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Ensaio Sobre o Direito Administrativo - Visconde de Uruguai PDF
Ensaio Sobre o Direito Administrativo - Visconde de Uruguai PDF
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ENSAIO
SOlHtE
o DIREITO ADMINISTRATIVO
PELO
RIO DE JANEIRO,
T\' POGRAPIIIA ·:~ACIONAL.
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PREAMBULO.
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IV
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fiado nos resulLados da política que acabava
de ser inaugurada, regressei ainda mais fil'-
memente resolvido, a buscar exclusivaulente
no estudo do gabinete aquella occupação dá
espirito', sem a qU!l1 uão podem viver os que
se habituárão a· trazê-lo occupado.
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VI
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Vil
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VIJ( t •
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• « Dnns' In secorid'e cnthegorie se' tl'ouvent res écrivnins, appnrtenant
,presque tous a I'çpseignement des fncultés de Droit, qui ont tenté d'etnblir
un peu d'ordre einre des '1:Iispositions divetses par leur origine et par leur
date M. M. Laferriere, Foucart, Chauveau, Cabantous, Trolley, Serrigny~
ont presenté des synthéses de Droit admioistratif, qui 50nt toutes faites 8>
des. points de vue ditTElrents ••••••.• Lewr diversité m'a paru resulter de ce-
-que tous avaient tiré lewrs divisians de Leur esprit, plutiJt que du suje'
~i m~me.))
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•
•
ENSAIO
SOBRE .0 ,DIREITO ADMINISTR~JIVO"
, '
-6-
Como porém a nossa ConstituiçãO no seu ultimo
titulo, debaixo da rubrica- Das disposições geraes. e
garantias dos Direitos civis e politicos dos Cidadãos
Brasileiros-, garante a , inviolabilidade dos direitos
civis e politicos, que tem por base os direitos abso-
lutos que derivão da mesma natureza do homem, e
se reduzem a ' tres pontos principaes, a saber liber-
dade, segurança ' individual . e propriedade (I) ~ isto
no mesmo titulo em que, de envolta, trata de dis-
posições geraes, preferirei a mais simples divisão
de Direito publico interno ou constitucional, em Di-
reito constitucional ou político e em Direito adminis-
trativo, comprehendendo o Direito constitucional,
ou político i,lquellas nialerias que constituem o cha-
mado Direito publico propriamente dito. (2) .
.,
7-
seu governo, a extensão, límiles e lIarmoIüa dqs Po-
deres politicos, e as garantias dos Direitos civis e poli-
ticos do cidadão.
. i
-8-
Se ha grande eentralisação administrativa no pUlZ ,
prepondera, ainda nas localid'ades, a acção -e a com-
petencia do Poder administrativo geral.
,.
(j&PITÚLO ·1 '.
(1) Para nllo tornar em demasia extenso e enfadonho este meu trabalho,
Iimitar-me-hel, sobre muitos pontos, a considernçoes geraes, coibidas e
substancindas de muitos autores; porque nllo invento. Podem ver:
Macarel Cours d'administration et de Droit odministratif Tom. I.er Livre
Ler, e Tom. 3. Observations Préleminaires-Laferriere Cours de Droit Public •
et administratifTom. 1.er Livre Préleminnire-Cabantous Répétitions écrites. - ,
Notions Préleminaires Si 3 - Troller Traité de In hiernrchie administrative
Tom. Ler Chap. ;.)":"Vivien Etudcs administrativc5, Préface-Pradicl' Précis
. de Droit administratif, &e.
-(
JlJl.PIT"tJ~O 111 ,
(1) Este ponto lerá para diante o maior desenvolvimento, que exige a
SU~ i~portaDcia. .
3
- 18-
-
e as Camaras Legislativas.. . O Poder ádministràtivo não.
As C~maras Legislalivas não administrão. .
(2) P6de vôr-se, com proveito, sobre este assumpto, o cxcellente Capitulo
4.° Tom. 1.0 dos Estudos administrativos do Mr. Vivien, intitulado -A nd ·
~.inistração ~ o Poder, PoHticÇ). .
- ~4-
(
I •
..
f1A.PITULO IV.
. .
(
t:::APITlJLO V.
(1) ~(Eu tl}éol'ie il .est ~I'és di~ficile d'adme~tl"e ~l~s . de deuI vou \,oil's: celu-
(IUI falt la 101 et c.eIUl qUi I'apphque. Eu drOlt posltlr 11 est certam que la Cons i
tituition en "igueur ne donne pas a l'outorité judiciaire la qualitlcation de
pou \:oir. Les constituitiõns eUes mêmes Qui 1'oot ainsi qualiflé, ccUe de
,18(8 Dotamment, I'ont presqoc toujours rattachée 8U pouvoil' exeeotif. )
·Cabantous. Rcpetitions écrites. Notions Préleminaires.
"
- 30-
Co.mtudo., po.stas de parte as "'cir.cumstancias de ser o.
Po.der judicial. tambem executo.r das leis, e de serem
o.s Magistrado.s no.m~ado.s pelo. Po.der Executivo." he
aquelle distincto. deste.
o art. 9. 0
da Co.nstituição. estabelece que a divisão. do.s
po.deres he o. principio. co.nservado.r d'o.s direito.s do.s ci-
dadão.s, e o. mais seguro. meio. de fazer effectivas as ga-
rantias que a mesma Co.nstituição. o.fferece.
O a1't. 10 separa e declara poderes distinclo.s o. Exe-
cutivo. e o. Judicial. O Po.der administrativo. faz parte do.
Executivo. L,o.go. a Co.nstituição. separa e'declara distinc-
to.s o. Po.der Iudiciál e o. Administrativo..
Mas, pelo. art. 178 da mesma Co.nstituição., he co.ns-
titucio.nal o. que' diz respeito. ao.s li~tes e attribuições
do.s Po.deres po.lítico.s. Logo. a distincção. entre o. Po.der
Iudicial e o. administrativo. he co.nstitucio.nal, embo.ra
este não. seja pro.priamente po.litico., mas po.rque per-
. tence e faz parte do. Po.der po.lítico., o. Executivo.. · Be
o. instrumento. de que este se serve, e do. qual não. ·
( pó de prescindir (1).
clara que não tem lugar a pretenção da CorÔa, por isso que não julga in·
dispensavel para a segurança do porto que se elfectue tal construcção.»
" Parece portanto que esta he ~ma das leis em que o Corpo Legislativo
tem cúnferido ao Poder Judiciario attribuiçOes administrativas, Por isso digo
que ternos feito leis que olfendem os direitos e pl'erogativas do Poder Exe-
cutivo ••••.
O Sr, Alves Branco, - Apoiado.
O Sr. Vasconcellos. - •.•• e hoje devendo estabelecer uma marcha mais
regular, mais dé accordo com a Constituiçilo do Estado, não podemos deixar
de p.rjncip~t, na lei em que- se estahelece o Conselho de Estado, a revogar
alguns desses actos, para que o Poder ElCecutivo possa exercer suas func-
ções em toda a plenitude, e com toda aquclla liberdade que he indispen-
savel que tenha.»
Na sessilo de 7 de Julho seguinte dizia o mesmo Senador: te T('mos outras
attribuições proprias do Poder E~ecutivo, e que nilo silo exercidas pelos
agentes do Poder Executil'o. »
O Senadol' Vergueiro, na sesslIo de 2 do mesmo mez e anno, tambem
reconhecia que estavão mui conlundidas as raias dos Poderes. Dizia elle.
« Com elfeito achão-se mui confundidas as raias dos Poderes politicos, prin-
cipalmente do Judicial; reconheço isso; mas ninguem duvidará que o Go-
verno podia Imr si só fazer o que se determina neste projecto (do Conselho
de Estado) ..•• « Entendo que he muito necessario um Couselho de Estado.
O que jUlgo, corno disse, he que não havia necessidade de lei para o formar.»
O Senador Paula Souza, accrescentava na sess1io do Senado de 9 do mesmo
mez e anno. « Eu ,csrou concorde com elle (o Sf~nador Vasconcellos) deve
haver esta separaçJo (do administrati)'o e judiciario) separaÇllo que entre
nós nlIo tem havido •..• eu concordo que entre nós nilo ha essa deyida
separaçãO, e concordo . em que se deve razer. II
5
- 34-
de um direito litigioso, ou de um facto que prejudica
um individuo conhecido e determinado, que interessa
a sociedade secundariamente, e tem apenas uma m-
fluenci~ indirecta sobre a ordem publica (1).
(I) Régler les intérêts 'publics, et tout en les faisant préV/lloir sur les
intérêts privés, concilier leurs exigences respectives, autant que le compOl"
tent les circonstances et les nécessités sociales; telle est la mission de J'ad-
ministratioD. Pour remplir cette mission l'administration a besoin d'air,
et d'espace, la liberté est sa vie. Vivien . Etudes administrativas.
- 36-
~m que mais ou menos se confundem, que Sã0 inu-
teis ou erroneas as distincções e doutrinas que tenho
exposto, as quaes sómente podem ser bem entendid'as
pela leitura e combinação de l@do este tuabalho. Me
um systema cujas partes se ligão, auxilião, modificão
e explicão umas pelas outras.
(
Cil.PITULO "lo
(1) Les Lois civiles destinées à régler les J'apporls de famille et lés con-
veotions privées, qui constituent l'état social, ont quelque chose de la
stabilité du principe qui leur sert de base. Malgré..les difl'érences des temps,
des lieux, des institutions elles conservent chez tous les peuples des res-
semblances générales et nécessaires. Les plus beaux titres de notre Code
civil, sont une rédaction rnjeunie de nos vielles coutumes, ou meme une
beureuse trarluction des Lois Romnines. Les Lois ndministratives qui ré-
gissent les relations de la puissance publique avec les intérêts privés, se mo·
difient, s'étendent, se compliquent suivant les vicissitudes des institutions,
le progres de In civilisation, l'nccroissement de la richesse. ElIes varient
d'uo peuple à l'nutre; elles varient chez uo même peuple. Les sources des
Lois administratlves se tnrissent pour ninsi dire et se retrouvent snns cesse:
un chnngement de In poli tique, une decouverte de la science, un perfec-
( tionnement de !'industrie, créent, modifient, ou détruisent même'toute une
matiere administra tive . Les questions des rlomaines nationaux, autrefois si
oombreuses, sont maintenant epuisées; l'extension du systeme électif a
crée le contentieux electoral: le gáz et la vapeur ont déjà leur Code .....
Mr. Dumoo Ra{lporr.eur de la Commission chargée d'examiner le projet
de Loi du Consell d'Etat, aprés converti en Loi du 19 Juillet 1845.)) .
'.
- 39-
He muito recente a data desde a qual o Direito admi·
nistrativo procura extremar-se de outros ramos, e aspira
aos fóros de sciencia.
. t.
s'est pas Iivré à I'étude patiente des textes. Troller. Trnité de la lJierar-
( chie administríltive', PreCace.
Portugal tem o seu codigo administrativo decretado pelo Governo em 18
de Março de 18-i2, por bem de autorisaçilo legislativa. He porém mais pro-
priamente um Codigo de organisaçilo administrativa, do que um Codigo, no
sentido rigoroso, de Direito administrativ.o.
"
t::i\.PITULO 'VII.
§ 1.°
(1) Póde-se considerar a Constituição como uma das tontes do nÓsso Di-
reito administrativo. 1.0 Porquo constitue a nossa organisaçft()' constitncio-
nal e polilica, da qual parte a organisação administrativa. 2.° Porque contém
algumas bases especiae8 dessa o-rganisaç!o administrativa, como opportu-
numente veremos.
6
- 42
As Resoluções Imperiaes tomadas sobre çonsulta do
Conselho de Estado, ou de suas Secções.
O,idio. -
§" a".
o
(
Todas as sciencias mais ou menos se ligão, derra-
mando umas luz sobre as outras, e auxiliando soluções
mais proprias e especiaes de outras. Comtudo, são mais
- 43- •
especialmente auxiliares do Direito administrativo, a
Economia politica e a Estatistica.
t:l&PITULO Vlllo
(1) « L'administration est aussi ancienne que les gouvernements, puis qu'jJ
a toujours été impossible de gouverner sans administrer; mais la scienco
de I'ndministration proprernent dite est nonvelle, c'est à dire qu'avant la
révolntiou elle n'ayait jamais fait dans sou ensemble l'objet des écrils Di
même des eLudes des publicistes.» Macarel. Des Tribunaux administratifs.
- 46-
elementos, espalhados, pareção, pela isolação em que
vivem, não ter caracter e natureza especial e propria (1).
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,- 50 ~
..
..
- 58-
Todos sabem como, pelas Assembtéas Pl'ovinciaes, são
feitas entre nós essas divisões. São completamente ar-
bitrarias, porque não tem padrão e condições que -
lhes ~irvão de base, e mais ou menos as barmonisem,
tanto quanto podem, sem inconveniente, ser harmoni-
sadas.
uma s6 sesslIo, a ninguem ·pod erá pareccr diclada por umn bem asscntada
conveniencia; e a Secção persuadidu de que tantas disposições du AsSllm~
bléa Provincial, decretando, a um mesmo tempo, a creução de novas Villas
e Paroehias em não pequcno num ero, e n altc ra~ão nus denominações, nas
sédes, nos limites das Comarcas, dos Municipios, dos Districtos e das Pu-
rochias da maior parte da Provincia, devem de aca·\'I·ctar grandes ~mhu
raços nas relações entre os particulares, e nno pouco difficultar a ncÇao da
publica administraçao, &c.))
Parece que essn inversão territorial tinha por fim dcsfazcr outras, feitas
pelo partido opposto.
NUo achei que se désse providencia alguma, por virtude daquella Consulta;
cer'Lamente porque não esLava o remedio nas mãos dos Poderes Geraes rio Estado.
A discusSão que tcve lugar no Senado, na sessllo de 10 dc Juuho prox}mo
passado (1 861 ) e segu intes, sobre um projrcto da Camara dos Doputados,
o qual aúgmentava os vencimentos dos Magistrad os, coucorre para pôr
patentes os inconvonien tes do modo vngo e arbitrario, com que as Assernbléas
Provinciaes exercem a attl'ibuição de fazer as divisões territoriaes das Provincias.
Receinva-se, e com todo o fundamento, á vistn do que tem mostrado a
clperiencia, que verificado aquelle augmento se tornasse elle em demasia.
oneroso, sem necessidade publica, aos cofres geracs, augmentando as As-
sembléas Provinciaes abusivamente o numero das Comarcas, l\'IuGicipios e
Fregllezias, e portanto dos Juizes e Vigarios, pagos pelos ditos cofres.
Para contrastar essc abuso foi proposta a seguinte emenda. - Nenhuma
Comarcn, Termo, ou Freguezia será provida com funccionarios de ordem
civil ou Ecclesiastica, sem que tenha sido competentemente decretadu a
especial verba, de dcspeza a fazer-se com os mesmos funccionarios.
Foi essa emendu depois substituida, na sessão de 18 de Junho citado, pela
segninte - A. despeza que requer:a creaçãe de novas Comarcas, Termos e
Parochias s6 poderá ser feita com prévia nutorisação do Poder legislativo
e expressamente votadn.
Essa emenda cabio, com o projecto, na 3. a discussão, na sessão de 27 do
mesmo mez. .
Esse correctivo era, ao menos na minha opinião, sonilo inconstitucional,
em extremo inconveniente.
Uma medida similhnnte já fól'u proposta, por omenda apresentada pelo
Presidente do Conselho, na sessão do Senado de 16 dc Agosto de 1859, e
remetLida, na de 11, a uma eommissão, para indicar o meio que julgasse
mais conveniente, em ordem a evitar os abusos praticarlos.
Póde ver-se, sobre este assumpto, a Consulta ..ta Secção da Justiça do
Conselho de Estado, de 12 de Setembro de 1860, llelator o Sr. Eusebio de
Queiroz, e que, impressa se acha j unta ao llelatorio do Ministel'Ío da J us-
tiça de 1861-
Nilo querendo alongar muito mais esta nota, que já vai extensa, limi·-
\.nr-mc-hei ás seguintes mui .breves observações . .
EstariilO 8S Assembléas ProvinciaCS no seu direito creallrlo as novas Co-
marcas, Termos ou Freguezias?- Sem duyidn; que o ncto addici1loullíc clarO".
61 -
Um Presidente.
Seis Vice~Presidentes.
Um Secretario da Presidenciu.
Uma Assembléa Provincial.
Uma Secretaria da Assembléa.
Uma Thesouraria Geral.
Uma di ta Provincial.
'-
Um Chefe de Policia.
Uma Secretaria da Policia.
/
DivisA0 do Pode.' Execldlv•.
• ainsi les unes ont un caraetere essent!el.lement politique; ce sont ceJles qui,
consistent à régl er les rapporls de la France avec les nations étrangeres, et
à diriger à l'iotérieur la marche générale des alfaires publiques; elies cons-
tituent la portion de la puissance exécutive qu'on a appeJlé !e pouvoir gou-
vernemerital. -Les autres se rápportent à J'administration proprément dite;
ce sont ceUes qui. consistent à proteger les personnes et les pl'oprietés, /to.
gar.antir l'usage des choses com munes, à faire executer les mesures d'intéret
général, à gérer la fortune de I'Etat; et à surveiller la gestion des intéretl
coJlectifs. Leur eusem ble constitue le pouvoir administratir.))
Em um relatorio apresentado á Camara !los Pares de França, em 25 de
Janeiro de 18H4, por uma commissão composta de AlIent, Conde Berenger,
Girod de L'Ain, Barão Monnier, Conde de Portalis, Conde Roederer, Barao.
Silvestre de Sacy, Conde Simeon, e Barllo Zalliiacomi Pares, juriseonsult*.
68
o Poder executivo puro, politico ou governamen-
tal, isto he o governo, he exercido pelo Che(e do
Poder Executivo e seus Ministros, directa e indirec-
tamente.
,.
- ' 69 -
nos imporlancia naquellas organisações que centralisão
nas mãos do Poder executivo não sómente o governo,
como toda ou quasi toda a adnünistração, não só geral,
como tambem local (1),
(1) A falla desta di stin cção (lI'atican1cnte nas nossas leis e systell13, tem
levado homcns eminentes como que a desconhecê-Ia. O Senador D, p, dc
I Vasconcellos dizia na scssilo do Senado de 15 de Setembro de 1841, op-
pondo-se á divisilo do Conselho de Estado em dnas corporaçúes, uma polí-
tica, e outra administrativa. « Nao sei como se pó de comprebender o Po-
der execntivo separado do Podei' administrativo. Eu sei que hn actos do
Poder executivo que nilo estilo rigorosamente no caso de se chamarem actos
administrativos, Mas isso n:lo quer dizer que he real a existencia desses
dous Poderes, Poder executivo e Poder admlDistrativo; e como se póde ad-
mittir a creação destes dous Conselhos, s~m que se marque"" Linha divi-
saria do trabalho de um, e do trabalho de out'r o?) Com elTeito, nlIo em
these, mas em relaç:lO ao estado da nossa legislaç:lo, era verdadeira a as-
serçllo do iII11stre estadista, o qual accrescentava - sem que se marque a
linha diviso1'ia, &c.
.I
.!
C::&I-ITIJLO XI.
10
.
•
fJAPITULO XI'.
(1) Não falta qu em acredite que tudo quanto hc necessario, para que 11
50ci~dade viva e marche, está JiLleralmen te na Constituicllo. Medem li e x~
tensllo do mundo pelos horisontes que seus olhos alcança0.
" C'es t prendre l'horison pour les boroes du monde. »
Não faltará quem diga. Que Poder administrativo, que dirisões s:Io essas
das qu aes a Constitui çãO não falia ? Que atlribu içúes são essas que ella.
uno mendona? Tudo isso são excrcscencias inconstitucionacs.
Nenhuma ConstituiçãO, ao menos de que cu tenha co nhecimento, regulou
a orgaui sação admi:1 istratil'u do paiz para o qual foi feita . Nem he isso pOo -
sivel, porque os assumptos adm inistl'ativos são essencialmente minuciosos, .
e co mprellCndcm disposições e medidas, pela maior parte sujeitas a mo-
bilidade, e que exigem grande desenvolvimento.
As Constituições, as quaes são essencialmente politicas, Ihão, quando
muito, uma ou outra feição especial da organisação administrativa, e dei -
Xa0, com razão, o seu desenvolvimen to á legislação regulamentar. Esse deli-
envolvimento deve conformar-se com as grandes fciçoes políticas que a
ConstituiçãO debuxou.
O capitulo mais pequeno da nossa ConstituiçãO he o que sc imitula-Da ad-
ministração.
Seguir-se-ba dahi que nao del'e baver administração uo paiz; que tanto
importa limita-la ao pouco que a Constituicão diz? Ha espiritos tllo su-
perficiaes, para nno dizer tão ignorantes, quê acrediLilo que um paiz pÓde
viver c marchar sómcnte com organisação política, e ullla vez que ná()
faltem discursos 1) artigos de jornaes sobre politica.
Non solum pane vivit /tomo. E, como diz Guizot, li sociedade não vive
unicamente de liberdade. (L'E'glise et la societé cbrétienne, en 1861.)
Para que haja Grdem e garantias para o cidadão, hc indispcnsavel qUI!
a legislação regulamentar decomponha o Poder Exccutivo, separe, clasSIfi-
que e cxplique suas attribui çOes, e regule con\'cllientcmente o cxercício
de tarJa UOla das administrativas.
