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Queridos irmãos e irmãs:
A crise económica actual, sobre a qual se tratou também nestes dias na reunião do
chamado G20, deve ser concebida em toda a sua seriedade; esta tem numerosas causas
e exige uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento económico global (cf.
encíclica Caritas in veritate, 21). É um sintoma agudo que se somou a outros também
graves e já bem conhecidos, como o perdurar do desequilíbrio entre riqueza e pobreza, o
escândalo da fome, a emergência ecológica e, actualmente, também geral, o problema
das greves. Neste quadro, parece decisivo um relançamento estratégico da agricultura. De
facto, o processo de industrialização às vezes ensombrou o sector agrícola, o qual, ainda
contando com os benefícios dos conhecimentos e das técnicas modernas, contudo,
perdeu importância, com notáveis consequências também no campo cultural. Este parece
ser o momento para um convite a revalorizar a agricultura, não em sentido nostálgico, mas
como recurso indispensável para o futuro.
Para isso, é fundamental cultivar e difundir uma clara consciência ética à altura dos
desafios mais complexos do tempo presente; educar-se num consumo mais sábio e
responsável; promover a responsabilidade pessoal junto à dimensão social das actividades
rurais, fundadas em valores perenes, como o acolhimento, a solidariedade, a partilha do
cansaço no trabalho. Muitos jovens já escolheram este caminho; também muitos
licenciados voltam a dedicar-se à empresa agrícola, sentindo responder assim não
somente a uma necessidade pessoal e familiar, mas também a um sinal dos tempos, a
uma sensibilidade concreta pelo bem comum.
Oremos a Nossa Senhora, para que estas reflexões possam servir de estímulo à
comunidade internacional, enquanto elevamos a Deus a nossa acção de graças pelos
frutos da terra e do trabalho do homem.