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Rodrigo Carlos Silva de Lima
rodrigo.uff.math@gmail.com
‡
1
Sumário
1 Topologia na reta 4
1.1 Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.1 Estrutura de abertos da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.2 intA ∪ intB ⊂ int(A ∪ B). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1.3 int(A ∩ B) = int(A) ∩ int(B). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1.4 Caracterização de abertos por meio de sequências . . . . . . . . . 15
1.1.5 Caracterização de sequências por meio de abertos . . . . . . . . . 16
1.1.6 A aberto implica x + A aberto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1.7 B aberto implica A + B aberto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2 Fronteira de um conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3 Conjuntos fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.1 Ponto de aderência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.2 A = A ∪ ∂A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3.3 A = ∂A ∪ int(A). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.3.4 A ∪ B = A ∪ B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.3.5 A ∩ B ⊂ A ∩ B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.3.6 Conjuntos densos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.4 Cisão na reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.5 Pontos de acumulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.5.1 A=A∪A 0
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.5.2 A 0 = A 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.5.3 (X ∪ Y) 0 = X 0 ∪ Y 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.5.4 Teorema de Bolzano-Weierstrass . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.6 Conjuntos compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2
SUMÁRIO 3
Topologia na reta
2. (a, b) ⊂ A.
4
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 5
abertos são
ê Demonstração. a não é ponto interior de A pois para todo ε > 0 não ocorre
(a − ε, a + ε) ⊂ [a, b].
$ Corolário 2. Os intervalos [a, b), (a, b] também não são conjuntos abertos
pois, no primeiro caso a não é ponto interior e no segundo b não é ponto interior.
b Propriedade 5. Seja (Ik )k∈L uma famı́lia de intervalos abertos, todos con-
[
tendo o ponto p ∈ R. Então I = Ik é um intervalo aberto.
k∈L
2. Se tomamos a = inf {ak , k ∈ L} e b = sup{bk , k ∈ L}, temos que a < b, pode ser
que a = −∞ e b = ∞. Temos que
[
• Ik ⊂ (a, b), pois Ik = (ak , bk ) ⊂ (a, b), logo a propriedade continua
k∈L
válida para união
[ [
Ik ⊂ (a, b) = (a, b).
k∈L k∈L
• Reciprocamente se x ∈ (a, b), então existem k1 , k2 tais que ak1 < x < bk2 . Se
vale x < bk1 temos que x ∈ (ak1 , bk1 ). Se vale x ≥ bk1 , então x ≥ bk1 ≥ ak2 ,
de onde segue que bk2 > x > ak2 logo x ∈ Ik2 .
[ [
Em qualquer um desses casos segue que x ∈ Ik . Daı́ (a, b) ⊂ Ik , o
k∈L k∈L
que termina a demonstração.
ê Demonstração.
Para cada x ∈ A, seja
[
Ix = I sendo I intervalo .
x∈I,I⊂A
Pelo resultado anterior Ix é o maior intervalo aberto que contém x e está contido em
A.
pois cada Ix ⊂ A, ∀ x ∈ A.
2. Concluı́mos que: todo conjunto aberto A de R pode ser decomposto como união
de intervalos abertos dois a dois disjuntos. Cada conjunto Ix vamos chamar de
intervalos componentes de A.
Jm ∩ Jp ⊃ (am , b
|{z} ).
bp ou bm
Absurdo!. Para cada m e x ∈ Jm , Jm é o maior intervalo aberto que contém
x e está contido em A, pois se houvesse um intervalo maior (l, q) ⊂ A com
(am , bm ) ∈ (l, q) então am ∈ A e daı́ terı́amos um absurdo. Portanto Jm = Ix .
b Propriedade 6. int(A) ⊂ A .
x ∈ int(B)
$ Corolário 4. Se A possui algum ponto interior, ele deve conter pelo menos
um intervalo aberto, logo é infinito. Assim se A é um conjunto finito não tem
pontos interiores,
intA = ∅.
no intervalo (0, 1), ele não pode conter pontos interiores pois todo intervalo aberto
contém números racionais. Se A é enumerável então int(A) = ∅.
b Propriedade 8.
int[a, b] = (a, b)
$ Corolário 5.
int[a, b) = (a, b)
$ Corolário 6.
int(a, b] = (a, b)
b Propriedade 11.
int[c, ∞) = (c, ∞)
b Propriedade 12.
int(−∞, c] = (−∞, c).
