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ANÁLISE DO EPISÓDIO “WHITE BEAR” DE BLACK MIRROR.

Nomes: Bruna Barros de Oliveira e Gustavo Rezende.

O episódio "Urso Branco" é tão confuso para o espectador quanto para a protagonista –
futuramente revelada como Victoria Skillane - que acorda sem memória e desorientada. Ela
explora a cidade e percebe que as pessoas ao seu redor estão indiferentes e insensíveis. Conforme
o episódio se desenrola, Victoria descobre que um sinal chamado "Urso Branco" foi transmitido,
transformando as pessoas em espectadores passivos que gravam tudo, incluindo as agressões que
ela sofre.
Além de ser constantemente humilhada, Victoria é perseguida por assassinos mascarados. Ela se
une a uma mulher que conhece a forma de desativar o sinal do "Urso Branco" e juntas elas
embarcam em uma jornada até a área de transmissão. Durante uma luta com os assassinos
mascarados, Victoria aperta o gatilho de uma arma, mas em vez de uma bala de fogo, confetes
são disparados. É nesse momento em que tudo se esclarece para Victoria.
Sentada em uma cadeira diante de espectadores raivosos, ela descobre que tudo o que passou foi
roteirizado e planejado especificamente para ela. Victoria foi sentenciada a reviver o mesmo dia
repetidamente como uma forma de "justiça", como punição por ser cúmplice de seu parceiro em
um ato horrível de sequestro e tortura de uma criança, que foi registrado em vídeo. Dessa forma,
Victoria é submetida à tratamentos de choque para que sua memória seja apagada e tudo acontece
novamente em um looping.
O episódio da antologia levanta questões sobre a natureza da justiça e da punição. Na história, a
protagonista Victoria é submetida a um tipo de “atração punitiva” em um ambiente conhecido
como "White Bear Justice Park", onde ela é repetidamente perseguida e filmada por turistas. Na
teoria a punição é projetada para fazê-la sofrer e sentir o mesmo terror que sua vítima. A ética por
trás dessa forma de punição é altamente questionável, pois ela parece mais voltada para a vingança
em forma de diversão e entretenimento do que uma forma de trazer arrependimento aos atos
terríveis de Victoria. Trazendo assim uma forma de justiça retributiva extrema, levando a atos
antiéticos e causando uma crueldade e a falta de consideração pelos direitos e dignidade humana
dos condenados.
A obra também aborda a ética do entretenimento, mostrando que os visitantes do “espetáculo”
estão lá para assistir e desfrutar do sofrimento de Victoria, levando tudo com muita diversão. Isso
levanta questões sobre a ética do entretenimento baseado na crueldade e no sofrimento alheio, e
principalmente levando isso como uma forma de justiça. O episódio também levanta questões
sobre a ética da manipulação da realidade e do controle da informação. Onde a protagonista tem
a sua memória apagada diariamente para que ela possa ser submetida a um ciclo infinito de tortura.
Esse controle da informação e da realidade em volta de Victoria infringe a sua autonomia de
pensamentos e sua dignidade, deixando-a indefesa e sem o poder de tomar decisões sua própria
vida, assim anulando um método de justiça restaurativa.
Em resumo a história em questão traz o lembrete de que há uma linha tênue entre o entretenimento
e a exploração, e que devesse ser questionado o impacto ético no desejo de assistir e consumir
tragédias alheias, ainda mais quando o mesmo é tratado de uma forma de justiça e punição.

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