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DIREITO DO

CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Cronograma..........................................................................................................................................................................4
Introdução ao Direito do Consumidor...................................................................................................................6
1. Introdução ao Direito do Consumidor...............................................................................................................6
1.1. Código de Defesa do Consumidor e Constituição Federal de 1988...............................................6
1.2. Competência Legislativa. . ....................................................................................................................................7
1.3. Código de Defesa do Consumidor: Norma de Ordem Pública e Interesse Social.................9
1.4. O Código de Defesa do Consumidor. Microssistema Legislativo.............................................. 10
1.5. O Código de Defesa do Consumidor e o Reconhecimento de Ofício das Matérias
pelo Julgador......................................................................................................................................................................11
1.6. Norma de Ordem Pública e Retroatividade..............................................................................................11
1.8. Código de Defesa do Consumidor: Lei de Função Social..................................................................13
1.9. Característica do Código de Defesa do Consumidor. ..........................................................................13
1.10. Diálogo das Fontes.. ............................................................................................................................................14
2. Princípios do Código de Defesa do Consumidor. ......................................................................................14
2.1. Princípio da Vulnerabilidade............................................................................................................................15
2.2. Princípio da Hipossuficiência. . ........................................................................................................................18
2.3. Princípio da Transparência ou Informação. .............................................................................................18
2.4 Princípio da Boa-fé.................................................................................................................................................19
2.5. Princípio da Confiança.. ......................................................................................................................................20
2.6. Princípio do Equilíbrio Contratual..............................................................................................................20
2.7. Princípio do Acesso à Justiça.. ....................................................................................................................... 22
2.8. Princípio da Reparação Integral. . ................................................................................................................. 24
2.9. Princípio da Solidariedade. . ............................................................................................................................. 24
2.10. Princípio da Intervenção do Estado.........................................................................................................25
2.11. Princípio da Interpretação mais Favorável ao Consumidor.........................................................26
2.12. Princípio da Efetividade..................................................................................................................................26

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2.13. Princípio da Harmonia das Relações de Consumo...........................................................................26


2.14. Princípio do Crédito Responsável. ............................................................................................................27
3. Relação Jurídica de Consumo.. ........................................................................................................................... 28
4. Incidência do Código de Defesa do Consumidor......................................................................................34
4.1. Instituições Financeiras....................................................................................................................................34
4.2. Contratos Planos de Saúde............................................................................................................................35
4.3. Entidades de Previdência Privada. .............................................................................................................36
4.4. Relação Condômino e Condomínio. .............................................................................................................39
4.5. Segundo o Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não se Aplica o CDC............40
4.6. Segundo o Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, Aplica-se o CDC....................40
5. Súmulas e Jurisprudência.....................................................................................................................................41
5.1. Súmulas........................................................................................................................................................................41
5.2. Jurisprudência.. .......................................................................................................................................................42
Resumo................................................................................................................................................................................57
Questões de Concurso................................................................................................................................................58
Gabarito...............................................................................................................................................................................65
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................66

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Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko

Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a), tudo bem?
Hoje, iniciaremos nossos estudos de Direito do Consumidor. É uma honra e satisfação par-
ticipar da sua caminhada de estudos.
Já adianto que a disciplina de Direito do Consumidor é a “bola da vez” em concursos públi-
cos. Você deve estar pensando: “Será”? Explico.
Direito do Consumidor é uma disciplina relativamente enxuta e de altíssima incidência em
provas de concursos. Assim, estrategicamente, é muito vantajoso para o “concurseiro (a)” fo-
car suas energias para gabaritar Direito do Consumidor. Pode acreditar: é completamente pos-
sível GABARITAR!
A cobrança de Direito do Consumidor, em concursos públicos, envolve basicamente tópi-
cos conceituais da disciplina; hipóteses de aplicabilidade do CDC; posicionamento jurispru-
dencial e a própria legislação “seca”. Em nosso curso, iremos abordar os principais assuntos e
revisar, de forma didática, o conteúdo dos principais editais de concursos públicos.
Antes de iniciarmos nossos estudos, permita-me uma breve apresentação.
Sou Keity Satiko, professora de Direito do Consumidor, no Gran Cursos Jurídicos. Fui ana-
lista judiciária do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, lotada na 2ª instância, em
gabinete Cível. Atualmente, sou Defensora Pública do Distrito Federal. Na Defensoria Pública
do Distrito Federal, fui lotada no Núcleo de Defesa do Consumidor- NUDECON, com atuação na
tutela individual e coletiva.
Estou à disposição. Desejo sorte nessa linda e recompensadora jornada. Você é CAPAZ!

