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Copyright © 2020 by
Fraternidade Espírita Irmão Rafael
Rua Quimberlita, 164 – Bairro Santa Tereza-
Belo Horizonte
Novembro de 2020
Projeto gráfico:
Instituto Editoral D! Esperance

Espiritos diversos

Perguntas que Jesus Fez - Joaquim, Frei Leão e Joseph Gleber


Fraternidade Espírita Irmão Rafael - Belo Horizonte - MG -
2020

184 p.
ISBN: 978-65-99073-77-9

1. Espiritismo 2. Doutrinário 3. Estudo Evangélico


I. Joaquim, Frei Leão e Joseph Gleber
II. Título
CDD 130
140

Esta obra destina-se exclusivamente à divulgação do Evangelho e


da Doutrina Espírita.

2
Perguntas
que Jesus fez

Tendo como base


os
Evangelhos de João
e Mateus

Volume 1
Dos capítulos 1 a 78

Pelos Espíritos
Joaquim, Frei Leão e Joseph Gleber

3
Bem-aventurados os que choram, pois que serão
consolados.

Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de


justiça,
pois que serão saciados.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela


justiça,
pois que é deles o reino dos céus.
(MATEUS 5, 5, 6 e 10)

4
Agradecimentos

Agradecemos ao nosso querido amigo e irmão


Jorge Ferreira da Cruz, coordenador das reuniões de
estudos, que partiu para o mundo dos espíritos, antes
que este livro tomasse forma, nos deixando imenso
legado espiritual.

Os nossos agradecimentos também às equipes


de irmãos da Fraternidade Espírita Irmão Rafael, que
atuaram nas reuniões aos sábado e na revisão dos
textos recebidos, pelo apoio e dedicação.

5
Índice:

1- Considerações iniciais ................................................ 11


2- Introdução ................................................................... 14
3- Prefácio ........................................................................ 15
4- Capítulos ...................................................................... 17
1 - Que buscais? João 1,38 ..................................... 17
2 - Você crê porque eu disse que o vi debaixo da
figueira? João 1, 48 a 50 .......................................... 20
3 - Mulher, o que queres de mim? João 2,4 ....... 23
4 - Não compreendes estas coisas? João 3, 9 e 10
e 12 .......................................................................... 25
5 - Não dizeis vós que ainda há quatro meses até
que venha a ceifa? João 4, 34 e 35 .......................... 28
6 - Você quer ser curado? João 5, 5 e 6 .................. 31
7 - Como podeis vós crer? João 5,44 ..................... 33
8 - Mas não credes nos seus escritos? João 5,47 .. 36
9 - Onde compraremos pão? João 6, 5 ................. 39
10 - Isto vos escandaliza? João 6, 62 ..................... 42
11 - Quereis retirar-vos? João 6, 67 ....................... 43
12 - Não escolhi a vós? João 6, 70 e 71 ................... 45
13- Não vos deu Moisés a lei? João 7, 19 .............. 47
14 - Como vos indignais contra mim? João 7,23 .. 49
15 - Onde estão aqueles teus acusadores? João
8,10 e 11 .................................................................. 51
16 - Por que não compreendeis a minha
linguagem? João 8, 43 ............................................ 53

6
17- Crês tu no Filho do homem? João 9,35 a 37 ..  55
18 - Ides apedrejar-me? João 10,32 ........................ 57
19 - Vós sois deuses? João 10, 34 a 36 .................... 59
20 - Não são doze as horas do dia? João 11, 8 a 10 62
21 - Crês isto? João 11, 25 a 27 .............................. 65
22 - Onde o puseste? João 11, 33 e 34 .................... 67
23 - Verás a glória de Deus? João 11, 36 a 41 ........ 71
24 - E o que direi? João 12:27 ................................. 73
25 - Entendeis o que vos tenho feito? João 13, 11
a 13 .......................................................................... 75
26 - Pai, salva-me desta hora? João 13, 26 a 28 ..... 79
27 - Darás a tua vida por mim? João 13, 37 e 38 .. 82
28 - Aquele que me viu, viu também o Pai João
14, 8 a 10 ................................................................. 86
29 - Para onde vais? João 16, 4 a 6 ........................ 88
30 - A quem buscais? João 18, 3 a 5 ........................ 89
31 - Não hei de beber o cálice que o Pai me deu?
João 18, 10 e 11 ....................................................... 91
32 - Porque me perguntas? João 18, 20 e 21 .......... 92
33 - Se falei bem, porque me feres? João 18, 22 e
23 ............................................................................. 95
34 - Foram os outros que disseram de mim? João
18, 33 e 34 ............................................................... 97
35 - Mulher, por que choras? João 20, 14 a 16 ..... 98
36 - Porque me viste, creste? João 20, 28 e 29 ....... 101
37 - Filhos, não tendes nada que comer? João
21, 4 e 5 ................................................................... 103

7
38 - Simão, filho de João, amas-me? João 21, 15 a
17 ............................................................................. 105
39 - Que tens tu com isso? João 21, 21 a 23 .......... 107
40 - Se o sal se tornar insípido, com que se há de
restaurar-lhe o sabor? Mateus 5,13 ....................... 109
41 - Que recompensa tereis? Mateus 5, 46 ............ 111
42 - Que fazeis demais? Mateus 5,47 .................... 112
43 - Não fazem os gentios também o mesmo?
Mateus 5, 47 e 48 ..................................................... 113
44 - Não é a vida mais do que o alimento, e o
corpo mais do que o vestuário? Mateus 6,25 ....... 115
45 - Não valeis vós muito mais do que elas?
Mateus 6, 26 ............................................................ 116
46 - Qual de vós pode acrescentar um côvado à
sua estatura? Mateus 6, 27 ..................................... 117
47 - Por que andais ansiosos? Mateus 6, 28 ......... 118
48 - Que havemos de comer e de beber? Mateus
6, 30 e 31 ................................................................. 119
49 - Com que nos havemos de vestir? Mateus
6,31 a 34 .................................................................. 121
50 - Não reparas na trave que está no teu olho?
Mateus 7, 3 a 5 ........................................................ 123
51 - O que o Pai dá aos seus filhos? Mateus 7, 7 a
9 .............................................................................. 125
52 - Colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos
dos abrolhos? Mateus 7, 16 a 20 ............................. 127
53 - Não profetizamos em teu nome? Mateus 7,
22 e 23 ..................................................................... 129

8
54 - Por que pensais mal em vossos corações?
Mateus 9,4 ............................................................... 132
55 - Que é mais fácil dizer? Mateus 9,5 ................. 134
56 - Podem os convidados, do noivo, ficar
tristes? Mateus 9, 14 e 15 ........................................ 137
57 - Credes que eu posso fazer isto? Mateus 9, 27
a 29 .......................................................................... 139
58 - Não se vendem dois passarinhos por uma
moedinha? Mateus 10, 27 a 31 ............................... 141
59 - Que saístes a ver no deserto? Mateus 11, 7 ... 144
60 - Saístes a ver um homem trajado de vestes
luxuosas? Mateus 11, 8 ........................................... 146
61- Saístes para ver um profeta? Mateus 11, 9 ..... 148
62 - Mas, a quem compararei esta geração?
Mateus 11, 15 a 17 ................................................... 150
63 - E tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu?
Mateus 11, 22 e 23 ................................................... 151
64 - Acaso não lestes o que fez Davi? Mateus 12,
1 a 3 ......................................................................... 152
65 - É licito comer os pães aos sábados? Mateus
12, 4 a 8 ................................................................... 153
66 - É licito curar nos sábados? Mateus 12, 9 a 12 154
67 - Por quem os expulsam os vossos filhos?
Mateus 12, 22 a 27 ................................................... 156
68 - Como pode alguém entrar na casa do
valente? Mateus 12, 28 e 29 .................................... 158
69 - Como podeis vós falar coisas boas, sendo
maus? Mateus 12, 30 a 34 ....................................... 159

9
70 - Quem é minha mãe e quem são meus
irmãos? Mateus 12, 46 a 50 ..................................... 161
71 - Entendestes todas estas coisas? Mateus 13,
49 a 52 ..................................................................... 163
72 - Homem de pouca fé, por que duvidaste?
Mateus Cap. 14, 30 a 32 .......................................... 165
73 - Por que transgridem os teus discípulos a
tradição dos anciãos? Mateus 15, 2 a 4 .................. 167
74 - Estai vós também ainda sem entender?
Mateus 15, 14 a 18 ................................................... 169
75 - Quantos pães tendes? Mateus 15, 31 a 38 ...... 171
76 - Por que arrazoais entre vós por não terdes
pão, homens de pouca fé? Mateus 16,5 a 10 ......... 174
77 - Não vos lembrais? Mateus 16, 9 e 10 .............. 176
78 - Não compreendeis? Mateus 16, 11 ................. 178

5- Posfácio ........................................................................ 179

10
1 - Considerações inicias

“As perguntas que Jesus fez, durante sua rápida


estadia na matéria, é hoje estudo constante de diver-
sos pensadores,  filósofos e estudiosos do assunto.
Ainda, na atualidade, buscamos os porquês, 
nos fazendo reflexionar sobre as questões e deba-
tes pertencentes às almas humanas, cujos espíritos,
quando em estado de consciências livres, puderam
rever valores. Então, se propuseram a percorrer no-
vos caminhos, em novas experiências na carne, jun-
gidos ao esquecimento temporal, à necessidade de
vivenciar, de forma absolutamente diferente, o que
no pretérito os levaram ao calabouço das culpas, em
suas consciências.
Jesus é Espírito de pureza plena e ainda tão con-
temporâneo, que aqueles ensinamentos e questiona-
mentos apontados,  há milênios já decorridos, traz
aos reencarnados a mesma e constante busca pelas
muitas respostas e os muitos sentidos decorrentes
dessas questões.
- “Quem é minha mãe e quem são meus ir-
mãos? (Lucas 8, 19 a 21)
Qual a melhor resposta a essa pergunta, meus
amigos? Logo em relação à quem gestou na encarna-

11
ção da expressão do amor de Deus, pela humanida-
de, neste Planeta de sofrimento e dor?
- “Quem dizem que eu sou?” (Mateus 16, 13 a
17)
A alma humana já conseguiu alcançar o ver-
dadeiro sentido de ser, o Divino Pastor, um espíri-
to puro, em sacrifício pleno, a arrebanhar almas de
diferentes matizes para conduzi-las, pacificamente,
rumo ao amor Divinal?
- “ Que queres que eu te faça ?” (Lucas 18, 35
a 43)
Questiona um Cristo de Deus às nossas mui-
tas e eternas cegueiras.  Admitamos que Ele pode e
queira nos abrir os olhos, para todas as maravilhas
da obra divina, ao nos livrarmos do nosso egocen-
trismo, alçar vôos ao infinito. Mas, quantos já têm
a certeza de querer, que a luz se faça em suas vidas?
Quantos buscam enxergar no outro a expres-
são do irmão, que Deus nos coloca no caminho?
Centenas são as perguntas de um Mestre mi-
sericordioso, médico de almas, Pastor da paz e do
amor de Deus, que nos traz ao pensamento e, em
especial, que nos instiga a buscar por mudanças e
evoluir em luz.
Sejamos humildes seguidores dos Seus passos, 
ampliando nossas consciências no porvir de regene-

12
ração do nosso íntimo e da capacidade de sermos,
um dia, espíritos de alva pureza na glória de Deus
Pai. E que todas as perguntas deixadas por Jesus,
contidas nos Evangelhos,  sejam a nossa trilha de re-
flexão com fé e confiança de que, hoje, podemos ser
melhores do que fomos ontem e de sermos perfeitos
no nosso amanhã.
Paz, irmãos, na Terra a todos os homens, por
Ele amados.
Bittencourt  Sampaio
Psicografia recebida em 09/09/2020.

13
2- Introdução

Este livro contém mensagens recebidas pelo


médium Jorge Ferreira da Cruz, dos amigos espiri-
tuais Joaquim, Frei Leão e Joseph Gleber, no Cen-
tro Espírita Bittencourt Sampaio, localizado no bair-
ro Santa Tereza, em Belo Horizonte.
As mensagens, que não constam o nome do
amigo espiritual, são de autoria do irmão Joaquim.
Durante o período de novembro de 2010 a
janeiro de 2015, em reuniões realizadas aos sábados,
foram estudados os Evangelhos de João, Mateus,
Lucas e Marcos.
Esse estudo também teve o objetivo de buscar
nos quatro Evangelhos, as perguntas que o Mestre
fez, para que os amigos espirituais pudessem nos
ajudar na interpretação e entendimento dessas
perguntas.
Recentemente, foi constituído um grupo de
estudiosos do Evangelho, que frequentam a nossa
Fraternidade, para que, mediante análise dos textos
recebidos naquele período, pudéssemos editar este
livro, constituído por dois volumes.

Presidente da Fraternidade Espírita


Irmão Rafael

14
3- Prefácio

“Passaram-se mais de dois mil anos que a Estre-


la de Luz, pairou sobre Belém,
anunciando a chegada do Salvador.

Hinos e cânticos dulcíssimos ressoaram pelo


planeta, para além da manjedoura em festa.

Os espíritos encarnados naquela época, não


conseguiram assimilar as bênçãos que o Pai remetia
à Terra, enviando Seu Filho Amado para descortinar
o caminho de volta à Sua casa, a nossa gênese.
Geração após geração, os homens veem ten-
tando entender a beleza do roteiro que o Meigo Na-
zareno deixou-nos, sem escrever uma só palavra.
À cada época, de acordo com os interesses
mundanos, várias distorções foram acrescentadas às
palavras do Mestre.
Porém, a essência de Seus ensinamentos divi-
nos, a lei universal, a lei de Deus, permanece.
Na atualidade, quando passamos por profundas
transformações íntimas, mais necessário se faz que
conheçamos e entendamos o Evangelho de Jesus,
tão atual e ainda indecifrável para a grande maioria.
Após diversas passagens pela carne, e intensos
estudos na pátria espiritual, esse que vos fala, viu
chegar a hora de fazer cumprir o que fora solicitado

15
por entidades amorosas que se desdobram em auxí-
lio à humanidade.
Com imenso amor aos irmãos em Cristo, tra-
zemos considerações sobre nosso conhecimento e
entendimento do Evangelho, interpretando “as per-
guntas que Jesus fez”, lembrando que, sem a prática,
não conseguimos entendê-lo.
Carregamos a esperança, no coração, de que
nossos singelos apontamentos possam auxiliar a le-
vantar o véu que encobre nossos olhos espirituais,
e que, aqueles que deles tirarem o espírito da letra,
possam colocar em prática os ensinamentos do Mes-
tre, formatando a estrada, que os levará ao encontro
do Pai, convidando sempre o outro a acompanhá-
-los, nesta magnífica jornada.”

Paz e bem!
Joaquim

16
4- Capítulos

Capítulo 1 – Que buscais?

Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam,


perguntou-lhes: Que buscais?
Disseram-lhe eles: Rabi onde moras?
João 1, 38

Observe com seriedade o seu coração se estais a


seguir os ensinamentos de Jesus. Investigue sua vida
e reflita qual é a sua prioridade, avalie com severi-
dade cada movimento do pensamento, que gera as
suas obras, e ganhe serena convicção de que o reino
de Deus abre a porta estreita, somente para aqueles
que se tornam renunciantes.
O buscador sincero sabe que, para entender a
indagação “Que buscais?”, ele deverá permanecer si-
lencioso e em prece e partir imediatamente para a
autoinvestigação. A profunda observação o levará a
compreender que o Reino de Deus está dentro de si.
Com clara consciência dos deveres a serem
cumpridos, quanto à observância da lei, à prática no-
bre da caridade, à força íntima da fé e à sede de aper-
feiçoamento permanente.
Porque, quando Jesus lhe indagar o que buscais,
ele buscará em ti a essência da sua natureza espiri-

17
tual, que é ter a vontade de um coração puro, poder
invisível que desperta o ser para a consciência de si.
Eis que antecede ao ato de buscar, a sincera
vontade de segui-Lo.
Esse chamamento determina a jornada de cada
ser.
O que podemos ofertar ao nosso Senhor?
Ele sonda o nosso coração e sabe o que vai den-
tro dele.
O que então buscais em primeiro lugar?
Será o reino de Deus que está dentro de vós?
A videira verdadeira, o pão da vida, o caminho,
a verdade e a vida?
Alegres por seguir o meigo Nazareno, quererá
acompanhá-Lo e viver ao seu lado, será então justo
perguntar: Mestre onde moras?
Com o gesto amigo e sorriso calmo ele te dirá,
venha e veja.
A morada de Jesus não é um espaço circunscri-
to, não tem território e nem fronteiras. Ele habita
onde o amor se encontra em plenitude e nos convida
a viver também.
Cristo vive junto ao nosso Pai e em cada co-
ração abnegado, junto aos pequeninos e pobres de
espírito, ao lado dos que sofrem e choram.
Devemos estar com fé renovada, para ver a di-
mensão da vida eterna que ele oferta.

18
Para vir e ver onde Jesus mora é necessário ter
fé viva, o coração dócil e a clara consciência de si
mesmo, sabendo intimamente o que eu sou, o que
quero e para onde vou.
Somente assim, com segurança podereis res-
ponder a sua pergunta “O que buscais?”
Achar a morada é um movimento de alegria e
contentamento. E aquele que a encontrou, desper-
tou-se para a experiência espiritual.

19
Capítulo 2 – Você crê
porque eu disse que o vi
debaixo da figueira?

“Jesus respondeu:
Eu o vi quando você ainda estava
debaixo da figueira,
antes de Filipe o chamar.
Jesus disse:
Você crê porque eu disse
que o vi debaixo da figueira?
João 1, 48 a 50

O simples ato de Jesus dizer que o viu, debaixo


da figueira foi suficiente para despertar a fé de Nata-
nael?
Jesus o identifica debaixo da figueira antes de
Felipe o chamar, sob aquela proteção que o mundo
oferece, porém na busca de outra proteção maior,
pois meditava ele, sobre a existência, buscando con-
jugar razão e fé, para melhor entender a própria vida.
Natanael representa a alma de fé raciocinada,
reflexiva e séria, que quer reconhecer-se naquilo que
busca. Para tal, avaliou com bom senso o chamado
do Mestre e, quando percebeu a pureza da verdade,
abriu o seu coração ao trabalho, iniciando a sua re-
novação íntima.

20
Jesus viu nele a semente da fé e sabia que ela ia
crescer, frutificar e dar a sua luz espiritual.
Cada pessoa que participou da segunda revela-
ção de Deus aos homens, no planeta Terra, repre-
senta um estado psicológico da alma em evolução.
Esse ser psicológico também está ativo dentro
de nós, bastando abrirmos o coração à fé viva, para
que reconheçamos Jesus a nos buscar, nas diversas fi-
gueiras do mundo, a refletir seriamente sobre a vida
espiritual.
Não precisamos de grandes movimentos, para
reconhecer a presença de Jesus em nós, mas é ne-
cessário nos sensibilizar pelo bem e pelo belo, para
a compreensão, o amor e a caridade. Abertos para o
amor, o Cristo nos verá e identificará em nós, o pão
e o peixe para serem multiplicados.
A fé é força que antecipa o futuro, tornando o
mundo moral mais iluminado.
Onde estivermos, esse poder vivificará ao to-
que do amor do divino amigo, bastando uma sim-
ples palavra, um pequeno gesto ou mesmo um olhar
bondoso, para que ele a faça crescer em nosso co-
ração, acordando o poder da fé, semente pequenina
que se alimenta das coisas sagradas.
Essa pequena semente é a base sólida, resisten-
te, que nos sustenta no caminho de nossa espiritua-
lização, mas de igual forma, possibilitará a Jesus nos
reconhecer como trabalhadores de sua vinha.

21
O meigo Nazareno também nos chamará ao
trabalho de evangelização do mundo de modo mui-
to singular, pleno de simplicidade. Portanto, fique-
mos vigilantes.
Porém, ele deixará ao nosso livre arbítrio o mo-
vimento de crer e segui-Lo. Ao escutarmos somente
isto: “Você crê, porque eu disse que o vi debaixo da
figueira?”.
A alma de fé, ao ser chamada, se disponibiliza
imediatamente ao trabalho com Jesus, pois a figueira
é vida e sustento.
Ao sermos reconhecidos por Jesus, temos a cer-
teza de que podemos seguir com fidelidade, o cami-
nho do amor.

