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CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Cronograma..........................................................................................................................................................................4
Introdução ao Direito do Consumidor...................................................................................................................6
1. Introdução ao Direito do Consumidor...............................................................................................................6
1.1. Código de Defesa do Consumidor e Constituição Federal de 1988...............................................6
1.2. Competência Legislativa. . ....................................................................................................................................7
1.3. Código de Defesa do Consumidor: Norma de Ordem Pública e Interesse Social.................9
1.4. O Código de Defesa do Consumidor. Microssistema Legislativo.............................................. 10
1.5. O Código de Defesa do Consumidor e o Reconhecimento de Ofício das Matérias
pelo Julgador......................................................................................................................................................................11
1.6. Norma de Ordem Pública e Retroatividade..............................................................................................11
1.8. Código de Defesa do Consumidor: Lei de Função Social..................................................................13
1.9. Característica do Código de Defesa do Consumidor. ..........................................................................13
1.10. Diálogo das Fontes.. ............................................................................................................................................14
2. Princípios do Código de Defesa do Consumidor. ......................................................................................14
2.1. Princípio da Vulnerabilidade............................................................................................................................15
2.2. Princípio da Hipossuficiência. . ........................................................................................................................18
2.3. Princípio da Transparência ou Informação. .............................................................................................18
2.4 Princípio da Boa-fé.................................................................................................................................................19
2.5. Princípio da Confiança.. ......................................................................................................................................20
2.6. Princípio do Equilíbrio Contratual..............................................................................................................20
2.7. Princípio do Acesso à Justiça.. ....................................................................................................................... 22
2.8. Princípio da Reparação Integral. . ................................................................................................................. 24
2.9. Princípio da Solidariedade. . ............................................................................................................................. 24
2.10. Princípio da Intervenção do Estado.........................................................................................................25
2.11. Princípio da Interpretação mais Favorável ao Consumidor.........................................................26
2.12. Princípio da Efetividade..................................................................................................................................26
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a), tudo bem?
Hoje, iniciaremos nossos estudos de Direito do Consumidor. É uma honra e satisfação par-
ticipar da sua caminhada de estudos.
Já adianto que a disciplina de Direito do Consumidor é a “bola da vez” em concursos públi-
cos. Você deve estar pensando: “Será”? Explico.
Direito do Consumidor é uma disciplina relativamente enxuta e de altíssima incidência em
provas de concursos. Assim, estrategicamente, é muito vantajoso para o “concurseiro (a)” fo-
car suas energias para gabaritar Direito do Consumidor. Pode acreditar: é completamente pos-
sível GABARITAR!
A cobrança de Direito do Consumidor, em concursos públicos, envolve basicamente tópi-
cos conceituais da disciplina; hipóteses de aplicabilidade do CDC; posicionamento jurispru-
dencial e a própria legislação “seca”. Em nosso curso, iremos abordar os principais assuntos e
revisar, de forma didática, o conteúdo dos principais editais de concursos públicos.
Antes de iniciarmos nossos estudos, permita-me uma breve apresentação.
Sou Keity Satiko, professora de Direito do Consumidor, no Gran Cursos Jurídicos. Fui ana-
lista judiciária do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, lotada na 2ª instância, em
gabinete Cível. Atualmente, sou Defensora Pública do Distrito Federal. Na Defensoria Pública
do Distrito Federal, fui lotada no Núcleo de Defesa do Consumidor- NUDECON, com atuação na
tutela individual e coletiva.
Estou à disposição. Desejo sorte nessa linda e recompensadora jornada. Você é CAPAZ!
Cronograma
O cronograma apresentado é baseado nos editais dos principais concursos. O cronograma
nos permitirá cobrir todo o conteúdo de Direito do Consumidor enfatizando sempre os aspec-
tos mais importantes e as questões atuais acerca do tema.
AULA 00 - Introdução ao direito do consumidor; Princípios do Código de Defesa do Consu-
midor; Relação jurídica de consumo; Aplicação do Código de Defesa do Consumidor; Jurispru-
dência; Exercícios.
AULA 01 - Política Nacional da Relação de Consumo; Direitos Básicos do Consumidor; Ser-
viços públicos e possibilidade de suspensão do serviço; Responsabilidade pelo fato do produ-
to e do serviço; Responsabilização por vício do produto e serviço; Excludentes de responsabi-
lidade; Jurisprudência; Exercícios.
AULA 02 - Danos Morais na Relação de Consumo; Prescrição e Decadência no Código de
Defesa do Consumidor; Desconsideração da personalidade jurídica; Publicidade nas relações
de consumo. Jurisprudência; Exercícios.
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Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
Art. 5º, CF-88 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
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Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
Art. 170º, CF- 88 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre inicia-
tiva, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, obser-
vados os seguintes princípios:
V – defesa do consumidor;
ADCT- Art. 48º, CF-88 O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Cons-
tituição, elaborará o código de defesa do consumidor.
Em primeira nota, aluno(a), verifique que a defesa do consumidor está elencada no art. 5º,
XXXII da CF, isto é, consta do título “Dos direitos e garantias fundamentais”. Assim sendo, a
defesa do consumidor é núcleo imodificável da Constituição Federal.
Como cláusula pétrea não será admissível qualquer proposta de emenda constitucional
tendente a abolir ou esvaziar a defesa do Direito do Consumidor. – Vedação ao retrocesso,
efeito cliquet.
Ademais, além de Direito e Garantia fundamentais, o CDC é princípio norteador da atividade
econômica do Estado.
A defesa do consumidor é princípio de ação política do Estado porque legítima a adoção
de políticas protetivas para o consumidor. Nesse cenário, o Estado poderá intervir na ordem
econômica primando pela defesa e interesses dos consumidores.
Como resposta legal protetiva, o Constituinte de 1988, nos Atos das Disposições Constitu-
cionais Transitórias (ADCT), artigo 48, estabeleceu que o Congresso Nacional, dentro de cento
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaboraria o Código de Defesa do Consumidor.
Todavia, o prazo temporal estabelecido pelo constituinte não foi observado, sendo o Códi-
go de Defesa do Consumidor promulgado em 11 de setembro de 1990 e sua entrada em vigor
ocorreu em 11 de março de 1991.
Art. 24, CF-88 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V – produção e consumo.
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artís-
tico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Portanto, a União tem competência para editar normas gerais de proteção aos consumi-
dores e os Estados e o Distrito Federal têm competência para editar normas específicas para
adequar à realidade de cada unidade federativa – art. 24, parágrafo 1ª e 4ª, da CF/1988.
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A lei é inconstitucional, pois os Municípios não podem legislar sobre consumo, visto que não
estão no rol dos legitimados previstos no art. 24, CF/1988.
Letra d.
Por outro lado, a Constituição Federal, art. 30, preconizou que compete ao Município legis-
lar sobre assuntos locais. O Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário, entendeu ser
de competência local legislar sobre tempo máximo de espera em filas de agência bancária,
bem como imposições de instalações de banheiros em agências bancárias.
Memorização da jurisprudência
JURISPRUDÊNCIA
RE 432.789
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. CONSUMIDOR. INSTITUI-
ÇÃO BANCÁRIA. ATENDIMENTO AO PÚBLICO. FILA. TEMPO DE ESPERA. LEI MUNICI-
PAL. NORMA DE INTERESSE LOCAL. LEGITIMIDADE. Lei Municipal n. 4.188/01. Banco.
Atendimento ao público e tempo máximo de espera na fila. Matéria que não se confunde
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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Art. 1ª, CDC O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal
e disposições Transitórias.
O (A) aluno(a) deve estar questionando: O que são normas de ordem pública e inte-
resse social?
Normas de ordem pública são aquelas que revestem valores importantes para toda a cole-
tividade, são normas que transcendem interesses particulares, são normas que não podem ser
afastadas ou modificadas pela vontade das partes. Portanto, são normas cogentes.
Por outro lado, as normas de interesse social buscam trazer equilíbrio na relação jurídica
equalizando a diferença entre consumidor e fornecedor.
O STJ, inclusive, já entendeu nesse sentido.
O Superior Tribunal de Justiça- STJ, inclusive, tem julgado nesse sentido.
Memorização da jurisprudência
JURISPRUDÊNCIA
As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de ordem pública e interesse
social. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores básicos e fun-
damentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o consumidor
delas abrir mão “ex ante” e no atacado. (STJ, Resp 586.316, Rel.Ministro Herman Benja-
min, 2 t. dj 19-3-2009.
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O CDC é norma de ordem pública (art. 1ª da Lei n. 8.078/1990) e de interesse social. Os seus
dispositivos poderão ser aplicados ex officio pelo magistrado, no caso em concreto, ainda que
sem requerimento das partes. Além disso, o código enquadra-se em uma norma principiológi-
ca e, assim, deve prevalecer quando colidir com outras normas gerais e especiais anteriores.
Certo.
Vamos entender.
Por anos, as disciplinas jurídicas eram estudadas de forma isolada, de forma estanque,
assim, o estudo era monotemático.
Nesse cenário, havia o Código Civil, o Código de Processo Civil, o Código Penal, o Código
de Processo Penal e, assim, sucessivamente. Não havia no ordenamento jurídico matérias
diversas em um mesmo diploma legislativo, ou seja, ramos jurídicos distintos demandavam
legislações distintas.
O Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e Adolescen-
te e o Estatuto da Cidade romperam o paradigma de legislação monotemática.
É certo que legislações monotemáticas ainda existem. Porém, de modo cada vez mais
raro. Assim, atualmente, é possível verificar leis que não obedecem a essa divisão rígida, sendo
possível verificar várias disciplinas jurídicas em um único diploma jurídico.
Por força do caráter interdisciplinar, o Código de Defesa do Consumidor outorgou tute-
las específicas ao consumidor nos campos civil (arts. 8 a 54), administrativo (arts. 55 a 60 e
105/106), penal (arts. 61 a 80) e jurisdicional (arts. 81 a 104).
Pontua-se que a doutrina entende que mais do que um microssistema legislativo, o CDC é
um microssistema jurídico.
Microssistema jurídico porque o CDC é o diploma que tem o foco no problema. Nas pala-
vras de prof. Felipe Braga Neto (Manual de Direito do Consumidor, 2018): “É um microssistema
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jurídico porque reflete, e de modo inovador, essa tendência de legislar tendo em foco proble-
mas, consumo, idosos, crianças, etc. - e não as velhas categorias de direito público e de direi-
to privado.”
Outra consequência, segundo a doutrina, derivada do CDC, norma de ordem pública e inte-
resse social, é a possibilidade de o juiz conhecer de ofício das matérias relativas ao CDC.
É importante ponderar que a jurisprudência do STJ não é pacífica quanto ao tema, há julga-
dos que não têm admitido que o julgador conheça, de ofício, das cláusulas abusivas, especial-
mente em contratos bancários.
Memorização de Súmula
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 381 do STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício,
da abusividade das cláusulas.
JURISPRUDÊNCIA
“Já decidiu a Corte, sem discrepância, que não se aplica o Código de Defesa do Consu-
midor aos contratos anteriores à sua vigência.” (STJ, Resp 28.721/SP 3ª Turma, Re. Min.
Carlos Alberto Menezes Direito.)
“Conquanto o CDC seja norma de ordem pública, não pode retroagir para alcançar o con-
trato que foi celebrado e produziu seus efeitos na vigência da lei anterior, sob pena de
afronta ao ato jurídico perfeito,” (STJ, Resp 248. 155/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira.)
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Exceção são os contratos de execução diferida e prazo indeterminado, nestes casos, ainda
que anteriores ao CDC, a estes se aplicam em razão de seus efeitos protraírem-se no tempo,
segundo doutrina majoritária.
Art. 3º A validade dos negócios e dos demais atos jurídicos de crédito em curso constituídos antes
da entrada em vigor desta Lei obedece ao disposto em lei anterior, mas os efeitos produzidos após
a entrada em vigor desta Lei subordinam-se aos seus preceitos.
Observa-se, portanto, que a norma é expressa sobre a incidência de sua aplicação para os
efeitos produzidos após a sua entrada em vigor.
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O CDC é uma lei principiológica que estabelece valores, propõe objetivos a serem alcança-
dos. Dessa feita, o CDC é permeado de conceitos abertos, conceitos jurídicos indeterminados
e normas com valores semânticos flexíveis, que demandam valoração pelo intérprete.
Assim, o CDC deve ser considerado norma de principiológica, com eficácia supralegal, da
qual irradiam diversas orientações para a produção de outras leis que protejam os interesses
dos Consumidores (Flávio Tartuce, Manual de Direito do Consumidor, 2014).
Destaca-se que, do mesmo modo, a respeito do caráter de norma principiológica, opinam
Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, expondo pela prevalência contínua do Código
Consumerista sobre as demais normas, eis que “as leis especiais setorizadas (v.g., seguros,
bancos, calçados, transportes, serviços, automóveis, alimentos etc.) devem disciplinar suas
respectivas matérias em consonância e em obediência aos princípios fundamentais do CDC”.
Diante de tais premissas, pode-se dizer que o Código de Defesa do Consumidor tem efi-
cácia supralegal, ou seja, está em um ponto hierárquico intermediário entre a Constituição
Federal de 1988 e as leis ordinárias. Para tal dedução jurídica, pode-se utilizar a simbologia do
sistema piramidal, atribuída a Hans Kelsen. (Flávio Tartuce, Manual de Direito do Consumidor,
2014.) Vejamos:
Pirâmide de Kelsen
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Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou conven-
ções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princí-
pios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
A técnica do diálogo das fontes propõe um diálogo entre as diversas fontes que estão regu-
lando a relação jurídica. Nesse cenário, duas ou mais normas irão se aplicar a um só tempo a
mesma relação jurídica. Obviamente, uma delas irá ser aplicada de forma preponderante, des-
de que seja aquela que apresente a solução mais justa, mais conforme à Constituição Federal.
Segundo Claudia Lima Marques, há três diálogos possíveis a partir da teoria exposta:
a) Havendo aplicação simultânea das duas leis, se uma lei servir de base conceitual para a
outra, estará presente o diálogo sistemático de coerência. Exemplo: o consumidor que realiza
o contrato de compra e venda (art. 481 do CC). Assim, o conceito de contrato de compra e
venda pode ser retirado do Código Civil, e utilizada esta conceituação na relação de consumo;
b) Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma pode completar a outra,
de forma direta (diálogo de complementaridade) ou indireta (diálogo de subsidiariedade). O
exemplo típico ocorre com os contratos de consumo que também são de adesão. Em relação
às cláusulas abusivas, pode ser invocada a proteção dos consumidores constante do art. 51
do CDC e, ainda, a proteção dos aderentes constante do art. 424 do CC;
c) Os diálogos de influências recíprocas sistemáticas estão presentes quando os concei-
tos estruturais de uma determinada lei sofrem influências da outra. Assim, o conceito de con-
sumidor pode sofrer influências do próprio Código Civil. Como afirma a própria Claudia Lima
Marques, “é a influência do sistema especial no geral e do geral no especial, um diálogo de
doublé sens (diálogo de coordenação e adaptação sistemática)”.
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[...] regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. Os
princípios gerais de direito não se encontram positivados no sistema normativo. São regras está-
ticas que carecem de concreção. Têm como função principal auxiliar o juiz no preenchimento das
lacunas. (TARTUCE, 2014).
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus inte-
resses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I – Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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creto. Assim, caso a vulnerabilidade da pessoa jurídica não for demonstrada, pode ser que
estejamos tratando de uma relação empresarial, e não de uma relação consumerista, de sorte,
a não atrair o CDC.
No que tange à vulnerabilidade, a doutrina elenca espécies. Podendo ser:
• Vulnerabilidade Técnica: decorre da ausência de conhecimentos acerca das caracterís-
ticas e utilidade do produto ou serviço adquirido. Como, por exemplo, o consumidor que
adquire um computador para estudar para concursos públicos, mas não detém conheci-
mento técnico do funcionamento do produto.
• Vulnerabilidade Jurídica: decorre da falta de conhecimento, pelo consumidor, dos direi-
tos e deveres inerentes à relação de consumo. Como, por exemplo, o consumidor que
celebra um contrato de financiamento imobiliário, sem possuir conhecimento jurídico
para compreender as cláusulas contratuais.
• Vulnerabilidade Fática ou Econômica: decorre da condição de fragilidade do consumidor
frente ao fornecedor, em decorrência das circunstâncias de fato que levam o fornecedor
a ser superior. A superioridade pode ser financeira, social, cultural. Como, por exemplo, o
consumidor que adquire o serviço de TV à cabo, em sua residência, fornecido de forma
exclusiva pela empresa “X”.
[...] a situação social fática e objetiva de agravamento da vulnerabilidade da pessoa física consumi-
dora, por circunstâncias pessoais aparentes ou conhecidas do fornecedor, como sua idade reduzida
(assim como no caso da comida para bebês ou da publicidade para crianças) ou sua idade alentada
(assim os cuidados especiais com idosos, no Código em diálogo com o Estatuto do Idoso, e a publi-
cidade de crédito para idosos) ou sua situação de doente (assim o caso do glúten e as informações
na bula de remédios). (MARQUES, 2015).
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROPAGANDA
ENGANOSA. COGUMELO DO SOL. CURA DO CÂNCER. ABUSO DE DIREITO. ART. 39, INCISO
IV, DO CDC. HIPERVULNERABILIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL COMPROVADO.
1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor ludibriado por propa-
ganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor de obter informações
claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura
de doenças malignas, dentre outras funções.
2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos
ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito de
características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração
do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração.
3. A propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a
induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado
de perigo (art. 156 do Código Civil).
4. A vulnerabilidade informacional agravada ou potencializada, denominada hipervulnera-
bilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilíbrio
entre as partes.
5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re
ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumi-
dor.
6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da
verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso
especial provido. (REsp 1329556/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TER-
CEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 09/12/2014).
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
Perceba que a hipossuficiência tem caráter processual, sendo analisada no caso concreto pelo
magistrado. No caso da existência hipossuficiência, o juiz poderá inverter o ônus da prova.
