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CAPÍTULO 5

MODULAÇÃO POR PULSO

5.1 INTRODUÇÃO

O que distingue a modulação por pulso da modulação de onda contínua vista no capítulo 3 é que,
agora, a onda portadora é um trem de pulsos e não uma senoide. Podemos distinguir dois tipos básicos de
modulação por pulsos: a modulação analógica de pulsos, onde alguma característica de cada pulso da
portadora (amplitude, duração, ou posição) é variada de maneira contínua de acordo com a mensagem que
contém a informação; e a modulação digital onde o sinal mensagem é discretizado, quantizado e codificado,
ou seja, a informação é impressa de forma indireta.

5.2 AMOSTRAGEM

A amostragem (sampling) é a primeira etapa para criar uma representação digital de um sinal
analógico. Por exemplo, para trabalhar com sinais reais no computador, os sinais analógicos são amostrados
um determinado número de vezes por segundo e convertido em código digital. Usando uma média e
diferentes algorítmos, as amostras podem ser geradas a partir das amostras existentes, criando mais
informações digitais para sinais complexos.
Para tal procedimento ter utilidade prática, é necessário escolher a taxa de amostragem (número de
amostras por segundo) adequadamente, de modo que, a sequência de amostras, unicamente defina o sinal
original.
O processo de amostragem converte um sinal contínuo no tempo num sinal discreto no tempo, cujas
amostras têm amplitudes que podem assumir qualquer valor dentro de uma faixa estabelecida, conforme
exemplifica a figura 5-1, onde a amostragem é realizada por uma chave mecânica que gira com uma
frequência fs, isto é, de Ts em Ts segundos, o terminal 1 é conectado ao terminal 2, instantaneamente,
para colher uma amostra de g(t), resultando assim no sinal amostrado gs(t).

Fig. 5-1: Amostragem de um sinal

Quanto ao balanceamento das amostras, podemos visualizar dois tipos de amostragem:

(1) Amostragem não balanceada: neste caso as amostras seguem a polaridade do sinal como mostra
a figura 5-2.

Fig. 5-2: Amostragem não balanceada

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A figura 5-3 mostra de forma simplificada alguns circuitos típicos que podem realizar esse tipo de
amostragem.

Fig. 5-3 Circuitos para amostragem não balanceada.

(2) Amostragem balanceada: Os sinais originais com componentes de frequência muito baixa só
podem ser amplificados com o auxílio de amplificadores CC, cujo projeto é difícil. Uma alternativa é
amostrar esses sinais e amplificá-los com amplificador CA comum e depois recuperá-los através de
filtragem. Entretanto, a componente cc presente na amostragem não balanceada prejudica o rendimento do
amplificador CA. Uma solução para este problema é eliminar a componente cc usando a amostragem
balanceada como exemplificada na figura 5-4. Neste caso, duas amostras são feitas em cada período da
portadora. O modulador "Ring" visto no capítulo 2, pode realizar esse tipo de amostragem, muito usada em
sistemas multiplex FDM.

Fig. 5-4: Amostragem balanceada

Outra classificação que podemos dar para o processo de amostragem é quanto a duração e a forma das
amostras. Visualizamos assim, três tipos:

(1) Amostragem ideal ou instantânea: as amostras são instantâneas, ou seja, de duração zero, feitas
por um trem de impulsos, conforme foi ilustrado na figura 5-1.

(2) Amostragem natural: as amostras são pulsos de duração não nula cujo topo segue a forma do
sinal que está sendo amostrado conforme sugere a figura 5-5.

Fig. 5-5: Amostragem natural

(3) Amostragem "flat-top": As amostras são pulsos retangulares de duração não nula, ou seja, o
topo dos pulsos são planos, não refletindo a forma do sinal que está sendo amostrado. A figura 5-6 ilustra
esse caso.

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Fig. 5-6: Amostragem "Flat-Top"

5.3 TEOREMA DA AMOSTRAGEM

Seja g(t) um sinal analógico amostrado idealmente, tal como visto na figura 5-1, resultando no
conjunto de amostras {g(nTs)}, tomadas nos instantes t = 0, +Ts, +2Ts, ..., onde Ts é o período de
amostragem e fs = 1/Ts é a frequência ou taxa de amostragem, ou seja, o numero de amostras por
segundo. Seja, também, Ts(t) representar um trem de impulsos, de período Ts, conhecido como função de
chaveamento, que desempenha o papel da chave na figura 5-1, ou seja:

Ts(t) = (t – nTs) (5-1)
n=-

Então, o sinal amostrado idealmente, pode ser escrito como:



g(t) = g(nTs)(t – nTs) (5-2)
n=-

ou, equivalentemente,
 
g(t) = g(t)(t – nTs) = g(t)(t – nTs) = g(t)Ts(t) (5-3)
n=- n=-

Para encontrarmos o espectro do sinal amostrado g(t), lembramos que:



g(t)  G(f) e Ts(t)  fs(f – nfs) (Ver equação 2-43)
n=-

e como, um produto no tempo, equivale a uma convolução na frequência, então, da equação (5-3) tiramos:
 
G(f) = G(f)  [fs(f – nfs)] = fsG(f – nfs) (5-4)
n=- n=-

Uma outra expressão para G(f) pode ser extraída diretamente da equação (5-2), achando a transformada de
Fourier de ambos os lados dessa equação, obtendo-se:

G(f) = g(nTs)exp(-j2nfTs) (5-5)

Supondo que g(t) seja estritamente limitado em W Hz, com um espectro de amplitudes no formato de um
triângulo, conforme figura 3-2(a), podemos esboçar os seguintes espectros de amplitudes para g(t), para
três casos distintos: fs = 2W, fs > 2W e fs < 2W, como ilustra a figura 5-7.

(a)

3
(b)

(c)
Fig. 5-7: (a) fs = 2W; (b) fs > 2W; (c) fs < 2W

Portanto, pela observação desses espectros, podemos concluir que, o sinal g(t) pode ser completamente
reconstituído, a partir de suas amostras tomadas de Ts em Ts segundos, desde que a taxa de amostragem,
fs = 1/Ts, seja igual ou maior que a máxima frequência, W, do sinal mensagem. Assim, podemos
estabelecer o teorema da amostragem, também conhecido como teorema de Nyquist, como segue:

Um sinal de banda limitada em W Hz e energia finita, fica completamente especificado pelas


suas amostras tomadas em instantes de tempo separados de no máximo 1/2W. Isto é:

Ts < 1/2W (5-6)

ou, equivalentemente:

Um sinal de banda limitada em W Hz e energia finita, pode ser completamente reconstituído a


partir de suas amostras tomadas à uma taxa igual ou superior à 2W amostras por segundo, isto e:

fs > 2W (5-7)

A taxa mínima de amostragem, ou número mínimo de amostras por segundo, fsmin = 2W, é
conhecida como a taxa de Nyquist.
Quando a taxa de amostragem do sinal é inferior à taxa de Nyquist, ou quando a pré-filtragem para
limitar o sinal na largura W é deficiente, fica impossível recuperar o sinal original sem distorção, como no
caso da figura 5-7(c). Essa distorção introduzida é conhecida como efeito "aliasing" ou efeito de
subamostragem.

Exemplo 1: O espectro de frequências do sinal de voz varia de 100 Hz a 8000 Hz. Para telefonia, entretanto,
onde o que interessa principalmente é a inteligibilidade, considera-se o seu espectro variando de 300 Hz a
3400 Hz. Assim, sua frequência máxima é W = 3400 Hz. Então a taxa mínima de amostragem, segundo o
critério de Nyquist, deverá ser:

fsmin = 2W = 2 x 400 = 6800 Hz

Na prática se usa fs = 8000 Hz, ou seja, 8000 amostras por segundo.

Exemplo 2: O espectro de frequências do sinal de áudio varia de 20 Hz a 20000 Hz. Portanto, a taxa
mínima de amostragem, segundo o critério de Nyquist, deverá ser:

fsmin = 2W = 2 x 20000 = 40000 Hz

Na prática, para gravação de CDs, usa-se uma taxa de 44100 kHz.

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5.4 AMOSTRAGEM DE SINAIS PASSA-FAIXA

Se o sinal g(t) a ser amostrado é do tipo passa-faixa, estritamente limitado em fc – W<f <fc + W,
conforme ilustrado na figura 5-8, podemos representá-lo em termos de suas componentes em fase e em
quadratura, ou seja:

g(t) = gI(t)cos(2fct) – gQ(t)sen(2fct) (5-8)

Supondo fc > W, suas componentes em fase e em quadratura (gI e gQ), são sinais estritamente passa-
baixas, limitados em –W < f < W. Assim, cada uma dessas componentes pode ser amostrada a uma taxa
fs > 2W. A geração dessas amostras e a reconstrução do sinal g(t) a partir delas é como mostrado na figura
5-9.

Fig. 5-8: Sinal Passa-faixa

Fig. 5-9: Decomposição e composição de g(t)

Para um sinal passa faixa, com fc >> W, também é possível utilizar uma taxa menor do que 2(fc + W) e
ainda assim reconstituir o sinal original, fazendo uma amostragem com uma taxa dada por:

fs = 2(fc + W)/m, onde m é o maior inteiro não excedendo (fc + W)/W.