22
Capítulo 3 – Mulher, o que
queres de mim?
Jesus lhe diz:
Mulher, o que queres de mim?
Minha hora ainda não chegou.
João 2,4

O entendimento do amor também se marca


pela compreensão.
Jesus se fez de uma simplicidade muito bela,
disponibilizando-se a ouvir a vontade de cada um de
nós e essencialmente a da mulher. Foi sua mãe, com
seu pedido simples e singelo, que o concitou anteci-
par a sua hora, para que ele começasse a transforma-
ção integral do ser humano, pela lição do amor.
Naquele momento, Ele quebrou arestas decor-
rentes de conceituações equivocadas, atendendo a
vontade da mulher, como fator para o crescimento
da humanidade, deixando claro que o conjunto da
vontade masculina e feminina, constrói uma socie-
dade mais humanizada.
A vontade feminina tem forças, que a diferen-
ciam da masculina, por um simples detalhe: este
querer provém do coração e da sensibilidade de per-
ceber, o fato.
O Mestre então chama a mulher para participar
efetiva e afetivamente do contexto cristão, empres-

23
tando à difusão do Evangelho a força espiritual de
sua sensibilidade.
Façamos então as seguintes perguntas:
Quais são os sentimentos da mulher, em rela-
ção ao mundo em que vivemos?
Qual é o seu pensamento, que norteia e susten-
ta a educação do ser humano?
A pergunta atual, que desperta a sensibilidade
de cada mulher é esta: “O que queres de mim”?
O que cada espírito, que veste temporariamen-
te o corpo de mulher, quer de Jesus?
Faz-se urgente entender essa pergunta, para que
Jesus a atenda, porque o século XXI depende muito
da mulher, da sua sensibilidade, do seu trabalho e do
seu crescimento espiritual. Ela tem responsabilidade
com a transformação moral dos seres humanos.
Se ela fizer o pedido sábio, justo e sincero, neste
momento, quando ela é crucial para o governo do
mundo, poderemos então ter esperança de um mun-
do melhor.
A pergunta de Jesus continua, repercutindo na
alma feminina: “Mulher o que queres de mim”?

24
Capítulo 4 – Não compreendes
estas coisas?
Acudiu Jesus: Tu és mestre em Israel,
e não compreendes estas coisas?
Se tratando de coisas terrenas não me credes,
como crereis, se vos falar das celestiais?
João 3, 9 e 10 e 12

Muitos valores, para serem compreendidos,


precisam de muita ponderação e silêncio interior.
As coisas da Terra ajudam a compreender as
coisas celestiais, quando damos a elas a devida aten-
ção, buscando meditar sobre as suas relações de cau-
sa e efeito.
O pensador traz dentro de si saberes a serem
concatenados, para que, com o uso da inteligência,
ele realmente possa aceitar a realidade.
Milhares de séculos vêm sendo objetos de estu-
dos da humanidade, mas ainda existem muitas coi-
sas desconhecidas, que lhe serão reveladas no devido
tempo. Entretanto, é necessário compreender que,
enquanto não educarmos as faculdades que nos fal-
tam, tornam-se incompreensíveis muitas coisas sim-
ples existentes no planeta.
O homem, em seus esforços, vai conquistando
a si mesmo e quando essa consciência for maior, as

25
coisas terrenas e as coisas celestiais serão comuns e
objeto de suas perquirições (*).
Jesus quer que o cristão busque o conhecimen-
to, mas o conhecimento só se torna um saber pro-
fundo, quando nós o compreendemos e o colocamos
em prática.
A ciência, a religião, a filosofia e a arte são os
aspectos humanos do conhecimento em expansão,
para a compreensão profunda.
As relações entre esses quatro campos do saber
determinam a visão do homem completo, em seu
trabalho, para conhecer a si mesmo e o mundo, a
partir da ciência humana.
Muitas encarnações se fazem necessárias, para
que o ser humano conquiste todo esse conhecimen-
to e se transforme em agente de mudança.
Naturalmente, a primeira coisa a fazer é des-
pir a ciência do preconceito, a religião do fanatismo,
a filosofia das perguntas fúteis e a arte dos desejos
mundanos.
O espírito deve trazer esses saberes para a sua
intimidade e superar o egoísmo e o orgulho, de tal
forma que se sujeite humildemente à sua essência
divina.

(*) pesquisa, busca, indagações.

26
Somos grandes catalisadores de informações,
que vão sendo acumuladas, sem se manifestarem no
cognitivo, nas atitudes. Entretanto, existem alguns
reflexos muito tímidos no nosso comportamento.
A sabedoria conjuga essas variáveis educacio-
nais e torna uma praxe para a sociedade.
O homem de saber se renova a todo dia e essa
renovação realmente promove a principal essência
do conhecimento de si mesmo.

27
Capítulo 5 – Não dizeis vós
que ainda há quatro
meses até que venha a ceifa?

Jesus disse-lhes:
a minha comida é fazer a vontade daquele
que me enviou e realizar a sua obra.
Não dizeis vós que ainda há quatro
meses até que venha a ceifa?
Eis que eu vos digo: levantai os vossos olhos
e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.
João 4, 34 e 35

Jesus, o amoroso mensageiro do Pai, plantou


em nossos corações a grandiosa visão do mundo
imortal.
Fez crescer os frutos da abnegação, da renuncia
e da misericórdia. Com a sua luz, iluminou a nossa
alma preparando os nossos corações para a dádiva
da oração.
Sempre buscou nos endereçar para as moradas
do Pai e, no solo de nossos sentimentos, deixou a
semente da esperança, da fé e da caridade.
O meigo Nazareno, o divino jardineiro plantou
a árvore da vida no solo da Terra e nos deixou a mis-
são de cuidar dessa dádiva espiritual, que se chama
amor.

28
Somos os cultivadores da paz, os pescadores da
esperança.
Aqueles que plantam na vinha, esperam com
paciência e com trabalho, a sua florescência e a sua
frutificação.
Jesus apropria da relação do tempo e a ceifa,
para explicar a nossa vida espiritual.
O Mestre Nazareno acrescenta a visão do
futuro, nos abrindo os olhos para ver, não a ceifa
das plantações humanas, mas o momento da ceifa
das sementes, que Deus plantou no coração da alma
vivente. Sementes essas, que já estavam sazonadas,
precisando de evangelizadores para ajudar-nos a
distinguir o joio do trigo, e ensinar-nos o tempo certo
de arrancar do solo do coração as ervas daninhas e
guardar com zelo o trigo espiritual.
O amoroso mensageiro plantou no coração
humano a grandiosa visão do mundo imortal. Fez
crescer os frutos da abnegação, da renúncia e da mi-
sericórdia com a sua luz, iluminou a nossa alma pre-
parando os nossos corações para a dádiva da oração.
Sua profunda visão espiritual já antevia o trabalho
de Paulo e de tantos outros missionários que viriam
após Ele, a trabalhar o coração do homem que já es-
tava pronto para receber a consciência espiritual.
Com paciência e trabalho, esperemos a sua flo-
rescência e frutificação. Como essa tenra planta está
sobre a égide de Deus, pela misericórdia e o amor

29
do Pai, ela antecipa o seu próprio tempo e se mostra
branquinha, pronta para ser ceifada no solo do cora-
ção daqueles que se despertam para o amor Divino.
Compreender é ver por antecipação, para cres-
cer e frutificar mais rapidamente.
Sentir e perceber os acontecimentos só são pos-
síveis, quando temos a nossa sensibilidade educada.
A fé é o recurso inestimável daquele que planta,
daquele que rega, daquele que ceifa, na certeza de
que Deus faz crescer.
O trabalho do ceifeiro é aguardar, com a ale-
gria, o dia da ceifa. Essa alegria é que promove, em
seu interior, a fé de que tudo vai estar sazonado no
tempo certo.
O cristão é o ceifeiro de Deus e tem como dever
observar com denodado (*) carinho os frutos da sua
iluminação e trabalhar, para que a sua espiritualiza-
ção possa beneficiar ao próximo, com antecedência.

(*) apurado, determinado

30
Capítulo 6 – Você quer ser
curado?
Um dos que estavam ali era paralitico fazia 38 anos.
Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele
estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou:
você quer ser curado?
João 5, 5 e 6.

O que queres?
O que trazes em seu coração?
O que buscas de verdade?
A tua vontade não é um simples desejo?
Será que o tempo em que viveste na expiação
abriu dentro de ti o portal da vida?
O que queres?
Ser curado, ser são, ser santo?
A purificação é o trabalho de iluminação espi-
ritual, para atingirmos a finalidade de sermos perfei-
tos.
Faz-se necessária a educação da vontade, para
dar ação à fé.
A fé e a vontade são bases, para que o querer es-
teja intimamente ligado às coisas de Deus. O coração
purificado pela dor passa a tê-las como propósito.
Curar, para simplesmente ter um corpo ativo,
não produz consciência na alma.

31
Estar paralisado proporciona ao espírito eterno
tempo para reflexão.
Se o espírito, por suas atitudes, paralisou o seu
movimento, justo é que ele compreenda o seu ato, a
partir de uma estrutura condicionante, que o impede
de movimentar-se.
O tempo de nossa provação e expiação objeti-
va fazer o pensamento e a vontade andarem juntos,
ampliando a tolerância da alma, até que a graça do
Senhor se faça em seu benefício.
Entretanto muitos estão deitados pela ociosida-
de, pelo desânimo, pela ignorância, se tornando pa-
ralíticos morais.
Curar, para se santificar na obra do amor e da
caridade, traz em si a auto realização consciente.
Jesus sabe antecipadamente o que nós queremos
e se dispõe a trazer a misericórdia do Pai até nós, pela
prática da lei de amor. Porém, existem algumas condi-
ções: que o nosso querer esteja vinculado à reforma ín-
tima, ao crescimento moral e à vontade de si iluminar.
O aperfeiçoamento do nosso espírito não pode
esperar, façamos esforços para escutar o movimento
ativo da pura compaixão de Jesus a nos perguntar:
“você quer ser curado?”
Reflexão: “O homem sábio deixa a você a liber-
dade de ser responsável pelo seu querer e simples-
mente pergunta: o que você quer?
Mas sonda o seu interior, para perceber se o seu
querer já é uma consciência.”

32
Capítulo 7 – Como podeis vós
crer?

Como podeis vós crer, recebendo honra


uns dos outro se não buscando
a honra que vem só de Deus?
João 5,44

A pergunta de Jesus é muito apropriada e nos


remete a sentimentos.
Como crer, tendo como base o transitório e
suas dependências?
Esse entendimento se vincula à nossa precarie-
dade de percepção e ignorância.
O orgulho e a vaidade ainda atuam como agen-
tes a solicitar aplausos, nos trazendo grande ilusão.
Aquele que optou por receber a honra, em for-
ma de reconhecimento, dos homens, ainda viverá de
sacrifícios, de sortilégios e enganos.
Honra é amor, respeito e responsabilidade. É
o reconhecimento de valores, que são aceitos, pro-
porcionam mudanças e nos fazem agir em favor dos
outros.
As honras de Deus vêm para o filho, que lhe
recebe em alma, a doar pacificamente o seu tempo,
alimentado pela fé no futuro, transformando diaria-
mente a sua vida por amor ao próximo.

33
Jesus disse, que aqueles que buscam a vida es-
piritual devem buscar as coisas do espírito em pri-
meiro lugar, tudo o mais é secundário. Eis porque
aprendemos o Seu ensinamento de buscar, em pri-
meiro lugar, a honra que vem só de Deus, pois nele
nos comprazemos e esperamos.
A alma às vezes busca as honras do mundo e
acha, naquilo que buscou, um vazio tão intenso e
tantas vezes dor e solidão.
Aquele que já avançou, para dentro de si, vive
a cumprir a vontade do Pai e essa é a maior das ale-
grias de seu coração encarnado.
Quando o espírito prioriza os valores espiri-
tuais e a sua consciência é proativa, ele busca honrar
a Deus.
Na obscuridade, onde nos situamos envoltos
pela matéria, ainda nos fazemos adoradores de gló-
rias que vêm dos homens.
O orgulho necessita do aplauso e a vaidade de
espelhos ainda sujos.
Eis porque, em nossa febre egoística, valoriza-
mos as coisas que vêm dos homens e as buscamos
com sofreguidão(*). Nisso está a nossa grande con-
fusão.

(*) pressa, ânsia, impaciência

34
Quando percebermos que as coisas do alto são
o testamento do Pai, iremos abrir o nosso coração,
para sermos recebedores das honras que vêm Dele.
Nesse momento, não pediremos ao grande Senhor
as coisas supérfluas da materialidade temporária,
mas, sim, pediremos para estarmos com Ele o tem-
po todo e nos sentiremos felizes, por vivenciá-Lo em
nosso coração.

35
Capítulo 8– Mas não credes
nos seus escritos?

Mas se não credes nos seus escritos,


como crereis nas minhas palavras?
João 5,47

Atualmente as pessoas estão tão focadas nas


questões materiais e por isso estão sofrendo as con-
sequências, por não compreendem as verdades con-
tidas nos escritos sagrados, fonte de luz espiritual.
Às vezes sentem o desejo intenso de sair da
superficialidade e buscam com energia redobrada,
o manancial divino, guardando e praticando as leis.
Porém, vindo as decepções e as tristezas passageiras,
se deixam levar pelo desânimo, saindo à procura de
paixões desordenadas.
Todos têm a Bíblia Sagrada, enviada por Deus,
através de seus profetas, e o Evangelho de Jesus,
como conforto, mas isto não é suficiente para deixa-
rem o mundo e suas sutilezas.
Suas almas frágeis vivem na ignorância, assu-
mem a incredulidade, diante dos seus escritos, e dei-
xam para trás os conhecimentos, vivos nutrientes de
sua fé.
Se eles não creem no que veem, como crer na-
quilo que não veem?

36
Quando lemos o Evangelho, pedimos a Jesus,
ensina-nos como crer em suas palavras, pois elas são
rapidamente esquecidas diante das adversidades da
existência e agimos distraidamente e nos acomoda-
mos, mesmo diante do seu chamado à transforma-
ção espiritual.
Mas Jesus já nos ensinou que as palavras de
amor permanecem como chama em nossos cora-
ções, a aguardar o tempo certo da frutificação. As
palavras de amor jamais se perdem, um dia elas se
tornarão luz se, e somente se, a alma mantiver acesa
a chama. Ela iluminará a atmosfera pessoal, o am-
biente onde estiver e as pessoas à sua volta e esten-
dendo-se também à humanidade.
O que está escrito permanece, as palavras pa-
recem não deixar sinais, mas elas alimentam o mo-
mento, a memória e se grava no perispírito. Um ins-
tante, um dia, elas emergirão do âmago do ser, para
aqueles que querem a sua mudança espiritual, isso
basta.
A confiança e a fé viva dentro do coração de-
sejoso de fazer o bem e seguir o Mestre, ao ouvir a
sua palavra, a abriga imediatamente dentro da alma,
transformando a informação em conhecimento, o
conhecimento em saber profundo. A compreensão
de si mesmo provoca alterações da consciência, ilu-
minando o ser.

37
Não deixemos a palavra de Jesus passar simples-
mente, guardemo-la no coração, corrigindo as más
inclinações. Deixemos as nobres verdades do amor
celeste vibrarem, harmoniosamente, em nosso ínti-
mo, criando uma atmosfera tão saudável que alegra
a todos em redor. O amor aproxima.
A palavra ensina, o ser humano aprende, e ele,
quando está disposto a ensinar aquilo que aprendeu,
demonstra pelo exemplo.
Senhor Amado agora compreendemos que,
para entendermos Suas palavras é preciso crer em
Ti, esquecermo-nos, pegar a nossa cruz e seguir-Te,
sentir a Tua presença, amá-Lo. Bem dissestes em
João 6:63: “O espírito é o que vivifica, a carne para
nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espí-
rito e vida.”
Assim, cônscios da busca da verdade, tiraremos
das Suas palavras a vida e o espírito.

38
Capítulo 9 – Onde
compraremos pão?

Então Jesus, levantando os olhos,


e vendo que uma grande multidão
vinha ter com ele, disse a Filipe:
Onde compraremos pão, para estes comerem?
João 6, 5.

A atenção com o outro tomava conta do cora-


ção de Jesus.
O amor ao próximo era tão intenso que Ele ale-
grava-se em sustentar a todos.
A fé em Deus é o primeiro sustento.
O amor, o combustível que o alimenta.
A esperança, a chama viva que o mantém.
A caridade é a força de distribuí-lo, na arte de
recebê-lo.
Como ampliaremos a vida destes que nos bus-
cam?
Precisamos sustentá-los onde está o manancial
do amor divino, para ali buscarmos o sustento.
Sabia Jesus que na palavra de Deus está a profu-
são(*) do trigo, que se transforma em alimento espi-
ritual, quando moldado pelo coração.

(*) abundância, fartura

39
Para atendermos a este pedido de Jesus, preci-
samos de renúncia e desprendimento, de multiplicar
dividindo, de participar de seu amor.
Jesus não prescinde da colaboração humana.
Ele acha no coração humano sempre alguém dispos-
to na tarefa de amar, auxiliando o próximo. Observe
que, após a sua indagação, os discípulos encontram
“um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois pei-
xinhos”. (João 6,9)
Jesus sabiamente delegava responsabilidade à
equipe.
Na grande tarefa de redenção da humanidade,
os que assumem a liderança de pessoas devem com-
partilhar o trabalho. Assim, o espírito de colaboração
ficará vivo, ao convidar outros, a participarem mais
efetivamente da sua iluminação e da do mundo.
Os homens são colaboradores de Jesus e dos
bons espíritos sobre a Terra. Nosso trabalho é en-
contrar quem tenha o pão e o peixe.
Jesus ensinou a prosperidade, sem dispensar o
concurso do homem, para que a misericórdia divina
atue na ajuda ao próprio ser. Ensinou também o de-
sapego, pois muitos têm pão e peixe, porém não tem
o coração sensível para dividir.
Na humanidade atual é preciso perder o medo
do futuro e dividir, pois muitos não têm o necessário
para viver. A lei do sustento se baseia na colabora-
ção, no compartilhar e no dividir fraterno.

40
A necessidade de viver é o primeiro direito do
ser humano. Pense na lei divina, e entenderás a inda-
gação que Jesus fez a seus discípulos: Onde compra-
remos o pão?
Nas águas vivas que transbordam do coração,
na sincera fé, no silêncio misericordioso e no traba-
lho da caridade, para que todos tenham vida ao se
sustentarem com o pão, que nos alegra a alma.
Diante do outro, com todos os seus anseios,
com a sua fome de Evangelho, cabe ao discípulo de
Jesus comprar o pão no mercado do amor e susten-
tar, com fé e trabalho, aqueles que pedem.

41
Capítulo 10 – Isto vos
escandaliza?
Mas,sabendo Jesus em si mesmo
que murmuravam disto os seus discípulos,
disse-lhes: Isto vos escandaliza?
Que seria, pois, se vísseis subir o Filho
do homem para onde primeiro estava?
João 6, 61 e 62

As revelações espirituais sempre falarão de coi-


sas novas, sendo importante que o discípulo aprenda
a ouvir, aprenda a ver, para que a compreensão do
fato supere a possibilidade que ainda temos de ficar
espantados.
Esse estado pode escandalizar o desprevenido.
O discípulo de Jesus precisa estar firme em seus
propósitos espirituais.
O entendimento da luz tem como base a nossa
própria iluminação.
Muitas revelações, devido ao nosso estado evo-
lutivo, ainda nos são desconhecidas e até misterio-
sas, nos exigindo usar da inteligência, para questio-
nar, aprender e aprimorar.
Tudo em Cristo é novo e se renova constante-
mente.
Perante o novo, sejamos aprendizes, para co-
nhecermos a verdade.

42
Capítulo 11 – Quereis
retirar-vos?

Perguntou então Jesus aos doze:


Quereis vós também retirar-vos?
João 6, 67

Sonda o vosso coração, penetre fundo em vos-


sos sentimentos.
Somente após séria investigação, acerca dos
vossos sentimentos, é que podereis responder a vós
mesmos, sobre o que deveis fazer perante a vossa
espiritualização. Essa condição é própria e intrans-
ferível. Após receber tantos conhecimentos e ser
envolvido por tanto amor, fica a vosso encargo a
deliberação de seguir ou ficar parado, aguardando
nova oportunidade para compreensão das coisas es-
pirituais.
No caminho da espiritualização, somos livres
para decidir. Quando estamos firmes, em nossos
propósitos, temos clara consciência de nossa busca.
Sabemos de onde viemos, o que estamos fazendo
aqui e para onde vamos.
É muito clara para nós a relação íntima de
seguir os ensinamentos de Jesus, decorrendo daí as
nossas opções pelo bem.

