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DIREITO CIVIL – CONTRATOS

Prof. Me. Arthur Pinheiro de Azevedo Banzatto


ATIVIDADE EAD
Data de Entrega: 28/11
Valor: 2,0 (dois pontos na nota da P2)
Acadêmico: Kaíque Machado RGM: 37411

Com base no Código Civil, na jurisprudência e na doutrina (citar referência), responda as


seguintes questões:

1) Em relação aos contratos de empréstimo, aponte as diferenças essenciais entre os


contratos de comodato e de mútuo.

Carlos Roberto Gonçalves aponta três distinções.


Primeiramente, o comodato é empréstimo apenas para uso, enquanto que o mútuo é para
consumo. Exemplificando, há operadoras telefônicas que oferecem em comodato ao
consumidor, quando este adquire um plano de internet banda larga, o modem de acesso à
internet, devendo este objeto, em tese, ser devolvido à operadora telefônica contratada,
na extinção do contrato. Em relação ao mútuo, trata-se de empréstimo de coisa fungível,
devendo ser restituído ao mutuante coisa de mesmo gênero, grau e quantidade, a exemplo,
o empréstimo de uma saca de café.

A segunda distinção é que, no comodato, a restituição será a da própria coisa emprestada,


ao passo que no mútuo será de uma coisa equivalente, consoante se demonstrou nos
exemplos retro transcritos.

Por fim, o comodato é essencialmente gratuito, enquanto o mútuo tem, na compreensão


moderna, em regra, caráter oneroso. Embora possa ser gratuito, raramente se vê, na
prática, as pessoas emprestarem coisas fungíveis, máxime dinheiro, sem o correspondente
pagamento de juros.

2) Discorra sobre o conceito de mútuo feneratício e identifique os limites das taxas de juros
aplicadas a essa espécie de contrato com base na jurisprudência recente do STJ.

O mútuo feneratício é uma subespécie do mútuo, espécie de empréstimo tratado


especificamente nos artigos 586 a 592 do Código Civil Brasileiro de 2002 (CC/2002).
Preceitua o artigo 586 do CC/2002 que o mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis, e o
mutuário fica obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em mesmo gênero,
quantidade e qualidade. Ou seja, o objeto de empréstimo deste contrato é necessariamente
fungível (GONÇALVES, 2012).
O mútuo feneratício é uma modalidade de contratação unilateral onerosa (STOLZE;
FILHO, 2014) em que o bem mutuado é o dinheiro e o mutuário é obrigado a pagar juros,
como versa o CC/2002 em seu artigo 591: “destinando-se o mútuo a fins econômicos,
presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a
que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual” (BRASIL, 2002). O CC/2002
traz ainda em seu artigo 592, II, disposição concernente ao prazo do mútuo, que deve ser
de pelo menos trinta dias se tratando de dinheiro.

Já sobre os limites das taxas de juros, a cobrança de juros acima da taxa permitida pela
lei, pelas instituições financeiras, não se configura abusividade, crime de usura, ou
agiotagem, desde que, conforme entendimento do STJ, seja respeitada a taxa média do
mercado.

3) Aponte as diferenças essenciais entre os contratos de prestação de serviço e de empreitada


no que diz respeito ao objeto, forma de execução e riscos.
O contrato de empreitada distingue-se da prestação de serviços pelos seguintes motivos:
a) o objeto do contrato de prestação de serviços é apenas a atividade do prestador, sendo
a remuneração proporcional ao tempo dedicado ao trabalho, enquanto na empreitada o
objeto da prestação não é essa atividade, mas sim a obra em si, permanecendo inalterada
a remuneração, qualquer que seja o tempo de trabalho despendido;
b) na prestação de serviços, a sua execução é dirigida e fiscalizada por quem contratou o
prestador, a quem este fica diretamente subordinado, ao passo que, na empreitada, a
direção compete ao próprio empreiteiro;
c) na prestação de serviço o contratante assume os riscos do negócio, mas na empreitada
é o empreiteiro que assume os riscos do empreendimento, sem estar subordinado ao dono
da obra.
A empreitada é um contrato bilateral, visto que gera obrigações recíprocas para as partes,
sendo a realização e entrega da obra, para o empreiteiro, e o pagamento do preço, para o
proprietário. É um contrato consensual, pois se aperfeiçoa com o acordo de vontades, de
preferência, expressas em contrato escrito. É comutativo, uma vez que cada parte pode
antever os ônus e vantagens dele advindos. É oneroso, posto que todos obtêm uma
vantagem, advinda de um sacrifício. O contrato de empreitada é realizado mediante uma
série de atos concatenados, necessitando de certo espaço e tempo para sua conclusão.

4) Quais os critérios utilizados para diferenciar um contrato de trabalho com vínculo


empregatício de um contrato de prestação de serviços?
Existem quatro requisitos mínimos que identificam, quando em conjunto, a existência do
vínculo empregatício, a saber:
Pessoa Física (pessoalidade): O trabalhador deve ser pessoa física, trabalhando de forma
pessoal;
Não eventual (continuidade): Trabalha todos os dias, ou ao menos periodicamente, ou
seja, não é um trabalhador que presta seus serviços apenas de vez em quando ou
esporadicamente. Entende-se que trabalhar duas vezes por semana já pode caracterizar a
continuidade;
Dependência (subordinação): Existe uma hierarquia, ou seja, há ordens do
empresário/empregador, inclusive com poder punitivo (como as advertências);
Salário (onerosidade): Existe uma contraprestação, seja ela realizada (paga) em dinheiro
ou em qualquer outra forma.
Ausente algum desses requisitos, o trabalhador é considerado autônomo, logo, prestador
de serviços. Porém, já é entendimento pacificado nos tribunais que, se o trabalhador
possuir apenas esse trabalho, obedecendo ordens e possuindo os outros requisitos acima
citados, o juiz deve desconsiderar a falsa autonomia e reconhecer o vínculo de emprego,
dando ao empregado todos os direitos trabalhistas contidos na legislação trabalhista, mais
diversas multas pelos atos passados
Referências

DANTAS, Lucas. Contrato de mútuo feneratício: análise da cobrança de juros acima


da taxa permitida em lei por particulares e pelas instituições bancárias. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/69948/contrato-de-mutuo-feneraticio-analise-da-cobranca-
de-juros-acima-da-taxa-permitida-em-lei-por-particulares-e-pelas-instituicoes-
bancarias> Acesso em: 25 nov. 2019.

SOUZA, Vinícius. Breves considerações acerca do contrato de empreitada no Direito


Civil brasileiro. Disponível em:
<https://rsadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/160871858/breves-consideracoes-acerca-
do-contrato-de-empreitada-no-direito-civil-brasileiro> Acesso em: 25 nov. 2019.

PINHEIRO, Adriano. Contrato de prestação de serviços (autônomo) e vínculo


empregatício. Disponível em: <https://adriano-
pinheiro.jusbrasil.com.br/artigos/255742605/contrato-de-prestacao-de-servicos-
autonomo-e-vinculo-empregaticio> Acesso em: 25 nov. 2019.

RINALDI, Renato. Parecer Vínculo empregatício x Prestação Serviços - Motoboy.


Disponível em: <https://juridicocerto.com/artigos/renatorinaldi/parecer-vinculo-
empregaticio-x-prestacao-servicos-motoboy-1109> Acesso em: 25 nov. 2019.

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