclamando como a
noiva no Cântico dos Cânticos: “Quão formosa e quão aprazível és, oh amor em delícias!”(Ct. 7,6)
Nenhum amor é tão rico, tão suave, tão íntimo, tão profundo e tão cheio de ardor divino como o amor
de Jesus. Bem-aventurada é a alma que, como noiva, compartilhará o amor de Seu coração. Ela é, na
verdade, uma rainha agraciada ante os céus, cuja sorte é a mais doce. Resplandece em felicidade
indescritível e beleza para toda a eternidade.

“Oh, noiva do amor santo, pura, cheia de humildade resplandecente.


Tu, noiva bela em amor, podes pertencer
ao Rei do universo, ao Sagrado Filho de Deus
porque fostes elevada a Seu trono junto com Ele.
Oh, riqueza deste amor, oh, riqueza de confiança.
A noiva pode esperá-Lo, pode olhar no coração
de quem a ama eternamente e que tudo preparou:
anel, véu delicado e vestido de noiva.”

Amor a Jesus — amor fraterno

“Apascenta minhas ovelhas”, diz Jesus a Pedro a quem Ele pergunta por seu amor. Isto significa
que amar a Jesus, amar Suas criaturas e servir-lhes de corpo e alma, são coisas inseparáveis. O amor a

13
Jesus nos leva aos homens, a todos que a Ele pertencem, a Seus filhos homens por quem Ele entregou
Sua vida, àqueles que estão em Seu coração. Segundo as Escrituras, é impossível que alguém ame a
Jesus com amor nupcial e não ame a seus irmãos. Amar a Jesus nos une a Ele. E aquele que é uma
unidade com Jesus será levado a entregar sua vida aos irmãos, tal como Ele o fez. O louvor de Jesus para
a pobre pecadora, “Ela amou muito”, valerá também para aqueles que muito amaram a seu próximo.
Aqueles que muito amaram a Jesus foram os grandes amantes de seus irmãos na terra. Deste modo, um
homem como Francisco de Assis, que esteve particularmente próximo ao coração de Jesus, cuja
essência é amor, não pôde fazer outra coisa que não fora amar a toda a humanidade, a todas as
criaturas.
Quem ama a Jesus não pode mais viver para si, porque o próprio Jesus diz: “Se alguém me ama
guardará a minha palavra” (Jo. 14,23). E Sua palavra, Seus Mandamentos, se resumem numa só: amar a
seu próximo como a si mesmo. O amor a Jesus nos livra de nós mesmos. Foi este amor que esteve
presente em todas as grandes obras de amor ao próximo em todos os séculos. Assim se iniciou o
cristianismo. Que fogo de amor queimava Pedro e Paulo quando disseram: “Não podemos silenciar a
respeito do que vimos e ouvimos” (At. 4,20) E porque neles queimava o ardor do amor a Jesus eles
amaram tanto aos irmãos. Tudo repartiam com eles. Por isto se dizia dos primeiros cristãos: “Vejam
como eles se amam entre si”!
Do mesmo modo que o amor de Jesus se estendeu além de Sua comunidade, sobre todos, o
amor dos primeiros cristãos atingiu pessoas estranhas, outras cidades e países, judeus e gentios,
trazendo ajuda a suas almas, Salvação em Cristo e também ajudando seus corpos, curando enfermos. O
amor a Jesus moveu os Seus a curar enfermos, ajudar aos pobres, adotar órfãos, dar de comer aos
famintos. Admiramo-nos porque este amor é tão desconhecido de outras religiões, que só através de
missões externas conseguem as obras de caridade penetrar a miséria do paganismo? O amor ao
próximo flúe tão naturalmente do amor a Jesus que as almas sobre quem Jesus diz no Juízo Final: “O que
fizestes a um dos menores dos meus irmãos, a mim o fizestes” (Mat. 25,40), nada sabem e perguntam:
“Senhor, quando é que te vimos com fome ou com sede, estrangeiro ou nu, doente ou na cárcere, e não
Te prestamos auxílio?” (Mat. 25,44) Em seu amor por Jesus eles não podiam fazer outra coisa.
Precisavam amar a todos os homens e servi-los, ainda que nada lhes fosse revelado.
O amor de Jesus O levou ao filho dos homens, distante da glória celestial, da feliz comunidade
com o Pai, para compartilhar a vida com Suas criaturas. Onde foi Jesus, a cabeça, também devemos ir,
nós, os membros, porque o amor a Jesus nos faz UM com Ele e Seu Espírito. Por isto não existe nenhum
amor verdadeiro e puro a Jesus que proporcione apenas um sentimento de felicidade e de satisfação
pessoais. Amá-Lo significa servi-lo como o fizeram Seus discípulos que, inflamados novamente de amor
depois da Ressurreição, receberam imediatamente a missão de servir: “Ide, apascentai!”. Sim, quem
ama a Jesus aproxima-se de uma paixão que o deixa em brasas. Deve imediatamente fazer algo por Ele:
amar, amar. Como diz Jesus: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos
outros” (Jo. 13,35). O amor a Ele — porque, que outro significado tem ser Seu discípulo que não seja
para amá-Lo — mostra-se no amor mútuo, quando nos servimos um ao outro.
Fraternidade e Irmandade apareceram sempre onde Jesus foi amado, e se transformaram em
caricaturas onde o amor a Jesus se extinguiu ou queima muito levemente. Como podemos amá-Lo, se
não nos amamos? E como podemos nos amar, se não O amamos? Mas, onde se ama a Ele, o grande
amante, o amor se generaliza. Podemos amá-Lo, à cabeça, separado de Seu corpo? Podemos amá-Lo, ao
Salvador do mundo, separado dos homens a quem Ele se uniu desde que veio e por quem Ele perdeu a
vida? Não, isto é impossível. Não O amamos verdadeiramente se não amamos os Seus, em quem e com
quem Ele está, a quem pertence o Seu coração.
Que maravilhoso é o amor a Jesus! Nele amamos não apenas nossos irmãos ou algumas pessoas.
Não! Nele amamos todos os homens. Quem ama a Jesus tem o maior coração, tem um amor universal,