- 7()
(1) Graciellse pOUI' indiql1er que toute conccssion est puremcnt chose de
grace, et de bon veuloir. VivienEtudes admini!"tratives.
- 80-
de deixar de haver na administração certo poder
discricionario para resolver. A lei não póde prevê r e
regular com anticipação a sua "applicação a cada um
dos casos que se hão de apresentar, avaliando, com
prevenção, os interesses , que, em cada hypothese par-
ticular, hão de surgir e entrar em jogo.
I,
I
. .
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...
...
. ,
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eJAPITULO X V.
l'équité, et a pour objet l'intérêt general, que l'autre consuliC lé droit acquis
a chacun et a pour objet la justice. » .
Dallol, em 18~O, como Relator de um projecto de Ici sobre a competencia
e jurisdicção em materill contenciosa administrativa, dizia perante a Camara
dos Deputados de França. « A un partage d'atlributions péniblement for-
mulé et pour ainsi dire impossible, il faul préférer un principe nel et précis.
La distinction entre 11.' droit légal et le simple interêt _étllblit cn dellnitive
une ligne stlre de démarcation entre l'administration proprernent dite et le
contenLieux de l'administration. ..\vee cc fIl conducteur l'erreur est difficile,
et la jurisprudence du Conseil d'Etat laisse désormais peu d'incertitudes
daus l'application.
- 89 -
l utCl'esse.
Dh'elt(p~
Ir interesse garantido por um titulo ou por uma lei.-O direit(}, diz Dufoor
Traité general de Droit administratif appliqué, corresponde a Ilm interesse ,
mas ( e he isso o que o co ustitue ) tl. um interesse reconhecido e consagra-
do pela lr i.
- 91 -
cial decidir quaesq,!er contestações que os possão pre-
judicar.
(!) "Daus qu cls cas ya-t-il lieu de se pouTYoir par la voie gracieuse, et
daus quels autres cas peut-ou prt>udre la voie couteucieuse? Celte qucstion
cs t l'uue des plus ópiueuses du Droit administratif. Ou peut dire en gé-
lIé.'al , (Iue la voie gracieuse est seul e onverte ponr attaquer les actes
émJués du pouvoir discrétionuaire de I'administration, et qui, des lors,
blessent 1I0 U pas lcs d"oils, mais seulement les intér~ts des réclamants;
tandis qu 'il y 11 Iicu d'agil' par la voie coutentieuse toutcs les fois qu'il est
ljucstion de faire valoir une réclamntion fondée sur nn véritable droit
resultant d'une loi, d'une ordonnance, ou d'un contrat, OlJ bien encore lors
que, dans une matiàre qu,elcon,que le poul1loi contentieuP'$ est speéialelMnt
atltorisé par nn texte formeI. li
Dalloz. - Repertoirc verbo Competence adm. n .• 26.
Dá portanto lugar ao contencioso a violaçllo não só do direito propria-
mente dito, on primitivo, como do adquirido.
- 95 -
f:.:ondiçoes l,ara que se vCI'lOque o contencioso
atlmlnlstl'ativo.
- "
IDcitlentes.
. /
103
Se a Administração no uso de um poder discricio-
nario, do merU/n impcrium, que aliás póde não importar
'n ecessariamente a necessidade do sacrificio do direito
de um particular, o sacrifica, porque hão de ser nega-
das a este as garantias do exame, discussão, decisão e
recurso contencioso ? Não poderá elle dizer como o
illustre Atheniense, -dá mas escuta ? Não p6de a me-
dida tomada pela Administração ir por diante, e ser ao
mesmo tempo reconsiderada com as garantias do con-
t~ncioso ? Não he a final,' reconsiderada a materia, a
Administração quem decide?
.
- 10\ -
respeito de direitos, e isto em virtude de disposições
especiacs de lei, aliás fundadas em razões de monlenlo,
foi Chauveau levado LI estabelecer a.sua theoria de des-
classificação (declassemcnt) e a uma nomenclatura ex-
tensa e complicada, da qual não me occuparei aqui;
nomenclatura possivel na tão rica e desenvolvida legis-
lação administrativa da França, e impossivel no eslado
em que se acha a nossa.
(1) Foucart- Elcmcots de Droit public et adm. Tqm. 3.0 0.° 5 1791
e 1792-.
Por isso dizia o Sr. Marqucz de OIinda, na sessllo da Camarll dos Depu-
tados de 7 dc Agosto de 1857, « Mas. qual hc o direito? He o direito
commum que tem todo o cidadllo, quc lhe coocede a CoostituiçllO, &c.?
Se se entende assim, se ha questllO cobteociosa só por essa ralao, eotlllJ
digo que nllo ha questllo em que não deva dar-se recurso para o Conselho
de Estado. . • . Não sllo esses os direitos que constituem a materia co -
tenciosa; este elTeito só o produlcm os direitos positivos, ou declarados
na lei, ou deduzidos de conlractos, &c., &c.
108 -
Ill'osegue Sel'l'jgny. « Sómente ha realmente con ~
tencioso no caso em que a reclamação he apoiada
sobre um direito que a admll11stração tem oLrigut;ão
de respeitar, por exemplo - Um Ministro nega' apo~
sentadol'ia a um antigo empregado. Não obra em virtu~
ele de poder discricionario, havendo sobre a matel'ia
lei que he obrigado a respeitar. S6mente podia negar
t\ aposentadoria, não estando satisfeitas as condiçôes
exigidas pela lei. Se forão preenchidas, não póde
recusa-las. Se recusar, o empregado póde recorrer ao
melO contencioso, &c. )}
(I) Essa nom enclatura todavi n ex iste orgall i,:ndn pOl' ,-arios escriptorcs,
q ue fi ze rão o apu ll hnnw ll tlJ, llIais ou menos cO lll pleto, dos nc.gocios dl'-
darados contenci osos por Leis, Hcgulalll cn tos e lJecisües do Conselho de
Estado . São nomenclaturas scecas e aridas, com I'ererencia li Il'g is l <l~~io
especial da Fra nça, Tal he, pOl' exempl o, a nomcnclatura qu e se co n L(~ m
no Direito admi nistrativo de Co rmen iu no C3 1lit ulo intitulado-Ou rejet des
- rcq uetcs , .
Não hu materia entre nós para semellla ntc nomenclatu ra, Nada está dis-
criminad o c IcU! (úrma Ilropria, como n o chúos qu e descrere Oyidi o,
•, , " ' ull i sua rorma manebut.
Obs lubalquc aliis aliud .. &r,
no
({ o Conselho de Estado encerrou-se sempre nos dous
caracteres que constituem exclusivamente o contencioso
administrativo; nunca, salvas as disposições excepcio-
naes que dispunhão . expressamente o contrario, ad-
mittio elle recursos, uma vez que não se tratasse de
uma reclamação fundada em um direito, e que não
dependesse esse direito da acção administrativa. »)
.-
15
C::.~P.TULO XVII.
(l) « 11 est devenu nécessaire d' instituer une justice administrative, qui,
oyant plus de latitude, puisse tout balancer, former nn droit miste dl's
regles du Droit public, et de celJrs du Vroit pril'é, et faire préval oir au
besoin, I'équité et I'intérêt de I'Etat, qui est I'intér~t de tous, sur les dis-
positions inflexibles et plus etroites de la législati un positive.» Locre, Du
Conseil d'Etat.
O Duque de Broglie contestou, 'em um escripto notal'cl, ,a necessidade de
uma jurisdicção administrativa. Porém o desenvolvimento da sua opinião
que ninguem adoptou, excepto Bavoux, vem por fim a admittir essa juris-
dicçãO. Póde se ver em Cbauveau, Principes de competence et de jurisdic-
tion administratives, a completa e vigorosa refutação d'aquella opinião
tambOOl refulada por Henrion de Pausay.
- '116
tação dos actos administrativos. A administração não
deixa de administrar ainda mesmo quando resolve sobre
materias contenciosas administrativas. Os actos de ju-
1;isdicção que então. exerc~e, são o complemento da acção
~dminis tru tiva.
( I ) cc Cui jllrisdiclio dala esl, ca quo que concessa essa vidculur, sioo
qUlbu:; i urisdic tio cXlllicari Dcquit.))
L. 2.. o Dig. de i\lrisdiel.
119
, Em taes circumstancias, accrescenta Henrion de
_Pansay, he necessario para o exame e processo de simi-
lhantes nego cios um modo especial e particular, uma
especie de Tribunal, o qual, ' como o Conselho de Es-
tado, exista e viva com ' o governo, que esteja imbuido
e conheça o espirito d'este, e algumas vezes o seu
segredo, e cuja marcha rapida esteja sempre de accordo
com . o que exijão a segurança do Estado e as ne-
cessidades da sociedade.
(1) « Ceux qui aiment le plus la liberté sé ricu se 'et devellupée, sont ce UI
qui aiJUout lo plu.; aussi uu pouyair rég uliel' eL fort. »- COl'lllcniu.
._ . 123
flue O Góverno tem interes~es contrarios aos Jos go-
vernados ; os administradores aos dos administrados.
(1) L' Elat dan s l-cs contestation s dont se composc le contcnti Clll IIdmi-
ni strnlif, n'cs t point un e par ti!', rl ans ' Ie se ns ordinaire et usuel de cc U1 ol.
V il ien . Eturlr s adm inislralil'cs.
por quasi ·lodos os Dutores de Dil'eito adminislruti vo,.
porque acabaria com a administração, e crearia ~ous pó-
deres judiciaes . Outras combinações, maIS ou menos ·
engenhQsas, tem sido abandonadas apenas nascidas , 1'e- .
conhecendo-se, que ho impossivel deixar de con-
ceder ti administração a attribuiç.ão de decidir certas
questões administrativas contenciosas, e que o que
cumpre he rouear as suas decisões, de certas cautelas
e garantias, que embaracem e evitem a abuso (1 ).
(1) Vivien, quo he in contestavelme nte nm dos primeiros esc rip to res de
Direito administrati vo, entend e qu e as questões que sus oita o con te ncioso
admini strativo constituem verdad eiros processos, e devem pOI' isso ser sub ·
mettid os a u ma jurisdicçãO, devendo perteucel' sómeute á autoridade admi-
nistr'ltim as reclama ções que dizem rcs péito ao exercicio do seu poder
rli scriciouari o. Nilo poderia cu , sem me al ongar mui to, ex pÔr as suas razões,
e a fllfut acão que se póde vêr em Chauvcuu Adolph e, Principes de compe-
tence ol dc junsdiction admini slruliycs . Tom . 3."
t::.t\.PITULO X VIII"
Tambem o são:
Uma fórma de processo administrativo que esta-
beleça as formalidades substanciaes, para a defeza e o
descobrimento da verdade. "
A publicidade da discussão e das decisões con-
tenciosas administrali vas.
A hierarchia, os recursos e novo exame por um
Conselho ou Tribu nal administra ti vo SlJ perior.
A reunião, publicidade, e conhecimento das tr8.-
dicções e dos precedentes, ou por outra, a org~\DisaçãO
da jurisprudencia ad ministraliva.
Certo grão de independencia, ou a independencia
possivel, nos Conselhos e .Tribunaes administrativos,
especialmente nos que consultão em ultima instancia,
Qomo o Conselho de Estado.
r.
~A.PITULO XIX.
,
139
Aquella noção amplíssima de jurisdicçãO contenciosa
deduzida da jurjspruden..:ia Romana, a qual não co-
nhecia o Direito administrativo moderno, applicada a
este, sem aquellas distincções, confunde tudo (1).
(1) o mesmo aconteceu D'lI Fraú,a, No aDl~ o 8,0 ' da Republica Francl'za,
o COriselheil'o tle Estado RocdCl'cr, expondo, como ol'âdor do Goyerno pe-
rante o Corpo Legislativo, os principios da nOVa orgallisação administratiYa~
dizia: « Sous le régime qui a pl'ecédé la Hcyolution une grande parti c dll
contentieux de I'administrafion etait porté devant les Tribuuallx, qui s'élaient
fait uh j:)sprit contraire a l'intél'êt du Trésor public, Leur partialité deter-
mina l'Assemblée Conslituante à rennir le contentieuI ,de I'administration
avec I'aaministration elle même, &c, &c, ))
(1) Note-se que esse Decreto n1l0 se serve ainda da denominoção - con-
tencioso adminislrativo.-O seu Capitulo 6.° organisa a Directoria Geral do
contencioso, porém ahi essa palllvra - contencioso -refere-se' ao judiciario,
Clomo mostra0 as do art. 24-promover e dirigir a cobrança da mesma di-
vida em todo o Imperio, por meio do Juizo dos Feitos na Côrte e Provin-
cias.
(2) Tr.,to aqui destes assumptos em geral, e aponto esses e outros casos
exemplificativolllente. A Illlumeraç30 completa dessas attribuiçúes a sua
dassificaçilo, desellvolvimento, o processo, &c., &c., fkllo reservados pm'a o
olltro trahalho, mais posiLivo que tenho entre maos, (' que será o comple-
mento deste.
- 150-
e desenvolveu ainda mais o contencioso adminislra-
tivo da Fazenda, dispondo:
•
15Ú
,
• SãO' conitudo contenciosas administrativ{ls as decisões
proféridas pelos nossos 'Ministros de Estado, e Presi-
dentes de' ProvillGia, soJ;yre reclamações contra aetos
administrativos' seus, relativos a negocios de sua com-
petencia, e que ferem um direito.
(1) He tal a confusão que negocios da mesma naturcza são ora sujeitos
á deéi.llo do Poder administrativo, óra a,) Judicial, ora ás ASsembléas
Ptoviooldes, As jurlsdicçOes c as competeoéias sOo completainente cónfun-
didas, é cada um vai conbecénd6 do negoció. Citarin exemplos se 0110 fÓl5e
tào longn a sua cxposiçllB.
- '160
Pela nossa organisação a distincção ' entre o gra-
cioso e o contencioso, admittida em principio não tem,
em grande numero de casos, desenvolvimento e al-
cance pratico. A nossa administração he absoluta.
(1) Não temos entre "nós, como veremos, instituições semelhantes a essas.
172 -
1
C&PITULO XXII.
175
-Si simple, et si feconde, n'ctait pas née sons l' aucien rcgíme, eL le Roi lui-m A~c ,
cn organisaut, eu 1787, les administrati ons provincialcs, u'avail pas éVlté
la coufusion ou. "tombait, a son tOUI', l'Assemblée Coustituante. Malbeureu-
sement le sys lêmc des administrations coll eclives nc devait pas sculement
'Causer quclques froltemeu ts, produirc qu elq ues tlon flils, N los consequence,
les plus fuu@ stfs etaieat a I"a v~ill c d'cu sortir. »
- 180-
.A deliberação e o conselho por varios he uma garan-
tia de acerto. Nao se póde a1legar ignorancia do mal qu~
foi demonstrado. Os negocios são vistos debaixo de dif-
ferentes faces; cada um concorre com o seu contingente
para esclarecer o assumpto; são produzidas razões di-
yersas, e do embate das opiniões rebenta a luz..
- '1
CJA.PITULO XXIV.
."
185 _ .
(1) Foi. em parte, com esses fundamentos mais desenvolvidos que im-
pugnei na sessão do Senado de 24 de Julho de 1858, o projecto de reforma
da Lei dll 3 de Dezembro de 1841, que então se discutia.
- 191-
A. Constituição referio-se ás divisões então existentes,
sujeitas a modificações; quiz que o primeiro agente ad-
ministrativo nas Provincias fosse da nomeação do Im-
pera dor, e que o Imperador o podesse demittir quando
entendesse conveniente; que fossem electivas as Cama-
ras Munrcipaes, e lhes , competisse o governo eco-
no mico e municipal. São estas as bases que estabeleceu
para a nossa organisaçâo administrativa, e são esses os
unicos pontos constitucionael). O seu desenvolvimento
, foi deixado ' ás leis organicas e regulamentares. Não ve-
dou a Constituição a creação de outras autoridades"
salvos aquelles pontus, e nem o Imperio poderia ser ad-
ministrado só mente com aquellas. Tão; pouco vadoll
outras divisões administrativas, dentro das quaes se
movessem aquellas autoridades.
(!~PITIJLO XXVI.
no (!onselho de Esta(lo.
(1) « Dans la verité le Conseil d'Etat n'est point par lui mcme nn pouvoir
public, ce n'est que l'instrument d'un des pouvoirs .publics definis par la
Charte." Comte de Portalis. Rapport a 11\ Chambre de Pairs sur la loi de
I'organisation du ComeiJ d'Etat.
- 208
.
Governo, para o aconselhar, c cujas aÜribuiç'ões tem
variado segundo os tempos, e as circumstancías po-
líticas ( I).
. -
lhe dão.
D'ahi se segue:
Que a' organisação ingleza repelle o Lypo dt> con-
tencioso administrativo que apresentão a l<'rança, a Hes-
panha, Portugal e o Brasil.
Que não póde ter Tribunaes administrativos orga-
nisados no mesmo sentido, e pelo modo pelo qual 9S
tem esses paizes.
Que o Poder Judicial he na Inglaterra uma impor-
tantíssima mola da administração, e que esta não pó de
funccionar sem ella.
.
· ~2U-
~'luitas
_atlribuições do Conselho Privado tem sido,
com o andar dos tempos, distribuídas por commis-
sões do mesmo Conselho .
•
As appella ~ i:íes dos Tribunaes Ecclesiasticos, e do
Tribunal do Almirantado (2) passárão para a com-
~issão judicial (,juclicial cOJnmittee) do Conselho Privado .
(1) AinlJll ciuc, diz o Parlianient ComjJanion, este 'Conselho escolhido (Mi-
nisterio; t('lIha sido considerado, durante dirersas geraçües, como fazendo
parte da orgauisação politica ingleza, com tudo ainda continúa a seI' des·
conbecido Ilelas nossas leis. .
ereasl' diz - O Gabinete dos Ministros Ile desconhecido nas nossas fórlÍla9
constitucionaes. , •
COl, já citado, acetesoonta: « o primeiro l'IIinistto hC geralmente primeiro
Lord do Thesouro. Estas palavras - Primeiro MinistrO-hão um gallicismo
e desi~não um ca~ que não tem autoridade legal. Be com satisfaçno
que digo que as .palavras - Ministroj primeiro Ministfl'j Gabinete, e a sy-
nonima adminislraçllo, - 8lio estranhas á nossa IingUa, e ás nossas leis.»
« Le Roi, snivlInt notre constitution, est supposé preseut au Conseil, et
~tait cu erret ordinairemeilt, ou 'tres souvent, présent, tant que le Consei!
continua d'être nn corps deliberant sur les matieres de poli tique intérienre
et- eltericnrc. Mais quand une junte ou cabinet 1-int à supplanter ce corp!
am:ien et responsable, le Roi lui-même cessa de présider et reçut sépa-
remmen! les avis de ses Ministres, suivant leurs fonctioDs r'espectivcs de
trésorier, secrétaire, ou chancelier, ou I'avis do tout le cabinet j de la bou-
cbe d'un de ses priocipaux membres. Ccpcndant cc cbangement se fit par
degrés;' ear les Conseils du cabiUl.'t se tinrent quelques fois el.! Ilresence
de Guillaume et d'Anne, el, dans quelques oceaslOns, 00 r appella d'autres
Conseillers, qui n'appartenaient pas au ministére proprement dit."
(I Mais a l'avénement de la maison de Hanovrc, ceUe survciIJance pel"-
sonnelle du Souverain cessa nécéssairement. Le fait est 11 peine croyable,
mais G-eorge 1.er etant incapable de parlcr anglaisj comme Sir Robert
Walpole de converser eo français, le monorque et son ministre s'entrete-
naieot eo latin. 11 est impossible qu'avec nn mol'en de communication
si defedueux ••. George ait pu s'instruire 11 fond des arrairell domestiques, ou bien
connoitl'e le caractére de ses sujets. Nous sovons dans lco fait qu'jJ renonça
prcsqne cnliérement 11 s'cn occuper, et confiait ases minilitres l'entiere con-
duite de cc rol'aume.-Hallam. Historia ConstituícionaJ de lnglaterra, tradue\i!o
de Mr. Guizot. Vol. 5.0 Reinados da Rainba Anoa e de George I e 11.
(2). « The portioo af the Privy Council nsually denominated - Tlle
Cabinct - doei not properll' form a recognised part of the ancient Constitu-
lioo of England - " Cabinellawyer. Chapler 3. The Sovereign.
" In Ilractice, diz Blackstone, tbose privy Councillors onll' are summooed
who ho~d for the lime being the Feins or governement, 01', in other words,
the ·Mioislers or the Crown, the most important proceedinga in CounciJ
I:onsist in layiug before, and advising tbe sovereign on those measures
wbich Lbe Councillors bave previonsly discussed and determined upon in
Lheir own Cabinet Couocils; and for- wbich, altbougb sanccioned, ado pted,
and oUen subsequenlll' carried out in Lhe name of tbe Sovereign, thel'
;t'one IIre accountable to Parliament», Commentarics uf the law of En-
glaud, Vol. 1, Chnpter 5, of the Royal Councils.
28
Deve buscar-Se a sua origem no Conselho Privado.