Sim, basta tomar X = [a, b] e Y = [b, c] temos que intX = (a, b), intY = (b, c) e
que X ∪ Y = [a, c] segue que int(X ∪ Y) = (a, c) que é diferente de (a, b) ∪ (b, c).
Em especial tomando A = (0, 1] e B = [1, 2) vale que int(A ∪ B) = (0, 2) 6=
intA ∪ intB = (0, 1) ∪ (1, 2).
ê Demonstração. Suponha que o conjunto vazio não seja aberto, então existiria
nele um ponto que não é interior, o que é absurdo pois o vazio não contém pontos.
ainda t < b pois t < x < b e também t < d, pois t < x < d tomamos também u tal
que
x < u, u < b e u < d
de onde segue que a < u pois a < x < u e c < u pois c < x < u, logo x ∈ (t, u) e
(t, u) ⊂ (a, b) e (t, u) ⊂ (c, d) daı́ (t, u) ⊂ A1 ∩ A2 e x ∈ (t, u) logo A1 ∩ A2 é aberto.
ê Demonstração. Seja
[
A= Ak
k∈B
onde cada Bk com k ∈ B seja aberto. Seja x ∈ A então x ∈ As para algum s, como
As é aberto, existe um intervalo (a, b) tal que x ∈ (a, b) e (a, b) ⊂ As ⊂ A, logo A é
aberto.
1 1
e {0} não é aberto. Em geral se Bk = (a − , b + ) são abertos porém
n n
∞
\
Bk = [a, b]
k=1
[2
n−
R − F = (−∞, x1 ) ∪ ( (xk , xk+1 )) ∪ (xn , ∞)
k=2
ê Demonstração.
Seja x um elemento qualquer de A, por ele ser aberto existe um intervalo aberto
Ax tal que x ∈ Ax e Ax ⊂ A, temos
[ [
{x} = A e Ax ⊂ A
x∈A x∈A
além disso
[ [
{x} ⊂ Ax
x∈A x∈A
logo
[
A⊂ Ax
x∈A
de onde segue
[
Ax = A.
x∈A
b Propriedade 21. Seja (Ak )k∈L uma famı́lia de intervalos abertos tais que
[
p ∈ Ak , então A = Ak é um intervalo aberto.
k∈L
[
Agora vamos mostrar que (a, b) ⊂ Ak . Existem três possibilidades para x em
k∈L
relação a p
• x = p então x ∈ Ak ∀ k
• x < p, então existe ak tal que x ∈ (ak , bk ). Em qualquer dos casos vale a
[ [
inclusão e daı́ (a, b) ⊂ Ak implicando Ak .
k∈L k∈L
ê Demonstração. Temos que int (intA) ⊂ int(A), vamos mostrar agora que
int(A) ⊂ int( int(A)).
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 15
Dado x ∈ int(A) existe ε > 0 tal que (x−ε, x+ε) ⊂ A logo (x−ε, x+ε) ⊂ intA = B
, então x ∈ int(B) = int( int(A)), o que mostra a proposição.
b Propriedade 26.
∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn ∈ A
ê Demonstração. ⇒).
Suponha A aberto, com a ∈ A logo existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ⊂ A e por
lim xn = a existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ (a − ε, a + ε) logo xn ∈ A.
⇐). Vamos usar a contrapositiva que no caso diz: Se A não é aberto então
existe (xn ) com lim xn = a ∈ A e xn ∈
/ A. Lembrando que a contrapositiva de
p ⇒ q é v q ⇒v p, (onde v é o sı́mbolo para negação da proposição) sendo
proposições equivalentes, as vezes é muito mais simples provar a contrapositiva do
que a proposição diretamente.
