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REFORMA DA

PREVIDÊNCIA
PRINCIPAIS MUDANÇAS
por Sandro Lucena Rosa
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
COMO SERÁ FINANCIADA A NOVA PREVIDÊNCIA?
VALOR DOS BENEFÍCIOS
BENEFÍCIOS NA NOVA PREVIDÊNCIA
REGRAS DE TRANSIÇÃO
NOVA PREVIDÊNCIA POR CATEGORIAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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INTRODUÇÃO

A Previdência Social brasileira, da Constituição A reforma da Previdência, assim, tem por
Federal de 1988 para cá, já foi reformada, pelo objetivo “equilibrar” essa conta, de forma que
menos, quatro vezes. Se formos apurar o histórico o sistema tenha um maior equilíbrio atuarial.
legislativo que alterou nosso regime de Previdência, Segundo a exposição de motivos da proposta, três
o número aumenta consideravelmente. Em todas pilares a sustentam: combate à fraude e redução
as ocasiões, é possível observar um esforço no da judicialização (MP nº 871/19); fortalecimento
sentido de recrudescer as regras de acesso aos do processo de cobrança da Dívida Ativa da
benefícios com o intuito de equilibrar o saldo do caixa União; equidade, de forma a igualar os regimes
previdenciário. previdenciários dos servidores e dos trabalhadores
da iniciativa privada.
Após o insucesso da PEC nº 287/16, intentada
pelo então presidente Michel Temer, o atual Chefe Sem a pretensão de esgotar completamente
do Executivo, Jair Bolsonaro, busca a aprovação da o assunto ou opinar de maneira política/ideológica
PEC nº 06/2019, responsável por instituir a Nova sobre a Nova Previdência, este ebook tem o
Previdência. Uma das justificativas é a questão da objetivo de abordar as principais mudanças trazidas
pirâmide etária, que está invertendo, pouco a pouco com a proposta, ressalvando-se que está limitado
– um alarme preocupante no regime de repartição ao que estão debatendo hoje, em texto aprovado
simples, posto que uma geração é dependente da em segunda votação pela Câmara dos Deputados.
outra. Aponta-se que em 2019 a Previdência poderá
consumir três vezes mais recursos que saúde, Vamos lá?

REGIMES
educação e segurança juntos.

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COMO SERÁ
FINANCIADA A NOVA
PREVIDÊNCIA?
Ações integradas entre Poder Público e
sociedade farão um sistema sustentável. O art. 195
da Carta Magna estabelece a fonte dos recursos da
Previdência – apenas um deles é o trabalhador.
Uma mudança significativa, mas pouco
debatida, diz respeito ao valor das contribuições A legislação infraconstitucional estabelece outras
para Previdência - e isso envolve tanto o Regime fontes de custeio da Previdência, não se limitando ao
Geral de Previdência Social (RGPS), ao qual se que está estabelecido na Constituição, portanto. A Lei
vinculam os trabalhadores da iniciativa privada e os nº 8.212/91 trata especificamente sobre o custeio da
empregados públicos, por exemplo, como também Seguridade Social, em seu art. 27.
o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que
reúne os servidores públicos, titulares de cargo Nesse universo de fontes da Seguridade Social,
efetivo. nota-se que toda a sociedade arca com os custos
do sistema de Seguridade (Previdência, Saúde e
Dessa forma, torna-se relevante analisar as Assistência Social). Nesse sistema, dividem-se
mudanças pretendidas no tocante às contribuições as fontes entre diretas e as indiretas. Segundo a
diretas feitas pelos segurados. A ideia, portanto, é doutrina, a primeira diz respeito às Contribuições
comparar como elas são feitas hoje e como serão Sociais, enquanto a segunda corresponde aos
feitas se o texto for aprovado da maneira proposta. aportes realizados diante de recursos orçamentários
da União.

O financiamento da Seguridade Social Apesar da referida classificação, consideremos


o termo direto em sentido amplo neste artigo.
É comum a crença de que a Previdência seja Vale dizer: quanto será descontado do trabalhador
financiada somente pelo segurado. Trata-se, no em seu salário, mês a mês, com a aprovação das
entanto, de grande equívoco. O art. 194 da Constituição alterações propostas.
Federal estabelece princípios que demonstram a
4 diversidade dessa base de financiamento.
Como é hoje: RGPS E RPPS

No RGPS, ou conforme as regras atinentes ao


INSS, a contribuição da Previdência depende do
tipo de segurado vinculado ao sistema. No caso
de contribuintes individuais e facultativos, por
exemplo, ela é de 20% do salário de contribuição,
em regra. A exceção, no entanto, fica por
conta de planos simplificados, que importam
correspondentes restrições.