Exemplo 3: Considerando a figura 5-8, suponha que fc + W = 3 Hz e W = 1,25 Hz. Então a taxa mínima
de amostragem, sem precisar utilizar o artifício da figura 5-9 será:

fs = 2(fc + W)/m = 2(3)/2 = 3 amostras por segundo.

Exercício 1: Esboce o espectro do sinal amostrado usado no exemplo 3 usando amostragem ideal.

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5.5 AMOSTRAGEM NATURAL

Neste tipo de amostragem, cada amostra é um pulso de duração finita, cujo topo segue a forma do
sinal mensagem. Portanto, a função de chaveamento, c(t), é um trem de pulsos retangulares de duração T
e período Ts. A figura 5-10(a) mostra um exemplo de um sinal a ser amostrado. A figura 5-10(b) mostra a
função de chaveamento e a figura 5-10(c) ilustra o resultado dessa amostragem.

(b) (c)
Fig. 5-10: Amostragem natural

A saída do circuito amostrado, denotada por s(t) é dada por:


s(t) = c(t).g(t)

A função de chaveamento, quando desenvolvida em série de Fourier, nos dá:



c(t) = ATfssinc(nTfs)exp(j2nfst)
n=-

Portanto:

s(t) = ATfssinc(nTfs)exp(j2nfst).g(t)
n=-

Aplicando a propriedade do deslocamento na frequência para o produto exp(j2nfst).g(t), podemos


encontrar o espectro de s(t) como sendo:

S(f) = ATfssinc(nTfs).G(f – nfs) (5-9)
n=-

Um esboço de s(f) pode ser visto na figura 5-11, supondo, para espectro do sinal banda base, o triângulo da
figura 3-2(a) e uma taxa de amostragem fs > 2W.

Fig. 5-11: Espectro da amostragem natural

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5.6 AMOSTRAGEM "FLAT-TOP"

O sinal é amostrado instantaneamente e a duração da amostra é estendida por T segundos. O


circuito que realiza essa operação é geralmente conhecido como "sample-hold ". A figura 5-12 mostra o
esboço do resultado de uma amostragem desse tipo.

Fig. 5-12: Amostragem "flat-top"

Esse sinal pode ser expresso como:



s(t) = g(nTs)h(t – nTs)
n=-

onde: h(t) = rect[(t – T/2) / T]


O sinal amostrado instantaneamente pode ser escrito como (Eq. 5-2):

g(t) = g(nTs)(t – nTs)
n=-

Então, o sinal s(t) pode ser visto como a convolução de g(t) com h(t), ou seja:

s(t) = g(t)  h(t)

o que equivale a um produto, no domínio da frequência, entre G(f), dada pela equação (5-4), e H(f),
dada pela equação (2-18), isto é:

S(f) = G(f).H(f)

S(f) = fsG(f – nfs)H(f)
n=-

Note que G(f) é o espectro de g(t). Supondo que g(t) seja limitado em W Hz, e que fs > 2W para
evitar o efeito "aliasing", podemos passar o sinal s(t) por um filtro de reconstrução passa-baixas, conforme
mostra a figura 5-13, para obter o sinal:

Vo(f) = G(f).H(f) (5-10)

Fig. 5-13

Isto é equivalente a passarmos o sinal g(t) por um filtro com função de transferência H(f), cujo espectro
de amplitude e de fase são mostrados na figura 5-14.

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Fig. 5-14: Função de transferência H(f) = Tsinc(fT)exp(-jfT)

A amostragem "flat-top", portanto, introduz uma distorção de amplitude, pois |H(f)| não é
constante. Essa distorção é conhecida como "aperture effect". Ela pode ser corrigida usando um equalizador
em cascata com o filtro de reconstrução conforme ilustra a figura 5-15.

Fig. 5-15

Assim, a função de transferência do equalizador deve ser:

He(f) = 1 /H(f) = 1 / Tsinc(fT)exp(-jfT)


Então, sua resposta em amplitude será:

|He(f)| = 1 / Tsinc(fT) = (fT) / Tsen(fT)

Fazendo f = W = fs/2, e supondo |H(f)| normalizada em relação ao seu valor máximo, escrevemos:

|He(f)| = [(/2)fsT] / sen[(/2)fsT]


|He(f)| = [(/2)(T/Ts)] / sen[(/2)(T/Ts)] (5-11)

Da equação (5-11) verifica-se que, para um ciclo de trabalho de 10 %, isto é, T/Ts = 0,1, temos para a
resposta em amplitude, |He(f)| = 1,0041. Segue, portanto que, para um ciclo de trabalho menor que 10 %
o "aperture effect" torna-se despresível, e a necessidade de equalização pode ser omitida. A figura 5-16
mostra o gráfico de |He(f)| em função de T/Ts.

Fig. 5-16

5.7 MODULAÇÃO POR AMPLITUDE DE PULSO (PAM)

Nesse tipo de modulação, a amplitude dos pulsos da portadora é variada de acordo com o sinal
mensagem. A duração dos pulsos e o espaçamento entre eles são mantidos constante. Desta forma, PAM
consiste essencialmente de uma amostragem natural, conhecido como PAM de 1 a espécie, ou de uma
amostragem "flat-top", chamado de PAM de 2a espécie, adicionada a uma componente dc para garantir
uma única polaridade para os pulsos. Portanto, definimos a onda PAM pela equação:

s(t) = [1 + Kam(nTs)]g(t – nTs) (5-12)
n=-

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onde m(nTs) é a enésima amostra da mensagem m(t); Ka é a sensibilidade de amplitude e g(t)
expressa a forma do pulso. A figura 5-17 mostra uma onda PAM de 1a espécie.
Outra forma de definir a onda PAM é através da equação:

s(t) = [1 + Kam(t)]c(t) (5-13)

onde c(t) é a portadora trem de pulsos. Se, por exemplo, a portadora for um trem de pulsos retangulares, de
período Ts e com cada pulso de duração T, c(t) pode ser dada por:

c(t) = (T/Ts)sinc(nT/Ts)exp(j2nt/Ts)
n=-

e s(t) dado por



s(t) = (T/Ts)sinc(nT/Ts)[1 + Kam(t)]exp(j2nt/Ts)
n=-

Então, o espectro de uma onda PAM contém o espectro do sinal original acrescido de um impulso que
representa a componente dc, centrados na origem, o mesmo acontecendo nas freqüências +fs, +2fs, +3fs...

(a) (b)
Fig. 5-17: (a) Sinal mensagem; (b) Onda PAM

Para transmissão em longa distância, PAM é apenas usada como um meio de processamento da mensagem.
Devido a sua excessiva largura de faixa, seu desempenho perante o ruído nunca é melhor do que a
transmissão do sinal banda base.

5.8 GERAÇÃO DE ONDAS PAM

Como foi visto, uma onda PAM consiste de uma amostragem adicionada a uma componente dc.
Veremos dois circuitos básicos que pode realizar essa operação:

(1) Modulador PAM usando transistor: a figura 5-18 mostra um circuito simples que pode gerar
uma onda PAM. O nível dc a ser somado ao sinal modulante é dado pelo divisor de tensão formado por R1,
R2 e P1, que também polariza o transistor amplificador T2, com saída em seguidor de emissor, para não
haver defasagem no sinal. O transistor T1 é a chave comandada pela portadora c(t), que vai aterrar o sinal
modulante se o transistor estiver saturado e liberar a passagem do mesmo se o transistor estiver em corte.

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Fig. 5-18: Modulador PAM

(2) Modulador PAM usando uma chave analógica: a figura 5-19(a) mostra o circuito de um
modulador PAM usando o circuito integrado 4066 o qual consiste de 4 chaves analógicas independentes
conforme mostra a figura 5-19(b), tendo sido utilizado para o modulador, apenas uma das chaves.

(a) (b)
Fig. 5-19: Modulador PAM usando uma chave analógica

5.9 DEMODULAÇÃO DE SINAIS PAM

Veremos três tipos de circuitos que podem realizar a demodulação de sinais PAM

(1) Filtro passa-baixas: como PAM é, em essência, uma amostragem do tipo natural ou "flat-top",
em que o espectro do sinal é como mostrado na figura 5-11, apenas acrescido de uma componente dc
representada por um impulso, onde observamos que, o sinal original, limitado em W Hz , encontra-se
centrado na origem, podemos recuperá-lo facilmente através de um filtro passa-baixas, com frequência de
corte mínima igual a W. Um exemplo de filtro passa-baixas é mostrado na figura 5-20. O inconveniente
deste método é que, em função do ciclo de trabalho da portadora, podemos recuperar um valor médio muito
baixo, o que proporciona uma baixa relação sinal ruído.

Fig. 5-20: Filtro passa-baixas

(2) Filtro passa-faixa: consiste em centrar um filtro passa-faixa na frequência da portadora e


demodular o sinal AM resultante. O inconveniente deste processo é a precisão da filtragem. A figura 5-21
mostra um exemplo de circuito para este propósito.