(1) « Its duties (do Conselho Privado) of advising lhe crown and con~
dncting lhe governemenl of lhe counlry are almost elclusively performed
by the principal ministers of state who formed another sectioll of it, called
the Cabinet Council. This is so termed ou account of ils beiug originally
composed of such membe~s of the Privy Gouncil as the kiug placed most
trust in, and coufel'red with a part from lhe others in bis Cabinet or
privale room.» Fonblanque. How we are gov!,\rned.
(2) Permilta-sc-mc que traduza e ponha aqui, .como nota, o seguinte
curioso trecho de um escriptor grave e muito acreditado, lIIac Cnlloch,
lia sua excellente obra: « The British Empire ». .
« Geralmente fallando, diz- !ille, o patronado em paizes semelbantes á
Inglaterra, he sempre exercido com vi ~ tas de adquirir ou conservar o apoio
parlamentar. Monarchas absolutos como Napoleão, o Rei da Prussia( no
tempo em que escrevia Mac Cullocb) e os Imperadorcs da Austria e da
Russia, podem escolher indÍ\'iduos para exercerem empregos, unicamente
movidos pela capacidade que elles tenMo para os desempenbarem. Em
um paiz livre porém. a capacidade para exercer um cargo nllo he a 'unica
consideração a que cumpre attender, para decidir sobre os direitos dos
pretendentes. Se possuem elles essa capacidade, tanto melhor; porém a
consideração prinCIpal be, como ha de o Governo marchar e ir po r dian le ?
Certamente segurando o auxilio activo de seus amigos, e enfraquecendo o
partido da opposiçllo. Ora 11 distribuiçi10 do patronado he o principal meio
- 219' -
Durante algum tempa foi eslylo apresenlàr o Conselho
de <lahinete ao Conselbüo Privado~ as medidas que havia
adoptad'Oi,. para obter o- seu assl;lntiment{}~ Ill{lS ~ra essa
ratificação, uma méra formalidade.
(1 ) c; They have, (the lords) at present time, a jurisdiction over causes brought
on rights of error, from of Courts 01 law, originaJly derived from the Crowu
IInd confirmed by Statutc, and to hear appeals from Courts of eqnity on
petition; but appeals on Ecclesiastical, murilime. or prizes causes, and
Colonial appeals, both at law and in cquity, are determined not by them,
but by the Privy Conseil. cc El'skine May. Law, privileges, procecdings, and
usage of Parliament. Buok 1 Chapter 2. Judicature uf the lords.
(2) (C But the Peers very wisely have in practice abandoned this right,
and Icft their whole judicial business in the bauds of some five on six of
tbeir number, professional lawyers, who have filled, or continue to fiJlthe
highest judicial offices in the State. There have only been two instances
of the Pecrs at lurge interfering in such questions for lhe last hundred years;
ouly one within lhe memory of the present gencration, and that above
fifty ~· ears ago. II Lord Brougham - Thc Bl'ilish Constitution- (obra llubli-
t'udu cru 186t).
- !21 -
o seu. jogo h incomprehensi vel sem um estudo pa·
ciente '.~ aprofundado" principalmente para quem está
costwnadC? com á organisação dos paÍ1.es de raça latina,
os quáes tem mais analogias entre , si (l).
, ., \
(I) Póde ~er \'ista, em RegnanlL Histo-ire du Conseil d'Et.at, a relaç40 40s
bomens eminentes com que foi organisado e progredia. Diz Regoault.-
(( Le Conseil d'Etat sortant de la Ré\'olution francaise si réconde eu graods
bommes, composé de noms aussi distingués, dc talcns aussi réels et aussi
divers, Dlonta rapidement avp.c sou glorieu'X protecteur, et Oeurit enfio
.sous lc patronngc d'uo président imperial, dont iI fut, lui present, I'aido
comme le br.as droit, et, eo son absence, le substitut ou Ie ",icaire; mais,
,par un retour subit, descendant 'de 'cet npogée, 00 le vit pàlir avec le
soleil couchant, et n'être plus qu'une ombre de 5a grandeur '}las9ée, ué
.anmoins, nprés ce choe, toujours vivace et anns s'éteindre jamais, il .. tra-
versé les vicissitudes et les ré\'olutions des tourbillons politiques, et \I eat
demeuré un tribunnl d'élite composé jusqu'ici des illteUigencc& émérites~
.
spécialement .administra.tives, ~)
- 224 - '
A reproducçtu.l de um semelhante Conselho de Es-
tado ndo he possivel, porque seria necessario que se
reproduzissem todas as raras ' circumstancias que ca-
racterisárão aquella época. O Conselho de Estado de
Napoleão não pó de portanto servir de norma, él.té por-
que o que foi não o deveu elle á sua organisação
simplesmente, ruas ao genio, ao prestigio, ao poder
do seu chefe, ao seu pessoal, e a uma reunião de
circumstancias, que não he possivel reproduzirem-se
mais todas conjunctamente.
A Carta Constitucional, q1)C a Restauração trouxe
.comsigo, nem sequer fez menção do Conselho de Estado .
.toridadc. o seu successor faz novà nomraçllo. Comtudo para que nllo
titlllC est.l', por illgUIll tempo, sem Conselho, continúa o I'xistente por St'IS
mezes, se nao fOr antes dedurado dissol.l 'ido, e sulJstituido. Blackstonl'.
'01. 1. Chapter &. of the Royal Couucils.
, (1) He notaveJ a ogerisa que tinhilo tomado os reformadofl's desses tempos
1\ tudo quanto era COLlsdho! Parece que eiltt'Lldillo que tlldo qllanto era
cXilme, deliberação e Conselho era prejudicial á liberdade I Quasi todos os
Tribunaes de Consulta d. Monarchia I'ortugut'za ba"ião sido extinctoi sem
que lhes fosse suIJ.tituida cousa alguma. Não descançárao em quanto n80
úerão cabo do Conselho de Estado meramcnte consultivo, creado pela Cons-
tituição. que podiao reformar e melhorar, h(,1Il fomo dos Conselhos úe
I' residenci1l, ereados. pcla Constituinte, I'UI r.arta !le lei ele 20 de Ootuhrll
d~ 1823, eleitos pelo pO\'o, e tlOl e \1odi30 SI'I' tambeOl melhorado s e 1ItJro-
, citados!
.'
- 240-
Na Sessão de 13 de Maio de 18.iO, foi, conjuncta-
mente com outro que declarava o Imperador maior
desde já, apresentado por cinco Senadores um projecto
que creava um Conselho Privado (1) ..
(1) Este projecto, que foi rejeitado na primeira discussão, dizia assim.
« Artigo unico-Logoque o Sr. D. ,Pedro li fôr declarado maior, nomeará
um Conselho Privado da Corôa, composto de 10 Membros, que terão os
mesmos ordenados que tiohão os antigos Conselheiros de Estado. Paço do
::;eoad9 em 13 de Maio de 1840. li
- 241
.Porém se foi assIm brilhante e profunda na parte
politica, força he reconhecer qué quasi nenhuma luz
subministrá na parte administrativa; attestando assim
a pouca attenção que teIl!0s dado a esse ramo impor-
tan tissimo da gerencia dos nego cios publicos ('I).
'J
Algumas breves obse vações. resumidas ou c01bidas
daquella longa c volumosa discussão muito podem,
na minha opinião, concorrer para esclarecer este as-
sumpto. • I
A distincção he a seguinte: .
Os Conselhos ' que dá o Conselho de Estado podem
referir-se ao ex~roicio das attribuições: .' '
1. o Do Pod.er ~loderadot. ,
, 2. Do Poder executivo politico ou governamental.
0
(l) Discursos dos Senadores Paula Souza e Vergueil'o nas sessões do Se-
nado de 6 de Julho, 13 e H de Setembro de 1841.
- 244
Logo o novo Conselho de Estado nãó' podia ser · vi-
I
8. (2).
0
o resultado
da discussão e da votação em Assem-
bléa Geral, pelo que respeita aos pontos dos quaes me
estou occupando, foi a confirmação da ultima votação
da Camara . dos Deputados, a saber, ficou intacto o
') . .}
249 -
\3g •'3 ,o
(I) Quand o acima tli ssc lJu c a di scussiio do projccto do. Conselho de Es-
lallo durou no Scnado dcsde fin s dc Junho até Illciad os dc Setembro, refe ·
.-i-lIlc Ú 2." A 3.a llisf ussõ10 L'O lll cç6 u (\In melados -de Sctcmbro e find ou CI)1
6 de Outubro) se nd o nppro\ado o pi"lljccto co mo pass;í ra cm ~..".
- 2·53
pódia deixar de dar apparencias .de violento e par-
tidario, foi organisado o Conselho' de Estado, e com-
posto de 7 Membros ordinarios e de 5 extraordi~larios.
Nem todos erã'o homens de partido. Ficou uma mar-
gem de 12 Conselheiros, isto he .de 12 vagas, para
seus ·successores, que forão seus adversarios. De então
por diante tem sempre existido um numero de vagas
igual, pouco mais óu menos, ao terço do numero to-
tal dos Conselheiros de Estado. No caso em que
circumstancias imperiosas o exigissem, seria faci) , sem
sahir da lei, por meio de algumas dispensas, e pelo
preenchimento de algu~as vagas, modificar a maio-
ria que apresentasse o Conselho de Estado. He esta
uma das grandes vantagens da sua organisação.
.
Deve ser limitado, ou illimitado o numero dos Gon-
selheiros?
§ 4.·
.'
• 255 -
nal'ios e extraordiFlarios forem vitalicios, sómente po-
derão representar a opinião do tempo em que forã()
nomeados. O Monarcha não póde ouvir outros Con- .
selheiros que não sejão os d'essa opinião, e sendo á,
mortalidade lenta, segue-se que em um grande de-
curso de annos, não póde o mesmo 'Monarcha estar
em contacto com a Nação (1).
(1) Não sou inimigo da Democracia.· Tem ella muitas co usas bOll's, mas
he preciso não a exa gerar, _e conse.rva-ia nos seús justos limites ; aliás póde
produzir, como tem produzido, grandes males. Pel'mitta o leitor que chame
a ·sua atten ção sobre o seguinte profuudo trecho de um excellente lino, ha
pouco publicado, e que tem por titulo.-Thomas Jell'e rsou, ctude histori-
que SUl' la democratie amcricainc, par Cornclis de vVitt.- cc Les fruits de la
-democratie ne SOllt pas tous amers: elle en fait naltre sous nos 1'eux de trús
bons, -Ia dilfusion du bien être ct dcs lumi eres dans les classes inférienres,
le progres des sentiments d'équité ct d'humanité dans Ics classes supérieures;
cn bas plus d'intellige nre, plus d'aclivité, plus de force productive, plus
d'independence, plus de dignité ; cn haut, une préorcupatron plus constante
tlu sort des masses; la ricbesse publique accrue en même temps que le rcs-
pcct pour la qualité d'homme ce sont lá de grands et précieux bienfaits
dont les coeurs généreux doivcnt se réjouir, ce sont là les reuvres de la dé-
mocratie moderne qu'ils doivent seconder. "
« Mais eu même temps que la démo cratie travame utilement et justcmcnt
à relever la cODllitiou dos ma sses, clle leur inspire dcs prétr.ntions iniques,
éga lement destructives de I'ordre et de la liberté; elle les expose à des tcn-
tations périlleuses centre lesquclles Icur bous sens et leur moralité ne peu-
,'eut Ics défendre que si cc bon sens et cctte moralité sont soutenus à la
tois par la fermeté dc's gens de bien dans los classes sup érieures , et par la
force dcs iustituitions. Quul1d le- graod nombrc s'abandool1e, et qu'ou I'a,.
bandonnc à ses mauvais il1stiucts, ql1and il u'es t plL1~ 50umis à d'autres
lois que sa volonté, i1. devient uo tyrau imprevoyant et fantasque. La sou-
veraincté absolue ne convieot poil1t à la faiblesse humaine; les meillel1l's
sont eDe,lins à en abuseI' et n'y ont uucuu titre; le vulgaire ue sauroit en
être plus chgne, et en eU'et, partout Oll il exerce son cmpire, il pretel1d
domineI' à lui seul; iI se eroit dispell$é d'avoir raisou et droit; iI iubol'-
donne ses intérêts ml\mes ases fantai sies; iI s'babitue à u 'accepter pour
chefs que ceUI qui obéisscot à sou bOIl plaisir, et iI eu vient alors à se
cbo isi r des gouvernants méd iocres ou iudignes, à baonir de ses €onseils Ics
illtelligeoces et les existences qui dépasscnt la taille Illo yenoe, à peseI' SUl'
ellcs de 5a masse écra sa nte al1 risque dc les énel'\'cr assez complétement
pour qu'ellcs lui fa ssent défaut le jOlll' Oll, dalls un acclls de bon sens pro-
voqué par llO grand péril pl1hli c, iI sen tim le beso in d'etrll couduit pur dês
homm es sl1 périeurs . Une po!itiqlte sans mite et sans souci de !'avenil', des
lois instab!es, 1m pOllvoil' mcpl'isé, unr. societé a la (ois agitlfo oi uni(ol'lno,
las e,~prits nive!és encore phls qlW les condi/ions, tels SOllt Ics manvais erreIs
qlle t'e Lat social clemocl'otiqllc JICI!l cli/raln a)', qll'il doU rnll'nll1er partollt
0 /1 il 11C I/'ouve liaS UI/. p uissa nl cOI'I'ecti( dans lcs l/l O'lIn cl dnll s los lois. »
257
Dizia esse illustt'ado Senador na Sessão <lo Senado
de G de Julho de 1841 :
« Fallando em geral da necessidad ll de corpos ou instituições
Hxas lia Sociedade, reconheço e acato todos os principios ; po-
rém se estivesse formando uma Constituição talvez tivesse ou-
tras opiniões, e não adopLasse a id6a de fixura senão a res-
peito do Monal'cha. Be opinião minha particula/" que ti ex-
cepçao ao Monarcha· não haja vitaliciêdade em outro corpo
do Estadõ; mas não he disso que se trata; não estamos or-
ganisando a Sociedade. O que devemos fazer he desenvolvei'
as leis da Sociedade, em virtude dos principios estabelecidos
na Constituição do Estado.
« Pela nossa ConstituiçãO he vitalício o Monarcha, o Poder
Judicial'io e o Senado; ,são estas as bl!&cS que devemos reco-
nhecer, e não outras; e como entãó querer estabelecer um
novo corpo com caracter de vitalício, como um centro de re ~
sistencia, e meio de conservar tradições? A antiga Constitui-
ção do paiz reconheceu esse corpo, mas a nova Constituição
rejeitou-o, Logo deve ser liquido que não con vém a existen-
cio de um corpo fixo e vitalício. .
« Não -temos já CSf>e corpo fixo e estavel, que serve de cen-
tro de resistcncia, e de propagar as tradições que he o Se-
nado? Não he esse um corpo fixo que deve conservar as tra-
diçÕes govenlativas por via de su'as deliberações (i)? Não p6de
elle ser considerado o primeil'o Conselheiro do Monarcha? Não.
a'conSelha o Monarcha por meio de suas discussões? Eis pois
esse cotpo que os honrados. membros querem,
« O tribunal ~upremo de Justiça não be tambem uma ins-
tituição do mesmo caracter, que serve para transmittir as tra-
dições judiciarias (2)? O Supremo Conselho Militar não he da,
mesma natureza? Não temos tambem no Ecclesiastico corpos
fixos para transmittil' as tradições da Religião?
(1) O Senado he- um ramo do Poder Lcgi lativo, nüo goveroa, oão he
corporaÇllo admioistrativa , mas sim corpo politico. Como pôde ser eon er-
vador de, tradições administrativas pOI' meio de ua dclibcraçõ ?
(2) O nosso Supremo Tribunal de Jo tiça será, eomo I tudo quant o qui-
zerem, mcnos um meio de uniformnr l\ jurisprud o in, d crn.r lrlldit;Oc '
0 11
juditinrins.
33
~58
(1) Conheci-o no SenadQ, Quando ahi fui assistir em. 18.iO e 18H, comp
Ministro da Justiça, á porfiada e longa discussão «;Ia lei de 3 de Dezembro
de 181.1, Era homem modesto, sem preteO~ijes, de 'Dão vulgar instrucllno
em
e merecimento, de idéas mui slIns, e vigoroso (Jialectico, Tcnlio prazer
pre6~r esta humilde homenagem li. sua memoria . . '
_- 259 -
pm' iS5(,>. e ' he d"hi que cu deduz9 a necessidade de ulJl Corpo
·Conserv:ador., que rÓI'a dessas opiniões yal'iaveis ele dia a dia,
q·ue tendo mesmo tidG h~l~pO e occas,ião de c(,ITlparar essas
Qiv·ersas opiniões variaveis, possa discernir maduramcllte, e fóra
d6 turbilhão das paixõ~s .que essas novidades cI'eão, qual das
ca~sas prodl~z essas opiniões que parecem geraes, se o numero.
so a ra'zão, corno o Nob~'e Senador quel" Eis-aqui a origem,
no meu entendei', da vitaliciedade do Senado; eis a índole d~
nosso systema repI'escntativo,
cc E não he da indole do nosso systema que os di[erentes
Poderes do Estado se c<}\lservem em barmonia? He sem duvida.
A nossa Constituição o declara positivamente, e tanto que creou
um Poder expressamente para a conservar, Ora, digo eu, ha-
verá harmonia entre o Poder Legislativo e Executivo, quapdo
cada um delles he fundado em maximas heterogeneas, e q\le
estcjão em contradicção?
(Ç QUCl' a Constituição que o vôo rapido, que a novidade de
opiniões da Camara do~ Deputados seja modificado pela inercia
do Senado, para que não appareção os abusos que podem
nascei' dessa rapidez, E não será consentaneo, não será da
indole do nOSSG governo que o Poder Executivo se fun~e ,em
principios analogos aos em que se funda o Legislativo? Será contra
a indole que, succedendo-se os Miuisterios rapidamente, não
tendo mais qU'e durações ephemeras, l1aja ~m corpo estaval,
que eonsene as tradições govemativas, q\,le dê estabilidade 4s
disposições dos dilferentes Ministerios, que faça desapparecer
essa politica variavel de dia a dia, que faz perder toda a con-
fiança aos servidores subalternos, que, por uma parte, não.
vêem segurança alguma em seus empregQ~, e por outra pada
adiant~o dG que restrict.amente lhes marcãQ suas obrigações,.
l'coeiosos, e com razão, de que o Ministro futuro desapprove.
quanto o actual approva '1
« Que Ministro de Estad~ póde tentar um estabeleoimento..
para cujo pomplemento tenha d~ empregar-se talvez UIIl; anuo,.
()om a quas~ certeza de qlle se o não concluit', como será pos-
sivel. o seu successor não deite abaixo o seu pl'Ojecto? Nenh~m
outro temediose póde dar a este mal destmidof de nossas
instituições, que aquelle mesmo que a Constituição dá ao dç~
- 260 ~
1
A vi laliciedade oITerece garantia~ qe inckpenil~J:lÇ,ip.
de luzes de experiimcia, de justiça, ile jmpaf.eiaí~dÚd~
e cle segredo. .'
O Conselho de Est.ado he l)lemménte consultivo.. ~ão
lhe c011lpeto fe;solver os negocios sobre ;os qQaes ,Con.-
sulta, e que são decididos pelo Poder Moderador ou:
Executivo. . ' '-I
(1) o ilIuslrado Spuador equivocou-se. ESSll lei nãn be. das Côrlcs de
Lisboa, adoptada pela nossa Constituinte. He a Carta de lei de 12 de No -
'~mbro de 1S:!.J , simples e unicamente tIa nossá Constituinte.
271
ti. ?tfostrou... sc, -dizia o Scnador B, p, de Vascóncellos ija 5es-
silo de 5 de Julho, que a vitaliciedade era muito cO!lveniente,
pnrq. que !J Imperadol' fosse bem aconselhado, ,mas lambem
s,e relJectio que cQnvinha conciliar essa vitaliciedade ou ina-
movibilidade com a amovibilidade de parte ou ainda de todo
o Conselho, por quanto ponderou-se que poderia em um ou
o'ub'~ caso, hílveL' um', COllselllo de Estado· qtie não só prorcs-
Sü5se (j)pinião to.lalmente diwersa do, Gabtnetf}, 111M que b tra-
hisse, e em caso tal o Gabinete tinha todo o direito de re-
pr.esentar á Corôa a conyel'lie,ncia (le dispensai' (termo polido,
paq não dizer slls.pender), dispensar por termo indefinido, os
Con~clheiros que puzessem obstaculo li marcha dos negocios
publicos. »
tado .orl:linarios que 'são vitalicios; mas. nem sempre estes Con-
selheiros acompanharáõ' o movim~nto social; algpm haverá
que entenda que deve resistir, quando a resistencia P9de ser
perigosa, algum ha:ve/"á ,que não possa servir COI11 a adminis-
traçlio~ Oríl se n\io houve~se romedio algum no projccto, devi,fio
seguir-se tristes resultados; mas o project~ attende'ndo á pos-
sil?i1idade ou prob<lhil~da.de !le tim tal acontecim,ento autorisa
<l CorÔa a d.ispensar algl,lns Conselheiros, ou a todos .