Cronograma
O cronograma apresentado é baseado nos editais dos principais concursos. O cronograma
nos permitirá cobrir todo o conteúdo de Direito do Consumidor enfatizando sempre os aspec-
tos mais importantes e as questões atuais acerca do tema.
AULA 00 - Introdução ao direito do consumidor; Princípios do Código de Defesa do Consu-
midor; Relação jurídica de consumo; Aplicação do Código de Defesa do Consumidor; Jurispru-
dência; Exercícios.
AULA 01 - Política Nacional da Relação de Consumo; Direitos Básicos do Consumidor; Ser-
viços públicos e possibilidade de suspensão do serviço; Responsabilidade pelo fato do produ-
to e do serviço; Responsabilização por vício do produto e serviço; Excludentes de responsabi-
lidade; Jurisprudência; Exercícios.
AULA 02 - Danos Morais na Relação de Consumo; Prescrição e Decadência no Código de
Defesa do Consumidor; Desconsideração da personalidade jurídica; Publicidade nas relações
de consumo. Jurisprudência; Exercícios.

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AULA 03 - Práticas abusivas; Banco de dados e cadastro de consumo; Proteção contratual;


Contrato de adesão; Das infrações Penais; Jurisprudência; Exercícios.
AULA 04- Lei 14.181/2021. Lei do Superendividamento.
Encerrada a apresentação, vamos iniciar nossos estudos.

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INTRODUÇÃO AO DIREITO DO CONSUMIDOR


1. Introdução ao Direito do Consumidor
Vamos dar início às nossas aulas compreendendo a origem da disciplina de Direito do
Consumidor.
Até 1990, o adquirente de produtos e serviços utilizava, fundamentalmente, para a defesa
de seus direitos, a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – o antigo Código Civil –, e a Lei n.
1.521, de 26 de dezembro de 1951 – Crimes contra a economia popular.
Todavia, o mercado brasileiro passava por significativas mudanças, diante dos avanços
nas formas de comunicações e o grande desenvolvimento científico e tecnológico do mercado
de consumo.
Assim, os antigos e acanhados fornecedores passaram a ser cada vez mais bem-dotados
de estrutura técnica e econômica para práticas comerciais. Nesse cenário, a produção deixou
de ter o aspecto artesanal e passou a ser manipulada em grande escala. Consequentemente,
surgem os mais diversos e complexos contratos consumeristas.
Diante dos avanços, emerge a grande contradição: como as novas relações do mercado
poderiam ser reguladas pelo Código Civil de 1916 de Clóvis Beviláqua, planejado para regular e
atender relações horizontais, marcadas pelo equilíbrio entre as partes envolvidas.
A “nova era” exigiu a revisão desse modelo ultrapassado, requerendo a instituição de le-
gislações mais específicas, pois aumentavam-se a vulnerabilidade dos consumidores e, con-
sequentemente, o desequilíbrio contratual. Conclusão: o Código Civil não era apto a proteger
adequadamente os consumidores.
No Brasil, esse processo, visando a proteção consumerista, teve nascedouro com o adven-
to da Constituição Federal de 1988, que originou importantes diplomas normativos como o Es-
tatuto da Cidade, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e a tão festejada
Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor (CDC).

