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Resumo
1. INTRODUÇÃO
Potência
Tipo1 Quantidade %
Outorgada (kW)
CGH 315 181301 0.16%
EOL 45 79793 0.07%
PCH 368 3171460 2.85%
SOL 1 20 0.00%
UHE 168 75675377 68.11%
UTE 1339 29270097 26.34%
UTN 2 2007000 1.81%
Total 2.238 111103185 100.00%
Fonte: Autor, adaptado de BRASIL, 2010ª
UHE
68.56%
UTE
26.52%
UTN
SO L 1.82%
0.00% EO L
0.07% CGH
PC H 0.16%
2.87%
1
CGH: Central Geradora Hidrelétrica
CGU:Central Geradora Undi-Elétrica
EOL: Central Geradora Eolielétrica
PCH: Pequena Central Hidrelétrica
SOL: Central Geradora Solar Fotovotaica
UHE: Usina Hidrelétrica de Energia
UTE: Usina Termelétrica de Energia
UTN: Usina Termonuclear
6
A energia hidrelétrica é gerada pelo aproveitamento do fluxo das águas dos rios
associado a obras civis. Para sua produção é necessário integrar a vazão do rio, a quantidade
de água disponível em determinado período do tempo e os desníveis do relevo, sejam eles
naturais como as quedas d água, ou criados artificialmente. A estrutura da usina é composta
basicamente por barragem, sistema de captação e adução de água, casa de força e vertedouro,
que funcionam em conjunto e de maneira integrada. As principais variáveis na classificação
de uma usina hidrelétrica são: altura de queda d´água, vazão, capacidade ou potência instalada,
tipo da turbina empregada, localização, tipo de barragem e reservatório. Quanto ao tipo de
arranjo, elas podem ser dividas em arranjos integrados (figura 2), nos quais a casa de força
(onde ficam as turbinas e geradores) é contígua ou muito próxima à barragem; e arranjos de
derivação (figura 3), no qual a vazão que é utilizada para geração de energia é derivada (daí o
termo) por meio de um circuito de adução (túnel ou canal) até a casa de força.
Barragem/vertedouro
Casa de Força
Barragem/vertedouro
Túnel de adução (subterrâneo)
Casa de Força
A potência instalada determina o porte das usinas, que podem ser classificadas como
Centrais Geradoras Hidrelétricas (até 1 MW), Pequenas Centrais Hidrelétricas (entre 1 MW e
30 MW) e Usinas Hidrelétricas de Energia (superior a 30MW).
O presente estudo focar-se-á nas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), o que
permite ao autor limitar o escopo, bem como o horizonte temporal, uma vez que as PCHs só
se popularizaram no final da década de 1990. Mesmo que as PCHs representem uma pequena
parcela (~3%) do parque gerador atual, elas tem sua importância como fonte de energia
alternativa, a exemplo das usinas eólicas e térmicas a biomassa, e fornecem energia renovável
sem consumo de água ou qualquer outro combustível fóssil. Como fonte de energia
alternativa, PCHs geram energia limpa a baixo custo (BRASIL, 2008) e evitam emissões de
carbono, podendo inclusive negociar créditos de carbono. De forma complementar podem ser
implantadas por qualquer agente interessado (público ou privado), desde que disponha das
condições técnicas e financeiras para tal.
Contudo, o que chama mais a atenção em relação às PCHs não é sua participação no
parque gerador ou o retorno que elas oferecem, seja na forma de benefícios para a sociedade –
geração de energia limpa e renovável – ou nos dividendos ao empreendedor, e sim o quanto
8
Operação Inventariado
18.66% 18.75%
Construção
6.77%
PB com Registro
16.00%
Outorga
15.05%
PB Aprovado PB com Aceite
4.95% 19.81%
Uma análise mais cuidadosa dos dados expostos no quadro 2 mostra também que
18,75% do potencial somente foi inventariado, sem interesse, no momento, dos agentes de
geração na evolução do estágio do projeto, o qual espera-se, ultimamente, levar à construção
9
da usina. Outros 20% são compostos pela combinação de usinas com Projeto Básico aprovado
ou na fase de Outorga, o que significa, no primeiro caso, que o Projeto atende às melhores
práticas de engenharia e que é viável economicamente, e no segundo caso, que, além de
atender os requisitos do primeiro, há ainda algum impedimento para o início das obras. Esse
impedimento em geral é advindo da ausência de licenças ambientais ou das autorizações para
uso dos recursos hídricos.
Considerando a posição de país emergente ocupada pelo Brasil, e que todo
crescimento econômico demanda infra-estrutura (energia, transportes, telecomunicações), é
estranho que o potencial não aproveitado em PCHs seja de quase 75%. A entrada em
operação dessas usinas que se encontram paradas ou em estágios iniciais de estudos poderia
quadruplicar a potência instalada desse tipo de aproveitamento, passando de 3.767MW
(somando usinas em operação e em construção) para 14.815MW. A implantação dessas PCHs
aumentaria a partipação das PCHs na matriz elétrica de 2,85% para mais de 13% (utilizando
valores atuais). Esse incremento de 11.048MW é quase a potencia total da UHE Belo Monte,
e muito mais que as UHEs Santo Antônio e Jirau2, atualmente em construção no rio Madeira.
Obviamente, atendendo a razoabilidade e a demanda do setor, deve-se pensar que essas usinas,
somadas à UHE Belo Monte e as usinas do complexo do rio Madeira, aumentariam a
disponibilidade energética do país. Mais que isso, ainda o fariam de forma distribuída e
descentralizada, com menos obras de grande porte associadas a grandes usinas, a exemplo das
linhas de transmissão. Outro ponto positivo a ressaltar são os menores problemas de
realocação de contingentes populacionais, tanto a população deslocada para atender às obras,
quanto a população desapropriada para a implantação dos reservatórios, que são de pequeno
porte no caso das PCHs.
Considerando as premissas expressas de retorno do investimento, impactos ambientais
reduzidos quando comparadas com as grandes hidrelétricas, e o crescimento potencial da
oferta de energia, as perguntas que primeiro surgem à mente são: por que não há mais dessas
usinas em operação ou construção? Por que quase 19% desses potenciais foram identificados
(inventariados) e não evoluem para a construção e operação? Para responder a essas perguntas,
é preciso analisar os requisitos técnicos e legais necessários ao desenvolvimento desses
projetos.
2
A UHE Belo Monte tem uma potência instalada de 11.233MW, enquanto as usinas de Santo Antônio e Jirau
apresentam potências Instaladas de 3.150MW e 3.300MW, respectivamente.
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1.1. Objetivos
1.1.1. Geral
O objetivo geral do trabalho é compreender, através de uma análise dos requisitos
legais e técnicos, por que significativa parcela do potencial de geração por PCHs não evoluem
para sua efetiva implantação, sendo substituídos por outras fontes de geração.
1.2. Metodologia
A metodologia de pesquisa para esse trabalho é baseada em levantamento
bibliográfico dos diplomas legais relacionados à PCHs, publicações que tratem de geração de
energia hidroelétrica no Brasil e no mundo, na troca de experiências com profissionais da área
e na própria atuação profissional do autor nas áreas de geração de energia hidrelétrica e meio
ambiente.