.« ~~as quem ha de ~lJbstiluir esses Cónselheiros dispensa-
dos? Será qt1alqueJ,' ci(ladão q.ue mereça n.aquelle momento a
con.fiança da CorÔa, ou 'haverá numel'o fixo e determinado de
Conselheiros Supplentes que vão Substituir ill1mediatamentc as
faltas dos ordinarios. Eis as questões que se otTercçem; c cu
estou convencido de 9ue he pr!~ferivel marcar o circulo d~n
tro do qual se tire.m esses Conselheiros Supplentes; c lIe isto
o que cçmsagra o projcclo, »
(I) o Senador Alves Branco opinou e votou para que a vitaliciedade fosse purá
c oompleta • . Queria que se dissesse sómenle - O Conselheiro de Estado será
"Vitalicio. (Sessão de 26 de Agosto) Achava inconveniente que os Conselhei.
ros de Estado, os quaes tambem aconselhilo o Poder Moderador, esth'essem
assim debaixo da influencia do Poder Executivo. Entendeu-se na discnssão
que, pero projecto originario, os Consellieiros exttaordinarios n:io erão vita~
Jicios. O Senador Vascollcellos em um projecto substitutivo que apresentou
na 3.' discussão propunbn- Art. ~ .0. Os Conselbeiros de Estado serão vita-
Iicios, á excepção dos extranumerarios, que serão amoviveis ad nutum e
se entenderão demittidos sempre' que o fôr o Ministerio ou li maioria detle
mas poderãO ser rcnomcados.-O mesmo Senador conveio depois que fosse~
lambeU! vita,licios, mas q.ucria que sómente.o fossem depois d~ algum tempo
de serVIço, Isto he 'depoIs de algum ensaIO, e de darem provas de que
possuiãO as qua\id~des precésas. Esta idéa Dão prevaleceu.
(2) O projecto. ao qual aqui .se allude compõe-se de um~s emendas olTe-
recidas na 3.a diSCussãO, e asslguadas pelos Senadores Marquez de Barba-
cena, Paula Souza e Vergueiro. Para melhor intclligencia do assumpto e
porque são hoje. docum~n.lOs .rAros, eu .3S j.unlarci. n? fim deste volu~e,
bem como o proJeclo orlglDarlO, o substttutlvo alTereCldo pelo Senador B
P. de Vasconcellos na 3." discussão, e finalmente o projecto apresenlad~
pelo Senador Paula e Souza em 18%ô, e que nãG tele andamento. São pc-
~as curiosas para quem quizcr aprofulldar es~a materia. /
35
- 274-
Permitta-se-me q\:le conclua este_parágl'8pho repetind'0
que o resultado pratico justificou plenamente os argu"
mentos e as previsões dos sustentadores da lei; redu~
zio a uma riJicula nullidade os argumentos de seus
'adversarios. O Conselho de Estado existe ha vinte an-
nos, mais da metade do tempo da nos&a existencia
nacional; tem vivido no meio das lulas, e das pai-
xões de partidos, e ainda se não manifestou a ne-
cessidade de uma só dispensa. A celeuma que contré:\
elle sa levantou na época da sua creação amainou
logo depois. No que he administrativo tem leal e igual-
mente auxiliado a administração, qualquer que s,ejâ
11 sua côr politica, o que tem sido 'por todós reco l
nhecido ('I) .
§ 5:
(1) o art. 142 da Constituição havia de algum modu consagrado esta idéa.
O Conselho de Estado que creou era principalmente politico, se hem que
com attribuições administrativas, quanto aos negocios administrativos graves
e geraes, sobre os quaes era o Imperador obrigado a ouvi-lo. A gra,'idade
porém depende de circumstuncias que nem sempre he possivel avaliar e
prevêr logo. As palavras-graves e geraes-são tBo vagas que nada fixão.
Era o Imperador obrigado 'a ouvir o Conselho de Estado, composto de 10
Couselheiros de Eslado sómente, inamo,'iveis e sempre os mesmos, sobre
todos os uegocios graves e geraes, quer fossem politicos, quer administrativos,
e aiuda qu'" fossem estes de natureza graciosa, pois a mesma ConstituiçãO
não distinguia. Ficavllo excluidas, senllo t.odas, quasi todas as questões con-
tenciosas, que não sllo gemes e graves. Esta organisnção era, nesta parte,
extremameute defeituosa. Nem no tempo em que a CoustituiÇ<10 foi feita
estava conhecida e estudada, como o está hoj!', a instituição do Conselho de
Estado. .
- 281-
'Julgo conveniente a sep.aração indicada.
1. o Porque cO!lvêm separar o político e o ad'minis~
tratiY0, tanto quanto f~r possivel sem inconveniente,
ao menos nas grandes medidas, pelos motivos já em
outr(j) lugar expostos. .
2: Porque o Direito administrativo he positivo e
determinado pelas leis administrativas, e os assumptós
que ficarião reservados ao Conselho Privado são jus-
tame-nt~ aquetles que não podem ser prevenidos por
leis, mas dependem qUl\Sl exclu·sivamente. de vasta,
larga e pratica apreciação das circumstuncias, que
actuão na occasJão, em g.eral, ou a respeito de uma
'hypothese.
3: Porque o ConseUlO Privado, attenta u vastidão
e ·u importáncia das apreciações que he chamado li.
fazer, deve ser composto, de Estadistas, dos homens
politicos mais eminentes pela sua posição, pel<>. inte-
resse que tenhão pela estabilidade das instituições, pela
força moral que a·s suas luzes, posição, caracter e
se,rviços possão dar aos seus conselhos, 'sem differença
de opiniões, uma vez que não sejão exageradas, e
poss-uão elles a indispensavel qualidad(} da prudencia.
, 4. Porque, comquaflto convenha que essas qua.....
0
Esta 'minha opinião causou estranheza a algumas pessoas que lue a ma-
ni.festúrilo. Suppunhilo que eu considerava o Conselheiro de Estado como
úma espede de Jano, do qual conta a fabula que tinha duas caras.
Póde-se dar collislio entre os deveres do homem politico, membro das
Oainaras, e os do Conselheiro de Estado, O modo de a resoher pareee-me
ser o que indico. De outro modo a qualidade de Conselbeiro de Estado
nbsorrcria ou inutilisaria a de Representante da NaçilO. O Governo no-
meando Conselheiros de Estado 10 ou 12 Senadores, em uma corporaçilo pouco
numerosa como o Senado, tornaria ahi muito diffir,il, senilo impossivel, uma
opposiçilo. Porém o meio mais eficaz e completo de evitar aquella colli~ão seria
som duvida, como na França, a incompntibilidade dns funcliões adminis-
trativas do Consellio de Estado, com o r,ai'go de Representante da NaçãO.
Na França (nllo fallando na le~islação anterior) pelo art. 5,0 da Lei de 19
de Julho de 1845, as funcções ae Conselheiro de Estado, em serviço 01'-
dinario, erno ÍDcompatil'cis com outras qnaesquer funcções publicas. Pela
legislnç110 actualmente em vigor, Decreto organico do Conselho de Estado
de 18 de F!l"erei·ro de 1852 art. 6.°, os Conselheiros de Estado em serviço
ordinario nilo podem ser Senadores, nem Deputados ao Corpo Legislativo.
As' suas funcções silo iucompativeis com todas quaesquer outras funcções
assalariadas.
Na Hespánha, pelo art. 5.0 da lei organica do Conselho de Estado l o cargo
de Conselheiro ordinario he iúcómpativel ÇOnt qUlllquer outro emprego
eITectiyo. , '
Tambem o devêra sei', accresCenta Colmeiro Derecho administratiyo Es-
panol, com a qualidade de Depütado e SeJlador, porque n110 convém que
o Conselho Real (de Estado) participe - dei yeleidoso y talves agresivo de
la politica - mas sim que seja de indole essencialmente administrativa.
Assim seus trabalhos sei"i30 constantes, seus estudos escrupulosos, &c.
Assim respeitados os Conselheiros por sua imparcialidade no meio das con-
tendas politicas, poderião oppõr ao espirito de novidade uma resiste.ncia
passiva, certa força de inercia, que, sem embaraçar a ' marcha do Governo,
lhe servisse de contrapeso.
'(1) Regnault Histoire du COllseil d'Etat, l'ercl'e que o Consel~o de Estado
em França tinha deliberado desde 1814 até 1844, sobre 496.331 ncg.()cio~,
mais de 16 mil por anr~o. De certo tempo p8ra cá, com o maior deseu:
volvimento da industria, das obras publicas e da riqueza nacional, tem
augmentado muito a sua tarefa no contencioso, como se vê compulsando-
~e a pu)llicaçlio annual denominada - Recucil dcs ArJ'êls du Coo.seil d'Etat-
statuaot au cQntentieux.
- 285
-~
~
6 .o
Diljtincção .i~J.l0J·tant.c.
§ 7 ..•
(1) Quando porém se patenteou que erão attribuições que passav1ío. para
() Poder administrativo, e portanto que não estavão comprehendidas na
regra geral do artigo, combatêrllo entllo directamente os impugnadores
aquillo que figuravão inutil por comprehendido. O Senador Paula Souza
queria que as decislles sobre presas e indemnisações continuassem ,a per-
1.encer ao Poder Judicial, porque Tribunaes estaveis, dizia etle, erão pará
isso mais aptos, do que Ministerios que não tem permanencia. Sustentava
que a decisao dos recursos dos abusos das Autoridades Ecclesi-asticas devia
continuar a pertencer aos Tribunaes judiciaes, como Corpos independeutes.,
mais versados nessas materias, e visto que o l\linisterio não era obriilldo
- 293-
virtualmente compteheIidida na géneralidadé da regia.
Accrescentavão que não devia fazer-se semelhante enu-
meração, porque podia nella ser esquecida alguma ma·
teria importante (1). .
(1) Ainda depois da lei do Conselho de Estado entrou em du vida se, por ella,
fi cou implicitamente derogada a jurisdi cção que sobre este objecto fôra confe-
rida ás Relaçúrs, segundo o Decreto de 19 de Fevereiro de 1838.
Sendo consultada sobre este ponto a Secção de Justiça do Conselho de
Estado, Relator Paulino Jo sé Soares de Sousa, foi ella de parecer, em
Con sulta de 10 de Abril de 1854 , de que a lei - a lei Que creon o Conselho
de Estado, e attribuio ao mesmo o l'ecurso á Corôa ou o conhecimento
dos abusos das autoridades Ecclesiasticas, - derogára implicitamente a juris-
dicção que fóra co nferida ás Relações pela legislação anterior. Assim foi
decidido pela Resolução Imperial de 28 de Junho do mesmo anno, scudo
em conformidad_e eX(ledido o Decreto de 3 de Julho de 1854, o qual declarou
se!n elfeito aq uclle de 10 de Fevereiro. -
,..... 300 -
J~ se vê portanto que a especificação feita nos §§
do art. 7 .. da lei · do COBselho de Eslado, tinha pOl'
fim crear ou determinar a compelencia administrativa
em certas materias.
POI: exemplo:
1.° O art. 51 da lei n. d 369 ae 18 de Setembro
de 184.5, mandando fazer administrativamente a liqui-
dação das dividas militares provenientes de vendas de
generos, e de quaesquer fornecimentos a tropas, deu re-
curso . dessa liquidação para o Conselho de Estado,
_ quando a parte se julgar prejudicada, precedendo,
porém a revisão do Thesouro Publico Nacional.
Neste caso o recurso para o Conselho de Estado
esua audiencia são necessarios, e nâo facultativos.
. Se essa aud'iencia dependesse do arbitrio do Go-
verno, estaria o caso comprehendido na regra geral
da lei organica do Conselho de Estado, e seu regu-
lamento. Especificando assim esse recurso quiz' a lei
de 1'84.5 que o Conselho de Es"tado não pudesse deixar
de ser ouvido ém tal caso. A falta dessa audiencia
constituiria violação de lei e nullidade .
. 2.° A lei n!· 581 de 4 de Setembro de 1850 art.
8.° respectivos regulamentos n.O 708 de 14 de Outubro
- 304-
a1'ls. 10 e 13, e n.O 731 de 14 de ' Novembro do dito
anno, arts. 2, 3 e 4, incumbem ao Conselho de Es-
tado, julgar em 2. m inslancia (isto he consultar) sobre
a confirmação ou reforma das sentenças da Auditoria da
Marinha, sobre os apresamentos de embarcações empre-
gadas no trafico, e.1iberdade dos escrávos apprehendidos.
A audiencia .do Conselho de' Estado, não he por-
tanto facultativa nesses casos, e a sua falta tambem
imp.ortaria violação de lei e nullidade. Apeza"r da in-
declinavel necessidade de ouvir o Conselho de Estado,
não deixa porém o seu volo de ser meramente con~
sull~vo.
- 30G-
culdades de Direito, nos quaes recursos manda aquelle
artigo que seja ouvida a respectiva Secção. do Conse-
lho de Estado.
, (1) o ,cargo de Maitre des requétes não tem algum que Ibe, corresl'0ndiJ
lín~..e nós. e Jlor isso não traduzo essa denominação. lIe uma segunda es~
pecie, <)0 l:;oQ.selheiro .de Estado. Tem voto consulLivo em todos os n egoeios;
é Q deliberativo s6mente naquelles em que são Relatores. Bem como os
éOil.Selbeiros de Estado não podem ser Senadores e Deputados, e SlIO suas-
~ºccaes .incompativeis com outras quaesquer publicas assalariadas. .
. (2) Os Ouvidores são moços addidos ao Conselho de Estad~, como auxi-
I,iarcs 'para os trabalhos secundarias, e forma0 uma c5col1\ preparatona pará
os cargos da administração. " .
!
'3) ~ao se póde considerar Il\uilo nume~os(), attenta a eluaordip:Jria
;tmuenoia d~ nego cios em um Palz tão populoso, oude. a· a~inistraçlio tem
adquirid9 tamanhu desenvolvimento, c onde as gafanL,ias administrllHya~
como que tom substituido ,!S politi~as . .
- 317. -
. O~ Conselhos .de Estado exercem trcs especies d<3
funcções de natureza distiocla. 1.0 políticas. 2. 6 pu-
ramente administrativas. 3 .. contenciosas adl11if\istra-
tivas. He preciso ' não dividir cada uma dessas espe-
ciElS de ·modo que se faça desapparecer a unidade e
cohel'encia que deve haver na jurisprudencia adminis-
t.rativà, e nas vistas políticas, consultando cada divisão
do Conselho de Estado destacada, cumulativa e simul-
taneamente sobre cada uma daquellüs materias.
Secção do contencioso .
._ N.ote-se porém: ~
Que essas Secções, á excepção da do contencioso,
constituem como taes um Conselho particular para
cada Ministerio. A sua audiencia, como tal, he me-
ramente fac~ltativa para o Ministro.
. .
A Seccão do contencioso na Franr.a não anda li-
gada a UinisLerio algum especialmente. Abrange os
, negocios conlenciosos de todos.
1.° VOLUME,
Sessão do Senado de :1.& (te Junllo de t.S ~:I..
PROJECTO.
~l,'t. a.
o .p.cumb~ ao Conse\ho (le Estado, consultar sobre
todo~ os negocios, em que o Imperador houvl;)r por bem ouvi-lo,
tanto aos que dizem respeito ao exercicio do Poder Moderador, -
como ao do Poder Executivo .
PnEAlIBULO . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • .• • •••••••••••••• • .• 11 I
•
-2
Pags.
CAPITULO YIL-Das fontes, limites, e das sciencias au xi- '
liares do Direito administrativo·.. . .... 41
Apl,eõdice.
.
I
ENSAIO
SOBRE
o DIREITO AD)IINISTRATIVO
PELO
TOMO lI.
-vV\ F'ú\ fVV\r-
RIO DE JANEIRO,
T\'POGRAPHIA NACIONAL.
•
ENSAIO .
I
fJ&,.PITULO XXVII . .
Do Pode." Mode."ado.".
« , Dizia o Sr. Feijó (1) que, por mais simples e claro qU?
fosse qualquer negocio, era desgraçadamente objecto semprç
(1) Os i\lustres Senhores Feijó e Araujo Lima, vir:lo-se nas suas RI)-
gencias embaraçados com as dema6iadas restriccOes postas ao exercicio do
Poder Moder.ador pela lei da Regencia. O Sr. Alves Branco o attestava no
Senado, nestas eloquentes palavras. « Pela historill contemporanca do DOSSO
paiz tenho observado !.Iue grandes desvantllgens ,tivemos com, o amalgama
dos Poderes Moderador e Executivo. Sabemos que pela lei da Regencia
foi eUa limitada no exercicio do Poder Moderador, mandando-se .que todos
os seus actos fossem referendados, e não vi que d'abi 6e segui ~sem van-
tagens; pelo .contrarjo os embaraços de quasi todas as crises do paiz du-
rante Oi 10 annos do interregno, forão !,or mim considerados como prove,
nientes da confusllo de Poderes. Não mO ' cxtenderei a fazer o desenvol-
vimento desta prpposição, mas este foi o meu Pllns.a.J'llento, o unico por que
sempre pude explicar os factos que observa~a; factos que fizerão em mim
mui prorunda im!lre!são. Nestas occasiões uma só cousa me consolava, e
era que g. conrusllo dos dous Poderes tinha de acabar, porque a sua se-
paração completa estava cODsagra~a na lei fundamental, e não era já um"
-6--
de grande questão i e que elle não podia convencer-se de
quo não se quizesse hoje uma 'condição, em que havia con- ,
sentido o Governo antigo, a quem não faltava ciume da sua
autoridade. Ajuntou que não tinhlC visto acto algum do Poder
Moderador que não fosse referendado, como por exemplo as
nomeações de Ministros, convocações extraordinarias da As-
sembléa, &c. e por isso não achava que pudesse entrar em
duvida uma cousa tão natural, que o Governo passado julgou
indispensavel, e que era ordenada pela Constituição; Q con-
cluio que sendo o artigo a confirmaçãO do que era usado,
e não uma cousa nova, devia passar. »
A demonstração, ali~s
então dispensave}, de que os
aelos do Poder l\'Ioder{ldor: erão exequiveis sem refe-
renda, sómente poderia servir para auxiliar: a adopção.
d' aquelles paragraphos e para aggravar a posi~ão dos
Senadores que se esforçavão para que fossem sup-.
prirnidos,:
pôde pecear; quem reSP9Ilde por cllc são os Ministros de Estado, tanto
nos actos do Poder Exeéutivo, como nos do Moderador. Hontem disse, e
muito bem, um nobre Senador, qne se os aetos erilo do Poder Executivo,
os Ministros responllião por elles, e se erilo -do Poder Moderador referen-
dav.ilo os Decretos; para o que logo he esta palavra (Moderador)? Disse
um nobre Senador que se oppõe ao paragrapho, qu e esta pala\'ra (Mode-
rador) se deve conservar, po rque assim o exige o progresso das luzes; eu
estou de opinião contraria, porque assento que á medida que se augmentllo
as luzes, as materias se vão simplifi cando, e desprezando as palavras ocio-
sas, que não exprimem idéas distinetas. Todo o mundo sabe que o Poder
Moderador he uma autol'idade que a Naç.lo estaheleccu g-ozando de todas
as prerogativas de respeito e homenagem, mas tambem he a unica auto-
ridade que n.a da governa no systema representativo. Clama-se pela exis-
tencia do Poder Moderador, porque elle he a sentinella de todos os Pode-
res; mas as idéas hoje são outras, depois que se fi xou bem a id éa de Sobe-
rania Nacional; a sentiQel'a dos mais Poderes hc o Legislati\'o, que nno só
faz as leis conjuuctamente com os outros Podere,s, como vigia incessa n-
temente se a Constituição he guardada, e tem a seu cargo accusor os Minis-
tros de Estado, e ainda os membros dos outros Poderes..... Tambem se
disse que erno heterogeneas as attribuiçOes do Poder Executivo e Modera-
dor, mas ao dep9is. se. d~s:;e que o Ministro referenda todos os aetos I Como
se póde casar isto? Não ha tal. sno de facto os Ministrps de Estado o
PodeI' Moderador e Exeentiyo. »
Tndo isto he perfeitamente logico. São consequencias francas e irrecu-
sav~is da opilli:lo que iguala, pela referenda, os actos do Poder Executivo.
e. Moderador: . Se, .a ~guem qwzessjl fazer a satyrn dessa opinino nilQ a P.odll:
ria faECr mais elipmtuosa.
- 12-
Se exceptuarmos o Visconde de -Cayrú, o qual directa
e calorosamente investio aqueHes paragraphos, e o
Senador F. Carneiro de CampDs, o qual fez sentir que
o Poder Moderador podia obrar só por SI, seguirão os
outros Oradores diversos rumos.
Os Senadores Marquez de Caravellas e Almeida Al-
buquerque procurárão salvar o Poder JUoderador, sus-
tentando que seus actos estavão sujeitos á referenda
dos Ministros, e confundindo-os com os do Executiv(').
Se estavão sujeitos á referenda dos Ministros, e por-
~nto dependentes d'estes a sua exeoução, não valia a
pena extinguir o Poder Moderador, e passar as suas
attribuições para o Executivo, isto he, fazer, com -o
nome de reforma, o que já existia. Sustentavão assim
aquelIes Senadores a emenda dQ suppressão dos paragra-
phos acima citados, proposta pelo primeiro 'Marquez de
çara.vella,s) e que foi qepois adoptada, ficando a questão
da referenda sem soluÇãO positiva, por não haver vo-
tação que sobre e1la especial e qesigQadarqent~ re~abisse.