EXEMPLO
Aplicação da inversão do ônus da prova: João, consumidor, aduz que a operadora do cartão de
crédito está fazendo cobranças indevidas, pois não realizou as compras que estão na fatura do
seu cartão de crédito. O juiz entendendo que João não consegue comprovar que não realizou a
compra (fato negativo), e, por outro lado, entendendo o juiz que a operadora poderá comprovar
que, de fato, a compra ocorreu, poderá inverter o ônus da prova, em razão da hipossuficiência
de João. Não é razoável que o consumidor faça prova de fato negativo.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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qualidade, riscos à saúde, forma de armazenamento, aspectos contratuais, quando for o caso,
com informações da taxa de juros, prazo de vencimento, etc.
O art. 6º, inciso III, CDC estabelece que a informação clara e adequada sobre os produtos
e serviços é direito básico do consumidor.
Memorização da lei
Importante pontuar que o parágrafo único estabelece que a informação deve ser acessível
à pessoa com deficiência.
Segundo posição doutrinária, a transparência nas relações de consumo deve ser observa-
da nas três etapas da relação jurídica:
a) Fase pré-contratual – art. 37, CDC;
b) Fase contratual – art. 46, CDC;
c) Fase pós-contratual- art. 10, parágrafo 1ª, CDC.
Cabe relembrar que “as cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor de-
verão ser redigidas com destaque permitindo sua imediata e fácil compreensão” – art. 54,
parágrafo 4º, CDC.
Ademais, com fundamento no princípio da transparência, o artigo 47 do CDC estabelece
que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus inte-
resses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
A boa-fé objetiva consiste no dever imposto às partes que devem agir de forma leal, reta,
proba, ou seja, postura em conformidade com os padrões sociais da ética, correção e trans-
parência, respeitando a legítima expectativa que a outra parte contratante deposita na relação
jurídico-consumerista.
É importante relembrar que a boa-fé objetiva difere da boa-fé subjetiva, pois nesta há per-
quirição do elemento psicológico do agente, enquanto na objetiva não há questionamento da
intenção do agente, apenas verificação se a conduta adotada é leal, honesta, ética.
É cediço, ainda, que a boa-fé objetiva ostenta algumas funções. Vamos relembrar?
a) Função interpretativa ou critério hermenêutico – art. 4º, do CDC, e art. 113 do C.C. Diante
de um contrato que permita mais de uma interpretação, devemos buscar a interpretação que
esteja com maior consonância com a boa-fé objetiva.
b) Função integrativa ou criação de deveres jurídicos. A boa-fé objetiva tem o condão de
criar deveres anexos à obrigação principal. Deveres anexos que deverão ser observados pelos
fornecedores. São deveres anexos:
b.1) dever de informação: o consumidor deve ser informado da maneira adequada da utili-
zação do produto/ serviço adquirido;
b.2) dever de cuidado: o consumidor deve ser informado a maneira mais segura para utili-
zar o produto/ serviço adquirido;
b.3) dever de cooperação: o fornecedor deve cooperar com o consumidor para o bom ter-
mo da relação contratual, evitando conduta que importem abusos ou lesões a direitos ou às
legítimas expectativas do consumidor;
Segundo a doutrina, o descumprimento dos deveres anexos enseja o adimplemento ruim
do contrato ou a violação positiva do contrato;
c) Função de controle ou limitativa do exercício de direitos subjetivos. Quaisquer exercícios
de direitos por parte do fornecedor devem ser compatíveis com a boa-fé objetiva, sendo nulas
cláusulas contratuais incompatíveis com a boa-fé, art. 51, IV, do CDC.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
Art. 6ª São direitos básicos do consumidor:
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:
I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
situações justificáveis;
II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste
código;
III – transfiram responsabilidades a terceiros;
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em des-
vantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
V – (Vetado);
VI – estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII – determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII – imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX – deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X – permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI – autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja confe-
rido ao consumidor;
XII – obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII – autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
após sua celebração;
XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV – estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI – possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko
No que tange ao art. 101, trata-se apenas de uma facultatividade do consumidor, visando
o mais amplo acesso à justiça. Inclusive, o STJ entende que o magistrado poderá de ofício, em
caso de cláusula de eleição de foro, em relações de consumo, declarar nula a referida cláusula,
caso verifique que foi instituída em prejuízo ao consumidor.
Por sua vez, o art. 6º do CDC, com arrimo no princípio do acesso à justiça, estabelece que
para a facilitação da defesa do consumidor é possível a inversão do ônus da prova.
A inversão do ônus ocorre quando o juiz, diante da alegação verossímil ou quando o con-
sumidor se mostrar hipossuficiente, inverterá carga probatória.
Observa-se que a inversão do ônus da prova é decorrência direta do princípio da vulnerabi-
lidade do consumidor. Assim, a fim de facilitar o exercício dos direitos do consumidor, o CDC
adotou a regra de distribuição dinâmica do ônus da prova e estabeleceu duas formas, segundo
a doutrina, de inversão do ônus da prova.
O art. 6º, VIII, prevê a denominada inversão ope judicis. Esta é determinada pelo juiz no
caso concreto, desde que presente uma das condições legais:
I – verossimilhança das alegações; ou
II – hipossuficiência.
Basta uma das duas!
Verificado um dos dois pressupostos, pode o juiz determinar a inversão do ônus da prova.
Vale ressaltar que a inversão do ônus da prova pode se dar de ofício ou a requerimento da parte.
O STJ, no precedente Resp n. 802832/MG, entendeu que a inversão do ônus da prova deve
ocorrer até o despacho saneador, a fim de não surpreender a outra parte e garantir o contra-
ditório e ampla defesa. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a inversão do ônus da prova é
regra de procedimento ou regra de instrução e não de julgamento.
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Introdução ao Direito do Consumidor
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Por outro lado, há parcela doutrinária que entende que a inversão do ônus da prova é regra
de julgamento, isto é, no momento da sentença o juiz poderá inverter o ônus probatório.
Doutrina abalizada entende que a adoção do entendimento de que a inversão do ônus da
prova, possível no momento do julgamento, sem dar chances à parte que até então não tinha
tal ônus de produzir a prova, viola o princípio do contraditório, gerando cerceamento de defesa.
Obs.: Observação
Obs.: Inversão do ônus da prova é regra de procedimento ou de instrução, segundo o STJ.
Visando o mais amplo acesso à justiça, o art. 5º do CDC estabelece que, para a execução
da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o Poder Público com os seguintes
instrumentos:
• Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
• Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério
Público;
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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Ressalte-se que não apenas a pessoa física consumidora pode sofrer dano moral, mas,
também, a pessoa jurídica consumidora, nos termos da Súmula 227 do STJ.
Memorização de súmula
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Segundo a literalidade do CDC, a reparação do dano deverá ser integral, ou seja, o Código
repudia reparações tarifadas. Entretanto, é importante relembrar recentes posicionamentos do
STF no RE n. 636.331/RJ e STJ (no REsp n. 673.048-RS – DJ 18/05/2018), que entenderam que
é possível a limitação, por legislação internacional espacial, do direito do passageiro à indeni-
zação por danos materiais decorrentes de extravio de bagagem.
[...] o princípio da solidariedade promove a repartição dos riscos sociais entre os fornecedores para
que o consumidor lesado tenha efetivamente satisfeita sua pretensão, bem como, amplia para fora
da relação meramente contratual os efeitos do contrato e os meios financeiros para supri-las. (MI-
RAGEM, 2016).
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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Segundo o art. 7º, parágrafo único, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
O art. 18 também afirma que os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor.
O art. 25, §1º, no mesmo sentido, preconiza que, havendo mais de um responsável pela
causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação.
Nítida é a preocupação do CDC em promover a repartição do risco de sorte para que o con-
sumidor possa, de fato, ser ressarcido dos danos. Claramente, há a consagração da responsa-
bilidade solidária entre os fornecedores.
Com suporte no princípio da solidariedade, o STJ entende que empresas de plano de saúde
respondem solidariamente por dano causado por médico ou hospital credenciados. Se o con-
sumidor sofrer o dano praticado pelo hospital credenciado, o plano de saúde e o hospital são
responsáveis solidários pela reparação do dano.
Memorização da lei
Art. 7º, parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidaria-
mente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Art. 18º Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solida-
riamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas
Art. 25º, § 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solida-
riamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus inte-
resses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
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b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das neces-
sidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus in-
teresses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei n. 9.008, de
21.3.1995)
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III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
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Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.
Vamos dar início aos nossos estudos pela conceituação de consumidor, o primeiro ele-
mento subjetivo da relação jurídica de consumo.
a) Conceito de Consumidor
I – Consumidor stricto sensu (ou standard, ou padrão): conceito expresso no caput do art.
2º, do CDC: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou ser-
viço como destinatário final.”
Elementos do conceito legal:
I – pessoa física ou jurídica;
II – que adquire ou utiliza produto ou serviço;
III – como destinatário final.
Aspecto subjetivo: consumidor é a pessoa física ou a pessoa jurídica, independente se
brasileiro ou estrangeiro.
Aspecto objetivo: consumidor é aquele que adquire ou utiliza um produto ou serviço.
