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Psicoterapias Existenciais

A Psicoterapia Existencial surgiu da


convergência da filosofia para o campo
terapêutico.

Traz à tona a questão do enriquecimento


dos pressupostos filosóficos na
compreensão dos fenômenos humanos.
Desenvolveu-se a partir dos pressupostos:

1 Da filosofia da existência,

Do modo fenomenológico de investigação do ser,


2 dos aspectos de comunicação envolvidos na
psicoterapia,

3 E das articulações da filosofia com a psicologia.

Principais representantes: Kierkegaard, Heidegger e Sartre.


Concreto X Abstrato

A grande separação entre a filosofia existencial e a


clássica é a oposição entre o concreto e o abstrato.

Problema central = Homem como ser concreto

O homem é o problema central


do existencialismo, não enquanto ser
abstrato, com uma natureza definida,
mas como um ser concreto.
 A EXISTÊNCIA = é algo em aberto,
sempre em mudança,
sem determinismo ou
fatalismo.

O HOMEM = de início não está definido,


ele é um projeto em construção,
cada pessoa é aquilo que se torna
consoante aquilo que faz.
O homem é entendido como um ser individual e
concreto, na sua vida quotidiana, no seu contexto
particular, e nunca entendido como uma entidade
metafísica (postura que fundamenta a técnica
moderna de conhecimento) e abstrata.

Estamos "treinados" a conhecer o mundo de 1


forma (modo metafísico), por esta razão,
compreender o mundo fenomenologicamente e
existencialmente torna-se uma tarefa complexa.
“O homem existe porque pensa” (princípio cartesiano)

“O homem pensa porque existe” (princípio existencialista)

O existencialismo rejeita o princípio do cartesianismo de que o


homem existe porque pensa.

Para ele, o ser humano pensa porque existe.

A consciência é a parte da existência construída com a vivência, o


contato com outras pessoas e objetos.

Autoconsciência se refere à expressão própria do


indivíduo como ser no mundo que lhe confere
identidade.
A CONSCIÊNCIA

é parte da existência
Que é construída com a vivência
Com o contato com outras pessoas e objetos

o homem cria essa existência em função


de seus sentimentos, desejos e de suas ações.

Ele se forma a partir de suas escolhas.


Por isso, os existencialistas prezam
a liberdade e a responsabilidade
e rejeitam o conformismo.
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Histórico:

Surgiu meado do século XIX -


pensador dinamarquês
Kierkegaard.

- Apogeu após a 2a Guerra (anos


50/60) com Heidegger e Sartre.
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Sören Aabye Kierkegaard (1813-1855) – Dinamarca
Obs: Freud nasce 1 ano depois de sua morte,
em 1856.

• Pensador romântico, estudou filosofia e teologia;


• Substitui o “penso, logo existo” por “sinto, logo
sou”. Pensar é tornar-se um espectador da vida.
• Do séc XVII ao XIX a característica que mais
diferenciou o homem foi a razão,
• Kierkegaard rompe este axioma e afirma que o
ser humano é, acima de tudo, passional;

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Sören Aabye Kierkegaard (1813-1855)
• Apesar da racionalidade, o que distingue e caracteriza o homem
é a paixão.
• Não há verdade absoluta. Ela existe na medida em que o
indivíduo a vivencia.
• Ataca firmemente a pretensão dos teóricos de explicar tudo e
demonstrar a necessidade causal dentro e de acordo com uma
teoria.
• Influencia o existencialismo, sobretudo em Heidegger;
• Marcado por angústias pessoais, afirma que “O homem é um ser
que se caracteriza pelo desespero que se origina das
contradições de sua existência e de sua distância de Deus”;

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Apresenta uma orientação do homem voltada para Deus.

Filho temporão de um rico comerciante, sofria de depressão por ter


amaldiçoado a Deus em função de suas dificuldades econômicas.

Boêmio por natureza, abandonou o propósito de se tornar pastor e a faculdade


de filosofia e teologia.

Em 1837, com a morte do pai e o rompimento do noivado, muda de vida e


conclui o curso de teologia e seu doutorado.

Kierkegaard tinha uma boa relação com Deus, mas não aceitava a igreja.
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É amplamente influenciado pelo conceito de ironia utilizado por Sócrates:

-Método de perguntar sobre uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e,


contradizendo-o, refutá-lo. Porém, sair do estado aporético (de dúvida) exigia que o
interlocutor abandonasse os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias
que coordenavam um modo de ver e agir e passasse a pensar, a refletir por si
mesmo. Esse exercício era o que ficou conhecido como maiêutica.