Já para o segurado empregado, que trabalha


com carteira assinada, as alíquotas variam de
acordo com a sua remuneração. Assim, elas podem
ser de três tipos:

Remuneração Alíquota
Até R$ 1.751,81 8%
De R$ 1.751,82 até R$ 2.919,72 9%
De R$ 2.919,73 a R$ 5.839,45  11%

No RPPS, o valor varia de acordo com o


respectivo plano. Afinal, cada ente federativo pode
estabelecer seu regime de previdência. A Secretaria
da Previdência, vinculada ao Ministério da Economia,
libera um índice de como os entes federativos
aplicam suas alíquotas. O relatório é atualizado
regularmente. Em regra, repete-se o que se aplica
aos servidores públicos da União: 11% sobre a
remuneração, que é o mínimo a ser descontado.
Vale ressaltar, ainda, que no RPPS os Remuneração Alíquota
Até R$ 998 7,5%
aposentados e pensionistas continuam contribuindo,
De R$ 998 até R$ 2 mil 7,5% a 8,25%
caso o valor de seus proventos supere o teto do De R$ 2.0001 a R$ 3 mil 8,25% a 9,5%
RGPS, que hoje é de R$ 5.839,45. A exceção, no De R$ 3.000,01 a R$ 5.839,45 9,5% a 11,68%
entanto, envolve o aposentado por invalidez. Neste
caso, a contribuição só incidirá se exceder o dobro Já no RPPS, as variações de contribuição para
do teto do RGPS, que corresponde a R$ 11.678,90. a Previdência serão de um salário mínimo até as
No RGPS, no entanto, essa contribuição não remunerações que superem R$ 39 mil:
existe, em decorrência da vedação constitucional
estampada no art. 195, II da CF. Remuneração Alíquota
Até R$ 998 7,5%
Como ficará com a aprovação da Reforma da De R$ 998 até R$ 2 mil 7,5% a 8,25%
Previdência De R$ 2.0001 a R$ 3 mil 8,25% a 9,5%
De R$ 3.000,01 a R$ 5.839,45 9,5% a 11,68%
De R$ 5.839,46 a R$ 10 mil 11,68% a 12,86%
Como se sabe, a PEC nº 06/2019 visa alterar
De R$ 10.0001,01 a R$ 20 mil 12,86% a 14,68%
o sistema de contribuição dos empregados e
De R$ 20.000,01 a R$ 39 mil 14,68% a 16,79%
servidores públicos para a Previdência. Embora não Acima de R$ 39 mil + de 16,79%
inove, ela aprofunda a ideia de progressividade.
Assim, o valor da contribuição inicial tende a cair. Alguns exemplos práticos
Nada obstante, o valor da contribuição daqueles
que recebem mais supera os 11% aplicados sobre a Para se ter uma ideia da progressividade
remuneração no RPPS. da Nova Previdência, usemos duas situações
mencionadas pelo próprio governo.
No RGPS, as variações serão de 7,5% até
11,68%. Variam, então, de um salário mínimo Imagine, por exemplo, um segurado do RGPS
até o teto, que hoje correspondem a R$ 998 e R$ que receba R$ 1.250 de remuneração. Veja, então,
5.839,45, respectivamente: como se desenha a contribuição dele:

• Conforme as regras atuais: 8%, que corresponde


a R$ 100.
• Conforme a Nova Previdência: 7,8%, que
6 corresponde a R$ 97,53.
Já no outro caso, o segurado do RPPS recebe,
por exemplo, R$ 30 mil como remuneração.
Veja a sua situação:

• Conforme as regras atuais: 11%, que


corresponde a R$ 3,3 mil.
• Conforme a Nova Previdência: 16,11%, que
corresponde a R$ 4.835,83.

Caso queira simular quanto ficaria sua


contribuição caso a Nova Previdência seja aprovada
nos limites aqui demonstrados, o governo
disponibilizou uma Calculadora da Nova Previdência,
que pode ser acessada gratuitamente.

Conclusão

Sob o argumento de austeridade e saúde das


contas da Seguridade Social, o governo propôs
a alteração das alíquotas, de forma a aumentar
o financiamento direto (aqui tratado em sentido
amplo) da Previdência. Vale dizer, será descontado
um valor maior da remuneração dos segurados - e
isso independe do fato dele ser ou não vinculado ao
RGPS ou ao RPPS.

A ideia de justiça está traduzida na questão da


progressividade. As pessoas que recebem menos,
por exemplo, devem contribuir com menos do que
contribuem hoje. Por outro lado, aqueles que recebem
remunerações maiores devem contribuir com mais.
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Em arremate, observa-se que a progressividade Essa é uma das várias alterações que vêm
apresentada demonstra clara intenção de aproximar os trazendo medo e insegurança aos segurados do
dois regimes (RGPS e RPPS). Tanto que, até certo ponto, INSS. Afinal, as próprias regras atuais já são
as alíquotas chegam a coincidir. Nada obstante, os confusas – inclusive para os profissionais da área.
servidores públicos arcarão com um valor considerável
de diferença em relação ao que contribuem hoje. Vejamos como ficarão os cálculos, caso ela
seja aprovada da maneira proposta
Se a Reforma da Previdência demonstra justiça
por um lado, especialmente na forma de participação 1. Aposentadoria por idade 
do custeio do sistema, por outro torna cada vez mais A aposentadoria por idade (B41) é um benefício
desinteressante o plano de benefícios para o servidor programado. É pago pela Previdência Social nos
público. Hoje, rememore-se, o valor do benefício está casos em que o segurado completa a carência de
limitado ao teto do RGPS. Se a proposta for aprovada, 180 contribuições – conforme a tabela (art. 142
no entanto, eles passarão a contribuir com mais, para da Lei 8.213/91). Além disso, outro requisito é
um regime que pagará menos. o segurado alcançar a idade mínima de 65 anos
(homem) ou 60 anos (mulher).

