Você está na página 1de 5

TOC 108 - Março 2009

F i s c a l i d a d e

A isenção prevista no art. 53.º do Código do IVA


Por Elsa Marvanejo da Costa

A isenção prevista no art. 53.º do Código do IVA possui algumas características que,
muitas vezes, não são devidamente tratadas por desconhecimento dos sujeitos passi-
vos ou dos Técnicos Oficiais de Contas. Este texto aglomera a informação relativa a
essa isenção de modo a contribuir para um melhor esclarecimento da temática.

A
o longo do nosso percurso conexas, nem exercendo actividade que consista
profissional em matérias fis- na transmissão dos bens ou prestação dos servi-
cais constata-se que qual- ços mencionados no anexo E ao presente Códi-
quer tema, por mais simples que go, não tenham atingido, no ano civil anterior,
aparentemente se mostre, possui um volume de negócios superior a dez mil euros
sempre especificidades e pormeno- (…)».
res muito próprios. Acresce a esta
Elsa Marvanejo da Costa
Consultora da Câmara dificuldade o facto da legislação, Requisitos
dos Técnicos Oficiais de Contas
algumas vezes, ser dispersa, resul-
tando a necessidade de conjugação São quatro os requisitos a verificar cumulativa-
de diferentes temas/diplomas para o simples mente:
enquadramento de qualquer operação que se - Esta isenção aplica-se quer a sujeitos passivos
depare. de IRS quer de IRC, desde que os mesmos não
A isenção prevista no art. 53.º do Código do IVA possuam nem sejam obrigados a possuir con-
é um tema que, embora de fácil apreensão para tabilidade devidamente organizada segundo a
os profissionais destas temáticas, possui algu- normalização contabilística vigente, ou seja, que
mas características que, muitas vezes, não são apenas estejam obrigados a possuir um registo
devidamente tratadas por desconhecimento dos simplificado das suas operações;
sujeitos passivos ou dos Técnicos Oficiais de - O sujeito passivo não pratique operações de
Contas. importação, exportação ou actividades conexas
Com este texto pretende-se sintetizar e aglomerar (por exemplo, operações previstas no art. 14.º do
num único documento toda a informação relati- Código do IVA, nomeadamente, comissões por
va à mencionada isenção de modo a contribuir intermediação numa exportação), será dizer-se
para um melhor esclarecimento desta temática, que apenas se pratiquem operações no território
fornecer uma ferramenta de trabalho útil e con- nacional;
tribuir para a adopção de procedimentos e trata- - Não estejam em causa transacções (transmis-
mentos fiscais mais transparentes e correctos do sões de bens ou prestações de serviços) no sector
ponto de vista fiscal. dos desperdícios, resíduos e sucatas recicláveis
(Anexo E ao Código do IVA); e
A norma - O volume de negócios do ano anterior (ou pre-
visto na declaração de início de actividade) não
O n.º 1 do art. 53.º do Código do IVA determina ultrapasse o limite de dez mil euros.
que «(…) beneficiam da isenção do imposto os O limite de dez mil euros estende-se até 12500
sujeitos passivos que, não possuindo nem sen- euros para sujeitos passivos que se fossem tribu-
do obrigados a possuir contabilidade organizada tados preencheriam as condições de inclusão no
para efeitos de IRS ou IRC, nem praticando ope- regime dos pequenos retalhistas a que se refere o
rações de importação, exportação ou actividades art. 60.º do Código do IVA.