43
Todos os que verdadeiramente seguem a Jesus
jamais se retiram, antes pelo contrário, têm dentro
de si a direção segura para a vida imortal.
O que nós queremos?
A liberdade do espírito é espaço moral do pró-
prio espírito e compete a ele ser livre ou não.
Jesus nos dá plena liberdade de sentimento,
para optarmos pelas coisas de Deus.
Sua fidelidade despertou em nós a pura con-
fiança e essa indagação de autoafirmação de nossa fé
sempre ressoará em nosso íntimo, nos fazendo mais
encorajados a prosseguir na jornada.
Estamos vivendo momentos de decisão.
O trigo está sazonado, bem branquinho, e os
ceifeiros estão a postos. O joio crescido está bem dis-
tinto.
Cabe a cada um a deliberação espontânea de
responder a pergunta de Jesus: “ Quereis vós tam-
bém retirar-vos?”

44
Capítulo 12 – Não escolhi a
vós?

Respondeu-lhes Jesus:
Não vos escolhi a vós os doze?
Contudo um de vós é o diabo.
Referia-se a Judas, filho de Simão Iscariotes;
porque era ele o que o havia de entregar,
sendo um dos doze.
João 6, 70 e 71

O Mestre de misericórdia escolhe a todos.


Sabendo em seu coração o valor de cada
sementinha, Ele entende que, no tempo devido, elas
florescerão e darão frutos.
Ao nos chamar, Jesus não busca os santos ou os
anjos, mas os pobres e os enfermos, porque o Mestre
é o médico das almas.
Em sua sabedoria, Ele possibilita a todos se
fazerem escolhidos, pelos esforços em prol das suas
transformações morais.
Jesus nos dá a possibilidade de crescimento e
de espiritualização, sem se preocupar, se entre os
escolhidos, ainda existem almas que irão cometer
graves equívocos.

45
Isso porque, tais atitudes irão um dia levar essas
almas a grandes reflexões, contribuindo assim para o
seu adiantamento espiritual.
O Cristo abre espaço de trabalho e de amor
para todos, porque Ele sabe retirar da multidão, a
consciência do anjo.

46
Capítulo 13 – Não vos deu
Moisés a lei?

Não vos deu Moisés a lei?


No entanto nenhum de vós cumpre a lei.
Por que procurais matar-me?
João 7, 19

Moisés revelou para os nossos corações, os


princípios morais da consciência. Ele justificou a rea-
lidade e nos deu a possibilidade de sermos justos.
Toda lei exige movimento para cumpri-la.
Com Moisés, a alma começou a acordar para a
sua consciência e iniciou a fazer leituras mais dignifi-
cantes do seu valor, em relação ao seu próximo.
Moisés nos ensinou a guardar no coração, os
princípios morais da vida espiritual. Ele justificou a
realidade e nos deu a possibilidade de sermos justos.
Assim, compreendendo bem os mandamentos
e colocando-os em prática, ela possibilitou tratar o
outro com justiça, dignidade e respeito.
Somos educáveis e educação é a capacidade que
o espírito tem de trazer o seu interior para o exterior.
Se procurarmos com as nossas atitudes derro-
gar as leis, que estão escritas em nossa consciência,
o legado da primeira revelação ainda não está sendo
aplicado em nossos sentimentos.

47
Como pode alguém, conhecedor da lei e que
sabe que não deve matar, retirar a vida do outro?
É incoerente guardarmos princípios tão mobili-
zantes e termos atitudes contrárias a tais valores.
Sendo observadores da lei, guardando-a em
nosso cognitivo e transformando esse saber em ati-
tudes espirituais, viveremos com a consciência tran-
quila.
A pergunta de Jesus continua a ressoar em
nossa consciência, porque temos a lei escrita dentro
de nós mesmos.
Oh, homem, não a cumpres?
A lei é amor e o cumprimento da lei produz a
liberdade.

48
Capítulo 14 – Como vos
indignais contra mim?
Respondeu a multidão:
Ora, se um homem recebe
a circuncisão no sábado,
para que a lei de Moisés
não seja violada,
como vos indignais contra mim,
porque no sábado tornei
um homem inteiramente são?
João 7,23

Os homens aceitam com mais facilidade as


coisas do mundo e fazem delas geralmente uma lei,
uma doutrina.
Impõem a si mesmos sacrifícios, se desdobran-
do em jejuns e assim, diante de doutrinas dos ho-
mens, inclinam as suas cabeças e obrigam os outros
a fazerem o mesmo.
Jesus então apresenta a todos nós a verdadeira
caridade, a ação e a atitude que é agradável a Deus.
E como o Senhor é o Senhor do sábado e de todos os
dias, justo é que o bem, o amor ao próximo e a cari-
dade pura sejam posturas, que realmente nos liber-
tam e nos fazem capazes de amar o próximo, como
Jesus nos amou.
Se dentro do templo trabalhamos, e assim se-
guimos sobre o jugo de muitos deveres é mais nobre

49
perante Deus, que saiamos das restrições impostas
pelas doutrinas humanas e vivenciemos o amor na
dimensão do Cristo.
Se é lícito cumprirmos com todos os deveres
que as fragmentadas religiões nos impõem, mais líci-
to ainda é cumprir com a caridade, que se manifesta
no tempo de Deus, o agora.

50
Capítulo 15 – Onde estão
aqueles teus acusadores?

Então, erguendo-se Jesus e não vendo


a ninguém senão a mulher,
perguntou-lhe: Mulher,
onde estão aqueles teus acusadores?
Ninguém te condenou?

Respondeu ela: Ninguém, Senhor.


E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno;
vai-te, e não peques mais.
João 8,10 e 11

Aquele que condena o outro pode ter, como


primeiro ato, o esconder a si mesmo e não assumir
a responsabilidade de um pensamento ou uma ação
semelhante. Possui a mente ociosa e um coração
vacilante. Ainda não vasculhou o seu interior, para
avaliar a sua própria condição de aprendiz espiritual.
Quem condena usa geralmente, como referên-
cia, os seus instintos e condicionamentos, ao invés
de seus valores morais. Por isso, ao examinar a sua
consciência, não consegue confrontar o fato de que
está equivocado e enfermo. Ele precisaria usar de in-
dulgência para com o próximo. Procede assim, pois
é mais fácil condenar o outro, ao invés de promover

51
uma mudança em sua vida. É mais fácil ver um ar-
gueiro no olho do outro, do que uma trave no seu
olho.
Por causa dessa natureza infeliz, ele gera, com
isso, muitos pensamentos negativos, atingindo a tan-
ta gente, cujas vibrações retornam a ele, podendo
provocar-lhe o adoecimento e muito sofrimento.
Muitos não dão conta dessa realidade e prefe-
rem se afastar, para continuarem parados na mesma
situação, que resulta também na sua autocondena-
ção.
Em boa ciência, o ato de julgar e condenar pro-
voca vigorosa perda de energia vital, desconfigura
a estrutura magnética do ser espiritual e pode colo-
cá-lo facilmente sob o jugo de mentes semelhantes,
seja de encarnados ou desencarnados.
Quem está em condições de condenar o outro?
Como nos disse o Mestre Jesus: “Atire a primei-
ra pedra quem estiver sem pecado”.
Perante Jesus, em sua excelsa(*) misericórdia,
todos os acusadores se afastam e ninguém é capaz de
condenar.

(*) grandiosa.

52
Capítulo 16 – Por que não
compreendeis a minha
linguagem?

Por que não compreendeis a minha linguagem?


é porque não podeis ouvir a minha palavra.
João 8, 43

A compreensão da linguagem de Jesus só é


possível quando o coração é tocado. Escutar é fonte
de puro aprendizado.
Se alguém nos fala e ficamos comparando,
reorganizando, julgando, acrescentando ou retiran-
do, nós não estamos ouvindo, mas tentando enten-
der aquilo que nós mesmos estamos elaborando.
Somente ouvimos profundamente, quando
nos concentramos naquilo que o outro está a dizer.
Saber ouvir pede profunda e silenciosa atenção.
No curso da evolução aprenderemos a educar
o pensamento, através da simples atitude de ouvir
com o coração.
Nossas relações se tornarão mais agradáveis
e seremos primeiramente recebedores, para logo
após, através de doce alegria, doarmos aquilo que
recebemos.

53
Aquele que recebeu, cuide de doar.
Aquele que aprendeu, cuide de ensinar.
Para tal, é preciso escutar e ouvir.
O conhecimento te leva ao entendimento.
O entendimento é um aceite da razão.
A compreensão é um aceite do coração.

54
Capítulo 17 – Crês tu no
Filho do homem?
Soube Jesus que o haviam expulsado;
e achando-o perguntou-lhe:
Crês tu no Filho do homem?
Respondeu ele:
Quem é, Senhor, para que nele creia?
Disse-lhe Jesus:
Já o viste, e é ele quem fala contigo.
João 9,35 a 37

A Fé é o amor espiritual em sua dinâmica de


vida e ela nos leva a prática da amorosa caridade.
Para construirmos dentro de nós a certeza da fé, pre-
cisamos da intuição viva e da consciência de nossa
realidade divina. Ao longo de nossa evolução, essa
semente espiritual vai crescendo através das expe-
riências, que o processo reencarnatório oferece.  
Nesse caminho, a fé ganha, como consolidação, a
crença em valores revelados por aquelas almas, bondo-
sas e iluminadas, que deixaram para nós o seu legado.  
Dentro do processo de revelação divina, Jesus,
o Mestre amado, se apresenta para nós como a luz
espiritual, que somente pode ser vista e sentida em
nossos corações, quando Nele cremos.  
O Filho do Homem, em toda a sua dimensão

55
de amor, desperta o nosso coração, para a busca da
realidade espiritual. 
Crer em Jesus significa segui-Lo e vivenciá-Lo,
mesmo perante às ásperas provações, educando a
paciência, que é a resultante da fé.
Todos que Nele creem, devem buscá-Lo com
persistência, devem conhecê-Lo dentro do coração,
abrindo os olhos para vê-Lo através da leitura cons-
tante do seu Evangelho. A palavra que o Mestre nos
deixou, é a representação-vontade Dele próprio.  
Quem é o Mestre amado? É o símbolo espiri-
tual da mansidão, a luz que invade a nossa escuridão,
o pão que sacia a nossa fome de Evangelho, a videira
verdadeira, que nos permite estar nela como galhos,
para dar frutos a outras criaturas.  
Quem é Jesus? É o Senhor da vida, o Senhor da
misericórdia, o Senhor meiguice. Espírito iluminado
que, em nome do Senhor nosso Deus, veio para nos
ensinar e contribuir para a nossa evolução.  
O Mestre amado nos achará, após distanciar-
mos dos chamamentos deste mundo, nos amparan-
do em nossa plena conversão.
O fato de crer em Jesus abre a porta estreita,
para que possamos seguir avante, na busca da nossa
própria espiritualidade.  
Conhecendo a obra que Jesus deixou, aumen-
taremos a nossa fé e, assim, estaremos aptos para se-
gui-Lo.

56
Capítulo 18 – Ides
apedrejar-me?
Disse-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte
de meu Pai vos tenho mostrado;
por qual destas obras ides apedrejar-me?
João 10,32

Afeiçoado ao amor divino, Jesus agia ensinan-


do, ensinava agindo.
Tantas obras da parte do Pai foram mostradas,
que os seus detratores o atacavam, querendo muitas
vezes matá-Lo.
Por viver amando, por amar vivendo.
Com serenidade, Ele pergunta a seus detrato-
res: Por qual destas obras ides apedrejar-Me?
Porém o amado Jesus é assim: Em cada obra,
uma alegria, em cada ação, um sorriso, em cada agir,
um perdão.
Sua ação modificava todos os raciocínios e lógi-
cas humanas.
Cada obra trazia dentro de si a energia da es-
piritualidade. Elas são um convite à renovação, ao
crescimento e à iluminação.
Ele humildemente dizia: É o Pai que deve ser
glorificado.

57
Sua alma, de poderoso movimento criador, es-
tava em perfeito contato com Deus. As suas obras
falam de Deus, refletem as leis do Pai, sendo um con-
vite ao trabalho, à dignidade humana e ao amor.
Observa-se que as obras do Mestre de Miseri-
córdia são justas, estéticas, úteis e boas.
Portanto, atento ao princípio nobre da ética,
que ainda causa conflitos de interesse em muitos
corações, Ele pergunta: “por qual destas obras ides
apedrejar-me?”
Essas pedras do desprezo ainda são atiradas na-
queles, que trazem consigo os cânticos de Deus, rea-
lizando as Suas obras sobre a Terra.
Por amor a Jesus, os seareiros do Cristo devem
perseverar até o fim.

58
Capítulo 19 – Vós sois
deuses?

Tornou-lhes Jesus:
Não está escrito na vossa lei:
Eu disse: Vós sois deuses?

Se a lei chamou deuses àqueles


a quem a palavra de
Deus foi dirigida
(e a Escritura não pode ser anulada),

àquele a quem o Pai santificou,


e enviou ao mundo,
dizeis vós: Blasfemas;
porque eu disse:
Sou Filho de Deus?
João 10, 34 a 36

É essencial que cada criatura compreenda a


paternidade divina e a revele em seus atos de ver, de
ouvir e de perceber o mundo.
Quando a nossa sensibilidade ultrapassar a di-
mensão dos cinco sentidos, a compreensão da rea-
lidade se tornará mais palpável. Assim poderemos
exercitar no mundo, em que vivemos, os potenciais
mais nobres das virtudes divinas, que estão escritas
em nossas consciências. Passaremos a observar a
obra de Deus em todas as criaturas e em todo o Uni-
verso. Perceberemos que cada criação se reveste de
beleza incomensurável e em perfeição.

59
O olhar amoroso, o ouvir atencioso, o esten-
der-se ao outro, com pura compaixão, são convites
de Deus, a partir de nós, para as outras criaturas.
Para absorvermos esses potenciais do amor
divino e tirá-los do nosso interior, para a expressão
externa, é preciso estar com o coração puro de bons
sentimentos. Buscaremos, dessa forma, uma sintonia
com o Criador, iluminando as nossas consciências.
Essa natureza divina só se manifestará em ple-
nitude, quando estivermos cônscios de que somos
filhos de Deus.
Essa fé, a razão e o amor, Jesus nos legou como
testamento.

Frei Leão.

O Criador, em sua misericórdia, colocou no co-


ração de cada criatura as energias amorosas de seus
potenciais iluminativos.
Nós todos trazemos a consciência de Deus em
nossa intimidade, como sendo sempre justo, bom e
belo.
Como Pai de misericórdia, Ele ama a todos nós,
seus filhos, e legou-nos as leis, que se encontram la-
tentes em nossas consciências.

60
Todos os potenciais e virtudes, que as criaturas
possuem, são dádivas Divinas. Elas se expressam em
cada nível evolutivo.
No mineral, apresenta a espontaneidade das
formas.
No vegetal, na explosão das cores e dos perfu-
mes.
No animal, na existência dos instintos.
No hominal, na inteligência e nos sentimentos.
No anjo, na pureza dos sentimentos, na pleni-
tude da inteligência e na paz interior.
Ninguém está deserdado das forças amorosas
do Pai. Devemos trabalhar com amor e elegância,
fazendo a Sua vontade, que significa cumprir os Seus
Mandamentos.
Assim os profetas cantam “sois deuses”, pois
podemos expressar os nossos diversos potenciais, fa-
zendo divino, o amor em nosso coração.
A compreensão de que somos filhos de Deus
não é simplesmente simbolismo, mas um fato, uma
realidade, que precisa ser revelado a todas as criatu-
ras.
Quando Jesus nos revelou, em toda a simplici-
dade, essa grande e bela verdade, de que somos filhos
de Deus e a confessou abertamente, Ele trouxe para
nós a consciência universal da nossa ligação com o
Criador.

61
Capítulo 20 – Não são doze as
horas do dia?

Disseram-lhe eles:
Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te,
e voltas para lá?
Não são doze as horas do dia?
Se alguém andar de dia,
não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
mas se andar de noite, tropeça,
porque nele não há luz.
João 11, 8 a 10

A consciência de nós mesmos é a luz espiritual


que buscamos.
Se alguém andar sob essa luz não tropeçará, ou
seja, andará em plena vigilância e com atenção.
Sob a luz de Deus, todos os tempos são claros e
nós não precisamos temer nada.
É preciso construir a obra do Pai e levar a sua
palavra sagrada aos homens.
Sob essa luz, coloquemo-nos em atividade e
agiremos conscientes de que temos que seguir en-
quanto é dia.
Quando aprendermos a voltar para perdoar,
aqueles que nos ofenderam e caluniaram, estaremos
conscientes de estarmos sob a égide da luz.

62
Quando deixarmos o nosso presente no altar e
voltarmos para reconciliar com os nossos adversá-
rios, estaremos andando sob a luz do dia.
Quando amarmos os nossos inimigos e recon-
ciliarmos com os nossos adversários, não mais trope-
çaremos, porque a luz nos iluminará a estrada.
Quando perdoarmos, setenta vezes sete vezes,
estaremos abrindo o portal do tempo espiritual, para
recebermos aqueles que nos amam de forma dife-
rente. 
Todos os apóstolos caminharam conscientes,
de que deveriam fazer as suas obras perante a luz e
não temer a escuridão, que, muitas vezes, infligem
apedrejamentos inconsistentes à verdade.  
O discípulo sincero de Jesus deve fazer a sua
obra perante a luz, enquanto é dia.
Isso quer dizer: agir sempre com consciência.

63
Capítulo 21 – Crês isto?

Declarou-lhe Jesus:
Eu sou a ressurreição e a vida;
quem crê em mim, ainda que morra, viverá;

e todo aquele que vive, e crê em mim,


jamais morrerá. Crês isto?

Respondeu-lhe Marta:
Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo,
o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
João 11, 25 a 27

A consciência espiritual determina a fé nas coi-


sas de Deus, proporciona a ampliação da percepção,
possibilitando ao discípulo perceber o que está além
da realidade transitória do mundo físico.
Todo cristão tem plena consciência de que a
vida continua. Nessa relação sabe ele que, a todo o
momento, Jesus está confirmando em suas atitudes
a imortalidade da alma.
Todo aquele que conhece e pratica a palavra de
Jesus, O confirma em seu todo espiritual.
A certeza da fé no futuro fortifica o espírito. Ele
sabe que, em Cristo, a vida eterna se torna consisten-
te e palpável.

64
O ser espiritual prima pelo sentimento de que a
verdade o libertará. Dentro desse movimento-vida,
percebe que Jesus é o caminho, a verdade e a eterna
vida, para dentro de si mesmo.

A essência da vida é o amor.


O amor renova-se continuamente, está no per-
fume das flores, nos frutos das árvores e no brilho
das estrelas.
O amor vivifica tudo, permite que a rede encha
de peixes, para a alegria do pescador responsável. Vi-
bra no seio da mãe como maná, para a criança que
se alimenta. Percorre o universo deixando hinos de
louvor e convite à vida em plenitude.
Se alguém chora, o amor nina com doce can-
ção.
Se alguém duvida, o amor se aproxima trazen-
do ânimo e fé.
Na tristeza, ele se mostra acolhedor e elegante,
até que a alegria se mostre na face daquela alma so-
litária.
O amor é movimento e, onde os filhos de Deus
estiverem, ali ele estará.

65
Movimento luz, iluminando a todas as criatu-
ras.
Movimento som, tocando a música do univer-
so.
Movimento cores, diversificando tudo e dando
perfume à Terra e beleza aos céus.
Movimento Deus, criando e recriando tudo
com eloquente amor.
Diante da manifestação do amor temos que
amá-Lo. Nesse amor confiança e nesse amor vida
eterna, devemos praticar aquilo que o amor nos ensi-
nou. Nesse amor renúncia e resignação, nesse amor
consciência pura, nesse amor pão da vida, nesse
amor luz do mundo, nesse amor videira verdadeira.
Nesse amor caminho, verdade e vida, o amor
tem que ser amado, o amor é Jesus.

Frei Leão

66
Capítulo 22 – Onde o
puseste?

Jesus, pois, quando a viu chorar,


e chorarem também os judeus que com
ela vinham,
comoveu-se em espírito, e perturbou-se.
e perguntou: Onde o puseste?
Responderam-lhe: Senhor vem e vê.
João 11, 33 e 34.

Vocês já viram alguém chorar?


Todos choram, lágrimas de diversos sentimen-
tos, nos conclamando a sermos consoladores.
De verdade, vocês já viram alguém chorar e se
deixaram em profunda empatia, se perturbar a pon-
to de fazer do pranto do outro as suas emoções?
Vocês já escutaram as suas próprias lágrimas?
Elas têm o barulho da afeição, o som do carinho, o
movimento do “por favor”, e o aconchego, me ajude
em nome de Deus.
A sua lágrima é semelhante à lágrima do outro
e pede a mesma solicitude, a mesma renúncia e o
mesmo amor.
A lágrima é uma doação e quem quer recebê-la?