Kierkegaard considerava Sócrates como “precursor e patrono da filosofia da


existência”

Não lhe bastava analisar o conteúdo da consciência para se encontrar aí uma


filosofia da existência. Tem-se, também, que ter ideias. E entre as ideias, tem que
se estabelecer uma dialética (diálogo em busca da verdade).

E é através desta dialética que ele percebe os estágios da existência: estágio estético,
estágio moral e estágio religioso. Copyright 2010 14
O Estágio Estético

Estágio básico na realidade humana.

A pessoa se entrega ao mundo dos prazeres; mas sente-se


frustrada, quer algo mais.
O homem vive fora de si, onde imperam a dor e o tédio.

O ponto comum no caráter dos estéticos é “o desejo”, que poderia


passar pela satisfação sentimental, material, entre outros, mas em
última instância, seria erótico.

Vive esse estágio após a morte do pai. O tipo de vida estético não
proporciona realização àquele que lhe dedica a vida. Kierkegaard
percebeu que neste estágio de vida os objetivos não são claros e se perdem
por não haver satisfação. É então que se pode perguntar: Quem é feliz
realmente?
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O Estágio Moral ou Ético
Marcado por uma vida coerente governada por normas morais.

Vive segundo os ditames da sociedade, percebendo o dever, as regras, as


normas e as convenções e admitindo seus erros; o homem começa a entrar
em si;
Mas não dá uma satisfação plena, daí necessitar do estágio seguinte.

Nesse ponto, unem-se o amor romântico e um acordo econômico e social,


sob a forma do amor cristão, um dom generoso entre duas pessoas que
reconheceram em Deus, o responsável por esta união.

O casamento é, um meio pelo qual duas pessoas fazem uma opção tendo
Deus como testemunha e são introduzidos na realidade da vida. E é aqui
que se evidencia conscientemente a vida ética. Terá o homem que
empenhar toda força para manter a vida conjugal.
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O Estágio Religioso
Mas, o casamento não pode ser a única solução, podendo existir uma solução
excepcional: a vocação religiosa que conduz a um estágio de existência superior.

A religião para Kierkegaard é uma fonte de inspiração e um espaço de reflexão e


existência.

A religiosidade pessoal do filósofo é composta por duas realidades: por um lado o


cristianismo com seus dogmas e seus paradoxos. Por outro lado, a tensão
psicológica com que ele e sua família recebem estes dogmas e paradoxos do
cristianismo em meio aos problemas existenciais profundos e traumáticos no
ambiente familiar: angústia e temor.

Kierkegaard entendia que os estágios estéticos e éticos não podiam existir sem o
estágio religioso. Em outras palavras, o religioso estava presente tanto no estético
quanto no ético. O religioso é um estágio consequente, pois é a partir da desordem
dos estágios inferiores que se tem a possibilidade de encontrar a realidade superior
da vida religiosa.
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Entretanto, apesar da vida religiosa ser consequência dos dois primeiros estágios, ela
exige uma decisão.
Ele teve que fazer uma escolha, muito clara, pela vida religiosa. Dentre suas várias
vocações, ele escolheu a vida religiosa, que para ele é a forma de vida mais difícil, por
ser marcada pela solidão e pelo olhar atento de Deus.
Sua luta solitária, contra pastores e bispos oficiais preocupados com suas carreiras
eclesiásticas, aumenta o seu sofrimento e o fará alvo das chacotas populares,
aumentando, a cada dia, a sua solidão.
Segundo Kierkegaard, o homem tem diante de si várias opções possíveis, é inteiramente
livre, não se conforma a um predeterminismo lógico.
A verdade não é encontrada através do raciocínio lógico, mas segundo a paixão que é
colocada na afirmação e sustentação dos fatos: A VERDADE É SUBJETIVA.
A consequência de ser a verdade subjetiva é que a liberdade torna-se ilimitada.

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A liberdade, segundo ele, gera no homem a angústia que
pode levá-lo, de várias formas, ao desespero.

Então, cada decisão é um risco, o que deixa a pessoa


mergulhada na incerteza, pressionada por uma decisão que
se torna angustiante.

Como no modo de vida estético, ele escolhe fugir dessa


angústia e do desespero.

Outra forma de fuga é ignorar o próprio eu, tornar-se um


autômato, apegar-se a um papel, como no modo de vida
ético.
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Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) - alemão

• Filósofo, poeta e compositor.


