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28/02/2019 Técnicas de análise de riscos | Agência Elsevier

Técnicas de análise de riscos


CLIMB.DIGITAL em junho 20, 2016 às 7:15 pm

Artigo escrito por: Gerardo Portela da Ponte Junior

Recentemente o termo “Análise de Riscos” tem sido citado na imprensa, em especial devido a receios quanto ao cumprimento
dos requisitos de segurança em obras públicas executadas sob grande pressão de prazos e interesses econômicos como as
obras para os Jogos Olímpicos Rio 2016. O livro Gerenciamento de Riscos na Indústria de Petróleo e Gás inclui um
capítulo (7) totalmente dedicado a explicar quais são as principais técnicas de análise de riscos e em que situações cada uma
delas se aplica. Baseado no livro e para facilitar o entendimento da população, este artigo faz um pequeno resumo dos nomes
e características das principais técnicas de análise de riscos aplicáveis não só à indústria de petróleo e gás a qualquer
empreendimento tecnológico.

Técnicas de Análise de Riscos

Uma das principais maneiras de classificar estas técnicas é pertinente a duas linhas de estudo que mutuamente se
complementam:

Técnicas QUALITATIVAS: baseadas na experiência, percepção e conhecimento técnico operacional.

Técnicas QUANTITATIVAS: visando promover maior objetividade no tratamento de questões relacionadas a acidentes,
estas técnicas “tentam” quantificar os riscos através de modelagem matemáticas, associando-os a números.

Técnicas qualitativas e quantitativas se complementam e os empreendimentos tecnológicos devem, tanto quanto possível,
utilizar ferramentas qualitativas e quantitativas para o gerenciamento de riscos. A seguir apresentamos algumas das mais
conhecidas técnicas de análise de riscos.

Análise Preliminar de Riscos (APR)

É uma técnica qualitativa conhecida internacionalmente pelo nome PHA – Preliminary HazardAnalysis, e tem como objetivo a
identificação dos cenários acidentais a serem postulados nos estudos e análises subsequentes do empreendimento
tecnológico. A APR identifica estes cenários suas causas e consequências. A aplicação da técnica consiste em reunir um
grupo multidisciplinar de especialistas associados ao projeto e à operação da instalação para sugerir adequações, correções
e a inclusão de salvaguardas para cada risco identificado.

Análise Preliminar de Perigos (APP ou Hazid)

Enquanto que o termo “risco” está associado ao quão provável é um acidente, o termo “perigo” está associado à ameaça
propriamente dita, por exemplo, a presença de combustível, ocorrências de raios, grandes ondas de uma ressaca, etc. A
análise preliminar de perigos (ou Hazid – Hazard Identification Study) é uma técnica qualitativa semelhante à APR, porém
ainda mais geral, levando em consideração também os perigos dos acidentes de origem externa ao empreendimento
tecnológico (como por exemplo catástrofes naturais e quedas de aeronaves sobre a instalação).

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Análise de Perigos Operacionais (Hazop)

Hazop (Hazard Operability Study) é uma das técnicas qualitativas de análise de riscos mais utilizadas na indústria e tem como
objetivo identificar cenários acidentais gerados por falhas operacionais, riscos e perigos decorrentes das OPERAÇÕES, bem
como possibilidades de desvios nas variáveis de processo e suas consequências.

‘Brainstorming’ (tempestade cerebral)

O brainstorming é uma livre discussão entre os componentes de um grupo de especialistas (técnica qualitativa). Um facilitador
prepara alguns pontos de interesse ou questões importantes para a segurança a fim de orientar a discussão e evitar que os
participantes se percam em relação ao objetivo da aplicação da técnica. O sucesso do brainstorming depende diretamente da
capacidade e conhecimento técnico do facilitador tanto sobre a técnica quanto sobre o problema que está sendo analisado.

Listas de Verificação (‘check-list’)

O checklist é uma lista de verificação de itens importantes relacionadas aos perigos e às causas de acidentes conhecidos
com base na experiência técnica anterior. A experiência técnica é construída a partir de análises de riscos anteriores
realizadas em sistemas com similaridades ou a partir da operação direta de equipamentos similares ou ainda a partir de
acidentes que ocorreram no passado.