Aspecto teleológico: a aquisição do produto ou utilização do serviço deverá ocorrer na
qualidade de destinatário final;
O ponto central do conceito legal é entender e delimitar o âmbito de incidência da expres-
são “destinatário final”, conforme previsão legal.
Inicialmente, surgiram duas correntes:
1ª - Teoria Finalista ou subjetiva: consumidor é aquele que retira o produto ou serviço do
mercado de consumo dando destinação fática e econômica para o bem. Em outras palavras,
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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consumidor é aquele que não reinsere esse bem no mercado de consumo, encerrando a ca-
deia. Por exemplo, é aquele que compra um computador para estudar para concursos públicos,
para utilização pessoal- assistir vídeos aulas da prof. Keity, ler PDF de Direito do Consumidor.
Confira precedente jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça seguindo a corrente
finalista.
JURISPRUDÊNCIA
Tratando-se de financiamento obtido por empresário, destinado precipuamente a incre-
mentar a sua atividade negocial, não se podendo qualificá-lo, portanto, como destinatário
final, inexistente é a pretendida relação de consumo. Inaplicação no caso do Código de
Defesa do Consumidor (STJ, REsp. 218505/MG, DJ 14/02/2000, Rel. Min. Barros Mon-
teiro, j. 16/09/1999)
O que é vulnerabilidade?
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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rabilidade é multiforme, sendo um conceito legal indeterminado, que exige tratamento diferen-
ciado em favor da parte mais fraca (favor debilis), com efeitos práticos”.
Quais são as espécies de vulnerabilidade?
• Vulnerabilidade Jurídica – ausência de conhecimento jurídico, contábeis e financeiros;
• Vulnerabilidade Técnica – o consumidor não tem conhecimento técnico do produto ou
serviços;
• Vulnerabilidade Econômica ou fática – o fornecedor tem maior poderio econômico;
• Vulnerabilidade Informacional – o consumidor não possui todas as informações sobre
o produto ou serviço.
Portanto, para o consumidor que adquire o produto ou serviço como insumo de sua ativi-
dade profissional (consumo intermediário), incidirá o CDC na contratação, se observada uma
das espécies de vulnerabilidade elencadas.
EXEMPLO
Um motorista de Uber frente à montadora de veículos; costureira autônoma frente a fabricante
de máquina de costura; dono de pequeno bar frente a fabricante da cerveja Skol.
JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL CIVIL. PROCESSO CIVIL.
RECURSO MANEJADO SOB A GIDE DO CPC/73. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RECURSO ESPE-
CIAL. PESSOA JURÍDICA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO CDC. TEORIA FINA-
LISTA MITIGADA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 27 DO CDC. SÚMULA N” 83 DO STJ.
AGRAVO REGIMENTAL NˆO PROVIDO. (...)
2. A jurisprudência desta Corte tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar
a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora
não seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situ-
ação de vulnerabilidade. Tem aplicação a Súmula n” 83 do STJ.
3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 646.466/ES, Rel. Ministro MOURA
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 10/06/2016)
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II – Consumidor por equiparação (ou bystander, ou by standard): são aquelas pessoas que
não se enquadram no conceito de consumidor padrão, mas foram tutelados pela lei como
vulneráveis e, por consequência, têm especial proteção do Código de Defesa do Consumidor.
Estão previstos no art. 2º, parágrafo único; art. 17; e art. 29.
Memorização da lei
O consumidor por equiparação (ou bystander) não adquiriu ou utilizou produto ou serviço,
mas será considerado consumidor nos casos determinados pela lei.
Art. 2º, parágrafo único, CDC
Segundo o dispositivo, equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Por exemplo, pessoa compra o
produto de limpeza”x” e este é utilizado por vários estudantes residentes na mesma república,
caso haja defeito no produto de limpeza, e vários estudantes sofram lesões no corpo por conta
do produto, todos eles serão consumidores por equiparação, pois intervieram na relação de
consumo. Mesmo que não tenham firmado contrato de consumo, serão considerados consu-
midores por equiparação.
Art. 17, do CDC
Por outro lado, o art. 17 amplia a noção de consumidor a fim de proteger todas as vítimas
de um acidente de consumo, por exemplo: consumidor compra um computador para estudar e
chama os amigos concurseiros(as) para assistirem à videoaula de Consumidor da @prof.keity,
esse computador explode e causa lesão em todos os presentes. O consumidor que comprou
o computador será considerado consumidor padrão (art. 2º, do CDC), meus amigos concursei-
ros(as) que não compraram o computador serão considerados consumidores por terem sido
vítimas de um acidente de consumo, nos termos do art. 17, do CDC.
Inclusive, o STJ já considerou consumidor por equiparação o proprietário de um imóvel que
sofre danos em decorrência da queda de aeronave em sua residência.
JURISPRUDÊNCIA
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ACIDENTE AÉREO. TRANSPORTE DE MALOTES.
RELAÇÃO DE CONSUMO. CARACTERIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SER-
VIÇO. VÍTIMA DO EVENTO. EQUIPARAÇÃO A CONSUMIDOR. ARTIGO 17 DO CDC.
I – Resta caracterizada relação de consumo se a aeronave que caiu sobre a casa das
vítimas realizava serviço de transporte de malotes para um destinatário final, ainda que
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pessoa jurídica, uma vez que o artigo 2” do Código de Defesa do Consumidor não faz
tal distinção, definindo como consumidor, para os fins protetivos da lei, “... toda pessoa
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Abrandamento do rigor técnicos do critério finalista.
II – Em decorrência, pela aplicação conjugada com o artigo 17 do mesmo diploma legal,
cabível, por equiparação, o enquadramento do autor, atingido em terra, no conceito de
consumidor. Logo, em tese, admissível a inversão do ônus da prova em seu favor. Recurso
especial provido.
(REsp 540.235/TO, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em
07/02/2006, DJ 06/03/2006, p. 372)
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.
Observem o quanto é amplo o conceito de fornecedor. Sendo assim, para o CDC, o vocábu-
lo fornecedor é delimitado como gênero, do qual são espécies, segundo o art. 3º: o produtor,
montador, criador, fabricante, construtor, transformador, importador, exportador, distribuidor,
comerciante e o prestador de serviços.
A intenção do CDC foi ampliar ao máximo o conceito de fornecedor. Em linhas gerais, for-
necedor é aquele que desenvolve atividade profissional com habitualidade. Nesse viés, aquele
que vende um bem eventualmente não é considerado fornecedor, o que afasta a relação jurídi-
ca de consumo.
O STJ já decidiu que agência de viagem, quando vende veículo próprio, não atua como
fornecedor, já que a venda de veículos não faz parte da atividade comercial de uma agência
de viagem.
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JURISPRUDÊNCIA
As normas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam às relações de compra e
Venda de objeto totalmente diferente daquele que não se reveste da natureza do comér-
cio exercido pelo vendedor. No caso, uma agência de viagem. Assim, quem vendeu o veí-
culo não pode ser considerado fornecedor à luz do CDC (STJ, AGA 150829/DF, Rei. Min.
Waldemar Zveiter, DJ 11/05/1998).
Art. 3º Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de
setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade
de prática desportiva detentora do mando de jogo.
Observação
Resumidamente, é FORNCEDOR quem desenvolve atividade profissional no mercado de con-
sumo com:
1) Habitualidade;
2) Especialização; e
3) Fim econômico.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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c) Produto e Serviço
O CDC, igualmente, prevê a definição de produto e serviço.
A remuneração de que faz referência o parágrafo segundo é entendida tanto como a remu-
neração direta (p.ex.: pagamento do serviço), bem como a remuneração indireta (p.ex.: esta-
cionamento “gratuito” do supermercado ou shopping center). Assim sendo, mesmo o serviço
aparentemente gratuito poderá sofrer incidência do CDC.
Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, é possível aplicação do CDC em Ser-
viço Público uti singuli, isto é, aquele que pode ser individualizado. Este tipo de serviço público
é remunerado mediante tarifa, como, por exemplo, o serviço de energia elétrica e água.
Por sua vez, o serviço público prestado uti universi não estaria englobado pelas normas
do CDC, uma vez que não é individualizado e é remunerado por tributo, o que caracteriza uma
relação jurídica tributária.
Obs.: Resumidamente:
a) serviço público uti singuli: relação jurídica de consumo; Incidência do CDC.
b) serviço público uti universi: relação jurídica tributária. Não incidência do CDC.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 297
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula n 381 “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abu-
sividade das cláusulas.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 608, STJ - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
Obs.: Exemplo
CASSI (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil).
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. ASSISTÊNCIA PRIVADA SAÚDE. PLANOS DE SAÚDE DE AUTOGES-
TÃO. FORMA PECULIAR DE CONSTITUIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO. PRODUTO NÃO OFERE-
CIDO AO MERCADO DE CONSUMO. INEXISTÊNCIA DE FINALIDADE LUCRATIVA. RELA-
ÇÃO DE CONSUMO NÃO CONFIGURADA. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC.
1. A operadora de planos privados de assistência saúde, na modalidade de autogestão, é
pessoa jurídica de direito privado sem finalidades lucrativas que, vinculada ou não à enti-
dade pública ou privada, opera plano de assistência à saúde com exclusividade para um
público determinado de beneficiários.