• Não foi propriamente um filósofo existencialista, mas um dos
precursores do movimento;

• Nega os dogmas cristãos.


• Considera a moral cristã a moral dos escravos;

• “A realidade é feita de oposições e conflitos... qualquer


afirmação provoca uma negação....”;

• O homem é o ser que se esforça constantemente para


superar-se. Está sempre para além de si mesmo;

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Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) - alemão
• Enfatiza a necessidade de aceitação de ser aquilo que se é,
aceitar-se incondicionalmente. Não apenas suportar, mas
amar. Assumir a responsabilidade e aceitar a existência como
se apresenta.

• • Apesar de bem mais novo só tomou pouco conhecimento


da obra de Kierkegaard pouco antes de morrer e sua obra
acabou abrindo caminhos para Kierkegaard;

• • Ficou doente aos 35 anos e teve uma crise de loucura aos


45 da qual não se recupera até a morte aos 56 anos.

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SartreJean-Paul Sartre
Filósofo existencialista francês afirma
que a “existência precede a essência”.

Estudou em Paris, onde também conheceu Simone de Beauvoir que se tornaria


sua companheira e colaboradora até o fim de sua vida.

Fica fascinado com a fenomenologia de Husserl e em Berlim conhece a obra de


Heidegger, a qual trará os elementos básicos para a primeira fase de sua carreira
filosófica

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EM-SI

 Segundo a fenomenologia e o existencialismo, o mundo é


povoado de seres Em-si.

 Podemos entender um Em-si como qualquer objeto existente no


mundo e que possui uma essência definida.

 Uma caneta, por exemplo, é um objeto criado para suprir uma


necessidade: a escrita. Para criá-lo, parte-se de uma ideia que é
concretizada, e o objeto construído enquadra-se nessa essência
prévia.

 Um ser Em-si não tem potencialidades nem consciência de si ou


do mundo. Ele apenas é. Os objetos do mundo apresentam-se à
consciência humana através das suas manifestações físicas
(fenômenos). Copyright 2010 29
PARA SI
 A consciência humana é um tipo diferente de ser, por possuir conhecimento a seu
próprio respeito e a respeito do mundo. É uma forma diferente de ser, chamada Para-si.

 É o Para-si que faz as relações temporais e funcionais entre os seres


Em-si e ao fazer isso constrói um sentido para o mundo em que vive.

 O Para-si não tem uma essência definida. Ele não é resultado de uma
idéia pré-existente.

 Como o existencialismo sartriano é ateu, ele não admite a existência


de um criador que tenha predeterminado a essência e os fins de cada
pessoa.

 É preciso que o Para-si exista, e durante essa existência ele define, a


cada momento o que é sua essência.
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Cada pessoa só tem como essência imutável, aquilo que já viveu.

Posso saber que o que fui se definiu por algumas características ou


qualidades, bem como pelos atos que já realizei, mas tenho a
liberdade de mudar minha vida deste momento em diante. Nada me
compele a manter esta essência, que só é conhecida em retrospecto.

Podemos afirmar que meu ser passado é um Em-si, possui uma


essência conhecida, mas essa essência não é predeterminada. Ela só
existe no passado.

Cada Para-si tem a liberdade de fazer de si o


que quiser.
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Assim, para Sartre, a consciência é um transcender, um superar-se,
um ir além de si mesmo. (somos movimento- vamos ver isso mais
adiante nas ideias de Heidegger)

Trancender = projeto (o que cada um projeta ser)

Parece contraditório porque projeto é algo que ainda não é!

Então: somos aquilo que não somos e sim o que projetamos ser.

Isso é liberdade. A liberdade não é um atributo que se tem ou não


se tem. A liberdade é e não pode deixar de ser.

SOMOS CONDENADOS A SER LIVRES.


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 Sartre considerava que todas as pessoas são movidas por um
projeto fundamental, o projeto de auto realização.

 No mundo real, são as limitações que me impõem escolhas.

 Mesmo um homem preso a uma cama pode ter a liberdade de


querer se curar e andar. Esta é, para Sartre, a verdadeira
liberdade da qual nenhum homem pode escapar: "não é a
liberdade de realização, mas a liberdade de eleição".

 O importante não é o que o mundo faz de você, mas o que você


faz com aquilo que o mundo fez de você.