67
Quem quiser recebê-la precisa agir com o co-
ração, pois só o coração escuta o som das lágrimas.
Essa pergunta reflete o sentimento de Jesus
para todos nós, como se Ele estivesse a nos pergun-
tar: o que estais fazendo daqueles que eu confiei em
suas mãos?
Quais as suas atitudes perante essas criancinhas,
que precisam do leite espiritual e de ser acalentadas e
levadas pelo ato evangelizador à casa do Pai?
Reflete também a vontade de acionar em nosso
interior, o seguinte questionamento: onde puseste
os talentos que vos foram concedidos pelo nosso Pai
antes de reencarnar?
O que tem feito dos vossos bons sentimentos e
todo esse potencial divino, que está dentro de vós?
Onde os pusestes, para que Jesus possa vê-los e
multiplicá-los e reativando-os para o bem de muitos?
É preciso chorar, chorar muito, até que a nossa
alma, em pleno arrependimento, saia do casulo
do egoísmo e venha para o exercício espiritual da
própria iluminação.
Consciência espiritual de tudo que está a nossa
volta, da responsabilidade que temos uns para com
os outros e com o planeta.
Onde estamos colocando as nossas pétalas,
para que Jesus, localizando as nossas possibilidades,

68
converta essas energias, para a ressurreição da vida
abundante e plena do amor de Deus?

Jesus sim, se perturbou, porque há em sua inti-


midade a mais bela das fontes de relação humana, a
sensibilidade perceptiva.
Ele interage conosco, participando afetivamen-
te dos nossos sentimentos.
Oh, homens! Onde pusestes os vossos cora-
ções, onde estão as vossas almas, onde colocastes os
doces sentimentos de piedade e compaixão?
Há mães que choram, por não poderem ama-
mentar os seus filhos.
Há velhos nas calçadas molhadas pelas lágrimas
da idade, pelo abandono e pela fome, sem uma mão
amiga para ampará-los.
Há crianças correndo, carregando na face as do-
res do choro da falta. E nós permanecemos sem nos
perturbarmos, sem nos comovermos, sem nos movi-
mentarmos, para o amor ao próximo.
Onde escondemos os nossos bons sentimentos?
Onde colocamos a virtuosa compaixão?
Talvez seja essa a resposta da pergunta que o

69
meigo Nazareno nos fez: onde puseste a vossa sen-
sibilidade?
Ah! Como seria bom se nós, sensíveis, obser-
vássemos as lágrimas dos outros e cheios de compai-
xão, nos emocionássemos, ficássemos comovidos e
estivéssemos dispostos a consolar o outro.
Por favor, retirem a pedra.
Paz em Cristo.

Frei Leão

70
Capítulo 23 – Verás a glória
de Deus?
Disseram então os judeus: Vede como o amava.
Mas alguns deles disseram:
Não podia ele, que abriu os olhos ao cego,
fazer também que este não morresse?

Jesus, pois, comovendo-se outra vez,


profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta,
e tinha uma pedra posta sobre ela.

Disse Jesus: Tirai a pedra.

Marta irmã do defunto, disse-lhe:


Senhor, já cheira mal,
porque está morto há quase quatro dias.

Respondeu-lhe Jesus:
Não te disse que, se creres,
verás a glória de Deus?
Tiraram então a pedra.

E Jesus, levantando os olhos ao céu, disse:


Pai, graças te dou, porque me ouviste.
João 11, 36 a 41

Tira a pedra, Marta!


Controle o seu sentimento de perda, que vos
faz verter lágrimas, sem uma consistência real, pois
a morte não existe. Ela é só uma mudança de plano.

71
É o retorno para o plano espiritual de onde viemos.
Não permita uma relação tão grande de apego com
os vossos mortos.
“Deixai que os mortos enterrem os seus mor-
tos” (Mateus 8, 22) e quanto mais tempo você ficar
com esse tipo de sentimento de perda, mais sofri-
mento isso lhe trará.
A glória de Deus é vida e é na vida que deve-
mos crer, e, onde quer que ela exista, existirá em
abundância e em prosperidade. Essa é a riqueza do
Universo, à qual devemos depositar a nossa fé.
Tenha coragem, tire a pedra.
O coração não pode ser um claustro de sofri-
mento, de culpa e dor. Remova os excessos e não
permita o desperdício de energia, por algo que não
pode mudar.
O movimento é tirar a pedra, ou seja, ampliar
a sensibilidade para a razão, para o belo e o harmo-
nioso.
Compreender a vontade de Deus é, com certe-
za, entender o ato de Jesus ao levantar os olhos aos
céus e dar graças ao Pai misericordioso, porque Ele
sabe o que faz.
Paz em Cristo

Frei Leão

72
Capítulo 24 – E o que direi?

“Agora meu coração está perturbado,


e o que direi?
Pai, me salva desta hora?
Não; eu vim exatamente para isto,
para esta hora.
João 12:27

Jesus amado, alegra-nos muito ouvir a sua


exclamação, reconhecendo humildemente que é
chegada a sua hora. Você confessa com simplicidade
as suas emoções, diante de um momento tão singular,
onde sua obra seria concluída e o Pai glorificado.
Sublime é a sua doçura e a sua confiança na
vontade de Deus, ao dizer: “Eu vim exatamente para
isto”.
Exemplifica assim abnegação, o contentamento
diante do projeto divino. Representa a renúncia,
perante a sua missão, e a entrega confiante ao tempo
do Senhor, nosso Deus.
É essencial, para o espírito humano, perceber
a sua hora, quando o chamamento de Deus penetra
toda a sua intimidade a lhe dizer: Aja com profundo
amor e renúncia, afim que a minha graça se faça, na
redenção de todos os seres viventes.
Bem-aventurados são aqueles que percebem o
tempo do Senhor e se prontificam a ceder em todas

73
as suas prerrogativas, para que a vontade do Pai de
misericórdia e amor se manifeste.
Jesus teve plena consciência de Sua hora, pois o
dever para com a humanidade lhe chamava. Assim
ele disse: “Chegou a hora de ser glorificado o Filho
do homem.” (João 12, 23).
Como é bom sentir no coração o seu momento,
essa hora sagrada, de profundo significado, para a
sua evolução espiritual.
O ser humano veio para cumprir a sua parte no
progresso da humanidade. Esse é o instante jubiloso
de conhecer e executar o plano de Deus na sua vida.
É a coisa mais bela da alma vivente, participar do
progresso da humanidade, através de suportar, com
determinação, a sua provação redentora.
Jesus, com a doçura do filho amado, reconhece
que, para esta hora ele veio. De igual forma nós
também, trabalhadores da seara de Jesus, viemos
para aceitar alegremente o tempo de Deus.
É a hora de ceifar o trigo, que outros plantaram.
Sejamos dignos da colheita e assim, em nossas
atitudes espirituais, o Cristo muito amado será
glorificado.
Diante do instante de afirmação e compromisso
com as obras de Deus, coloquemos toda a vontade
em ação e oremos em silêncio, para que o Pai nos
guie, até que tudo se cumpra.

74
Capítulo 25 – Entendeis o que
vos tenho feito?

Pois ele sabia quem o estava traindo;


por isso disse: Nem todos estais limpos.
Ora, depois de lhes ter lavado os pés,
tomou o manto, tornou a reclinar-se
à mesa e perguntou-lhes:
Entendeis o que vos tenho feito?
Vós me chamais Mestre e Senhor;
e dizeis bem, porque eu o sou.
João 13, 11 a 13

Nas atividades espirituais, cuide de lavar os


pés de todos. Seja cortês, delicado, amoroso, suave,
brando, pacificador, e principalmente, seja miseri-
cordioso. Essas são águas vivas, que jorram de ti para
ajudar a limpar as outras criaturas.
Após, pegue no manto do coração espiritual,
tome a doçura, a mansidão, a bondade e devagar,
com extremo carinho, recline-se, aproxime-se e en-
xugue, para que essas atitudes e ações ajudem a lim-
par a todos. Depois verifique como ficou o coração
de cada um, com a atitude que fizeste.
Esse é o principio básico do processo: ensino
- aprendizado, porque, se alguém está para ti como
aprendiz, como não ensiná-lo, de forma que o
conhecimento seja fixado na prática do outro?

75
Se alguém vos chama de mestre, comportai
como tal.
Se alguém vos chamar de bom, aja com muita
bondade.
Se alguém vos traz qualquer consideração, cui-
de de que esta deferência possa ser vista em sua prá-
tica diária.
Jesus pediu o entendimento dos seus discípulos.
Por sua vez, nós também precisamos ajudar no
entendimento daqueles que participam conosco do
conhecimento espiritual.
No fazer, está a fixação do aprendizado.
Comecem ensinando ao outro, aquilo que tens
como verdadeira prática em sua vida.
Paz em Cristo
Frei Leão.

Aprender e agir, agir e aprender tal é o ato da


consciência educada.
Realmente já sabemos tudo que Jesus nos fez?
Investigue o vosso coração e observe Jesus nas
menores expressões do vosso dia a dia, alegre com o
fruto do amor.
As lições vivas do meigo Nazareno é videira
verdadeira a ensinar ao espírito encarnado, como

76
se comportar diante das provações e circunstâncias
da vida. De igual forma, reconhecidos ao Educador
Amigo, devemos colocar em prática tudo o que Ele
nos ensinou.
No convívio familiar – responsabilidade, respei-
to e amor.
Na relação com o próximo - amor dignificante.
Nas aflições – a bem-aventurança.
Durante as lágrimas – seguir em frente na práti-
ca da caridade renovadora.
Nas injustiças – esperar no Senhor, atendendo
ao sentimento de perdão e compreensão.
Nos momentos de provações – a oração, soli-
citando fortaleza, mas reconhecendo a vontade de
Deus.
Todo um caminhar com Jesus faz-se através de
lições imortais de alta espiritualidade. O Mestre nos
ensinou, a partir do Seu exemplo, a dignificar o exis-
tir.
Jesus, o educador por excelência, trazia dentro
de Si os valores espirituais, que se manifestavam na
exterioridade, em forma de compreensão e entendi-
mento.
O Mestre sempre partia do fato, para abrir o
nosso coração para o entendimento maior.
Utilizando-se das expressões mais singulares
contidas na natureza, na cultura, e nos valores hu-

77
manos, escrevia Ele, em nossos corações, lições que
permanecem vivas, pois elas foram precedidas pelo
seu próprio exemplo.
Neste momento, estamos aparvalhados pelos
turbilhões do mundo moderno, sendo chamados
com muita rapidez às profundas mudanças. Isso tudo
nos faz refletir acerca de como também nós estamos
a utilizar dos fatos para ensinar o outro. Fica assim
explícita a sábia pergunta de Jesus: “Sabeis o que vos
fiz?”.
Será que esse intenso trabalho de natureza edu-
cacional, objetivando a renovação da alma e a admis-
são na escola do amor, está bem consciente não só
em vossa interioridade, mas também gerando frutos
de caridade em vosso exterior?
Diante das singelas mensagens contidas no
Novo Testamento, o vosso entendimento está per-
feito?
E a vossa compreensão, do significado da vida
futura, gerou frutos de libertação?
Se já sabeis tudo o que o Mestre fez, comeceis
por colocar esse amor em prática, na sua vida diária.
A todo instante, as qualidades humanas apren-
didas com Jesus são exercitadas, quando dentro de
nossa alma, conscientemente, sabemos o que Jesus
fez.
Joseph Gleber

78
Capítulo 26 – Pai, salva-me
desta hora?
Se alguém me quiser servir, siga-me;
e onde eu estiver, ali estará também o meu servo;
se alguém me servir, o Pai o honrará.
Agora a minha alma está perturbada;
e que direi eu? Pai, salva-me desta hora?
Mas para isto vim a esta hora.
Pai, glorifica o teu nome.
Veio, então, do céu esta voz:
Já o tenho glorificado,
e outra vez o glorificarei.
João 13, 26 a 28

Oração harmoniosa de uma alma, que humil-


demente reconhece e percebe as suas emoções, dian-
te de um momento aonde o Pai seria glorificado e
tranquilamente se entrega à vontade de Deus.
Como é bom quando todo o nosso ser se movi-
menta pelas forças do dever a cumprir.
Como é essencial para o espírito perceber o
momento assaz onde o chamamento de Deus pene-
tra toda a sua intimidade a dizer: aja com profundo
amor e renúncia, para que a minha graça se faça na
redenção de todas as minhas criaturas.
Bem-aventurado é aquele que percebe o tempo
aceitável do Senhor e se prontifica a ceder em todas
as suas prerrogativas, para que somente o Pai de mi-
sericórdia e amor se manifeste.

79
A consciência da sua hora de redimir o mundo
e de cumprir o seu dever para com os homens.
Como é bom sentir em todos os seres essa hora
de profundo significado para as criaturas em evolução.
Cada um de nós veio para cumprir a sua parte
na ópera do universo.
Para nos sintonizarmos com o ritmo da criação
devemos contribuir com o movimento sincronizado
com os demais, de tal forma que a nossa missão seja
redentora e libertadora.
Jesus, com a doçura do filho amado, reconhece
que para esta hora ele veio, de igual forma, nós tam-
bém, trabalhadores da seara de Jesus, viemos agora,
não mais na hora de plantar, mas na hora de ceifar o
trigo, que muitos plantaram.
Sejamos dignos da colheita. E assim, em nossas
atitudes espirituais, o Cristo será glorificado, na mes-
ma forma, nas atitudes de alta iluminação de Jesus, o
Pai até hoje é glorificado.
Diante dos momentos de afirmação e compro-
metimento com as coisas de Deus, abramos todas as
nossas portas, para sentirmos essas vibrações de pro-
funda harmonia e oremos em silêncio, para que o
Pai nos guie até que tudo se cumpra.
Paz em Cristo
Frei Leão.

80
No momento de uma decisão importante é
necessário avaliar as suas possibilidades, estruturan-
do-se, para assumir humildemente as consequências
das leis de Deus.
Vosso espírito, por estar envolto por várias re-
lações temporais, deixa vir primeiro todas as cargas
emotivas, para reorganizá-las e governá-las. Nin-
guém aniquila as forças emocionais. E elas vêm ten-
tando tencionar o corpo e disparar as forças vitais da
respiração. Isso traz inquietação, mesmo para aque-
les que já estão mais evoluídos. Mas, imediatamente,
o espírito consciente relaxa e se entrega à vontade de
Deus.
No caminho dos trabalhos espirituais, que fo-
mos convidados a realizar, passaremos por diversos
estados emocionais, derivados da expressão natural
do complexo psíquico somático. Mas a força do espí-
rito em profunda sintonia com Deus supera-as atra-
vés da oração e se governa pela consciência do dever.
Naquele momento, Jesus estava em oração sa-
bendo que a direção Divina é essencial para todos
nós, que somos Seus filhos e, no estado de lamenta-
ção, se organizou, para seguir avante, se comprome-
tendo totalmente com Deus.

81
Capítulo 27 – Darás a tua vida
por mim?

Disse-lhe Pedro: Por que não posso


seguir-te agora?
Por ti darei a minha vida.
Respondeu Jesus: Darás a tua vida
por mim?
Em verdade, em verdade te digo:
Não cantará o galo até que me
tenhas negado três vezes.
João 13, 37 e 38

O discípulo de Jesus, a cada dia, precisa aprofun-


dar o conhecimento de si mesmo. Porque, perante a
necessidade da confirmação da sua fé, ele deve estar
preparado e pronto, para agir coerentemente.
Jesus sabe das nossas fragilidades e que, muitas
vezes, aquilo que falamos não fazemos.
Seguimos as lições do Cristo, mas, muitas ve-
zes, ainda não despertamos para o verdadeiro com-
prometimento.
Aqui e ali dizemos: Senhor, Senhor! Mas, quan-
do somos convocados a dar exemplo de nossa fé, va-
cilamos, nos afastamos e os mais frágeis recalcitram
e duvidam.
Jesus entende que, em nossos caminhos, assu-
mimos compromissos arrojados, mas, quando che-

82
ga o momento da dor e do testemunho, decorrente
das decisões previamente assumidas, nós poderemos
negá-Lo, em função de ainda não estarmos prontos,
para justificar a nossa fé.
O nosso querer e fazer, em Cristo, está de acor-
do com as nossas forças de renovação interior?
Muitas vezes são pequenas atitudes, que não são
significativas para ninguém, mas que promoveram
profundas mudanças de hábitos em nós mesmos.
Sem mudar hábitos, não se renovam atitudes.
Darás a tua vida por Mim? Essa pergunta lhe
remete àquele momento em deixaste tirar o seu con-
forto, o seu bem estar, para atender diligentemente
àquele que, em nome do Cristo, veio solicitar um
copo d’água, para matar a sua sede.
Cumprir o dever: isto é vida.
Praticar a caridade: isto é vida.
Amar ao próximo: isto é vida.
Isso podeis realmente doar de si mesmo.
Todas as outras manifestações, às quais os ho-
mens pressupostamente chamam de vida, cedem rapi-
damente, para que a vida do Cristo lhe seja abundante.
Entre lágrimas e sincero arrependimento, após
o galo cantar, algo de novo ocorre em nosso ser inte-
rior, nos levando a verdadeiramente entregar a nos-
sa vida a Jesus.

83
A vida é dom de Deus, é a maior virtude que
Deus nos concedeu. E para entregá-la é necessária a
plena consciência de nós mesmos.
A cada dia crescemos em espiritualidade e to-
mamos decisões de nos melhorar, aprimorando a
nossa alma. Sempre contando com as virtudes da es-
perança, da fé e da caridade.
O meigo Nazareno antecipa sempre as nossas
possibilidades, porque foi Ele que nos escolheu para
divulgar e dar exemplo da Boa Nova.
Conhecedor por excelência de cada um de nós,
mesmo sabendo de nossas limitações, Ele nos con-
vida a segui-Lo, cônscio de que podemos fazer um
pouco mais pelo bem-estar da comunidade terrestre.
No momento atual, para entregarmos a nossa
vida por Jesus devemos colocar as nossas mãos no
trabalho, de renovação interior e em prol daqueles
que estão à nossa volta.
Devemos renunciar aos confortos, para educar
os sentidos.
Renunciar aos desejos e aos prazeres, para edu-
car o nosso pensamento e a nossa vontade.
Renunciar aos caprichos, sentimentalismos,
para educarmos a sensibilidade e o sentimento.
A nossa vida será devotada ao meigo Nazareno
se, desprendidos dos apegos terrenos, dedicarmos

84
nossa maior atenção a cuidar, com bondade, dos que
sofrem e choram no caminho da experiência.
Vida nossa, nossa vida, que Deus nos conce-
deu. Iremos doá-la somente quando o coração esti-
ver aberto, para a grande compaixão.
Em todos os momentos, Jesus nos convida a
renunciar a esta vida de ilusão, para assumirmos o
comprometimento com a vida eterna.
Ao distinguir com clareza a vida, que estamos
entregando por Jesus, por certo venceremos. Seguin-
do com firmeza, para a nossa iluminação.

Frei Leão.

85
Capítulo 28 – Aquele que me
viu, viu também o Pai

“Senhor, disse-lhe Filipe, mostra-nos


o Pai e isto nos basta. Respondeu
Jesus: Há tanto tempo que estou
convosco, e não me conheceste,
Filipe! Aquele que me viu, viu
também o Pai... Não credes que estou
no Pai, e que o Pai está em mim?”
João 14, 8 a 10

Jesus, em sua amorosa bondade, sempre evi-


denciou a distinção entre Ele e o Pai e buscou cons-
truir uma vigorosa imagem de Deus, em nossos co-
rações.
Aquele que veio do Pai, que conhece a Deus e
O vê, fala, portanto, de suas vivências com a dimen-
são de Deus.
Nós precisamos ter educada a faculdade da
compreensão espiritual e educar a pureza de cora-
ção, para vermos a Deus.
Enquanto o nosso aporte evolutivo não nos
possibilita essa potencialidade de interagir plena-
mente com a unidade do Pai, Jesus não nos deixou
órfãos, pois, toda a sua atitude, o seu comportamen-
to e as suas ações, falam de Deus.
Jesus sempre afirmou: “Eu e o Pai somos um.”

86
A consciência da unidade com Deus possibilita
ao filho agir como e de acordo com a vontade do Pai.
Compete aos discípulos observar a conduta, as
atitudes e a postura do Filho do Homem que esteve
conosco, para conhecê-Lo e, a partir da autocom-
preensão, discerni-Lo do Pai.
Ver o Pai em Jesus é o caminho que está explí-
cito no Evangelho, trazendo para todos nós a alegria
de vivenciarmos na Terra, a experiência de Deus co-
nosco.
À medida que vamos meditando sobre a Boa
Nova, vamos ampliando a nossa própria sensibilidade
e percebemos que Jesus está conosco.
Quando, com o coração sincero, O sentirmos
em nós, teremos a alegria de reconhecer a unidade
do Pai, que, em todas as suas manifestações, é uno
com o Filho.