FMEA (failure modes and effects analysis)

FMEA (ou análise dos modos de falhas e seus efeitos) é uma técnica qualitativa a ser aplicada de “baixo para cima”
(relativamente à sequência operacional a ser estudada, das tarefas mais básicas para as de nível mais elevado) com a
finalidade de investigar as situações possíveis em que os componentes básicos de um sistema podem falhar no cumprimento
de seu objetivo definido em projeto. Esta falha tanto pode ser ao nível de equipamento/componente como pode ser ao nível
de uma função.

‘WHAT-IF’ (swift – structured what-if technique)

A técnica qualitativa Swift foi originalmente desenvolvida como uma técnica mais simplificada, eficiente e alternativa em
relação ao Hazop. Como o Hazop, o Swift envolve equipes multidisciplinares de especialistas e um facilitador que deve liderar
a aplicação da técnica. Uma das diferenças em relação ao Hazop é que a técnica explora elementos de uma atividade prévia
de brainstorming sendo, entretanto, conduzida em um nível mais elevado de descrição dos sistemas em avaliação.

Análise de Camadas de Proteção (LOPA)

Lopa (Layer of Protection Analysis) é uma técnica de análise quantitativa de riscos que utiliza informações sobre os perigos,
severidade, causas iniciadoras, dados de probabilidade de ocorrência de eventos bem como informações obtidas a partir dos
resultados de outras técnicas previamente aplicadas, como por exemplo, o Hazop.

Estudos e Análises de Consequências

Os estudos e análises de consequências são aqueles em que são avaliados os cenários acidentais mais severos,
desconsiderando as salvaguardas implementadas ou estabelecidas em projeto para evitá-los. Geralmente são estudos
quantitativos cujo objetivo é estudar as consequências de cenários acidentais catastróficos, para os quais o empreendimento
tecnológico já está, em teoria, protegido por salvaguardas de projeto.

Estudo de Propagação de Incêndio

O estudo quantitativo de propagação de incêndio supõe que um cenário acidental com um incêndio de grandes proporções é
estabelecido na instalação. A escolha do cenário acidental a ser estudado pode ser feita com base nos dados das análises de
riscos anteriores. Existem várias ferramentas computacionais capazes de realizar uma investigação da propagação de um
incêndio, mas as ferramentas mais usuais são as que se baseiam em computação fluidodinâmica (CFD – Computational Fluid
Dynamics).

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Distribuição de temperatura decorrente de um jet fire em uma


instalação offshore, a partir de falha no terceiro estágio de um
Estudo de Dispersão de Gases
compressor. A visão 3D foi gerada por uma ferramenta de
e Fumaça
computação fluidodinâmica (CFD).

Os estudos quantitativos de dispersão de gases são realizados através de ferramentas computacionais similares às utilizadas
nos estudos de propagação de incêndio (computação fluidodinâmica). Uma das principais aplicações dos estudos de
dispersão de gases é fornecer informações complementares para auxiliar os especialistas que estudam o melhor
posicionamento dos detectores de gás.

Vazamento de gás sujeito a vento na direção norte com velocidade de 0,5


Estudo de Explosão
m/s. A visão 3D foi gerada por uma ferramenta de computação
fluidodinâmica (CFD).
As ferramentas computacionais para realização dos estudos quantitativos de explosão são um pouco mais sofisticadas,
embora também utilizem a computação fluidodinâmica como acontece nos estudos de propagação de incêndio e dispersão de
gases. Esta sofisticação justifica-se pela maior complexidade dos fenômenos relacionados com a explosão.

Estudo de Escape, Abandono e Resgate (EERA)

O sistema de escape e abandono é o sistema de segurança mais importante para salvar vidas. Totalmente voltado para
proteger as pessoas presentes nos cenários acidentais e em todo o empreendimento tecnológico, a retirada de agentes
(pessoas) ocupa posição de destaque entre os componentes da linha estratégica de gerenciamento de riscos. Normas
internacionais exigem para alguns empreendimentos tecnológicos estudos específicos sobre as condições de escape e
abandono das instalações.

Análises de Perda de Contenção de Líquidos e Controle Ambiental

Podem acontecer emergências que resultem em perda de contenção ou descarte de óleo ou agentes poluidores para o meio
ambiente. Perdas de contenção que possam levar a danos ao meio ambiente devem ter salvaguardas previstas em projeto,
mas um cenário desse tipo infelizmente pode se estabelecer apesar de todo o esforço dos projetistas e operadores para evitá-
lo. Os estudos e análises de segurança podem contribuir para investigar os possíveis cenários de vazamento e suas
consequências. Um problema típico é o vazamento de óleo em rios e baías, contaminando a água, praias, fauna e flora.

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