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1.

O grau de exploração da força de trabalho


Consideremos o mais-valor oriundo do processo de trabalho como um
excedente do valor original da mercadoria. O capital adiantado, C,
decompõe-se em duas partes: c – quantia gasta com os meios de produção
e (capital constante) e v – quantia gasta com a força de trabalho (capital
variável). O capital constante não cria valor novo, enquanto o capital
variável vai crescendo mediante a necessidade. Portanto, a fórmula do
capital adiantado é C = c + v. Podemos tomar como exemplo um capital
adiantado de 500 reais: esse capital será constituído por um capital
constante (c) de 410$ e 90$ de capital variável (v). Ao final do processo de
produção obtêm-se um total de 590$: 410 de capital constante + 90 de
capital variável + 90 de mais-valor (valorização do trabalho). A fórmula C = c
+ v passa a ser C’ = (c+v) + m. A parte que consiste o capital constante
transfere apenas uma porção de seu valor ao produto, ao passo que outra
porção é conservada em sua antiga forma de existência. O valor que será
atribuído ao produto final será apenas o que comporta o desgaste da
máquina. O capital constate, adiantado para a produção de valor, é o valor
dos meios de produção consumidos na produção. O valor deste apenas
reaparece no produto.
O mais-valor é uma mera consequência de uma mudança de valor de v, a
parte do capital transformada em força, e que, portanto, v + m = v + deltaV.
Mas a verdadeira mudança de valor, bem como as condições dessa
mudança, é obscurecida pelo fato de que, em consequência do crescimento
de seu componente variável, tem-se também um crescimento do capital
total adiantado.
A relação do mais-valor não apenas com a parte do capital de onde ele
resulta diretamente e cuja mudança de valor ele representa, mas também
com o capital total adiantado é de extrema importância econômica. Para
valorizar uma parte do capital por meio de sua transformação em força de
trabalho, outra parte do capital tem de ser transformada em meios de
produção. Se observamos a criação a variação do valor em si mesma, em
sua pureza, veremos que os meios de produção fornecem apenas a matéria
em que se deve fixar a força criadora de valor, o trabalho. Ela tem apenas
de existir em volume suficiente para absorver a quantidade de trabalho a
ser despendido durante o processo de produção.
Em relação a taxa de mais-valia, tem-se que é a valorização proporcional
do capital variável, ou grandeza proporcional do mais-valor ou taxa de mais-
valia. A taxa de mais-valia mede o grau de exploração da força de trabalho.
Se temos, por exemplo, um capital variável de 90$ e uma mais-valia de
também 90$, a taxa de mais valor será calculada de acordo com a
proporção 90:90 cujo resultado será de 100% de exploração do trabalho.
Se o valor dos meios de diários de subsistência representa em média 6
horas de trabalho objetivado, o trabalhador tem de trabalhar, em média, 6
horas diária para produzi-los. Esse é o primeiro período do trabalho. Por
“tempo de trabalho necessário” entende-se a parte da jornada do trabalho
em que se dá a reprodução do equivalente ao valor pago pelo capitalista na
compra da força de trabalho, e “trabalho necessário” o trabalho despendido
durante esse tempo. O segundo período do processo de trabalho, aquele
em que o trabalhador trabalha além dos limites do trabalho necessário,
custa-lhe dispêndio de força, porém não cria valor algum para o próprio
trabalhador. Ele gera mais-valor que, para o capitalista, tem todo o charme
de uma criação a partir do nada. O mais-valor nada mais é que o coágulo
de tempo de trabalho excedente, como simples mais-trabalho objetivado. A
taxa de mais-valor, portanto, é a expressão exata do grau de exploração da
força de trabalho pelo capital ou do trabalhador pelo capitalista. Não se
pode confundir taxa de mais-valor com taxa de lucro, pois isso leva a uma
aparência em que o trabalho excedente é sempre menor que o real. O
trabalhador trabalha metade da jornada para si e a outra metade para o
capitalista.
O método de cálculo da taxa de mais-valor pode ser resumida da seguinte
forma: tomamos o valor total do produto e igualamos a zero o capital
constante que meramente reaparece nesse produto. A soma de valor
restante é o único produto de valor efetivamente criado no processo de
produção de mercadoria. Pega-se então o mais-valor e também o valor que
corresponde ao capital variável e faz-se m (mais-valor): v (capital variável).

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