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Cantigas de Amor

Caracterização temática:

- Sujeito poético masculino (trovador)

- Objeto feminino (a “senhor” ou “dona”)

- Espaço aristocrático

- Sofrimento amoroso. Frente a uma dama inacessível. Pertencer a um estirpe


social inacessível.

- Elogio/ Amor cortês: Idealização e enaltecimento da mulher, de acordo com o


código do amor cortês (vassalagem e cortesia).

Nas cantigas de amor, o sujeito poético é masculino e exprime os seus


sentimentos para com uma dama. A sua atitude é de vassalagem e reproduz
metaforicamente as relações feudais. O trovador coloca-se ao serviço da sua
dona ou «senhor», guardando distância e respeito (mesura) face a ela, que, por
sua vez, se mostra, habitualmente, distante, fria, indiferente ou até cruel.

O carácter inacessível da amada e a ausência de retribuição amorosa


conduzem o «eu» enunciador à coita de amor – o intenso sofrimento amoroso,
a paixão infeliz que pode mesmo levar à loucura ou à morte por amor. Neste
género da poesia trovadoresca, é recorrente o elogio cortês à mulher amada,
cujo retrato se assemelha a uma idealização, com recurso frequente à
hipérbole para intensificar a beleza (física e moral) e a perfeição da dona

Sujeito poético é masculino.


Poema: A dona que eu am’ e tenho por senhor

A dona que eu am'e tenho por senhor


amostrade-me-a, Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me a morte.

A que tenh'eu por lume d’estes olhos meus


e por que choram sempr', amostrade-me-a, Deus,
se non dade-me a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer


de quantas sei, ai, Deus!, fazede-me-aveer,
se non dade-me a morte.

Ai Deus! que me-a fezeste mais ca min amar,


mostrade-me-a, u possa com ela falar,
se nom dade-me a morte.

O poema é sobre o que?


Qual o sentido privilegiado?
Como caracteriza a mulher amada?

Sofrimento pela impossibilidade de estar com a mulher que ama. Mulher


inatingível que o leva ao desespero.
A dona que eu am'e tenho por senhor
amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for,
se nom dade-mi a morte.

A que tenh'eu por lume d’estes olhos meus


e por que choram sempr', amostrade-mi-a, Deus,
se nom dade-mi a morte.

Essa que vós fezestes melhor parecer


de quantas sei, ai, Deus!, fazede-me-a veer,
senom dade-mi a morte.

Ai Deus! que mi a fezestes mais ca mim amar,


mostrade-mi-a, u possa com ela falar,
se nom dade-mi a morte.

Faz apelos a Deus para que lhe mostre a mulher amada. Para que a coloque
diante dos seus olhos, para falar com ela.
O olhar é o sentido previligiado.
Elogio da beleza da mulher amada.
Expressão do sentimento amoroso através do choro/olhos.
Auge do sofrimento. Prefere a morte se não for possível estar com a mulher
que ama.
Dirigindo-se a Deus, o trovador pede-lhe que lhe permita ver a sua senhora ou
então que lhe dê a morte. Na última estrofe, o pedido inclui a possibilidade de
esse encontro ser num lugar onde lhe possa falar.

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