 AS ESCOLHAS DEPENDERÃO DO SENTIDO QUE DOU AOS


FATOS
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A MÁ-FÉ

Ao abandonar a má-fé, o homem passa a viver em angústia, pois ele


deixa de se enganar.
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Através da liberdade o homem escolhe ser o que se é, assim realiza sua
essência. Mas, Sartre não compreende o homem como um ser preso a
uma natureza humana ou a uma natureza divina. O homem é aquilo
que faz de si mesmo.
Ele é o que se projeta ser e não existe antes disso. Ele surge no mundo e
depois se define.
A escolha por um ou outro projeto vai depender dos seus valores. Sua
consciência reflexiva é a uma consciência moral. Para valorizar e preciso
refletir e julgar.
O valor é a própria expressão da LIBERDADE.

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MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) – alemão

Foi o primeiro a usar o método fenomenológico na Análise


Existencial;

Estudou com Husserl e foi seu sucessor;

Sua obra mais importante e inacabada é “Ser e tempo”;


Faz uma reflexão profunda da existência humana;
Procurou respostas para as questões fundamentais da
existência;

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Concluiu que o homem é um ser lançado no mundo a partir do nada: o
dasein (ser-aí);

O tempo é a dimensão essencial do Ser-aí: existindo através do tempo,


ele constrói sua história e é.

A morte é um modo de ser que põe fim ao projeto;

Toda angústia é diante da morte, que se repete em cada situação


de escolha do meu projeto;

Assumir a angústia é assumir a morte como possibilidade


presente a cada instante e é o mais responsável passo na busca de uma
existência autêntica e criativa;
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Existir é expressar aquilo que está no interior.

O homem não é – está sendo (Gerúndio).

Verbo ser – latim – ser \ ens\ esse\ ente

Por que há ALGO no lugar do NADA ?

ser ente
precede a existência tudo o que existe
é o que se ´presenta
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ENTE = coisas = estudadas do modo científico = Estudo ÔNTICO
desvendamos características do objeto que é

SER = a ciência não consegue explicar só a filosofia = Estudo ONTOLÓGICO


Oque esse cachorro está FAZENDO aí?

p\a metafísica tudo tem uma coisa vem de outra, que vem de outra, uem vem de
outra.... 1º motor DEUS = estudo Onto-teológio)

Heidegger queria compreender o ser não pelo estudo tradicional nem pelo
metafísico.

NECESSIDADE de REFLEXÃO – mas a sociedade é voltada para o tecnicismo, a


coisificação.
As COISAS fazem parte de uma cadeia utilitária, que não tem fim. O livro serve
para ler, ler serve para instruir, instruir serve para conseguir emprego.....
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Cadeia utilitária = TÉDIO

Como quebrar a cadeia utilitária?

(ex. maionese)

SURPRESA = breve momento de alegria.


O encontro com o ser traz a alegria porque supera e rompe
com o tédio.

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A Fenomenologia
Fundada por Edmund HUSSERL (1859-1938).

Fenomenologia = grego = estudar, comprender o fenômeno, aquilo


que se mostra.
Crítica ao psicologismo empirista, a simples descrição empirista
dos dados da experiência, acabam por trair a experiência.

OBS: Heidegger (existencialista) foi discípulo de Husserl (na


Alemanha) e Merleau-Ponty (na França) desenvolveu a filosofia
fenomenoilógica e marcou indiretamente o movimento
existencialista.

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Fenômeno em grego = “o que aparece”

Não há um puro ser “escondido” atrás das aparências ou do


fenômeno.

A consciência desvela progressivamente o objeto por meio de


perspectivas, perfis... A consciência é doadora de sentido, é
fonte de significado para o mundo.

Por isso “conhecer “ é um processo que não se acaba nunca. É


uma exploração exaustiva do mundo.
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Desde Kant, o fenômeno se oferece ao sujeito do conhecimento,
sob as estruturas cognitivas da consciência!

Hegel ampliou o conceito do fenômeno, afirmando que tudo o


que aparece só pode aparecer para uma consciência, sendo ela
própria o fenômeno.

Husserl amplia os conceitos de Kant e Hegel. Ele afirma que o


fenômeno é a presença real de coisas reais diante da
consciência: é aquilo que se apresenta “em carne e osso” à
consciência.
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Para ele, a consciência é doadora de sentido às coisas. Ela não se
encarna nas coisas, não se torna as próprias coisas, mas dá
significação à elas.

O fenômeno é a essência, e essência é a significação ou o sentido de


um ser, sua ideia.