1.1. Código de Defesa do Consumidor e Constituição Federal de 1988


O constituinte de 1988 positivou a necessidade de se proteger o consumidor, em diversos
dispositivos constitucionais.
Tais como os artigos 5º, inciso XXXII, art. 170, inciso V, e art. 48 da ADCT, todos da CF/1988.
Memorização da lei

Art. 5º, CF-88 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

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Art. 170º, CF- 88 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre inicia-
tiva, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, obser-
vados os seguintes princípios:
V – defesa do consumidor;
ADCT- Art. 48º, CF-88 O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Cons-
tituição, elaborará o código de defesa do consumidor.

Em primeira nota, aluno(a), verifique que a defesa do consumidor está elencada no art. 5º,
XXXII da CF, isto é, consta do título “Dos direitos e garantias fundamentais”. Assim sendo, a
defesa do consumidor é núcleo imodificável da Constituição Federal.
Como cláusula pétrea não será admissível qualquer proposta de emenda constitucional
tendente a abolir ou esvaziar a defesa do Direito do Consumidor. – Vedação ao retrocesso,
efeito cliquet.
Ademais, além de Direito e Garantia fundamentais, o CDC é princípio norteador da atividade
econômica do Estado.
A defesa do consumidor é princípio de ação política do Estado porque legítima a adoção
de políticas protetivas para o consumidor. Nesse cenário, o Estado poderá intervir na ordem
econômica primando pela defesa e interesses dos consumidores.
Como resposta legal protetiva, o Constituinte de 1988, nos Atos das Disposições Constitu-
cionais Transitórias (ADCT), artigo 48, estabeleceu que o Congresso Nacional, dentro de cento
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaboraria o Código de Defesa do Consumidor.
Todavia, o prazo temporal estabelecido pelo constituinte não foi observado, sendo o Códi-
go de Defesa do Consumidor promulgado em 11 de setembro de 1990 e sua entrada em vigor
ocorreu em 11 de março de 1991.

1.2. Competência Legislativa


Aluno(a), a quem compete legislar sobre Direito do Consumidor?
A resposta está preconizada nos artigos 24 e 30, ambos da Constituição Federal.
Conforme previsão constitucional do artigo da 24, CF/1988:
Memorização da lei

Art. 24, CF-88 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V – produção e consumo.
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artís-
tico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Portanto, a União tem competência para editar normas gerais de proteção aos consumi-
dores e os Estados e o Distrito Federal têm competência para editar normas específicas para
adequar à realidade de cada unidade federativa – art. 24, parágrafo 1ª e 4ª, da CF/1988.

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Trata-se de competência concorrente, assim, diante da omissão da União, os outros entes


federativos assumirão a competência plena para edição de normas gerais e especificas.
Todavia, sabe-se que a competência plena é temporária.
Assim, diante da edição de normas gerias pela União, as normas gerais editadas pelos
Estados e pelo Distrito Federal, que dispuserem de forma conflitante com as normas da União,
deixarão de ter validade.

001. (FCC/DPE-AP/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Lei municipal que proíbe a cobrança de con-


sumação mínima em bares da cidade é, segundo a jurisprudência do STF:
a) constitucional, pois o Município tem competência concorrente à União para legislar sobre
direito do consumidor.
b) inconstitucional, pois cabe a União e ao Estado, de forma subsidiária, legislar sobre direito
do consumidor.
c) constitucional, pois o Município tem competência concorrente ao Estado para legislar sobre
direito do consumidor.
d) inconstitucional, pois cabe a União e ao Estado legislar sobre direito do consumidor de for-
ma concorrente.
e) ilegal, pois o Código de Defesa do Consumir prevê que cabe ao estabelecimento comercial
decidir pela cobrança, respeitados os limites legais.

A lei é inconstitucional, pois os Municípios não podem legislar sobre consumo, visto que não
estão no rol dos legitimados previstos no art. 24, CF/1988.
Letra d.