Era a fracção reaccionuria . que queria dar cabo do
Poder MQderaqor, representada no Senado pelo Senador
Vergueiro auxiliado pelo Senador José Ignacio Borges,
a que sustentava com mais tenacidade que os actos
do. Poder. rt{oderador 1 pela Const\íuiç&o não tinbão
refereJ;}da, e isto nos termos que o Leitor vai vêr.
Dizia o Senador Vergueiro nl\ sess.ão 4e 5 de Junho
4e 18~2:.
- 15
A opmlao chamada liberal, de então, forcejava para
fundir o'_ Poder Moderador com o Executivo.
§ ~l."
29 -
« Um nobre Senador disse em outra oC-(jas-ião: - POI'4UO
Ilão havemos de proccder da mcsma maneil'u I}OI' €Iue l'~I'tlOS
procedido até o presente? Porqu.c l~ão havemos de exigir re-
ferenda nos actos do Poder Mo erador, como se exigio sempre?
~Eu respondi que, segundo o que tinham os até o ()tI(:'sellte
seguido, não obrigavam05 os mnislros a referenda'f os actos
do Podei' Modemdor; e como o demonstl'lli eu? Não
apL'Csentando factos, PQrq'ue os l\Ji.I~·istt'(:)3- tem a mte J'~peito
praticada diversamente; mas pre.du.zindo um. acto legislativo,
que não. pôde seI: suspeito de (lue f()sse dictado- pelo terror,
Olll por circulmtun.cias · mon05 dig;nt\s, que Ilão< fosse a propl'ia
co-nv.icção,
« Este aelo he a L\,l~ da RCóeaciu: esLa L/'i diz que a He-
geacia continuará ü exercer u<ctos d@ll?oder Moc\cnadol' aom a.
reCel:en.da dos Mi.nistros,- Pam que esta <1eclal'ü<tüo, se os mesmtlS,
aetos do M0na~cha: à~vião ser refere!ldado5? Se 03 legisladores
estivessem convencidos de qu~ os actos d:o, P(}(ter Modemdor
devião ser referendadós pelos- ~HnisLros, fie certo não farião U
deelaraçü(j) que IizC'llãO, de que, dUl'as,te a Re'gen-Cia, esses actos
fossem referendados pelos Ministros; esta- declaração cra' eS'-
cusada., Eu não entro no. exame da dmotri-ria; o· que cu qui-
zel'll Iw que se decicHs;c. esta. questão, questão importante,. Até
o presente, pa.l'cce q,l:le o· qlW e3tá deei<:J.ido be que, pelos netos
do Poder Moderadol:, são l'Cs~0usavei5" 1 não 0& CODseLhei,cos
de Estado, mas os Ministros, que sã1J os, que se suppõern Con-
seUleiros do Imperadol',
« As cenSUl'as pois que: se I1zeFiío, ú arnnistia de C{lie falloa·
° nobre 5enad'()1~ se cHl'igião nos Miltis~ws Consellleil'os. Eu
llã.o sei se alguns dos nobres ex-Ministros que se achão pl'C-
SClltes poderá'Õ' contestar quO' eHes ('ossem. Con.s~lhei:ros . .Eu
supponho ql:le nunca o Imperadar: Flócle' concede!' uma ulull'is-
tia que não seja l'cclamada pela humanidadc e bem do Estado,
com9 prescreve a Constituição, Disse cu, quando faUei a pri-
mcit:a. vcz, quc' esses actos· não el'ão cxecutados sem l'ofel'enda :
os MillistJ:os nUo se tornão 1:espoD3avcis pela rcferendo dcssf!s
nctos, pOl'qU3 são ilctos <:lo PodeI' rI-odcl'adol' ; o l\Ji'nislro, sim,
p0de entendel' que, provind0 dac1uello acl0 calamidade geral
ao EsLado, eHe não dcve ser OI execu tor, e pód-c reti rar-so da
admjn~stra<}ào. Mas- <:) nobre Scnaüol. julga qQc ni to ho rcs~
- 30-
ponsabilidade; não lia senão aquella que se dá em todas a{
cousas, a responsabilidade moral.
« Sr . Presidente, eu supponho o Ministerio um corpo soli:'
dario, e cu desejarei sempre que todo o Ministerio seja soli-
daria, que um por todos e todos por um seja a maxima que
pmsida Ú organisação de todos os l\Iinisterios. Mas, a que res-
ponsabilidade se \ sujeitão esses Ministros? A uma, á respon-
sabilidade moral. Poderá um Ministro dizer: - Eu niio devo
ser censUl'ado por actos do meu collega, a eHe cabe só a cen-
°
sura, assim como a eUe cabe . castigo; -:- o Ministro, neste
caso, ainda que não seja auJol' da medida, ainda que não
srja criminoso perante a Lei, he responsavel perante a opi-
nião publica. Eis a responsabilidade que cabe ao Ministro que
manda executar um aeto do Poder Moderador, do qual vem
males publicos; mas não póde s~r accusado perante tribunaes; .
ao menos, esta lIe a Illinha opinião, e cl'eio que tenho em
meu apoio a de muitos jurÍsconsulLos dislinctos.
« Não me lembro que tenha ainda lido lno caso figurado de
um Ministerio solidario) que um Ministro, ainda sendo o Mi-
nisterio solidario, fosse accusarlo perante os tl'ibunaes por actos
pl'illicados POI' outros Ministros. A puniçUo, neste caso, he só
iJ censma, he só a indignação do paiz. Se elle executa um
Moderador nllo dependião (Ia referenda, os Srs. Ferraz Presidente ()Q Con-
selho, Almeida Pereira Ministro do Imperio, e o Deputado Paulino José
Suares de Souza. O finado Sr. Landulpho sustentou a opinilio contraria.
(t) yide sessões da Camará dos Deputados de 1, 5, 9, 15, 16, 17 de Ju-
iho e 'de 6 de Agosto de 1861. A ,opinrlio de que os aetos do Poder Mo-
derador nlIo dependem da referenda, exposta e s,!stentada pelo Sr. Sayllo
Lobato Ministro da Justiça, foi impugnada pelos Srs. Furtado, Zaeharias,
José Bonifacro e Saldanha M'ari noo,. O Sr. Gomes de Souza sustentava:
1.0 Que todos os aetos do Poder Moderador devem ser referendados, e
estlIo sujeitos á censura parlamentar. 2. o Que o Soberano Dão he obri-
gado a ouvir os Ministros nas resoluções relativas aos netos desse poder.
3. 0 Que os Ministros slio obrigados a nssignar esses netos sem critica Dem
reOexlIo. oi. o Que a responsa bllidade nlio cahe sobre o l\linistro que refe-
renda o aeto, mas sobre aquelle que immediatamente depois continuar a
estar junto a Corôa.
~~P'TULO xxv •••.
§ 2."
.,
§, 5.".
-- GI
o folheto que acima ci tei colloca uelle as suas baterias, como se vê dos
seguintes trechos:
« Todas as theses da Constituição, relativas ao' Poder Moderador, são, como
se vc, dominadas por aquella que solemnemente declara a pessoa do ImL
pemdor - inviolavel e sagmda, uno sujeita a responsabilidade alguma.
« Ora diz o bom senso que declarar (em paiz livre) trresponsa,'el uma
pessoa, a quem se confião tão transcendentes fllncções, implicaria grave
àbSllrdo, se a sua inviolabilidade não fosse protegida pela respollsabilidadé
de fuuccionarios sem os quaes 'nada podesse lévlL'l" a errei/o. )J
. (1)« Dizer que um Poder he privativamente delegado a uma pessoa, e que
he independente de outro qualquer Poder, e querer ao mesmo tempo que
s6 obre por via delle, he inintelhgivel. )) Discurso do Senador Alyes Branco
na sessão do Senado de 10 de Julho de 18.1. _ . .
- 65-
Serião dOlls absurdos e um compensaria o outro. Mas
qual he a opinião que he absurda? Estamos outra
vez no mesmo terreno.
§ 8.°
(1) Mas qual era a conclusão que o iIlustrado Senador tirava desta bella
descripção que encerra a verdadeira theoria do Poder Moderador? A con-
clusão faz cabir das nuvens. Ei-Ia -Tudo isso porém não póde ser feito
senão com a referenda, com a responsabilidade. com o ben'lplacito dos
agentes interessados de outro Poder, que póde ser o que está fóra da ordem.
Assim a Constituiçllo-1JOnderibus librata suis-teria collocado cada um
dos Poderes em uma concba da balança, e depois de os haver equilibrado e
estabelecido o meio de manter o equilibrio e harmonia, teria atirado com
todo o peso do neutro, do superior do que está acima de tudo, na comha
de outro, reunindo dous em uma! E isto para fazer equilibrio! Não faça-
mos á Constituição a injuria de a suppllr tllo absurda.
" - 69-
,
Anniquila a delegação privativa 40 Poder Moderador
feita pela Nação ao seu 1.0 Representante e Chefe Su-
premo, porquanto:
o partido contra
cujo poder e interesses se houver
uma parte da população revoltado, dirá: - o bem do
Estado consiste na punição dos revoltosos - o partido
contrario dirá-o bem do Estado consiste em que se
lance o véo do esquecimento sobre tudo.
(1) Este artigo foi tirado do art. 174 do Projecto da ConstituiçlIo apre-
sentado á nossa Assembléa Constituinte, que diz-Os Ministros referendaráú
os netos do Poder Executivo, sem o que n:Io sno aquelles obrigatorios.-E
note ~se que n'esse projecto ,nno bavia Pode~ Moderador. .
•
84
do Podcr Executivo), evidentemente estabelece a l'es-:
ponsabilidade dos ~iinistros unicamente para os aetos .
do Poder Executivo, excluidos os do Poder Modera-
dor d@s, quaes. trata exclusivamente o. capitulo 1. 0
§ to ..
Os :\c tos (10 Podcl' Model':\(l Ol' " b rigão inuncdiatmneJltc, selU
mais fornaali(ladc, c al,c nas JIlanifesta(los pclo 1n1l'cl·adol'.
o Poder ~Ioderador,
como vimos, he um Poder.
mdependenlo, e delegação da Nação. Ora para que um
- 85. -
Poder seja independente he neeessario que gyre na sua
(~sphera propria, e que· neUa encontre os meios para
fazer obrigatorias as. suas deliberaÇÕes sem dependen-
da de outro. Poder. "
tripliee dos Eleitores das Co maras. Nunca suspendeu Resolutúes dos Con-
selbos Provinciaes; nlIo dissolYCu a Comara dos Deputados; apenas nRo
deu sancrão a duas Oli tres Leis, relativas á extinccllo do fôro MJ!itar.
Este nto' nllo foi exll'aordinario, ant es aplaudido pelás pessoas sensatas.
Nn nomeaç1io de Ministros de Estado se mostra ler sido maior o numero
dos Drasileiros natos, e talvez com preferencia aos Brasileiros adopti\os:
Nomeou Conselbeiros de Estado pessoas da Dór dn Na ~ ão, e de credito por
seus tnlentos e serviços, &c., &c.
(1) He sem duvida [Jor esses e outros factos que o Imperador Napole1io 1II
dizia na esposiçilo qll ~ precede a ConstilniçlIo dc 14 dc Jant'Íro de 1852
« Dans cc pays de centrulisation \'opinion publique a sans cessc tout rapporté
nu Cbef du gouveruclIl ent, \c bien comme le mal. Ainsi éCl'ire cn tê te d'une
cbarte que ce Cbcf cst in'csponsable, c'est mentir ali sentimcnt public,
c' est vouloir établir une fielion qui s'es t trois fois cyanouic au bruil des
réyolutions. I) -
- 91-
1\Ias, se não ha referenda e Ministro que responda.
como poderá ser o Imperador irresponsave11
§11.
tbus freely tbe personal ncts of the soyereign (either directly, or eteu througb
the medium of his reputed ndvisers) belongs to no i odividual, but is coo ·
fined to tbose august Assemblies; nud then too the objeetiqns must be
proposed with the utmost respcet nud deference. ))
Nlio entra porém no meu 1>laoo este assumpto, sobre o qual poderá
o leitor consultar com proveito- Chassao -Traité des dçlits et contraven-
tions de la parole, de I'écriture et de la presse-nos artigos-otreuscs en-
'Ycrs la .personne du Roi -Allaques contre l'autorité ct la dignité du Roi-
Attaques contre les droits du Roi.
(1) Sessão da Camara dos Deputados de H de Junho de 1841.
93 -
nado o Senador Paula Souza, referindo-se a uma
opinião semelhante:
(1) Em abono das opiniões que lenho exposto e sustentado não posso
deixar de citar, além das muitas que já citei, a valiosa opinião do meu
douto ami ~o e collega, o Conselheiro Pimenta Bueno, no seu Direito Pu-
blico Brasileiro . Ahi diz elle, que assignando os Ministros os actos do Po-
d ~ r Moderador apparece o seu nome sómente para authen ticar o reconhe-
cimento, a veracidade da firma Imperial ; 11110 slIo pois responsaveis por
'taes actos, -Direito Publico Brasileiro 1.0 vol. Tit. (i,O Caps, 1,° -e 2 .°
104 -
tros do Executivo, e tem estes l'eferendaup e executa'-
do os actos d'aquelle. ,
Poder-5e-ha concluir d'ahi que esses aetos serião
inexequiveis se os Ministros se tivessem negado a re-
ferenda-Ios~ e a executa-los?
Referenda na Sancção.
Ouçamos ª
explicl\çúo mui simples e verdadeira
que do citado artigo dá uma auloridade muito superior
á minha, se alguma posso ter. Dizia o Sr. Alves
Branco na sessão do Senado de 10 ae Julho de 18.4.1.
« Eu eritendo que esta parte da Constituiçi1o he perfeila-
mente logica. Diz o art. 132 que os Ministros de Estado re-
fcrendaráõ todos os actos do Poder Executivo, sem o que não
poderáõ t~r execução. E porque não poderáõ teI' execução sem
a ICferenda dos Mi nistros? Diz o art, 133 - Porque os Mi-
nistros são responsaveis por elles. Mas se acaso um Ministl"O
disser que f()i o Imperador que mandou fazer o acto? Res-
ponde o art. 135 - Não salva aos Ministros da responsabilidade
a OIdem do Imperador vocal ou por escripto.
« Querer achar aqui obrigação de referenda para o Poder
1\foder~dor he dür por provado o lIue se questiona; he uma
manifesta petição de principio; porque tratando-se aqui do
Poder Executivo, he evidente que esle artigo se refere ,a elle;
e para se referir ao Poder Moderador, era mister que antes
se tivesse dito que seus actos tambem se referendão; o que
não he assim. »
§ 16.
.
- 113 -
Ha de desappareeer com os ciumes e as lutas in ~
I
- § 1.0
(1) Não traduzirei para lhe nno diminuir o chistc o seguinte trecho
muito significativo do Nacional. K Regner est quelque cbose de fOrt elevé,
de trés difficile It faire comprendre à certaills Princcs, mais que les Rois
anglais entendent à merveille. Uu Roi anglais est le premier gentilhomme
de son royaume; il est au plus haut point tont ce qu'un anglais de
baute condition pcut élre. 11 cbassc, il ai me les ~be\'aux, il est curieux
du continent, et \'a le visiter quand iI cst Prince de Galles; iI I'st même
pbilosophe <luand c'est l'usage des grands seigneurs; il a I'orgueil anglais
I'ambition anglaise au plus haut degré; il soubaite le triomphe du pnvil-
lon; i\ est le creu\' le plus joyeux de I'Angleterre apres Aboukir et Tra-
falgar; il est· en un mot la plus haute expression du caractere anglais; 1I
est trois cents fois cc qu'est un lord de la Grande Bretagne. La nation
anglaise rcspectc, aime en Ini son Representant le plus vrai; elle le dote,
I'enricbit, et \'eut qu'i\ vive daus un éclat conforme à son rang, et It la
richesse du pays. Ce Roi a des sentiments de gentilhomme; iI a. ses pré-
férences, ses antipathies. Tandis qu'un lord n'a que le trois cenlJeme du
\'eto de la Chambrc haute, il a te veto de la royauté tout entier, it dis-
sout une Chambre, it re(use un biU, quand les choses lui ' semblent aUer
dans un sens t'rop contrl1:ire au sien. Mais iI ne gouverne P!ls, i\ IlIissc ~c
pays se gouverner i iI SUlt rarcment scs gouts dans le chOlx de ses_ tih-
nistrcs, car iI prend Fox qu'i1 ne garde pas; mais iI prend Pitt qu'iJ garde;
il prend M. Canning, qu'iJ ne renvoie pas, mais -qui mcurt au pouroir. II
Veremos adiante até <lue ponto he isso exacto.
J20 -
possue ' a confian ça das Camaras (porque sem ella.nuq exislil'ià )
não faz senão (lousas que cllas approvem; porém fa-Ias com
unídade, em qunnt.o ellas na sua diversidade e com seus cem
olhos, o observão, criticão e julgão. Assim o' Rei reina., os
Ministros governão, as Camaras , .
julgão. »
§ 3:
\
-- 121-
e falsos em si mesmos quanto graves em suas con-
sequencias (1).
§ 4..
louvar James por ter sido SêU proprio High AdmiraI; e todos-
os parlidos julgál'ão natllral e razoavel que Guilherme fosse-
o seu proprio Ministro dos Negocios Estl'3ngeiros, »
E em outro lugar:
« O Rei não está habilitado para governar sem o Parla-
mento; mas t~m.bcm não está reduzido á condição, do uma
estatua ou de um Poder dependente, Elle tem influencia bas-
tante para fazer sentir as suas opiniões, e as suas inclinações
em todas as operações do Estado (1).
(1) Permilta o leitor que fôrme aqui uma nota com duastranseripçúes,
que derramllo alguma luz sobre o assumpto. . -
Referindo-50 ao anno de 1839, quando um Minislerio Whig deu- a sua
<!emissão, diz M. Guizot na sua bella obra intitulada -Sir Robert Peel-
Elude d'Histoire contemporaine.
« La Reine fit appeller le duc de Wellinglon qui, de même qu'en 1835,
l'cngagea à s'adresser à Sir Robert Peel. Sir Robert se déclara pret à former
un cabinet, et en indiqua sur le champ les principiaux membres. La Reine
les agréa tous, se montrant décidée à soutenir loyalement ses nouveaux
conseillers; mais a"ec la meme franchise, elle témoigna qu'elle regrettait
los anciens et croyait n'a"oir cu qu'à se louer de leurs services. Les Whigs
avaient entouré son enfance; depuis qu'elle élait sur le trone, Lord 1\Ie1-
hoúrne, par l'aménité de son caractere, par I'impartiale Iiberlé de son ja-
geruent, par les agréments de son esprit tranquillement moqueur et gai,
c par dcs soins à la fois respectueux et presque paternels, lui avait inspiré
une confiance et un gÔut voisins de I'affcctiou. Pcel et ses amis eô con-
çurent quelque inquietude, et pcnsercnt qu'en prenant Ic pouvoir i1s avaient
bcsoin de rrouvcr qu'eux aussi ils possédaient I'entierc confiance de la
Reinc. Pec lui demanda à disposcr dcs principales chargcs de sa maison.
Ce ne rut pas, a cc qu'i1 parait, de Sir Robert, mais du duc de 'Vellinglon
lui même quc vint la premicre idéc de celte exigcnce. La jeunc Rcine en
fut choquée; c'elail, lui direnl les \Yhigs, une prélention exhorbilante et
que n'autorisaicnt poinl Ics préccdcnts, On njoutail que de grandes dames
- 129-
He portanto ~m gvande erro affimar que na Ingla·
terra, typo e paiz classico do governo constitucional,
os S~beranos nunca governárão e nunca gov~rnão. Tem
isso dependido, e ha de depender sempre, do caracter
do Soberano, e das ciroumstancias.
du parti cons er\'n~eur en avaient parl6 comme d' un triompbe ,ur la Reine,
disant qu'elles sauraient bien, quand elles formeraient sa cour, la contenÍl'
dans ses limites constitutiounelles mieu" que ne faisaient les Whigs, L'im-
pertinence est quelque rois une arme utile, mais plus souvent un dangereux
plaisir. Le lendemain du jour ou Sir RoberL anit formá sa demande, iI
reçut de la Reine cc bilJet: .
" - La Reine, arant reflecbi sur la proposition que lui a fait hicr Sir
Robert ·Peel d'eloigner les dames de sa cbambl"e, ne peut consentir a uu
procédé qu'elJe croit contraire à I'usage, et qui repugne à ses sentimelltS.
« Sir Robert répondit par une longue lettre r6spectueuse, sens6e et
constitutionnellement vraie, mais un peu lQ.urde, et sans élcgnnce, COmme
~I!ns compll!isance. Evidemment iI convenait mieux au Parlement qu'à la
Cour, La negotiation fut rompue, et Itevint dans les Cba~bres I'objet d'un
débat. Les conservateurs, Wellington comme Peel, maintinrent Icur pré-
tentiou; les Wbigs soutinrent le rerus de la Reine, se déclal'nnt prêts à eu
accepter la responsnbilité. IIs reprirent aussitôt le pouvoir, et Sir ltobert
Peel reprit de son côté, pour deul ans encore, son rÔle d'homme de gou-
vernement dans I'opposition. II
Em um dos mais antigos e mais acreditados Jornaes da Europa, o loma'
dOI Debates de 2 e 3 de Janeiro ultimo, li eu bn dins um mnito intores-
snnte artigo sobre o l'rincipe Alberto de Sal e Cobourg, hn pouco finado.