A fenomenologia se preocupa com a descrição da realidade,


colocando como ponto de partida de reflexão o próprio homem no
esforço de encontrar o que REALMENTE é dado na experiência e
descrevendo “o que se passa” efetivamente do ponto de vista
daquele que vive uma determinada situação concreta.
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Para ele, a consciência é um ato intencional e sua essência é a
intencionalidade, ou seja, o ato de dar significação às coisas.

O mundo ou a realidade é o correlato intencional da


consciência.

Assim, perceber é o ato intencional da consciência e a percepção


é a unidade interna entre o ato e o correlato, entre o perceber e o
percebido.

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A fenomenologia vai investigar a constituição do mundo na consciência.
Husserl se perguntará pela estrutura dessa consciência intencional, pela
maneira como produz o SENTIDO dos fenômenos.

Acaba a dicotomia sujeito-objeto.

Há uma abertura da consciência do seu lado-sujeito que se dirige para seu


lado-objeto.

O lado-sujeito (NOESIS) = o conjunto de vivencias orientada


subjetivamente.
O lado-objeto (NOEMA) = a vivencia orientada objetivamente.

Noesis é o ato mesmo de pensar e Noema é o objeto do pensamento.


Não há noesis sem noema, ninguém pensa sobre nada....

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A consciência é um transcender... Inventa-se... Ir
para além de si mesmo.

Somos movimento...

Transcender-se = o projeto.. O que cada um


projeta ser.

Mas, um projeto é algo que ainda não é!

Somos aquilo que não somos e sim o que


projetamos!

O sentido do mundo é o sentido que a consciência


dá ao mundo.
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É um método da psi que procura descobrir e elucidar os
fenômenos do comportamento tal como se manifestam na
percepção imediata.

• É a descrição da experiência imediata;

• Propõe a extinção da separação entre "sujeito" e "objeto",


opondo-se ao pensamento positivista do século XIX.

• O método fenomenológico se define como uma volta às


coisas mesmas, isto é, aos fenômenos, aquilo que
aparece à consciência, que se dá como objeto
intencional.
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A fenomenologia possibilitou à Psicologia uma nova
postura para inquirir os fenômenos psicológicos: a de não
se ater somente ao estudo dos comportamentos
observáveis e controláveis, mas procurar interrogar as
experiências vividas e os significados que o sujeito lhes
atribui, ou seja, o de não priorizar o objeto e/ou sujeito,
mas centrar-se na relação sujeito-objeto-mundo.

Portanto, busca prestar simplesmente atenção à realidade


NA consciência, aos objetos COMO visados PELA e NA
consciência - ao fenômeno.

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O Método Fenomenológico:
1. A “epoché” é o primeiro passo para que haja uma redução
fenomenológica.

A descrição do fenômeno presente na consciência e não os fatos físicos


ou biológicos, pondo-os entre parênteses, suspendendo o juízo sobre o
mundo natural.

Suspende-se o juízo relativo a tudo que é exterior ao sujeito: coisas e


pessoas e o próprio Deus, considerando-se o próprio sujeito cognoscente
e seus atos conscientes.

Sem se preocupar em descobrir as causas do objeto ou as justificativas de


sua existência.

O objeto só pode ser definido a partir de sua relação com a consciência.

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2. segundo passo

A exploração ou investigação do material descrito.

Uma boa maneira de conduzir esta fase é através de perguntas à


descrição, de modo a explorá-la exaustivamente.

Ao esgotar as perguntas possíveis, o psicólogo verifica que partes


identificadas podem ser retiradas sem comprometer a estrutura ou essência
do objeto.

A resposta definirá o que é essencial à identificação do objeto. Conclui-se


o segundo passo com a preparação de uma nova descrição.
Esta segunda descrição mostra a nova consciência do objeto da
experiência.

O objeto está definido, as partes identificadas e as distinções entre o


essencial e o não-essencial indicadas.

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3. terceiro passo

Revela-se o direcionamento da consciência para aquele determinado objeto da


experiência. Este direcionamento, que é o mesmo que intenção, é então o sentido
que aquele objeto assume para a consciência.

Na teoria de Husserl, chega-se a este sentido através das várias modalidades dos
processos mentais.

Estes processos são conhecidos como AFEIÇÃO (eu sinto), CONAÇÃO (eu julgo) e
COGNIÇÃO (eu penso).

Assim, a investigação chega ao fim com a descoberta da INTENCIONALIDADE do


outro.

Em outras palavras, a descrição final do objeto da experiência seria a consciência


do psicólogo (eu) da intencionalidade do cliente (outro).

O que possibilita a experiência de acesso à consciência do outro (alteridade) é a


intersubjetividade - uma subjetividade comum a duas ou mais pessoas.