26
TOC 108 - Março 2009

Início de actividade Exclusão do direito à dedução


do imposto suportado
Qualquer pessoa singular que pretenda iniciar
uma actividade de natureza empresarial ou Os sujeitos passivos enquadrados no regime de
profissional poderá ser confrontada com o en- isenção do art. 53.º do Código do IVA não es-
quadramento no âmbito deste normativo, sendo tão obrigados à liquidação de imposto nas suas
este realizado de acordo com os elementos e operações activas. Contudo, também não podem
a previsão de volume de negócios inscritos na exercer o direito à dedução do imposto suporta-
declaração de registo/início de actividade. Igual do nas operações passivas (aquisições de bens e
procedimento será observado por pessoas colec- serviços). Trata-se de uma isenção vulgarmente
tivas que reúnam os pressupostos para a inclusão denominada de incompleta.
neste regime. A previsão de volume de negócios
inscrita será convertida para o volume anual cor- Os documentos emitidos
respondente.
Após o exercício de início de actividade, ou As facturas ou documentos equivalentes emiti-
primeiro ano de actividade, importa aferir da dos por sujeitos passivos enquadrados neste re-
manutenção dos requisitos já enunciados para gime de isenção devem conter a expressão «IVA
inclusão neste regime de isenção no exercício – Regime de isenção».
seguinte. Para os prestadores de serviços que optam pela
Vejamos o seguinte exemplo: determinado emissão do vulgar “recibo verde” basta assinalar
sujeito passivo, pessoa singular, iniciou acti- a quadrícula «Regime de IVA – Regime de isen-
vidade em Maio de 2008 ficando enquadrado ção – art. 53.º.»
no regime de isenção previsto no art. 53.º do Muito embora os sujeitos passivos que prati-
Código do IVA, atendendo à previsão de volu- quem exclusivamente operações isentas possam

f i s c a l i d a d e
me de negócios inscrita da declaração de iní- estar dispensados da obrigação de emitir factura
cio de actividade. Tendo atingido, no final do ou documento equivalente, por força do dispos-
exercício, um volume de negócios no valor de to no n.º 3 do art. 29.º do Código do IVA, esta
8 573,98 euros, será que, no exercício de obrigatoriedade persiste para os sujeitos passivos
2009, se deve manter no regime de isenção isentos ao abrigo do art. 53.º do Código do IVA
em sede de IVA, inicialmente enquadrado? A quer por força do seu enquadramento no âmbito
resposta é não. do Código do IRS (n.º 1 do art. 115.º do Código
Vejamos: o sujeito passivo deve ter em atenção do IRS) quer por força do disposto no art. 57.º do
o disposto no n.º 4 do referido normativo, isto é, Código do IVA que funciona como regra especí-
para efeitos de volume de negócios a considerar fica, logo sobrepõe-se à regra geral.
em termos de limite de isenção deve converter-
-se o volume de negócios relativo ao período de Obrigações declarativas
Maio a Dezembro no volume de negócios anual
correspondente. Os sujeitos passivos enquadrados no regime de
Assim, uma vez que iniciou a actividade em isenção do art. 53.º do Código do IVA estão dispen-
Maio de 2008, considera-se que o limite sados da entrega da declaração periódica de IVA e
dos dez mil euros é atingido se ultrapassar da declaração anual de informação contabilística
a quantia de 6 666,67 euros. De facto, se e fiscal, actual IES/DA – Informação Empresarial
convertermos o valor do volume de negócios Simplificada/Declaração Anual, nomeadamente o
atingido em oito meses num valor anual, este anexo L – elementos contabilísticos e fiscais.
ultrapassa o limite máximo para efeitos de
enquadramento na isenção (6 666,67 x 12/8 Conceito de volume de negócios
= 10 000,01).
O sujeito passivo, objecto do nosso exemplo, O Código do IVA estabelece o conceito de vo-
deverá entregar declaração de alterações duran- lume de negócios para efeitos de aplicação das
te o mês de Janeiro de 2009. Se ultrapassar esse suas regras, sendo este constituído pelo valor das
prazo, deve entregar a declaração de alterações transmissões de bens e prestações de serviços
de imediato (logo que detecte a falta) sem pre- efectuadas pelo sujeito passivo, excluindo o im-
juízo de aplicação de coima por apresentação posto, com excepção das operações previstas nos
fora de prazo. números 27, 28, 29 e 30 do art. 9.º do Código do