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3
O Banco de Informações de Geração da ANEEL agrega dados sobre o parque gerador do país, bem como
informações sobre os agentes e usinas individuais, e pode ser acessado no endereço
http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=15
12
4
PROINFA: Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, criado pelo Decreto nº
5.025/2004, incentiva a participação de energia proveniente de Pequenas Centrai Hidrelétricas, Usinas Eólicas e
de Biomassa no Sistema Interligado Nacional, através da garantia de compra da energia gerada, além de
financiamento facilitado pelo Estado, por meio do BNDES. Para mais informações, consultar
http://www.mme.gov.br/programas/proinfa/
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5
(RIMA) para a obtenção da Licença Ambiental Prévia (LAP), além do Projeto Básico
Ambiental (PBA), para obtenção da Licença Ambiental de Instalação6 (LAI). O licenciamento
ambiental de PCHs é analisado pelo órgão ambiental do estado em que se localiza o rio, no
caso de rios de jurisdição estadual, ou pelo IBAMA, no caso de rios localizados em dois ou
mais estados, que são de jurisdição federal. Na questão dos recursos hídricos, é necessária a
obtenção de Reserva de Disponibilidade Hídrica e da Outorga de Uso dos Recursos Hídricos,
processos que, a exemplo do licenciamento ambiental, podem ser analisados pelos órgãos
estaduais de gestão de recursos hídricos ou pela Agência Nacional de Águas (ANA),
dependendo da jurisdição do rio.
A outorga de geração de energia para um agente interessado depende da aprovação de
três processos diferentes: a aprovação do Projeto Básico pela ANEEL, a emissão da LAI pelo
órgão ambiental e a obtenção da Reserva de Disponibilidade Hídrica (RDH) junto ao órgão
gestor de recursos hídricos. Em alguns casos, como o da RDH, há somente uma etapa
envolvida para obtenção da documentação necessária. Já para a aprovação do Projeto Básico é
primeiro necessária a aprovação do Inventário Hidrelétrico do rio onde se localiza a Pequena
Central Hidrelétrica. O mesmo ocorre com a obtenção da Licença Ambiental de Instalação, a
qual só pode ser emitida após a obtenção pelo mesmo empreendimento da Licença Ambiental
Prévia.
A figura abaixo apresenta de forma resumida as etapas necessárias para a obtenção da
outorga de geração de energia, que autoriza a implantação de uma Pequena Central
Hidrelétrica:
5
Licença Ambiental Prévia (LAP): é a licença que atesta que um determinado empreendimento é
ambientalmente viável, não autorizando, contudo sua implantação.
6
Licença Ambiental de Instalação (LAI): é a licença que autoriza a efetiva implantação de um empreendimento,
não autorizando seu funcionamento, a qual é objeto da proxima fase do licencimento ambiental.
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Figura 5 - Fluxograma simplificado das etapas para obtenção de outorga de geração de energia para PCHs. Em verde, ações e estudos de
responsabilidade do empreendedor, em amarelo, ações de responsabilidade do poder público. (Fonte: elaborado pelo autor)
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Como pode-se observar na figura acima, existem vários requisitos para a efetiva
implantação de uma usina, cada um envolvendo a relação entre o empreendedor e três
diferentes instâncias do poder público: a ANEEL, o órgão ambiental e o órgão gestor de
recursos hídricos. O arcabouço jurídico relativo ao aproveitamento energético e questões de
engenharia não recebe, em geral, muitas críticas do setor elétrico, entre outros motivos por sua
rápida evolução nos últimos anos, e melhoria significativa em relação à situação anterior. Já o
processo de licenciamento ambiental vem sofrendo grandes mudanças, tornando-se cada vez
mais restritivo. Grande parte dos atrasos ou inviabilidades de vários empreendimentos
hidrelétricos são oriundos dos processos de licenciamento ambiental.
No Brasil, as políticas públicas ambientais mais antigas ainda em vigor são o Código
das Águas, de 1938 (BRASIL, 1938), e o Novo Código Florestal, de 1965 (BRASIL, 1965).
Os referidos códigos visam à preservação de parte de nossos recursos, e estabelecem
diretrizes para o uso dos recursos hídricos e florestais. Contudo, nenhum deles foi seguido à
risca.
A grande mudança no paradigma ambiental se deu a partir de 1972, com a realização
da 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, na Suécia. O documento
resultante dessa conferência, a Declaração de Estocolmo, colocava o planejamento ambiental
como instrumento para a conciliação entre os princípios de desenvolvimento e proteção
ambiental e a conservação dos recursos naturais para as gerações atual e futuras. Outra
conseqüência desta conferência foi a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA).
Em termos globais, a década de 1970 foi a que viu o maior avanço na legislação
ambiental ao redor do mundo, especialmente na questão da Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA), que foi incorporada na legislação de vários países, iniciando-se em 1969 nos EUA,
com o National Environmental Policy Act (NEPA), que serviu de base para vários outros
países, como Alemanha (1971), Canadá (1973) e França (1976).
Na América do Sul, o primeiro país a adotar a Avaliação de Impactos Ambientais para
atividades danosas ao ambiente foi a Colômbia, em 1974, com o Código Nacional de los
Recursos Naturales Renovables y la Protección Ambiental, que já previa a apresentação de
relatórios de impactos ambientais.
No Brasil, a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6938/1981, instituiu o
licenciamento ambiental prévio como um de seus instrumentos. A mesma lei criou o Sistema
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Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), do qual fazem parte o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) – atual Ministério
do Meio Ambiente (MMA) – e demais órgãos federais, estaduais e municipais do meio
ambiente.
O CONAMA, através de sua Resolução 001/1986, estabeleceu os critérios e diretrizes
para a elaboração dos Estudos de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto
Ambiental (EIA-RIMA). A mesma resolução também determina que os estudos devem ser
submetidos a avaliação prévia por parte do poder público.
Na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), o artigo 225 define que o Poder
Público deve solicitar avaliação de impacto ambiental prévia à instalação de qualquer
empreendimento utilizador ou potencialmente causador de impactos ambientais.
Os procedimentos e critérios de licenciamento ambiental foram revistos na Resolução
CONAMA 237/1997, que regulamenta as competências de licenciamento (federal, estadual e
municipal), bem como estabelece as etapas e prazos a serem seguidos durante o licenciamento
ambiental.
O setor elétrico também dispõe de algumas leis e resoluções próprias. A constituição
afirma no Art. 20: “São bens da União: ...VIII – os potenciais de energia hidráulica;”. Ou seja,
no caso de um empreendedor privado dispor-se a construir qualquer empreendimento
hidroelétrico, ele necessita de outorga específica do poder público. Apesar das notícias (como
o atraso no licenciamento das usinas do rio Madeira e a UHE Belo Monte ou a discussão
sobre Angra 3 darem a entender que o setor elétrico é displicente na questão dos estudos
ambientais, essa idéia não corresponde à realidade. O primeiro Estudo de Impacto Ambiental
no Brasil ocorreu em 1972, para a instalação da Usina Hidroelétrica de Sobradinho. Nos anos
seguintes, o setor elétrico incorporou a avaliação de impactos ambientais ao rol de estudos
indispensáveis quando da implantação de novas plantas.
Especial atenção ao setor energético ocorreu na época do “apagão”7, com a instituição,
através da Resolução CONAMA 279/2001, do licenciamento ambiental simplificado para
empreendimentos de geração de energia elétrica com reduzido impacto ambiental, caso das
PCHs, usinas eólicas e de biomassa.