O seguinte trecho tem muita relação com a materia de que ora me occupo ,
« Quant alu conséquences poJitiques de la mort du prince Albert, iI
est difficile de les prév.oir des nujourd'hui et de les nprécier dans une
juste mesure. Le prince, quoi qu'on en puisse dire, n"ai~ une grande pnrt
dnns le gouvernement de I'Angleterre en tout ce qui r elevnit de I'autorité
de la reine. C'était vninement qu'i1 en était eIclu par la Constitution, la
nature des choses. átait plus forte que le principe légal; et en elfet iI ne
IiC pouvnit pâs que le mari de la reine, si tcndrement aimé et si digne dc
I'êtrc, ne ruI pas toujours infol'mé des questions mises à I'ordre du jour,
eL souvent coDsulté sur la meilleure solutiou qu'il faudrait leur donner, et
que son opinion n'eüt pas un grand poitls sur I'esprit de sa compagne.
Les hommes d' EtaL de l'Angleterre, ministres passés, présens et futuri,
u'ignoraient point cette. condition dlt gouvernement de la reine ; ils I'acccp-
taient et s'cn Lrouvaient bien, parce que, somme tout(l, I'infljlence do, prjnre
tournnit au grand avantage des alTnires. ,Albert de Snxe-Cobourg s'étai~
fait Anglais; iI s'6tait donné sans réserve à sa nOllvelle patrie; iI en servait
les intérets, qui étaient devenus les siens propres, avec une conaissance
parrnite de toutes chose's et un zele qui égalait au moins celui des meil-
leurs patl"iotcs. Le prince avait SUl' tous les hommes poli tiques de I'An-
glctcrre I'immense avaótage d'etre étr'lnger à tOU8 les partis ; il n'était ui
torr, ni wigh, \li radical , ce qui le disposait à servir, dans loures les grandes
occasions, de médiateur et d'inttmnéi:liaire; iI rapprochait toutes les opi-
Ilions, i1 les couciliait; i1 npprenait aUI hommcs les plus opposés à tran-
l;iger et à se réunir quand uu · &rand intérêt I'exigeait, et I'on Murrait
citer de uom breuses occasions ou il a rempli ce grand et difficil e rÔle à
. Ia satisfaction de ceu x-Ià meme qui s'étai ent d'abord montrcs les plus l"cbelles
et Ics plus in traitables . Tou t cela le prince le fais ait sans brui t, avec' une
simplicité et une nbnégation Qui en rehaussai ent la valeur. Com mc iI était
rempli d'attentions pour la reine, iI Ii'e[açait toujours , ayant gran de soio
de lui reporler le mérite du bicn qu'il venai t de faire,
lI. 17
- 130-
. Os maiores, os mais independentes, os mais aclivos
Ministros que governárão a Inglaterra, attendêrão' nas
mais graves occasiões ás idéas, aos 'sentimentos, ás
opiniões da Corôa, da qual erão Conselheiros. A eman-
cipação dos Catholicos da Irlanda foi demorada por
20 annos, pela opposiÇãO pessoal do Rei, e Pitt, o
maior Ministro que teve· a Inglaterra, res-pondia ás ins-
tancias que lhe erão feitas em favor dessa emancipação
-Não pude persuadir o Rei.-A consciencia do Rei
me . deté!ll. - Não posso obter o '" consentiment:o do
Rei (1).
,
Porém supposto a Corôa Ingleza possa ter ou tenha
effeclivamente incontestavel influencia no governo, .in-
tervem e11a, ou deixa-se vêr raramente. Dirige-se mais
que nenhuma pela opinião nacional, e póde melhor
fazê-lo, do que qualquer outra, porque he a Ingla-
terra o p:liz onde a opinião -nacional mais homogenea,
e a certos respeitos unanime, se manifesta mais cla-
ramente, e onde ha verdadeiro espirito publico. Não
pretende alli . a Corôa governar tudo, não embaraça
os ~linistros, não difficuIta li sua tarefa e relações
com as Camaras. E, sobretudo quando ,os tempos estão
r·
§ 6. 0
_
Vejamos.
-
Na Frunça tambem esteve dividido por um pequeno
num ero de homens da 1.· ordem, como Guízot{
Thiers, &c, &c,
§ 7 ..
§ S. -
ConclBsüo do Capitulo.
Da (:;entraIl8aç~o.
(1) « And although is bas been said, in one sense juslly, that the structure
of a feudal Kingdom and a feudal harooy was the same, the kiogdom being li
great barony, and the barony a little kin ~dom; yet thel' dilTercd materialll'
io thi s respect, that lhe pllwer o{ t,he kmg was much less in his realm
Chall Ihat o{ the baron in his IOl'dship , These are said lo bave be~ n 1.115
barooial castles io England in tbe tw clrth cenlury ..•.•.•• The wbol e ar-
ran lZements. civil and military, of the feudal syslem, wére sucb as to render
it Quite impossible lbat tbe crolVn sbould bave anl' steadl' or considerable
autboritl' at home, or any regular power abroad -». Brou~bam. Political
Philosophy. Part e J . ~ Chapler 9. f eud al sys lem. '
- 16L -
sómente de administm'l', como tambem de governar, repar-
lido entre mil mãos, e fraccionado por mil maneiras;
a ausencia de toda e qualquer centralisação governa-
mental impedia que as nações da Europa marchassem
com energia para algum fim. -
As dolorosas convulsões pelas quaes, no momento
em que escreVo estas palavras, e.stá passando a ltalia
para reunir as suas diversas fracções em redor de um
centro, são mais uma prova da difficuldade de reunir
e centralisar aquillo que tem vivido dividido e decen-
tralisado (1). •
(I) Vem-me ao bico da penna, como applicaveis à revolução pela qual está
passando a Itaha, . aquelIes magnifi cos versos, com que um dos seus maiores
podas descreve uma erupção do Etna. .
« Interdum sropulos avulsaque viscera montis
« Erigit eructans, liquefactaque saxa sub anras
« Cum gemitll glomerat, fundoquc elestuat imo.
E NEIDOS L. 3.°
11. 21
- 162' -
A. HisLoria narra longamente as secula:'cs e porfia-
das lutas que a Realeza teve -de sustentar rara chegar
á unidade e á cen tralisação- do> Pod-er alY"oluto (1), e
talvez tyrannico em muitos paizes e épocas, porém pre-
ferivel ao poder tambem absoluto e tyrannico de muitos
tyrannetes. O poder tyrannico que está perto he mais
insupportavel do que o que está longe.
•
- 164-
Assembléa Constituinte da França-:-·« chactm savait alors
ce qu'il fallait 'renverse1', nttl ne savait ce qu'il fallait
établir) (1).
§ 2."
o que bc cCJltrallsação.
•
-- 165 -
subordinação dos administradores locacs á autoridade
central, a qual os nomêa e demitte, e reserva para
si a decisão dos negocios mais importantes. As con-
sequencias da centralisação forão porém exageradas,
exigindo-se a intervenção central para nego cios locaes
de ' mui mediocre importancia.
(1) Na falia com que o Rei Victor Manoel abria o anno passado (1861)
o Parlamento Italiano dizia: « Estabelecendo as maiores liberdades admi·
nistraLi1Ja,ç entre povos habituados a costumes e a uma organisaçllo dilTe-
rente, velareis para que essa tmidade política, chamada pelos votos de tan-
tos seculos, niio seja alterada. 11
- fG?i: -
Porquanto ha interesses ql1C silo- communs a todas:
u;; partes da Nação, bem como a' formação das leis-
geraes, os que prendem ás relações ex-ternas,. &e. lIa
outros que são especiar,s a certas· partes da Nação,.
como por exemplo r.erlas empresas,. -ob;as, &c.
.
A Convencão Nacional da Franca foi a A-"sembléa .
a mais demagogica c a mais revolucionaria de que reza
a historia. Foi tambem a mais centralisadora (1).
•
170 -
r (Il Pretendeu-se arremedar isso entre nós, propondo-se que 05 Presiden tl!6
de Provincias fossem nomea dos pelo lmpel'ador sobre proposta de tres
cidadãos Brasileiros, feita pelos el~ito~es no mesmo tempo em que elegessem
os Deputados ás Assemb léas PrOVIDCl8es.
Acta da sessfio da Camara dos Deputados de 27 de. Junho de 1835.-
A Commissno de Constituição composta .dos 81'S. C1ndldo José de Araujo
VianJ?a (Viscond~ de. 8apucahy), CarnClro l eno 1.Mal:q.uez de. Paraná ),
e LUIZ Cavalcanti, fOI de parecer qu e esta matena dIZIa respeIto a umll
att.ribuiçllo do Poder Executivo (a Constitui~no diz do I~peradol', e quando
falia do provimeuto de outros em pregos dIZ do Executivo, arts. 10:t Si 4 .•
e lG5) que .se pretend l8 restringir, e por ~sso irn~orta"a reforma constitucional.
A mesma Commissão julgava essa medida nocIva aos interesses da unino.-
N«o teve este negocio seguimento . Acta' da sessllo da CUIDar a. dos lJppu-
tados de 24 de Julho do 1835.
- "17~ - \
que assim convinha ao bom seryjço do Estado, e no
art. 102 § 4.°, que competia ao Chefe do Poder Executivo
pr~vêr os empregos civis e politicos.
•
§ 3."
§ 4.°
Vantagens da (lentraUsaçuo.
§ 6:
(I) São, como costu mão ser, profundas as seguintes observações de M. Gui-
zol- " QuaUlJ le poUYoir_supérieur esl ch.1rgé à la fois de gOIl\"erner a\'eê
la liberté, et d'administrer avec la centralisalion, qlland iI a à lulter au
so mmet pour les grandes aITaircs de l' Etat, et en mcrne temps à regler
partout, sons sa responsabilé, presq lle ldulos les nffaires du pays, deux iu-
eoU\'cUicBts graves no tardent pas a éclater; ou bien le pou\'oir ce ntral ,
absorbé par le soio des aO'a ires générales, et de su prop l'e defeLlse, negligc
les affaire lo ca les et Ics laisse tomber duns le désordre et la languenr i ou
bieo il les lie etroitemeLlt aux aO'ail'es gé nérales, les 'fait servir à ses propres
intérêt-s, ct l'administration tout enticre, depuis le hameau jusqu 'au palllis
lI'est plllS qu' un moyeo de gouvemement eo tre les mains des p~rtis poli tiql1cS
qui se àisputent le pouvoir. » l\1emoires p o ur~ e rvir à I'bistoire de m ou temp5.
1 ,0 volume, capo 5. He-oos isto inteiramente applicayel. ·
- 184-
tempo absorvem com miudezas; o tempo que toma a
~gencia, manejo e direcção individual de maiorias par-
lamentares; o que se perde- em idas e vindas, em es-
perar aqui e acolá; a necessidade de procurar a' todos,
de responder a todos, de apertar a mão a todos, de
cortejar e adjectivar a todos, não nos surprehenderá
que o desgraçado chama,do Ministro, se tanto durar
no l\iinisterio, chegue ao fim do anno cansado, afadi-
gado, extenuado, deitando a alma pela boca, sem ter
feito cousa alguma de vulto para vantagem real e du~
radoura do paiz, e almejando uma retirada como unica
liquidação possivel de todas as embrulhadas, promessas
e compromissos em que se vê envolvido.
§ 7."
n. . 20
- 10,{-
~
~ 8 .•
(1) (C Eu creio que :I ConstiLuiçllo he um:l lei que ainda não está bem en-
tendida, c nem desenvolvida em leis regulamentares, que Mo de ir, pou-
co a pouco, apparecendo e passando em tempo proprio " dizia o Senador
Alns Branco na se!sllo do Senado de 10 de Julho de 18H.
- 195
_ aliás gozava exclusivamente, acolhia tuuo, e occupa-
va-se de insignificantes questões administrativas, mal
e iricompletamente instruidas e examinadas, e tendia
, a administrar por meio de pareceres de Commissões.
Dirigia advertencias e recommendações ao Governo,
indicava-lhe soluções, m"andava responsabilisar empre-
gados, & c " O Governo umas vezes obedecia, outras
recalcitrava.
(I) Ha muita gente Que crê que a palavra liberdade be magica e opéra
por si só todos os melhoramentos. Decretada a liberdade está tudo reme-
diado. Decreta-se a liberdade em um paiz. Nno desaPllarecem logo tod05
os seus males? Nno ha mais que averiguar. He porque a liberdade he pouca.
Evidentemente o remedio he augmentor a dose . He cousa simplicissima e
facillima. Nno he porém dessa opinião Michel Chevalier, o qual no seu Curso
de Economia Politlca vol. 1. 0 Lição 10.-, diz o seguinte - « On pcut bien
dans un bel enlbousiasme voter au scruLin, on par Assis et le\é la libertá
~'un peuple; mais toute IiberLé qui ne s'~nto~re pll~ des institutio~s posi-
tll'es propres à la rendre feconde en améhoratlons ntales, je veux dlre con-
Cormes à la double nnture spirituelle et. mlltericlle de l' homm e n'est qu'une
libl'rté nominalr , drccYnnte ri dnn"rrCllsr.
~ 200-
por encanto, todas as diillculdades que inevitavelmenle
devia encontrar um paiz immenso, quasi deserto, pri-
vado de commurticações; que ha pouco abríra seus
portos á communicaçào com o resto do mundo; que
ha pouco Qcabava de sabir de um regimen colonial,
;.trbitrario e por ventura corrupto, e qué não estavá
preparado pela educação e habitos para o reglmen
pratico constitucional.
=- 20:2
de' 183-.4, novo Regimento dos Presidentes de Pro-
vincias. Vamos por part~s.
o Codl"o do Processo.
;\cto atitUclollal.
1
A confusão que d' ahi nasceu foi tal que pôz em du-
vida as propl'ias attribuições claras e patentes da As-
sembléa Geral, a qual chegou ao ponto de duvidar dellas I
Tal ' era o espirito da época I Os seguintes exemplos
provão ISSO.
fazer uma lei 'sobt'!) ' qualquer obj eclo po r causa da intelJigencia,
que se dava ao acto addicional. A cada passo discutia-se si
era l ou si não era geral o obj ecto de q ue tratava, Tinha·,so de
fazer qualquer in sti tuição, d izia-se no CO l'p O legislativo :- A
medida he boa i mas quem tem de ~e x ec ula r ' 11e. empregado
provincial; ao menos o acto addicion al como tem sido entondido
o con,sidera como tal, - era a lei adiada, e não 50 tomava
resolução alguma. Tinh a-se de refor mar, por exemplo, a ordem
do processo: ru as as autorid ades que executa vão o codigo do
processo erão consideradas provi nciaes, como se havia de marcar
á maneira de executar a lei si os executores della, por essa
desordem do Ilctà addicional, não se considel'avão empregados
gemes 1 regulal' a determinação pertencia ao Governo geral;
mas , a pessoa que tit,1ba de executar era do Governo 'provin,c ial;
de maneira que todas as vezes que os dous ~overnos não estivessem
dispostos a procede!' na melhol' harmonia, a desordem, o
a~archia em illfuIliveI. De duas uma: ou a illlerprelação do
àclo addicional havia de com mclter lÍs Assembléas 'provinciaes
â organisação dos codi gos , ou as Assembléas provinciae3 havião
de reconhecet' que os executores das leis geraes erão empregados
geraes : tomou o ultimo ex pedien te~não por es pirito de cenlrali-
sação, mas porque as A s~e m b léas provinciaes não permiltião
~ma execução regular em objectos de grande tarefa. Como
havia de uma Asselll bl éa provin cial regul ar um 'codigo com-
mercial, ou um codigo civil criminal, u ma ASliernbléa (como
são algumas) composta' de vinle Deputados, podendo haver
casa com onze Deputados, e havei' maioria com seis? O que
_ se de\'ia esperai' de uma Assembl éa tal? Estaria habilitada
para discutir leis d_csta importa ncia? E conviria que promovesse-
mos essa des união por todas as prol'incias? !Jcnhores, eu en-
lendo que a accusação q ue se faz aos Saqua remas por esto
motivo não he' fund ada, ha de me IJerdoa r o ' nobre Senador, »
(1) Este e outros prcjectos, tomados entlJo ao serio, o que nllo abonll
muito o estado das cabeças nessas épocas, recordao , entre outros da Revo-
Inção Franceza, um que menciona Duvergier de Hauranne, na introduc-
çno á sua Historia do Governo Parlamentar, e no qual o d ema~ogo e san-
guinario Saint Just propunha- Art. 1.0 As Municipalidades elegerau, de dous
~ 212 -
Sessão -da Camara dos Deputados de 12 de Outu-
bro de 1831, acla respectiva-Emenda-Cada Provin-
cia nomeará Mma Assembléa, que fará süa Constitui-
ção particular. - Apoiada pela terça parte dos Depu-
tados.
Sessão da Camata dos Deputados de 16 de Junho
de 1831, acta respectiva - Proposição -Que o Go-
verno do Brasil seja ora vitalício na pessoa do Impe-
rador o Sr. D. Pedro lI, . depois temporario na pes-
soa ,de um Presidente das Provincias confederadas ,
no Brasil.
Sessão da Camara dos 1!eputados de 27 de Junho -
de 1835 - Propôz-se que a quantia necessaria para
as despezas geraes da Nação, fosse dividida pelas Pro-
vincias do Imperio, designando-se a quota que cada
uma, na proporção de seus haveres, devia dar pará
taes despezas, eficando a cargo das respectivas Assem-
bléas Provinciaes, a escolha dos impostos, ou meios .
para obter taes quantias.-A Com missão de ConstItuiçãO
entendeu que este projecto envolvia reforma da Consti:,
tuição, e 'era nocivo aos interesses da união.-Sessão
de 24 de Julho de 1835 .
(1) Fs ~ava tudo róro dos eixos. Camaras l\funici paes, com manifesta violaçlfo
da sua lei organica, represcntavllo á Camara dos Deputados pedindo a re lllo ~lIo
llo Tutor do Imperador. Fical'ão as rll presen ta çües sob rc a mcsa p3ra sCl'cm
tomadas em cilusidcraçllo quando se tratasse das contas do Tutor. Sessões
de 21 dc Agosto e S de Sctembro de 1833 . Outras ccnsuravfio a falia do
1'hrono cm ofTicios, que erão recebidos com especial agrado. Actas da Camara
dos Deputados de 1334 .
(2) Ap~oveito a occasião para rcctificar, porque mc diz pe.ssoalmente rcspeito,
uma inexactidilo quc cncontro na Circular dirigida pelo Sr. Theophilo J3enedicto
Ottoni aos Eleitorcs da Pro\'incia de Minas Geraes. Diz ella a n, !ir, - " O
'51'. PauJino José Soares de Souza, dcpois Scnador, Visconde do ruguay,
'crll o Relator que propô1- () o Mi nistro que sallccionou a reforma do ncto
addicionnl -. EsLa segunda pnrte não he ex:acta . O Minislro que rc(erendou
a lei interpretati'l'a do aeto addicional, contl'a a qual votál'a na Camara dos
Deputados; foi o Sr. Francisco Ramiro de Ass is Coelho, as ignado na mcsma lei;
e fazia parte do Ministerio, seodo Rl"gente o Sr. l\la rIlU C7. de Olimla , o Sr. Aln's
Branco, depois Visconde de CaraTcllas, um dos mais illustl'c6, mui bl'Í-
·Ihantes, e proeminentcs Cbefcs do lado liberal. Pa rece que não considerou
dfluella lei como elbol'uitanlc.
-- 214 -
ue g de Dezembro de 1841; a maior força e prestigio
de um governo presidido pelo Imperador; o desengano
que trouxerão as rebellióes e agitações nas Provincias;
a reacção natural do espirito publico, forão reduzindo
e contendo as tendencias decentralisadoras nos seus
justos limites .
(1) P6de-se dizer que aSiiim ficara o nosso Podcr Geral de peior condiç1io
que o dos Estados-Unidos. Michel Chevlllier, Lettres sur I'Amerique du Nord,
referindo-se a um relatllrio apresentado no Senado por Mr Calhoun, apre-
senta o seguinte calculo de agentes fedcraes nomeados pelo Presidente.
(Executive pal1·onage.)
Agentes administrativos e financeiros ........................... U.IU
Serviço militar e negocios de Indios............................ 9.6U
Marinha...................................................... 6.409
Correios ....••.••••••.• , •. I ••••• , ••••••••• I •••• ••• , •••••• , • • •• 31.917
60.203
- 215-
o"direilo ue nomear para todos os outros empregos
passou para o Poder I'rovincial, que o exerceu até
a interpre~ação do acto addicional. Como Presidente da
Província do fiio de Janeiro nomeei Juizes de Direito,
\ Juizes Municipaes, Parochos, Chefes de Legião, &c., &c.
. -'
f::il.PITULO XXXI.
o quc mnn nação deve ter ('.lU vista nas suas JIl S-
t.Ítu i':()es hc assegurar u libcrdade, uireLtos, garanti as
c bl'm esta r dos ÜUHdrlus.