Por outro lado, a Constituição Federal, art. 30, preconizou que compete ao Município legis-
lar sobre assuntos locais. O Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário, entendeu ser
de competência local legislar sobre tempo máximo de espera em filas de agência bancária,
bem como imposições de instalações de banheiros em agências bancárias.
Memorização da jurisprudência

JURISPRUDÊNCIA
RE 432.789
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. CONSUMIDOR. INSTITUI-
ÇÃO BANCÁRIA. ATENDIMENTO AO PÚBLICO. FILA. TEMPO DE ESPERA. LEI MUNICI-
PAL. NORMA DE INTERESSE LOCAL. LEGITIMIDADE. Lei Municipal n. 4.188/01. Banco.
Atendimento ao público e tempo máximo de espera na fila. Matéria que não se confunde

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com a atinente às atividades-fim das instituições bancárias. Matéria de interesse local e


de proteção ao consumidor. Competência legislativa do Município. Recurso extraordiná-
rio conhecido e provido.
A Turma conheceu do recurso extraordinário e lhe deu provimento, nos termos do voto do
Relator. Unânime. Falou pelo recorrido a Dra. Magda Montenegro. 1ª. Turma, 14.06.2005.

1.3. Código de Defesa do Consumidor: Norma de Ordem Pública e


Interesse Social
Como explicitado, diante do desejo do constituinte em proteger o consumidor, surge a Lei
n. 8.078/1990, o Código de Defesa do Consumidor, norma de ordem pública e interesse social,
que deverá ser aplicado nas relações consumerista, conforme previsão do artigo 1º, do dispo-
sitivo legal.
Memorização da lei

Art. 1ª, CDC O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal
e disposições Transitórias.

O (A) aluno(a) deve estar questionando: O que são normas de ordem pública e inte-
resse social?
Normas de ordem pública são aquelas que revestem valores importantes para toda a cole-
tividade, são normas que transcendem interesses particulares, são normas que não podem ser
afastadas ou modificadas pela vontade das partes. Portanto, são normas cogentes.
Por outro lado, as normas de interesse social buscam trazer equilíbrio na relação jurídica
equalizando a diferença entre consumidor e fornecedor.
O STJ, inclusive, já entendeu nesse sentido.
O Superior Tribunal de Justiça- STJ, inclusive, tem julgado nesse sentido.
Memorização da jurisprudência

JURISPRUDÊNCIA
As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de ordem pública e interesse
social. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores básicos e fun-
damentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o consumidor
delas abrir mão “ex ante” e no atacado. (STJ, Resp 586.316, Rel.Ministro Herman Benja-
min, 2 t. dj 19-3-2009.

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002. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2013) No que se refere as normas do CDC e Po-


lítica Nacional das Relações de Consumo, julgue o item seguinte. Parte da doutrina considera
o CDC norma de ordem pública e principiológica, o que significa que ele prevalece sobre as
normas gerais e especiais anteriores.

O CDC é norma de ordem pública (art. 1ª da Lei n. 8.078/1990) e de interesse social. Os seus
dispositivos poderão ser aplicados ex officio pelo magistrado, no caso em concreto, ainda que
sem requerimento das partes. Além disso, o código enquadra-se em uma norma principiológi-
ca e, assim, deve prevalecer quando colidir com outras normas gerais e especiais anteriores.
Certo.

1.4. O Código de Defesa do Consumidor. Microssistema Legislativo


O que é um microssistema legislativo, professora?

