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CÓPIA CONTROLADA

HUJM/UFMT/EBSERH
17/10/2018

Protocolo Clínico
Doença Trofoblástica Gestacional

1. INTRODUÇÃO
Doença trofoblástica gestacional abrange um espectro de patologias, desde condições pré-
malignas como a mola hidatiforme completa e parcial, até a mola invasora, o coriocarcinoma e
outros tumores mais raros. As formas malignas da doença também são coletivamente conhecidas
como tumores trofoblásticos gestacionais ou neoplasia (NTG).

2. CLASSIFICAÇÃO DO CID
O01.0

O01.1

O01.9

C58.9

3. DIAGNÓSTICO
 Sinais e Sintomas:

 Sangramento vaginal de 1° trimestre: sanfona;

 Aumento uterino;

 Anemia;

 Hiperêmese;

 Encefalopatia de Wernicke, psicose de Korsakoff: disfunção hepatorrenal, dano cerebral por


deficiencia de tiamina:

repor 2500-4000 ml/ 24h (SF, SG, vit B1, vit C)

 Hipertireoidismo:

Bloquear tireóide antes do esvaziamento: diminui EAP no intracirúrgico propiltiouracil,


glicocorticoide, betabloqueador

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 Pré-eclâmpsia;

 Angústia respiratória.

4. PROPEDÊUTICA
 história clínica
 exame físico
 hCG sérico
 quando o resultado não condiz com a clínica:
 medir em ensaio diferente;
 na suspeita de falso (+) (moléculas reativas no sangue): medir na urina.
 alterações transitórias:
 reação cruzada com gonadotrofinas (perimenopausa, pílula com ultrabaixa dose);
 dietas hiperlipídicas;
 anticonvulsivantes, benzodiazepínicos, anti-Parkinsonicos;
 exames hematológicos e bioquímicos:
 hemograma, creatinina, TGO, TGP, bilirrubinas T e F, TSH, T4 livre, tipagem sanguínea com
fator Rh
 US da pelve com Doppler:
 1° trimestre
 falso (+) e (-), principalmente na mola parcial
 2° trimestre
 Mola hidatiforme completa:
 útero aumentado para IG: fator de risco independente para neoplasia;
 massa heterogênea (“snowstorm”);
 sem desenvolvimento fetal;
 cisto tecaluteínicos: fator de risco independente para neoplasia.
 rx de tórax:
 nódulo pode ser embolia trofoblástica
 se normal:
 micrometástases em 40% das pacientes
 não influenciam o resultado

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 se lesões:
 RNM do cérebro
 TC de tórax, abdome e pelve

5. CONDUTA
 Esvaziamento uterino:

 dilatação e aspiração guiada por ultrassonografia;

 adequado esvaziamento;

 evitar perfuração;

 misoprostol: não;

 ocitocina: após esvazimento.

 Fazer profilaxia anti-Rh

 Nova biópsia para confirmar malignidade:

 desaconselhável pelo risco de hemorragia

 Papel da segunda curetagem é controverso:

 baixa eficácia;

 risco;

 imagem hiperecóica na zona central do útero ser área de invasão miometrial;

 infecção;

 hemorragia;

 perfuração uterine;

 quimioterapia relativamente segura e com quase 100% de cura.

 Segunda curetagem se (UK):

 hCG <5.000 UI/l;

 doença na cavidade (ao invés do miométrio).

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6. MONITORAMENTO DO TRATAMENTO
 hCG:

 a cada semana: soro;

 na suspeita de falso (+) (moléculas reativas no sangue): medir na urina

 até normalização;

 mensal: soro;

 mínimo 6 meses.

7. INDICAÇÕES PARA QUIMIOTERAPIA


 hCG após esvaziamento:

 platô:

4 valores equivalentes em 3 semanas (dias 1, 7, 14, 21)

 Aumento:

2 aumentos consecutivos ≥10% em 2 semanas (dias 1, 7, 14)

 hCG sérico ≥20.000 UI/l por mais de 4 semanas

 hCG aumentado 6 meses após o esvaziamento, mesmo se diminuindo

 Sangramento vaginal intenso ou evidência de hemorragia gastrointestinal ou


intraperitoneal;

 Evidência de metástase no cérebro, fígado, trato gastrointestinal ou opacidades >2 cm no


rx de tórax:

 Imagens pulmonares desaparecem cerca de 3 meses após


negativação do hCG;

 Evidência histológica de coriocarcinoma.

8. QUIMIOTERAPIA NO BAIXO RISCO


 MTX 50 mg, IM, 48/48 horas (total 4 doses);

 Ácido folínico 15 mg, VO, 30 horas após cada injeção de MTX

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 Ciclos repetidos a cada 2 semanas (dias 1, 15, 29...);

 Por mais 6 semanas após normalização do hCG (3 ciclos);

 Reduzir a terapia de consolidação em um ciclo

dobra o risco de relapse.

 Durante a quimioterapia: hCG semanal

 2 platôs ou aumentos: mudança na terapia

hCG <300 UI/l: ActD

hCG >300 UI/l: combinação de agentes

 Efeitos adversos:

 úlceras orais;

 ardência nos olhos;

 serosite com dor pleurítica ou peritoneal.