- 222-
Assegurm' contra quem? Entendem uns qu@ contra
a autoridade 'sómente, isto he quando ella não está nas
mãos delles. Partem de> seguinte presupposto, que con-
sidera0 infallivel. O abuso sómente póde vir de cima
e. nunca do povo, quaesquer que sejão a sua educação
a habitos. Cumpre portanto diminuir a força da all-
toridade.
'uma nação.
O primeiro consiste em enfraquecer o poder no sell
proprio principio, tirando á sociedade o direito de de-
fender-se em certos. casos. Enfraquecer por esse m@do
a autoridade he o que, em gera], se chama na Eu-
ropa fundar a liberdade. He este o modo pe]Q qual
os ]iberaes que estudão a liberdade nas producções de
alguns declamadores Francezes, tem querido estabelecer
a liberdade no Brasil. .
Ha um se~ndo modo de diminuir a .força da au-
tori.dade, e consiste .. ná0 em despojar a: sociedade, não
em despojar a autoridade de alguns dos seus direitos,
não em paralysar seus esforços, mas sim em distribuir
o uso das suas forças por differentes funccionarios,
dando a cada um todo o poder necessario, para levar
a eITeilo o que a lei lhe incumbe. Foi e&te o meio
de que se servírão a Inglaterra e os Estados-Unidos.
Torna a accão da autoridade menos irresistivel, menos
perigosa, mas não a destróe.
..
- 223·
liberuaua. O Estado e a Nação movem-se alli como um
só homem (I).
Núo tem porém centralisação administrativa.
(1) o Imprrio da Allcmailha nunca pô,le tirar das suas forças lodo o
~artirlo possivel. Tocqueville dá, as sl'guiutes razões: - Porque a força
nacional .DuDra foi ahi ceDtralisada.-Porque o Estado Dunca pôde conseguir
que as suas leis gemes fossem obedecidas. - Porque as partes separadas
desse grande coqJO, sempre ·til'erllo ° direito ou a possibilidade de recu-
sarem o seu concurso á antoridade commum, ainda mesmo nas cousas
que interessarão todos os CidadãOS; por outras palavras, porque ufio havia
centralisação go\'croalllental. . .
A fraquela e as difficuldades em que 'se está vendo o [mperlO AlJstnaco,
prOI'élh principalmente da fraqueza do laço politico que coustitue a eCD-
tralisação governameDtal eutre esses Reinos, Ducados e Senhorios cltraDhos
uns aos outros pelas raças, pelos costumes, pellls religiões, e cujo incohe-
rente amalgama compõe o Imperio da Casa de Lorraine.
·· 0 estado <Iusi permaDente de anarchia em que tem vivido as Repnhlicas
Amcricanas de origcm Hespanhola, provém principalmente da uotavcl falta
de eCDtraJisacilo governameDtal que apreseDtão as ins~ituiçues que adoptárao.
Cada Chefe que empolga o Poder,' procura sUJlJlri·la por gol[leS de Estado,
e pela tyrannia militar. Dc outro modo njnguem se poderia aLli sustentar
sómente pcla execuçilo das leis.
(2) Póde-se lambem vcr Homersham Cox- The British Commoqwcalth,
or a coromentary on Ule instiLulions and principi es of British govcrament
Chapt. 35-l.ocal admini strativo goycrnm cn t,
- 224 --
j-mporlancia local, com o systcma da cenlratísarão do
poder em materias da }Jolitica da Realc.:a e da cousa·
ptt/~ica. Vimos na primeira parte d'esta nossa obra,
quão benefico tem sido o facto de termos tido um
l1nico Parlamento para toda a Inglaterra, e não Ássem-
bléas Legislativas com direito de impôr paFa cada Con--
daelo, ou para cada Provincia. O facto de haver sempre'
entre nós prevalecido o principio de governar-se a si
mesmo cada lugar, he, pelo menos, igualmente impor-
tante. A pratica da nossa nar-ão du.rante seculos, estabe-
lece a regrà, que exceptuadas as materias claramellte de
interesse directo geral e Real, a centralisação he inconsti-
tucional. » (1).
(1) Não ha muito tempo passando Lord PnlmerstoD por Salford, em res-
posla a- uma II1l0cuçao que o respectivo l\In)"or (Presidente da Camnrôl
Municipal) lhe dil'igira, dizia: « O que particularmeute distingue o povo
da Inglaterra das nn~,õcs do continente he o systema de governo local
tno felizmente estabelecido, e que dirige os negocios, sem que o Poiler Exe-
cntivo tenha necessidade de iutervir, Os negocios, do povo sllo dirigidos
pelo mesmo povo, e por eonscguiote de si mesmo se devl)rá queixar se nao
csliver ialisreito. Vive porém satisfeito; os uçgocios são dirigidos vanllljosa-
IIIrnle para o l1aiz, e a r('put3~ão da In glatel'ra cresce cada dia eutro as
uações do Mundo,
- 225-
mes domesticas, em uma palavra que tenha mais es-
pirita nacional. Em nenhum paiz se encontrão tantos
objectos fabricados uniformemente, mais uniformidade
no systema dos Ganaes, estradas, &c. Conhece-se o
Inglez em toda a parte, e para toda a parte leva e
conserva, nas mais pequenas causas , os habitas tradi-
cionaes do seu paiz ('1 ).
(1) « The sum required for rate is cstimnted, and each liable person ia
. cnlled upon to pay his portion; when yon bear, therefore, of li poor; or
any other rate or one shilling in the pound, it means that for every pound
at which a person is rated, according to the "alue or his house "r pro-
perty, he has to pay that sumo li
Fopblanque.- How we are govorned.
- 232 -
{IJ Para os cargos de Sberill' e Juiz de Paz são sempre nomeadas pessoas
qualificadas. e por isso, como obserfa 'Odilon Barrot, De la ccntrahsalion ,
quasi nllo ha membro do Parlamento que nfio seja Shcrill' ou Juiz de Paz
no seu Condado.
11. 30
- 234-
reiros dos Condados e divisões dos Condados' encarre-
gados de receberem aquellas imposições, e publicão
as contas das despezas nos jornaes do mesmo Con-
dado.
(1) P6de ver-se para mais amplo esclarecimento, Tbc Britisb Common"ealth,
by Homersbam Cox - Cabinet lawyer. - Fonblanque How we are gover-
nad .- Creasy - The' ri~c and progress or the English Constitution.
- 235 -
A Inglaterra reformou e refundio ha 26 annos, a'
iua legislação municipal (1), pelo acto do ParlamentQ
de 9 de Setembro de 1835, conhecido pela denomi-
nação de - Municipal Corporation Act-, o qual consta
de 143 artigos' e foi depois emendado, pelo-Muni-
cipal Act amendement Act - de 17 de Julho de 183'1.
Com excepção da de Londres, são as Municipalidaaes
Inglezas regidas por' eSsa legislação,
, -
... (1) No anno de 183j foi nomeada uma commissllo Real de inquerito sobre
, o estado das Municipalidades, e concluindo-se desse exame que essas cor-
poratOes tinMo degenerado em uma grande insufficiencia e corrup~o, ro~
adoptado o acto de rerorma ac!nn eitado.
- 236-
-
( lncumbé "aos Auditores o exame" das contas e des-
peza do Conselho.
•
244 -
legisla sobre impostos, eleições, Bancos, Uníversida-
des &c., &c.
-(1) P6de ver-se -'Ilhe Revised Statutcs or tho State or Now York. 5. a
edição 1850. - .
•
-Os Cidadãos dos differentes Municipios do Estado
qualificados para votar, formão cada anno reuniões
(me-etings) para elegerem um supervisor (Inspeclor), um
Town Clerk (S~cretario), tres assessores, um co11eclor, um
ou ;dous overseers (administradores dalaxa dos pobres),
um até Jres commissarios de estradas ( commissioners
of high ways) , até cinco constables (l) um aferidor ~
de pesos e medidas ( Town sealer of weights and
measures) e tantos overseers of high ways (fiscaes e
inspectores de estradas), quantos süo os t1istrictos em
que está dividido o municipio.
. (1) Vide Reviscd Slatutes orNe,," York- '01.1 Chap. J2 Til. !l-article
firsl- of lhe. Doard of SupllrviiOrs.
- 24i -
Aús Overseers of poor, administradores da taxa dos
pobres, incumbe distribuir-lhes .soccorros, collocar os
meninos pobres nos asylos de orphãos, procurar-lhes
trabalho, & c. e cobrar as taxas applicadas áquelles soc- _
corros. A sua jurisdicção tambem se extende aos alie-
nados, aos que vivem em embriaguez permanente,
aos rIXOSOS, e aos filhos bastardos cujos pais 'estão
ausentes, &c.
(1) Vide Re"ised Slalutes or New- Yor~ vol. 2 Chapt. I~ - or high ways
bridges, &c Commissioners or higb WilyS -Asscssl11ent of I1lgh ways labor-
Performance of high ways, &c. I-Ia ahi muito que "prender.
He de ver o cuidado que merece a essa legislação (Jr~v!d~nte" minuciosa
e pratica, o reparo e a.conservação das es.tradas oos MoulclplOs .. ESlabel~cell
para isso autofldadcs slDgul~r~s, e especlaes e d eu-lhes ~s mClos precIsos.
A no~sa lei das Camaras MUDlClpaes encarregou esse negocIo a toda a eamara
collectivamente, nno indicou meios al goos, contenlando-se com dizer, art.
66 ~ ti. O - ProveráO por snas posturas - sobre cooslrncção, reparo e conser-
va~ão das estradas, caminhos, planta ção de arvores para presel'\'JIçilo de
- 2-18 - -
seus limites, e commodirlade dos viajantes, e das que fOI'em uteis para
a sustCllt8Çllo dos ~omcns e dos animaes, ou sirvão para a fabrica ção da
polvora e outros obJectos de defeza -. E quasi todos os MUllicipios, senão
todos, ainda estão, desde 1828, no - proverãú - isto /te no futuro. Bem
aviados estariamos, se, dada a necessidade de defezá, tivessemos de defen-
der-nos com a polvora feita das arvores que aquella lei manda plantar I
(1) Antes, na eleitão dos Official's Municipacs, cada Muoicipio elegia um
Town Superiotendent of common Schools, Superintendente das Escolai
publicas do Municipio. Essa Ic gi sla~ão foi revognda.
- 24.9 -
- Comluclo em cada Districlo das· Escolas, reunem-se
nnnualmente, em meeting, os seus habitantes que tem
direito de votar, e nomeão um Presidente, um Se-
cretario, um até tres Truslees, um Collector do. Districto .
escolar e um bibliothecario; marcão o lugar para a
escola do Districto, e lanção as taxas que lhes parecem
sufficientes para a construcção ou aluguel de uma casa
para a escola e .para sua manutenção.
(1) Vid . Revised Slatutcs "01. 1. Chapler 11. Tit. 2. Town mce-
tiogs ~ !lo Powers of anDDal Town meetings .
Entre n ós os Vereadores são englobadamente eleitos por todas as Cre-
gue7.ias do Mu nicipio e frequentemen te não tem al gumas quem as repre-
sente na Camara. Todos os Ver ead ores, pela lei, são englobadamente en-
ca rregados de todos os rumos do serviço . Nesta parte he a nossa orga-
nisação extremam ente,defeituosa. He preferivel a qtle Buenos-Ayres adoptou
na sua lei de municipalidades de 1854 . e que seg ui o o meio term o. Cada
Paroc~ia nomêa dous Vere.a dores e um Supplente. A Camara divide-se em
commlssOes cada uma das quaes prepara e he competente para certo ramo.
Creio que ha muito a aproveitar na o rga ni s a~ão mun icipal dos Es\nd os-
Unidos: - . "
- 251 -
(1) Estava reservado para a nossa lei do 1.0 de Outubro de 1828, adoptar
em tudo um só e igual padrãO de Camara Municipal' para a capital e
grandes cidades do Imperio, e para o mais insignifican te villorio do ser-
tão. He por isso que apezar de emplastrada e remendada, como o tem sido
por algumas leis e Decretos, não póde a Camara Municipal da Corte, bem
como as de al gumas grandes Ca pitaes preencher bem os seus fi ns pelo
,'icio original da sua organisaçno. Alargar-me-hei sobre este importantissimo
assump l.o quand o, em ou tro trabalho, me occupar das nossas Camaras
l\i unicipaes,
252 -
eleilQ seus Magistrados, os dirige em tudo aqui1lo que
não he execuç..ão pura e simples ' das leis. A maiol'
parte dos poderes administrativos está na mão dos Se-
lectmen, eleitos annualmente. São tres nos pequenos
Municipios; e nove nos grandes. Os grandes Municipios
porém tem.em geral um Mayor, e um Corpo lHurú-
cipal, dividido em dQus ramos.
•
- 255-
Os 1uizes de Paz (1), os quaes são eleitos na
época e pela maneira pela qual o são os officiaes
municipaes, tomão parte na adminislração das ~lu
nicipà1idades e dos Condados. Em geral intervêm nos
actos os mais importantes da vida administrativa.
(.
- 25G -
°
porque Goyerno he ' povo, ° ..
•
- 259 ~
•
- 261-
, Esse meio suppõe necessariamen te um Poder J uuicial
bem organisado, justo e desapaixonado, e que cumpra
rigorosamente o seu dever. ' O emprego d'esse meio em
um paiz no qual andarem os Juizes envolvidos em par-
cialidades eleitoraes, e onJe dominar a impunidade serú
uma fonte de males.
•
- 263-
pre porém o vasio que não he possivel deixar de haver
n' estas, pela fiscalisação, pela tu tela, pela reforma das
decisões por meio dos recursos e finalmente, nos casos
em que a lei a autorisa, pela destituiçãO dos empre-
gados.
,..
•
M'novos pfi nr,ipios constituclonàes, é ui'nu 'l('glslu~ão-Jc
t~i1lpos-colon'illes Gabsolutos; de institüü' uma hierarchiil'
aCéommodada ás nossas cil'cumstancias , que 'respeitasse
quanto Cltmpre e convêm o principio popular da Consti-
tuiÇão; de discriminár e definir bem as altribuições das
lluloridàdés, cercando-as de formulas e de garantias para
os administrados; ' procurou o remedio exclusLvamentc'
nó systema electÍvo e nos meios que lhe sli.o peculiares.
" '
• _ , . . ' i
O que fica 'expendido autorisa-me a concluir que a
systema ,administrativo da Inglaterra e dos ,Estat10S-
Vnidos
~..
:uão nos he applicavel, ao menos
...
em' .geral,.
-' -
•
- 267 -
porque não s~ dã\> no Brasil certas circ!.! mstanc~as espe-
ciaes que o tornão exequivel e efficaz n'esses paizes.
Demais o ,seu principio e base est~ em opposiÇãO com
11 nossa organisação pólitica e administrativa llctual.
Seria preciso ' introduzir nella alterações profundas, e
mudar co.mple~.amente. o, aclual estado de c.ousas. :
({I
""< 3G8 -
.'
(1l .r On (h" ('o1Ilrti l'Y W<l ;1'C ali af.lL ta hé' S(I'I1CK ~t Lhc fl r.st ilght witlt
su perior l't'glllnl'ily , harmoll Yi aml (jllict vigoOl' of acLiou, which ccnLralis cd
IlrltninisLration s(l'l~ nls to sCl'lIrc ir favo llrablcs instaures llhl'llarl; whilc lhe
brawls. Lhr. jobbing'. aurJ lhe ('apricionsucs~ or 111ll' OWll focaIs boarrls .IIIHI
~oJllllnl' . om ce~.s forc'c tllem~elvl'~ u'[lon .I!YCl'y man's . uoticcàL Itomc, »
t.;r~asv- rlle rt ~e and pragr<rss of the! ltpglisb GoOStIWt.lO'll. - .
f • • )
Hota{ ,
LuÍl1cr 'li l\oç~u Jo _j Hsliça, a da convcnicncia e do iu-"
t6! cesse (1 ).
(I) Bc por isso IlUC ~L Clny, t stilllisl3 fln11ncnte dos_ E~tados·tlliúo~, djzía
nào ha muitos 1I11110S no Senado - Nós eslamo~ 110 IlI ClO tl e uma II crolll ;ao !
,-- P(Jl lc-sc \'êr 1111 Ca pltulu :\1 (l o '2." \'01. ,Ias cil rt~ s tl c Mi chel Chcvalirr.
já l,ur W1.t'S ci lilÚIl~ , U~ III1Ill C l'O ~US e:l('rtlltlos t[IW traz c 'IIH' prol'lIo u Ilu C
IH:illla rlrn .Iil.o, r, qll c ha 1'(!nladril'ó1 Ílwni l'"da .Ie mcios 111' rCI,rcssilo II U.
EslóHlus-Ullitlos, f(uIHlflo 1I11U1 millurin lurl.JUlclIla flu e sc prodaLUu - ° VOYO
- ~o mlll e LLe aetos i? iq u(rs c ül.l culus.
- 2iO-
decelltralisação que já. tem. D~·s~ essa tendenda na:·
Inglaterra (1) ..
(1 ) fi La Gra nde nrclagne fait chaquc joUl' un nou veou pas vers la CCl!- '
lral isatioll adminis~l'lltivc qu e la France a iuaugurée la prcmiCre. Apl'CS
la ce ll~ra li sati o ll de la gestioll de la taxe des paunes, apres r éLa bli s~cm ~ nt
d' un e suneillancc celll.rale dcs chc llIins rle fer, cst vcou e la ccutrahsatlo u
du p ~ pic r monnai e. " Lesur. AOJluairc Ilistoricluc - 1S H .
(2) Safcly Fund aet.
- 271 --
nrgocio e prazerlts, onde sóe haver grande accumu..
lação de riquezas por um lado, por outro grande miseria
e a fermentação de todos os appetites sensuaes que
provocão .ao crim~ j onde o expediente, pela exlraor·
dinaria affiuencia de negocias, he immenso e varia-
díssimo, não' .podem ser regidas simplesmente por meio
de autoridades populares eleitas, e sem certo gráo
de centrálisação. Por isso as grandes cidad~s dos Estados
Unidos tem uma organisação diversa e mais concen-
trada do qu'e as Municipalidàdes do campo. Por isso
na organisação administrativa de Londres e na da sua
Eolicia não se dá o self government no mesmo gráo '
que nas oútras . partes d0 Reino..
c.
- 272 - ' t
•
275
e fiscalisação ,do 'Governo . AdmiUe largamente a hierar-
chia. Reduz ,o Pod~ r judicial ao civil e criminal.
~
~
- ~
, .
APPENDICE
AO
2.° VOLUME.
.,
, ;
( _": r
"
ProJecto para a reforma da Uoustltuiç ilo
•
~8t -
:l83~.-N. :129.
Art. z..:
A sua primeira reunião far-se-ha nas Capitaes das
Provincias, e asseguintes nos lugares que forem designados
por actos Legislativos Provinciaes: o lugür porém da primeira
reunião da AssernbléÍl Legislativa da Provincia, em que estiver'
a eôrt~ será design~do pelo Govérno:
,
•
- 285 -
, 4,· ' Regular :l. admillistraçiío tlo~ 'bens l)roviuda.cs, Ullla lei
determinal'á o ' que são bens Provinciaes,
5.· Prombvêr cumulativainente com a Assembléa e o Ge-
,'erno Gemes, a 0l'gani5ação da Estatistica da ProviAcia, a ca -
techese, e ' civilisação dos , indigenas, e o estabelecimento de
colonias oos l'u gares incultos .
. 6.· Decidil', quando tiver sido pronunciado o ,Presidente da
Provincia, ou quem suas "ezes fizer, 'se o pl'ocesso deva con-
tinuar;' e elle ser, ou não suspenso do exerci cio das suas
1'nucções,
7.· Decretar a suspensão, ainda mesmo ,demlssão, c declarar
inhabil pal'a exercer o mesmo, ou diverso emprego, o Ma-
, gistrado, contra quem,houver quc'ixa de responsabilidade, sendo
elle ou\'ido, e dando-se-lhe lug:i r á defeza.
8.° Exercer cumulativamente com o Governo GemI, nos
casos e pela fórma marcada no § 'iH> do art. 179 da Consti-
tuição o direito que esta concede -ao mesmo Governo Geral,
o qual poderá tambem nos mencionadas casos, suspendel' a
execução de alguma lei Policial, Municipal, ou Provincial,
quando assim o julguc .indispensavel, fazendo cessar essa sus-
pensão immediatamente quç pesse a necessidade urgente que
a motivou.
, 9.° Velar na guarda da Constituição e das lei ~, na sua Pro-
vincia, e representar á Assembléa e ao Governo Geracs. contra
as leis de outras Provincias, quando cIIas oft"enderem os seus
dIreitos.
•
Arcbivo Publico, e se ellviaráõ exemplares d'ella á todas as
Camaras, Tribnnaes, e mais lugares da Provincia, onde con-
venna fazer-se publica .
, c
(I
- 288-
Camaras MliI1idpaes, promover a sua obsel:va.neia, ~ executar
as erdens do Presidente ,da Provi ncia. '
3.° Nomeár e demittir os empregados publicos, quando .o
exigir o bem do serviço, e não se OppUZeI' á lei.
4.° Convocar a nová .\.ssembléa- Provincial, de maneira que
possa reunir-se no pra~o marcado para,as suas sessões.
