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Outubro de 2010
ARMAZENAGEM DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
Importância de um bom armazenamento
As precauções adotadas nas refinarias e nos depósitos das companhias
distribuidoras visam assegurar ao consumidor produtos da maior qualidade. Estas
precauções vão desde o rigoroso controle de qualidade existente durante todo o processo
de fabricação do lubrificante, até cuidados com o envasamento e a embalagem, afim de
se evitar contaminações e outros danos que comprometeriam a qualidade do produto.
Extremos de temperatura
Além da contaminação, os óleos e graxas lubrificantes podem decompor quando
sujeitos a extremos de temperatura. O fenômeno ocorre especialmente com certas
graxas, capazes de apresentar separação entre o componente óleo e a sua massa, quando
guardados sob condições de calor excessivo.
Almoxarifado de lubrificante
Geralmente, o almoxarifado de lubrificantes deve ficar afastado de processos de
fabricação que produzem poeiras de carvão, cimento, coque, as quais facilmente
contaminariam o produto.
O lugar escolhido não deve estar muito próximo de fontes de calor, tais como
fornos ou caldeiras, porque os produtos podem ser deteriorados, mesmo que as
embalagens originais ainda estejam intactas.
O almoxarifado de lubrificantes deverá ter espaço suficiente para o manejo dos
tambores e um piso de material que não solte poeira nem absorva óleo, depois de um
derrame acidental. Dentro do almoxarifado ficarão os tambores deitados sobre estrados
de madeira, de tal forma que, por uma torneira adaptada ao bujão inferior, seja possível
os despejos de óleo num recipiente distribuidores.
Enquanto não se retira o óleo, os bujões e as torneiras devem permanecer
perfeitamente fechados. Pendurar nas torneiras pequenas latas que captem qualquer
pingamento fortuito, e ventilar bem o almoxarifado, evitando variação extrema de
temperatura ambiente.
Os recipientes de distribuição
Sejam quais as precauções tomadas para garantia dos produtos até a estocagem
no almoxarifado do consumidor, poucas valias terão, se não se fizer o controle das
referidas retiradas das quantidades parciais.
Os recipientes destinados à transferência dos produtos e à estocagem de
pequenas quantidades, nas próprias secções de consumo, devem conservar-se limpos e
protegidos contra a entrada de impurezas. É praxe recomendável lavá-los
periodicamente com querosene, secando-os antes de voltar ao uso. Da mesma forma, os
funis e outros aparelhos empregados na aplicação de lubrificantes precisam estar sempre
limpos e, para tanto, devem ser usados panos que não deixem fiapos.
Com o mesmo intuito de evitar contaminação, é necessário reservar um
recipiente, devidamente marcado, para recolher o óleo usado e retirado das máquinas.
A distribuição de lubrificantes do almoxarifado nem sempre se faz no vasilhame
original. Convém, portanto, providenciar equipamento adequado para quantidades
pequenas. Retira-se o óleo de um tambor guardado horizontalmente, colocando uma
torneira no furo do bujão pequeno, antes de deitar o tambor.
Acontece, todavia, que quando se trata de óleo viscoso, é preferível usar uma
torneira maior, colocada no bujão maior do tambor, para mais rápido escoamento do
óleo. Recomenda-se bomba manual para tambor guardado em posição vertical. Deve-se
limpar a tampa do tambor antes da retirada do bujão.
Os recipientes para quantidades pequenas de lubrificantes devem ser marcados,
para indicação do tipo de lubrificante que contém. Deve ser fabricado com material
resistente à corrosão. Evita-se a pintura interna dos recipientes, em vista da tendência de
descascamento da tinta.
As graxas são mais difíceis de distribuir, em razão da consistência.
Desaconselha-se a prática de retirá-las com um pedaço de madeira, em virtude do perigo
de contaminação em recipiente descoberto. Muitas vezes é aconselhável a instalação de
equipamento especial para o manuseio de graxas, ficando os recipientes fechados todo o
tempo.
Processos de re-refino
Um processo de re-refino deve ter, imprescindivelmente, baixo custo,
flexibilidade para se adaptar às variações de características das cargas e não causar
problemas ambientais.
O processo clássico de re-refino consiste na desidratação e na remoção de leves
por destilação atmosférica, tratamento do óleo desidratado com ácido sulfúrico e
neutralização com absorventes.