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A fenomenologia (Husserl) produz uma troca metodológica nas
ciências, a qual dará sustentação a estas linhas.

O mundo é o que se percebe na experiência vivida, não sendo


possível a objetividade.

Se transforma em um método: põe entre parênteses tudo que é


conhecido e centra-se na descrição para excluir da mente qualquer
juízo de valor e qualquer afirmação relativa as suas causas.

Na prática, põe entre parênteses o que o terapeuta é para assim


compreender o paciente.

O cliente é quem conhece em profundidade o que se sucede


consigo mesmo, portanto é a melhor pessoa para resolver.

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O que trabalha esta abordagem?
Busca com que o cliente se revele, em primeiro lugar,
para si mesmo descobrindo como é e a partir daí, poder
ver como está se relacionando com o mundo, para se
apropriar de como tem escolhido ser e estar consigo e
com os outros, responsabilizar-se por sua vida.

Ou seja, olhar para dentro de si, reconhecer-se, assumir


para modificar-se caso considere que é devido, ou seja,
buscar um sentido mais próprio para sua vida.

O papel do fenomenólogo em uma psicoterapia de


abordagem existencial é ajudar o cliente a reconstruir
seu mundo interior, ajudando-a a experenciar sua
existência.
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A total integração não é possível = A vida é por natureza fluida, inconstante,
indeterminada.
A incompletude é compreendida pelo homem como abandono

Sente-se abandonado por ver-se lançado no mundo, em determinadas condições


históricas, sociais e familiares, sem ter escolhido por isto.

Vê-se entregue a própria sorte tendo que conviver com


o desconhecido, o mutável,
a imprevisão e a ausência
de respostas.

pode causar intensa angústia.

RISCO = Impossibilidade de ter certeza do resultado de suas escolhas.


A tentativa de por fim a esta eterna busca e fornecer respostas
tranquilizadoras, gera a busca de um ponto de apoio seguro.

Onde o homem pensa encontrá-lo? Na razão lógico-


matemática.

o conhecimento apoiado na razão,


tem o poder torná-lo preciso, claro,
capaz de fornecer respostas definitivas
e findar a angústia.
A cura dos sintomas é apenas uma espécie de subproduto disto.

A terapia permite chegar a uma compreensão fenomenológica


do existente, adotando para isso uma grande variedade de
práticas.

Cada profissional desenvolve uma forma peculiar de colocar


seus pressupostos em prática.

Tal abordagem tem como princípio básico a compreensão do


cliente em sua totalidade, e não uma coleção de partes, partindo
do seu próprio ângulo, analisando a estrutura de sua existência
humana.

Seu objetivo é decifrar os padrões de comportamento para então


chegar ao projeto ou imagem que o indivíduo tem de si mesmo.
Copyright 2010 61
Ludwig Binswanger (1881-1966) – criador da
Análise Existencial

Estudou com Jung e foi um dos primeiros


seguidores de Freud. (a amizade durou a vida toda)

A Análise Existencial é uma teoria e prática


psiquiátrica, “uma ciência experimental, com um
método próprio, o das ciências fenomenológicas”,
onde a EXISTÊNCIA AUTÊNTICA é a
responsabilidade pessoal, o inacabamento e a
transcendência, a busca de ultrapassar a situação,
assumindo o passado, compreendendo o presente
e responsabilizando-se por um projeto livre e
autodeterminado.
Copyright 2010 62
Objetivo:

A reconstrução do mundo interno da experiência.

Oposição ao conceito de causalidade:

Não há relações de causa-efeito na existência humana.

No máximo existem sequências de comportamentos, mas


não é lícito derivar a causalidade da sequência.

Algo que acontece a uma criança não é causa de seu


comportamento futuro como adulto.
Copyright 2010 63
O psicólogo existencial substitui o conceito de
causalidade pelo conceito de MOTIVAÇÃO.

Nega os conceitos de inconsciente, de energia psíquica,


instintos ou arquétipos.

Os fenômenos são o que são no seu imediatismo. Não são


uma fachada derivada de outra coisa.

O trabalho da psicologia deveria ser o de descrever os


fenômenos.

Copyright 2010 64
Binswanger conseguiu despojar-se de todo o complexo
aparato das teorias de Jung e Freud, apesar de ter sido
treinado na psicanálise e de ter se servido dela por
muitos anos.

Ver o que há para ser visto, sem qualquer hipótese ou


julgamento prévio é a prescrição do psicólogo
existencial para o estudo do comportamento.