27
TOC 108 - Março 2009

F i s c a l i d a d e

IVA (operações financeiras, de seguros, locações direito à dedução do imposto suportado nos
de imóveis e transacções sujeitas a IMT) e das termos gerais do Código, tendo deduzido 500
operações sobre bens de investimento corpóreos euros. Em 2009, reunidos os pressupostos pre-
ou incorpóreos – art. 42.º do Código do IVA. vistos no art. 53.º do Código do IVA, ele opta
Nestes termos, um sujeito passivo, pessoa sin- por este regime de isenção. Na última decla-
gular que tenha por actividade principal, por ração periódica de IVA entregue, enquanto
exemplo, prestação de serviços de consultoria sujeito passivo enquadrado no regime geral,
e, como actividade secundária ou acessória, referente ao quarto trimestre de 2008, deve-
comissões por intermediação numa operação rá proceder à regularização a favor do Estado
financeira, apenas deverá considerar para efei- de 3/5 do valor do IVA inicialmente deduzido,
tos do limite de isenção previsto no art. 53.º ou seja, 300 euros. Esta regularização deve ser
do Código do IVA o volume de negócios da inscrita no campo 41 do quadro 06 da decla-
actividade principal, pois a sua actividade se- ração periódica de IVA.
cundária está afastada do conceito de volume
de negócios. Condições da renúncia à isenção
Em situações mistas (em termos de enquadra-
mento em sede de IVA), isto é, quando os sujeitos É permitido aos sujeitos passivos que reúnam as
passivos que pratiquem operações isentas, sem condições exigidas pelo regime de isenção, re-
direito a dedução, desenvolvem simultaneamen- nunciar à inclusão neste regime. Para o efeito,
te uma actividade acessória tributável, o volume devem comunicar esta intenção à administração
de negócios calcula-se considerando apenas a fiscal mediante entrega da declaração de início
parte respeitante à actividade sujeita, conforme de actividade ou de alterações, consoante o caso.
dispõe o art. 81.º do Código do IVA. A declaração entregue produz efeitos a partir da
data da sua apresentação.
Alteração do regime geral A renúncia, quando efectuada, obriga à perma-
para o regime de isenção nência durante um período de cinco anos no re-
gime pelo qual optou. Findo este prazo, o sujeito
Um sujeito passivo que esteja enquadrado no passivo, caso reúna as condições estabelecidas
regime geral e reúna os requisitos anteriormen- no n.º 1 do art. 53.º do Código do IVA, e assim o
te enumerados pode, mediante entrega de uma pretenda, pode entregar durante o mês de Janei-
declaração de alterações, optar por este regime ro do ano seguinte uma declaração de alterações
de isenção. Contudo, esta declaração deverá ser a optar novamente pelo regime de isenção. Esta
entregue até final do mês de Janeiro do ano se- declaração produz efeitos a partir do dia 1 de
guinte àquele em que os requisitos se verificam, Janeiro do ano da sua apresentação.
sendo que produz efeitos desde o dia 1 de Janei- Esta opção poderá ser interessante, eventual-
ro do ano da apresentação. mente, em situações de início de actividade com
Na última declaração periódica de IVA entre- elevados investimentos em bens tributáveis, con-
gue, enquanto sujeito passivo enquadrado no jugada com algum planeamento de tesouraria e
regime geral, deverá proceder à regularização previsões de facturação. Naturalmente, como na
do imposto anteriormente deduzido aquando grande maioria das situações, importa existir um
da aquisição de existências que transitam bom planeamento fiscal.
para o regime de isenção (ou seja, que tran- Quando se verifique uma modificação essencial
sitam de um ano para outro), bem como das das condições de exercício da actividade eco-
aquisições de bens do activo imobilizado. No nómica, o sujeito passivo que tenha renunciado
caso da regularização do imposto, deduzido à isenção pode solicitar, mediante requerimento
com bens do activo imobilizado deve ter-se a entregar no serviço de finanças competente, a
presente o disposto no n.º 5 do art. 24.º do passagem ao regime de isenção. Verificando-se
Código do IVA. o deferimento do requerido, este produz efeitos
Vejamos o seguinte exemplo: um sujeito pas- imediatos.
sivo enquadrado no regime geral adquiriu um Neste capítulo, atrevemo-nos a fazer um co-
computador no exercício de 2007 e exerceu o mentário um pouco crítico: porque não estará