Para se chegar ao valor da Renda Mensal Inicial

VALOR DOS
(RMI) é preciso apurar o valor do chamado salário
de benefício. Esse valor consiste em uma média

BENEFÍCIOS
aritmética que considera 80% dos maiores salários
de contribuição ao longo da vida profissional,
compreendidos dentro do Período Básico de Cálculo
Como visto, a Nova Previdência objetiva conter os (PBC). Após encontrar esse valor, aplica-se a
gastos da Previdência Social. Então, sob a pressão da ele uma alíquota de 70%, e ao resultado dessa
pirâmide etária que ameaça se inverter em breve e tornar operação soma-se 1% a cada ano de contribuição.
o Brasil um país de idosos, a ideia é buscar o equilíbrio
atuarial, mediante alterações capazes de diminuir os
valores gastos com o pagamento de benefícios.

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Nesse sentido, considerando o cenário atual
(antes da Reforma da Previdência) um trabalhador
que se aposenta com 180 contribuições (15 anos),
por exemplo, inicia seu cálculo com os 70% e mais
os 15% referentes a cada ano contribuído. Isso
totaliza, portanto, 85% do salário de benefício. Por
conseguinte, ele deve contribuir 30 anos para obter
100% do salário de benefício (70% da lei + 30%
em decorrência dos anos contribuídos).

Vale ressaltar que é possível que seja


aplicado no salário de benefício o chamado fator
previdenciário. Trata-se de uma fórmula que leva
em consideração a idade e o tempo de contribuição
da pessoa e que pode até majorar a renda.
Registre-se, no entanto, que para esse benefício em
específico, o Fator Previdenciário é opcional.

2. Aposentadoria por tempo de contribuição


A aposentadoria por tempo de contribuição
(B42), por sua vez, difere nos requisitos em relação
à aposentadoria por idade. O segurado deve
completar 35 anos (homem) ou 30 anos (mulher)
de tempo de contribuição. Isso também conforme o
cenário atual, antes da Reforma da Previdência.

Para chegar ao valor da RMI desse benefício
também é preciso apurar o valor do salário de
benefício do segurado. Mais uma vez, ele consiste
em uma média aritmética dos 80% maiores salários
de contribuição do segurado dentro do PBC.
Nesse caso, no entanto, é obrigatório o uso do
fator previdenciário. Vale observar que está vigente O cálculo das aposentadorias terá como
a chamada regra 85/95 progressiva, que permite o base a média aritmética simples de todos os
afastamento do fator previdenciário do cálculo. salários de contribuição e das remunerações,
utilizadas como base paras as contribuições
Essa regra exige, para tanto, a soma da idade ao RGPS e aos regimes próprios de
e do tempo de contribuição mínimo, que valerão previdência social de que trata o art. 40 da
como pontos. O homem que somar 35 de tempo de Constituição, atualizados monetariamente,
contribuição e 60 de idade, por exemplo, está apto correspondentes a 100% de todo o período
a afastar o fator previdenciário – o que lhe permite contributivo desde a competência julho de
aposentar cinco anos mais cedo do que se fosse 1994 ou desde a competência inicial de
aguardar para aposentar por idade. contribuição, se posterior àquela data. O valor
das aposentadorias corresponderá a 60%
3. Aposentadoria por invalidez dessa média, com acréscimo de 2% para cada
Considerando as regras atuais, para descobrir ano de contribuição que exceder o tempo de
o valor a ser recebido deve-se apurar o salário de 20 anos de contribuição, salvo no caso da
benefício, da mesma maneira que nas demais. A aposentadoria do trabalhador que exercer
diferença é que o fator previdenciário não será atividade exercida em condições especiais
aplicado e a alíquota utilizada será de 100% sobre prejudiciais à saúde por 15 anos, hipótese em
o valor do salário de benefício. Mas atenção: isso que o acréscimo será aplicado ao tempo que
não quer dizer que o segurado irá receber 100% do exceder a 15 anos.
último salário. Ele vai receber 100% do salário de
benefício que, como vimos, é uma média.
Em relação ao PBC, como se pode perceber, a
Como devem ficar os cálculos com a Reforma Reforma da Previdência não prevê grandes alterações
da Previdência práticas. Isso porque o texto se assemelha ao que
está disposto no art. 29 da Lei 8.213 e também ao
O item 68 da exposição de motivos da Reforma texto do art. 3º da Lei 9.876/99.
da Previdência (PEC 06/2019) explica como será
feito o cálculo dos benefícios. Assim, já é possível
observar algumas diferenças:
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Já quanto à apuração da média nota-se A mudança na lei, após a Reforma da
significativa diferença. A proposta prevê aplicar Previdência, terá um regime de transição, cujo
ao salário de benefício uma alíquota de 60% com início está previsto para 2020. O cálculo será
acréscimo de 2% a cada ano de contribuição que feito conforme já mencionado: 60% do salário de
exceder 15 anos. benefício mais 2% a cada ano que exceder 15 anos
de tempo de contribuição.
Vejamos, então, como fica em relação a cada
tipo de aposentadoria. 2. Aposentadoria por invalidez
A Reforma da Previdência prevê um novo nome
1. Aposentadoria por idade e aposentadoria para a aposentadoria por invalidez. Ela passará
por tempo de contribuição a se chamar aposentadoria por incapacidade
Como dito em momentos anteriores, a permanente.
Reforma da Previdência pretende acabar com
a aposentadoria por tempo de contribuição - O raciocínio de cálculo do benefício é o mesmo
e as razões são simples. Primeiro porque não da aposentadoria anterior: 60% da média mais
existe idade mínima. Segundo porque esse tipo 2% a cada ano que exceder 20 anos de tempo de
de aposentadoria corriqueiramente é concedida contribuição. Alguns casos, todavia, autorizam a
a trabalhadores que possuem alto tempo de aplicação de 100% da média, da maneira como
contribuição. Ou seja: eles aposentam mais cedo e já ocorre hoje: quando a incapacidade decorrer
recebem por mais tempo, o que causa um dispêndio de acidente de trabalho, doenças profissionais ou
financeiro elevado. doenças do trabalho.