7
“Apagão” é como ficou conhecida a crise de energia de 2001. Nesta crise, as regiões Sudeste, Centro-Oeste e
Nordeste sofreram racionamento de energia de junho de 2001 a fevereiro de 2002. TOLMASQUIM (2005, pág.
2) atribui a crise a uma conjunção de fatores: “indefinição no marco regulatório setorial”, o crescimento do
consumo de energia a taxas superiores a do PIB e a falta de investimento.
17
Esse capítulo apresenta as etapas necessárias para que uma Pequena Central
Hidrelétrica receba todas as autorizações necessárias para sua construção no Brasil. Como o
país já dispõe de técnicas de engenharia avançadas para a construção dos aproveitamentos e o
presente trabalho tem como objetivo responder por que tantas usinas não chegam a construção
e operação, o capítulo se restringirá às etapas anteriores à Outorga de Geração de Energia.
8
Como o presente estudo tem seu foco em PCHs, futuras referências a Inventário Hidrelétrico devem ser
compreendidas como “Inventário Hidrelétrico Simplificado”, exceto quando literalmente expresso.
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9
“Aproveitamento Hidrelétrico de Energia(AHE)” é o nome genérico aplicado a qualquer utilização do potencial
hidráulico para geração de energia elétrica. Um aproveitamento hidrelétrico pode ser uma CGH, uma PCH ou
uma UHE. Em alguns casos, quando o aproveitamento não se enquadra como CGH ou PCH por conta da
potência instalada (superior a 30MW) mas ainda assim não apresenta características associadas às grandes usinas
(UHEs), como extensa área inundada, reservatório de acumulação ou grandes barramentos, a usina é chamada de
AHE.
19
Após a elaboração do inventário e entrega à ANEEL, o estudo passa por uma etapa de
análise preliminar, chamada de “aceite técnico”. O aceite técnico visa conferir se o estudo tem
os requisitos mínimos para análise técnica, contudo, sem entrar no mérito da qualidade das
informações apresentadas. Para que um estudo receba aceite técnico, basta que ele seja
encaminhado com toda a documentação necessária e tenha os itens expostos acima em seu
escopo, de acordo com o “Checklist para Aceite Técnico de Inventários Hidrelétricos”, da
ANEEL.
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Tanto no caso do inventário apresentado por um agente venha a ser aprovado (em caso
de concorrência) ou no caso dele vir a ser preterido em relação a outro, o agente não será
ressarcido pelo poder público por nenhuma parcela do seu investimento dispendida com os
estudos. Em resumo, a realização do inventário simplificado não dá nenhuma garantia
financeira ao agente. Qualquer outro agente (aquele que teve o inventário aprovado, inclusive)
pode, a partir da aprovação do inventário, solicitar registro ativo para a elaboração do Projeto
Básico de um ou mais dos aproveitamentos inventariados.
Em inventários com pedido de registro ativo posterior à edição da Resolução ANEEL
343/2008, o agente que tiver seu inventário aprovado tem direito a escolher um
aproveitamento ou um conjunto de aproveitamentos que não excedam 40% da potência
instalada da alternativa selecionada, sobre os quais terá preferência para elaboração do Projeto
22
Básico. Essa alteração proporcionada pela resolução supracitada visou aumentar o efetivo
interesse de agentes que realizam inventários (os quais tem custos significativos), ao invés de
investirem somente em Projetos Básicos de aproveitamentos inventariados por outros
empreendedores.
Os prazos de análise do inventário variam muito entre inventários simplificados e
plenos. De fato, não há qualquer regulamentação a respeito do tempo em que a ANEEL deve
se pronunciar após a entrega dos estudos. Assim, há casos (não raros) de processos de 2006
adentrando seu quarto ano de análise na agência.
Essa etapa dos projetos requer uma avaliação mais detalhada das características locais
onde se pretende instalar o empreendimento. Isso compreende a coleta e análise de dados
mais precisos e detalhados. Um exemplo está na base cartográfica: ao passo que no inventário
são aceitas bases geradas por uma gama de métodos (aerofotogrametria, perfilamento a laser,
estereoscopia a partir de imagens orbitais etc.) e em escala mínima 1:10.000, no Projeto
Básico a base cartográfica deve ser obtida por topografia e em escala mínima 1:5.000. O
mesmo ocorre na hidrometria e geologia. A primeira exige medições em campo tanto de
descargas líquidas quanto sólidas e determinação das curvas de descarga em complementação
aos estudos hidrológicos, feitos com base em dados estatísticos regionalizados. Já a geologia
exige, além da caracterização regional, sondagens e outros métodos de avaliação detalhada do
local das estruturas e reservatório. Outros estudos que devem ser apresentados são a
hidrologia, os estudos energéticos (que definem a potência total instalada e a energia média
gerada) e de motorização (que define os equipamentos). A itemização recomendada para o
relatório de Projeto Básico submetido à apreciação da ANEEL é, conforme BRASIL,2000a:
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1 - APRESENTAÇÃO
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Objetivo
2.2 - Histórico
4.2 - Hidrometeorológicos
4.3 - Hidráulicos
4.5 - Ambientais
4.8 - Custos
5 - ESTUDOS DE ALTERNATIVAS
6 - DETALHAMENTO DO PROJETO
6.4 - Vertedouro
7 - ESTUDOS AMBIENTAIS
8 - INFRA-ESTRUTURA E LOGÍSTICA
11 - FICHA TÉCNICA
12 - DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
“I – aquele cujo projeto básico esteja em condições de obter o aceite dentro dos
prazos estabelecidos;
II – aquele que tenha sido o responsável pela elaboração do respectivo estudo de
inventário, observados os termos da Resolução nº 393, de 4 de dezembro de 1.998; e
III – aquele que for proprietário da maior área a ser atingida pelo reservatório do
aproveitamento em questão, com documentação devidamente registrada em cartório
de imóveis até o prazo de quatorze meses após a efetivação do primeiro registro na
condição de ativo.”
Essa é uma significativa alteração em relação à Resolução 395/1998, pois como pode
ser visto no Art. 18 da resolução supracitada, em caso de dois ou mais concorrentes no Projeto
Básico, o agente vencedor era selecionado baseado nos itens abaixo:
“I – aquele que possuir participação percentual na produção de energia elétrica do
sistema interligado inferior a 1% (um por cento);
II – aquele que não seja agente distribuidor de energia elétrica na área de
concessão ou sub-concessão na qual esteja localizado o aproveitamento hidrelétrico
objeto da autorização;
III – aquele que for proprietário ou detiver direito de livre dispor da maior área a
ser atingida pelo aproveitamento em questão, com base em documentação de
cartório de registro de imóveis;
IV – aquele que possuir participação na comercialização de energia elétrica no
território nacional inferior ao volume de 300 GWh/ano.”