Vamos entender.
Por anos, as disciplinas jurídicas eram estudadas de forma isolada, de forma estanque,
assim, o estudo era monotemático.
Nesse cenário, havia o Código Civil, o Código de Processo Civil, o Código Penal, o Código
de Processo Penal e, assim, sucessivamente. Não havia no ordenamento jurídico matérias
diversas em um mesmo diploma legislativo, ou seja, ramos jurídicos distintos demandavam
legislações distintas.
O Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e Adolescen-
te e o Estatuto da Cidade romperam o paradigma de legislação monotemática.
É certo que legislações monotemáticas ainda existem. Porém, de modo cada vez mais
raro. Assim, atualmente, é possível verificar leis que não obedecem a essa divisão rígida, sendo
possível verificar várias disciplinas jurídicas em um único diploma jurídico.
Por força do caráter interdisciplinar, o Código de Defesa do Consumidor outorgou tute-
las específicas ao consumidor nos campos civil (arts. 8 a 54), administrativo (arts. 55 a 60 e
105/106), penal (arts. 61 a 80) e jurisdicional (arts. 81 a 104).
Pontua-se que a doutrina entende que mais do que um microssistema legislativo, o CDC é
um microssistema jurídico.
Microssistema jurídico porque o CDC é o diploma que tem o foco no problema. Nas pala-
vras de prof. Felipe Braga Neto (Manual de Direito do Consumidor, 2018): “É um microssistema

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jurídico porque reflete, e de modo inovador, essa tendência de legislar tendo em foco proble-
mas, consumo, idosos, crianças, etc. - e não as velhas categorias de direito público e de direi-
to privado.”

1.5. O Código de Defesa do Consumidor e o Reconhecimento de Ofício


das Matérias pelo Julgador

Outra consequência, segundo a doutrina, derivada do CDC, norma de ordem pública e inte-
resse social, é a possibilidade de o juiz conhecer de ofício das matérias relativas ao CDC.
É importante ponderar que a jurisprudência do STJ não é pacífica quanto ao tema, há julga-
dos que não têm admitido que o julgador conheça, de ofício, das cláusulas abusivas, especial-
mente em contratos bancários.
Memorização de Súmula

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 381 do STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício,
da abusividade das cláusulas.

1.6. Norma de Ordem Pública e Retroatividade


A regra de que a lei nova não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coi-
sa julgada têm previsão constitucional (art. 5º, XXXVI), impedindo, portanto, que a legislação
infraconstitucional, ainda quando de ordem pública, retroaja para alcançar o direito adquirido,
o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada. O impedimento alcança, obviamente, o magistrado.
Nessa toada, a jurisprudência dos tribunais superiores (STF e STJ) afasta a aplicação do CDC
aos contratos anteriores à sua vigência.
Memorização da jurisprudência

JURISPRUDÊNCIA
“Já decidiu a Corte, sem discrepância, que não se aplica o Código de Defesa do Consu-
midor aos contratos anteriores à sua vigência.” (STJ, Resp 28.721/SP 3ª Turma, Re. Min.
Carlos Alberto Menezes Direito.)
“Conquanto o CDC seja norma de ordem pública, não pode retroagir para alcançar o con-
trato que foi celebrado e produziu seus efeitos na vigência da lei anterior, sob pena de
afronta ao ato jurídico perfeito,” (STJ, Resp 248. 155/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira.)

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Exceção são os contratos de execução diferida e prazo indeterminado, nestes casos, ainda
que anteriores ao CDC, a estes se aplicam em razão de seus efeitos protraírem-se no tempo,
segundo doutrina majoritária.

No entanto, os Tribunais Superiores analisaram a incidência do CDC em contratos que se pro-


longam no tempo e que foram celebrados antes da promulgação da Lei 8.078/90. A conclusão
foi pela inaplicabilidade do CDC a efeitos futuros dos contratos firmados antes do início de
sua vigência.

1.7. Lei do Superendividamento e Incidência nos Contratos Celebrados Antes do Início da


Sua Vigência
Apesar dos Tribunais Superiores entenderem pela não incidência do CDC em que foram ce-
lebrados antes da promulgação da Lei 8.078/90, a Lei do superendividamento tem disposição
específica sobre a retroatividade.
Segundo o art. 3º, da Lei 14.181/2021.
Memorização da lei

Art. 3º A validade dos negócios e dos demais atos jurídicos de crédito em curso constituídos antes
da entrada em vigor desta Lei obedece ao disposto em lei anterior, mas os efeitos produzidos após
a entrada em vigor desta Lei subordinam-se aos seus preceitos.