2. A constituição dos planos sob a modalidade de autogestão diferencia, sensivelmente,
essas pessoas jurídicas quanto à administração, forma de associação, obtenção e repar-
tição de receitas, diversos dos contratos firmados com empresas que exploram essa ati-
vidade no mercado e visam ao lucro.
3. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor ao contrato de plano de saúde admi-
nistrado por entidade de autogestão, por inexistência de relação de consumo.
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1285483/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
22/06/2016, DJe 16/08/2016)
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 563, STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável as entidades abertas de
previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechada.
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Assim, aplica-se, portanto, o CDC aos planos de previdência privada de regime aberto, mas
não se aplica aos planos de previdência privada de regime fechado, exatamente por inexistir a
finalidade lucrativa.
Memorização de súmula
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO CIVIL. INAPLICABILIDADE DO CDC ÀS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA
PRIVADA.
O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes
ou assistidos de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada,
mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial. É conve-
niente assinalar, para logo, que não se cogita aqui em afastamento das normas especiais
inerentes à relação contratual de previdência privada para aplicação do Diploma Consu-
merista, visto que só terá cabimento pensar na sua aplicação a situações que não tenham
regramento específico na legislação especial previdenciária de regência. Dessarte, como
regra basilar de hermenêutica, no confronto entre as regras específicas e as demais do
ordenamento jurídico, deve prevalecer a regra excepcional. Nesse passo, há doutrina afir-
mando que, como o CDC não regula contratos específicos, em casos de incompatibi-
lidade há clara prevalência da lei especial nova pelos critérios de especialidade e cro-
nologia. Desse modo, evidentemente, não caberá, independentemente da natureza da
entidade previdenciária, a aplicação do CDC de forma alheia às normas específicas ine-
rentes à relação contratual de previdência privada complementar. Esse entendimento foi
recentemente pacificado no STJ, em vista da afetação à Segunda Seção do STJ do AgRg
no AREsp 504.022-SC (DJe 30/09/2014), tendo constado da ementa que “[...] é descabida
a aplicação do Código de Defesa do Consumidor alheia às normas específicas inerentes
à relação contratual de previdência privada complementar e à modalidade contratual da
transação, negócio jurídico disciplinado pelo Código Civil, inclusive no tocante à disciplina
peculiar para o seu desfazimento”. Por oportuno, o conceito de consumidor (art. 2º do
CDC) foi construído sob ótica objetiva, porquanto voltada para o ato de retirar o produto
ou serviço do mercado, na condição de seu destinatário final. Por sua vez, fornecedor (art.
3º, § 2º, do CDC) é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estran-
geira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de prestação
de serviços, compreendido como “atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração” - inclusive as de natureza financeira e securitária -, salvo as de caráter traba-
lhista. Nessa linha, afastando-se do critério pessoal de definição de consumidor, o legisla-
dor possibilita, até mesmo às pessoas jurídicas, a assunção dessa qualidade, desde que
adquiram ou utilizem o produto ou serviço como destinatário final. Dessarte, consoante
doutrina abalizada sobre o tema, o destinatário final é aquele que retira o produto da
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cadeia produtiva (destinatário fático), mas não para revendê-lo ou utilizá-lo como insumo
na sua atividade profissional (destinatário econômico). No ponto em exame, parece evi-
dente que há diferenças sensíveis e marcantes entre as entidades de previdência pri-
vada aberta e fechada. Embora ambas exerçam atividade econômica, apenas as abertas
operam em regime de mercado, podem auferir lucro das contribuições vertidas pelos
participantes (proveito econômico), não havendo também nenhuma imposição legal de
participação de participantes e assistidos, seja no tocante à gestão dos planos de benefí-
cios, seja ainda da própria entidade. Nesse passo, assinala-se que, conforme disposto no
art. 36 da LC 109/2001, as entidades abertas de previdência complementar são consti-
tuídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas. Elas, salvo as instituídas antes
da mencionada lei, têm necessariamente, finalidade lucrativa e são formadas por insti-
tuições financeiras e seguradoras, autorizadas e fiscalizadas pela Superintendência de
Seguros Privados (Susep), vinculada ao Ministério da Fazenda, tendo por órgão regulador
o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Assim, parece nítido que as relações
contratuais entre as entidades abertas de previdência complementar e participantes e
assistidos de seus planos de benefícios - claramente vulneráveis - são relações de mer-
cado, com existência de legítimo auferimento de proveito econômico por parte da admi-
nistradora do plano de benefícios, caracterizando-se genuína relação de consumo. Con-
tudo, no tocante às entidades fechadas, as quais, por força de lei, são organizadas “sob a
forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos”, a questão é tormentosa, pois
há um claro mutualismo entre a coletividade integrante dos planos de benefícios admi-
nistrados por essas entidades. Nesse diapasão, o art. 34, I, da LC 109/2001 deixa límpido
que as entidades fechadas de previdência privada “apenas” administram os planos (inclu-
sive, pois, o fundo formado, que não lhes pertence), havendo, conforme dispõe o art. 35,
gestão compartilhada entre representantes dos participantes e assistidos e dos patroci-
nadores nos conselhos deliberativo (órgão máximo da estrutura organizacional) e fiscal
(órgão de controle interno). No tocante ao plano de benefícios patrocinado por entidade
da administração pública, conforme dispõem os arts. 11 e 15 da LC 108/2001, há gestão
paritária entre representantes dos participantes e assistidos - eleitos por seus pares - e
dos patrocinadores nos conselhos deliberativos. Ademais, é bem verdade que os valores
alocados ao fundo comum obtido, na verdade, pertencem aos participantes e beneficiá-
rios do plano, existindo explícito mecanismo de solidariedade, de modo que todo exce-
dente do fundo de pensão é aproveitado em favor de seus próprios integrantes. Diante
de tudo que foi assinalado, observa-se que as regras do Código Consumerista, mesmo
em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial, não se aplicam às
relações envolvendo participantes e/ou assistidos de planos de benefícios e entidades
de previdência complementar fechadas. Assim, a interpretação sobre a Súmula 321 do
STJ - que continua válida - deve ser restrita aos casos que envolvem entidades abertas de
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previdência. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/8/2015,
DJe 20/10/2015.
JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
RECURSO ESPECIAL FUNDADO NA ALÍNEA “A” DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL.
INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO SUPOSTAMENTE VIOLADO. AUSÊNCIA. SÚMULA 284/STF.
RELAÇÃO ENTRE CONDOMÍNIO E CONDÔMINOS. INAPLICABILIDADE DO CDC.
1. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embar-
gos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo”. Súmula 211/STJ.
2. O recurso especial é apelo de fundamentação vinculada e, por não se aplicar nessa
instância o brocardo iura novit curia, não cabe ao Relator, por esforço hermenêutico, iden-
tificar o dispositivo supostamente violado para suprir deficiência na fundamentação do
recurso. Incidência da Súmula n.” 284/STF.
3. Não se aplicam as normas do Código de Defesa do Consumidor as relações jurídicas
estabelecidas entre condomínio e condôminos.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no Ag 1122191/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 22/06/2010, DJe 01/07/2010)
Entretanto, ressalta-se que o condomínio poderá figurar como consumidor, desde que seja
destinatário final de produto ou serviço, conforme julgado do STJ.
JURISPRUDÊNCIA
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESTITUIÇÃO EM DOBRO DE PAGAMENTO
FEITO A MAIOR. INCIDÊNCIA DO CDC. ACORDÃO DECIDIDO COM BASE EM DIREITO
LOCAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME POR MEIO DE APELO EXCEPCIONAL. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO PARA NÃO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL.
1. “O Condomínio utiliza a Água fornecida para consumo das pessoas que nele residem,
e não como produto de comercialização, nesse sentido, o destinatário final da água está
inserido no conceito de consumidor e submetido à relação de consumo, devendo, por-
tanto, ser observados os ditames do Código de Defesa do Consumidor.” [...]
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• Aplica-se o CDC nas relações de entidade privada (ou aberta) e seus participantes;
• Aplica-se o CDC para aquisição de veículo para utilização como táxi; (aplicação da teoria
finalista mitigada)
• Aplica-se o CDC em relação aos contratos de administração imobiliária, caso em que o
proprietário do imóvel contrata uma imobiliária para administrar seus interesses;
• Aplica-se o CDC nas relações entre sociedade empresária vendedora de aviões e socie-
dade empresária administradora de imóveis que tenha adquirido avião com o objetivo de
facilitar o deslocamento de sócios e funcionários;
• Aplica-se o CDC nas relações entre sociedades ou associações sem fins lucrativos,
quando fornecerem produto ou prestarem serviço remunerado;
• Aplica-se o CDC no caso de doação de sangue (fornecedor vende sangue a hospitais e
terceiros);
• Aplica-se o CDC no caso de serviços funerários;
• Aplica-se o CDC nas relações entre microempresa que celebra contrato de seguro;
• Aplica-se o CDC no caso de aplicações em fundos de investimento;
• Aplica-se o CDC nas relações entre estabelecimento de casa noturna e clientes.