Essa mudança de critérios de seleção está entre as mais significativas alterações
advindas da mudança de procedimentos estabelecidos pela Resolução 343/2008, pois
aumentou a importância dos estudos de Inventário Hidrelétrico em detrimento do total de
terras atingidas pelo empreendimento. A Resolução ANEEL 343/2008 (que revogou a
Resolução ANEEL 395/1998) traz outras alterações10, em especial a necessidade de aporte de
garantia para registro – entre R$ 100.000,00 e R$ 500.000,00 – e “garantia de fiel
cumprimento, no valor de 5% (cinco por cento) do investimento, equivalente a R$ 4.000,00
(quatro mil reais)/kW instalado...”, o que onerou pequenas empresas ou agentes que
realizavam o estudo e depois comercializavam as autorizações. Contudo, os aspectos técnicos
dos estudos não foram alterados, continuando os estudos a serem s de acordo com asas
“Diretrizes para Estudos e Projetos Básicos de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH”
(Brasil, 2000a).
Assim como o inventário, a legislação que regula os projetos básicos não prevê
nenhum prazo para que a ANEEL analise os processos. Contudo, os projetos básicos são, em
geral, analisados mais rapidamente, pois são, na agência, a última instância de estudos antes
10
Uma discussão mais detalhada das alterações decorrentes da Resolução 343/2008, bem como um histórico de
sua elaboração pode ser encontrada em CARNEIRO (2010).
26
11
O EIA deve apresentar todas as informações relevantes coletadas de forma tão detalhada quanto possível,
enquanto o RIMA deve ser uma versão resumida e em linguajar acessível para leigos, apresentando os principais
aspectos, impactos, medidas e programas apresentados no EIA.
27
interações entre impactos são, via de regra, relegados a segundo plano nos estudos ambientais
atualmente desenvolvidos, e aprovados pelos órgãos ambientais.
Para melhor compreender a importância desses impactos, faz-se necessária uma breve
explicação sobre os diferentes tipos de impactos ambientais, classificados aqui segundo sua
forma de ocorrência.
Impactos diretos são aqueles advindos de uma ou mais ações antrópicas sobre o meio.
Já impactos indiretos são impactos cuja ocorrência depende da ocorrência prévia de outro
impacto, sem relação direta de causa e efeito com a atividade antrópica que causou o impacto
inicial. Impactos cumulativos são impactos cujos efeitos são vistos ao longo do tempo e/ou
espaço, e são resultados de impactos advindos de vários empreendimentos, os quais, mesmo
parecendo de pequena importância por si mesmos, juntos adquirem significância. Já
interações entre impactos ocorrem quando o resultado da ocorrência concomitante (seguindo
sua lógica própria) de dois ou mais impactos é maior do que a soma dos resultados dos
impactos individuais.12
Um exemplo de interação entre impactos é a captação de água para abastecimento
humano com lançamento de efluentes sem tratamento. A captação, que reduz a quantidade de
água no rio, causa como impacto indireto o aumento da temperatura das águas. Já o
lançamento de efluentes, além de aumentar a temperatura das águas em sua grande maioria,
aumenta a carga orgânica total, diminuindo, através da ação bacteriológica, o oxigênio
dissolvido. Imagine-se que as duas atividades funcionam em períodos alternados, ou seja:
quando há captação, não há lançamento, e vice-versa. A fauna aquática sobrevive (com
restrições) tanto à diminuição do oxigênio dissolvido quanto ao aumento da temperatura.
Porém, caso as duas atividades operem simultaneamente, as consequências (alta temperatura
da água com pouco oxigênio dissolvido) são por demais danosas à fauna aquática, a qual
perecerá, aumentando a ação bacteriológica, que diminuirá o oxigênio dissolvido, e assim por
diante.
Já impactos cumulativos propagam-se de acordo com a lógica específica de algum
fator ambiental. Um exemplo é a construção de quatro barragens em um rio habitado por
peixes migradores. Caso todas as barragens tenham dispositivos de transposição (escadas) de
peixes cuja eficiência seja de 50% (ou seja: metade dos indivíduos passa a barragem), isso
não significa que metade dos peixes que saírem dos trechos baixos chegarão à porção superior
do rio. Após a passagem pela primeira barragem, os 50% indivíduos bem-sucedidos passarão
12
Maior detalhamento sobre avaliação de impactos ambintais está disponível em SÁNCHEZ (2008).
29
por outra barragem, restando 25% da população migradora original. Na passagem pela
terceira, somente 12.5% passarão, resultando que somente 6.25% dos peixes que iniciaram a
subida do rio efetivamente chegarão ao seu local de reprodução.
A fim de avaliar impactos indiretos, cumulativos e interações entre impactos de
empreendimentos hidroelétricos, propôs-se a realização de um estudo denominado Avaliação
Ambiental Integrada.
13
O autor já participou de AAIs em ambos os casos. Nenhuma delas é pública até a redação desse texto.
31
que pretendem implantar usinas na mesma bacia. Esse caso é somente uma evolução do
primeiro, já que em qualquer dos casos, os estudos – quando são realizados – tendem a ficar
arquivados pelo emprendedor, aguardando manifestação judicial. Caso não ocorra qualquer
manifestação judicial, o processo de licenciamento seguirá os passos preconizados pela
legislação, com a exigência de EIA-RIMA ou estudos simplificados (RAS ou EAS) para a
obtenção da Licença Ambiental Prévia, e demais estudos para as licenças de instalação e
operação, sem qualquer análise de impactos ambientais indiretos, cumulativos e interação
entre impactos.
Pela exposição anterior, pode parecer que uma simples mudança na legislação
poderia satisfazer a necessidade de estudos que visem a identificação de impactos sinérgicos e
cumulativos em escala de bacia hidrográfica. Contudo, essa inexistência de arcabouco jurídico
não deve-se somente a falta de vontade dos legisladores e órgãos integrantes do SISNAMA.
Como os métodos de avaliação de impactos ambientais indiretos, cumulativos e interações
entre impactos são pouco conhecidos no Brasil, e não existe consenso sobre qual o melhor
método, mesmo que exista vontade política, a regulamentação da exigência de AAI seria de
tal forma permissiva que cada empreendedor poderia utilizar um método que gerasse
resultados parciais, com um viés permissivo. O que nos leva à próxima dificuldade para a
implementação em larga escala da AAI para o planejamento ambiental: as dificuldades
técnicas.
Conforme dito anteriomente, não existe nenhum consenso ou paradigma teórico
firmado a respeito de como deve ser realizada uma AAI. Por outro lado, nos estudos
específicos (EIA-RIMA e estudos simplificados) vasta literatura já foi produzida sobre o
assunto. As matrizes de avaliação de impactos ambientais baseadas no trabalho de Leopold
(1971), por exemplo, já são amplamente adotadas sem quaisquer restrições por parte dos
órgãos ambientais. Já no caso das AAIs, os métodos utilizados variam de acordo com a
instituição que elabora os estudos. No caso da AAI do rio Uruguai (BRASIL, 2006a), o
estudo foi muito criticado, em especial por ser elaborado por três empresas com notório
histórico de prestação de serviços ao setor elétrico, como afirma o professor do departamento
de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Brack, em texto
de Bernardo Câmara (2008):
“A AAI já tem vício de origem, pois não foi feita por órgão ambiental. A avaliação
considerou passível de construção todas as hidrelétricas projetadas ao longo do rio
Pelotas-Uruguai. O rio original já não teria nada de sua feição natural”
32
Já no caso dos estudos desenvolvidos pela FEPAM (2007), as críticas variam tanto
na fonte quanto no alvo. Não são as entidades ambientalistas que criticam o estudo, e sim os
profissionais do setor privado que – discretamente, longe de holofotes e publicações –
apresentam suas ressalvas ao estudo. Ao invés do vício de origem levantado pelas entidades
ambientalistas no caso da AAI do rio Uruguai, os críticos atacam o estudo na questão de seus
métodos – baseados na Análise Multi-Critério Espacial (MALCZEWSKI, 1999) – não
levarem em questão um dos princípios da análise multi-critério. Esse princípio é o da
parcimônia, na qual duas condições básicas são estabelecidas para a seleção dos critérios de
análise: 1) O número de critérios é definido de forma que o modelo descreva a situação de
forma mais real possível, com o mínimo de critérios, e 2) Somente devem ser utilizados
critérios que realmente gerem algum reflexo no resultado final da análise. Com seus 19
critérios, o trabalho da FEPAM, apesar de tecnicamente bem realizado, não é citado como
possível paradigma de Avaliação Ambiental Integrada.