A tendência atual vai em direção aos processos de desasfaltamento através de
evaporadores de película ou T.D.A. (torre ciclônica de destilação). O subproduto de
fundo da destilação geralmente é empregado como componente de asfaltos. No tocante
à etapa de acabamento, as unidades de hidroacabamento são as selecionadas no caso de
maiores escalas. Para unidades menores, o acabamento por absorção é mais econômico.
Na Europa, os principais processos envolvem o desasfaltamento térmico ou a propano e
o acabamento por absorção, enquanto nos Estados Unidos, em função da maior escala
das plantas existentes, são usados processos de desasfaltamento seguidos de
hidroacabamento.
Os óleos usados são aqueles lubrificantes líquidos que foram usados em algum
processo, como automotivos, motores e máquinas, e que se oxidaram, alteraram-se e
passaram a conter substâncias estranhas originárias do próprio óleo ou provenientes de
contaminações.
Desidratação
Após ser descarregado numa caixa receptadora, o óleo usado passa por um
peneiramento e por uma filtração para a retenção de partículas grosseiras. A
desidratação é iniciada com um pré-aquecimento do óleo até 80°C antes de ser enviado
aos desidratadores. Numa operação em batelada, o óleo é desidratado a 180°C em
desidratadores com trocador externo em circulação forçada. A água e os solventes
evaporados são condensados e separados em um separador de fases. Os solventes são
aproveitados como combustível para os fornos e a água é enviada para tratamento
(ETE).
Destilação Flash
Uma vez desidratado, o óleo é bombeado para um forno onde é aquecido até
uma temperatura de 280°C. A partir daí, o óleo entra no sistema de vasos de
flasheamento sob alto vácuo (28 mBAR). Aqui são separadas as frações leves do óleo
usado: óleo neutro leve, óleo spindle e óleo diesel. O óleo neutro leve entra na
formulação de óleo com média viscosidade. O óleo spindle é usado em formulações
diversas. O óleo diesel é empregado como combustível. Estas frações precisam de um
acabamento antes do seu uso.
Desasfaltamento
O óleo destilado é bombeado para outro forno, onde é aquecido a uma
temperatura de 380oC, e enviado para os evaporadores de película. Nesta etapa, é
separada a fração asfáltica do óleo sob alto vácuo (1 mBAR). A fração asfáltica é
composta pela maior parte degradada do óleo lubrificante usado. Na sua composição
encontramos principalmente polímeros, metais, resinas, aditivos e compostos de
carbono. Esta fração é empregada na fabricação de mantas e produtos asfálticos em
geral.
Clarificação e Neutralização
Após a sulfonação, o óleo é bombeado para os reatores de clarificação, onde é
adicionada argila descorante (absorvente natural). A mistura óleo/argila é aquecida para
promover a absorção de compostos indesejáveis. No final, é adicionada a cal para
corrigir a acidez do óleo.
Filtração
A mistura óleo/argila/cal passa por filtros prensa para separar a fração sólida. A
argila com cal impregnada com óleo é empregada em indústrias cerâmicas e
cimenteiras. O óleo ainda passa por filtros de malha mais fina para eliminar os
particulados remanescentes. No final, é obtido o óleo básico mineral re-refinado com as
mesmas características de óleo básico virgem.
Após estas etapas, o óleo é armazenado em tanques. Para atender às
especificações de viscosidade, cor, ponto de fulgor, etc., cada lote é analisado e
corrigido pelo laboratório.
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
Durante o processamento do óleo usado são gerados subprodutos além do óleo
refinado. As frações leves podem ser empregadas como combustível na frota de
veículos, fornos e caldeiras; e a fração asfáltica é empregada como aditivo plastificante
na fabricação e comercialização de produtos asfálticos de alto desempenho. É gerado
também combustível pesado para fornos de altas temperaturas, gesso agrícola
empregado na correção de solo e agregado para a fabricação de produtos cerâmicos.
Para todas as emissões gasosas existem sistemas de tratamento e controle. Estes
sistemas são formados por lavadores alcalinos de gases e fornos de oxidação térmica de
alta temperatura. Para os efluentes líquidos, pode ser utilizada uma estratégia para
diminuir o consumo de água limpa e o descarte de efluentes: os efluentes gerados em
alguns setores são utilizados em outros setores (reciclagem interna). Assim, é
aproveitada ao máximo a água empregada na unidade.