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Fig. 5-21: Filtro passa-faixa e detetor

(3) Amostragem com retenção: este processo pode ser usado quando se precisa aumentar o valor
médio do sinal recuperado. Neste caso, a própria onda PAM pode ser usada para fazer o sincronismo do
amostrador. A figura 5-22 mostra um exemplo de um sinal PAM com retenção e a figura 5-23 mostra um
circuito típico que pode realizar tal tarefa.

Fig. 5-22

Fig. 5-23

Um sinal PAM tem um conteúdo de frequências baixas bastante considerável (geralmente na faixa
de áudio). Sendo assim, ele não é habitualmente transmitido no canal, mas serve como sinal banda base para
gerar sinais modulados em amplitude (PAM/AM) ou em frequência (PAM/FM), usando as técnicas de
modulação conhecidas como ASK e FSK, respectivamente, para as quais abriremos um parênteses, a fim
de melhor conhecê-las.

- Modulação ASK: O sistema ASK (Amplitude Shif Keying) ou de chaveamento de amplitude, nada
mais é que liberar ou interromper a passagem da portadora (senoidal), de acordo com o nível do sinal
modulante que deve ser, obrigatoriamente, discreto. Assim, este sinal corresponde a uma modulação AM, o
que nos permite imaginar um sinal ASK com vários níveis, tendo cada um deles originado de uma onda
PAM. A figura 5-24 ilustra esse tipo de modulação. É importante observar que a frequência da portadora
senoidal que será modulada em ASK, é muito maior que a frequência do trem de pulsos usado na modulação
do sinal PAM, e sendo assim, sua transmissão é extremamente facilitada.

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Fig. 5-24: Sinal ASK

- Modulação FSK: o sistema FSK (Frequency Shift Keying) ou de chaveamento de frequência, é


análogo ao ASK, porém modifica a frequência do sinal modulado. Se analisarmos o FSK multinível,
mostrado na figura 5-25, veremos que ele é exatamente uma onda FM, podendo ser analisada como tal. Note
que são válidos, neste caso, os estudos utilizados para a modulação em frequência.

Fig. 5-25: Sinal SFK

Uma outra aplicação prática para o PAM é o TDM (Time Division Multiplex) ou multiplexação
por divisão de tempo, que consiste em aproveitar o tempo da portadora trem de pulsos, aumentando sua
frequência com o intuito de amostrar vários sinais independentes simultaneamente. A figura 5-26 mostra o
resultado que pode ser obtido na amostragem de 3 sinais, usando TDM.
É importante observar que no TDM, uma só portadora amostra n canais e, sendo assim, cada canal
será amostrado apenas a cada n períodos da portadora (no caso da figura 5-26, temos n = 3). Desta forma,
o período de amostragem de cada sinal é:

Ts = n.To
e a frequência de amostragem necessária para respeitar o teorema da amostragem será dada por:

fs = 1/n.To = 2W + BG

onde: W é a máxima frequência dos canais a serem modulados.


BG é a banda de guarda de cada um dos canais.

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Fig. 5-26: Multiplexação por divisão de tempo

Um esquema funcional do TDM é dado em diagrama na figura 5-27. Observe que existe um canal extra de
sincronismo entre transmissor e receptor, necessário para manter a correta recepção do sinal multiplexado.

Fig. 5-27: Esquema funcional do TDM

A figura 5-28 é uma idéia de um sistema TDM usando o circuito integrado 4051 em conjunto com dois
contadores binários módulo 8 (portanto, que conta de 0 a 7) e são responsáveis pela escolha de qual par de
canais serão conectados em dado instante. O pino de inibição deve ser aterrado para o funcionamento normal
do circuito, caso contrário, todos os pinos de entrada e saída ficam em aberto. Observe mais uma vez a
necessidade de um sincronismo entra a transmissão e a recepção, já que o oscilador de portadora trem-de-
pulsos é único, situado no transmissor. Veja que o 4051 se presta tanto para a transmissão quanto para a
recepção do sinal multiplexado, pois sua operação é bidirecional.
Como veremos mais adiante, o sinal TDM não precisa ser transmitido de forma imediata, podendo
servir de sinal modulante para um sistema PCM, por exemplo. Alternativa igualmente válida, é usar o sinal
TDM numa modulação AM ou FM.

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Fig. 5-28

5.10 MODULAÇÃO POR LARGURA (DURAÇÃO) DE PULSO (PWM ou PDM)

Consiste em variar a largura (duração ) do pulso proporcionalmente ao sinal modulante, mantendo


constante a amplitude e o intervalo de tempo em que os pulsos se repetem. Existem três modalidades de se
variar a largura dos pulsos:

(1) PWM simétrico: ambas as bordas dos pulsos se deslocam simetricamente.

(2) PWM assimétrico de borda direita: apenas a borda direita de cada pulso é deslocada.

(3) PWM assimétrico de borda esquerda: apenas a borda esquerda de cada pulso é deslocada.

A figura 5-29 ilustra esses três casos.

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Fig. 5-29: Modulação PWM

Seja (t) indicar a duração instantânea do pulso e T a duração do pulso sem modulação. Então, para um
sinal modulante m(t) = Am cos(2fmt), temos:

(t) = T + Km(t) = T + KAmcos(2fmt) = T[1 + (KAm/T)cos(2fmt)] (5-14)

onde K é a constante do modulador em s/V. Definindo  = (KAm/T) como o índice de modulação na


equação (5-14), escrevemos:

(t) = T[1 + cos(2fmt)] (5-15)

Então, a onda PWM, formada por uma sequência de pulsos retangulares, pode ser expressa como:

s(t) = Arect[(t – nTs)/(t)] (5-16)
n=-

Para encontrarmos o valor ideal para T, verificamos através da equação (5-14) que:
max = T + KAm = Ts
min = T – KAm = 0
Somando essas duas equações membro a membro, encontramos:

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T = Ts / 2 ou T / Ts = 0,5

Ou seja, o ciclo de trabalho ideal é de 50%

Para obtenção do espectro da onda PWM, desenvolve-se a portadora c(t) em série de Fourier e substitui-se
T por (t). A análise espectral de uma onda PWM é complicada. Apresentaremos aqui apenas uma
descrição qualitativa, considerando um período de amostragem Ts e um sinal modulante senoidal. de
frequência fm. Assim, o espectro de uma onda PWM consiste das seguintes componentes:

(a) Uma componente dc igual ao valor médio dos pulsos


(b) Componentes senoidais de frequências iguais a múltiplos inteiros de 1/Ts, correspondendo as
linhas espectrais em +n/Ts, onde n = 1, 2, 3, ... Essas componentes são contribuições do trem de pulsos
não modulado.
(c) Uma componente senoidal de frequência fm e em fase com a onda modulante, correspondendo
as linhas espectrais em +fm.
(d) Componentes senoidais de frequências (n/Ts) + mfm, onde n, m = 1, 2, 3, ...,
correspondendo aos pares de frequências laterais centradas em cada linha espectral do trem de pulsos não
modulado.

A largura de faixa ocupada por um sinal PWM pode ser estimada da seguinte forma: a largura de
faixa representativa de um trem de pulsos é dada por:

B = 1/T

No caso de um sinal PWM, temos T = (t). Então, para determinarmos a maior largura de faixa
ocupada pelo sinal PWM, consideraremos (t) = min. Mas, pela equação (5-15) podemos afirmar que:

min = T(1 – )
Assim, a largura de faixa pode ser estimada por:

B = 1 / T(1 – ) (5-17)

com <1

5.11 GERAÇÃO DE UM SINAL PWM

Para gerar uma onda PWM é preciso basicamente de um gerador de rampa, um somador e um
comparador, conforme sugere o diagrama funcional da figura 5-30.

Fig. 5-30: Diagrama funcional de um modulador PWM

A figura 5-31 mostra algumas formas de ondas nas diversas etapas desse modulador, supondo uma PWM
simétrica. A figura 5-32 mostra um circuito que pode ser utilizado para gerar um sinal PWM simétrico.
Note que o resistor R2 juntamente com o capacitor C2 formam o gerador de rampa enquanto que o
amplificador operacional A1 faz o papel do somador.

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Fig. 5-31

Fig. 5-32

Para se gerar uma PWM assimétrica, basta mudar a forma da onda triangular, conforme mostrado na figura
5-33. A figura 5-34 mostra exemplos de circuitos usados para gerar essas rampas.

Fig. 5-33

(a) (b)
Fig. 5-34: (a) Integrador de borda direita; (b) Integrador de borda esquerda

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5.12 DEMODULAÇÃO DE ONDAS PWM

Uma vez o sinal PWM ser recebido em sua forma básica, livre de qualquer modulação adicional
(PWM/AM ou PWM/FM), sua demodulação pode ser feita por dois processos distintos: o método direto e o
método indireto.