Outro método, ainda pouco conhecido no Brasil, é o uso de modelagem matemática
aliado ao monitoramento de fatores ambientais. Tal método é descrito no documento da União
Européia intitulado “Study on the Assessment of Indirect and Cumulative Impacts as well as
Impact interactions” (EUROPEAN COMISSION, 1999). Apesar de não ser o procedimento
recomendado como o padrão para a Avaliação de Impactos Ambientais na Europa, o método
somente não foi recomendado (como explicitado no texto original) por conta da falta de dados
de monitoramento ambiental em vários países postulantes a entrada na União Européia.
O método de monitoramento e modelagem matemática é simples em princípio e
complexo na prática, pois o método requer que dados sobre os impactos ambientais gerados
em empreendimentos já implantados sejam coletados, sistematizados e disponibilizados (fase
de monitoramento), de forma que possam ser utilizados para a modelagem matemática dos
impactos provenientes dos empreendimentos planejados.
Com os avanços tanto nos modelos matemáticos em si como no próprio equipamento
(hardware), que permite que os modelos sejam rodados em menor tempo, a modelagem
matemática é um método cujos resultados eliminariam várias das críticas colocadas aos
métodos existentes. A partir do estabelecimento de modelos abertos 14 , com fórmulas
conhecidas, a exemplo das regras da Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (U.S.
14
Entre exemplos de modelos abertos e gratuitos, pode-se citar o River 2D (para modelagem de habitats para
ictiofauna), SISBAHIA (modelagem hidrodinâmica em 3D, incluindo dispersão de poluentes e várias outras
funções), ISC3 (emissões atmosféricas), HecRAS (hidráulica e transporte de sedimentos), HecHMS (modelagem
de bacia hidrográficas e Qual2K (qualidade de água), entre outros. Todos são facilmente encontrados na internet.
33
geral, não dispõem de critérios claros para a seleção de quais aproveitamentos são viáveis ou
não em face de outros, em escala de bacia hidrográfica.
É nessa situação que várias dificuldades práticas para a solicitação da AAI aparecem.
Caso seja solicitada a AAI de uma bacia na qual vários empreendedores pleiteiam licenças
ambientais, as dificuldades são várias.
Como existem vários empreendedores pleiteando empreendimentos na bacia, e todos
tanto desejam lucrar com a implantação dos empreendimentos quanto já disponibilizaram
quantias elevadas para os estudos, obviamente nenhum deles quer seus empreendimentos
inviabilizados. Como a avaliação de impacto ambiental prévia no Brasil, de acordo com a
Constituição Federal (Art. 225) é de responsabilidade do empreendedor, no caso de uma
análise da bacia, em que vários empreendedores (sem contar os demais usuários dos recursos
hídricos) pretendem utilizar os mesmos recursos, na mesma unidade espacial, como serão
definidos os critérios para responder às simples perguntas: Quem pagará pelos estudos? E
quem será responsável por sua elaboração? Tais perguntas abrigam três respostas possíveis: a
divisão dos custos entre empreendedores, a elaboração (e respectivo pagamento) de estudos
por cada empreendedor, e a elaboração de estudos por parte do poder público.
No caso da divisão dos custos envolvidos na elaboração, haveria uma primeira
questão a ser superada, que é a escolha da entidade que realizará os estudos. Decidida a
entidade responsável, nada impede que um dos empreendedores use de métodos escusos para
que a avaliação seja direcionada à aprovação de seus empreendimentos, em detrimento dos
demais.
Já no caso da elaboração de um estudo por parte de cada empreendedor, a
possibilidade de surgimento de resultados conflitantes somente abarrotaria ainda mais os
órgãos ambientais, os quais já são em geral: lentos, carentes de recursos humanos e materiais.
A possibilidade de elaboração dos estudos por parte do poder público esbarra na
própria estrutura dos órgãos ambientais, como citado no parágrafo anterior. Outro obstáculo a
esta possibilidade é a avaliação da própria qualidade dos estudos. Uma vez que os estudos
serão realizados por técnicos do poder público que trabalham na área ambiental, supõe-se que
seriam os mesmos servidores lotados nos órgãos ambientais. Então, quem avaliaria a
conformidade dos estudos com a legislação e as normas técnicas/científicas? Isso abre uma
brecha para que algum dos empreendedores preteridos por conta dos estudos realizados possa
contestar os resultados na justiça, resultando em atrasos significativos ao processo de
licenciamento ambiental, com prejuízo de todos os envolvidos.
35
Ainda que um instrumento cada vez mais difundido para o planejamento ambiental, a
Avaliação Ambiental Integrada ainda é de aplicação rara no Brasil, em oposição aos EIAs e
similares. A disseminação de sua existência e a possibilidade de realização desse tipo de
estudo a torna desejada pelos órgãos ambientais, os quais ainda não dispõem de um arcabouço
jurídico para que a mesma possa ser solicitada em todos os casos em que se faz necessária. Na
maioria das vezes em que a AAI é solicitada, o é somente por conta de manifestação do poder
judiciário, em especial o Ministério Público Federal.
15
Também chamado de Plano Básico Ambiental.
36
16
Pode parecer estranho que, 13 anos após a aprovação da Política Nacional de Recursos Hídricos (de 1997)
ainda existam Unidades da Federação sem agências de águas efetivamente funcionais e/ou bacias sem seus
repectivos comitês, porém essa é uma realidade que ainda perdura no país. A maioria das bacia ainda não possui
sequer o cadastro dos usuários de recursos hídricos, o qual é o primeiro passo para uma gestão de fato eficiente
dos recursos hídricos.
37
17
Os países citados no estudo são Itália, Espanha, França, Suécia, Áustria, Alemanha, Lituânia, Letônia, Estônia
e Polônia.
18
No original: “Different types of licences are required regarding the following issues:
- Energy generation,
- Impact on water quality, flora and fauna of the river, and all environmental aspects
- Construction requirements,
- Connection to the grid,
- Landed properties,
- Other Procedures”
38
Ainda que todas essas dificuldades sejam muito semelhantes àquelas encontradas no
Brasil, elas não representam a totalidade das semelhanças entre o Brasil e os países citados.
