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Justiça Internacional: delimitação conceptual

J I lato sensu:
Resolução de conflitos através de qualquer meio permitido e consagrado pela Ordem
Jurídica Internacional;

J I ss:
Conjunto de meio jurisdicionais permanentes de resolução pacifica de conflitos entre
sujeitos de DI. Abrange quer órgãos jurisdicionais de OI quer instituições jurisdicionais.

Estes meios permanentes traduzem-se na existência de jurisdições internacionais ou


tribunais internacionais.
Jurisdição internacional tem um duplo sentido, material( autoridade ou competência
para declarar o direito, com uma decisão obrigatória para as partes, com a aplicação
do DI) e um sentido orgânico ( tribunal em sentido orgânico);

Tribunal Internacional( sentido orgânico de jurisdição), enquanto meio permanente de


resolução de conflitos pressupõe a existência de um conjunto de requisitos( existência
de uma decisão, obrigatória para as partes, fundada em normas jurídicas que vinculam
ambas as partes, com regras que respeitem o P.Contraditorio e P.Igualdade.

Portanto, para a criação de um tribunal internacional:


- Permanente;
- Obrigatoriedade das decisões;
- Independência( irrelevância na vontade nas partes na composição do tribunal e
designação dos seus membros, bem como na organização e funcionamento);
- A sua criação tem que se fundar numa fonte de DI ( ex: Tratado entre Estados
soberanos) e isso vai determinar os aspetos principais da respetiva jurisdição e
competência;
- Decisões fundadas na aplicação de normas e/ou princípios de DI;
- As partes tem que ser sujeitos de DI;
- Pre existência de regras reguladoras não dependentes da vontade das partes;
- Respeito pelo P.Igualdade e P.Contraditorio e independência na resolução do
conflito;

Destes requisitos alguns tem que ser flexíveis para acompanhar a evolução da Ordem
Jurídica Internacional, nomeadamente:
- O da natureza jurídica da fonte instrutiva, pois tanto pode ser um tratado
internacional, mas também por um acto de órgão de uma OI(C.Seg ONU);
- O da natureza das partes, pois tanto podem ser Estados Soberanos como OI, mas
também sujeitos infra estaduais, isto é, pessoa singulares ou coletivas;
Qual a natureza jurídica dos tribunais internacionais?

Por um lado, os TI revestem a natureza de órgãos integrantes da estrutura institucional


de uma OI, de acordo com a respetiva
quais são? Tribunal Permanente de Justiça Internacional e o TIJ; Tribunais da Uniao
Europeia; entre outros

Por outro, os que não são configurados pelo ato institutivo, são considerados
organização internacional de caracter internacional, como o TPenalInternacional, que
é qualificado como a primeira organização internacional de natureza judicial( DIEZ DE
VELASCO); o ato criador não os configura como órgãos de uma OI;
quais são? TPI; TIDM; TEDH; Órgão de Recurso Permanente da OMC;

Jorge Miranda: TEDH é o órgão jurisdicional do sistema institucional da CEDH;


Jonatas Machado: TPI jurisdição penal permanente;
Estatuto de Roma: TPI é uma instituição permanente;

Mas que elementos tem que ter para serem equiparados a uma
organização internacional? (estes últimos)

Segundo Jorge Miranda, há dois elementos identificadores de qualquer OI:


- elemento material(agrupamento de Estados ou de outros sujeitos) e elemento formal
(personalidade jurídica internacional)

A doutrina espanhola( DIEZ DE VELASCO) aponta quatro elementos caracterizadores de


uma OI:
- a composição essencialmente estadual;
- base jurídica convencional;
- estrutura orgânica permanente e independente;
- autonomia jurídica;

Ora, dos 3 tribunais, apenas o TPI se aproxima do conceito de O.I, visto que:
- O Tratado Institutivo foi celebrado por Estados soberanos (elemento material e base
jurídica convencional);
- O Estatuto de Roma atribui lhe personalidade jurídica internacional (elemento formal
ou autonomia jurídica):

O único elemento que parece não estar preenchido é a estrutura orgânica permanente
e independente, capaz de expressar uma vontade jurídica distinta da vontade dos
Estados membros, pois o Estatuto de Roma prevê uma Assembleia representativa dos
Estados partes(art 34º e 112º do ERTPI);