Se A não é aberto, existe a ∈ A tal que a não é ponto interior de A, assim ∀ ε > 0
, (a − ε, a + ε) ∩ (R \ A) 6= ∅, então podemos tomar uma sequência (xn ) em R \ A que
converge para a ∈ A.
ê Demonstração.
⇒).
Seja A um aberto com a ∈ A, então existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ⊂ A e por
lim xn = a existe n0 ∈ N | n > n0 tem-se xn ∈ (a − ε, a + ε), logo xn ∈ A.
⇐).
Supondo que ∀ aberto A com a ∈ A existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ A,
então em especial para todo ε > 0 podemos tomar o aberto A = (a − ε, a + ε) e tem-se
lim xn = a pela definição de limite.
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 17
Seja w arbitrário tal que y−ε < w < y+ε , isto é, w ∈ (y−ε, y+ε), substituindo
y = x + a temos x + a − ε < w < x + a + ε, subtraindo x de ambos lados
a − ε < w − x < a + ε,
ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 18
Escrevemos
[
A+B= (a + B)
a∈A
ê Demonstração. Escrevemos
[
A.B = a.B
a∈A
R = int(A) ∪ int(R \ A) ∪ ∂A
Z Exemplo 7. Nem sempre vale que A = intA ∪ ∂A, pois tomando A = (0, 1)
tem-se intA ∪ ∂A = [0, 1].
(a − ε, a + ε) ∩ A 6= ∅
logo a é aderente.
ê Demonstração. Para todo ε > 0, temos que a − ε não é cota inferior, logo
existe x ∈ A tal que a − ε < x ≤ a < a + ε, assim
A ∩ (a − ε, a + ε) 6= ∅
assim a é aderente.
1.3.2 A = A ∪ ∂A.
pois a ∈
/ A e a ∈ (a − ε, a + ε), então temos pelo menos esse elemento no conjunto,
implicando pela definição que x ∈ ∂A.
Agora A ∪ ∂A ⊂ A, basta mostrar que ∂A ⊂ A, pois já sabemos que A ⊂ A.
Dado a ∈ ∂A então para todo ε > 0 (a − ε, a + ε) ∩ A 6= ∅, logo podemos tomar uma
sequência de pontos em A que converge para a, daı́ a ∈ A.
ê Demonstração. ⇒.Se a ∈
/ A existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ∩ A = ∅, daı́
todo x ∈ (a − ε, a + ε) não pertence a A logo pertence a R \ A, então a ∈ int(R \ A).
⇐ . Se a ∈ int(R \ A) então existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ⊂ (R \ A), logo existe
/ A.
ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ∩ A = ∅ portanto a ∈
1.3.3 A = ∂A ∪ int(A).
A = ∂A ∪ int(A).
(a − ε, a + ε) ∩ (a, b) 6= ∅
(b − ε, b + ε) ∩ (a, b) 6= ∅
portanto a e b são pontos aderentes ao intervalo (a, b). Além disso se xn ∈ A, não
podemos ter lim xn > b ou lim xn < a, pois caso contrário terı́amos valores de n tais
que xn > b e xn < a o que não acontece pois xn ∈ (a, b).
1.3.4 A ∪ B = A ∪ B.
A ∪ B = A ∪ B.
1.3.5 A ∩ B ⊂ A ∩ B.
Sim, basta tomar X = (a, b) e Y = (b, c), temos que X = [a, b] , Y = [b, c] ,
X ∩ Y = {b} e X ∩ Y = ∅ de onde X ∩ Y = ∅ , logo são diferentes.
A ∪ ∂A = A = A
logo A é fechado.
$ Corolário 14. Seja A um conjunto não vazio, limitado e fechado . Ele possui
supremo a e ı́nfimo b , como o supremo e ı́nfimo são pontos aderentes e ele é
fechado então a, b ∈ A.
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 27
$ Corolário 15. Para que A seja fechado é necessário e suficiente que para toda
sequência com termos xn ∈ A e lim xn = a, então a ∈ A.
