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A série Black Mirror, da Netflix, transmitiu no episódio "White Bear" da

segunda temporada, a historia de Victoria Skillane, uma mulher que assassinou e


filmou a morte de uma criança e, após ter negado seu envolvimento, diferentemente
de seu noivo que se matou na prisão, foi condenada a uma forma alternativa de
justiça. Ela está presa em uma espécie de parque, onde diariamente apagam sua
memória e a perseguem em um terror psicológico, em que quase todas as pessoas
são espectadoras de sua agonia.
No entanto, apesar de ser inicialmente baseada em uma espécie deturpada de
justiça, a punição enfrentada por Victoria deixa de fazer sentido como algo justo, já
que a mesma passa a maior parte do tempo sem saber o que fez para estar ali, sendo
informada apenas no final do dia, quando novamente passa por uma torturante forma
de apagar sua memória, revivendo tudo de novo no dia posterior. Dessa forma todo o
castigo que está sofrendo, passa a ser uma forma de alimentar a sede de vingança da
sociedade em vê-la sofrer de forma semelhante àquela que fez Jamimi, a menina
vítima do assassinato, sofrer. Assim, aquilo que os outros personagens fazem com
Victoria se torna mais como uma forma de entretenimento - já que o parque é aberto
para visitas - do que de fato justiça.
Portanto, para que a justiça realmente fosse feita e Victoria pagasse por seus
crimes, ela deveria primeiramente ter permanecido com a memória do que fez e de
quem é, e ter sido presa em uma cadeia que tivesse como objetivo tratar e tentar
restituí-la na sociedade, como é feito na Noruega, em que até mesmo assassinos em
série recebem tratamento adequado e podem ter uma segunda chance. Dessa forma,
Victoria estaria consciente do que fez e poderia algum dia se arrepender.

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