(1) Método direto: Dado que o espectro de uma onda PWM contém um termo proporcional ao sinal
modulante, é fácil concluir que a forma mais prática de recuperar a informação consiste no emprego de um
filtro passa baixas.
Pela simples observação da onda PWM no domínio do tempo, verifica-se que as variações nas
larguras dos pulsos implicam que a média do sinal varia ao longo do tempo e de acordo com a largura dos
pulsos. Como a largura contém a informação, esta média carregará, em si, a informação. Na filtragem,
mostrada na figura 5-35, estaremos deixando passar apenas a componente dc e mais as componentes em W,
no domínio da frequência.
O uso de um simples filtro dá bons resultados quando W << fs, posto que então as interferências
produzidas pelas raias em torno de fs e que caem na faixa do filtro têm amplitudes desprezíveis.

Fig. 5-35: Demodulação de PWM por filtragem passa-baixa

(2) Método indireto: em casos mais críticos, recorre-se ao artifício de transformar o sinal PWM num
sinal PAM, antes de passá-lo pelo filtro recuperador de informação. A figura 5-36 mostra este esquema.
Para se produzir o sinal PAM a partir do sinal PWM usa-se um integrador, que transforma a
informação da largura do pulso em amplitude de sinal. Um integrador simples, entretanto, teria ação
cumulativa, e por isso, se torna necessário faze-lo retornar a zero antes de processar o pulso seguinte.
A informação de sincronismo para o retorno à zero do integrador e para atuar o modulador PAM que
se segue é usualmente derivada do próprio sinal PWM, motivo pelo qual, nesta aplicação, se prefere o PWM
do tipo assimétrico com borda de subida fixa.

Fig. 5-36: Demodulação de PWM pelo método indireto

5.13 MODULAÇÃO EM POSIÇÃO DE PULSO (PPM)

Esta modalidade de modulação consiste em variar a posição do pulso da portadora


proporcionalmente ao sinal modulante, mantendo constante a amplitude e a duração.
A onda PPM pode ser conseguida a partir de uma onda PWM, conforme sugere a figura 5-37.

18
Fig. 5-37: Modulação PPM

A análise espectral de uma onda PPM é complicada, sendo conveniente apresentarmos aqui apenas uma
avaliação qualitativa de seu espectro. O que pode ser resumido no seguinte:

(a) Um termo independente do tempo, correspondendo ao valor médio do sinal modulado.


(b) Um termo proporcional a derivada do sinal modulante, situado na faixa original W.
(c) Um somatório de termos do tipo sen[a + bsen(t)] e outro do tipo cos[A + Bcos(t)],
que são desenvolvidas em funções de Bessel, numa somatória de cosenoides de frequências múltiplas de fm,
gerando assim raias laterais em torno de fs.

A geração de uma onda PPM pode ser esquematizada como mostrado na figura 5-38.

Fig. 5-38: Geração de uma onda PPM

A forma mais convencional e prática de se obter um sinal PPM são como mostradas na figura 5-39, usando o
circuito integrado 74121.
O circuito integrado 74121 é um multivibrador monoestável, tecnologia TTL, sensível a borda de
descida do pulso de disparo. A duração do pulso de saída é dada por  = 0,69RC, podendo a largura desse
pulso ir desde 40 ns até 28 s, dependendo dos valores de R e C utilizados.
Se usarmos um circuito modulador PWM assimétrico, de borda direita, a descida do pulso disparará
o monoestável, gerando o sinal PPM, e apresentando as formas de onda da figura 5-37.

Fig. 5-39

O processo de demodulação de um sinal PPM, equivalente aos já vistos para PAM e PWM, consiste
em observar o espectro de amplitudes e perceber que lá se encontra um termo que é a derivada do sinal
modulante, que pode ser recuperada por uma filtragem passa-baixas , seguida de uma integração, para que
se recupere o sinal modulante e não a sua derivada.

19
5.14 MODULAÇÃO POR CODIFICAÇÃO DE PULSO (PCM)

Nos sistemas de modulação PAM, PWM e PPM, a informação a ser transmitida está contida na
variação de algum dos parâmetros do pulso da portadora (amplitude, largura ou posição). Os sistemas
que iremos estudar agora pertencem a uma classe de modulação conhecida como modulação digital,
onde a informação estará contida numa codificação da sequência de amostras que foram previamente
quantizadas. Ou seja, no sistema PCM o sinal mensagem é amostrado e a amplitude de cada amostra é
arredondada para um valor mais próximo de um conjunto finito de valores estipulados, de modo que
tempo e amplitude são agora quantizados. Isto permite que a mensagem seja transmitida por meio de
um sinal elétrico codificado, chamado de sinal digital. A figura 5-40 ilustra um processo de
quantização em 16 níveis de um sinal cuja amplitude máxima não ultrapassa 7,5 V, usando um passo
de quantização (diferença entre dois níveis adjacentes) constante,  = 0,5.

Amostra: 3,7 5,4 6,6 6,0 4,0 2,0 0,5


Aproximação: 3,5 5,5 6,5 6,0 4,0 2,0 0,5
Nível: 7 11 13 12 8 4 1
Fig. 5-40: Quantização em 16 níveis com  = 0,5

No processo de quantização, devido ao arredondamento das amostras, comete-se um erro de


quantização entre –/2 e +/2, que ocasiona o ruído de quantização. No exemplo visto na figura 5-
40, esse erro é mostrado na figura 5-41.

Fig 5-41: Erro de quantização do exemplo acima.

O diagrama em bloco ilustrado na figura 5-42 mostra os elementos funcionais de um sistema PCM
tanto do lado da transmissão quanto do lado da recepção. Adiante veremos alguns detalhes de cada um
desses elementos. Por ora vejamos resumidamente algumas vantagens e desvantagens de um sistema PCM.

20
Fig. 5-42

Algumas vantagens do sistema PCM podem ser resumidas como segue:

- Robustez na presença de ruído e interferência, por causa da informação estar contida na


codificação da mensagem e não nos valores de amplitudes.

- Regeneração eficiente do sinal codificado ao longo do canal, pelo fato da informação ser
transmitida por pulsos de formato conhecido. É possível, portanto, sempre regenerar esses pulsos e
retransmiti-los sem distorção, possibilitando desta forma um alcance teoricamente ilimitado para a
mensagem.

- Possibilidade de um formato uniforme para diferentes tipos de sinais banda base. Ou seja, como a
informação está contida na codificação da mensagem, é possível usar um mesmo sistema para transmitir
diferentes sinais banda base como voz, vídeo e dados.

- Privacidade. Ou seja, a codificação da mensagem também permite o uso de criptografia com a


finalidade de proteger a informação contra possíveis acessos clandestinos.

Existe, porém, algumas desvantagens como: a necessidade de uma banda de transmissão mais
elevada pelo fato de se ter que transmitir vários pulsos para representar uma amostra. Um aumento na
complexidade do sistema, se bem que esta desvantagem está deixando de existir a medida que a tecnologia de
circuitos integrados digitais avança. E, por último, uma desvantagem inevitável, é a presença do ruído de
quantização, impossível se ser eliminado no receptor.

As principais aplicações do sistema PCM encontram-se na comunicação telefônica, nas gravações


de áudio ou vídeo em CD e em transmissões de vídeo digital.

5.15 ELEMENTOS DE UM SISTEMA PCM

(1) Amostrador: tem a finalidade de amostrar a mensagem usando um trem de pulsos bastante
estreitos de modo a se aproximar da amostragem instantânea. Cada amostra é retida num nível de tensão
constante até que o circuito conversor analógico digital (A/D) complete sua conversão. A figura 5-43 ilustra
um esquema básico de um circuito amostrador com retenção, onde se verifica facilmente que a função de
retenção é desempenhada pelo capacitor, enquanto que a amostragem é realizada pelo transistor JFET
funcionando como uma chave que abre e fecha numa frequência fs estabelecida pelo relógio. Como já
vimos, essa freqüência de amostragem deve ser maior do que o dobro da maior frequência do sinal a ser
transmitido.

21
Fig. 5-43: Amostrador com retenção

(2) Quantizador: as amostras discretas no tempo possuem amplitudes numa faixa contínua de tensão.
Entretanto, o valor exato da amostra não precisa ser transmitido, pois qualquer órgão do sentido humano
(audição, visão etc.) só pode detectar diferenças de intensidade finitas. Então, as amostras originais podem
ser aproximadas por amostras discretas de um conjunto pré-estabelecido. Essa aproximação chama-se
quantização.
As amostras discretas são associadas a níveis de quantização denominados de níveis de
representação.
A diferença entre dois níveis adjacentes é chamada "quantum" ou "step size".
O erro de quantização, também chamado de ruído de quantização, é a diferença entre o sinal de
entrada e o sinal de saída do quantizador.

- Quantização uniforme: o tipo de quantização mais simples de ser implementada é a quantização


uniforme, onde o tamanho da separação entre níveis adjacentes ("step size") é constante, normalmente
representado por .
A figura 5-44 mostra as características de transferência de dois tipos de quantizadores uniformes: o
quantizador "midtread", onde a origem encontra-se no centro do patamar da escada, e o quantizador
"midriser", onde a origem encontra-se no centro da subida da escada.

(a) (b)
Fig. 5-44: Característica de transferência, y = Q(x), de um quantizador uniforme, (a) "midtread"; (b) "midriser".