14
sem fronteiras e que não termina em sua casa, em sua família espiritual ou física, na igreja, paróquia,
comunidade, círculos e semelhantes. Jesus ama a todos. Ele é uma unidade com o Pai “de tal forma
amou Deus ao mundo”. Por isso o sinal dos que amam plenamente a Jesus é o amor sem limites, sem
medida, sem fim. Não termina no nosso círculo de amizades ou na nossa igreja, ou nos que nos
abandonam, nos nossos inimigos, nos que responderam com ingratidão ou maldade ao nosso amor. Ele
não termina mesmo quando tem que perdoar 77 vezes. Se amamos a Jesus sem medida e fim, assim
também devemos amar aqueles que a Ele pertencem, Suas criaturas, sem medida ou final, sem
limitações, sem fronteiras.
O amor de Jesus não é um amor que se esgota em palavras amigáveis e simpatias, mas sim, algo
que se demonstrou praticamente, em profunda humilhação, tornando- se servo de todos, despojando-
se de toda honra, riqueza e dons, sendo obediente até a morte. Por isso o caminho dos apóstolos de
Jesus, o caminho do grande amante, é marcado por estes sinais. Eles não buscam outros direitos além
daquele de semear o amor. O amor que se subordina aos outros, a quem se possa dar e sacrificar tudo,
porque ele não quer dominar e sim servir. Este amor a Jesus, que tem um sinal, o estar preparado para
morrer, é o único vivificante. O verdadeiro amor nupcial, inflamado pelo amor de Jesus que por nós
morreu, torna-se uma chama que se consome e fala: “Não estimo nada (At. 20,24), tudo suporto por
causa dos eleitos, para que eles também obtenham a salvação” (2 Tim. 2,10) Sim, porque apenas alguns
serão salvos.
O amor nupcial a Jesus fez de missionários arautos cheios de glória que, como os apóstolos,
nunca mais puderam calar-se diante do nome no qual encontraram toda salvação e felicidade. No amor
nupcial a Jesus está o ardor que manifesta quem é este amante que aprisionou nosso coração. Diante
Dele glorificamos Sua beleza, Seu amor e poder salvador. A alma ardente deseja anunciar a honra
d'Aquele que ama diante dos homens. Deste modo as línguas dos grandes amantes se converteram em
fino estilete e suas palavras em flechas que atingiram os corações e os inflamaram de amor por Aquele
que é Seu salvador e que lhes dá felicidade. Todos os verdadeiros missionários foram mensageiros do
amor de Jesus. Eles foram primeiro atiçados por este amor de tal modo que exclamaram: “Não nos ardia
o coração quando Ele nos falava pelo caminho?” (Lc. 24,32). E os apóstolos, cheios de alegria e do
Espírito Santo, tiveram que mostrar aquele que inflamava seus corações: Jesus.
Este poder maravilhoso está no amor nupcial a Jesus. Faz testemunhas e missionários, arautos
poderosos de Seu amor, o qual nos trouxe felicidade e salvação. Faz-nos homens que podem perder
suas vidas por seus irmãos, porque o amor a Jesus nos torna uma unidade com Ele, que perdeu Sua vida
por Seus irmãos. Faz pastores verdadeiros aos que, por amor a Jesus, não podem fazer outra coisa que
não seja, com grande amor, apascentar aqueles por quem Ele deu Seu sangue e Sua vida.
O amor nupcial é uma chama que queima a todos aqueles que pertencem ao domínio dos
amados por Jesus. E este é o mundo inteiro. Portanto, está na natureza deste amor o ser universal em
sua oração, em seu serviço de proclamação da palavra e no serviço prático do amor, do mesmo modo
como Jesus amou e ama a todos aqueles criados por Ele. Por isto os grandes amantes, como Francisco
de Assis e todos os outros que foram incendiados neste amor, tornaram-se um testemunho e uma
benção para todas as igrejas, comunidades e círculos. Eles se tornaram arautos de Jesus para todos os
povos cristãos do mundo. Desta maneira permanecem a Fé, Esperança e Amor. Três. “Mas o amor é o
maior entre eles”. Ele fica sozinho, resplandecendo para toda a eternidade, como característica de Deus,
que é amor, enchendo os céus e a terra com o esplendor que nasceu do Seu coração.

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Outras obras da Madre Basilea Schlink publicadas por:

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C.P. 290
Umuarama — Paraná, Brasil

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C.P.20757
01.000 São Paulo - S.P., Brasil

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Encontrei a Chave do Coração de Deus

Autobiografia da Madre Basilea Schlink


O testemunho de uma conversão radical, sucessão consequente e ardente amor por Jesus.
«Um livro para quem deseja saber o que é o cristianismo vivo e participante. Para todos que
ambicionam viver uma vida contemplativa e cheia de significado, na dependência de Jesus.»

PATMOS - Quando o Céu se abriu


«É a mais forte consolidação de sua mensagem em toda a obra religiosa. Sua leitura nos deixa
cheios de confiança, quando apresenta o último Livro da Bíblia como a literatura especial do Senhor
para esta geração!»

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