Isso fica evidente quando se explica que os requisitos acima:
“encontram-se sob responsabilidade de diferentes autoridades. Nesse contexto, os
procedimentos não somente variam de um país para outro, como também dentro de
um país, de uma região para outra, ou mesmo em uma mesma região, de um projeto
para outro.”19(ESHA, 2007, pág. 3)
E caso a alguém pareça que as semelhanças cessam nesse ponto, o estudo ainda diz:
Os procedimentos e dificuldades expostos acima diferem pouco das críticas que vemos
no Brasil. Lá, como aqui, faltam transparência, objetividade, imparcialidade e centralização
do processo.
19
No original: “Which are under the responsibility of different authorities. In this context, the procedures not
only vary from one country to another, but also within a country from one region to another and even often in
the same region, from one project to another.”
20
No original: “These procedures - that are far from being transparent, objective and non discriminatory- in
some cases are supervised by several local administrations, very sensitive to pressure and lobby groups, which
multiply the number of interlocutors, and extend the time to take decisions (up to 58 permits from different
administrations are necessary in some Italian locations). In addition, the project has to be made public so that
people can react.”
39
21
Em tradução livre, “Manual para licenciamento de projetos hidrelétricos e isenções de licenciamento até
5MW”.
40
ponto há uma grande diferença entre o procedimento nos EUA e o procedimento brasileiro: o
empreendedor deve fornecer todos os dados necessários, porém a avaliação da viabilidade
ambiental é feita pelos órgãos públicos, os quais dispõem de uma equipe própria para isso. De
forma alternativa, por solicitação do empreendedor, podem ser chamados consultores externos,
porém a FERC é quem define o escopo dos estudos e fiscaliza a qualidade do trabalho
entregue. Além disso, os consultores são obrigados a assinar um termo de compromisso no
qual declaram não ter qualquer interesse no resultado do projeto.
41
22
ESHA (2007) ressalta que os requisitos ambientais são tão rigorosos na Áustria que empreendedores preferem investir em outros países, e que quae nenhuma nova usina é
autorizada. Isso pode explicar as razões da celeridade do processo.
43
na análise dos projetos, porém este não é o caso. Nesse ínterim, vale acrescentar que a
crescente participação de fontes térmicas na matriz elétrica é, por si só, sintomática de
problemas com o processo de autorização de hidrelétricas, a saber: 1) falta de investimento, 2)
falta de potencial ou 3) demora nos processos das hidrelétricas. Como o investimento
encontra-se abundante no setor; e o potencial existe, somente pode-se supor que há algum
aspecto institucional que não está funcionando a contento.
Nos casos de concorrência em inventários hidrelétricos, o prazo de 120 dias para que
todos os concorrentes entreguem seus inventários começa a contar a partir da data do aceite
do primeiro inventário. Isso significa que mesmo que um empreendedor invista nos estudos
de forma pioneira, para garantir a exclusividade do potencial que descobriu, os prazos (ou a
falta deles) por parte da ANEEL permitem que um concorrente que pediu o registro ativo
meses após o primeiro empreendedor tenha o tempo suficiente para realizar seu estudo e
competir em condições iguais com aquele que primeiro investiu no potencial. Isso é possível
por uma conjunção de dois fatores: 1) A publicação da efetivação do registro ativo no Diário
Oficial da União, e 2) A demora da agência em anuir com o aceite técnico. O primeiro fator, a
publicação do registro ativo, é benéfico para a sociedade, pois permite a todos, inclusive a
população local, que saiba que determinado curso d’água encontra-se em estudo por um
agente de geração. Porém, permite a agentes que não investem na prospecção de novos
potenciais que se aproveitem dos recursos gastos por outros para entrarem em concorrências,
sabendo que a demora da agência lhes dará o tempo necessário para realizarem os estudos.
Mesmo que o primeiro agente esteja com o estudo pronto quando o registro ativo for
efetivado, a demora de 4 a 5 meses da agência para anuir com o aceite técnico, somada ao
prazo de 120 dias para que os demais agentes entreguem seus estudos já permite que a
concorrência consiga fazer seus próprios estudos.
Supondo que dois ou mais interessados recebam o aceite técnico, entra em cena a
questão do desempate e seleção do estudo de inventário a ser aprovado. Os critérios de
desempate são definidos pela Resolução ANEEL 398/2001, e são, resumidamente:
Estudos de dimensionamento,
Estudos hidrometeorológicos,
Investigações e estudos geológicos/geotécnicos,
Cartografia e topografia,
Estudos ambientais,
Estudos de usos múltiplosdos recursos hídricos, e
46
Estudos sedimentológicos.
Como explicitado anteriormente nesse texto, os critérios acima se encontram em
ordem decrescente de peso. Ou seja, os estudos de dimensionamento tem a maior importância
relativa, e os estudos sedimentológicos, a menor.
Seguindo a lógica, em caso de concorrência a análise é mais demorada que casos onde
existe somente um agente interessado no estudo. O prazo de análise não é somente aumentado
de forma proporcional ao número de concorrentes (dois concorrentes, o dobro do prazo etc.),
como o estudo de inventário ainda é prejudicado pelo tempo em que o primeiro agente a
entregar seu estudo ainda tem que aguardar pelos demais até que a agência possa iniciar a
análise.
A demora da análise dos estudos de inventário causa ainda transtornos aos agentes,
que pela incerteza sobre qual inventário será aprovado (grande parte dos inventários
registrados após a Resolução ANEEL 343/2008 é objeto de concorrência) não desenvolvem
os estudos de Projeto Básico, e se os desenvolvem, o fazem somente para os aproveitamentos
que se enquadrem dentro dos 40% de reserva a que o agente responsável pelo inventário tem
prioridade. Contudo, a lógica reversa do agente é a seguinte: é necessário que o inventário
apresente 40% de usinas viáveis (conhecidas no jargão do setor como “filés”), as quais serão
apresentadas como preferenciais pelo agente, “garantindo” assim suas usinas. O resto do
potencial do rio pode ser então preenchido com usinas inviáveis financeira ou ambientalmente,
para que nos critérios de desempate, a potência total inventariada garanta ao empreendedor a
vitória na concorrência. Note-se que, usando um exemplo simples, na comparação entre dois
inventários, um com 80 MW de potência total, mas toda ela viável ambientalmente
(inventário “A”), e um inventário com 100 MW de potência, mas somente 40 MW viáveis
ambientalmente (inventário “B”), a tendência é que o inventário A seja preterido em relação
ao inventário B, por conta do critério de “aproveitamento ótimo” do curso d’água preconizado
no Manual de Inventário Hidrelétrico, bem como na legislação setorial.
Já no Projeto Básico, não ocorrem grandes disputas, já que em termos ambientais,
pouco pode ser feito para minimizar ou maximizar os impactos, uma vez que os níveis
operacionais são definidos no inventário hidrelétrico, e a grande parte dos impactos
ambientais é derivada dos níveis operacionais. O Projeto Básico é, essencialmente, um
trabalho técnico, e como tal, a disputa entre concorrentes é técnica, o que não o isenta dos
problemas advindos da demora na análise dos processos pela agência reguladora. Todos os
problemas institucionais citados no caso dos inventários são aplicáveis aos projetos básicos.
Contudo, novos problemas surgem nessa fase.
47
entre geração de energia e conservação23 ambiental. Outro ponto importante é que muitas das
críticas feitas hoje às usinas construídas no passado são extemporâneas, uma vez que o
paradigma ambiental hoje é muito diferente do existente naquela época. Não parece coerente,
portanto, julgar baseado na legislação ou mesmo no zeitgeist atual um evento pretérito.