Nesta característica do quantizador uniforme, os valores de x são chamados de níveis de decisão e


os valores de y são chamados de níveis de representação. Note que  é o "step size". No quantizador
"midtread" temos um número ímpar de níveis de representação, já que o nível zero está incluído. No
quantizador "midrise", o nível zero não é incluído, tendo, portanto, um número par de níveis de
representação. Um exemplo da operação de quantização uniforme foi mostrado na figura 5-40.
Assumindo que o sinal a ser quantizado, m(t), seja confinado à faixa [–mp, +mp] e dividindo esta
faixa em L zonas, que também representará o número de níveis, cada uma com um tamanho  teremos que:

 = 2mp/L (5-18)

- Erro de quantização: ou ruído de quantização, é introduzido pelo transmissor e depende do sinal de


entrada. Seu valor absoluto, como pode ser visto, não passa de /2.

- Quantização não uniforme: na equação (5-19), deduzida para a quantização uniforme, observamos
que (SNR)o decresce com a diminuição de x2 que está diretamente relacionada com o nível de potência
do sinal a ser transmitido. Em certas aplicações, como por exemplo, PCM para voz, a faixa de tensão coberta

22
pelo sinal de voz, desde o pico mais alto até o pico mais baixo é da ordem de 1000 para 1. Neste caso,
utiliza-se uma quantização não uniforme, onde o espaçamento entre níveis vai aumentando a medida que as
amplitude do sinal aumentam, favorecendo as amplitudes mais baixas que são muito mais freqüentes.
O projeto de um quantizador com "step size" variável é de difícil implementação. O que se faz na
prática, portanto, é comprimir o sinal banda base no transmissor, quantizando em seguida o sinal comprimido
uniformemente. Na recepção, o sinal deve sofrer o processo inverso da compressão, chamado de expansão.
As características de transferência de um compressor e de um expansor podem ser vistas na figura 5-
45.

Fig. 5-45: Curvas de expansão e compressão

As curvas de compressão, C(x), e expansão, E(x), são funções ímpares e, além disso, elas
satisfazem a relação:

E(x) = 1/C(x) (5-19)

Para aplicações práticas em telefonia, chegou-se a conclusão de que se deve empregar uma lei de
compressão logarítmica e que tenha simetria em relação à origem. Existe na prática dois tipos de curvas de
compressão que se aproximam da curva desejada, conhecidas como lei  e lei A.
Para se apresentar a equação da curva que define a lei de compressão, usualmente se emprega
parâmetros normalizados x e y definidos por:

x = vi /vimax e y = vo / vomax

Onde vi e vo são os sinais de entrada e saída instantâneo na entrada e saída do compressor, respectivamente.

- Padrão americano: os americanos propuseram a chamada lei , definida por:

y = [ln(1 + x)] / [ln(1 + )] (5-20)

Onde  é o parâmetro característico da lei. É um valor empírico, determinado experimentalmente. Os


sistemas modernos com 256 níveis, adotam  = 255. Note que para  = 0 não há compressão.
A figura 5-46(a) mostra o gráfico desta equação para alguns valores de .

23
(a) (b)
Fig. 5-46: (a) Lei ; (b) Lei A

- Padrão Europeu: os europeus propuseram a lei A, definida por:

y = Ax / (1 + lnA), 0 < x < 1/A


= (1 + lnAx) / (1 + lnA), 1/A < x < 1 (5-21)

Onde A é o parâmetro característico da lei. É um parâmetro empírico e adota-se A = 87,6 para 256
níveis de quantização. Para A = 1 não há compressão.
Este padrão é adotado pelo Brasil. A figura 5-46(b) mostra o gráfico desta equação para alguns
valores de A.
Na prática, o compressor e o expansor são sempre fabricados, testados e montados aos pares e pode-
se designar abreviadamente de "compander" ao par.
Dá-se o nome de compressor analógico àquele que atua diretamente sobre o sinal para introduzir a
deformação desejada. O expansor, por sua vez, atua diretamente sobre o sinal comprimido para restaurar a
sua dinâmica original. A figura 5-48 apresenta uma realização típica de compressor e expansor usando
varistor. O princípio básico de operação destes dispositivos repousa na colocação do varistor no circuito.

(a) (b) (c)


Fig. 5-48: (a) Curva característica do varistor; (b) Compressor; (c) Expansor

No compressor, quando a corrente de entrada for baixa a resistência será baixa e o sinal ficará pouco
atenuado e quando a corrente for alta, a resistência será alta e o sinal ficará mais atenuado. Em conseqüência
a dinâmica do sinal ficará comprimida.
No expansor, se a corrente de entrada for alta, a resistência será alta e irá drenar pouca corrente,
atenuando pouco o sinal e se a corrente de entrada for baixa, a resistência será baixa e irá drenar muita
corrente, atenuando fortemente o sinal. Em consequência, a dinâmica do sinal sofre um processo inverso ao
do compressor.

(3) Codificador: para traduzir o conjunto discreto de amostras numa forma mais apropriada do sinal,
adequada ao canal, é necessário a codificação da onda PAM. Para tanto, definimos as seguintes
denominações:

- Código: é um esquema ou um conjunto de regras para representar os valores discretos do conjunto


de amostras, como um arranjo particular de eventos discretos.

- Símbolo ou elemento do código: é cada um dos eventos discretos. Por exemplo, a presença ou
ausência de um pulso constitui um símbolo binário.

24
- Palavra código ou caracter: é um arranjo particular de símbolos representando uma amostra.

Exemplo: Um sistema PCM com L = 16 níveis de quantização precisa de n = 4 símbolos binários para
representar cada amostra do sinal, pois 2n = L. Usando uma codificação binária natural poderíamos ter os
seguintes códigos, mostrados na tabela a seguir, para representar os 16 níveis:

NÍVEL CÓDIGO BINÁRIO


0 0000
1 0001
2 0010
3 0011
4 0100
5 0101
6 0110
7 0111
8 1000
9 1001
10 1010
11 1011
12 1100
13 1101
14 1110
15 1111

- Formatação do sinal codificado (códigos de linha): Os diversos tipos de sinais binários de banda
básica são codificados de maneira a se adaptar melhor ao canal de transmissão, buscando alcançar pelo
menos uma das seguintes metas:

. Comprimir a largura de banda necessária para transmissão.

. Eliminar a componente dc do sinal de modo a facilitar a transmissão e permitir o uso de


transformadores de acoplamento.

. Permitir a recuperação do relógio a partir do sinal, dispensando o uso de canal específico para
sincronização.

. Permitir a detecção de erros.

Não há codificação binária capaz de satisfazer todos os requisitos acima, por isso existem diversos
códigos, cada qual adequado para certas aplicações específicas.
Em geral a classe de códigos binários pode ser agrupada em quatro categorias:

1. NRZ ("nonreturn to zero")


2. RZ ("return to zero")
3. SP ("split phase")
4. MLB ("multilevel binary")

1. Códigos NRZ: há três tipos de códigos NRZ: o NRZ-L, onde o nível representa o estado lógico. Por
exemplo, o nível alto representa o estado 1 e o nível baixo representa o esta 0. A figura 5-49 apresenta o
código ASCII da letra V em NRZ-L polar e unipolar. O segundo é o NRZ-M: neste tipo de código há uma
mudança no nível do sinal no início do intervalo correspondente ao estado lógico 1 ("mark"). O código
ASCII da letra V considerando que o estado inicial estava em nível alto é dado na mesma figura 5-49. O
terceiro é o NRZ-S: que é o complementar do NRZ-M e é mostrado também na figura 5-49.

25
Fig. 5-49

Os códigos NRZ podem ser: polar ou unipolar. São simples de gerar e decodificar. O NRZ-L é
largamente utilizado em processamento nos diversos tipos de máquinas, porém, assim como o NRZ-M e o
NRZ-S, não é adequado para transmissão em linha porque pode apresentar uma forte componente dc e não
possui capacidade intrínseca para recuperação de sincronismo e detecção de erro.

2. Código RZ: Os códigos RZ se caracterizam pelo fato de que o pulso sempre retorna a zero antes de
completado o tempo de um bit. Usualmente resultam de uma combinação simples do código NRZ-L com o
relógio. Por exemplo, o código RZ unipolar resulta da combinação do código NRZ-L com o relógio por uma
porta AND conforme mostrado na figura 5-50.

Fig. 5-50

Os códigos RZ não apresentam característica intrínseca para correção de erro, e o unipolar apresenta
uma forte componente dc.

3. Códigos SP: os códigos SP ("Split-Phase") usam transições para transportar dados e sincronismo ("clock").
Cada um deles apresenta uma transição em cada intervalo de sinalização. Dentre eles veremos apenas o
código manchester que resulta da combinação do código NRZ-L com o relógio via OR-EXCLUSIVO.
Desta forma, o bit 1 é representado por uma transição de um pulso positivo para um pulso negativo no meio
do intervalo e o bit 0 é representado por uma transição de um pulso negativo para um pulso positivo no
meio do intervalo. A figura 5-51 mostra o código ASCII da letra V em manchester.

Fig. 5-51

A vantagem do código manchester é que ele é simples de codificar e decodificar e não apresenta
problemas de sincronismo na ocorrência de longa sequência de 0 ou 1. Além disso, não apresenta
componente dc.

