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Na difração de raios X (DRX), os raios X são difratados pelos elétrons que circundam os
núcleos em átomos em um sólido cristalino ou policristalino.
O comprimento de onda dos raios X (≈10–10 m, isto é, ≈100 pm) é da mesma ordem de
grandeza que as distâncias internucleares em moléculas ou em sólidos não moleculares.
Como consequência disso, é observada a difração quando os raios X interagem com os
elétrons em um conjunto de átomos no sólido cristalino. Isso permite atingir resolução
atômica quando é determinada uma estrutura a partir dos dados que são coletados da
difração de raios X. Um difratômetro de raios X (Fig. 4.30) normalmente consiste em
uma fonte de raios X, uma base para o cristal, mesas rotatórias que permitem ao operador
alterar a orientação do cristal com respeito ao feixe de raios X incidente e um detector de
raios X. A fonte fornece radiação monocromática, isto é, raios X de um único
comprimento de onda. O detector registra os raios X que são dispersos pelo cristal. Os
difratômetros modernos incorporam detectores de placa de imagem ou detectores de área
com dispositivo de carga acoplado (DCA) que tornam o processo de coleta de dados
muito mais rápido. Para esses dois detectores, a radiação deve ser convertida em luz antes
que possa ser registrada. Atualmente, estão sendo desenvolvidos detectores de pixel que
detectam radiação diretamente, e seu uso vai evitar a etapa de transformação da radiação
em luz.
Os raios X são dispersos pelos elétrons que cercam os núcleos nos átomos no sólido.
Como o poder de dispersão de um átomo depende do número de elétrons, é possível
distinguir diferentes tipos de átomos. No entanto, é difícil (frequentemente impossível)
localizar átomos de H na presença de átomos pesados.
A Fig. 4.31 mostra um conjunto ordenado de átomos com os átomos representados como
pontos negros. Os átomos são dispostos em camadas ou planos de rede.
Considere o caso no qual as duas ondas de radiação incidente estão em fase. Imagine uma
onda sendo refletida por um átomo no primeiro plano da rede, e a segunda onda, refletida
por um átomo no segundo plano da rede (Fig. 4.31). As duas ondas dispersas (refletidas)
estarão em fase somente se a distância adicional percorrida pela segunda onda for igual a
um múltiplo do comprimento de onda, por exemplo, nl. Se o espaçamento de rede (a
distância entre os planos de átomos no cristal) é d, então, por trigonometria segue que a
distância adicional percorrida pela segunda onda é 2d × sen θ. Para as duas ondas
(originalmente em fase) ficarem em fase à medida que são dispersas, a Eq. 4.23 deve se
manter válida. Essa relação entre o comprimento de onda, λ, da radiação de raios X
incidente e os espaçamentos de rede, d, do cristal é a equação de Bragg e é a base das
técnicas de difração de raios X e de nêutrons.
O ângulo θ na Eq. 4.23 é metade do ângulo de difração (Fig. 4.31), e os dados de difração
frequentemente são referidos em termos de um ângulo 2θ. Os dados de dispersão são
obtidos em uma ampla faixa de valores de θ (ou 2θ) e para diversas orientações do cristal.
Cada configuração resulta em um padrão de difração diferente, conforme se discutirá a
seguir.
Os monocristais adequados para difração de raios X podem ser crescidos por uma série
de métodos,† todos eles diminuindo a solubilidade do composto em solução:
Além disso, pode ser possível crescer cristais por sublimação ou a partir de um fundente.
Às vezes, ocorrem problemas com o intercrescimento de dois cristais (geminação de
cristais). Cristais grandes não são necessários para o uso com difratômetros modernos, e
as dimensões ideais do cristal são de 0,1 a 0,3 mm.
Para obter um conjunto completo de dados (isto é, dados de reflexão suficientes para
resolver a estrutura do composto sob investigação), são registrados muitas centenas ou
milhares de fotogramas. Cada fotograma contém dados de difração de diferentes
reflexões, e, ao final do experimento, os dados são extraídos e reunidos para produzir um
arquivo de dados numéricos. Os métodos de resolução de uma estrutura de cristal a partir
de dados de reflexão estão fora do escopo deste livro, e mais detalhes podem ser
encontrados nos textos listados ao final do capítulo.
Polimorfos são diferentes fases do mesmo composto químico com diferentes estruturas
cristalinas.
Difração de raios X de pó
A difração de nêutrons é de uso menos comum do que a difração de raios X por causa das
limitações e custos das fontes de nêutrons. No entanto, como a técnica depende da
difração de nêutrons pelos núcleos atômicos, a difração de nêutrons tem a vantagem de
poder localizar com exatidão átomos leves, como o H. Antes de um feixe de nêutrons de
um reator nuclear poder ser empregado para um experimento de difração de nêutrons, sua
energia deve ser reduzida. Os nêutrons liberados da fissão de núcleos de perdem a
maior parte de sua energia cinética pela passagem por um moderador, como a água pesada
(D2O). Segue da relação de de Broglie (Eq. 1.11) que a energia dos nêutrons térmicos
assim produzidos corresponde a um comprimento de onda de 100-500 pm (1-5 Å), isto é,
apropriado para difração por um sólido molecular ou iônico. O espalhamento de nêutrons
segue a equação de Bragg, e o experimento de difração é semelhante ao da difração de
raios X.
Difração de elétrons
Exercício proposto
Os resultados de dados de difração de elétrons para o BCl3 dão distâncias de B–Cl ligadas
de 174 pm (todas as ligações são de igual comprimento) e distâncias Cl...Cl não ligadas
de 301 pm (três distâncias iguais). Mostre que esses dados são consistentes com o fato do
BCl3 ser plano triangular em vez de piramidal triangular.
A difração de elétrons não está confinada ao estudo de gases. Elétrons de baixa energia
(10-200 eV) são difratados da superfície de um sólido e o padrão de difração assim obtido
fornece informações a respeito da disposição dos átomos na superfície do sólido.
Os dados estruturais estão armazenados em três bancos de dados principais, e podem ser
acessados a partir deles, que são continuamente atualizados. Os dados para compostos
orgânicos e organometálicos e boranos são compilados pelo Cambridge Structural
Database (www.ccdc.cam.ac.uk), enquanto os dados cristalográficos para compostos
puramente inorgânicos (por exemplo, haletos e óxidos de metais e não metais) são
depositados no Inorganic Crystal Structure Database (www.fiz-karlsruhe.de). Os dados
estruturais para macromoléculas biológicas são colecionadas no Protein Data Bank
(www.rcsb.org/pdb).
(E.)
E., HOUSECROFT, C., SHARPE, G.. Química Inorgânica - Vol. 1, 4ª edição. LTC,
09/2013. VitalBook file.