ê Demonstração. Ele não seria fechado se fosse possı́vel tomar uma sequência
de elementos nele e convergir para um elemento que não pertence a ele, mas no caso
não podemos tomar sequências com elementos do conjunto vazio, pois ele não possui
elementos, logo ele é fechado.
Z Exemplo 11. A união arbitrária de conjuntos fechados pode não ser fechada.
Por exemplo, um aberto A pode ser escrito como união dos seus pontos.
b Propriedade 61 (Idempotência).
X = X.
ê Demonstração.
Z Exemplo 12. Todo conjunto finito é fechado, pois seu complementar é aberto.
Existem conjuntos que não são fechados nem abertos, como Q, R. R e ∅ são os
únicos conjuntos que são fechados e abertos.
F \ A = (R \ A) ∩ F
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 29
A \ F = (R \ F) ∩ A
logo A \ F é aberto.
R \ intA = R \ A
R \ A = int(R \ A).
R = intA ∪ ∂A ∪ int(R \ A)
A = intA ∪ ∂A
daı́
R = intA ∩ R \ A ⇒ R \ intA = R \ A
ê Demonstração. Seja a ∈ A
a∈A⇒a∈F
/ A, daı́ existe (xn ) em A( logo (xn ) em F) tal que lim xn = a, logo a ∈ F pois F é fechado .
a∈
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 30
caso a intersecção não seria vazia. Sabendo disso tomamos Fk = [k, ∞), não pode
/ [k, ∞).
existir x nessa intersecção, pois dado x real, existe k > x e daı́ x ∈
R \ [a, ∞) = (−∞, a)
Vale
R \ I = R \ (A ∪ B) = (R \ A) ∩ (R \ B)
se R = I um
são conjuntos
F Teorema 2. Todo conjunto X de números reais contém um subconjunto enu-
grudentos.
merável A, denso em X.
ê Demonstração.
e densos são
Vamos mostrar que dado a ∈ R arbitrário então vale que para todo ε > 0 o
conjun-
conjunto (a − ε, α + ε) possui elementos de A ∩ B. Como A é denso em R vale que
tos grudentos e
A é denso em (a − ε, α + ε), daı́ existe y ∈ A tal que y ∈ (a − ε, α + ε). Por A ser
aberto, existe ε1 > 0 tal que (y − ε1 , y + ε1 ) ⊂ A e (y − ε1 , y + ε1 ) ⊂ (a − ε, α + ε). B gordinhos.
ê Demonstração.
⇒). Vale que A = int(A) ∪ ∂A = R e R = intA ∪ ∂A ∪ int(R \ A) como a união é
disjunta, segue que int(R \ A) = ∅.
⇒).
Se int(R \ A) é vazio então
b Propriedade 71. Seja G 6= {0} um grupo aditivo de R, então vale uma das
possibilidades
2. G é denso em R.
ê Demonstração.
G 6= {0} possui elemento positivo, pois dado a 6= 0 ∈ G, −a ∈ G, por ser grupo , e
temos que a ou −a é positivo. Sejam G+ = {x ∈ G | x > 0} e t = inf G+ .
1. Se t > 0 vamos mostrar que vale t ∈ G. Suponha por absurdo que não. Existe
y ∈ G tal que
t < y < 2t,
pois 2t não é a maior cota inferior, por isso existe y entre t e 2t, subtraindo t
de ambos lados nessa desigualdade tem-se
0 < y − t < t.
0 < y − z < t,
chegando mais uma vez em uma contradição pois terı́amos um elemento menor
que o ı́nfimo do conjunto. Portanto G ⊂ tZ e tZ ⊂ G logo G = tZ.
ê Demonstração.
Seja x ∈ B então x ∈ A, pois A é fechado. Por B ∩ C = ∅ segue que x ∈
/ C, daı́
forçosamente tem-se x ∈ B. De maneira análoga para C.
1
Z Exemplo 19. Pode valer também A 0
⊂ A e A 6= A 0 . Basta tomar A = {
n
n∈
N} ∪ {0} , logo A 0 = {0} ⊂ A, mas A 0 6= A.