26
4. Códigos MLB: os códigos multinivelbinário também chamados de pseudoternários têm como
característica básica o uso de três níveis ( +, 0, –) para representar a informação binária.. Dentre eles
destacamos os códigos polar RZ (PRZ) e o código AMI (Alternate Mark Inversion), que podem ser vistos
na figura 5-52. O código AMI tem como vantagem uma boa compressão de banda e possibilidade de
detecção de erro por violação. Tem a desvantagem de não possuir um sincronismo intrínseco.

Fig. 5-52

Fora dessa classificação ainda temos o código diferencial onde o bit 0 é representado por uma
transição no início do intervalo e o bit 1 por uma não transição. Esse código tem como vantagem o fato de
ser imune a inversão do sinal. A figura 5-53 ilustra um exemplo desse código.

Fig. 5-53

(4) Regeneração: a característica mais importante de um sistema PCM está na possibilidade de


controlar os efeitos da distorção e ruído produzido pelo canal. Essa capacidade é realizada por meio de uma
cadeia de repetidores regenerativos localizados ao longo do canal. Um esquema funcional de um repetidor
regenerativo é mostrado na figura 5-54, que é composto de três blocos: o amplificador equalizador, o circuito
de temporização e o dispositivo decisor, conforme descritos a seguir:

- Amplificador/Equalizador: tem a função de amplificar o sinal e fazer a equalização, isto é,


reformatar os pulsos recebidos de forma a compensar os efeitos da distorção de fase e de amplitude.

- Circuito de temporização: provê um trem de pulsos periódico, a partir dos pulsos recebidos, para
amostrar os pulsos equalizados em instantes de tempo onde a relação sinal ruído é máxima.
- Dispositivo decisor: é habilitado quando, no instante da amostragem feita pelo circuito de
temporização, a amplitude do pulso equalizado mais ruído, excede um nível de tensão predefinido. Por
exemplo, numa sinalização do tipo NRZ-L, o decisor deve decidir, para cada intervalo de um bit, se um
pulso está ou não presente; se sim, ele gera um novo pulso livre de distorção, para o próximo repetidor; se
não, a linha é "zerada" e transmitida para o próximo repetidor.
Na prática, o sinal regenerado pode diferir do sinal original por duas razões: primeiro, a presença de
ruído e interferência na transmissão pode fazer o repetidor tomar uma decisão errada, causando um bit errado
no sinal regenerado. Segundo, se o espaçamento entre pulsos recebidos desvia-se do valor original, um
"jitter" (tremor) é introduzido na posição do pulso regenerado, causando uma distorção.

Fig. 5-54

27
(5) Decodificação: a primeira operação no receptor é regenerar os pulsos recebidos. Esses pulsos
são então reagrupados numa palavra código e decodificado num sinal PAM quantizado. O processo de
decodificação envolve a geração de pulsos cuja amplitude é a soma linear de todos os pulsos na palavra
código, com cada pulso ponderado pelo valor de sua posição na palavra código ( 20, 21, 22, ... ).

(6) Filtragem: a operação final no receptor é recuperar o sinal original passando a saída do
decodificador por um filtro de reconstrução passa-baixas, cuja frequência de corte é igual a largura de faixa,
W, da mensagem. Assumindo que o canal seja livre de erros, o sinal recuperado apresentará apenas
distorções devido ao processo de quantização.

5.16 MODULAÇÃO PCM DIFERENCIAL (DPCM)

Um sinal analógico pode ter uma dinâmica muito grande nas variações de amplitude, o que pode
exigir um grande número de níveis de quantização para uma boa definição do sinal. Por exemplo, em
telefonia, são necessários 256 níveis, o que corresponde a 8 bits por amostra e exige na saída uma banda
passante 8 vezes maior que um sinal PAM.
Quando um sinal de voz ou de vídeo é amostrado a uma taxa ligeiramente maior que a taxa de
Nyquist, o sinal amostrado exibe uma alta correlação entre amostras adjacentes. Num sentido médio, isso
significa que o sinal não muda rapidamente de uma amostra para a outra seguinte e, portanto, as diferenças
entre amostras adjacentes têm uma variância que é menor do que a variância do próprio sinal.
Se, então, em lugar dos valores absolutos das amostras, m(i), considerarmos as diferenças entre
amostras sucessivas, ou seja:

m(i) = m(i) – m(i-1) (5-22)

podemos verificar que a faixa dinâmica de valores para estas diferenças é de amplitude muito menor que a
dinâmica total do sinal.
Sendo baixa a dinâmica dessa diferença, pode ser possível defini-la com um número de níveis de
quantização menor. Por exemplo, para telefonia, com fs = 8 kHz, pode-se usar 8 níveis, o que permite
trabalhar com 3 bits por palavra código. Isto representa uma economia de banda de frequência e redução na
complexidade do codificador.
É possível, portanto, construir um sistema que transmita na linha apenas o sinal diferença codificado
em forma de pulos PCM.
A figura 5-55 mostra um exemplo de amostras de um sinal a ser transmitido e as respectivas
diferenças entre as amostras adjacentes.

Fig.5-55

O diagrama em bloco para a transmissão e para a recepção de um sistema DPCM pode ser visto na
figura 5-56
Esse processo supõe que a informação do valor da amostra inicial, a partir do qual se elaboram as
diferenças, seja conhecido no terminal receptor, ou seja:

28
k
m^(k) = m(o) + m^(i) (5-23)
i=1

Fig. 5-56

Portanto, na recepção, a operação dos somadores vai dar origem a um sinal que acumula também os
erros de quantização. Assim, qualquer erro que apareça na recepção, influi daí em diante, em todas as
amostras recuperadas. Eventualmente, o sinal reproduzido na recepção pode se afastar consideravelmente do
sinal original. Um esquema prático para a montagem dos sistemas DPCM, capaz de resolver este problema,
está mostrado na figura 5-57.

Fig. 5-57

Na transmissão, o sinal recebido pelo receptor local, retardado de  segundos, serve como outra
entrada do comparador. Portanto, se algum desvio ocorrer no sinal recebido, esse desvio passa a influenciar
a saída do comparador. Neste caso, o erro final corresponde à última quantização e se evita a acumulação de
erros.
Note que a característica essencial deste sistema é a de que o sinal na saída do receptor estará
sempre acompanhando de perto o sinal original, de modo que, se ocorrer um desvio num certo momento,
este desvio será logo a seguir minimizado, de modo a se aproximar o mais possível da tolerância do sistema
(/2). Um procedimento desta natureza é normalmente referido como rastreio.
Uma outra vantagem decorrente do rastreio é que esta montagem não precisa de recursos especiais
para informar ao receptor sobre o valor inicial do sinal original. Partindo de um ponto qualquer, o sistema
rapidamente diminui a diferença da saída para o sinal que entra até atingir automaticamente a aproximação
desejada.
É importante observar que o rastreio se faz a partir de uma informação constante de um certo
número n de bits, dos quais um informa a polaridade do desvio e os outros ( n – 1) informam a amplitude
da diferença a ser somada.

29
5.17 MODULAÇÃO DELTA (DM)

A técnica de rastreio usada no sistema DPCM pode ser simplificada enviando-se apenas a
informação da polaridade, porque mesmo assim o receptor pode tomar a iniciativa para o rastreio.
Entretanto, como não estaremos, neste caso, enviando a informação de amplitude, o receptor tem de produzir
localmente uma amplitude constante, que chamaremos de .
Para o DPCM, em aplicações de telefonia, usando-se uma taxa de amostragem fs = 8 kHz, se
consegue fazer um bom rastreio usando apenas 8 níveis (3 bits). No intervalo de uma amostra, o receptor
DPCM constrói uma amplitude que pode ser qualquer uma das oito possíveis.
Para que o sistema delta equivalha em desempenho ao sistema DPCM, será então necessário que
consiga realizar 8 saltos  no mesmo intervalo de amostragem, o que obriga que a frequência de
recorrência dos pulsos seja tornada mais rápida, igual a 8 X 8 = 64 kHz.
O sinal colocado na linha para transmissão, é um sinal binário, que informa a respeito da polaridade
da diferença (portanto se transmite apenas um bit). Conforme o estado recebido, seja 1 ou 0, o gerador
delta, no receptor, produz uma amplitude + ou – , que somada cumulativamente produz uma curva por
degraus de saltos , que aproxima do sinal original.
A figura 5-58 mostra um diagrama funcional de um sistema delta, usando um sistema de rastreio
semelhante ao do sistema DPCM.
Os principais problemas referentes à fidelidade no rastreio podem ser examinados com o auxílio da
figura 5-59. São eles:

- Sobrecarga de partida: no instante inicial o sinal DM parte de um ponto qualquer em busca do


sinal original até encontrá-lo e a partir daí seguí-lo de perto.

- Sobrecarga de inclinação: se ocorrer uma variação muito brusca no sinal original, o sinal DM
parte em busca do mesmo, mas novamente leva um certo tempo até atingi-lo.