28
TOC 108 - Março 2009

prevista, na passagem de um regime de isenção datas para comunicação das alterações (art. 58.º
para um regime geral, a regularização a favor do Código do IVA). Vejamos:
do sujeito passivo do imposto suportado nas a) Alteração do volume de negócios - Quando,
aquisições já efectuadas? Na situação inversa em determinado ano, o sujeito passivo verifica
(passagem do regime geral para o regime de que o limite do volume de negócios foi ultrapas-
isenção) está prevista a regularização do impos- sado, deve entregar uma declaração de altera-
to a favor da administração fiscal. O princípio ções a comunicar à administração fiscal a saí-
a seguir deveria ser o mesmo, existindo uma da do regime de isenção. Esta declaração deve
maior equidade fiscal! ser entregue no mês de Janeiro do ano seguinte
àquele em que se ultrapassar o limite, produzin-
Regras gerais a considerar do efeitos a partir do mês seguinte ao da sua en-
numa mudança de regime trega, ou seja, Fevereiro.
Existem sempre muitas dúvidas quanto a esta
Aquando da mudança de regime, a Direcção- questão, pelo que, sublinhamos, que um sujei-
-Geral dos Impostos pode tomar as medidas que to passivo, enquadrado neste regime de isenção,
julgar necessárias a fim de evitar que o sujeito que ultrapassa o limite do volume de negócios
passivo em questão usufrua de vantagens injus- para a sua inclusão nesse regime, continua a es-
tificadas ou sofra prejuízos igualmente injustifi- tar isento durante o mês de Janeiro do ano se-
cados. guinte. A obrigação de liquidação de imposto
Não podem beneficiar do regime de isenção: não é imediata ao facto de ultrapassar o limite
- Nos 12 meses seguintes ao da cessação, os su- do volume de negócios, ela é diferida para o mês
jeitos passivos que, estando enquadrados num de Fevereiro do ano seguinte.
regime de tributação à data de cessação de acti- Salientamos que, nas situações em que o su-
vidade, reiniciem essa ou outra actividade; jeito passivo, tratando-se de um prestador de

f i s c a l i d a d e
- No ano seguinte ao da cessação, os sujeitos serviços sujeito a retenção na fonte, beneficia
passivos que reiniciem essa ou outra actividade da dispensa de retenção prevista no art. 9.º do
e que, se não tivessem declarado a cessação, se- DL n.º 42/91, de 22 de Janeiro, existem datas
riam enquadrados, por força da alínea a) do n.º 2 diferentes para o início da retenção na fonte
do art. 58.º, no regime normal. e para a liquidação de IVA. Isto é, o art. 9.º
Exemplificando: determinado sujeito passivo do DL n.º 42/91, de 22 de Janeiro remete para
enquadrado do regime geral de tributação em os limites previstos no art. 53.º do Código do
sede de IVA cessa a sua actividade em Agos- IVA, deixando de verificar-se a dispensa de
to de 2008. Caso reinicie a sua actividade, retenção quando se ultrapassa o limite. Neste
ou inicie qualquer outra actividade ainda que caso, a obrigação da retenção na fonte ocorre
de ramo diferente, em nome individual, até no mês seguinte àquele em que se ultrapassa
Agosto de 2009, deve ter presente que não o limite.
pode utilizar o regime de isenção previsto no Esta questão gera alguma confusão, pelo que, es-
art. 53.º do Código do IVA. Obviamente que clareça-se que, os sujeitos passivos pessoas sin-
em situações que se julguem injustas, deve gulares prestadores de serviços, que beneficiem
o caso concreto ser exposto à administração da isenção patente no art. 53.º do Código do IVA
fiscal. e da dispensa de retenção prevista no art. 9.º do

Quando se deixam de verificar


as condições de aplicação
do regime de isenção

Os sujeitos passivos abrangidos pelo regime de


isenção devem ter presente que a obrigação de
entrega das declarações de início, alterações e
cessação de actividade subsiste, apesar deste en-
quadramento.
Assim, qualquer alteração nas condições do re-
gime de isenção deve ser comunicada à admi-
nistração fiscal. No entanto, existem diferentes