Assim, com as regras atuais, é possível, por
exemplo, que uma mulher se aposente com 46 anos
de idade por tempo de contribuição, uma vez que não
há exigência de idade mínima. Por sua vez, os novos
requisitos previstos pela Reforma da Previdência à
aposentadoria por idade exigem 65 anos de idade
(para o homem) e 62 anos de idade (para a mulher)
mais 15 anos de tempo de contribuição.

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Tabela comparativa: o antes e o depois da Para chegar a 100% da média, será necessário
Reforma da Previdência um tempo de contribuição consideravelmente maior
– 40 anos para homens, 30 para mulheres. Além
Benefício Regra atual Reforma da Previdência
disso, o requisito da idade mínima terá acréscimo
no caso das mulheres.
60% do salário de benefício 
70% do salário de

benefício
Por idade +
2% a cada ano que exceder 20 anos Portanto, considerando o descompasso
de tempo de contribuição, salvo para
1% a cada grupo
de 12 contribuições
quem já está trabalhando, que será de informações e a informalidade do trabalho
a partir de 15 anos
brasileiro, que ainda é considerável, esse
Salário de benefício  reconhecimento deve ser visto como um desafio a

Fator previdenciário  ser encarado. Afinal, cada contribuição terá uma
Por tempo de  Deixa de existir, pois será 
contribuição
Exceção: salvo
necessária idade mínima. diferença valiosa para os segurados.
enquadramento 
na regra 85/95
60% do salário de benefício 

2% a cada ano que exceder 20 anos
de tempo de contribuição, salvo para
BENEFÍCIOS NA
NOVA PREVIDÊNCIA
quem já está trabalhando, que será
a partir de 15 anos.

100% do salário de
Multiplica-se o valor da equação
Por invalidez acima pela divisão do tempo de
benefício
contribuição por 20 ou 15 anos, O Governo propões alterações em todos os
limitando-se a 1 inteiro para chegar
ao valor da aposentadoria.
benefícios, sem exceção. Alguns mais, outros menos,
mas é certo que não ficarão da maneira que estão
Exceção: casos de acidente de 
trabalho, doenças profissionais e  hoje. Vejamos o que muda nos principais benefícios.
doenças do trabalho, que será 
100% da média

Aposentadoria por idade


No que tange às mudanças no cálculo do valor
do benefício, podemos destacar alguns pontos. A Lei nº 8.231/91 institui em seu art. 48 o
Em primeiro lugar, não serão mais descartados os benefício programado de aposentadoria por idade.
20%, como ocorre na regra atual. Por conta disso,
menores salários de contribuição serão incluídos e o
12 valor do benefício a ser pago tende a ser menor.
Para que o segurado tenha acesso, o INSS
exige 65 (homem) ou 60 anos (mulher), além do
cumprimento da carência de 180 contribuições.
Adverte-se que carência é contribuição mensal paga
em dia, contada em meses e não se confunde com
tempo de contribuição, que é contado em dias.

Caso seja instituída a Nova Previdência, o


benefício está mantido, embora o texto da PEC se
refira agora a vinte anos de tempo de contribuição
e não mais em meses de carência.

Haverá regra de transição, que consiste


no aumento progressivo dos requisitos da
aposentadoria. A partir de 01/01/2020 o requisito
etário aumentará para a mulher 6 meses a cada
ano. O requisito de tempo de contribuição, por sua
vez, também aumentará na mesma proporção, até
que atinja a regra geral proposta, que exige vinte
anos de tempo de contribuição.

A título de exemplo, se um segurado, homem,


quiser se aposentar em 2022, deverá ter 65 anos
de idade e 16 anos de tempo de contribuição. Se
mulher, deverá ter 61 anos e 16 anos de tempo
de contribuição. Assim será aumentado até que se
chegue à regra permanente proposta: 65 (homem)
e 62 (mulher), ambos com exigência de 20 anos de
tempo de contribuição.