- Efeito de estabilização: quando se tem um patamar longo no sinal original, a saída do integrador
acaba oscilando entre dois valores sucessivos, + e –. Isto é uma condição particularmente desvantajosa
quando o nível do sinal original for baixo, porque então a relação sinal ruído na recepção se torna pequena.

Fig. 5-58

30
Fig. 5-59

A vantagem do sistema DM em relação ao PCM e ao DPCM, além da simplicidade , é que neste


não há necessidade de quantização e codificação; simplesmente faz-se um rastreio do sinal. Entretanto, esta
simplicidade exige uma frequência de amostragem maior.
Quanto maior a frequência de amostragem, menores podem ser os saltos  e mais fielmente pode-se
rastrear o sinal original. Entretanto, mais pulsos são colocados na linha, aumentando a largura de banda do
sinal.
Observe também que, no sistema DM, não há necessidade de sincronismo do receptor com o
transmissor.

5.18 RUÍDO DE QUANTIZAÇÃO E RELAÇÃO SINAL RUÍDO

O ruído de quantização é produzido no transmissor devido ao arredondamento das amostras.


Portanto, o ruído de quantização difere do ruído de canal em que o primeiro é dependente do sinal e o
segundo não.
Seja então o esquema mostrado na figura 5-60(a) representando um esquema de quantização, onde
q, o erro de quantização, é uma variável aleatória que assumiremos ser uniformemente distribuída no
intervalo [-/2, /2]. Sua função densidade de probabilidade é, portanto constante, conforme mostrado
na figura 5-60(b), dada por:

(a) (b)
Fig. 5-60

fQ(q) = 1 / ; -/2 < q < /2


= 0; fora

Como a média de Q é zero, isto é mQ = 0, então a sua variância será:

2Q = E[(Q – mQ)2] = E[Q2]

31
ou seja:
/2 /2
2Q = q2fQ(q)dq = q2(1/)dq
-/2 -/2

donde tiramos:

2Q = 2/12 (5-24)

Assim, a variância do ruído de quantização cresce com o quadrado do espaçamento entre níveis ( )
Seja 2x a variância do sinal banda base na entrada do quantizador. Quando o sinal banda base é
reconstruído na saída do receptor, obtemos o sinal original mais o ruído de quantização. Então podemos
definir uma relação sinal ruído de quantização de saída como sendo:

(SNR)o = 2x / 2Q = 2x / (2/12) (5-25)

Esta equação expressa, de alguma forma, o desempenho de um sistema PCM na presença do ruído de
quantização uniforme.

Exemplo: Suponha um quantizador do tipo "midtread", com uma amostra de entrada x, representado pela
variável aleatória X, de média zero e variância 2x.
Seja xmax o valor absoluto do nível de "overload" do quantizador e  o seu "step-size". Então, o
número de níveis de representação no quantizador será

L = 1 + 2xmax /  (5-26)

Para um código binário com uma palavra de n bits, podemos ter até 2n níveis de representação. Porém, um
quantizador "midtread" tem um número de níveis ímpar, logo:

L = 2n – 1 (5-27)

Igualando esta equação com a anterior, isto é

1 + 2xmax /  = 2n – 1

Tiramos o valor de  como sendo:

 = xmax / (2n – 1 – 1) (5-28)

A figura 5-61 mostra a característica de transferência de um quantizador onde xmax = 3

Fig 5-61: Quantizador com 7 níveis

A relação xmax / x é chamada de fator de carregamento.

32
Para evitar uma distorção por "overload", o fator de carregamento deve normalmente ir até 4. Para
esse valor, a probabilidade de ocorrer "overload" (isto é, a probabilidade de que um valor de amostra do
sinal caia fora da faixa de amplitudes do quantizador) é menor que 10–4. Então, para esse valor, temos:

xmax / x = 4 =>> xmax = 4x


que substituído na equação (5-28) obtém-se

 = 4x / (2n–1 – 1)
que substituído na equação (5-25) nos dá:

(SNR)o = (3/4)(2n–1 – 1)2. (5-29)

Para n grande (tipicamente n > 6), podemos aproximar a equação (5-29) para:

(SNR)o  (3/16)(22n)
que em decibeis nos dá:

(SNR)o|dB  6n – 7,2. (5-30)

A equação (5-30) estabelece que cada bit na palavra-código de um sistema PCM contribui com
6 dB para a relação sinal ruído de quantização. Ela fornece uma boa descrição do desempenho de um
sistema PCM desde que:

1. O sistema opere com uma potência média do sinal acima do limiar de erro, de modo que o efeito
do ruído de canal seja desprezível.

2. O erro de quantização seja uniformemente distribuído.

3. A quantização seja suficientemente refinada (n > 6).

4. O fator de carregamento seja de no máximo 4.


Nota: O teorema da capacidade do canal pode nos mostrar que a largura de banda, B, do canal, para um
sistema PCM binário, é tipicamente nW (onde W é a largura do sinal banda base). Então, com B = nW
teremos:

(SNR)o|dB = 6B/W – 7,2. (5-31)

Portanto, num sistema PCM limitado pelo ruído de quantização, dobrando-se a largura de banda do canal, o
número de bit numa palavra dobra e, portanto, eleva-se a (SNR)o de 6n dB.

5.19 DISTORÇÃO POR "OVERLOAD" EM DM

A modulação delta como vimos, está sujeita a um tipo de distorção devido a sobrecarga de
inclinação do sinal mensagem. Tomando como base a figura 5-62, para que não haja este tipo de distorção a
seguinte condição é requerida:

 / Ts > max|dm/dt| (5-32)

33
Fig. 5-62

Exemplo: Sinal senoidal: Seja m(t) = Aocos(2fot). Derivando este sinal em relação ao tempo temos:

dm/dt = –2foAosen(2fot)

max|dm/dt| = 2foAo
Logo, usando a equação (5-30) temos:

 / Ts > 2foAo ou Ao <  / (2foTs).


Assim, a potência média máxima permitida para o sinal senoidal será:

Pmax = (1/2)Ao2

5.20 EXEMPLO DE UM SISTEMA PCM

Neste capítulo já tivemos noções sobre o TDM, onde um grupo de sinais analógicos são amostrados
seqüencialmente no tempo, a uma taxa comum, e então multiplexados para transmissão sobre uma linha
comum. Agora consideraremos a multiplexação de sinais digitais em diferentes taxas. Isto possibilita
combimar vários sinais digitais, tais como dados de um computador, voz digitalizada, vídeo e facsimile
digitalizados, num único feixe dados (a uma taxa de bits consideravelmente maior que aquela de qualquer
entrada), conforme ilustra o diagrama da figura 5-63.

Fig. 5-63
Dois grupos principais de multiplexadores digitais são usados na prática:

(1) Transmissão de dados de velocidade relativamente baixa (até 4800 bit/s) sobre canais de voz
(linha telefônica). Sua implementação requer o uso de modem para converter o formato digital num formato
analógico, e vice-versa, para transmissão sobre canais telefônicos.

(2) Transmissão de dados de alta velocidade. Como exemplo, vejamos o sistema adotado pela Bell
System, que é um sistema de portadoras composto de quatro níveis (Portadoras T1, T2, T3 e T4),
conforme mostrado no esquema da figura 5-64.

34
Fig. 5-64

Vejamos agora, com um pouco mais de detalhes, apenas o sistema T 1.

. É projetado para acomodar 24 canais de voz, principalmente para distâncias curtas, usado
intensamente em áreas metropolitanas.

. O sinal de voz é limitado por um filtro passa-baixas com frequência de corte W = 3,4 kHz. Sendo
a taxa de amostragem fs = 8 kHz, ou seja, fs > 2W.

. A lei de compressão usada é uma aproximação da lei  ( = 255) através de segmentos lineares,
num total de 15 segmentos conforme ilustrado na figura 5-65. Cada segmento é dividido em 16 níveis,
exceto o segmento "0" que é dividido em 31 níveis. A tabela a seguir mostra o detalhamento de cada
segmento.

NUMERO DO "STEP SIZE" PROJEÇÕES DAS EXTREMIDADES DOS


SEGMENTO SEGMENTOS NO EIXO HORIZONTAL
0 2 + 31
1a, 1b 4 + 95
2a, 2b 8 + 223
3a, 3b 16 + 479
4a, 4b 32 + 991
5a, 5b 64 + 2015
6a, 6b 128 + 4063
7a, 7b 256 + 8159

Portanto, pela observação dessa tabela ou do gráfico da figura 5-65, encontramos que o número
total de níveis é:

L = 31 + 14 x 16 = 255 níveis de saída associados com os 15 segmentos do compressor.

35
Fig. 5-65

. O tamanho da palavra código é de 8 bits, codificados conforme diagrama da figura 5-66:

Fig. 5-66

Exemplo: Seja a palavra código dada por:

0 001 0010

Então, o primeiro bit indica que a amostra é negativa. Os três bits seguintes indicam que o número do
segmento é 1 e, como a amostra é negativa o segmento será o 1b. Os quatro restantes indicam o nível de
representação dentro do segmento 1b, ou seja, 15 + 2 = 17. Como a amostra é negativa, então o nível será
– 17.