87
Capítulo 29 – Para onde vais?

4 Mas tenho-vos dito estas coisas, a


fim de que, quando chegar aquela
hora, vos lembreis de que eu vo-las
tinha dito. Não vo-las disse desde o
princípio, porque estava convosco.

5 Agora, porém, vou para aquele


que me enviou; e nenhum de vós me
pergunta: Para onde vais?

6 Antes, porque vos disse isto, o vosso


coração se encheu de tristeza.
João 16, 4 a 6

Quando estamos compenetrados dos valores


espirituais que Jesus deixou, podemos, com mais se-
gurança, entender para onde Ele foi.
Faz-se necessário que o discípulo não se deixe
levar por nenhum tipo de ilusão ou por emoções,
que não estejam sintonizadas com as realidades do
espírito.
Para não dificultar, a percepção das coisas espi-
rituais, é preciso buscar o entendimento e vivenciar
Jesus em plenitude, para percebermos a sua expe-
riência em nós mesmos.

88
Capítulo 30 – A quem
buscais?
Tendo, pois, Judas tomado a coorte e
uns guardas da parte dos principais
sacerdotes e fariseus, chegou ali com
lanternas archotes e armas.
Sabendo, pois, Jesus tudo o que lhe havia
de suceder, adiantou-se e perguntou-lhes:
A quem buscais?
Responderam-lhe: A Jesus, o nazareno.
Disse-lhes Jesus: Sou eu.
João 18, 3 a 5

Existem duas formas de buscar ao Cristo.


Aqueles que buscam o ser e a essência espiritual
e outros que ainda buscam pontos de referências ex-
ternos, para utilizar como pontos de discussões inú-
teis.
Quando buscarmos a Jesus, temos que fazer
uma avaliação dos nossos verdadeiros propósitos,
para, quando o encontrarmos, estarmos prontos para
as mudanças que hão de se realizar. Mas, se ainda
trazemos o coração preso à matéria, iremos buscá-lo
somente, para aumentar o nosso campo intelectivo
de discussões muitas vezes estéreis.
Quando os discípulos de João Batista seguiam
a Jesus, o Mestre virou e perguntou-lhes: o que bus-
cais?

89
Quando os homens, com seus anseios munda-
nos buscam a Jesus, o Mestre sempre há de pergun-
tar, a quem buscais?
E as respostas serão: Eu sou, para aqueles que
buscam o espírito.
Para os que buscam referências externas: sou
Eu.
Em cada proposição será atendido o buscador
dentro da consciência, que ele tem de si mesmo.

Joseph Gleber

90
Capítulo 31 – Não hei de
beber o cálice que o Pai
me deu?
Então Simão Pedro, que tinha uma espada,
desembainhou-a e feriu o servo do sumo
sacerdote, cortando-lhe a orelha direita.
O nome do servo era Malco.
Disse, pois, Jesus a Pedro:
Mete a tua espada na bainha;
não hei de beber o cálice que o Pai me deu?
João 18, 10 e 11

Os homens vivem atacando, para se defende-


rem, sem consciência de si mesmos. Olhando a ação,
preferem a reação, sem pensar nas causas, sofrem
com os efeitos. Ainda não ganharam maturidade,
para saberem que, ao atenderem com discernimento
e amor a vontade do Pai, não perdem as suas pró-
prias liberdades de pensarem e agirem.
Jesus deixou para nós, o exemplo de conduta
diante daqueles que nos agridem, que nos ferem e
que nos vilipendiam(*).
Ele, o Mestre amado, agiu, entendeu a causa e
percebeu que o cálice a beber trazia dentro do seu
todo, a libertação evolutiva da humanidade inteira.
Diante de qualquer atitude, que nos traga a
vontade de reagir, basta agir.
Toda ação deve ser, em sua natureza, um mo-
vimento suave, brando e pacificador.

(*) tratar alguém com desprezo ou desdém.

91
Capítulo 32 – Porque me
perguntas?

Respondeu-lhe Jesus:
Eu tenho falado abertamente ao mundo;
eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo,
onde todos os judeus se congregam,
e nada falei em oculto.
Por que me perguntas a mim?
pergunta aos que me ouviram o
que é que lhes falei;
eis que eles sabem o que eu disse.
João 18, 20 e 21

Todos estão perguntando, ninguém para, a fim


de refletir se as perguntas que fazem são coerentes.
Quando eu sou um observador e estou cons-
ciente da verdade, que Jesus nos legou em seu testa-
mento, compreendo que ela está manifesta em cada
ser, em cada criatura.
Tudo fala da passagem do meigo Nazareno so-
bre o Planeta Terra.
A própria natureza se mostra mais calma, mais
bela, refletindo a presença permanente do Cristo.
O cristão tem a possibilidade de encontrar den-
tro de si mesmo as respostas espirituais que Jesus tes-
tificou.

92
É essencial fazer uma leitura mais espiritual do
mundo em que vivemos e entenderemos, o que fa-
zer para a nossa própria libertação.
Frei Leão

Construa a vossa identidade em Deus, através


de atos honestos, dignos e amorosos.
No reflexo da vossa ação, todos se sentirão
bem, se sentirão em paz e sentirão o que vem de vós,
o amor.
Através dos vossos exemplos, dignifique a vida,
represente realmente o Cristo no mundo, para que
Deus seja glorificado.
Se todo o vosso exemplo é amor, sem dúvida,
podereis dizer àqueles que vos interrogam: Pergunte
a qualquer um e eles falarão da minha prática.
Esse é um momento singular, em que as pes-
soas poderão ver o seu próprio comportamento,
sem se envergonharem.
Isso se chama: consciência tranquila; pureza de
coração; amor incomum; exemplo de vida.
Onde as pessoas te reconhecerão pelas práticas
espirituais e todo o seu ser refletirá a graça de Deus.
Deem bons exemplos.

93
Jesus é o nosso modelo, portanto basta agir
com o coração puro.
Todos poderão falar daquilo que Jesus fez. Ele
pregou a verdade. Ele falou da vida espiritual. A ver-
dade é vida. Vida é amor. Amor é Deus.
Harmonioso é Jesus.

94
Capítulo 33 – Se falei bem,
porque me feres?

E, havendo ele dito isso,


um dos guardas que ali estavam
deu uma bofetada em Jesus,
dizendo: É assim que respondes ao
sumo sacerdote?
Respondeu-lhe Jesus:
Se falei mal, dá testemunho do mal;
mas, se bem, por que me feres?
João 18, 22 e 23

Jesus poderia perguntar a cada um de nós:


Estás acordado?
Tens consciência do que fazes?
Por que ages, somente pelo impulso, desta
razão que outro te deu?
Parastes realmente para refletir, antes de agir?
O mal age sem distinção e dá testemunho dele
próprio.
Seu móvel é agredir, ferir sem mensurar a
realidade.
Essas forças provêm da ignorância, do pouco
conhecimento que as pessoas têm de si mesmas
e, portanto, suas ações ainda são produtos de suas
fragilidades morais.

95
Atingindo a si mesmas, julgam afetar o Sol e,
machucando o próprio coração, dizem que estão
entendendo os próprios sentimentos.
Sem sabedoria, não há amor manifesto.
Sem conhecimento, não há ação de aprendizado.
Enquanto estivermos presos às atitudes,
comportamentos e forças cognitivas sem razão, o
nosso fazer será somente uma fonte de agressão a
nós mesmos.
Por que me feres? Tal é a questão.

96
Capítulo 34 – Foram os outros
que disseram de mim?
Pilatos, pois, tornou a entrar no pretório,
chamou a Jesus e perguntou-lhe:
És tu o rei dos judeus?
Respondeu Jesus: Dizes isso de ti mesmo,
ou foram outros que to disseram de mim?
João 18, 33 e 34

Muitas vezes o nosso conhecimento decorre


das informações que recebemos, sem verificarmos
se são verdadeiras.
Nessas condições, podemos estar suprindo o
nosso ser, com as ilusões dos pontos equivocados
das referências humanas. Assim, prejulgamos as si-
tuações, pelo que o outro falou, e não por uma inves-
tigação séria e análise consistente do fato ocorrido.
O nosso poder transitório também pode fazer
com que o nosso intelecto dê vazão ao nosso orgulho
e à vaidade, e a julgarmos, com base nas aparências.
Somente quando formos investigadores de nós
mesmos e da realidade daquilo que nos chega, desco-
briremos a verdade e nada de fora nos iludirá.
Não mais calçaremos as nossas relações, com
base somente no que o outro disse.
Assim, construiremos dentro de nós a consciên-
cia da verdade.

97
Capítulo 35 – Mulher, por que
choras?
Ao dizer isso,
voltou-se para trás,
e viu a Jesus ali em pé,
mas não sabia que era Jesus.
Perguntou-lhe Jesus:
Mulher, por que choras?
A quem procuras?
Ela, julgando que fosse o jardineiro,
respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste,
dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
Disse-lhe Jesus: Maria!
Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico:
Raboni!
que quer dizer, Mestre.
João 20, 14 a 16

Jesus observou com extrema compaixão as


mulheres, porque elas trazem dentro de si a sensi-
bilidade natural, educada ao longo de prolongadas
convivências, em situações difíceis de experiências
espirituais.
Queria Ele dizer que essas lágrimas não seriam
em vão, porque dias chegariam em que elas seriam
entendidas pela humanidade e muito necessárias, ao
crescimento moral e espiritual de todas as criaturas.
Essa procura sincera responde à natureza femi-
nina, que dentro de si encontra farto manancial de

98
ternura, para abrigar e cuidar das outras criaturas de
Deus.
Esse encontro de Maria foi singular, porque foi
o encontro de Jesus com todas as mulheres, a partir
da identificação de suas lágrimas.
Hoje, no século moderno, esse encontro entre
Jesus e Maria, se estende para a compreensão da to-
talidade feminina, na expressão dos novos tempos,
que exigem da criatura humana o tônus da sensibili-
dade, para se identificarem com as forças sutis da sua
espiritualização.
Este é o século da mulher!
É o século da sensibilidade!
Que elas possam procurar com consciência o
Mestre Jesus, de tal forma que essa sensibilidade seja
direcionada para as coisas do espírito.

Joseph Gleber

O coração sensibilizado procura encontrar a


afeição espiritual.
Quando estamos a procurar a verdadeira afei-
ção, as lágrimas se tornam uma constante em nos-
sa face, como se quisessem dizer: sensibilize o vosso

99
ser, para perceber que nada perdeste, mas que tudo
está dentro de vós, a vos esperar com extremo cari-
nho.
Por que choras?
Perceber as lágrimas na face de alguém é so-
mente para aqueles que têm um coração aberto para
a sensibilidade, que querem consolar, querem esten-
der-se em compaixão. Trazem a alma tão próxima
do próximo, que o seu amor é espontâneo e natural.
Passem a observar as lágrimas das criaturas e se
movimentem para aliviá-las, redirecionando as suas
procuras, para o encontro com o Mestre amado.

100
Capítulo 36 – Porque me
viste, creste?
Respondeu-lhe Tomé:
Senhor meu, e Deus meu!
Disse-lhe Jesus: Porque
me viste, creste?
Bem-aventurados os que
não viram e creram.
João 20, 28 e 29

Nós cremos em Jesus, mas esse reconhecimen-


to só se torna um propósito dentro de nós, quando o
constatamos através de provas temporais.
Por isso, Ele pergunta: Porque me viste, creste?
E ele esclarece: Bem-aventurados os que não viram
e creram.
O Reino dos Céus não vem com expressões ex-
teriores. É necessário que comecemos a apreciar esse
Reino, a partir do nosso coração, onde a consciência
prima pela excelência das coisas que não vemos. Para
alguns, ainda são necessários ativadores da crença,
mas já é hora de realmente trabalharmos o invisível,
para torná-lo palpável em nossas atitudes.
A alegria do jardineiro está na forma com que o
visitante se alegra, ao ver a expressão perfumosa dos
lírios ali plantados.
Muitas vezes, alguém que não foi ao jardim,

101
mas ouviu falar da habilidade do jardineiro, se alegra
em saber da beleza do jardim.
Meus irmãos!
Jesus é o lírio.
Deus é o bondoso jardineiro.
Nós somos aqueles que se alegram, sem ter vi-
sitado o jardim.
Enquanto precisarmos das estruturas externas,
para confirmarmos a nossa fé, precisaremos tocar
chagas e ver nas coisas de expressões exteriores, indi-
cativos para o exercício da fé.
A nossa educação espiritual não demora e,
quando ela se manifestar na plenitude da consciên-
cia, o invisível será a possibilidade de confirmação de
nossa realização em Deus.

102
Capítulo 37– Filhos, não
tendes nada que comer?

Mas ao romper da manhã,


Jesus se apresentou na praia;
todavia os discípulos não sabiam
que era ele.
Disse-lhes, pois, Jesus:
Filhos, não tendes nada que comer?
Responderam-lhe: Não.
João 21, 4 e 5

Enquanto estamos distraídos, inicialmente não


percebemos quando somos visitados pela Luz.
A pergunta de Jesus se faz justificável: Filhos,
não tendes nada que comer?
Ou seja, ainda não te preparastes, não estais
providos dos recursos para o corpo e para a alma?
Precisamos manter uma relação equilibrada en-
tre o corpo e o espírito. Essa consciência nos remete
a buscar o sustento, para o nível corporal, no alimen-
to justo, e para o nível espiritual, na consciência in-
tegral.
Esses alimentos são básicos, para a preservação
harmoniosa do fluxo entre o corpo e o espírito.
Em um momento singular de relação com os
discípulos, Jesus estimulou-os a dar de comer à mul-

103
tidão. E para que pudesse mostrar que há provisão,
perguntou-os: O que tendes?
Ele ensinou, mostrou o caminho, libertou cons-
ciências e, nesse ritmo de espiritualização, está a nos
perguntar: tendes alimento?
Mas Dele virá o recurso, para prosseguirmos,
não só como pescadores dos frutos do mar, mas es-
pecialmente como pescadores de almas.
E, a partir do pouco que oferecermos, Ele mul-
tiplicará, em graça e alegria, o alimento, que provê
a vida.

104
Capítulo 38 – Simão, filho de
João, amas-me?
Depois de terem comido, perguntou Jesus
a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho
de João, amas-me mais do que estes?
Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que
te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus
cordeirinhos.

Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de


João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim,
Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe:
Pastoreia as minhas ovelhas.

Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de


João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por
lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-
me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes
todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-
lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.
João 21, 15 a 17

Vemos nesses versículos a doçura de Jesus, a


também nos convidar para o trabalho, para realizá-
-lo com amor.
O Mestre quer que sejamos a pedra angular,
cheios de fortaleza, que dá a fé viva.
Convida-nos para o amor, nos chama a amar,
de tal forma que possamos fazer tudo, com o cora-
ção repleto de amor.
No primeiro momento, pede que entendamos
o amor que Ele tem por nós, e que possamos fazer

105
de igual maneira: “amai-vos uns aos outros, como eu
vos amei”. (João 13, 34 e 35)
Diz Ele: “Pastoreia as minhas ovelhas, Pedro”.
As ovelhas são aqueles que já fazem o trabalho
cristão.
Elas são os discípulos de Jesus e precisam de
cuidados. São os amados do Mestre e devemos cui-
dar delas com o mesmo amor que dedicamos a Jesus.
No segundo movimento de profunda miseri-
córdia, Jesus nos fala sobre o amor que deve existir
entre todos os discípulos.
É necessário pastorear as ovelhas, zelar pelo
rebanho todo. Cuidar de cada pessoa, de cada criatura
de Deus.
Agora precisamos de exemplos e de consciên-
cia do amor.
Mais amor é necessário, para que Jesus reco-
nheça em nós, esse verdadeiro amor.
Não somos únicos, quando contemplamos os
outros em seus anseios.
Necessitamos renunciar a nós mesmos em nos-
sos mais íntimos valores.
Cristo estará em nós e, juntos, apascentaremos
as ovelhas.
Para tal, é preciso entrega plena, fé genuína, ca-
ridade pura, e um coração devoto e cheio de com-
paixão.
Paz em Cristo
Frei Leão.

106
Capítulo 39 – Que tens tu
com isso?
Ora, vendo Pedro a este,
perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?

Respondeu-lhe Jesus:
Se eu quiser que ele fique até que eu venha,
que tens tu com isso?
Segue-me tu.

Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito,


que aquele discípulo não havia de morrer.
Jesus, porém, não disse que não morreria,
mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha,
João 21, 21 a 23

As coisas espirituais são muito mais relevantes,


que as nossas ideias passageiras. Cada pessoa, que
busca a sua libertação espiritual, é única e esse
processo é intransferível, pois é, a partir da identidade
moral construída ao longo de nossa própria evolução,
que vamos nos distinguindo uns dos outros.
A nossa vontade atende ao fazer cotidiano, mas
existem, na profundidade da consciência, relações
que têm como diretriz a grande lei divina.
A vontade do Cristo impera sobre a nossa
vontade limitada. Portanto, é justo perguntar: o que
queres que eu faça? Se o discípulo não sabe a vontade
de seu mestre, como agirá com a devida prudência?

107
Em boa ordem, é preciso entender que eu é
que sigo o Cristo, não é o Cristo que me segue. Para
tal, não preciso estar necessitado do que o outro está
fazendo, para que eu possa seguir.
É coerente que eu siga, sem precisar que o
outro siga também, pois não há dependência na
minha espiritualização.
A minha visão, o meu entendimento e o meu
coração devem estar cônscios de que o Senhor da
vida, confere a cada um, missões diferentes, para
atingirem a finalidade determinada pelas leis, que
são o objeto construtor do universo e que tem, como
fonte primordial, a vontade de Deus.
Paz em Cristo.
Frei Leão.

108
Capítulo 40 – Se o sal se
tornar insípido, com que se
há de restaurar-lhe o sabor?
Vós sois o sal da terra;
mas se o sal se tornar insípido(*),
com que se há de restaurar-lhe o sabor?
para nada mais presta,
senão para ser lançado fora,
e ser pisado pelos homens.
Mateus 5,13

(*)insípido – que não tem gosto

Através dos ensinamentos deixados por Jesus,


agora sabemos quem nós somos e como devemos
agir.
Somos o sal da terra, a luz do mundo, o jardi-
neiro do Mestre.
Devemos estar em perfeita relação com este
planeta, também chamado Gaia, pois fazemos parte
desse processo ecológico e harmonioso. Precisamos
cuidar com carinho de tudo que fizermos. Assim,
o nosso ser se expressará, levando ao próximo esse
amor de servir.
Ser também o sal limpo, purificado pelo Evan-
gelho.
Sendo sal puro, os homens terão com quem
contar.

109
Que, aqueles que sofrem, possam receber o le-
nitivo do cuidado prestimoso.
Aqueles que andam sem rumo, perdidos na es-
curidão, se encontrem. Desse encontro, que sejamos
a luz do caminho, trabalhando para que eles não se
percam e voltem rápido para a direção do Mestre.
Ao reconhecermos que somos o sal da terra,
isso nos trouxe um sentido para as nossas vidas e que
temos importância para as vidas dos outros.
Isso constitui um significado, um sentimento,
de que pertencemos à terra.
Onde estivermos, daremos o sabor da alegria.
Se estivermos lá, levaremos o sabor da paz.
Acolá, levaremos o sabor da tranquila paciên-
cia, e mais além, a misericórdia silenciosa, será o nos-
so sabor.
Porque, se somos sal do amor de Jesus, repre-
sentaremos o Mestre no oceano da vida, com a doce
bondade de ser incorruptível.

110
Capítulo 41 – Que
recompensa tereis?
Pois, se amardes aos que vos amam,
que recompensa tereis?
Mateus 5, 46

Quando o coração faz distinção, entre um e ou-


tro, ele ainda está preso aos caprichos e sentimenta-
lismos, assim como, a buscar no outro, o retorno do
sentimento doado.
Se agirmos dessa forma, nunca nos educaremos
na consciência maior.
Observe a si mesmo e não permita que os valo-
res do mundo sejam assumidos pelo vosso coração.
O coração, que busca os sentimentos ilumina-
dos, tem como essência o amor universal, que deve
abraçar a todos com igual afeição.

111
Capítulo 42 – Que fazeis
demais?

E, se saudardes somente
os vossos irmãos,
que fazeis demais?
Mateus 5,47

Saudar os vossos irmãos é a arte de ser agradá-


vel, em bom tom e bom trato.
A consciência universal não tem ponto de refe-
rência, porque sabe que, em Deus, somos todos ir-
mãos. Assim, ela busca fazer sempre algo que acres-
cente valor moral às ações.
O comportamento amoroso, ao saudar alguém,
abre a porta para a aceitabilidade, propondo um rela-
cionamento saudável.
Tratemos a todos a partir de atitudes gentis, pois
o Senhor da Vida nos dotou de um grande coração.