Copyright 2010 65
A psicoterapia tem como objetivo proporcionar ao
sujeito uma compreensão de si e uma
REESTRUTURAÇÃO de suas formas de estar no
mundo e comunicar-lhe que deve se abrir a outras
possibilidades de existir, procurando uma maior
autenticidade de sua existência.

Não se promete cura, nem adaptação, nem


tranquilidade.

Promete autocompreensão, liberdade,


responsabilidade, preocupação e angústia.
Copyright 2010 66
O homem não é nem o peão do seu ambiente, nem
uma criação dos instintos... ele é, ao contrário, livre
para escolher e inteiramente responsável pela
existência.

O que quer que ele faça é sua escolha. Mas, a


liberdade para escolher não lhe assegura escolhas
sábias! (daí a presença de fobias, ansiedade,
compulsões....)

Copyright 2010 67
Uma pesquisa mostrou que dentre uma lista de 60 fatores considerados
terapêuticos, entre os mais valorizados pelos clientes foram:

❖ Reconhecer que a vida é, às vezes, injusta e parcial;


❖ Reconhecer que não há escapatória de algumas dores da vida e da morte;
❖ Reconhecer que, não importa como eu esteja perto de outros, eu preciso
enfrentar a vida sozinho;
❖ Encarar os aspectos básicos da minha vida e da morte e, assim, viver
minha vida mais honestamente e sendo menos envolvido com
trivialidades;
❖ Aprender que preciso assumir a responsabilidade** pela maneira como
vivo minha vida, não importando a orientação e o apoio que consiga dos
outros.
❖ A liberdade refere-se à necessidade de se fazer escolhas responsáveis.

Copyright 2010 68
ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA E A CLÍNICA
PSIQUIÁTRICA – Carl Rogers (1902 a 1987)

Como é o atendimento psicoterápico que realizo


com um paciente psicótico? De que forma é
conduzido esse processo terapêutico?
(Seminário de 100 anos de Rogers)

O psicótico vive num mundo próprio, no qual


poucos conseguem penetrar. Este isolamento faz
com que ele seja percebido – por muita gente –
como alguém que se perdeu dos demais, que se
isolou e que não consegue mais ser como os outros
humanos, etc....
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A terapia do psicótico é uma tentativa de resgatar aquela pessoa
que se distanciou dos demais, no exato momento em que
buscava manter a integridade de sua estrutura psíquica.

Tais pacientes devem ser atendidos do mesmo modo como todos


os outros, considerados não psicóticos.

Esse paciente, do mesmo modo que acontece com qualquer


pessoa, tem suas ideias, seus desejos, seu modo típico de ser,
sua subjetividade e sua singularidade.

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O seu modo de perceber o mundo pode ser
diferente do modo como a maioria das pessoas
percebe.

Sua forma de focalizar a realidade pode parecer


estranha para muita gente, mas é, exatamente aí –
nessa sua visão “ilógica” do que o cerca – que
precisamos penetrar, para tentarmos compreendê-lo
e ajudá-lo no entendimento dessa sua forma
peculiar de percepção.

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O básico nessa terapia é a crença na capacidade da
pessoa para organizar suas experiências, crescer,
evoluir, etc., desde que o terapeuta consiga estabelecer
um tipo de relacionamento no qual estejam presentes
condições fundamentais e básicas, como:
❖ compreensão empática,
❖ consideração positiva incondicional pelo outro e
❖ atitude congruente por parte do terapeuta.
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Quando escuto atentamente meu cliente (psicótico ou não),
sem me preocupar com diagnósticos, julgamentos morais,
éticos ou outros de qualquer natureza; quando estou ali,
com ele, o mais “presente” possível, sendo eu, do modo
como sou (sem me esconder atrás de máscaras
profissionais), ocorre, então, um “fenômeno” muito
significativo: o outro se arrisca a mostrar-se como ele, de
fato, é.
Nesse mostrar-se, há algo novo que é a possibilidade de ele
ir além da percepção, que até então tinha de si.

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Em outras palavras, começa “realmente” a se
conhecer e a se compreender e inicie um
processo de aceitação de si, de ampliação de
sua imagem, de seu eu, de sua pessoa.

Essa ampliação gera mudanças no seu modo


de ser, de se ver, de ver os demais e de ver a
própria realidade, na qual vive, muitas vezes
distorcida pela visão equivocada que possui
dela.
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É importante ressaltar que o atendimento seja em equipe.