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Aposentadoria por tempo de contribuição
No âmbito do RGPS, existe a
Atualmente existe o benefício de aposentadoria possibilidade de a pessoa se aposentar por
por tempo de contribuição para os segurados que tempo de contribuição, sem a exigência de
completarem 35 anos ou 30 anos de tempo de uma idade mínima, o que acarreta a concessão
contribuição, exigidos, respectivamente, de homens de aposentadorias com idades médias de
e de mulheres. Na regra de cálculo, aplica-se o 55,6 anos e 52,8 para o homens e mulheres,
fator previdenciário, que pode ser afastado pelo respectivamente. Nessas faixas etárias, a
preenchimento dos requisitos pela regra “85/95 expectativa de sobrevida é de 24,2 anos e 30,9
progressiva”. anos para homens e mulheres, o que implica
elevadas durações médias de aposentadorias. No
Segundo essa regra, as pessoas que somarem caso das mulheres, a duração esperada é maior
os pontos necessários farão jus ao benefício. Eles que o tempo de contribuição exigido (30 anos).
correspondem ao mínimo do tempo de contribuição É importante destacar que os trabalhadores
+ idade. Por exemplo, uma mulher que tenha urbanos mais pobres não conseguem contribuir
30 anos contribuídos e 55 de idade poderá se tempo suficiente para se aposentar nessa
aposentar por essa regra, 5 anos antes de se modalidade, se aposentando por idade, em
aposentar por idade, já adiantando a vantagem que média: homens aos 65,5 (mínimo de 65 anos)
teria, qual seja, afastamento do Fator Previdenciário e mulheres aos 61,5 anos (mínimo de 60 anos).
na regra de cálculo. Enquanto na aposentadoria por tempo de
contribuição o valor médio do benefício está R$
Como visto, não há idade mínima, de forma 2.231, na aposentadoria por idade urbana está
que o único requisito é o preenchimento do referido em R$ 1.2521.
tempo contributivo. Com a Nova Previdência esse
benefício deixará de existir, porquanto a PEC nº

06/2019 traz a exigência de idade mínima. O


1 Item 34 da exposição de motivos. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoe-
Governo justifica, em sua exposição de motivos, sWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1712459&filename=PEC+6/2019>.

que essa regra causa um dispêndio financeiro


maior, posto que as pessoas se aposentam mais
cedo recebem por maior tempo, normalmente com
uma renda superior à da aposentadoria por idade:
14
Nesse ponto, o Brasil não destoa de outros
países da América Latina, posto que somente
Equador não exige idade mínima. Na Europa,
somente a Hungria não exige. Em outras
palavras, nosso país se alinha a vários modelos
de Previdência espalhados pelo mundo, que
só permitem acesso à aposentadoria após o
cumprimento de certa idade.

Apesar da mudança, duas regras de transição estão


previstas.

A primeira, para quem completar 30 anos


de contribuição + 56 anos de idade (mulher) ou
35 anos de contribuição + 61 anos de idade, se
homem. A partir de 1º de janeiro de 2020 serão
acrescidos 6 meses a cada ano, até que se atinja
a idade mínima da aposentadoria por idade e o
benefício deixe de existir.

A segunda, para quem, na data da publicação


contar com no mínimo 28 anos (mulher) ou 33
anos (homem), que poderá pagar pedágio de
50% do tempo faltante para os 30 ou 35 anos,
respectivamente. Por exemplo, uma mulher que já
tenha 28 anos contribuídos deverá recolher mais 3,
pois faltam 2 para atingir os 30 e, portanto, deverá
mais 1 (50% dos 2) a título de pedágio. É válido
ressaltar que nesse caso terá a aplicação do Fator
Previdenciário.
Por fim, o Governo manterá a regra “85/95 Atualmente, a aposentadoria especial possui
progressiva”, explicada em linhas anteriores. dois requisitos: 180 meses de carência e 15, 20
Rememore-se, apenas, que periodicamente ela já ou 25 anos de atividade especial, com exposição
sofre um reajuste: a cada ano aumenta um ponto. a agentes químicos físicos ou biológicos. O valor
Esse acréscimo continuará a partir de 01/01/2020, do benefício será de 100% do salário-de-benefício,
até que se alcance o limite de 100 pontos para as o que não implica em dizer que será 100% do
mulheres e 105 pontos para os homens. valor que o segurado estava contribuindo antes
de se aposentar. No momento do cálculo, não há
incidência do fator previdenciário e não é necessário
Aposentadoria especial ter idade mínima.

A aposentadoria especial é um benefício previsto Caso a Nova Previdência seja aprovada,


no art. 57 da Lei nº 8.231/91 que se destina aos relevantes mudanças acontecerão. A principal
trabalhadores que exercem atividades que os expõem é a vedação da conversão de tempo especial
a agentes nocivos de natureza química, física ou em comum. O período que foi cumprido até
biológica. A exposição também pode ocorrer por a promulgação da PEC nº 06/2019 poderá
associação entre esses agentes. A depender da ser convertido – após, não haverá mais essa
agressividade e do prejuízo à saúde, o tempo de possibilidade. Isso implica dizer que haverá
contribuição necessário para se aposentar diminui. significativa perda, uma vez que a conversão
permite hoje um aumento de no mínimo 40% do
As condições especiais de trabalho devem se tempo laborado.
dar de maneira “permanente, não ocasional nem
intermitente” (art. 57, §3º da Lei nº 8.213/91). Também será instituída a idade mínima. Para se
Além disso, caso um segurado tenha trabalhado em aposentar, agora o segurado que exerce atividade
mais de uma empresa, mas não tenha preenchido especial entrará em um sistema de pontos,
completamente os requisitos para a aposentadoria semelhante ao que acontece com a regra “85/95
especial, poderá se aposentar de maneira comum, progressiva”, vigente hoje para a aposentadoria por
mediante a conversão do período que laborou em tempo de contribuição:
condições especiais.