112
Capítulo 43 – Não fazem os
gentios também o mesmo?
Não fazem os gentios também o mesmo?
Sede vós, pois, perfeitos,
como é perfeito o vosso Pai celestial.
Mateus 5, 47 e 48

Nós somos únicos, portanto, não precisamos


reproduzir em nossas ações as atitudes desagradáveis
dos outros e, muitas vezes, as reproduzimos, porque
eles são ícones humanos.
Compreendamos que, como humanos, eles es-
tão sujeitos às vicissitudes e equívocos proporcionais
às suas idades evolutivas.
Somos construções espirituais do Cristo.
Jesus é o nosso modelo e guia.
Saudemos a todos como Jesus nos saudou: “A
paz esteja convosco” (João 20,21).
E se buscarmos nos ensinamentos que Jesus
nos deixou, o que é “ser perfeito”, o que iremos en-
contrar?
Vamos analisá-los com amorosa atenção e ire-
mos encontrar:
- Bendizei àqueles que vos maldizem.
- Faça o bem àqueles que vos odeiam.

113
- Ore por aqueles que vos maltratam.
- Dê a outra face, retribua o mal com o
bem.
- Tenha amor em vosso coração, purifi-
cando-o, para ver a Deus.
- Que o nosso Pai é todo amor e justiça,
com plena misericórdia.
- Que Ele ama a todos os seus filhos e não
desampara a ninguém.
Vamos nos educar através do Evangelho e
aprenderemos o caminho para a perfeição.

114
Capítulo 44 – Não é a vida
mais do que o alimento,
e o corpo mais do que o
vestuário?
Por isso vos digo:
Não estejais ansiosos quanto à vossa vida,
pelo que haveis de comer,
ou pelo que haveis de beber;
nem, quanto ao vosso corpo,
pelo que haveis de vestir.
Não é a vida mais do que o alimento,
e o corpo mais do que o vestuário?
Mateus 6,25

Reconhecer o valor daquilo que o Pai nos dá,


diariamente, é entender que a providência divina
tem, como lei básica, para os mundos, a sustentação.
Aqueles que vivem a experiência de Deus, em
si mesmos, imediatamente percebem que, ao longo
do caminho evolutivo, o Pai providencia todos os re-
cursos necessários, para que os seus filhos cumpram
a parte que lhes cabem na evolução do universo.
Conscientes da grandiosidade do Pai sigamos,
dia a dia, com serena tranquilidade.
A vida alimenta!
O corpo é belo, mas essa nutrição só é perce-
bida por aqueles que aprenderam a respeitar a sua
própria existência.

115
Capítulo 45 – Não valeis vós
muito mais do que elas?
Olhai para as aves do céu,
que não semeiam, nem ceifam,
nem ajuntam em celeiros;
e vosso Pai celestial as alimenta.
Não valeis vós muito mais do que elas?
Mateus 6, 26

É preciso conhecer a si mesmo e observar as


criaturas à sua volta, educando os potenciais do
discernimento.
Se até essas pequenas aves são sustentadas pelo
amor do Pai, reflita você, que tem ampla clareza
dessa consciência e se movimenta e respira dentro
dela, o quanto o nosso Pai faz por cada um de nós.
O Pai nos deu o livre arbítrio, para que, a
qualquer momento que quisermos, possamos agir,
atuar, modificar, acrescentar e retirar algo do grande
celeiro da vida.
Assim, tenhamos confiança em Deus e façamos
a nossa parte, com muita responsabilidade.

116
Capítulo 46 – Qual de vós
pode acrescentar um côvado
à sua estatura?

Ora, qual de vós,


por mais ansioso que esteja,
pode acrescentar um côvado(*) à sua estatura?
Mateus 6, 27

(*)medida usada pelos povos antigos,


de aproximadamente 45 centímetros de comprimento.

Há uma ordem no cosmos, regida pelas leis Di-


vinas, que se organizam desde o nosso interior até o
universo.
Jesus nos mostra que a consciência dos fatos é
o melhor recurso terapêutico, para não deixarmos
as nossas emoções desequilibrar a vontade, gerando
ansiedade naquilo que não podemos mudar.
Existem sofrimentos inevitáveis, que teremos
que passar, porque pertencem à ordem natural do
mundo, tal como a dor, a velhice e o desencarne.
Todos nós vamos vivenciá-los, não há como al-
terar esse processo educativo, portanto, frente a ele,
valorize a vida.
Assim, vivamos em plenitude o ser espiritual
que somos, fortalecendo a fé, aumentando a tolerân-
cia e a resignação perante as leis Divinas.

117
Capítulo 47 – Por que andais
ansiosos?
E pelo que haveis de vestir,
por que andais ansiosos?
Olhai para os lírios do campo,
como crescem; não trabalham nem fiam;
Mateus 6, 28

Enquanto estivermos agindo na matéria, como


se fôssemos a própria matéria, todas as mudanças re-
pentinas, às quais o corpo está sujeito, refletirão em
nós, com grande angústia.
Enquanto acharmos que temos que legar tri-
butos ao corpo social, que também sofre alterações
rápidas, na ilusão de sua estruturação, estaremos su-
focados por prazeres, desejos e dores.
Jesus, o Meigo Nazareno, nos ensinou que a
melhor veste é a simplicidade, que o melhor perfume
é a educação e que a melhor sandália é a consciên-
cia tranquila. Assim, toda a nossa imagem natural se
mostra em perfeita harmonia, quando somos alegres.
A roupa mais elegante, se não estiver circunda-
da pela emoção da alegria, não refletirá a própria luz.
Poderá seduzir, mas não falará do ser interior.
Aquilo que vestimos só se torna belo, quando o
nosso olhar é belo e o nosso sorrir é expressivo.
O lírio do campo é o sorriso da natureza. Ele é
belo porque usa a vestimenta que Deus o concedeu,
e isso por si só basta.

118
Capítulo 48 – Que havemos de
comer e de beber?
Pois, se Deus assim veste a erva do campo,
que hoje existe e amanhã é lançada no forno,
quanto mais a vós, homens de pouca fé.
Portanto, não vos inquieteis, dizendo:
Que havemos de comer?
Mateus 6, 30 e 31

O primeiro alimento é o sentimento, as


emoções e as energias, em perfeita harmonia, pois
somos seres espirituais.
Os olhos produzem a inquietude do estômago.
A cabeça em desalinho pode mudar a funcionalidade
real dos órgãos e nós, que deveríamos comandar o
corpo, somos comandados por ele. Nessa condição,
não há qualidade de vida e há muita inquietação.
Lembrem-se, Deus sustenta!
Jesus nos traz nessa passagem do Evangelho, a
consciência “do comer”.
Aquele que realmente come com consciência,
se alimentará de pouco, sentindo-se saciado. O
pouco é a própria fartura!
As pessoas não devem comer com inquietude,
pois poderão fluidicamente contaminar o próprio
alimento. Comer é do corpo, a inquietude é do
espírito.

119
Busque a calma, a serenidade, pois esse é um
momento sagrado para o corpo, que o espírito tem
de respeitar.

Portanto, não vos inquieteis, dizendo:


Que havemos de comer?
ou: Que havemos de beber?
Mateus 6, 31

Na ordem da nutrição, o beber é fonte que


traz qualidade de vida. Entretanto, a sociedade atual
fez do ato de beber um escândalo e nós perdemos
o sentido da gustação tão importante, para que a
alimentação líquida se torne uma fonte essencial,
para complementarmos a alimentação sólida.
Quando pensamos, naquilo que bebemos,
veremos que, na lei de sustentabilidade, Deus nos
trouxe a fonte da vida, que é a água.
Utilizemos dela com amor e veneração, pois,
na ordem da alimentação corporal, essa é a mais
importante a promover a vida.
A consciência do beber é um ato, que deve
estar livre de todas as preocupações, para que o
corpo possa, realmente, aproveitar todas as forças
energéticas contidas no líquido da vida, a água.

120
Capítulo 49 – Com que nos
havemos de vestir?
ou: Com que nos havemos de vestir?
Pois a todas estas coisas os gentios procuram.
Porque vosso Pai celestial sabe
que precisais de tudo isso.
Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça,
e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã;
porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
Basta a cada dia o seu mal.
Mateus 6,31 a 34

O vestir é a doce alegria cultural e tem como


única premissa o abrigar e o proteger. Aquilo que
acrescentamos a esse simples ato, pode nos trazer a
angústia, ansiedade e a preocupação. Quando ele se
torna fonte de nossas vaidades, além do conforto, ele
se molda na ilusão da aparência.
Nós temos que vestir o corpo.
Se a alma se manifestar com elegância moral e
suave brandura, por si só a vestimenta corporal terá
menor valor.
Se o corpo for suave, educado e meigo, quem
reparará tanto na vestimenta física?
Não preocupeis, porque a veste que deveis apri-
morar é o vosso corpo espiritual. Essa estará contigo
para sempre, como uma identidade daquilo que sois.

121
A justiça de Deus é plena de misericórdia e ela
é exercida no momento oportuno. Tudo o que fizer-
mos, refletirá em nós mesmos, e seremos responsá-
veis pelas nossas ações. Por isso, é preciso viver com
sabedoria cada instante.
Viver com serenidade, em perfeita calma e em
silêncio, são possibilidades educáveis, que evitam as
inquietações propostas pelo mundo, a nos dar a ale-
gre consciência de que podemos nos deixar levar pela
misericórdia do Pai, na leveza do fardo do Cristo.
Por certo, prosseguiremos o nosso caminho
evolutivo, a partir do que fizermos da possibilidade
do dia.

122
Capítulo 50 – Não reparas na
trave que está no teu olho?

E por que vês o argueiro no olho do teu irmão,


e não reparas na trave que está no teu olho?
Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o
argueiro do teu olho,quando tens a trave no teu?
Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho;
e então verás bem para tirar o
argueiro do olho do teu irmão.
Mateus 7, 3 a 5

O Mestre de infinita misericórdia nos ensina


o caminho da reforma íntima, propondo que, con-
tinuamente, avaliemos as nossas más tendências, e
possamos vê-las claramente, para prestar-lhes o legí-
timo combate.
É habitual o condicionamento de olharmos
para o outro, esquecendo de primeiramente
olharmos para nós mesmos. Dessa condição
deriva a nossa sede de julgar.
Assim, evitamos que a nossa consciência vas-
culhe o nosso interior, identificando o que devemos
mudar em nossos corações.

Joseph Gleber

123
Para que não sejais julgados, não julgueis. No ato
do vosso julgamento está a vossa própria condenação.
O julgar quase sempre será um ato precipitado, sem
passar pelo crivo da razão e pelo coração resignado.
Ainda carregamos grandes dificuldades morais,
que Jesus representa como essa trave, que nos impe-
de de ver os nossos defeitos.
Se ainda não conhecemos a nós mesmos, como
lançar julgamentos sobre o outro?
Pede-nos o Mestre que usemos o potencial do
discernimento, para que este nos leve a uma profun-
da avaliação de nossos defeitos, de tal forma que pos-
samos combatê-los primeiramente. Isso não invalida
o ato de avaliarmos, com bom senso, a ação do ou-
tro, mas sempre é prudente resguardar o direito que
o outro tem de receber a nossa cortesia, considera-
ção e amizade.
Conscientes de que o julgamento que o outro
faz, sempre afeta a ele mesmo, devemos dedicar-lhe
amor e entendimento.
As duas perguntas que Jesus nos direcionou são
convites para que possamos realizar a nossa reforma
íntima.
Quando estivermos dispostos a retirar a tra-
ve de nossos olhos, atendendo ao convite de Jesus,
combateremos as nossas más tendências realizando
a transformação moral tão necessária, para a nossa
evolução.

124
Capítulo 51 – O que o Pai dá
aos seus filhos?

Pedi, e dar-se-vos-á;
buscai, e achareis;
batei e abrir-se-vos-á.
Pois todo o que pede, recebe;
e quem busca, acha;
e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
Ou qual dentre vós é o homem que,
se seu filho lhe pedir pão,
lhe dará uma pedra?
Ou, se lhe pedir peixe,
lhe dará uma serpente?
Se vós, pois, sendo maus,
sabeis dar boas dádivas a vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus,
dará boas coisas aos que lhas pedirem.
Mateus 7, 7 a 9

O Mestre amado ressalta essa atividade amorosa


do pai terreno de trabalhar, para manter e sustentar
o lar. Ele eleva assim o valor da paternidade, nos
mostrando o cuidado do pai, para com os filhos.
Mostra que esse tutor terrestre tem um grande
coração e, com naturalidade, fará todo o possível,
para atender as reais necessidades dos seus filhos.
Entretanto, Jesus deixa bem claro o valor do
pedido e a sua importância para o crescimento e a
educação. O pai consciencioso avalia os pedidos,

125
para que possa dar o que é necessário ao crescimento
harmonioso dos filhos.
É maravilhoso observar a dedicação e a nobreza
de um pai, que renuncia a si mesmo, a fim de educar
e direcionar os seus filhos, para o caminho do bem.
Um pai de família tem a intenção de valorizar
os seus filhos, porque ele sente em seu coração, que
eles fazem parte dele mesmo.
Mesmo aqueles pais, que ainda carregam um
coração endurecido, perante os filhos, buscam
emudecer esse estado, para fazerem o melhor.
Valorizemos o pai, como provedor e educador.
Respeitemos os nossos pais, pois, ainda que
eles nos destratem, eles também nos possibilitaram
a reencarnação, nos dando uma oportunidade
evolutiva. Só isso basta, para sermos eternamente
gratos.
Jesus tira dessa ação amorosa do pai da Terra,
que está tão próximo de nós, um sentimento nobre.
Em Deus, esse ato de cuidar, de sustentar e de
tratar bem, se transcende, mostra-se mais belo, pois
o Pai, que está no céu, providencia tudo de que os
filhos necessitam, para que voltem à casa, redimidos.

126
Capítulo 52 – Colhem-se uvas
dos espinheiros,
ou figos dos abrolhos?
Pelos seus frutos os conhecereis.
Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros,
ou figos dos abrolhos?
Assim, toda árvore boa produz bons frutos;
porém a árvore má produz frutos maus.
Uma árvore boa não pode dar maus frutos;
nem uma árvore má dar frutos bons.
Toda árvore que não produz bom fruto
é cortada e lançada no fogo.
Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
Mateus 7, 16 a 20

O espírito encarnado também deve se empenhar


no sentido de buscar o conhecimento.
Aquele que, diariamente, busca o aprendizado
e, de igual forma, transmite ao outro aquilo que
aprendeu, gradativamente, desenvolve e amplia
as suas faculdades. Passa assim a compreender,
entender, ver e ouvir melhor o mundo à sua volta, a
partir do seu conhecimento interior.
Os bons espíritos pedem para nos instruirmos;
“espírita, instruí-vos”(*). Esse é um sábio conselho,
para aqueles que queiram compreender a si mesmos.
O mundo é a realidade de muitas relações

127
dependentes e interdependentes consigo, com o
outro e com o que está à nossa volta.
Cada relação efetuada, nos proporciona a
consciência de nós mesmos.
Algumas são deliberadas, outras são fortuitas,
mas nenhuma delas se dá por acaso. Sempre trará
dentro de si motivos e energias, que incitarão o outro
na busca do aprendizado.
O mundo oferece lições de vida. Compete ao
educando utilizar o seu saber, com consciência, para
melhor discernir entre o bem e o mal, entre o útil
e o supérfluo e sem necessidade, entre o falso e o
verdadeiro.
Para tal, é preciso observar e ver com muita
atenção o fato e não ir além dele.
No fato, a verdade se expressa, as considerações
paralelas se tornam muitas vezes frutos da nossa
imaginação.
Jesus nos ensina, nessa passagem, a educarmos
um grande potencial das qualidades humanas, que é
o discernimento e “pelos seus frutos os conhecereis”.

(*) Evangelho Segundo o Espiritismo- Capitulo 6, item5

128
Capítulo 53 – Não
profetizamos em teu nome?
Muitos me dirão naquele dia:
Senhor, Senhor,
não profetizamos nós em teu nome?
e em teu nome não expulsamos demônios?
E em teu nome não fizemos muitos milagres?

Então lhes direi claramente:


Nunca vos conheci;
apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniquidade.
Mateus 7, 22 e 23

Não vos deixeis enganar. No final dos tempos


aparecerão falsos profetas, que realizarão muitas coi-
sas e que, na aparência, se mostram exuberantes.
Somente o conhecimento profundo do Evan-
gelho de Jesus e a sua prática, nos darão condições de
distinguir a árvore da qual eles provêm.
Observeis com atenção os frutos e digo mais,
vá até a raiz e veja a sua real natureza.
Saiba que, se ela estiver carcomida, por desejos,
de ilusão e materialidade, ela não gerará bons frutos.
Jesus nos deu os recursos para usarmos o bom
discernimento e aferir, com digna humildade, aque-
les que dizem “Senhor, Senhor”.
Paz em Cristo
Frei Leão.

129
A consciência nos possibilita distinguir entre o
bem e o mal.
A responsabilidade, decorrente da evolução es-
piritual, nos indica sempre a optar pelo bem.
Dentro da ampla dimensão do bem, cabe à
alma caridosa usar de discernimento, para saber se o
que está fazendo, corresponde aos frutos espirituais.
O cristão, em sua ação, mostra o belo fruto do
cristianismo e esse fruto saboroso tem que sustentar
a fome de Evangelho, pela qual passa a humanidade.
Se pegarmos esse fruto do amor de Jesus e o
deturparmos, com a maledicência e o misticismo, e
colocarmos nele a aparência dos contornos da ma-
téria pintada pelos nossos intelectos, perderemos os
resultados de nossas obras.
A obra sempre está circundada por valores invi-
síveis, que a sustenta.
Olhar simplesmente a pintura de um quadro
belo, não determina os sentimentos de admiração
e impressionabilidade. É preciso que a pessoa, que
olha o quadro, perceba os detalhes, que os remetam
para dentro de si mesma.
Palavras, muitas vezes, não significam aquilo
que queremos dizer.
Algumas pessoas movimentam energias mag-
néticas, sem ter nada no coração.

130
Outros falam e falam eloquentemente, mas es-
tão vazios de sentimentos e da verdadeira espiritua-
lidade.
O que fazemos aqui na Terra, com o nosso
tempo, que realmente atenda aos ensinamentos de
Jesus e como poderão ser reconhecidos no céu?
A beleza de um ornamento exterior pode até
encantar aparentemente aos tolos e aos vulgares,
mas nunca irá impressionar uma alma justa, de bons
propósitos e de sentimentos corretos.
Todos têm que buscar a evolução, purificando-
-se em seus gostos, tratos, pendores e ações.
Jesus receberá no Seu reino aqueles que O con-
fessaram, sinceramente, diante dos homens, com
práticas e exercícios de puro amor, porque todos
serão aferidos, pela pureza de coração e pelas suas
obras.

131
Capítulo 54 – Por que pensais
mal em vossos corações?
“Jesus, penetrando-lhe os pensamentos,
perguntou-lhes:
Por que pensais mal em vossos corações?
Mateus 9,4

Pelos pensamentos, alimentamos o nosso co-


ração com bons ou maus sentimentos. O coração
é sensível e pode alimentar a vida com amor, mas,
conforme o Mestre nos alertou, devemos “vigiai e
orai” (Mateus 26,41).
Quando alimentamos um pensamento negati-
vo, ele nos envolve, nos enclausurando nas sombras
das energias ruins, de baixo padrão vibratório. Essas
vibrações negativas são emitidas, indo ao encontro
de muitas mentes frágeis, que estabelecem uma sin-
tonia conosco.
A pergunta de Jesus é: “Por que pensais mal em
vossos corações?”
Para responder a essa pergunta é preciso que
conheçamos as nossas imperfeições, tais como o or-
gulho, a insensatez da inveja e a má tendência do
egoísmo.
Essas forças condicionantes, oriundas do nosso
nível evolutivo, nos predispõem aos pensamentos
negativos e à prática do mal.

132
Se ainda há, em nossos corações, predisposi-
ções para o mal, respondamos a pergunta de Jesus
buscando imediatamente combatê-las, realizando a
nossa reforma íntima.
Assim, faz-se necessária a educação dos pensa-
mentos e sentimentos, para que o nosso coração se
purifique, e nos dediquemos à prática do bem e do
belo.

133
Capítulo 55 – Que é mais fácil
dizer?

Que é mais fácil dizer:


Teus pecados te são perdoados,
ou: Levanta-te e anda?”
Mateus 9,5

Sem a compreensão e o entendimento, não po-


demos ver e entender o que é real, que se manifesta
em tudo e em todos, inviabilizando a condução sen-
sata de uma constatação inteligente.
Queremos justificativas e provas, para explicar
aquilo que ainda não paramos para estudar e refletir
detidamente.
Como fazer para que o fato possa ser com-
preendido e entendido?
Se a fé e o amor ainda não nos possibilitam
ver e entender as realizações do amor de Deus pe-
las criaturas, observemos os resultados. E, antes de
nos arrazoarmos, por não termos meditado detida-
mente, reorganizemos os nossos pensamentos e sen-
timentos. Comecemos a perceber que o fato não se
explica, somente por simples critérios da razão. Exis-
tem outros móveis dentro da realidade, que melhor
explicitam o fato, o tornando inteligível e de maior
significado.