Posição da Regente Maria Rangel Mesquita

A prof acolhe a modalidade de Órgão(jurisdicional) de uma OI; Ou então a modalidade


de instituição jurisdicional internacional;
Esta ultima traduz-se num ente autónomo, de índole judicial, criado diretamente por
uma fonte de DI convencional atributiva de jurisdição em matérias determinadas, de
âmbito geral ou especial;

Os meios jurisdicionais internacionais permanentes distinguem se dos


meios internos, não obstante de partilharem traços similares. As
diferenças são as seguintes:

- Caracter facultativo das jurisdições internacionais, em virtude do consenso


estadual.
O princípio do consenso estadual significa que a instituição de qualquer tribunal ou
jurisdição internacional depende da vontade soberana dos Estados, quer por via direta
(celebração de uma convenção internacional), quer por via indireta (através da
participação do Estado nos órgãos de OI competentes para a deliberação da criação de
um tribunal internacional).
Este princípio tem ainda outro significado, o do consentimento das partes
envolvidas em se sujeitar à jurisdição de um tribunal internacional.
Este será um momento posterior, pois existem tribunais de jurisdição facultativa (TIJ) e
de jurisdição obrigatória (TIDM; Tribunais ad-hoc Ruanda e Jugoslávia; TPI quando o
lado ativo é o C.Seg da ONU; TEDH; TJUE no que concerne as matérias abrangidas nas
atribuições da União, salvo da PESC)
Apesar da obrigatoriedade de acatar decisões no âmbito da jurisdição obrigatória, em
ultima analise, depende sempre da vontade dos Estados, e isso significa abdicar da
soberania estadual na ordem jurídica internacional.

- A problemática do caracter executório da decisão, ou seja, se os Estados


cumprem ou não a decisão.

- Principio da Competência de Atribuição


A sua jurisdição é limitada pelo respetivo ato institutivo, podendo eles próprios
avaliar a sua própria competência. Portanto, os tribunais internacionais não são entes
de fins gerais.
Expressões a clarificar:

Diferendo: controvérsia, ou o desacordo entre as partes relativamente à matéria de


facto ou de direito, passível de ser resolvido por um tribunal internacional
permanente, através da aplicação do Direito Internacional com uma decisão
vinculativa para as partes.

Sistema de justiça internacional: Conjunto de normas e princípios que regulam a


criação e funcionamento de um determinado tribunal internacional.

Contencioso Internacional: estudo da competência dos tribunais internacionais e dos


meios que perante os mesmos se podem exercer através de um dado processo.
Em sentido material, o estudo da aplicação do DI pelos tribunais internacionais.

Tipologias do conceito Justiça Internacional Strictu Sensu


Essencialmente dividem -se em 3 parâmetros:
1. Âmbito material: Jurisdição dos Tribunais:
2. Âmbito Geográfico: Sistemas de Justiça Internacional;
3. Caráter de permanência;

1 – JI Geral e Especial.
O critério utilizado para distinguir é o critério material, ou seja, JI Genérico
corresponde à apreciação de diferendos relativos a qualquer área do DI, por oposição
à JI Especial, que se traduz na especialização em razão de uma matéria de dado
domínio do D.I, é mais restrito.

2 – JI Universal e Regional.
O critério a ser utilizado para a distinção é o geográfico. Importa desde logo saber
quais os sujeitos envolvidos na criação da jurisdição em causa e para os quais a mesma
se destina. Universal estarem envolvidos tendencialmente todos os sujeitos de D.I;
Regional apenas estão envolvidos um grupo restrito de sujeitos de DI e só esses vão
utilizar.

3 – JI Permanente e não Permanente (AD HOC).


O critério a ser utilizado para a distinção será o temporal. Permanente aquele cujo
funcionamento é ininterrupto. Não permanente ou AD HOC são tribunais criados para
tratar um determinado problema e a sua competência esgota-se com a resolução do
mesmo.

O objeto da Disciplina irá se desenvolver sob os seguintes


domínios:

Sistemas internacionais: Universais/Regionais; Permanentes; Geral ou Especial; De


decisão obrigatória;

Inter-relação entre esses tribunais;

Relação entre a JI e a Ordem jurídica portuguesa: Casos de vinculação e


Responsabilidade por incumprimento;

Relação entre JI e a U.E: Sistemas que a EU se encontra ou encontrara vinculada;

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