Esse grupo multiprofissional deve ser composto, no


mínimo, por um clínico, um psiquiatra e o psicoterapeuta.

É sempre importante que o paciente esteja bem medicado e


que seu quadro clínico não seja descuidado.

Psicoterapia não entra em choque com outros


atendimentos.

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Rogers afirmava que:

Precisamos aceitar a “loucura” do paciente para que


ele possa aceitá-la também. Só assim ele poderá optar
– se quiser ou puder – pela “não loucura”, ou por um
universo intermediário.

As ideias que norteiam as propostas da ACP são


essenciais para que se possa ter tranquilidade e
segurança suficientes, para empreendermos essa
“viagem” emocionante, humana, que é a terapia do
paciente psiquiátrico.
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A psicologia Humanista recebe influência dos valores do
movimento humanista antigo que valoriza a beleza, a força, a
virtude;

O homem tem um potencial interno, uma força interior, um


impulso para o crescimento. Mesmo que hajam forças no
sentido inverso. Ele pode atualizar sempre suas forças, se fizer
esta opção.

O crescimento é uma série de escolhas entre a segurança e o


desenvolvimento. Salvo alguma deficiência ele tende a optar
pelo crescimento.

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Trabalha os valores, as virtudes embutidas nas
atitudes e comportamentos;

Rogers acreditava que o homem é potencialmente


bom e acreditava nas suas potencialidades
construtivas individuais as quais ele partilha com
outros.

A Psi humanista enfoca as relações, já que a


existência humana se dá em um contexto
interpessoal
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Na psicoterapia de base Humanista-existencial a
angústia existencial é considerada pela ausência de
justificativas, assim como pelas responsabilidades.

Não há mais a quem atribuir a causalidade dos


eventos.

O saudável, a sanidade está em perceber suas


próprias escolhas e se responsabilizar por elas.

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A atitude é fenomenológica, caracterizada por
uma suspensão do juízo, chamada ÉPOCHÈ.

Essa atitude promove uma “abertura” de


sentido diante do fenômeno para que ele
possa ser melhor apreendido.

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Victor Frankl
Viktor Frankl e a Análise Existencial, a “Psicologia do Sentido da Vida”

Foi um e psiquiatra austríaco, fundador da escola da Logoterapia, que explora o


sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência.

Logoterapia = a saúde através do sentido. Vê o homem como um ser


“orientado para o sentido.”

Foi preso pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, uma experiência que
marcou sua vida.

Segundo Frankl, existiria no ser humano um desejo e uma vontade de "sentido".

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Para Frankl um homem, quando sente um este vazio de
sentido na vida, busca auxílio pois não se sente confortável
em viver sem sentido ou ideais.

Diz também que eventos muito fortes podem adiantar a busca


pelo sentido da vida.

Tais eventos podem criar desconforto, trauma intenso, mas


podem criar um aspecto de fortaleza no indivíduo.

A busca de sentido na vida da pessoa é a principal força


motivadora do ser humano.
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Não é o homem que dá sentido à sua vida, mas
sim é a vida quem a todo o momento nos cobra
seu sentido.

É a busca de sua auto expressão mais autêntica e


do compromisso sincero com as próprias escolhas
existenciais.

Vídeo

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Rollo May
Psicanalista com propostas exitencialistas, afirma
que existir é Ex-sistere, Ser-Para-Fora, emergir,
revelar, sobressair.
Psicoterapia Existencial é a investigação com o
indivíduo na busca de lhe fazer sobressair ou
revelar, livremente, o que nele há de individual,
particular, único e concreto.
É à busca de sua auto expressão mais autêntica e do
compromisso sincero com as próprias escolhas
existenciais.
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Rollo May (1954) diz que a partir de uma atitude
compreensiva o ser é capaz de perceber o seu
estado no mundo e decidir por uma aceitação
mais ampla de vida.

O ser precisa de uma experiência que o leve a


transcender e não de uma explicação.

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. “A ampla aceitação é o objetivo de toda a terapêutica,
para um sentido mais preciso; significa a relação de um
indivíduo com seu mundo e com seu eu, a experiência da
própria existência” (MAY, 1977, p.66).

O objetivo da psicoterapia existencial, portanto, é ampliar


o campo perceptível, elevar a sensibilidade para as
experiências em suas possibilidades e em sua totalidade.
Através do conhecimento de seu “ser”, do modo como se
coloca junto-com as pessoas e como experimenta as
experiências que o cercam.

Em outras palavras, o ser assume o seu estado de ser


humano em processo, um ser-sendo.
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