134
A fé educada abre a faculdade de ver, e o enten-
dimento, a partir da fé, é esclarecedor.
O que é mais fácil, sensibilizar o coração ou
atingir a razão?
O Senhor da Vida movimenta primeiro os sen-
timentos, para logo após nos acrescentar o entendi-
mento ao raciocínio.
O coração endurecido é um grande obstáculo
ao entendimento e à compreensão. Obstrui a facul-
dade de ver e ouvir e, essencialmente, a interpreta-
ção sensata do fato.
Para alguns, no nível das intenções, voltadas
para o bem, o entendimento é completo, não preci-
sando “ver para crer”.
Além disso, sabemos que a fé raciocinada, como
nos esclareceu Kardec, é suficiente para tirar do fato,
a verdade, que se manifesta no invisível de sua essên-
cia. Mas, para muitos, somente após as consequên-
cias, que se concretizam na realidade da matéria, os
capacitam a tirar do invisível, as lições justas.
É mais fácil dizer que os vossos pecados estão
perdoados?
Como entender a dimensão dessa afirmativa,
simplesmente refletindo, com base em fatos reais,
usando a razão?
É preciso uma compreensão das leis de Deus
e um claro entendimento do seu funcionamento,

135
pois, quando Jesus afirmou que “Teus pecados te
são perdoados”, representava o término de um ciclo
expiatório.
Para muitos, o entendimento de que o carma
havia terminado, só seria possível a partir de ver o
fenômeno, o maravilhoso, através da cura do corpo.
Entretanto, numa demonstração clara da rea-
lidade espiritual, Jesus tornou visível que a cura do
corpo iria ocorrer, inicialmente, através da cura do
espírito, pelo perdão dos pecados.

136
Capítulo 56 – Podem os
convidados, do noivo, ficar
tristes?
Então vieram ter com ele os discípulos de João,
perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos,
mas os teus discípulos não jejuam?
Respondeu-lhes Jesus:
Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias,
enquanto o noivo está com eles?
Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo,
e então hão de jejuar.
Mateus 9, 14 e 15

Os homens exigem sacrifícios, quando a


misericórdia ou o merecimento se expressa.
Às vezes queremos que o sofrimento seja a
marca visível, mesmo no momento em que a alegria
se mostra em abundância. Estamos com o coração
triste e achamos que a nossa dor deve ser também a
dor do outro.
Em alguns casos, nos é difícil contentar com a
alegria alheia. Perante o êxito e a prosperidade do
outro, quase sempre perguntamos em silêncio: Por
que esse êxito e essa prosperidade não são minhas?
Ora, se alguém está alegre, fiquemos alegres
também. E se alguém está em paz, devemos nos
alegrar a tal ponto, que as energias benéficas do
outro também possam nos envolver.

137
Estamos encarnados num planeta, em que as
mudanças são muito rápidas. Estar hoje com o outro
pode nos proporcionar alegria, colocando nossa alma
em doce festa. De repente, tudo muda e o outro pode
ir embora, e o nosso coração vai chorar de saudades.
A lição de Jesus é simples. Estejamos alegres,
com doce misericórdia, nos dias em que a vida nos
oportuniza o contentamento. Mas, de igual forma,
tenhamos a serenidade de, nos momentos das perdas
ou mudanças, no jejum e na oração, vivenciarmos o
misericordioso silêncio e a resignação.
“Pai, seja feita a Sua vontade” (Mateus 11,25)

138
Capítulo 57 – Credes que eu
posso fazer isto?

Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos,


que clamavam, dizendo:
Tem compaixão de nós, Filho de Davi.
E, tendo ele entrado em casa,
os cegos se aproximaram dele;
e Jesus perguntou-lhes:
Credes que eu posso fazer isto?
Responderam-lhe eles: Sim, Senhor.
Então lhes tocou os olhos, dizendo:
Seja-vos feito segundo a vossa fé.
Mateus 9, 27 a 29

O que vai em seu coração?


Quais as suas certezas?
O que busca?
A relação entre o Mestre e o discípulo é de pura
confiança.
É uma certeza profunda de que o Mestre pode
tudo e que nós podemos nos entregar em Suas mãos.
A fé viva, por si só, produz transformações in-
ternas, que refletem em nossa exterioridade, produ-
zindo bem estar e alegria.
Quando essa fé é vivificada em Jesus, a mesma
penetra profundamente o nosso interior, despertan-

139
do o nosso potencial de amor que é, para os corpos,
o remédio salutar e renovador.
Esse potencial de ligação intensa com o Mestre
tem como fonte de interação o crer, o saber e o sen-
tir. É a confiança que devemos ter em Jesus.
Justa então é a Sua pergunta: “credes que Eu
posso fazer isso?”

140
Capítulo 58 – Não se vendem
dois passarinhos por uma
moedinha?
O que vos digo às escuras,
dizei-o às claras;
e o que escutais ao ouvido,
dos eirados pregai-o.
E não temais os que matam o corpo,
e não podem matar a alma;
temei antes aquele que pode fazer perecer
no inferno tanto a alma como o corpo.
Não se vendem dois passarinhos
por uma moedinha?
e nenhum deles cairá em terra sem
a vontade de vosso Pai.
E até mesmo os cabelos da vossa cabeça
estão todos contados.
Não temais, pois; mais valeis
vós do que muitos passarinhos.
Mateus 10, 27 a 31

No nosso processo evolutivo, já estagiamos por


vários corpos da natureza, pois estamos submetidos
à Lei do Progresso.
Nos vários reinos que estagiamos, o espírito
eterno vivenciou também a lei de causa e efeito.
A providência Divina a tudo sustenta, ampara e
mantém, no fazer contínuo do universo, através da

141
excelsa vontade do Criador. “Meu Pai trabalha até
agora, e eu trabalho também.”(João 5, 17)
Nenhum pássaro ou um fio de cabelo das vossas
cabeças cairá e nada ocorrerá, sem a vontade do Pai.
Tudo ocorre harmoniosamente no processo evolu-
tivo, como instrumentos do Pai, para a evolução do
homem e do universo.
Tiremos do coração a preocupação, mas nos
ocupemos em aprender a verdade, que se manifesta
à nossa volta.
Fiquemos firmes na realização do projeto de
Deus. “Seja feita a Tua vontade, assim na Terra
como no céu” (Mateus 11,25)
Agindo assim, poderemos entender melhor a
vontade do Pai.
Alegrai-vos, sois muito amados pelo Senhor
vosso Pai.

O mundo, com as suas exigências, nos leva a


muitas indecisões. O que ele pode nos oferecer é
transitório e tem como único peso, a troca, o ganhar
e o perder.
Pelo valor que damos às coisas do mundo, não
conseguimos atingir as coisas do espírito.

142
Quando compreendermos a grande conexão
entre toda criação, veremos que nosso posiciona-
mento é carregado do pouco conhecimento, que
ainda temos da realidade.
O mundo espiritual é vivo, atuante e age in-
cessantemente sobre o mundo físico, determinando
as forças necessárias para a evolução do conjunto, a
partir da ação de cada criatura.
O projeto divino, para o planeta e os seres aqui
viventes, tem suas linhas essenciais, que propõem a
evolução integral do ser.
É preciso então compreender que, antes de
fazermos alguma coisa no mundo, a disponibilidade
vem de Deus e a sua vontade será executada.
Nada ocorre se não houver a permissão do Pai,
mas entendamos que, pelo livre arbítrio, as nossas
ações refletirão sobre nós mesmos.
O olhar de Deus e a Sua presença representam
a sustentação e o progresso contínuo.

143
Capítulo 59 – Que saístes a
ver no deserto?
Ao partirem eles, começou Jesus
a dizer às multidões a respeito de João:
que saístes a ver no deserto?
um caniço agitado pelo vento?
Mateus 11, 7

Quando formos sair “a ver” é preciso primeiro


ter a consciência do que estamos buscando. Aquele
que sai ao léu, não sabe o que quer e, portanto, estará
sujeito às circunstâncias da sua própria imprudência.
Uma indagação, a pesquisa, o cuidado, o zelo
e uma profunda análise, de nossas intenções e
motivações, do que é essencial, devem anteceder à
saída.
O mundo, com suas diversidades de ofertas,
poderá se tornar um deserto, se os nossos motivos
forem áridos e se as buscas forem estéreis.
O vento da intemperança agita o coração do
buscador, não permitindo que ele veja a realidade
das coisas manifestas.
O que é espiritual não atende às conceituações
e preceitos do mundo. Não busquemos nele o que
está ao vento.
Saiamos, mas sabendo para onde vamos. Se
não, é melhor não sair.

144
Após sairmos, é necessário ter a firmeza de
propósitos, a fé raciocinada e não nos deixarmos
desviar do rumo que traçamos.
Os convites serão muitos, o vento a agitar
por toda a parte, mas, aquele que sabe o que quer,
se manterá firme e caminhará tranquilo, para a
conquista de seus objetivos, na experiência espiritual.
Jesus insiste em perguntar, que saístes a ver?
Ele sabe que só vemos e buscamos, aquilo que
tem valor em nossos corações. “Pois, onde estiver
o teu tesouro, ali também estará o teu coração.”
(Mateus 6,21).

145
Capítulo 60 – Saístes a ver
um homem trajado de vestes
luxuosas?
Mas que saístes a ver?
um homem trajado de vestes luxuosas?
Eis que aqueles que trajam vestes
luxuosas estão nas casas dos reis.
Mateus 11, 8

Por que ainda buscamos nas aparências, as ma-


nifestações das coisas espirituais?
Por que ainda trazemos, dentro de nós, a ne-
cessidade de referenciais exteriores, para prejulgar
aquilo que queremos ver?
Quantos ainda buscam a iluminação, querendo
achá-la nas coisas do mundo.
Quantos exigem daqueles que falam de Deus,
as aparências humanas.
Mas, nesse grande deserto de nossa inseguran-
ça, as referências externas ainda são pontos de bus-
cas, que podem nos trazem grandes decepções.
Se sairmos para ver as coisas do mundo, as ima-
gens que carregamos, por si só, são puras aparências.
E, mesmo encontrando o belo e o harmonioso,
que dentro de si traz belas riquezas, devido às nos-
sas conceituações prévias para a busca, nos decep-
cionaremos, pois trajaremos o ser buscado, com as

146
vestimentas de nossos desejos, de ilusão e profunda
irrealidade.
Os seres espirituais se vestem de alegria, humil-
dade e profunda ternura.
O ser iluminado fala, veste e simboliza a simpli-
cidade, a humildade e o amor.
Isso é que vereis, se realmente saíres para ver as
coisas de Deus.

147
Capítulo 61– Saístes para ver
um profeta?
Mas por que saístes?
para ver um profeta*?
Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
Mateus 11, 9

Nossa saída precisa ter uma direção, porque


veremos várias coisas, que precisam ser aprendidas
para a nossa evolução. Para ver no deserto faz-se
necessário o aprimoramento de nossas percepções,
mas se o deserto está dentro de nós, o sair fica árido
e indiferente.
A consciência do que buscamos é essencial,
para sairmos e aprender.
Sair de dentro de nós mesmos, para ver e apren-
der com um homem de Deus, que veio à Terra para
revelar a verdade, nos leva ao encontro de um pro-
feta.
Nossa alma se preparou e se predispôs a apren-
der e tem dentro de si forças e ânimo, que a dire-
ciona na busca de si mesma. Vamos encher o nosso
coração de entusiasmo e educar a faculdade de ver.

(*) Profeta- Todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens


e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. ESE
Cap. 21 item 4

148
Esse espírito eterno, que somos nós, tem cons-
ciência do seu futuro e buscará incessantemente
aqueles que possam despertar, dentro de seu cora-
ção, a fé amorosa em Deus.
Ver a revelação Divina é aprendê-la e praticá-la.
Se o nosso “porque de sair” tem essa bela e har-
moniosa finalidade, o nosso ver se fará.

149
Capítulo 62 – Mas, a quem
compararei esta geração?
Quem tem ouvidos, ouça.
Mas, a quem compararei esta geração?
É semelhante aos meninos que,
sentados nas praças,
clamam aos seus companheiros:
Tocamos-vos flauta, e não dançastes;
cantamos lamentações,e não chorastes.
Mateus 11, 15 a 17

É preciso participar, com sentimento, de tudo


que está à nossa volta e deixar que, suavemente, as
nossas emoções se expressem.
É tão difícil viver indiferente, é muito sofrida a
dureza de coração.
Ainda não estamos habituados a participar,
com alegria, das forças que nos convidam ao bem.
Escutem, para que possam realmente sentir lá
dentro do peito, as relações que derivam de sua ex-
periência com o mundo.
Se ainda estamos na multidão, vivendo vida
após vida, à margem dos verdadeiros sentimentos de
compaixão, se ainda não deixamos, que o nosso inte-
rior pudesse escutar a nossa criança a tocar e a bailar,
ainda não vivemos em nós a música, que todos os
imortais tocaram.
A sua criança toca.
A sua criança quer dançar, mas o seu adulto
não deixa.

150
Capítulo 63 - E tu,
Cafarnaum, serás elevada até
o céu?
Contudo, eu vos digo que para Tiro
e Sidom haverá menos rigor,
no dia do juízo, do que para vós.
E tu, Cafarnaum,
porventura serás elevada até o céu?
até o hades(*) descerás;
porque, se em Sodoma se tivessem operado
os milagres que em ti se operaram,
teria ela permanecido até hoje.
Mateus 11, 22 e 23

As manifestações da beleza de Jesus, há séculos,


vêm se operando dentro de nós.
Os Seus convites chegam aos nossos ouvidos e
o Seu pedido chega aos nossos corações.
Faz-se necessário começarmos a expressá-los em
nossa prática diária, para que a graça e a misericórdia
nos identifiquem com aqueles que viram e ouviram,
e se transformaram. “A quem muito for dado, muito
será pedido.” (Lucas 12, 48)

(*) inferno

151
Capítulo 64 - Acaso não lestes
o que fez Davi ?

Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia


de sábado; e os seus discípulos,sentindo fome,
começaram a colher espigas, e a comer.
Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe:
Eis que os teus discípulos estão fazendo
o que não é lícito fazer no sábado.
Ele, porém, lhes disse:
Acaso não lestes o que fez Davi,
quando teve fome, ele e seus companheiros?
Mateus 12, 1 a 3

Observe a ação dos servos de Deus, diante das


dificuldades de sua existência.
Não fique somente na leitura do Evangelho,
mas aja para que, os ensinamentos ali contidos, se
transformem em atitudes renovadoras.
Procure seguir os exemplos que esses irmãos
nos deram. As ações, que visam a sustentar a vida, têm
prerrogativa sobre aquelas leis, que simplesmente
atendem às aparências das relações sagradas.
Deus faz tudo, para que os seus filhos se
eduquem na busca do bem, do harmonioso e do
belo, mas Ele não quer que os filhos se condicionem
a preceitos transitórios, das convenções humanas.
Ele é o Pai de todos, é misericórdia e amor.

152
Capítulo 65 – É lícito comer
os pães aos sábados?
Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram
os pães da proposição(*), que não lhe era lícito comer,
nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes?
Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes
no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?
Digo-vos, porém, que aqui está
o que é maior do que o templo.
Mas, se vós soubésseis o que significa:
Misericórdia quero, e não sacrifícios,
não condenaríeis os inocentes.
Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor.
Mateus 12, 4 a 8

“Mas, se vós soubésseis o que significa “Mise-


ricórdia quero e não sacrifícios, não condenaríeis os
inocentes.”
Portanto, cuideis para viver integralmente o
Evangelho de Jesus, que aboliu todas as aparências e
todos os interesses imediatos.
“Porque o Filho do homem até do sábado é o
Senhor”.
Ele nos deixou a pureza do amor, a fé operosa
e a caridade ativa, como princípios, que superam a
precariedade de nossas intenções passageiras.

(*) pães que estavam sempre presentes em uma mesa especialmente


dedicada, no Templo, como uma oferenda a Deus

153
Capítulo 66 – É lícito curar
nos sábados?

Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles.


E eis que estava ali um homem que tinha
uma das mãos atrofiadas;
e eles, para poderem acusar a Jesus,
o interrogaram, dizendo:
É lícito curar nos sábados?
E ele lhes disse: Qual dentre vós
será o homem que,
tendo uma só ovelha,
se num sábado ela cair numa cova,
não há de lançar mão dela, e tirá-la?
Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha!
Portanto, é lícito fazer bem nos sábados.
Mateus 12, 9 a 12

A vida traz, em si, o valor da própria vida e o


“homem vale mais do que uma ovelha.”
É a própria vida, a finalidade maior à qual
devemos atender.
Tudo que está à nossa volta se interage, para
nos proporcionar experiências e condições para so-
breviver e evoluir.
Aqui nós nos sujeitamos à experiência do vi-
ver, para aprender, entender e evoluir. Entretanto,
esse sujeitar não significa submeter o outro ou ficar
submisso às posturas humanas ou às necessidades da
matéria.

154
Não podemos explorar ou ser explorados, en-
ganar ou ser enganados.
O mundo é vivo e nós fazemos parte, ativa-
mente, dele.
Tudo o que está em nossa vida tem uma razão,
um sentido e um significado.
Entendamos, pois, que não podemos nos dei-
xar paralisar ou nos limitar àquilo que existe, para
nos ajudar no processo evolutivo, em nossa espiri-
tualização.
“Portanto, é lícito fazer o bem também nos sá-
bados”.

155
Capítulo 67– Por quem os
expulsam os vossos filhos?

Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo;


e ele o curou, de modo que o mudo falava e via.
E toda a multidão, maravilhada, dizia:
É este, porventura, o Filho de Davi?
Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram:
Este não expulsa os demônios senão por Belzebu,
príncipe dos demônios.
Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos,
disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo
é devastado; e toda cidade, ou casa,
dividida contra si mesma não subsistirá.
Ora, se Satanás expulsa a Satanás,
está dividido contra si mesmo;
como subsistirá, pois, o seu reino?
E, se eu expulso os demônios por Belzebu,
por quem os expulsam os vossos filhos?
Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.
Mateus 12, 22 a 27

Vamos sempre avaliar o fato, a partir do


próprio fato, pois, vários são os contornos, sistemas
e modelos, que podem nos distanciar do verdadeiro
entendimento. Aplicando essa hipótese, em nossa
vida pessoal, quando estamos sem um objetivo
espiritualizante em nossa vida, nos deixamos levar
pelas circunstâncias do mundo material. Agindo

156
assim, o final dessa luta será a nossa própria derrota,
atrasando a nossa evolução.
O mal não tem um sentido, nem um significado
digno em nossa vida, sendo um produto da ilusão
passageira, que, por si só, irá desaparecer, na medida
que evoluímos.
Alguns julgam e se deixam julgar, por algo ao
qual eles mesmos não têm certeza e não sabem o
que é ou de onde vem.
É preciso estar vigilante, para não usarmos da
ilusão, a fim de entendermos o real, e assim possamos
caminhar firmes no processo evolutivo.

157
Capítulo 68 – Como pode
alguém entrar na casa do
valente?
Mas, se é pelo Espírito de Deus que
eu expulso os demônios,
logo é chegado a vós o reino de Deus.
Ou, como pode alguém entrar na casa do valente,
e roubar-lhe os bens, se primeiro não
amarrar o valente? e então lhe saquear a casa.
Mateus 12, 28 e 29

A coerência de atitudes deriva de hábitos e de


princípios sérios.
Ver no irreal, aquilo que pode nos conduzir
à verdade do fato, exige atenção, discernimento e
compreensão.
Perceber, no mundo em que vivemos, as
causas e condições, para a nossa evolução, faz parte
do nosso processo educativo.
Se quisermos, realmente, aqui na Terra,
conquistar a nossa libertação do ciclo reencarnatório,
ajamos com coerência espiritual, buscando o
entendimento e fazendo, das oportunidades, um
ponto luz, para a nossa libertação.

158
Capítulo 69 – Como podeis
vós falar coisas boas, sendo
maus?
Quem não é comigo é contra mim;
e quem comigo não ajunta, espalha.
Portanto vos digo: Todo pecado
e blasfêmia se perdoará aos homens;
mas a blasfêmia contra
o Espírito não será perdoada.
Se alguém disser alguma palavra
contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado;
mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe
será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.
Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom;
ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau;
porque pelo fruto se conhece a árvore.
Raça de víboras! como podeis vós
falar coisas boas,sendo maus?
pois do que há em abundância no coração,
disso fala a boca.
Mateus 12, 30 a 34

Investigue o que sente em seu coração, através


das obras que faz.
Não se canse de analisar, a cada mínima atitu-
de, e retorne à sua alma, para saber se ela já está rea-
lizando, com coragem, a reforma íntima.
Na transformação moral e no combate às más
tendências, é preciso atenção, firmeza e perseverança.