Um fato relevante é que os Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) começaram a ser
realizados no Brasil por conta da pressão de organismos financiadores internacionais, como o
Banco Mundial. O primeiro EIA realizado no país foi o da Usina Hidrelétrica de Sobradinho.
Inicialmente restritos a obras com financiamento internacional (por exigência desses
organismos), os EIAs depois começaram a ser aplicados em território nacional, independente
da fonte dos recursos.
Uma diferença marcante entre o licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas e a
maioria dos outros tipos de empreendimentos propostos é que as hidrelétricas não podem ser
localizadas a critério dos projetistas, uma vez que dependem de cursos d’água que tenham
tanto vazão quanto quedas. A definição dos locais adequados e dos níveis operacionais dos
barramentos obedece a leis e normas técnicas específicas para este tipo de empreendimento,
em especial o Manual de Inventário de Bacias Hidrográficas (Brasil, 2007), onde lê-se (p. 35):
“Os Estudos de Inventário têm como critério básico a maximização da eficiência
econômico-energética, em conjunto com a minimização dos impactos
socioambientais negativos, considerando-se adicionalmente os impactos
socioambientais positivos oriundos da implantação dos aproveitamentos
hidroelétricos na bacia.”
23
É importante não conduzir os conceitos de “conservação” e “preservação” ambiental. “Conservação” é o uso
racional dos recursos naturais, enquanto “preservação” é a não utilização dos recursos, ou seja, a manutenção de
porção do ambiente tal qual ela se encontra, sem intervenções.
49
órgãos ambientais, e mesmo entre os profissionais da área, é notório que existem EIAs que
são tecnicamente deficientes.
Duas principais causas para a existência de estudos deficientes podem ser apontadas.
A primeira é a alta concorrência. A aparente prosperidade do setor de consultoria ambiental
nos últimos anos levou ao aparecimento de centenas de empresas dispostas a realizar estudos
ambientais. Nessa situação, empresas reduzem seus preços até o ponto em que é praticamente
impossível realizar o serviço com qualidade técnica pelo valor cobrado, levando à cultura do
“copia-e-cola” (reaproveitamento de dados ou mesmo cópia de estudos já existentes), e
diminuição da qualidade técnica, com a contratação de profissionais inexperientes, com baixa
qualificação, menor remuneração e maior possibilidade de aceitar pressões para realizar
trabalhos sem critérios técnicos.
A segunda é que os próprios órgãos ambientais não dispõem de profissionais
qualificados para analisar os estudos, e quando os tem, ou os números são insuficientes para
uma correta análise de todos os processos ou os processos são aprovados à revelia dos
técnicos, por pressões políticas e/ou financeiras. Ou seja, estudos ambientais de baixa
qualidade são aprovados pelos órgãos ambientais, seja por técnicos mal capacitados, seja por
vias políticas e/ou financeiras, normalmente ilegais.
A aprovação de EIAs deficientes, ressalte-se, estimula a continuidade desse ciclo
vicioso: o empreendedor contrato um estudo a custo reduzido, obtêm um produto de baixa
qualidade, e o aprova por vias não exclusivamente técnicas. Essa aprovação, por si, é um
estímulo à perpetuação dessas más práticas por ambos os lados.
Além das deficiências dos estudos em si, a questão institucional do licenciamento
ambiental também apresenta várias (e sérias) falhas. A primeira é a multiplicidade de
diplomas legais. Além da legislação ambiental federal, cada unidade da federação tem sua
própria legislação ambiental, sem contar os municípios, que também podem dispor de códigos
próprios a respeito. A cada etapa nessa hierarquia, a legislação fica mais e mais restritiva.
Os prazos também são um grande empecilho citado quando trata-se das dificuldades
do licenciamento ambiental. A legislação ambiental prevê o prazo de um ano para
manifestação do poder público a respeito de um estudo. Uma das críticas mais frequentes – e
muito coerente – é que na maioria dos casos os estudos ambientais são elaborados em prazo
inferior aos doze meses que o órgão ambiental dispõe para analisar o estudo. Outro
dispositivo muito utilizado pelos órgãos ambientais, e que gera significativos atrasos dos
estudos é a solicitação de complementações. A legislação permite que o órgão ambiental
solicite complementações ao empreendedor, sendo que durante o período de elaboração das
51
24
“Técnicos” é utilizado nesse texto em alusão aos profissionais que elaboram os estudos ambientais, enquanto
os “gestores” são os profissionais encarregados do processo, via procuração, para o empreendedor. Normalmente
os técnicos são autônomos ou pertencem ao quadro de alguma empresa de consultoria, enquanto os gestores
trabalham diretamente para o empreendedor.
52
A afirmação que a AAI não dispensa os EIAs é inteiramente verdadeira, até porque os
EIAs são regulamentados por lei, enquanto as AAIs não possuem qualquer regulamentação.
Já a afirmação de que um estudo é melhor que o outro merece uma discussão mais
aprofundada.
O enfoque dos estudos de AAI difere do utilizado nos estudos para licenciamento
ambiental, como os Estudos de Impacto Ambiental (EIAs), uma vez que não visam avaliar os
impactos de um empreendimento, e sim os impactos de um conjunto de empreendimentos.
Dessa forma, a AAI é mais um instrumento de planejamento da bacia hidrográfica que uma
ferramenta de licenciamento ambiental, dado que sua própria abrangência – a totalidade da
bacia hidrográfica – denota a natureza ampla dos estudos, que buscam a identificação de
conflitos e macro-restrições ambientais, ao invés do levantamento de detalhes dos fatores
ambientais que são abordados nos EIAs.
O fato de os EIAs terem uma abordagem local não é uma deficiência por não
avaliarem os impactos regionais, ao mesmo passo que a abrangência espacial da AAI não
significa que a mesma seja deficiente na identificação de impactos locais. Cada um desses
estudos atende a objetivos diferenciados, e por isso tem – e deve ter – objetivos e métodos
diferentes.
Um EIA não tem preocupação com impactos regionais, porém isso não é um problema
em si, uma vez que seu objetivo é identificar os impactos do empreendimento em seu local de
implantação e propor medidas para mitigar ou compensar os impactos negativos, além de
programas de monitoramento das condições ambientais. Caso o enfoque fosse regional, menor
esforço seria dado aos impactos locais, o que poderia acarretar em deficiências na
identificação de impactos locais e suas medidas mitigadoras. Ao mesmo tempo em que, aí sim,
o estudo seria deficiente, os resultados do EIA, pelo fato de ser feito por um único
empreendedor, visando a(crase?) aprovação de um empreendimento, não poderiam ser
aplicados à totalidade da bacia, influenciando outros empreendimentos ou empreendedores.
Ou seja, mesmo que o EIA visasse a identificação de impactos regionais, o fato de analisar
somente um empreendimento não permitiria que esses impactos regionais fossem
53
5. CONCLUSÕES
O Brasil dispõe de um grande potencial energético em PCHs, totalizando, segundo o
Banco de Informações de Geração (BIG) da ANEEL 14.8015MW, dos quais atualmente
2.764MW estão em operação, com mais 1.002MW em construção. Ora, se a soma do
potencial aproveitado e em construção é de 25,43% do total, e mais 55,81% delas estão em
algum dos estágios em que há interesse privado para sua construção (Projeto Básico), supõe-
se que sérias dificuldades estejam impedindo essas usinas de serem implantadas. E é
importante não esquecer os 2.778 MW em usinas que foram inventariadas, mas que não
despertaram interesse de nenhum agente até o momento.
