As Nuvens

Introdução:
O palco vazio, luzes apagadas, luzes no centro do palco revelando Garotona (usando um terno)
imitando o leão da MGM, a partir daí ele começa a falar:

Narrador (Garotona) : Olá pessoas e Marshall, eu sou aquele que tem todos os nomes, eu sou a
adaga na face do capitalismo pós industrial, eu sou o chão penetrante das terras do norte, eu sou o
narrador da história. Meu papel aqui é mínimo e irrisório, apenas serve para confundir.
A necessidade dessa breve explicação deve-se ao fato que todavia vocês (a plateia) estão
todos sóbrios e felizes , pois ao decorrer da comédia estarão todos no mais puro trrranse xamânico
(levantar as mãos para cima), em uma aventura transcendental tão forte que as 27 letras (fica em
dúvida sobre o número de letras no alfabeto) não podem descrever.
Bom , nossa comédia trata da história de Estrepsíades um pobre homem , que em seus
últimos dias de vida busca conforto e tranquilidade para seu corpo e alma. Estrepsíades se cruza
com um homem, que apenas a pronuncia de seu nome me causa arrepios: Carlos Rob… Digo
Socrátes! Aproveitem a peça , e tentem não se suicidar!

CENA 1
Casa de Estrepsíades, ambiente com poucas luzes, colocar um “som de noite”. Estrepsíades senta na
cama enquanto seu filho Fidípides dorme.

Estrepsíades (Vinícius) : (fazendo um tom extremamente poético e colocando sua mão para cima)
Ó tu Zeus , grande senhor do Olimpo, por que desejaste tão destino a mim? Pobre, sujo e sem
minha amada ao meu lado . A ti dei tanto e recebi tão pouco. E agora que minha vida se despedaça
a cada segundo , apenas espero que meu filho Fidípides (aponta para o filho) não herda de mim tão
mala fortuna.

Fidípides acorda

Fidípedes (???) : (de novo com o tom poético) Ó pai qual o motivo de tamanha cólera? Continuas a
perder seu matutino com Baco?

Estrepsíades : Nada disso , ó filho meu. É que nos últimos dias comecei a pensar sobre …

Entra o escravo de Estrepsíades

Escravo (Ignacio): Senhor “Istrepides”! Senhor “Istrpides”! Ta tudo bem com vosmicê? Escuitei
uns grito.

Estrepsíades : Sim , sua besta , horrenda forma de ser humano. Filho de Hades e Cérbero. Não vê
que estas atrapalhando uma conversa entre mim e meu primogênito? E o que fazes ai gastando o
óleo de minha lamparina , não vê que estamos em meio uma crise nefasta , que rodeia nossas vidas,
seca nossas veias e envenena nossos bolsos e corações.

Escravo : Crise? Que crise? Vosmicê nunca trabalha. Vosmicê tem casa e comida. Que crise?

Estrepsíades : Cale-se criatura disforme! Ao matutino irás apanhar como nunca antes, por hora se
retire, ó monstro … (não sabe mais o que falar) RETIRE-SE!
O escravo sai de cena reclamando

Estrepsíades: Bom , continuando filho meu , passei os últimos dias pensando sobre teu destino , e
creio que tu deverias se juntar a um desses centros de pensamento. Onde os homens são julgados
pelo valor de suas ideias não a quantidade de prata em seus bolsos. Onde se vive no paraíso
banhado pelo mais puro pensamento. Em toda minha jornada por esse mundo almejei um dia estar
junto com esses grandes homens, porém nunca alcancei tal nível intelectual, creio que contigo , ó
querido filho, a história será outra.

Fidípedes: Mas pai , sei que senhor estas velho, e que tens dificuldade de evacuação. Creio que tu
deves se inscrever em um desses centros de pensamento, pois , doravante (pequena pausa) este é
seu sonho desde muito antes a minha parição.

Estrepsíades: Tens total razão filho meu, amanhã ao por do sol irei a um desses centros de
pensamento, me encontrar com o famoso Sócrates , da qual tanto falam.

Fidípedes: Grato de ouvir sábias palavras ó querido pai. Porém se não se importa, o matutino
todavia tarda a chegar, e preciso descansar.

Estrepsíades: Claro! Boa noite , ó querido filho.