16
Alerta-se, mais uma vez, que com a aprovação
EXPOSIÇÃO TEMPO + IDADE da proposta fica vedada a conversão de tempo
15 anos 66 pontos especial em comum. Ao se aposentar pelas
20 anos 76 pontos regras da especial, o trabalhador deve se afastar
25 anos 86 pontos do ambiente laboral que lhe prejudica a saúde.
A conversão era uma estratégia para aqueles
A partir de janeiro de 2020, essas pontuações que pretendiam continuar no trabalho mesmo
aumentarão a cada ano, até que seja atingido o aposentados.
número de 89, 83 e 99 pontos, respectivamente.

Como se pode ver, ficará muito mais difícil Aposentadoria por invalidez
ter acesso ao benefício de aposentadoria especial.
Deve-se ressaltar que existe regra de transição: 15 A aposentadoria por invalidez (B32) é um
anos de tempo de contribuição+ 55 anos de idade; benefício previdenciário devido àquele segurado
20 anos de tempo de contribuição + 58 anos de que “estando ou não em gozo de auxílio doença, for
idade; e, por fim, 25 anos de tempo de contribuição considerado incapaz e insusceptível de reabilitação
+ 60 anos de idade. A variação depende do grau de para o exercício de atividade que lhe garanta
exposição aos agentes nocivos. subsistência” (art. 41 da Lei nº 8.213/91). Essa
incapacidade, segundo a lei (art. 43, §1º da Lei
O valor do benefício também sofrerá 8.213), deve ser total e definitiva.
mudanças. Observará, até um certo ponto, a regra
geral de cálculo dos benefícios. A única diferença é O benefício passará a ser chamado de
que será acrescido 2% a cada ano que exceder 20 “aposentadoria por incapacidade permanente” e
anos do tempo de contribuição nas atividades em sua grande mudança diz respeito à alteração nas
que a exposição requeira 25 e 20 anos e a mesma regras de cálculo, já debatidas em linhas anteriores:
alíquota para as atividades de maior exposição, utilizará regra semelhante à aposentadoria por idade,
porém com a contagem iniciada após 15 anos de salvo nos casos em que a incapacidade decorrer de
tempos de contribuição. acidente de trabalho, em que será aplicada a alíquota
de 100% sobre o salário de benefício.

17
Aposentadoria dos portadores de deficiência A Nova Previdência estabelece que Lei
Complementar poderá alterar esses requisitos (art.
A Lei Complementar nº 142/2013, responsável 40, §4º-A), porém até sua edição continua vigente a
por regulamentar o art. 201, §1º da Constituição regra atual, estabelecida pela Lei Complementar nº
Federal, trata sobre a aposentadoria dos segurados 142/2013.
portadores de deficiência. Para eles, há uma
diminuição dos requisitos necessários para ter acesso É bom ressaltar que o texto da proposta submete
ao benefício programado. Em todo caso, salienta-se, os segurados a uma avaliação “biopsicossocial
é necessário o preenchimento do cumprimento da realizada por equipe multiprofissional e
carência de 180 contribuições mensais. interdisciplinar”, o que deve ser considerado positivo.
No caso da aposentadoria por idade, existe a A deficiência, para além da questão clínica, deve ser
redução de 5 anos, independentemente do grau de conjugada com o impedimento social. Além disso,
deficiência, desde que o cumprimento da carência será levado em consideração o fato de o grau de
tenha se dado no exercício de atividade em que ele deficiência ser alterado (por exemplo, acontecer um
era portador de deficiência. Sendo assim, podem se agravamento com o passar do tempo), hipótese em
aposentar aos 60 anos (homem) ou 55 anos (mulher). que haverá um ajuste proporcional.

Já na aposentadoria por tempo de contribuição,


a redução varia de acordo com o grau de Benefício de Prestação Continuada (BPC)
incapacidade, que é classificada em leve, moderada
e grave. Com base nessas informações, podemos Esse benefício, popularmente conhecido como
elaborar a seguinte tabela: LOAS, faz parte da Assistência Social, embora seja
gerido pelo INSS. É devido a idoso (65 anos) ou
GRAU DE pessoas com deficiência de qualquer idade, cuja
HOMEM MULHER
DEFICIÊNCIA renda mensal não supere ¼ do salário mínimo
LEVE 33 ANOS 28 ANOS vigente. É de bom alvitre ressaltar que esse limite
MODERADA 29 ANOS 24 ANOS financeiro pode ser contestado na via judicial. Hoje,
GRAVE 25 ANOS 20 ANOS
corresponde ao valor de um salário mínimo.

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Caso seja aprovada a Nova Previdência, o O valor do benefício, nas regras vigentes,
Governo propõe adiantar esse pagamento: será corresponde a 100% do valor da aposentadoria –
pago R$ 400,00 a partir dos 60 anos, de forma que vale dizer, para uma aposentadoria de R$ 2.000,00,
o salário mínimo só voltaria a ser pago quando for o dependente receberia esse mesmo valor, a título
atingido 70 anos. Antecipa-se um valor menor do de Pensão por Morte. Além disso, hoje é possível
que a metade para, dez anos depois, pagar o valor acumular a pensão por morte com aposentadoria,
que hoje já é deferido pelas regras vigentes. caso o dependente já seja aposentado.