O efluente industrial descartado é direcionado para separadores água/óleo, onde
é separado o óleo da fase aquosa. O óleo é reutilizado na fábrica. O efluente industrial
então recebe o efluente doméstico proveniente do restaurante, dos banheiros e dos
lavatórios de toda a unidade, e a mistura é enviada para a Estação de Tratamento de
Efluentes (ETE).
Na ETE pode ser empregado o sistema de lagoas aeradas. Este sistema é
composto por quatro lagoas aeradas e uma lagoa de decantação de lodo. A aeração das
lagoas é feita por membranas tubulares localizadas no fundo das mesmas e alimentadas
por sopradores de ar. Estas membranas possuem micro furos, que produzem micro
bolhas responsáveis pelo fornecimento de oxigênio e agitação da massa líquida com um
alto desempenho e menor consumo de energia. Os microorganismos presentes nas
lagoas empregam o oxigênio para degradar a carga poluidora presente no efluente (fenol
e hidrocarbonetos). Para isso, o efluente permanece durante seis a sete dias nas lagoas
aeradas. O lodo gerado na atividade microbiana é decantado e digerido na última lagoa.
O efluente, após o tratamento, é recirculado em mais de 80% para a fábrica, diminuindo
a dependência de fontes de água para a indústria.
Todos estes itens podem ser corrigidos por meio de medidas relativamente
simples , tais como secagem, filtragem, correção da viscosidade com óleo básico de
maior ou menor viscosidade e, finalmente, a remoção dos produtos da oxidação por
tratamento com terras ativadas. O tratamento com terras ativadas, além de remover os
produtos da oxidação, clarear o óleo e reduzir o índice de acidez, também remove a
maioria dos aditivos presentes. Neste caso, todas as propriedades conferidas por aditivos
devem ser restituídas.
Muitas vezes, quando o produto não pode voltar a sua aplicação original em
função de alguma contaminação que não pode ser removida pelo processo (por
exemplo, a presença de enxofre ativo), o mesmo pode ser transformado em outro tipo de
produto, como óleo para lubrificação geral ou óleo de corte.
Ao contrário do re-refino, que recebe óleo sujo de muitas fontes ou espécie,
desde que seja óleo mineral, e submete-o a um processo padronizado em suas
instalações, resultando em óleo básico re-refinado destinado aos fabricantes de
lubrificantes minerais, na reciclagem há necessidade de que o reciclador possua
profundos conhecimentos da formulação de lubrificantes, assim como conhecimento da
aplicação do lubrificante, para, em primeiro lugar, verificar se um óleo recebido do
usuário realmente pode voltar a sua aplicação original ou quais as alternativas em outras
normalmente menos severas.
A interação entre o usuário e o reciclador está numa base idêntica a do
fornecedor de óleo lubrificante novo.
As instalações e equipamentos do reciclador, embora semelhantes ao do
fabricante de óleo novo, são mais complexas: tancagem (um pouco menor quanto ao
volume total, porém maior em quantidade de tanques); tanques misturadores com seus
acessórios, tais como bombas e misturadores mecânicos; filtros-prensa de alta
capacidade para garantir pureza do óleo tratado (normalmente o fabricante de óleo novo
não submete o óleo à filtragem); equipamento para o envasilhamento; lavador de gases
(normalmente não existente no fabricante de lubrificantes); laboratório para avaliar a
reciclabilidade do óleo, controle de qualidade do processo e do produto acabado, mais o
equipamento específico para o tratamento do óleo com terras ativas para a remoção dos
produtos da oxidação. As perdas no processo são pequenas, normalmente não
ultrapassando 4%.
O número de vezes que um lubrificante industrial pode ser submetido à
reciclagem está limitado tão somente pelo grau de oxidação, contaminação e as perdas
naturais em serviço. Indubitavelmente, algum dia este óleo estará em condições que
somente o re-refino ainda poderá tirar alguma parte útil do mesmo. Porém, até este
momento, a indústria que utiliza os produtos assim reciclados, terá conseguido reduções
de custos consideráveis.
O óleo mineral é um recurso de fontes escassas e não renováveis. Quando
reciclado, gera economias. Assim, a natureza agradece e as gerações futuras também.
• Fonte: Revista Meio Ambiente Industrial, Ano VI, ed. 31, no 30 Maio/Junho da
2001
• www.lwart.com.br
• www.google.com.br
• http://www.mma.gov.br/port/conama/