FIM DA CENA 1

CENA 2
Centro de pensamento, um pequeno balcão de atendimento, algumas mesas ao redor dele (um toque
meio que de bar).

Estrepsíades entra no centro de pensamento com certo receio, e dirige-se ao balcão

Estrepsíades: Olá meu bom homem, gostaria de me inscrever em este fabuloso centro de
pensamento.

Seguidor de Sócrates 1 (José): (com ar de desprezo) Nome?

Estrepsíades: Estrepsíades de Ática, filho de Temistócles.

Seguidor de Sócrates 1 (José): (com ar de desprezo) Idade?

Estrepsíades: (com um ar nolstágico) Ah ! Minha idade? Isso me faz pensar nos anos que perdi
andando cego pelo deserto da vida e quando ….

Seguidor de Sócrates 1 (José): (irritado) Idade?

Estrepsíades: 72?

Seguidor de Sócrates 1: Bom , vai sair pro senhor… 6000 drachmas.

Estrepsíades : 6000 drachmas? Mas isto é quase 3 kilos de prata. Como podes quantificar o
pensamento? De dar tão alto valor tão alto para algo tão básico ao ser ?

Seguidor 1: É isso ou rua.

Estrepsíades; Esta bem. Eu tenho um escravo e todavia algum pequeno pedaço de terra que restou
de meus dias de ouro, hoje sou apenas um mero metaca.

Seguidor 1 : É , eu acho que isto é suficiente, segue por aqui (aponta para trás) para fazer teu teste
com o Socrátes.

Estrepsíades: Teste? O do que consiste esta honrosa faina, proposta pelo grande Sócrates.

Seguidor 1: Sei lá, pergunta pra ele.

Estrepsíades senta em uma das mesas onde se encontra Sócrates

Estrepsíades: O senhor deve ser o iluminado Sócrates, que honra divina me encontrar com
tamanho poço de sabedoria.

Sócrates (Pedro Osório) : (com um charuto na boca) Sou eu mesmo. Sócrates de Carvalho.

Estrepsíades: Ó grande Sócrates, qual é o grande teste que o senhor irá aplicar para mim, um reles
andarilho da ignorância.

Sócrates: Se acalma seu viado! Seu teste consiste em duas perguntinha. A primeira: Qual é o ser
que pela manhã anda com quatro pernas , pela tarde anda com duas e a noite com três?

Estrepsíades: (responde com felicidade) Este enigma consigo resolver com extrema maestria. A
resposta é o homem. Pelo matutino , que representa sua fase primária, ele agatinha; pela tarde , uma
clara metáfora para a vida adulta, ele anda com as duas pernas; e por fim a noite , que significa a
velhice, o homem todavia anda com as duas pernas porém com o auxílio de uma bengala.

Sócrates: Porrra! Tu errou tudo seu viado! A resposta é bebé!! De manhã a gente deixa o bebê
como ele tá, de tarde a gente corta as dois braços dele , obrigando ele a usar as pernas e pela noite
colocamos um braço de novo! (rindo histericamente)

Estrepsíades: Ó Zeus , que cena cruel. Como podes rir de tudo isso???? (ar de espanto)

Sócrates: Fácil! Não é o meu filho.

Sócrates: Bom , próxima pergunta, se tu “acertar” essa te deixo entrar aqui: A pessoa que nasceu
como Libra e tem ascendente em Touro é alguém…?

Estrepsíades: Perdoa-me ó grande Sócrates, não entendo nada sobre os signos do zodíaco,
particularmente creio que o estudo exagerado desse assunto algo extremamente desagradável.

Sócrates: Peraí , tu não gosta de signos???? (se levanta da mesa)

Estrepsíades: Não é bem isso que disse.

Seguidor 2 (Pedro Santana): (se levanta enfurecido e batendo a mesa) O que tu disse seu cuzão?
Que tu não gosta de signos?

Seguidor 3 (Ignacio) : (um pouco menos furioso, em um tom mais acusador) É isso mesmo , ele
disse que não gosta de signos, ele é maior vacilão.
Confusão generalizada em cima de Estrepsíades

Sócrates: LEVEM EMBORA ESTE VIADO!!!

Estrepsíades é carregado em bora por dois Seguidores

Sócrates: (assim que Estrepsíades sai de cena) Aposto que este puto era leonino. (da uma tragada
no charuto)

FIM DA CENA 2