5. Súmulas e Jurisprudência
5.1. Súmulas
Nesse tópico, separamos as principais súmulas correlacionadas aos temas estudados,
bem como os julgados do STF e STJ pertinentes.
Súmula n. 130 do STJ - A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou
furto de veículo ocorridos em seu estacionamento.
Súmula n. 269 do STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras.
Súmula n. 356 - É legítima a cobrança de tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia
fixa.
Súmula n. 381 - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas.
Súmula n. 407 - É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as catego-
rias de usuários e as faixas de consumo.
Súmula n. 469 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de
saúde.
Súmula n. 477 - A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas
para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.
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5.2. Jurisprudência
Julgados Importantes do STF
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JURISPRUDÊNCIA 1
COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DO CONSUMIDOR
EMENTA- Ação direta de inconstitucionalidade. Lei n. 3.874, de 24 de junho de 2002, do
Estado do Rio de Janeiro, a qual disciplina a comercialização de produtos por meio de
vasilhames, recipientes ou embalagens reutilizáveis. Inconstitucionalidade formal. Inexis-
tência. Competência concorrente dos estados-membros e do Distrito Federal para legis-
lar sobre normas de defesa do consumidor. Improcedência do pedido. 1. A Corte teve
oportunidade, na ADI n. 2.359/ES, de apreciar a constitucionalidade da Lei n. 5.652/98 do
Estado do Espírito Santo, cuja redação é absolutamente idêntica à da lei ora questionada.
Naquela ocasião, o Plenário julgou improcedente a ação direta de inconstitucionalidade,
por entender que o ato normativo se insere no âmbito de proteção do consumidor, de
competência legislativa concorrente da União e dos estados (art. 24, V e VIII, CF/88). 2.
As normas em questão não disciplinam matéria atinente ao direito de marcas e patentes
ou à propriedade intelectual – matéria disciplinada pela Lei federal n. 9.279 -, limitando-
-se a normatizar acerca da proteção dos consumidores no tocante ao uso de recipientes,
vasilhames ou embalagens reutilizáveis, sem adentrar na normatização acerca da ques-
tão da propriedade de marcas e patentes. 3. Ao tempo em que dispõe sobre a competên-
cia legislativa concorrente da União e dos estados-membros, prevê o art. 24 da Carta de
1988, em seus parágrafos, duas situações em que compete ao estado-membro legislar:
(a) quando a União não o faz e, assim, o ente federado, ao regulamentar uma das maté-
rias do art. 24, não encontra limites na norma federal geral – que é o caso ora em análise;
e b) quando a União edita norma geral sobre o tema, a ser observada em todo território
nacional, cabendo ao estado a respectiva suplementação, a fim de adequar as prescri-
ções às suas particularidades locais. 4. Não havendo norma geral da União regulando a
matéria, os estados-membros estão autorizados a legislar supletivamente no caso, como
o fizeram os Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, até que sobrevenha disposi-
ção geral por parte da União. 5. Ação direta julgada improcedente. (ADI 2818, Relator(a):
Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 09/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
148 DIVULGADO 31-07-2013 PUBLICADO 01-08-2013)
JURISPRUDÊNCIA 2
INAPLICABILIDADE DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA.
EMENTA: - Compromisso de compra e venda. Rescisão. Alegação de ofensa ao artigo 5º,
XXXVI, da Constituição. - Sendo constitucional o princípio de que a lei não pode prejudicar
o ato jurídico perfeito, ele se aplica também às leis de ordem pública. De outra parte, se a
cláusula relativa a rescisão com a perda de todas as quantias já pagas constava do con-
trato celebrado anteriormente ao Código de Defesa do Consumidor, ainda quando a resci-
são tenha ocorrido após a entrada em vigor deste, a aplicação dele para se declarar nula
a rescisão feita de acordo com aquela cláusula fere, sem dúvida alguma, o ato jurídico
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perfeito, porquanto a modificação dos efeitos futuros de ato jurídico perfeito caracteriza
a hipótese de retroatividade mínima que também é alcançada pelo disposto no artigo 5º,
XXXVI, da Carta Magna. Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 205999, Rela-
tor(a): Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 16/11/1999, DJ 03-03-2000.)
JURISPRUDÊNCIA 3
CDC E CONVENÇÃO DE VARSÓVIA
Antinomia entre o CDC e a Convenção de Varsóvia: transporte aéreo internacional - 5 Nos
termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais
limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especial-
mente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de
Defesa do Consumidor. Com base nesse entendimento, o Plenário finalizou o julgamento
conjunto de recursos nos quais se discutiu a norma prevalecente nas hipóteses de con-
flito entre o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Convenção de Varsóvia de 1929
(ratificada e promulgada pelo Decreto 20.704/1931), a qual rege o transporte aéreo inter-
nacional e foi posteriormente alterada pelo Protocolo Adicional 4, assinado na cidade
canadense de Montreal em 1975 (ratificado e promulgado pelo Decreto 2.861/1998). No
RE 636.331/RJ, ao apreciar o Tema 210 da Repercussão Geral, o Supremo Tribunal Fede-
ral (STF), por maioria, deu provimento ao recurso extraordinário, para reduzir o valor
da condenação por danos materiais, limitando-o ao patamar estabelecido no art. 22
da Convenção de Varsóvia (1), com as modificações efetuadas pelos acordos interna-
cionais posteriores. No ARE 766.618/SP, o STF, também por maioria, deu provimento
ao recurso extraordinário, para, reformando o acórdão recorrido, julgar improcedente o
pedido, em razão da prescrição. A controvérsia apresentada no RE 636.331/RJ envolve
os limites de indenização por danos materiais em decorrência de extravio de bagagem
em voo internacional. Já a questão posta em debate no ARE 766.618/SP diz respeito ao
prazo prescricional para fins de ajuizamento de ação de responsabilidade civil por atraso
em voo internacional (vide Informativo 745). No RE 636.331/RJ, o Colegiado assentou a
prevalência da Convenção de Varsóvia e dos demais acordos internacionais subscritos
pelo Brasil em detrimento do CDC, não apenas na hipótese de extravio de bagagem. Em
consequência, deu provimento ao recurso extraordinário para limitar o valor da conde-
nação por danos materiais ao patamar estabelecido na Convenção de Varsóvia, com as
modificações efetuadas pelos acordos internacionais posteriores. Afirmou que a antino-
mia ocorre, a princípio, entre o art. 14 do CDC (2), que impõe ao fornecedor do serviço
o dever de reparar os danos causados, e o art. 22 da Convenção de Varsóvia, que fixa
limite máximo para o valor devido pelo transportador, a título de reparação. Afastou, de
início, a alegação de que o princípio constitucional que impõe a defesa do consumidor
Constituição Federal (CF), arts. 5º, XXXII (3), e 170, V (4) impediria a derrogação do CDC
por norma mais restritiva, ainda que por lei especial. Salientou que a proteção ao con-
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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sumidor não é a única diretriz a orientar a ordem econômica. Consignou que o próprio
texto constitucional determina, no art. 178 (5), a observância dos acordos internacionais,
quanto à ordenação do transporte aéreo Varsóvia internacional. Realçou que, no tocante
à aparente antinomia entre o disposto no CDC e na Convenção de– e demais normas
internacionais sobre transporte aéreo –, não há diferença de hierarquia entre os diplomas
normativos. Todos têm estatura de lei ordinária e, por isso, a solução do conflito envolve
a análise dos critérios cronológico e da especialidade. Em relação ao critério cronoló-
gico, o Plenário destacou que os acordos internacionais em comento são mais recentes
que o CDC. Observou que, não obstante o Decreto 20.704 tenha sido publicado em 1931,
sofreu sucessivas modificações posteriores ao CDC. Acrescentou, ainda, que a Conven-
ção de Varsóvia – e os regramentos internacionais que a modificaram – são normas
especiais em relação ao CDC, pois disciplinam modalidade especial de contrato, qual
seja, o contrato de transporte aéreo internacional de passageiros. Por tratar-se de conflito
entre regras que não têm o mesmo âmbito de validade, sendo uma geral e outra especí-
fica, o Colegiado concluiu que deve ser aplicado o § 2º do art. 2º da Lei de Introdução às
Normas de Direito Brasileiro (6). Ademais, frisou que as disposições previstas nos aludi-
dos acordos internacionais incidem exclusivamente nos contratos de transporte aéreo
internacional de pessoas, bagagens ou carga. Assim, não alcançam o transporte nacio-
nal de pessoas, que está excluído da abrangência do art. 22 da Convenção de Varsóvia.
Por fim, esclareceu que a limitação indenizatória abarca apenas a reparação por danos
materiais, e não morais. No ARE 766.618/SP, o Colegiado pontuou que, por força do art.
178 da CF, em caso de conflito, as normas das convenções que regem o transporte aéreo
internacional prevalecem sobre o CDC. Abordou, de igual modo, os critérios tradicionais
de solução de antinomias no Direito brasileiro: hierarquia, cronológico e especialização.