. Estrutura do "frame" (quadro): com uma taxa de amostragem de 8 kHz, cada "frame" do sinal
multiplexado ocupa um período de 125 s (1/8000). Em particular, cada "frame" consiste de 24 palavras
de 8 bits, mais um bit de sincronismo. Portanto, cada "frame" consiste de 24 x 8 + 1 = 193 bits. Então, a
duração de cada bit será Tb = 125/193 = 0,647 s. Isso corresponde a uma taxa de bit de 1/Tb = 1/0,647s
= 1,544 Mb/s. A estrutura desse "frame" é mostrada na figura 5-67.

E S T R U T U R A D O "F R A M E "
Canal 1 Canal 2 ........ Canal 24 Bit de
8 bit 8 bit 8 bit Sinc.
Fig. 5-67

36
PROBLEMAS

1) Encontre a taxa mínima de amostragem para cada um dos sinais abaixo, que permite a recuperação
completa dos mesmos.
(a) g(t) = sinc(2000t) (b) g(t) = 10cos2(120t)

2) O sinal e–tu(t) não é de banda limitada. Encontre sua taxa mínima de amostragem considerando como
significativas apenas as frequências dentro da faixa de -3dB.

3) O sinal g(t) = 1000sinc(1000t) é transmitido através de um filtro cuja função de transferência é


dada por: H(f) = (1 – |f|/1000)rect(f/2000). A saída do filtro é amostrada idealmente a uma taxa de
1000 amostras por segundo. Esboce o espectro do sinal amostrado.

4) O sinal g(t) = 10cos(20t)cos(200t) é amostrado a uma taxa de 250 amostras por segundo. (a)
Determine e esboce o espectro do sinal amostrado. (b) Especifique a frequência de corte do filtro de
reconstrução ideal para recuperar g(t). (c) Qual é a taxa de Nyquist para g(t) ? (d) Tratando esse sinal
como um sinal passa-faixa determine a mais baixa taxa de amostragem permissível.

5) Esboce o espectro de uma onda PAM produzida pela mensagem m(t) = Amcos(2fmt) supondo um
fator de modulação  < 1, fm = 0,25 Hz, período de amostragem Ts = 1 s e duração do pulso T =
0,45 s. A portadora é um trem de pulsos retangulares.

6) Vinte e quatro sinais de voz, cada um com largura W = 3,4 kHz, são amostrados uniformemente e
então multiplexados no tempo. O tipo de amostragem é "flat-top" com 1 s de duração para cada pulso.
A multiplexação inclui um pulso extra de sincronismo em cada período de amostragem, também de duração
1 s. (a) Supondo uma taxa de amostragem de 8 kHz, calcule o espaçamento entre pulsos sucessivos do
sinal multiplexado. (b) Repita seus cálculos usando a taxa de Nyquist

7) Dez sinais senoidais com frequências variando de 1 kHz a 4 kHz, serão amostrados por um
processo TDM. Se desejarmos na recepção uma banda de guarda de 10 kHz para demodular cada canal,
qual deve ser a frequência da portadora trem de pulsos.

8) Seis fontes de mensagens independentes, de larguras: W, W, 2W, 2W, 3W e 3W, devem ser
multiplexados no tempo sobre um canal comum. Estabeleça um esquema, tipo chave rotativa, para realizar
esta multiplexação, com cada sinal sendo amostrado na sua própria taxa mínima.

9) Um sinal senoidal com uma amplitude máxima de 3,25 V, é aplicado à entrada de um quantizador
uniforme do tipo “mid-tread” cuja saída assume os valores 0, +1, +2 e +3, conforme mostra a figura
P5-1. Esboce a forma de onda da saída do quantizador para um ciclo completo da entrada.

Fig. P5-1

10) A sequência de bits 001010011100101110 representa uma onda PCM com palavra código de 3
bits. Esboce essa onda PCM usando o código manchester. Esboce uma versão amostrada de um sinal
analógico do qual essa onda derivou, supondo uma codificação binária natural.

37
11) Definindo-se o ganho de compressão , Gc, como sendo [dC(x)/dx]x=0, onde C(x) é a curva de
compressão, encontre: (a) o ganho de compressão para a lei . (b) Para  = 255, encontre o valor do
ganho em dB. (c) Quantos bits representa essa elevação de ganho na relação sinal ruído.

12) O sinal tipo rampa x(t) = at é aplicado a um modulador delta que opera com um período de
amostragem Ts e um “step-size”  = 2. (a) Para que valores de  ocorre distorção por sobrecarga de
inclinação ? (b) Esboce a saída do modulador para os seguintes valores de : 0,75aTs; aTs e 1,25aTs.

13) Considere uma variável aleatória x, com função densidade de probabilidade laplaciana dada por:
_ _
fx(x) = (1/2x)exp(–2|x|/x)

sendo x = 0,002. A variável x é aplicada a um compressor com característica de transferência C(x) e


nível de “overload” xmax = 1. Encontre a função densidade de probabilidade da saída do compressor, com
C(x) obedecendo a lei  onde  = 100.

14) Se o sinal x(t) = cos(200t) + cos(440t) é idealmente amostrado com 300 amostras por
segundo e em seguida passado por um filtro ideal passa-baixas com frequência de corte igual a 150 Hz,
encontre e esboce o espectro do sinal amostrado antes e após passar pelo filtro.

15) Os sinais g1(t) = 10cos(100t) e g2(t) = 10cos(50t) são ambos amostrados com uma taxa de
75 Hz. Mostre que as duas sequências de amostras assim obtidas são idênticas. Qual a razão desse
fenômeno ?

16) O sinal g(t) = 10cos(60t)cos2(160t) é amostrado em intervalos de 2,5 ms. Determine a faixa
de frequência do filtro ideal de reconstrução do sinal que pode ser usado para recuperar g(t) a partir de sua
versão amostrada. Qual a taxa de Nyquist para este sinal tratando-o como um sinal passa-faixa ?

17) Um trem de pulsos simétricos de frequência fundamental 50 kHz é modulado em PDM por um sinal
de tensão contínuo de 5 V, num circuito cuja constante é 1 s/V. Esboçar a forma de onda do sinal
modulado considerando que o ciclo de trabalho é de 50 % e que a modulação é de borda direita.

18) Repita o problema 17 considerando as formas de onda mostrada na figura P5-2 correspondendo ao sinal
modulante e a portadora respectivamente.

Fig. P5-2

19) Considere o sinal senoidal x(t) = cos(t) sendo amostrado idealmente. Determine e esboce o
espectro do sinal amostrado para os seguintes intervalos de amostragem: (a) Ts = ¼ s; (b) Ts = 1 s e (c)
Ts = 1/5 s. Comente os resultados.
20) O espectro de um sinal limitado em banda é mostrado na figura P5-3. Esboce o espectro do sinal
amostrado para os seguintes intervalos de amostragem: (a) Ts = ½ s e (b) Ts = 2 s.

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Fig. P5-3

21) Determine o intervalo máximo de amostragem para o sinal dado por:

x(t) = cos(2t)[sen(t)/(t)] + 3sen(6t)[sen(2t)/(t)]


Onde as frequências estão em Hz.

22) Um canal binário com taxa de transmissão de Rb = 36000 bits por segundo (b/s) é disponibilizado para
transmissão de voz com PCM. Determine os valores apropriados da taxa de amostragem f s, do número de
níveis de quantização L e do tamanho da palavra código n. Considere a largura do sinal de voz como sendo
W = 3,4 kHz.

23) Um sinal analógico é quantizado e transmitido usando um sistema PCM. Se cada amostra no lado do
receptor deve apresentar um erro máximo de +0,5% do valor pico a pico do sinal transmitido, quantos
dígitos binários cada amostra deve conter?

24) Em um sistema PCM binário, a relação sinal/ruído de quantização de saída deve ser mantida a, no
mínimo, 40 dB. Determine o número de níveis necessários (usando um quantizador midtread) e determine a
relação sinal/ruído de quantização de saída.

25) Considere o sinal periódico dado por: x(t) = 1 + cos(10t). (a) Encontre e esboce o espectro de
amplitudes de x(t). (b) Suponha que x(t) é amostrado com uma taxa de 8 Hz. Esboce o espectro de
amplitudes do sinal amostrado. (c) Ocorre “aliasing” para a taxa de 8 Hz? Qual a taxa mínima de
amostragem? (d) Encontre a faixa de valores do período de amostragem para que não ocorra “aliasing”.

26) Um sinal de tensão que pode variar de –4,5 V a +4,5 V deve ser quantizado usando um quantizador
do tipo “midtread”, de modo que a palavra código representando cada nível, tenha 3 bits. Esboce a curva
característica (entrada  saída) do quantizador mostrando os níveis de decisão e os níveis de representação.
Especifique um código binário para codificar as saídas do quantizador.

27) Um sinal de tensão que pode variar de – 4 volts a + 4 volts deve ser quantizado usando um
quantizador do tipo “midriser”, de modo que a palavra código representando cada nível, tenha 3 bits.
Esboce a curva característica de entrada  saída do quantizador mostrando os níveis de decisão e os níveis de
representação. Especifique um código binário para codificar as saídas do quantizador.

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