⇐). Se existe (xn ) decrescente com lim xn = a então por definição ∀ ε > 0
A ∩ (a, a + ε) 6= ∅ e daı́ a é ponto de acumulação à direita.
De maneira similar, só trocando as palavras na argumentação acima se prova o
caso para pontos de acumulação à esquerda.
⇒). Se a ∈ A−0 então existe sequência de termos zn < a com lim zn = a, daı́
podemos tomar uma subsequência (xn ) de (zn ) que seja crescente e lim xn = a.
⇐). Se existe (xn ) crescente com lim xn = a então por definição ∀ ε > 0 A ∩ (a −
ε, a) 6= ∅ e daı́ a é ponto de acumulação à esquerda.
1.5.1 A = A ∪ A 0
ê Demonstração. Se a ∈ A então
a ∈ A ⇒ a ∈ A ∪ A0
/ A, daı́ existe (xn ) em A \ {a} tal que lim xn = a, logo a ∈ A 0 .
a∈
A = A ∪ A 0.
ê Demonstração.
Para cada x ∈ A existe ex > 0 tal que (x − εx , x + εx ) ∩ {x}. Definimos para cada x,
εx εx
Ix = (x − , x + ).Tomando x 6= y ∈ A podemos supor εx ≤ εy . Se z ∈ Ix ∩ Iy então
2 2
εx εy
z ∈ Ix e z ∈ Iy , logo |z − x| ≤ , |z − y| ≤ daı́
2 2
εx εy εy εy
|x − y| ≤ |z − y| + |z − x| ≤ + ≤ + = εy
2 2 2 2
daı́ irı́amos concluir que x ∈ Iy , o que é absurdo pois Iy contém um único ponto de
A, que é y, logo podemos tomar intervalos disjuntos como querı́amos demonstrar.
$ Corolário 20. Seja F ⊂ R não vazio tal que F 0 = F então F é não enumerável.
(provar)
$ Corolário 21. Todo conjunto fechado, enumerável e não vazio possui algum
ponto isolado.
1.5.2 A 0 = A 0 .
ê Demonstração.
1 1
Sejam An = (a − , a) e Bn = (a, a + ), como a ∈ A 0 então um desses conjunto
n n
possui infinitos elementos de A, se An é infinito podemos definir (xn ) em crescente
com lim xn = a caso contrário definimos (yn ) decrescente, ambos com limite a
1.5.3 (X ∪ Y) 0 = X 0 ∪ Y 0 .
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 41
(X ∪ Y) 0 = X 0 ∪ Y 0 .
ê Demonstração.
(X ∪ Y) 0 ⊂ X 0 ∪ Y 0 . Tome t ∈ (X ∪ Y) 0 , logo existe uma sequência (xn ) em (X ∪ Y) \ {t}
tal que lim xn = t. Se X possui um número finito de termos de (xn ) então Y possui um
número infinito de termos de (xn ) e vale t ∈ Y 0 . Se cada um deles possui um número
infinito de termos de (xn ) então ainda vale que t ∈ Y 0 , pois temos subsequência
de (xn ) em Y , como a subsequência de uma sequência convergente é convergente e
converge para o mesmo limite então segue o resultado .
X 0 ∪ Y 0 ⊂ (X ∪ Y) 0 . Tome t ∈ X 0 ∪ Y 0 daı́ t ∈ X 0 ou t ∈ Y 0 , supondo sem perda de
generalidade que t ∈ X 0 existe uma sequência (xn ) em X \ {t} tal que lim xn = t logo
(xn ) ∈ (X ∪ Y) \ {t} implicando t ∈ (X ∪ Y) 0 .
$ Corolário 22.
n
[ n
[
0
( Ak ) = Ak0 .
k=1 k=1
ê Demonstração. A é limitado, por isso está contido num intervalo [a, b].
Seja B = {x ∈ R | A ∩ (x, +∞) é infinito}. B é não vazio pois a ∈ B, além disso é
limitado superiormente por b, logo ele possui supremo que chamaremos de c. Como
c é supremo de B vale que para qualquer ε > 0 existe a ∈ B tal que c − ε < a ≤ c
e não existe uma infinidade de elementos de A a direita de c + ε, pois se não
ele pertenceria ao conjunto B e c não seria o supremo. Daı́ segue que existe uma
infinidade de elementos de A no intervalo (c − ε, c + ε), implicando que c é ponto de
acumulação de A.