159
Tenhamos disciplina e foco, para conhecer
quem verdadeiramente somos. Ao nos conhecer-
mos, poderemos saber, claramente, o que deve ser
melhorado ou transformado(*).
Jesus, sabiamente, nos proporciona o ponto
essencial, onde devemos investigar a nós mesmos,
para voltarmos nos autoeducando.
A obra e o coração, o coração e a obra, infor-
mam ao espírito o que ele deve fazer no caminho da
senda, para o seu aperfeiçoamento.

(*) Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua


transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações más. O Evangelho Se-
gundo o Espiritismo- Cap. 17 item 4

160
Capítulo 70 – Quem é minha
mãe e quem são meus
irmãos?
Enquanto ele ainda falava às multidões,
estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos,
procurando falar-lhe.
Disse-lhe alguém: Eis que estão
ali fora tua mãe e teus irmãos,
e procuram falar contigo.
Ele, porém, respondeu ao que lhe falava:
Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?
E, estendendo a mão para os seus discípulos disse:
Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai
que está nos céus, esses são meu irmão,
minha irmã e minha mãe.
Mateus 12, 46 a 50

Todos nós somos irmãos, pois Deus é o Pai de


todos.
A parentela consanguínea proporciona papéis,
que assumimos em nossa jornada evolutiva, enquan-
to encarnados. O lar deve ser, sempre, a expressão
da reconciliação, da justiça, da tolerância e do amor.
Jesus disse que “qualquer que fizer a vontade
de meu Pai que está nos céus, esses são meu irmão,
minha irmã e minha mãe.”
Fazer a vontade do Pai significa seguir os Seus
mandamentos, que Jesus tão bem resumiu a esta

161
única prescrição: “Amar a Deus acima de todas as
coisas e o próximo como a si mesmo”. (ESE Capí-
tulo I, item 3)
Todo o universo se movimenta dentro de um
princípio organizacional, determinado pelas leis mo-
rais, que o regem, e esse princípio é o Fraternismo.
Ele é o conjunto de leis universais, que comandam e
organizam os eventos determinantes da harmonia,
na busca da maior possibilidade de equilíbrio.
Tudo no universo está em perfeita interdepen-
dência e em grandes interações, proporcionando in-
tensa conectividade.
Por sermos irmãos, como nos disse Jesus, de-
vemos nos amar, tendo tolerância, paciência, com-
paixão e piedade, com todos. “Com isso conhecerão
os meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”
(João 13,35).

162
Capítulo 71 – Entendestes
todas estas coisas?
Assim será no fim do mundo: sairão os anjos,
e separarão os maus dentre os justos,
e lançá-los-ão na fornalha de fogo;
ali haverá choro e ranger de dentes.
Entendestes todas estas coisas?
Disseram-lhe eles: Entendemos.
E disse-lhes: por isso, todo escriba
que se fez discípulo do reino dos céus é
semelhante a um homem, proprietário,
que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.
Mateus 13, 49 a 52

O entendimento é a clareza do coração e a fir-


meza do pensamento.
Quando queremos entender e colocar em prá-
tica o que sabemos, passamos a avaliar meticulosa-
mente o nosso conhecimento, até transformá-lo em
atitudes, atos ou em ações.
Há um momento espiritual, em que precisa-
mos definir a nossa posição, perante o mundo em
que vivemos.
As coisas do espírito vivificam e nutrem o mun-
do, com amor.
É o trigo, que se transforma no pão, que
sustenta. Mas, para que ele possa sair da semente e

163
crescer, para se transformar e ser útil, faz-se necessário
superar vários obstáculos, internos e externos.
O certo é que, chegará um tempo em que a co-
lheita deverá ser realizada, e o Senhor da Vida pe-
dirá a seu filho os frutos, que deverão ser colhidos
na terra do coração e em ações. “A quem muito foi
dado, muito será exigido; e a quem muito foi confia-
do, muito mais será pedido”. (Lucas 12, 48).
Assim, seremos os ceifeiros de nós mesmos,
ajuntando as más tendências, em feixes, e extirpan-
do-as com vigor, preservando as virtudes frutifica-
das.
Se entendermos as parábolas, com vistas à co-
letividade humana, saberemos que a purificação
chegará para aquele que, realmente, se transformou
moralmente, se identificando com Jesus, em seu tes-
temunho.
Entretanto, aqueles que não fizerem a sua trans-
formação, no tempo concedido por Deus, terão que
ser plantados em terras distantes, aonde a saudade,
a melancolia e a lembrança de uma Terra distante,
os purificarão, trazendo-os para a consciência de si
mesmos.

164
Capítulo 72 – Homem de
pouca fé, por que duvidaste?
Mas, sentindo o vento, teve medo;
e, começando a submergir, clamou:
Senhor, salva-me.
Imediatamente estendeu Jesus a mão,
segurou-o, e disse-lhe:
Homem de pouca fé, por que duvidaste?
E logo que subiram para o barco, o vento cessou.
Mateus Cap. 14, 30 a 32

Por que duvidastes?


A dúvida é um sentimento, que ataca vigorosa-
mente a fé. Faz com que a fé se torne fraca e vacilan-
te, insuficiente, para superar os medos e os interesses
de segurança e proteção. A dúvida mina a potenciali-
dade da vontade, jogando o homem numa incerteza
do futuro.
A fé pura se manifesta nas forças invisíveis de
nossa esperança num futuro, projetado no amor de
Deus. Cada sentimento que nos lança com seguran-
ça ao futuro espiritual tem, como fonte de sustenta-
ção, a fé.
Quem tem fé age no mundo intuitivo, acredi-
tando naquilo o que vai ocorrer no futuro.
A fé proporciona uma vontade ativa e ela dá
sentido, direção e vigor ao querer.
Nessa passagem do Evangelho, o barco consti-

165
tui para nós uma segurança, nos paralisando no co-
nhecimento, que até então já conquistamos.
O descer do barco, para seguir Jesus, exigirá
do discípulo profunda consciência de si mesmo e do
universo, que estará aberto à sua profunda busca es-
piritual.
Enquanto estamos sob o limite do nosso barco
físico, temos segurança e confiança de lidar com as
nossas certezas. A fé que trazemos é suficiente para
podermos agir e atuar no nível do conhecimento que
dispomos. Mas, um dia virá, em que precisaremos
sair de nossos limites, para buscar fronteiras maiores,
de tal forma, que o saber amplie e a nossa educação
se faça em limites que, até agora, não ousamos atuar.
Caminharemos nessas águas com tranquilida-
de, se tivermos a confiança de que o Cristo nos con-
vidou a sair e, portanto, Ele nos ampara. Essa certeza
da alma faz a diferença e somente é rompida, se o
medo gerar dúvidas em nosso coração. E, nesse mar
inquieto do mundo, muitos se afogarão, se imedia-
tamente não se socorrerem da oração e da caridade,
que são os recursos, para chamar para si, as mãos
protetoras do meigo Nazareno.
Jesus deixou claro que devemos ter confiança,
ter fé e sair do barco, com a certeza de que seremos
sustentados por Ele.

166
Capítulo 73 – Por que
transgridem os teus
discípulos
a tradição dos anciãos?
Por que transgridem os teus
discípulos a tradição dos anciãos?
pois não lavam as mãos, quando comem.
Ele, porém, respondendo, disse-lhes:
E vós, por que transgredis o
mandamento de Deus
por causa da vossa tradição?
Pois Deus ordenou:
Honra a teu pai e a tua mãe;
e, quem maldisser a seu pai ou a sua mãe,
certamente morrerá.
Mateus 15, 2 a 4

Historicamente, percebe-se que os homens


estudam as leis deixadas a Moisés, no Monte Sinai.
Sabem o que Deus quer para cada um e para a cole-
tividade humana. Entretanto, na prática, inverte-se
para um intelecto ruidoso, sustentando o interesse
individualista, perdendo-se a sua essência e o seu va-
lor moral. Os interesses humanos se sobrepõem, cla-
ramente, aos interesses divinos.
Várias podem ser as nossas contradições e são,
ainda maiores, quanto à forma de compreender e en-
tender as questões espirituais.

167
O nosso senso espiritual se deixa marginalizar
pelos anseios e desejos da matéria, nos levando a
macular a fé e a verdade, com a aparência de nossas
convicções temporárias.
O Cristo apontou, com vigor, essa discrepân-
cia, que mostra a letra, mas não ensina nada ao espí-
rito. Assim, exigimos do outro a abnegação, mas de
forma nenhuma conseguimos ser desprendidos.
Falamos das coisas de Deus, mas nos perdemos,
quando precisamos executá-las em nossas vidas.

168
Capítulo 74 – Estai vós
também ainda sem entender?

Deixai-os; são guias cegos;


ora, se um cego guiar outro cego,
ambos cairão no barranco.
E Pedro, tomando a palavra,
disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
Respondeu Jesus:
Estai vós também ainda sem entender?
Não compreendeis que tudo o que entra
pela boca desce pelo ventre,
e é lançado fora?
Mas o que sai da boca procede do coração;
e é isso o que contamina o homem.
Mateus 15, 14 a 18

As coisas materiais merecem o seu cuidado,


mas é preciso entender que esse zelo começa pelas
coisas do espírito.
O Mestre claramente antecipou o tempo, pois
hoje a ciência demonstra que, se nós nos alimentar-
mos das melhores iguarias, sem termos a calma, a
doce alegria, a tranquilidade e a paz interior, pouco
proveito e benefício iremos tirar do alimento.
Enquanto não deixarmos os cegos que nos
guiam, continuaremos a nos alimentar da aparência
e nos julgaremos nutridos.

169
O que entra pela boca somente segue uma ro-
tina condicionada da estrutura biológica e que, se
olharmos com a devida atenção, sofrerá os efeitos do
ser espiritual, que dirige e impulsiona, e dá a qualida-
de àquilo que entra.
Percebamos que o espírito, que habita proviso-
riamente no corpo, é o transformador de tudo que
entra e sai.
O entendimento é a luz da razão, e a compreen-
são, a luz do sentimento.
Assim, compreenderemos que o pensamento e
o sentimento, que procedem do coração, são muito
importantes, para a nossa saúde corporal e espiritual.

170
Capítulo 75 – Quantos pães
tendes?

de modo que a multidão se admirou, vendo mudos a fa-


lar, aleijados a ficar sãos, coxos a andar, cegos a ver;
e glorificaram ao Deus de Israel.

Jesus chamou os seus discípulos, e disse:


Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que
eles estão comigo, e não têm o que comer; e não quero
despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no cami-
nho.

Disseram-lhe os discípulos:
Donde nos viriam num deserto tantos pães,
para fartar tamanha multidão?

Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes?


E responderam: Sete, e alguns peixinhos.

E tendo ele ordenado ao povo que se sentasse no chão,

tomou os sete pães e os peixes, e havendo


dado graças, partiu-os, e os entregava
aos discípulos, e os discípulos à multidão.

Assim todos comeram, e se fartaram; e do que


sobejou dos pedaços levantaram sete alcofas cheias.

Ora, os que tinham comido eram


quatro mil homens além de mulheres e crianças.
Mateus 15, 31 a 38

171
O pão, cuja função foi tão bem demonstrada
nessa passagem do Evangelho, é um alimento que
mantém a vida na matéria.
Ele é o produto de um trabalho, que iniciou no
preparo do solo, para o plantio das sementes do trigo
e, para que ele chegue às nossas mãos, torna-se ne-
cessária a atuação de muitas pessoas, cada qual com
uma função.
Tudo o que sustenta é vida e pode ser multi-
plicado, para as coisas materiais. Também pode ser
multiplicado, para as coisas espirituais, quando tra-
balhado e disponibilizado com amor.
Há em nós algum fruto, para ser multiplicado,
em beneficio do nosso próximo?
O quanto nós podemos e estamos dispostos a
doar?
O que temos, a oferecer, pode nutrir e ajudar
o outro?
No exemplo dado por Jesus, aos seus discípulos,
ficou claro que, até mesmo o pouco que tivermos a
oferecer, pode ser multiplicado por Ele.
Observe o seu coração e veja se ele trata tudo
com ternura. Se estamos dispostos a doar, com ab-
negação, proporcionando ajuda ao próximo, naquilo
de que ele necessita.
Somente através da mudança de nossos senti-
mentos, com um coração sensível e amoroso, pode-

172
mos oferecer a Jesus, em nosso dia a dia, o que pode
sustentar, alimentar e ajudar, a vida de muitos.
A compaixão e a misericórdia, que resultam na
prática da caridade, podem ser também “os pães”
que Jesus pergunta se temos.

173
Capítulo 76 – Por que
arrazoais entre vós por não
terdes pão,
homens de pouca fé?

Quando os discípulos passaram para


o outro lado, esqueceram-se de levar pão.

E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos


do fermento dos fariseus e dos saduceus.

Pelo que eles arrazoavam(*) entre si, dizendo:


É porque não trouxemos pão.

E Jesus, percebendo isso, disse:


Por que arrazoais entre vós por não terdes pão,
homens de pouca fé?

Não compreendeis ainda, nem vos lembrais


dos cinco pães para os cinco mil,
e de quantos cestos levantastes?

Nem dos sete pães para os quatro mil,


e de quantas alcofas levantastes?
Mateus 16,5 a 10

(*) discutiam

174
Vocês já perceberam que, antes de agirmos, o
coração sente?
Vocês já perceberam aquilo que está em nossos
corações?
E, quando o nosso coração arrazoa, pode ser
que haja um pouco de dúvida nele?
Sabemos que a dúvida enfraquece a fé.
Sempre que formos lidar com a realidade
devemos fazer correlações, com todas as ocorrências,
que nos levaram até aquele ponto de entendimento,
para, assim, agir corretamente.
Essa pergunta de Jesus simplesmente nos alerta,
para pensarmos, com mais carinho, acerca de nossas
convicções e a avaliar o que está em nosso coração.

175
Capítulo 77 – Não vos
lembrais?
Não compreendeis ainda, nem vos lembrais
dos cinco pães para os cinco mil,
e de quantos cestos levantastes?

Nem dos sete pães para os quatro mil,


e de quantas alcofas(*) levantastes?
Mateus 16, 9 e 10

Nós nos prendemos, entre os sonhos do passa-


do e os anseios do futuro, sem colocarmos os nossos
pés firmes no presente.
A nossa ansiedade e as preocupações criam
imagens que, na maioria das vezes, não se realizam
e, portanto, ao viver a experiência da fé, não conse-
guimos dar continuidade ao significado de tudo, que
o Cristo fez e continuará a fazer.
Lembrem-se de Jesus e toda sua trajetória espi-
ritual, antes de fazer as suas considerações temero-
sas.
A vivência espiritual é sempre integral, e as li-
ções deixadas por Jesus são a base sólida, para as nos-
sas mudanças morais.

(*) cestos, que se carrega às costas

176
Entendendo, com clareza, a vontade do Pai e
como Jesus a cumpriu, comecemos a perceber, que
os fundamentos materiais interagem com os funda-
mentos espirituais, mas jamais poderão substituí-los.
A palavra tem múltiplos sentidos, o amor só
um significado.
Se buscarmos o Cristo, por causa dos pães, que
se multiplicaram, continuaremos paralisados, a apre-
ciar o acréscimo. Mas, se já o buscamos na consciên-
cia do nutrir, perceberemos que o fermento faz cres-
cer o que temos no coração.
Tudo em Cristo se multiplica e a vida eterna
se faz, pelo profundo entendimento, daquilo que Ele
nos legou: a Boa Nova.

177
Capítulo 78 – Não
compreendeis?
Como não compreendeis que não
vos falei a respeito de pães?
Mas guardai-vos do fermento
dos fariseus e dos saduceus.
Mateus 16, 11

Jesus é plena espiritualidade e é o Ser espiritual


que desceu do céu, para nos educar nas coisas do
espírito. Portanto, qualquer leitura que fizermos de
suas palavras tem que, por excelência, se abrigar na
linguagem espiritual.
Algumas vezes ainda achamos, que a letra deve
explicar a realidade. Assim, podemos cometer equí-
vocos de materializar, nos interesses imediatos, algo
que deve ser interpretado, no valor de sua essência
espiritual.
O fermento é catalisador, fazendo crescer a
massa toda.
Jesus nos adverte, para avaliarmos bem os con-
ceitos e os valores, que o outro propõe. Esses con-
ceitos e valores representam ideias, que podem ser o
fermento das manifestações sociais, políticas, filosó-
ficas, científicas e religiosas.
Compreendendo bem a nossa interação, para
com o mundo, devemos avaliar, com discernimento,
todas as informações, para tirar a vida daquelas, que
propõem a vida.

178
5- Posfácio
Psicografia recebida em 09/09/2020 em reu-
nião mediúnica na Fraternidade Irmão Rafael Casa
de Bittencourt Sampaio

“Meus queridos amigos, que esta seja uma mes-


se produtiva, em nome de Jesus,  nossa estrela guia!
Que ousadia possuía nosso Mestre ao pregar
aos muitos ouvintes, que O seguiam!
Ousadia fundamentada na pureza de um espí-
rito elevado; que podia e ainda pode nos abordar a
todos, encarnados e desencarnados, com a desenvol-
tura daquele que já se ergueu aos píncaros da eleva-
da moral.
Ousadia daquele que já se conhece, que já se
sondou nas próprias profundezas, que já promoveu
as mudanças necessárias, para alcançar a própria luz.
Quando Jesus questionava seus discípulos, seus
seguidores ou aos muitos e limitados “doutores das
leis”, daquela época; deixava para todos nós, tanto
para os que já se encontravam encarnados, quanto
para aqueles que, seguindo a evolução solicitada pela
vida, viriam a se reencarnar, as instigações ou as re-
flexões necessárias para o nosso progresso.
“Que queres que te faça?” (Marcos 10,51), ques-
tiona a um cego no campo físico,  que possuía uma

179
fé, ainda bruxuleante(*), mas com força suficiente
para abrir-lhe os próprios olhos e voltar a ver.
E, agora, neste momento, deixo essa mesma
questão a todos nós.
  - O que queremos que o Cristo de Deus faça
por nós?
Já estamos  fortalecidos, suficientemente, em
nossa fé, para abrirmos os olhos de nossos espíritos,
de nossas almas?
Estamos dispostos a calçar suas sandálias? Be-
ber com ele, em cálices por vezes amargosos, para
no fim alcançarmos nossa redenção?
Fiquem,  meus queridos amigos, com essas sim-
ples questões e, desdobrem suas mentes, perscrutem
seus corações,  abram-se para as transformações, que
um novo mundo energético,  trará em breve.
Paz e luz
Ernesto de Vigna “

(*) que oscila fracamente ou brilha intermitentemente, oscilante

180
A Fé e a Paz

A primeira fonte de nutrição do ser humano é a


fé. Quando ele não a faz crescer dentro de si, perde o
futuro e a sua proximidade com o amor Divino fica
comprometida.
Se a fé lhe falta, a dúvida se instala, perde-se en-
tão o verdadeiro significado da vida.
Nesse instante, Deus em sua infinita bondade,
age através da misericórdia, convidando o ser huma-
no a reativar a força da fé dentro de si. Se ele não faz
bom uso da oportunidade recebida, a lei se apresenta
para reeducá-lo.
A misericórdia divina é assim: somente a rece-
bemos quando somos misericordiosos com o outro.
Para tal, precisamos usar do benefício do perdão,
da indulgência e do cumprimento da Lei de Justiça,
Amor e Caridade sobre a Terra.
Deus colocou as pessoas, ao seu lado, para lhe
ensinar a lição de não mais sentir ofendido, e a arte
de não ofender a qualquer ser vivente.
Na prática do perdão, a fé participa como ali-
mento sagrado, dando à criatura humana a capacida-
de de agir com resignação profunda.
O perdão é dever da alma, a fé é o mais sagrado
deles, a proporcionar a paz interior, a calma da men-

181
te e a serenidade silenciosa nos tornando sensíveis ao
clamor da consciência.
Só existe uma força no universo: o Bem. Prati-
que-o e a sua obra sustentará a sua fé.
A fé nutre o espírito, dando-lhe a consciência
correta das diretrizes espirituais.
Se quiser saúde, busque a fé singela.
Se quiser a paz, auxilie os outros a ter a fé ra-
ciocinada.
Se quiser o reino dos céus, cultive a fé em Deus,
a fé em jesuss e na vida futura.
Paz em Cristo.

Joaquim

182

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