No entanto, reputou que a existência de dispositivo constitucional legitima a admissão
dos recursos extraordinários nessa matéria; pois, se assim não fosse, a discussão estaria
restrita ao âmbito infraconstitucional. Explicou, no ponto, que o art. 178 da CF prevê parâ-
metro para a solução desse conflito, de modo que as convenções internacionais devem
prevalecer. Reconheceu, na espécie, a incidência do art. 29 da Convenção de Varsóvia (7),
que estabelece o prazo prescricional de dois anos, a contar da chegada da aeronave. Por
conseguinte, deu provimento ao recurso e julgou improcedente o pleito ante a ocorrência
da prescrição. Vencidos, em ambos os julgamentos, os ministros Marco Aurélio e Celso
de Mello. Os dois salientaram que os casos em análise envolvem empresas de transporte
aéreo internacional de passageiros, que realizam atividades qualificadas como presta-
ção de serviços. Dessa forma, frisaram que, por se tratar de uma relação jurídica de con-
sumo, deveria ser aplicado o CDC, legislação superveniente às normas internacionais
em debate. O ministro Celso de Mello pontuou ainda que a proteção ao consumidor e a
defesa da integridade de seus direitos representam compromissos inderrogáveis, que o
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INCIDÊNCIA DO CDC ANTES DA SUA VIGÊNCIA
Evento danoso ocorrido antes da vigência do CDC. Não incidência do CDC. “Não incidem
as normas do Código de Defesa do Consumidor, porquanto o evento danoso ocorreu em
data anterior à sua vigência. Ficam, assim, afastadas a responsabilidade objetiva (CDC,
art. 14) e a prescrição quinquenal (CDC, art. 27), devendo ser a controvérsia dirimida à luz
do Código Civil de 1916.” (STJ, REsp 1307032lPR, Rei. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
DJe 01/08/2013).
JURISPRUDÊNCIA 2
REVISÃO DE CONTRATOS FINDOS
AS NORMAS DO CDC SÃO DE ORDEM PÚBLICA: RECURSO ESPECIAL. COMPROMISSO
DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. PARQUE RESIDENCIAL UMBU. REVISÃO DE CONTRA-
TOS FINDOS. POSSIBILIDADE. DISTRATO À LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMI-
DOR. RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DO NEGÓCIO COM ESTIPULAÇÃO DE CLÁUSULA DE
DECAIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. NULIDADE DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS. 1. A transa-
ção é espécie de negócio jurídico que objetiva por fim a uma celeuma obrigacional, alcan-
çada por meio de concessões mútuas (CC, art. 840), cujo objetivo primordial é evitar o lití-
gio ou colocar-lhe fim. A extinção se exterioriza na forma de renúncia a direito patrimonial
de caráter privado, disponível, portanto, conforme previsto na lei.
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mico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da
proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto
retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o
preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor,
para fins de tutela pelo CDC, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço,
excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. Todavia, a jurisprudência do
STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do
CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas
jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando “finalismo aprofundado”. (...).
REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012.
JURISPRUDÊNCIA 9
EQUIPAMENTO MÉDICO-HOSPITALAR. INAPLICABILIDADE DO CDC
DIREITO DO CONSUMIDOR. CASO DE INAPLICABILIDADE DO CDC. Não há relação de
consumo entre o fornecedor de equipamento médico-hospitalar e o médico que firmam
contrato de compra e venda de equipamento de ultrassom com cláusula de reserva de
domínio e de indexação ao dólar americano, na hipótese em que o profissional de saúde
tenha adquirido o objeto do contrato para o desempenho de sua atividade econômica.
Com efeito, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza, como
destinatário final, produto ou serviço oriundo de um fornecedor. Assim, segundo a teoria
subjetiva ou finalista, adotada pela Segunda Seção do STJ, destinatário final é aquele
que última a atividade econômica, ou seja, que retira de circulação do mercado o bem
ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma necessidade ou satisfação própria. Por isso,
fala-se em destinatário final econômico (e não apenas fático) do bem ou serviço, haja
vista que não basta ao consumidor ser adquirente ou usuário, mas deve haver o rompi-
mento da cadeia econômica com o uso pessoal a impedir, portanto, a reutilização dele
no processo produtivo, seja na revenda, no uso profissional, na transformação por meio
de beneficiamento ou montagem ou em outra forma indireta. Desse modo, a relação de
consumo (consumidor final) não pode ser confundida com relação de insumo (consumi-
dor intermediário). Na hipótese em foco, não se pode entender que a aquisição do equi-
pamento de ultrassom, utilizado na atividade profissional do médico, tenha ocorrido sob
o amparo do CDC. REsp 1.321.614-SP, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/12/2014, DJe 3/3/2015.
JURISPRUDÊNCIA 10
VULNERABILIDADE E HIPERVULNERABILIDADE
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROPAGANDA
ENGANOSA. COGUMELO DO SOL. CURA DO CÂNCER. ABUSO DE DIREITO. ART. 39, INCISO
IV, DO CDC. HIPERVULNERABILIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL COMPROVADO.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor ludibriado por propa-
ganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor de obter informações
claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura
de doenças malignas, dentre outras funções.
2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos
ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito de
características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração
do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração.
3. A propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a
induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado
de perigo (art. 156 do Código Civil).
4. A vulnerabilidade informacional agravada ou potencializada, denominada hipervulne-
rabilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilí-
brio entre as partes.
5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re
ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumi-
dor.
6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da
verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
7. Recurso especial provido.
(REsp 1329556/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, jul-
gado em 25/11/2014, DJe 09/12/2014).
JURISPRUDÊNCIA 11
SERVIÇOS PÚBLICOS. APLICAÇÃO DO CDC
ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO – ENERGIA ELÉTRICA – TARIFAÇÃO – COBRANÇA
POR FATOR DE DEMANDA DE POTÊNCIA – LEGITIMIDADE. 1. Os serviços públicos impró-
prios ou UTI SINGULI prestados por órgãos da administração pública indireta ou, moder-
namente, por delegação a concessionários, como previsto na CF (art. 175), são remu-
nerados por tarifa, sendo aplicáveis aos respectivos contratos o Código de Defesa do
Consumidor. (AgRg no REsp 1089062 / SC; Ministra ELIANA CALMON, DJe 22/09/2009).
JURISPRUDÊNCIA 12
SAÚDE PÚBLICA - INAPLICABILIDADE DO CDC
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. HOS-
PITAL DA POLÍCIA MILITAR. ERRO MÉDICO. MORTE DE PACIENTE. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. FACULTATIVA.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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não saber o resultado da demanda, ainda que fosse negativa, manteve-se a responsabi-
lização do advogado. REsp 1.228.104-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 15/3/2012.
Informativo n. 493 do STJ.
JURISPRUDÊNCIA 14
APLICA-SE O CDC À RELAÇÃO ENTRE CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO ESSEN-
CIAL E O USUÁRIO FINAL.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA. FORNECIMENTO
DE ENERGIA ELÉTRICA. SUSPENSÃO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICA-
ÇÃO. MEDIDOR. AVARIA. CONSUMIDOR DE BAIXA RENDA. TARIFA SOCIAL. REQUISITOS.
REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. INCIDÊNCIA.
1. Não ocorre contrariedade ao art. 535, inc. II, do CPC, quando o Tribunal de origem
decide fundamentadamente todas as questões postas ao seu exame, assim como não
há que se confundir entre decisão contrária aos interesses da parte e inexistência de
prestação jurisdicional.
2. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a relação entre concessioná-
ria de serviço público e o usuário final, para o fornecimento de serviços públicos essen-
ciais, tais como energia elétrica, é consumerista, sendo cabível a aplicação do Código
de Defesa do Consumidor.
(...).
(AgRg no AREsp 468.064/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 20/03/2014, DJe 07/04/2014).
JURISPRUDÊNCIA 15
NÃO SE APLICA O CDC À RELAÇÃO LOCATÍCIA
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RELAÇÃO LOCATÍCIA.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES.
1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firmado no sentido de que o Código
de Defesa do Consumidor não é aplicável aos contratos locatícios.
2. Os argumentos expendidos nas razões do regimental são insuficientes para autorizar
a reforma da decisão agravada, de modo que esta merece ser mantida por seus próprios
fundamentos.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 111.983/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 21/08/2012, DJe 28/08/2012).
JURISPRUDÊNCIA 16
NÃO SE APLICA O CDC À RELAÇÃO ENTRE CONDOMÍNIO E CONDÔMINO.
AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
RECURSO ESPECIAL FUNDADO NA ALÍNEA “A” DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL.
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Instituição de ensino superior não pode recusar a matrícula de aluno aprovado em ves-
tibular em razão de inadimplência em curso diverso anteriormente frequentado por ele
na mesma instituição. Inicialmente, destaque-se que a prestação de serviços educacio-
nais se caracteriza como relação de consumo (REsp 647.743-MG, Terceira Turma, DJe
11/12/2012), motivo pelo qual devem incidir as regras destinadas à proteção do consu-
midor, o qual, por ser a parte mais vulnerável, merece especial atenção quando da inter-
pretação das leis que, de alguma forma, incidem sobre as relações consumeristas. (...).
REsp 1.583.798-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2016, DJe 7/10/2016
(Informativo n. 591).
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RESUMO
Vamos relembrar o que estudamos na presente aula, aluno(a)?
Querido(a) aluno(a),
Chegamos ao fim da nossa primeira aula.