5. ° Convocar a Assembléa Provincial .cxtraol'dinariamente,
pro roga-la e adia-Ia ·quando a~sim o ~ exigil' Q bem· da Pr€l-
vincia. , ~" '"
6. o Suspender upublicaç,ão das leis P rovinciaes, nos casos,
e pela fôrma marcada nos arts. 15 'e 16,
, 7.° lncum'bil' os negodos Geraes ,aos empregados Provincines
l
.,
- 2Sg
pate, por lercm ' obtido o mesmo num ero de valos, dous ou
mais Cidadãos entre elles, decidirá a, SOltO.
"
-.
- 2~3 -
Es ta inlolligencia (que a Commissão repl'ova.ltem sido adop-
tada em toda -a sua amplitude pOI' varias Assenlbl éas, cujas
Leis tem alterad.o quasi toda a nossa orgauisação judiciul'ia.
A Co!nmiss110, para maiol' clareza dos seus argumentos, irá
buscar al guns exeniplos em diversas Leis Provinciaes, confor-
mes á inlelligoncia exposta.
A Assembléa Provincial de Pernambuco, pela sua Lei de 14
do Abril do ' anno pas3ado, creou Prereilos, aos quaes encarre-
gou, entre outras, as attl'ibui ções dos Cheres de Policia, as de
fazel' executar as s,entenças crimillaes, e de formar as listas
-dos Jurados. Supprimio os Juizes de Orphãos, cujas allribui-
ções deyolveu aos Juizes de Dircito do Civel. Supprimio igual-
, mente os Juizes Mun'icipaes, e bem assim todas LlS altribni-
ções dos Juizes de Paz, que não são pertencentes á concilia'ç,ao,
eleições, e julgamento de causas civeis até a quanti a de 50~F OO
réis. Devolveu aos Juizes de Direito do Crime as attribui ções
de 'conceder fianças, de julgar as contravenções ás Posturas
Muni cipaes, de pronunciar nos casos em que até então pro-
nUllciavão os Juiz~s de Paz, e de julgar os crimes em que
cst~s sentenciaviio, & ç.
A Lei Provincial do Ceará . de 4. de Junho de 1835 contém
muitas dis posições analogas. Além disso extinguio as Juntas
de Paz, passando para os Juizes de Dil'eito as suas attribni-
ções. Alterou a fÓl'ma da eleição dos Juizes de Paz, que tor-
nou indirccta fazendo-os eleger em listas triplices, da~ quaes
escolhe o Pre~idente da Provincia os 4 Juizes qu e devem servir
, durante cada J~egi slatura.
_ Outros exemplos pudera a Com missão aponlar. Esses lhe bas-
tiio porém para o fim que tem em vista,
Essa Legislação he nlltul'a1 consequencia da intelligencia ,do
§ 7.0 em qu Eístiio , q~e ficou apontada e qúe a Commissão tem
de combate...
Supponha-se 'por um pouco verdadeira, e exominem-se quaes
os seus resultados •
. O exame o mais superficial das nossas Leis judicial'ias, e
'das Nações mais cultas, bastará a convencei' que a ordem, e
todas as regras do Processo Civil e Crimillal descansão sobre
a seguinte base - a orga nisação judiciaria. Não he poss ivel
pois es tabelecer regras de Processo abstrac las, que caibão li
I
- 2-94 -
qUllesquer Tl'ibullaOs, e a qualquer organisàçüo judiciaria, mór-
mente pelo que respeita á parte relat.iva aos recursos.
O Codigo do Processo Criminal suppondo a existencia das
Juntas de Paz, incumbe-lhes no artigo 216 - conhecer de to-
das as sentenças dos Juizes do Paz que houverenl imposto
qualquer pena, de que so tiver recorrido em tempo, confir-
mando-as, ou revogando-as, ou altenlndo-as som mais recurso,
excepto o de H.evista. E na Parte 2." Titulo 3.° Capitulo 10,
estabeleceu a rórma de Processo, qúe perante esses :rribunaos
deveria seguit'-se nos recursos do que con hecem.
A Lei J>rovincial do Ceará acima citada extinguindo as Jun-
tas de Paz, e passando os suas attribuições pal'a o Juiz do
Direito exlinguio aquella rórma de Processo, pois a que ho
seguida perante Tribunaes collectivos, nuo !to applicavel a um
só Juiz. .
O mesmo. Codigo do P I'ocesso suppcmdo a existencia da or-
ganisação judiciaria que creára, deu, entre outras, aos Juizes dQ.
Paz a allribui~,;1o de concedel: as fianças, cOm reCIIJ'so para o
Juiz de Direito. Encarregando os mesmos Juizes de Paz da for-
mação dos summarios e das pronuncia~, marc~lU os recursos
respectivos, suppondo a exÍstencia d'esses Juizes com as aUri-
buições de que q~ reveslím.
A Assembléa Provincial de Pernambuco passando a altribui-
ção de conceder fianças dos Juizes de Paz para os do- Direito,
extinguio o recui'so daqueIles para estes. Encarregando. os
Juizes de Direito ~as pl"Onuncias, extinguio o recurso do art. 294-
do Codigo. ._
Entretanto ho indispensavel que as alterações provenientes.
dessa Legislação sejão. postas em harmonia com as outras pilrles
do Codigo.
A sobrcdita_Assembléa vio-se nestes' embaraços e na necessi-
dade, decorrido pouco mais de mez e meio, de Jegislar pela
Lei de 4 do Junho do anno passado, sobre os recursos cujas
rolações havia destruido. .
Assim podendo (segundo a intclligcllcia por hypol!te.se admit-
tida) as Assembléas P rovinciaes, pela cl'eação ou suppressão de
empregos Provinciaes creados-por Leis Gemcs, relativas a nego-
cios tambem geraes, alterar as suas attribuições, e ach~ndo-se
estas, como no Codigo do Processo, eslreitamenle Iigados..com
(
lodo o seu s.ysLema, he indispensnvel admiltil' alguma das se-
,guintcs hypolhescs ';
1. 0, ou ,que as Assernbléas IjcgislativaS Provinciaes possão
alterar as regras do Processo e pÓ-las em harmonia com a sua
Legislação ácerca dos empregos quo supprimem e crelfo; 2.·,
ou que incumba á Assembléa Geral estabeleceI' essa harmonia;
3,', ou que a faculdad~ do legislar sobre Empregados Provin-
daes e l\tunicipaes que tem ,as Legislaturas de Provincia fique
limitada pela Legislaçflo do Processo; 4-__', ou finalmente, que
a desharmonia resultanto de taes alterações subsista smn cor-
l'ectivo o romedio. '
A L' hypothese he inadmissivel. Exceptuaâas pois as attl'~bui
çúes mencion!ldas nos §§ 5. o e 8. o do art. 11 do Acto Addicio-
nal, - que são 'c umulativas á União o ás Provincias, todas as
mais o não podem ser. As oxcepções conteudas ' nesses para-
graphos firmfio pois a regra em contrario.
Assim a faculdade de legislar sobre materias de Processo, sobro
a organisação da- Guarda Nacional c das Municipalidades, nllo
póde pertencer cumulativamente á União e ás Provincias. Nem
, pela natureza çlas cousas era póssivel que a ambas pertencesse.
Ora essa faculdade nfio pertence ás Legislaturas Provinciaes,
porque n'ão se acha com-prehondida em nenhum dos paragra-
phos dos arts. 10 o ,11 do Acto Addicional, o o nrt. 12 ex-
pressamente' veda que ellas legislem sobre objectos não com-
pl'chendidos naqueHcs . dous artigos. Logo pertence á UnHio.
A ,2 .' hypothese he igualmente inadmissivel. A flscalisação
e àcção- da Assembléa Geral sobre as Leis Provinciaes reduz-
se únicamente, polo art. 20 do Acto Addicional, a examinar
se taes Leis orrendem a Conslituição, os impostos geraes, os
direitõs de outl'US I)rovincias ou os Tratados. Seria além disso
indecoroso e absurdo que á Assemblé,a Geral coubesse a ta-
rera de pOr as Leis de Processo em harmonia com as Leis de
18 Provincias, fazendo assim Lei~ de Processo Provinciaell. Sendo
as alterações quo a Assembléa Geral assim faria resultado ne-
cessai"io da confrontação de Leis Provinciaes que não poderia
alterar, com as Leis do Processo, não exerceria eHa a seme-
lhnnte rospeito o Poder Legislativo, Competindo-lho aliás ,a
confecção dos Codigos, ver-se-hia a cada passo coarclada o
embara çada prlas Lei s dn;' Proyincias.
29G
A 3, a suppõe O POUOI' 1,>rovinciol limitado pOI' limitações,
que aliás nITo se encontrão no Aclo Addicional. Suppõe que
em certos casos nüo leria a plenitude de {Joderes indi ~ pensa
vcis para legislai' sobre objectos que, segundo a intellige n ~ia
pOl' hypothese admittida, serião da sua competencia, Sllppõe
mais que fica pertencendo ás Assembléas Provinciaes o' legis-
lar sobre parte da ol'ganisação judiciaria, sobre pal'te da or-
ganisação da Guarda Nacional e das Municipalidades, e ú 1\s-
sembléa Geral a faculdade de estabelecer as rcgras do Pro-
cesso e de legislar sobre a outm parte do, organisação judi-
daria, da Guarda Nacional e das Municipalidades, Quaes são
porém as Leis qu"C extremão as raias do Podei' Geral e Pro,
vincial sobre semelhante materia, que mal'cão o 'ponto em q,ue
cada um deve parUl', afim de se evitarem conflictos, usurpa .....
ções ~on tinuadas e a anarchiá e confusão na Legislação civil e
criminal, judiciaria e administrativa, quejá começa a apparecer?
A 4, a he sobremaneira absurda e destruidora da ordem so-
cial. Bastará á Commissão havê-la ennunciaclo.
Sendo, como são, os Vereadores, Chefes de Legião e mais
Omciaes.da Guarda Nacional . Empregados Provinciaes e Mu-
nicipaes, são applicaveis á~ Municipalidades e á organisação
da Guarda Nacional as mesmas considerações feitas ácerca do~
Empregados de Justiça. ,.
Taes são as consequencias da inlelligencia do § 7. 0 do art. 10
do Aclo Addicional que admi-lte que as Assembléas Législa-
Uvas Provinciaes podem crear e supprimir, com alteração de
suas .atLribúições, empregos creados {Ior Leis Gel1aes feitas sobro
objectos, ácerca dos quaes não podem legislar as mesmas As-.
sembléas,
Núo tie porém possivel que est.a Augusta Camara decretando
o Acto Addicional ~ . fizesse por tal modo, que em véz de es-
tI'citar os laços da União os afrouxasse, introduzindo na's Leis
judiciarias e administrlltivas um gel'men fecundo de intermi"",
naveis confiictof e de inemediavel confusão e anar~tlÍa.
He .principio correnté de Herm6neuticil que todas as vezes
qne da Lei entendida por certo modo se scguem graves in-
convenientes e absurdos não se lhe deve dai' essa inteIligencia,
e isto muito pl'in~jpalmentequando as suas palavras admiÜern
outro que evita esses inconvenicntes e abs urd os.
•
- ~W7
•
E assim como poderá a Assembléa Geral reformai' a orga-
nisação das Municipalidades e da Guarda Nacional? Como o
podtlrá füiler sem crea!' oulros 'funccionarios e sem legislar sobl'e a
maneira de os nomear? Como o poderá fazer sem ferir attri~
buições, que segundo a intelfigencia que a Com missão combate,
pertencem nesse caso ás Assembléas l}I'ovinciaes? Como pode~'
l'áõ essas Assembléas exercer taes attribuições sem legislar sobre
, a Ol'ganisação é fórma das Municipalidades e da Guarda Na~
cional?
Todos estes embaraços, todas estas incoherencias resultão de
que se tem querido regul!!r as attribuições das Assembléas'
lll'Ovinciaes, unicamente pela classificação de Empregados Go-
raés e Pl'Ovinciaes que o Acto Addicional estabelece e não
por 'uma razoavel inteUigencia dos arts. 10 e 11 que marcão
essas attribuições c pela regra do art. 12, que expressamente
declara que as ditas Assembléas não podem legislar sopre ob-
jeclos não comprehendidos nos referidos arts. 10 e 11. Deste
modo uma simplés classificação de Empregados prevalece sobre
disposições ,que fixão os Poderes da União e das Provincias C'
marcão as raias de cada um delll~s!
E note-se que o § 11 em questão pão se poderia enten~el'
ácerc.a dos Juizes de Direito (que todavia são Empregados
Provinciaes) quanto á sua demissão sem manifesta incoherencia
com o § 7,0 do art, 11 do mesmo Acto Addicional. Porquanto
esse § 7. 0 autorisa as Assembléas P!ovinciaes, a decretar a de ...
missão do Magistrado, contra quem houver queixa de respon-
sabilidade, e este Decreto pelo art. 13 do referido Acto náó
tem a sancção do i Presidente da Provincia.
Or.a: sem duvida que seria pouco coherente depositar nas-
mãos das Assembléa~ Provinciaes o formidavel poder de de-
cretar a demissão de Magistradbs, sem intervenção do Pre-
sidente da Provincia, e admittir ao mesmo tC\1lpo que as ditas
Assembléas delegassem todo este poder aos mesmos Presidentes.
Ficariaassim de todo anniquilada a Independencia do Poder
Judiciario. Ficaria ássim a demissão de Magistrados que a
Constituição do Estado fez perpetuos e vitalícios, unicamenle-
dependente dos Presidentes das Provincias . Ficarião assim anni~
quilados os arts. 153 e 155 da Constiluição que não forão
julgados rcformuycis, como se mOs ll'~ do Decreto de 12 de'
o
- 300-
Outubro de 1,832, e para cuja re ~urma, nüo tinha esta Augusta
Ca\TIara pqderes. .
Note-se lambem qu e o § 11 em qu estão não podrria eom-
prehenqer a . TlümeaçÃo dos .1 uizes. de . Direito, J)ão ohstante
~erem ellJpreg~dos Provindiles, porque a intcllig-cncia que o~
c9 mpre.hendes~e pnniquilaria ô attribuição oonferirla ao I,rnrw-
)!i1dor pel.Q art. f 02 § 3.° da COl'lstituição que l.àmbem não
foJ julga!I9 Jefofll!a,'el e para ç1lja refurn:w I,arnbem não tilllla
esta Augusta Camara os necessarios poderes.
, ~nlendendo-se porém ' o artigo em q\:lestão como o entend e
~ Commissão, reIT;lovidos fic~o todos os inconvenientes e <tb "
ii ~rdos pondel:ados.
, E; porquanto sobr~ o § 4.~ dQ art. f O citado do Aclo Ad-
dicio~!l! tambem tem ocçprrido duvida,. julgou a Commissüo
conveniente fixar a Sl!a i.ntelligencÍll.
. A Commissão eplenc;le que a palavra Muniçipi:11 se rnfcrI! a
:-jmbas ps anteceQe~tes. - Jlolicia e Economia - c qu e as se-
guinte~ - pr~ce4~ndo prQPosta ,das Camaras ,- se refen~m a
<ynpªs, a!lue.11a~, . , '
: A l~olicia pois, segunqo Escriptores abalisados, e segundo
,IS Leis _d~ Nações pl,Jllas , se divide em PoJicia Geral e l\lu-
~icipal, e em p;olici~ Administrativa e .Tud~ciariª. A nQ!;Sa.
~,ei . org~nica ,das t:a.maras. MUfliciplles ,capibl,1lqu Tl!uito cxac:,.
tamente em ,o sou Titulo 3.° os diversos objecto, que . cons.~~
ti,tuem. entre nq5' a Pol,icia Municipal Adl]1j,nistrativa .
. .'A Commissão ~ntonde plais que 3 · Policia ele Que ·falla o
p3ragrap~o , em q\l.eslãp tle a administrativa, e não 3 judicia-
ria, porque ~qu e lla .he ossenci,almenle MuniciplI1, e n~o esta "
Nem he de I suppOr que fosse a inlenc:i1o do Acto AddiciOnal
entregar li Policia judiciaria, que póde c deve !irr tmfforme
~ m todo o Imporio, ás Camaras l\'Iunicipaes, c ás 'Assernhlúus
~rov.inciaes, e tornar independentes as Leis Policiaes judicia-
Tias da Sancção 'dos Presidentes das Provincias. A Lc!gislaç~o
llolicial judiciaria constitue pois uma partc importanlissirna
da Legislação do Processo Crimin:}l, cuja confecção sómcllle
pertence á União.
Observando ·a Com missão qu e já duas Assembléus pro"in-
ciaes cntendêrão quc a faculdade dê dec relar a suspensão e
demissüp . de Mílgislrados, que lhes lIe outorg a~~ }Jelo § 7 .°
•
\
- 301
do 11I'I
t. H ' do Aclo 'Addicional era irtleiramentc nrLill'aria,
lambem julgou do seu dever fixar a intelligencia desse para-
grapho.
~ A Com missão ' persuade-se que o ' AcLo Addicional investio
por esse artigo as Assembl'éas Provin ciaes de uma porção do
Poder Judiciario, convertendo-as em Tribunaes de Just.iça,
para o julgamento dUCfuelles crimes de responsabilidade dos
Magistrados Provior.iaes, aos qu ues estivesse imposta pelas
V~ is Criminaes pena de suspensão ou demissão do emprego,
A intelligencia contral'ia consagraria pois a mais insupor;
lav('1 tyrannia. Censagl'ari a o principio de qu e a suspensão e
demissão (qu e são penas) podel'ião ser imp~s!as a Empregados,
dos quaes alguns süo pela ConsLiluiçno declarados perpetuos,
por factos que llen huma Lei antnriol' houvesse qu alifi cado de-
licLo, e a,qu e não ifllpu~c ra pena al guma.
Tambem julgou a Commissão devCJ' declarar qu e ta es pena s
'{leveráõ ser impostas em 'vil'Lud e de um Processo, cuja fórma
c regra s se ach em estabelecidas por Leis anteri ores ao jul-
~am ento. Ninguem póde pois ser sentenciado, ou som'er uma
pena, senão por virtude de Lei' anterior, e na fórm,a por ella
prcscl'ipta. Art. 179 § 11 da' Constituição do Im perio.
Releva observar aqui que esta intell igencia qu e aponta, e
pl'Opõ{' a Com missão he a ' unica, no seu entende r, que póde
(!Onserva I' iIIesos os arts. 153 e 155 da Consti tuição do I m-
perio , Considerad as pois as Assembl éas Provin ciaes, qu ando'
imp1em ao Ma g~st radb a pena de- demissão nos crim es em que
a Lei a fulmina, como ,Tribunaes de Justi ça, vem os mesmos;
MagisLrados a p'erder o lugar por virtude de sentença, como
e'x i ~e c} art. 155 citado .
. Outros argum entos e considerações pudera fazer a Coo1-
'missão.· A' vista porém da exte nsão qu e leva este Parece r,
r oserva-os para 3 di scussão, e tem a IlOnra de ap resenta r o
seguinte Projecto.
;.
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1 .
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\
INDICE
DOS
..-
PACS .
-2-
§ 5.° Fins do Poder Moderador.,...... 60
§ 6.° Caracteres 'essenciaes do Poder Mo- -
del'odol' pela nossa Constituição...... 61
§ 7.° Petição de 'principio. . . . . . . . . . . • . 63
§ 8.° Pela nossa Constituição são exequi-
veis os actos d9 Poder Moderador sem
a referenda dos Ministros........... 65 . II
§ 9.° Os §§ 101,' 102 e 132 da Consti-
tuição .......... ~ . • . . . . . . . . . . . . . • . . . 82
§ 10. Os actos do Poder Moderadol' obri-
gão immediatamente, sem mais formali-
dade, e apena-s manifestados pelo Impe-
rador.... ... .•......•.. ............ 84-
§- 11. Não há meio termo ....... ,. ... . . 92
§ 12. Que responsabilidade vem a haver
pelos aetos do Poder Moderador. . . . . . 95
§ 13, Mas os actos do Poder Moderador
tem sido referendados................ 103
§ 14·. Heferenda da Sancção.......... . 106.
§ 15. O artigo 135 da Constituição . . ... . 108
•. §-. 16, Alcanee da questão. Conclusão,. 110
)
I C.HITULO XXIX·- o
Imperador reina e não govel'n.u?
O Imperador reina e 'governa? ..•.... , 115
§ 1.0 O que he reinar? O que he go-
vernar '! . . . . . . . . . • . . . . . . . • . . . . . . . . . »
. § 2. ° Doutri.Íla d'e J\tI Thiers no Nacio-
nal 'em 1830 ......... , .•....... " .. 117
§ 3. ~ -A questão na tribuna entre MM.
Thiers e Guizot ..... , •........... , .. 120
§- 4,° Se, o Re~ sómente I'eiaa ou gover-
na na J.nglaterra ..•••..•. ·. ......... 124-
§ 5, °· A questão.-.- o Rei r.ei.na e não go-
vel'ná entre nás•...••. : ..• ~........ 131
§- 6-.0' Exam06 da. -doutrina de M. Thiers,
Sua applicação' ao· Br-asil. . . . . . . . . . . • 139
§. 7.°· Exame da <:loutrina· de .M:. Guizot.
Sua appI,icação ao BrasiL •....... ,.. 153
§ 8 ." C<mcIusiÍf) do Capitulo ...... " .. ' 156
•
I'
)
Appendice.
..'
..
"
,