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Universidade Federal de Alagoas

Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte


Curso de Jornalismo
Comunicação e Cibercultura

Turma: JORN010/V 2022.1


Docente: Ronaldo Bispo

WHITE BEAR - BLACK MIRROR (2° EP DA 2° TEMPORADA)

Maria Luiza Britto Hermes

O episódio começa com uma cena em que a protagonista acorda sem saber
quem é ou onde está. A sua frente, uma TV ligada com um estranho símbolo em
preto e branco, e no andar de baixo, a fotografia de uma garotinha. Em seguida, a
personagem sai para a rua e começa a pedir auxílio, mas ao invés de ser ajudada,
começa a ser perseguida e filmada por dezenas de pessoas. Ao longo do episódio,
acompanhamos uma mulher sofrendo de extrema pressão e tortura psicológica,
sendo atacada e atormentada por pessoas que usam máscaras e fantasias,
enquanto é filmada e assistida por outros que parecem enxergar a situação como
um espetáculo, sem um pingo de empatia pela personagem.
Ao longo da história, a protagonista conhece Jen, uma mulher que interage
com ela, e ambas começam a fugir juntas. A perseguição termina quando elas
chegam a uma sala de máquinas com uma torre para gerar sinal de celular, com o
objetivo de explodir o local e assim fazer os celulares perderem o funcionamento.
Entretanto, o local se transforma em um palco com platéia, e descobrimos que na
verdade a protagonista se chama Victoria Skillane, uma criminosa que raptou uma
garotinha (a mesma da foto) e filmou enquanto a mesma era torturada e
assassinada. A pena para o crime de Victoria era ter a memória apagada dia após
dia e ser torturada enquanto filmada, assim como ela fez com a menina. No fim, o
termo “white bear” que se faz presente em várias cenas do episódio era uma
referência para o crime, pois a única evidência encontrada durante o
desaparecimento da garota foi o seu ursinho branco.
Assim como em “Shut Up And Dance”, White Bear faz o espectador
desenvolver empatia pelo personagem sem ao menos entender o porque ele está
nessa situação, e o plot twist consiste na revelação final.
Boa parte das tecnologias exploradas em White Bear existem na vida real,
como as câmeras e celulares. Entretanto, o dispositivo para apagar as memórias é
uma invenção dos roteiristas. Ainda não há evidências de tal tecnologia existindo
em um futuro próximo.
Embora exagerado, o que acontece na série se mostra cada vez mais real.
Um exemplo é o caso da “Mulher da Casa Abandonada”, uma senhora que vive
sozinha num casarão abandonado, acusada de escravizar uma empregada
doméstica nos Estados Unidos, que teve sua história exposta por meio de um
podcast da Folha de S. Paulo. Após o caso se tornar popular, as pessoas
começaram a perseguir a mulher, filmando e aparecendo na frente da sua casa para
acompanhar seus passos. Ela não pode ser presa no Brasil, mas a pena por seu
crime acabou sendo a exposição, assim como a personagem Victoria Skillane.
Em conclusão, o episódio é muito bem executado e dirigido. Embora seja
um dos mais curtos de Black Mirror, com apenas 42 minutos, conta a sua história
com eficácia e sem enrolação, prendendo a atenção do público desde o primeiro até
o último segundo.

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