Espero você na próxima aula!
Juntos colocaremos mais um degrau na sua escada da aprovação.
Forte abraço.
Keity Satiko.
@prof.keity @asdefensoras
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/TJ-RO/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Segundo o inteiro e exato teor
das súmulas vigentes editadas pelo Superior Tribunal de Justiça acerca das relações de con-
sumo, é correto afirmar que
a) se aplica o Código de Defesa do Consumidor a todos os contratos de plano de saúde.
b) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a todas as espécies de contratos de cartão
de crédito.
c) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promo-
vidos pelas sociedades cooperativas.
d) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a quaisquer relações jurídicas entabuladas
entre entidade de previdência privada e seus participantes.
e) é vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula
contratual autorizativa.
002. (VUNESP /TJ-MT/JUIZ SUBSTITUTO/2018) Nos termos das súmulas do STJ, assinale a
alternativa correta.
a) O CDC se aplica nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
b) O CDC se aplica aos contratos de planos privados de assistência à saúde na modalidade de
autogestão.
c) É considerada abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que preveja algum prazo
de carência para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência
ou urgência.
d) O CDC se aplica aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades co-
operativas.
e) É possível ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas nos contratos
bancários.
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o CDC norma de ordem pública e principiológica, o que significa que ele prevalece sobre as
normas gerais e especiais anteriores.
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e) Somente os órgãos legitimados pela defesa coletiva poderão pleitear os diretos que favore-
çam Joaquim, tendo em vista que a relação de consumo se lastreia na existência de consumi-
dor bystander.
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GABARITO
1. c
2. d
3. a
4. c
5. e
6. e
7. C
8. b
9. d
10. c
11. c
12. c
13. E
14. d
15. a
16. c
17. d
18. b
19. C
20. d
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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/TJ-RO/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Segundo o inteiro e exato teor
das súmulas vigentes editadas pelo Superior Tribunal de Justiça acerca das relações de con-
sumo, é correto afirmar que
a) se aplica o Código de Defesa do Consumidor a todos os contratos de plano de saúde.
b) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a todas as espécies de contratos de cartão
de crédito.
c) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promo-
vidos pelas sociedades cooperativas.
d) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a quaisquer relações jurídicas entabuladas
entre entidade de previdência privada e seus participantes.
e) é vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula
contratual autorizativa.
a) Errada. Conforme previsão da súmula 608 do STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consu-
midor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
b) Errada. Conforme previsão da súmula 283 do STJ: As empresas administradoras de cartão
de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados
não sofrem as limitações da Lei de Usura.
c) Certa. Conforme previsão da súmula 602 do STJ: O Código de Defesa do Consumidor é apli-
cável aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.
d) Errada. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência
complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fecha-
das, conforme súmula 563 do STJ.
e) Errada. A súmula 603 do STJ, aprovada pela 2ª seção da Corte em fevereiro de 2018, foi
cancelada pelo colegiado.
A antiga súmula dispunha:
JURISPRUDÊNCIA
“É vedado ao banco mutuante reter em qualquer extensão o salário, os vencimentos e/
ou proventos de correntista para adimplir o mútuo comum contraído, ainda que haja cláu-
sula contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial con-
signada, com desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal específico
e admite a retenção de percentual.”
Letra c.
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002. (VUNESP /TJ-MT/JUIZ SUBSTITUTO/2018) Nos termos das súmulas do STJ, assinale
a alternativa correta.
a) O CDC se aplica nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
b) O CDC se aplica aos contratos de planos privados de assistência à saúde na modalidade de
autogestão.
c) É considerada abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que preveja algum prazo
de carência para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência
ou urgência.
d) O CDC se aplica aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades co-
operativas.
e) É possível ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas nos contratos
bancários.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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a) Errada. A primeira parte da questão está correta; as cooperativas de crédito são equiparadas
às instituições financeiras, portanto aplica-se o CDC. AI no REsp 906.114, j. 06/10/16. A segun-
da parte da questão está incorreta; não incide o CDC nas relações jurídicas estabelecidas entre
condomínio e condôminos.
b) Errada. A primeira parte da questão está incorreta; conforme art. 178 da CF, as normas e os
tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de pas-
sageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação
ao CDC. STF. Plenário. RE 636331/RJ e ARE 766618/SP, j. 25/05/2017. A segunda parte da
questão está correta; incide o CDC nos contratos de plano de saúde, salvo os administrados
por entidades de autogestão. Súmula 608 do STJ.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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a) Certa. Súmula 381: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas”.
b) Certa. Súmula 602: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos
habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas”.
c) Certa. Súmula 563: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas
de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas”.
d) Certa. Súmula 359: “Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notifi-
cação do devedor antes de proceder à inscrição
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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e) Errada. Súmula 601: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes
da prestação de serviços públicos.”
Letra e.
a) Errada. Como visto em nossa aula, haverá relação de consumo mesmo diante de serviço ou
produto oferecido gratuitamente pelo fornecedor, diante da possibilidade de o pagamento ser
realizado por remuneração indireta.
b) Errada. Conforme entendimento do STJ, não incide o CDC às relações locatícias.
c) Errada. Conforme visto em nossa aula, só haverá relação de consumo nos serviços não re-
munerados por tributos.
d) Errada. Em contratos bancários incide o CDC, conforme súmula do STJ. Por outro lado, não
incide o CDC nas relações de caráter trabalhista.
e) Certa. Não incide o CDC entre associados, segundo o STJ.
Letra e.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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a) Errada. Produto é qualquer bem, móvel, imóvel, material ou imaterial, conforme art. 3º, pará-
grafo 1º, do CDC.
b) Errada. Aplica-se o CDC ao condomínio adquirente de edifício em construção, nas hipóteses
em que atua na defesa dos interesses dos seus condôminos, segundo posicionamento do STJ.
c) Errada. Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
d) Certa. Conforme art. 22, CDC: os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas nes-
te artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados,
na forma prevista neste código.
e) Errada. Conforme vimos em nossa aula, não incide o CDC na relação entre condomínio e
condômino.
Letra d.
a) Errada. Não se aplica o CDC na relação contratual entre cliente e advogado, conforme posi-
ção do STJ. Aluno(a), relembre o julgado voltando no capítulo de jurisprudência da aula.
b) Errada. Conforme previsão da súmula 608 do STJ: aplica-se o Código de Defesa do Consu-
midor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão
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c) Certa. De acordo com a Súmula 563 STJ: o CDC é aplicável às entidades abertas de pro-
vidência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entida-
des fechadas.
d) Errada. Não incide o CDC nas relações entre condomínio e condômino.
e) Errada. Não incide o CDC, conforme a teoria finalista. Observe que a rede de hospitais, pes-
soa jurídica, não apresenta vulnerabilidade.
Aluno(a), volte ao capítulo de jurisprudência e leia a integralidade do julgado. REsp 1.321.614-
SP, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 16/12/2014, DJe 3/3/2015.
Letra c.
a) Errada. Adotamos a teoria finalista que impõe a destinação final do produto ou serviço.
b) Errada. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunera-
ção, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista. Art.3º, parágrafo 2º, do CDC.
c) Certa. Conforme art. 2º, parágrafo único, CDC: equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
d) Errada. Conforme art. 3º do CDC: fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem ati-
vidade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Letra c.
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A jurisprudência do STJ também reconhece a necessidade da aplicação do CDC para pessoa fí-
sica ou pessoa jurídica que adquira produto ou serviços para atividade profissional, desde que
presente a vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista mitigada,
abrandada ou aprofundada.
Errado.
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d) pode-se falar em consumidor por equiparação à coletividade de pessoas, ainda que indeter-
mináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
e) fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, neste caso privada, somente, nacional ou es-
trangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou co-
mercialização de produtos ou prestação de serviço.
a) Certa. Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
b) Errada. Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
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c) Errada. Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
d) Errada. Conforme art. 2º, parágrafo único, CDC: equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Letra a.
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III – Consoante teoria do diálogo das fontes e o próprio Código de Defesa do Consumidor,
admite-se a aplicação da norma mais favorável ao consumidor, mesmo que esta se encontre
externamente ao microssistema consumerista.
IV – O consumidor é vulnerável e hipossuficiente no mercado de consumo consoante presun-
ção jure et de jure.
É correto o que consta APENAS de:
a) I e III.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.
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Desde que presente a vulnerabilidade é possível que a pessoa jurídica de Direito Público seja
considerada consumidora.
Certo.
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a) Errada. Incluem as dívidas vincendas, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Entende-se por
superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé,
pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu
mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
b) Errada. Incluem as dívidas vincendas, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Entende-se por
superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé,
pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu
mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
c) Certa. Conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Entende-se por superendividamento a impossibili-
dade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas
de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da
regulamentação.
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d) Errada. Não abarca o consumidor pessoa jurídica, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Enten-
de-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural,
de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem compro-
meter seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
e) Errada. Não abarca o consumidor pessoa jurídica, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Enten-
de-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural,
de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem compro-
meter seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
Letra c.
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Defensora Pública do DF. Foi analista judiciária do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Pós-graduada
pela Fundação Escola Superior do MP-DFT.
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