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 42
b Propriedade 88. Se uma sequência (xn ) for limitada então seu conjunto de
pontos de aderência é compacto.
ê Demonstração. Já vimos que A é fechado, agora se (xn ) for limitada então
A é limitado, sendo limitado e fechado é compacto.
Nessas condições A possui elemento mı́nimo e elemento máximo. o Mı́nimo de A
é denotado como lim inf xn e o elemento máximo de A é denotado como lim sup xn .
[
X⊂ Ck0 .
concluı́mos que (yn ) é limitada, logo possui subsequência convergente, tomando sua
subsequência convergente se necessário, tem-se que lim yn = y0 ∈ B, pelo fato de B
ser fechado. Dessas propriedades segue que
• S = {x + y, x, y ∈ A}
• D = {x − y, x, y ∈ A}
• P = {x.y, x, y ∈ A}
x
• Q = { , x, y ∈ A}
y
• P é fechado lim xn .yn = a se um dos limites tende a zero o limite também tende
a zero, pois a outra sequência é limitada, pois tem termos no conjunto limitado
1
A. Seja então lim xn = x0 6= 0, lim xn .yn = lim yn = y0 , daı́ (yn ) converge e o
xn
limite do produto converge para um elemento de P.
xn
• Da mesma maneira que as anteriores, lim = a, (yn ) converge para um
yn
xn
elemento não nulo daı́ lim yn = x0 , portanto o limite do quociente converge
yn
para um elemento de Q.
ê Demonstração.
[
Se [a, b] ⊂ Ak então para todo t ∈ [a, b] existe s ∈ L tal que t ∈ As , em especial
k∈L
existe existe As tal que a ∈ As .
Definimos
[
C = {x ∈ [a, b] | ∃B ⊂ L finito, com [a, x] ⊂ Ak }
k∈B
C é não vazio, pois a ∈ C, C também é limitado superiormente por b, logo ele possui
supremo ,sup C = t.. Como As (o aberto que contém a) é aberto, então existe δ > 0
tal que a + δ < b e [a, a + δ) ⊂ As , então todos os pontos desse intervalo pertencem
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 47
(v finito)logo
[
[a, t] ⊂ A k ∪ A k0
k∈V
implicando que t ∈ C. Devemos ter t = b, pois se fosse t < b, existiria ε > 0 tal que
t + ε < b então pelo último argumento [a, t + ε) ⊂ C, que iria contrariar o fato de
t = sup C. Logo C = [a, b].
, pelo teorema anterior existe uma cobertura finita para [a, b], sobre um conjunto
finito V
[
[a, b] ⊂ Ak ∪ Ap
k∈V
[
como Ap não possui pontos de F, concluı́mos que F ⊂ Ak .
k∈V
n
[
Bk , da mesma maneira podemos extrair uma subcobertura finita para A2 , A2 ⊂
k=1
[m m
[ n
[ m
[
Bk , daı́ Bk = Bk ∪ Bk é uma subcobertura finita para a união.
k=n+1 k=1 k=1 k=n+1
(b) A = Q∩[1, 3]. A é enumerável, por isso seu interior é vazio. A = [1, 3] = A 0 .
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 49
∞
[ k k k
(c) [− , ] = A. Podemos provar que A = (−1, 1), escrevemos =
k=1
k+1 k+1 k+1
k+1−1 1
=1− . Daı́ int(A) = A, A = [1, 0] = A 0 .
k+1 k+1
(d) {x ∈ R | x2 > 1} = A. Podemos mostrar que A = (−∞, −1) ∪ (1, ∞), logo
intA = A, A 0 = (−∞, −1] ∪ [1, ∞) = A.
∞
[
(e) R \ Z = A. Podemos escrever A = (n, n + 1), como união de abertos,
n=1
então é um conjunto aberto e vale intA = A, A 0 = A = R.