Esse é, sem dúvida, um dos pontos mais Com a Nova Previdência, o cenário muda.
criticados da reforma, porquanto a expectativa
de vida de pessoas que vivem em condições de O valor corresponderá a 50% da aposentadoria
miserabilidade é baixíssima. Muitos sequer chegam + 10% por dependente, até o limite de 100%. A
aos 70 anos. Embora esteja previsto, com certeza exceção diz respeito ao caso dos dependentes que
terá alterações quando da votação, caso seja são inválidos ou possuem deficiência intelectual,
aprovada a PEC nº 06/2019. mental ou grave. Nesses últimos casos, a pensão
terá valor integral.
Quanto à acumulação, o dependente
Pensão por Morte aposentado poderá optar pelo benefício mais
vantajoso e receber uma quota do que tiver menor
A Pensão por Morte é um benefício previdenciário valor, de acordo com a seguinte tabela:
devido aos dependentes do segurado (cônjuge, filho,
dentre outros). O tempo de duração depende da
idade do dependente, podendo chegar a ser vitalício VALOR DO BENEFÍCIO QUOTA
caso tenham mais de 44 anos de idade. Até 1 salário mínimo 80%
Entre 1 e 2 salários mínimos 60%
Entre 2 e 3 salários mínimos 40%
Entre 3 e 4 salários mínimos 20%
Acima de 4 salários mínimos 0

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A título de exemplo, um segurado que recebe Pedágio de 50%
R$ 2.000,00 de aposentadoria, se fizesse jus a uma
pensão de R$ 1.500,00 teria, hoje, R$ 3.500,00 de Aplica-se àqueles que faltam 2 anos para se
valor decorrente do acúmulo dos benefícios. Com aposentar, vale dizer, homens com 33 anos de
a Nova Previdência, receberia R$ 2.900,00, que contribuição e mulheres com 28 anos contribuídos.
corresponde ao valor da aposentadoria acrescido de Deve ser pago um pedágio (acréscimo) de 50%
R$ 900,00 (60% de R$ 1.500,00). sobre o período faltante. Por exemplo, imagine uma
mulher com 29 anos de tempo de contribuição. Para
se aposentar, em vez de trabalhar mais um ano,

REGRAS DE
precisaria trabalhar um ano e meio (1 da regra, 6
meses do pedágio, que equivale a 50% de 1 ano).

TRANSIÇÃO
Pedágio de 100%
As regras de transição são situações
intermediárias entre as duas situações: a anterior Aplica-se àqueles segurados que possuem
(mais benéfica) e a nova (maléfica). É um meio 57 (mulheres) e 60 (homens) anos completos.
termo. Seu fundamento reside na segurança Para fazer jus às regras atuais, vigentes, será
jurídica, uma vez que o poder público não pode necessário cumprir 100% do tempo faltante
causar mudanças abruptas em suas decisões, para a aposentadoria (30 ou 35 anos), a título
devendo ser o mais previsível e estável possível. de pedágio. Imagine, por exemplo, uma mulher
que tenha 47 anos e 25 de contribuição. Para se
Em relação à PEC nº 06/2019, foram criadas 5 aposentar, deveria chegar aos 62 anos, com a Nova
regras de transição. Vejamos. Previdência. Porém, caso trabalhe por mais 10
anos (5 do faltante para 30 anos + 5 do pedágio),
poderá se aposentar com 57 anos.

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Sistema de pontos

O sistema de pontos é o mesmo que hoje


está vigente, popularmente chamado de “regra
85/95 progressiva”. O cálculo é simples: uma vez
completado o requisito de tempo de contribuição
mínimo (30 ou 35 anos), deve ser somada a idade.

Se chegar à pontuação necessária, a


aposentadoria é concedida com a exclusão do
Fator Previdenciário. Por exemplo, atualmente um
homem necessita de 96 pontos. Se tiver 37 anos
de contribuição, poderá se aposentar com 59 anos,
pois a soma resultará em 96 pontos.

Essa regra continuará vigente, aumentando 1 por


ano, a partir de 2020, até que se alcance 100 pontos
para as mulheres e 105 para os homens, em 2028.

Idade mínima progressiva

Como dito em linhas anteriores, a


aposentadoria pro tempo de contribuição acabará,
uma vez que será necessário atingir o requisito
da idade mínima. Esse requisito, porém, será
implementado de maneira progressiva, por meio de
uma regra de transição, que aumentará a exigência
6 meses a cada ano, até que em 2031 chegará a 62
(mulheres) e em 2027 chegará a 65 (homens).
Nesse caso, além do tempo de contribuição receberá 8/35 do valor de sua remuneração.
(35/30), será necessário cumprir a idade mínima Essa proporcionalidade traz vantagem aos
da regra de transição. Por exemplo, imagine uma congressistas, uma vez que o valor que recebem é
mulher com 55 anos de idade e 27 de tempo de consideravelmente alto.
contribuição. Em 2022 serão exigidos 58 anos e Com a Nova Previdência, passam os
30 de tempo de contribuição, logo, antes de ter parlamentares a fazer parte do Regime Geral de
completado 62 poderá pleitear sua aposentadoria. Previdência Social, ou seja, aposentam-se de
acordo com as regras do INSS, aplicáveis a toda
a população, e que possui um teto máximo de
Aposentadoria por idade benefício, que hoje corresponde a R$ 5.839,45.
Só vale, contudo, para os parlamentares que
A aposentadoria por idade aumentará seu ingressarem após a aprovação da PEC nº 06/2019.
requisito etário, para as mulheres, de 60 para 62
anos. Esse aumento, todavia, não acontecerá de
maneira abrupta, uma vez que a regra de transição Militares
prevê o acréscimo de 6 meses a cada ano, até que
sejam exigidos 62 em 2023. Dessa maneira, uma Os militares não estão abarcados na PEC da
mulher que queira se aposentar em 2021 deverá Nova Previdência, que diz respeito apenas aos civis.
completar 61 anos, um a menos do que será exigido. Hoje, possuem um regime distinto de previdência e
terão as alterações feitas pelo PL 1.645/2019, que