9. QUIMIOTERAPIA NO ALTO RISCO


 Etoposide, MTX, ActD/Ciclofosfamida, Vincristina (EMA/CO)

 Etoposide, Cisplatina/EMA (EP/EMA)

 alterna EMA com CO nas semanas

 uma internação a cada 2 semanas;

 pode causar alopécia reversível;

 mielossupressiva

omitir dose de Etoposide e ActD do 2° dia

 antecipa menopausa em 3 anos

 Continua por:

 mais 6 semanas após normalização do hCG

 mais 8 semanas se metástases hepáticas ou cerebrais

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 potencial de resistência à quimioterapia com metotrexato (MTX) ou actinomicina D


(ActD) como agente único:

 não se aplica ao tumor trofoblástico do sítio placentário;

 menor produção de hCG;

 crescimento mais lento;

 metástases tardias, mas envolvimento de linfonodos é mais comum;

 menor quimiossensibilidade

 pontuação 0-6 escore: baixo risco de resistência

 95% das neoplasias pós mola hidatiforme

 apenas 30% com escore 5-6 é curada com agente único

 vascularização ao doppler possivelmente ajuda

 hCG >400.000 UI/l tem resposta improvável com agente único

 pontuação ≥7 escore: alto risco de resistência

 Estadio IV: poliquioterapia

10. SEGUIMENTO APÓS QUIMIOTERAPIA


 Se nova gravidez (ideal só após um ano)

 seguimento é descontinuado

 recomeça 6-10 semanas após o parto

 hCG sérico

 na suspeita de falso (+) (moléculas reativas no sangue): medir na


urina

 semanal: por 6 semanas

 2/2 semanas: até 12 meses

 1/1 mês: no 2° ano

 2/2 meses: no 3° ano

 3/3 meses: no 4° ano


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 4/4 meses: no 5° ano

 6/6 meses: por toda a vida

11. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 24 (Supplement 6): vi39-vi50, 2013

Braga A, Grillo B, Silveira E, et al. Mola – Manual de informações sobre doença trofoblástica
gestacional. Sociedade Brasileira de Doença Trofoblástica Gestacional. Rio de Janeiro. 1ª ed.
2014. p.1-12.

Ferraz, Leda. Et al. Atualização do diagnóstico e tratamento da gravidez molar. J. bras. med.:
103(2), jan 2016.

12. GLOSSÁRIO / ABREVIATURAS

CO – Ciclofosfamida
EMA – Etoposide, MTX, ActD
EP – Etoposide, Cisplatina
EAP – Edema Agudo de Pulmão
HCG – Hormônio Gonadotrofina Coriônica
FIGO - Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia
NTG – Neoplasia Trofoblástica Gestacional
TSH – Hormônio Estimulante da Tireóide
T4 L– Tiroxina Livre
SF – Soro Fisiológico
SG – Soro Glicosado
TGO – Transaminase Glutâmica Oxalacética
TGP – Transaminase Glutâmica Pirúvica
USG – Ultrassonografia
RNM – Ressonância Nuclear Magnética
TC – Tomografia Computadorizada

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RX – Raio X
MTX – Metotrexato
ActD – Actinomicina D
QTX – Quimioterapia

13. ELABORAÇÃO
NOME CARGO ASSINATURA/CARIMBO
Rejane Martins Ribeiro Médica Ginecologista e
Itaborahy Obstetrícia

14. REVISÃO
NOME CARGO ASSINATURA/CARIMBO
Fernanda Maria Pereira e Médica Ginecologista e
Nascimento Grawe Obstetrícia

15. APROVAÇÃO
NOME CARGO ASSINATURA/CARIMBO
Shirley Barbosa Ortiz Lima Chefe da Divisão do Cuidado

Débora Andréa Castiglioni Gerente de Atenção à Saúde


Alves

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ANEXOS
Anexo 1 - Estadiamento FIGO.

ESTADIAMENTO CARACTERÍSTICA

I Confinado ao útero

II Extensão à pelve

III Pulmão e/ou vagina

IV Outras metástase: fígado, rins, baço e cérebro

Fonte: Ferraz, Leda. Et al. Atualização do diagnóstico e tratamento da gravidez molar. J. bras. med.: 103(2), jan 2016.

Anexo 2 - Escore prognóstico FIGO.

Fonte: Ferraz, Leda. Et al. Atualização do diagnóstico e tratamento da gravidez molar. J. bras. med.: 103(2), jan 2016.

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Anexo 3 - Figuras - Estadiamento:

Neoplasia trofoblástica gestacional. Estadio I. Doença limitada ao útero

Fonte: Manual de informações sobre doença trofoblástica gestacional. Sociedade Brasileira de Doença
Trofoblástica Gestacional. Rio de Janeiro. 1ª ed. 2014

Neoplasia trofoblástica gestacional. Estadio II. Doença atingindo a pelve

Fonte: Manual de informações sobre doença trofoblástica gestacional. Sociedade Brasileira de Doença
Trofoblástica Gestacional. Rio de Janeiro. 1ª ed. 2014

Neoplasia trofoblástica gestacional. Estadio III. Doença atingindo o pulmão

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Fonte: Manual de informações sobre doença trofoblástica gestacional. Sociedade Brasileira de Doença
Trofoblástica Gestacional. Rio de Janeiro. 1ª ed. 2014

Neoplasia trofoblástica gestacional. Estadio IV. Doença atingindo outros órgãos,


principalmente fígado e cérebro

Fonte: Manual de informações sobre doença trofoblástica gestacional. Sociedade Brasileira de Doença
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