(f) Z. É enumerável então seu interior é vazio. Seu fecho é ele mesmo , por
ser conjunto fechado. Por ser formado apenas por pontos isolados vale
Z 0 = ∅.
(a) int(X∪Y) 6= (intX)∪(intY). Tome X = [0, 1] e Y = [1, 2], então X∪Y = [0, 2],
int(X ∪ Y) = (0, 2) , (intX) = (0, 1), (intY) = (1, 2) logo (intX) ∪ (intY) = ∅
logo
(b)
(c)
(d)
3.
4.
3k −1
2
[ 2t − 1 2t
m Definição 23 (Conjunto de Cantor). Seja Ik = ( k , k ) Cada Ik é um
3 3
t=1
conjunto aberto, pois é reunião de conjuntos abertos, observe que 3k − 1 é par logo
divisı́vel por 2, então faz sentido tal termo no limite superior da união. Definimos
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 50
2t − 1 2t
Os intervalos ( , ) são chamados intervalos omitidos ou removidos do
3k 3k
2t 2t − 1
conjunto de cantor, observe que tais intervalos possuem comprimento k − k =
3 3
1 n
. Os pontos da forma m com n, m naturais m fixo e n variando de 1 até 3m − 1
3k 3
são chamados extremos dos intervalos omitidos.
∞
[
$ Corolário 25. O conjunto de Cantor é compacto. Ele é fechado pois Ik é
k=1
aberto, por ser reunião de abertos e além disso é limitado por estar contido no
intervalo [0, 1].
n
ê Demonstração. Extremos não removidos por Ik são da forma com n
3k
variando de 1 até 3k − 1, agora se s > k então Is não remove extremos da forma
n
com n variando de 1 até 3s − 1. Sendo s = k + p podemos tomar n da forma
3s
3p .m m
n = 3p .m com1 m variando de 1 até 3k − 1 dai esse valores dão origem a k+p = k
3 3
pontos extremos não removidos na k-ésima etapa que não são retirados em remoções
posteriores, então eles continuam no conjunto de Cantor.
Com isso que se algum extremo de Ik ainda não foi removido do conjunto até a
k-ésima remoção, então ele não será mais removido do conjunto.
1 2 2 1
Z Exemplo 25. I = ( , ), e são extremos não removidos por I1 então não
1
3 3 3 3
são removidos por nenhum outro Ik , logo são pontos que pertencem ao conjunto
1
Podemos tomar n dessa forma pois tal n assume valor no máximo quando m = 3k − 1 e daı́
3p (3k − 1) = 3k+p − 3p ≤ 3k+p − 1, que está no intervalo de variação de n
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 51
de Cantor.
∞
b Propriedade
[
98. O conjunto A dos extremos dos intervalos removidos Ik
k=1
é enumerável .
3k+1 −1
2
[ 2t − 1 2t 2t − 1
( k+1 , k+1 ), sendo aquele que começa com valor ı́mpar, da forma k+1 , sendo
3 3 3
t=1
assim em cada um dos 2k intervalos sobram 2 intervalos não removidos, no total
1
temos então 2k+1 intervalos não removidos de comprimento k+1 .
3
1
b Propriedade 100. Cada Ik remove 2k−1 intervalos de comprimento
3k
de
[0, 1].
1
ê Demonstração. Cada intervalo Ik remove 2k−1 intervalos de comprimento k .
∞
3
[
Assim Ik remove um comprimento limite de
k=1
X
∞
2k−1 1 X 2k
∞
1 3
= = ( )=1
3k 3 3k 3 3−2
k=1 k=1
ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 53
1 1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , .
2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 1
Já sabemos de antemão que e são elementos conjunto de Cantor pois são
3 9
extremos de intervalos que permanecem no conjunto após as remoções. Sabemos
1
que , não pertence ao conjunto de Cantor , pois ele pertence a um intervalo
2
1 2 1
removido ( , ). pertence ao conjunto de cantor pois temos sua representação
3 3 4
como
X∞
2 X
∞
2 2 1 1
0, 02 = = = 1
=
3 2k 9 k 91− 9 4
k=1 k=1
lembrando que um traço em cima da parte decimal significa que tal parte se repete
na representação.