29
TOC 108 - Março 2009

F i s c a l i d a d e

DL n.º 42/91, de 22 de Janeiro, que ultrapassem liquidar IVA a partir do momento em que entrega
o limite do volume de negócios de referência, a declaração de alterações da opção.
possuem datas diferentes para a “saída” destes
enquadramentos. Enquanto a obrigação de re- O acto isolado
tenção na fonte ocorre logo no mês seguinte
àquele em que o volume de negócios ultrapassa Uma pessoa que pratique um acto isolado de co-
o limite referido, a obrigação de liquidação de mércio não pode utilizar a isenção prevista no
IVA verifica-se apenas no mês de Fevereiro do n.º 1 do art. 53.º do Código do IVA, pois este
ano seguinte. Embora ambas as normas remetam normativo refere-se ao exercício de uma activi-
para o mesmo limite a sua aplicação prática é dade (de natureza empresarial ou profissional) o
independente uma da outra. que pressupõe a sua prática continuada. Assim
b) Fixação definitiva de rendimento tributável - sendo, o acto isolado está sempre sujeito a IVA
Nas situações em que ocorre a fixação definitiva (beneficiando apenas das isenções previstas no
de um rendimento tributável (correcção à maté- art. 9.º do Código do IVA).
ria colectável) em sede de IRS ou de IRC basea-
do em volumes de negócios superiores àqueles As entidades sem fins lucrativos
limites, o sujeito passivo possui um prazo de 15
dias para formalizar esta alteração. O imposto Quando, no n.º 1 do art. 53.º do Código do IVA, se
torna-se devido no mês seguinte ao da entrega refere «sujeito passivo de IRC», certamente teremos
da declaração de alterações. que fazer alguma ginástica mental para conjugar
c) Alteração de qualquer outro requisito - Quando esta questão com o facto de não estarem obriga-
se verifica a alteração de qualquer um dos demais dos a possuir contabilidade organizada. Pois bem,
requisitos referidos no n.º 1 do art. 53.º do Código uma entidade sem fins lucrativos, que não exerce
do IVA, o sujeito passivo tem um prazo de 15 dias a título principal actividade de natureza comercial,
para comunicar a alteração. Esta comunicação tem industrial ou agrícola, é um sujeito passivo de IRC
efeitos imediatos, ou seja, o sujeito passivo deve, que não está obrigado a possuir contabilidade or-
imediatamente, começar a liquidar imposto. ganizada segundo a normalização contabilística
Por exemplo, um sujeito passivo enquadrado no (só o está em determinadas circunstâncias). Logo,
regime de isenção do art. 53.º do Código do IVA, este tipo de sujeito passivo quando pratica alguma
adquire bens provenientes da China, isto é, faz actividade sujeita a IVA (fora das isenções previstas
uma importação de bens. A partir deste momen- no art. 9.º do Código do IVA) pode beneficiar do
to ele deixa de reunir os requisitos exigíveis no regime de isenção do art. 53.º do Código do IVA.
regime de isenção do art. 53.º do Código do IVA, Vejamos o seguinte exemplo: uma entidade sem
consequentemente deve comunicar essa altera- fins lucrativos que actua na área da educação,
ção à administração fiscal e começar a liquidar isenta nos termos do n.º 10 do art. 9.º do Código
imposto nas suas operações activas imediatas. do IVA relativamente às prestações de serviços e
Outro exemplo muito comum é a alteração do transmissões de bens conexas com o ensino, re-
regime de tributação do sujeito passivo em sede úne as condições para possuir apenas um registo
de IRS (mais uma vez a ligação entre o Imposto simplificado das suas operações. Vamos admitir
sobre o Rendimento e o IVA): determinado su- que ela vai fornecer, na sua cantina, refeições a
jeito passivo enquadrado no regime simplificado entidades externas à escola. Esta actividade não
de tributação, opta, em determinado exercício, beneficia da isenção do normativo referido (art.
pelo regime de tributação com base nas regras 9.º do Código do IVA), é uma operação sujeita
da contabilidade organizada. Obviamente, ele a imposto nos termos gerais do Código. Assim,
está obrigado a possuir contabilidade organiza- caso o volume de negócios desta actividade
da desde o dia 1 de Janeiro. Contudo, é-lhe per- acessória não ultrapasse o limite de 10 mil eu-
mitido fazer esta opção até final de Março. Para ros/ano, e verificados os demais requisitos, ela
efeitos de IVA, tem sido entendimento da admi- pode beneficiar da isenção patente no n.º 1 do
nistração fiscal, e conforme resulta do art. 58.º art. 53.º do Código do IVA. ■
do Código do IVA, é esta última data que produz
efeitos. Logo, nestes casos, o sujeito passivo deve (Texto recebido pela CTOC em Fevereiro de 2009)

30

Você também pode gostar