NOVA PREVIDÊNCIA
apresenta verdadeira reestruturação das carreiras
– o que passa pelas regras de inatividade. O

POR CATEGORIAS
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sinalizou que
a tramitação deve ser iniciada em breve .

Políticos

Os congressistas, pelas regras atuais, podem


se aposentar de maneira proporcional ao tempo
laborado. Se trabalhou 8 anos, por exemplo,

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Servidores públicos

O texto aprovado, que irá para votação no


Senado, prevê que o servidor público precisará
de 25 anos de contribuição; 10 anos de efetivo
exercício no serviço público; e 5 anos no cargo em
que se der a aposentadoria. Além disso, passa a ser
necessário o requisito de idade mínima, qual seja,
65 anos (homens) ou 62 anos (mulheres).
Deve-se ressaltar que essas regras são
aplicáveis aos servidores públicos federais e ainda
não há um consenso sobre a inclusão imediata
dos Estados e Municípios na Reforma. Chega-se
a comentar a existência de uma “PEC paralela”
para tratar do assunto. Logo, a grande mudança
referente à idade mínima, não afetará de imediato
os servidores públicos de entes federativos que não
sejam a União.

Empregados públicos

Empregados públicos são os agentes que


possuem vínculo de natureza trabalhista com a
Administração Pública. Normalmente trabalham
em consórcios, empresas públicas e sociedades
de economia mista. Para esses servidores, duas
mudanças se mostram relevantes.

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A primeira diz respeito à aposentadoria Professores
compulsória. Muito se discutiu, inclusive no
Supremo Tribunal Federal (STF), a aplicabilidade O texto aprovado em segundo turno na Câmara
da aposentadoria compulsória aos empregados dos Deputados mantém a redução de 5 anos
públicos. O Supremo chegou a fixar a tese, firmada para os professores que comprovarem tempo de
em Recurso Extraordinário com repercussão geral magistério exclusivamente na educação infantil,
reconhecida, de que ela se restringe aos servidores ensino fundamental e médio. A idade mínima,
públicos, titulares de cargo efetivo. A jurisprudência de 65 anos e 62 anos será, para os professores,
das cortes trabalhistas, por sua vez, aponta hoje no de 60 anos e 57 anos, para homens e mulheres,
sentido da aplicação, com limite etário de 75 anos. respectivamente.

Com a aprovação da PEC nº 06/2019, essa


celeuma chega ao fim, posto que expressamente
será aplicado o limite etário de 75 anos, estampado
no art. 40, referente aos servidores públicos. Deve-
se ressaltar, no entanto, que a compulsoriedade
está condicionada ao cumprimento do tempo de
contribuição mínimo exigido pela lei.

A segunda alteração, talvez a mais relevante,


diz respeito à possibilidade de acumulação de
aposentadoria com o emprego público. Atualmente
não há qualquer vedação para que o empregado
aposentado continue trabalhando. Com a aprovação
da Nova Previdência, a aposentadoria concedida
“acarretará o rompimento do vínculo que gerou o
referido tempo de contribuição”.

24
CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUTOR

FINAIS

Como foi possível observar, o Governo pretende
alterar de maneira significativa as regras vigentes.
Se a intenção é de economizar (e as declarações
falam em cerca de 1 trilhão em dez anos), por
decorrência lógica ficará mais difícil ter acesso aos
benefícios. Em termos mais simples, não será tão
simples aposentar e o valor tende a diminuir.

É bom ressaltar que a nossa Constituição Federal Sandro Lucena Rosa é advogado, professor
assegura o direito adquirido, ou seja, aqueles que universitário, especialista em Direito Previdenciário
preencherem os requisitos antes da Reforma têm (Damásio), Vice-presidente do Instituto de Estudos
direito à regra de cálculo vigente nessa época. Isso Avançados em Direito (IEAD), associado ao Instituto
não pode implicar em uma corrida desenfreada ao Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), membro
INSS, que inclusive passa por problemas críticos de da Comissão de Direito Previdenciário da OAB/GO.
gestão e atendimento; porém, deve-se alertar os
segurados para que reúnam documentos capazes de
comprovar o máximo de tempo de contribuição, seja
para fugir das regras ou para diminuir os efeitos das
mudanças.

Por fim, não é demasiado ressaltar que este


material se baseia no texto aprovado pela Câmara
em segundo turno, que pode sofrer alterações
quando da votação no Senado. Os senadores já
sinalizaram que não pretendem alterar o quanto foi
aprovado, por isso, é possível ter pelo menos uma
25 noção de como serão as novas regras.
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Da petição inicial
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processo na sua mão,
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