1 1 1 1
, , e não pertencem ao conjunto de Cantor , pois são elementos perten-
5 6 7 8
1 2
centes ao intervalo removido ( , ).
9 9
1
Agora vemos que pertence ao conjunto de cantor, pois ele pode ser repre-
10
sentado por
X
∞
2 X∞
2 1 X 2
∞
1 X 2
∞
1 81 1 81 6 2 8 1
0, 0022 = + = + = + = + = = .
3 4k−1 34k 27 81k 81 81k 27 80 81 80 80 80 80 10
k=1 k=1 k=0 k=0
1 1 1 1
Então os números que pertencem ao conjunto de cantor são, , e . Os
3 4 9 10
1 1 1 1 1
números que não pertencem ao conjunto de cantor são , , , , .
2 5 6 7 8
CAPÍTULO 1. TOPOLOGIA NA RETA 54
1 X xk
∞
=
2 3k
k=1
multiplicamos por 3
3 1 X xk ∞
= 1 + = x1 + 3
2 2 3k
k=2
1 X xk
∞
=3
2 3k
k=2
multiplicamos por 3
3 1 X xk ∞
= 1 + = x2 + 9
2 2 3k
k=3
1
daı́ x2 = 1, nesse caso concluı́mos que = 0, 11 · · · , e concluı́mos de outra maneira
2
que ele não pertence ao conjunto de Cantor, por possuir algarismos 1 .
X
n
xk X
n
xk 3n−k 1 X
n
m
= = x k 3 n−k
=
3k 3n 3n 3n
k=1 k=1
|k=1 {z }
=m
X
∞
xk
ê Demonstração. Os elementos do conjunto de Cantor são da forma ,
3k
k=1
X
n
xk
onde cada xk assume valor 0 ou 2, como cada sn = nessas condições é extremo
3k
k=1
X
∞
xk
de intervalo removido, segue que é limite de pontos de extremos, então tal
3k
k=1
conjunto é denso no conjunto de Cantor.
m
ê Demonstração. Dado a = n , existem x, y ∈ K tais que x − y = a, pois se
3
m
a = n é extremo de intervalo removido que pertence ao conjunto de Cantor, então
3
Xs
xk
tomamos y = 0 ∈ K e x = a. Caso contrário a = , podemos sempre arranjar
3k
k=1
y finito formado por algarismos xk sendo 0 ou 2 (ou no máximo o último algarismo
sendo 1) tal que a soma y + a também seja elemento do conjunto de cantor
por exemplo a = 0, 1212, tomamos y de forma conveniente para que a soma seja
um elemento do conjunto de cantor, escolhendo os algarismos que devem ser soma-
dos, nesse caso podemos tomar y = 0, 0020. (Falta provar isso de forma rigorosa!!!)
Definimos agora o conjunto D = {|x − y|, x, y ∈ K}, tal conjunto é limitado, pois
vale |x − y| ≤ |x| + |y| ≤ 1 + 1 = 2 por x e y serem elementos do conjunto de Cantor que
é limitado. Vamos agora mostrar que tal conjunto é fechado, seja (zn ) uma sequência
convergente nesse conjunto, vamos mostrar que o limite da sequência pertence ao
conjunto, lim zn = lim |xn − yn | = t ∈ D. Como o conjunto de Cantor é limitado
as sequências (xn ) e (yn ) são limitadas, logo possuem subsequências convergentes,
passando para estas subsequência denotando ainda por (xn ), (yn ) elas convergem
para elementos x0 , y0 no conjunto de cantor (pelo fato de tal conjunto ser fechado),
daı́ temos
lim zn = lim |xn − yn | = |x0 − y0 | = t
são elementos de D) é denso em [0, 1], disso seque também que D é denso [0, 1],
sendo conjunto fechado concluı́mos que D = [0, 1] logo para qualquer valor a ∈ (0, 1]
existem x, y no conjunto de Cantor, tais que y − x = a.