Muito importante, em se tratando de potencial hidrelétrico, é saber qual a demanda do
país. Afinal, sem demanda não há necessidade de expansão da oferta. O planejamento da
expansão da geração de energia elétrica no Brasil se dá por dois estudos: o Plano Nacional de
Expansão (PNE) elaborado pela EPEEmpresa de Pesquisa..... e aprovado em 2008, o qual
planeja a expansão para 2030, e o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), o qual é
revisto anualmente, e como o nome diz, tem horizonte decenal. O Plano Decenal de Expansão
de Energia 2019 (Brasil, 2010d) estabelece o seguinte percentual de participação de cada
fonte de geração na matriz elétrica brasileira:
Quadro 6: Expansão da capacidade instalada por fonte de geração, segundo o PDE
2019 (EPE, 2010d)
Fonte: EPE.
Cada uma das duas categorias tem suas particularidades e suas dificuldades para
chegar à efetiva implantação. As dificuldades das PCHs da primeira categoria são ligadas
mais aos aspectos institucionais, eestão expostas nos itens abaixo:
Desarticulação entre órgãos federais, estaduais e municipais
Os agentes interessados em um empreendimento devem, por seus próprios meios,
promover a circulação e atualização de informações entre os diferentes órgãos da
administração pública. Um exemplo disso encontra-se no fato que a ANEEL solicita que o
empreendedor apresente cópias das cartas protocoladas para consulta nos órgãos ambientais
estaduais. Outro exemplo está na legislação ambiental, a qual solicita que o empreendedor
apresente “certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de
empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e
ocupação do solo”. Ora, esse procedimento somente atrasa o licenciamento, uma vez que não
há prazo estabelecido para manifestação do poder público em relação a essas consultas.
Múltiplas instâncias de decisão
Mesmo que um empreendimento seja aprovado junto aos órgãos federais (ANEEL e
IBAMA, por exemplo), caso a prefeitura se posicione contra um determinado
empreendimento, ele pode ter sua implantação negada. Cita-se abaixo algumas instâncias em
que uma hidrelétrica pode ser atrasada, paralisada ou mesmo inviabilizada:
ANEEL: Inventário ou projeto básico;
Órgãos ambientais: EIA/RIMA, PBA e/ou AAI;
Governos Estaduais: Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), Zoneamento
Costeiro, Planos estaduais de bacias hidrográficas;
Prefeituras Municipais: Plano diretor, diretrizes de uso do solo;
58
Potência total das usinas (MW) 2239 2044 2742 602 461
25
É importante ressaltar que das 1.623 PCHs cadastradas no SIGEL foram utilizadas 1.141. Foram excluídas do conjunto 482 PCHs que apresentaram falhas nos dados (sem
dados de potência ou área inundada) ou que apresentaram inconsistências (potência incompatível com PCHs ou dados conflitantes com os despachos de aprovação).
62
Ora, se essas são claramente usinas que apresentam pouca geração de energia e
grandes áreas inundadas, tornando-as tanto financeira quanto ambientalmente inviáveis, por
que elas foram apresentadas nos seus respectivos inventários hidrelétricos como parte da
melhor divisão de quedas analisada? Porque a recomendação dos agentes que aqueles níveis
operacionais fossem adotados, ao invés de outros, que mesmo gerando menos energia, fossem
ambientalmente viáveis?
O argumento da maximização do retorno (lucro) com a maximização da energia não
pode ser utilizado nesse contexto, pois entre uma usina de 5MW inviável ambientalmente (e,
portanto, que não dará qualquer retorno) e uma de 2MW sem grandes empecilhos ambientais,
um agente preferirá obviamente dispor dos 2 MW que darão lucro aos 5MW que de nada
servem.
Para explicar o por quê desses 2.778 MW que nenhum agente deseja, é necessário
retornar a dois critérios para a análise e avaliação dos aproveitamentos propostos em um
inventário. Um é o conceito de “aproveitamento ótimo”, que considera “ótima” a divisão de
quedas que maximizar a geração de energia (potência instalada), ao invés da divisão de
quedas que for aquela com a maior probabilidade de efetiva implantação. Outro critério que
vale relembrar é a forma de desempate em caso de inventários concorrentes: na
hierarquização, a avaliação de impactos ambientais encontra-se em quinto lugar, empatado
com a cartografia e topografia, entre todos os estudos que pontuam para definir o estudo
escolhido pela ANEEL. Portanto, no caso de concorrência, os agentes tentarão maximizar a
energia, inserindo algumas usinas que correspondam aos 40% da potência instalada a qual
tem direito de preferência (o necessário para que o retorno compense o investimento), e
preenchendo o restante do curso do rio com usinas que visem exclusivamente aumentar a
potência final da divisão de quedas escolhida, mesmo que ambiental e economicamente
inviáveis.
Como tanto o critério de “aproveitamento ótimo” quanto os critérios de desempate são
definidos na legislação federal, respectivamente na Lei Federal nº 9.074 e na Resolução
ANEEL 398/2001, esse potencial poderia ser melhor aproveitado somente com a mudança
desses diplomas legais. Obviamente o potencial não somará os 2.778MW atuais, uma vez que
a diminuição dos níveis (e áreas inundadas) diminuirá a potência instalada, porém mesmo que
a adição à matriz elétrica seja de metade desse total, já estará cumprida quase metade da meta
de crescimento das PCHs para os próximos 10 anos. Esse aumento na participação de fontes
alternativas de energia na matriz elétrica é significativo, e com o pequeno esforço requerido
para estimular a revisão desses empreendimentos, não há porque não fazê-lo.
65
A mudança nos diplomas legais supracitados beneficiaria não somente as PCHs, como
os demais empreendimentos de geração de energia hidrelétrica. A resolução das demais
dificuldades institucionais – as quais são de mais difícil alteração – beneficiaria todos os
empreendimentos em licenciamento ambiental, caso resolvidas as dificuldades inerentes ao
licenciamento.
66
6. BIBLIOGRAFIA CITADA
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Nacional de Água - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, e dá outras providências. Disponível em http://www6.senado.gov.br/sicon/. Acesso
em junho de 2010. Legislação Federal e Marginália.
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promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em
http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/. Acesso em 28 de setembro de 2007.
BRASIL. Decreto 24643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Disponível em
http://www6.senado.gov.br/sicon/. Acesso em maio de 2010. Legislação Federal e Marginália.
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em http://www6.senado.gov.br/sicon/. Acesso em setembro de 2007. Legislação Federal e
Marginália.
BRASIL. Lei 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política nacional do meio
ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providencias.
Disponível em http://www6.senado.gov.br/sicon/. Acesso em setembro de 2007. Legislação
Federal e Marginália.
BRASIL. Lei 9433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX
do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990,
que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em
http://www6.senado.gov.br/sicon/. Acesso em junho de 2010. Legislação Federal e
Marginália.
BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de
energia elétrica do Brasil. 3. ed. Brasília: ANEEL, 2008. 233p.
BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de
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