Observa-se, portanto, que a norma é expressa sobre a incidência de sua aplicação para os
efeitos produzidos após a sua entrada em vigor.

Se, por um lado, escreve Pablo Stolze Gagliano, (https://direitocivilbrasileiro.jusbrasil.com.


br/ Comentários à “Lei do Superendividamento” (Lei n. 14.181, de 01 de julho de 2021) e o
Princípio do Crédito Responsável: uma primeira análise) “não pode a lei nova atingir a ‘valida-
de’ dos negócios jurídicos já constituídos, por outro, se os ‘efeitos’ do ato penetrarem o âmbito
de vigência” da nova Lei, “deverão se subordinar aos seus preceitos.”
“Isso quer dizer que aspectos referentes, por exemplo, à validade (nulidade) de um contrato
de concessão de crédito obedecerá à lei do tempo da sua celebração, mas no que se refere,
não à validade, mas à própria executoriedade (eficácia) do contrato, normas da nova Lei pode-
rão ser aplicadas, a exemplo daquelas constantes no art. 54-F que trata da coligação de contra-
tos. Acrescente-se que as normas referentes à conciliação no superendividamento (arts. 104-A
a 104-C), por terem natureza processual têm aplicação imediata.”

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1.8. Código de Defesa do Consumidor: Lei de Função Social


Parte da doutrina, entende que o Código de Defesa do Consumidor é uma “lei de função
social”, sendo assim, a lei consumerista não poderia sofrer derrogações ou ab-rogações pro-
vindas de outros diplomas legais em detrimento do consumidor.
O Código de Defesa do Consumidor embora seja uma lei ordinária, é uma lei de função
social, uma lei que materializa, no plano infraconstitucional, o desejo da Constituição Federal.
Nesse viés, o CDC não pode ser alterado com o escopo de reduzir, flexibilizar, a proteção con-
ferida ao consumidor, burlando o objetivo da Constituição Federal.

1.9. Característica do Código de Defesa do Consumidor


1.9.1. Norma Principiológica

O CDC é uma lei principiológica que estabelece valores, propõe objetivos a serem alcança-
dos. Dessa feita, o CDC é permeado de conceitos abertos, conceitos jurídicos indeterminados
e normas com valores semânticos flexíveis, que demandam valoração pelo intérprete.
Assim, o CDC deve ser considerado norma de principiológica, com eficácia supralegal, da
qual irradiam diversas orientações para a produção de outras leis que protejam os interesses
dos Consumidores (Flávio Tartuce, Manual de Direito do Consumidor, 2014).
Destaca-se que, do mesmo modo, a respeito do caráter de norma principiológica, opinam
Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, expondo pela prevalência contínua do Código
Consumerista sobre as demais normas, eis que “as leis especiais setorizadas (v.g., seguros,
bancos, calçados, transportes, serviços, automóveis, alimentos etc.) devem disciplinar suas
respectivas matérias em consonância e em obediência aos princípios fundamentais do CDC”.
Diante de tais premissas, pode-se dizer que o Código de Defesa do Consumidor tem efi-
cácia supralegal, ou seja, está em um ponto hierárquico intermediário entre a Constituição
Federal de 1988 e as leis ordinárias. Para tal dedução jurídica, pode-se utilizar a simbologia do
sistema piramidal, atribuída a Hans Kelsen. (Flávio Tartuce, Manual de Direito do Consumidor,
2014.) Vejamos:
Pirâmide de Kelsen

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Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko

1.10. Diálogo das Fontes


O CDC, para resolver conflitos, busca “dialogar” com outras normas jurídicas, perseguindo
o resultado mais justo, conforme preconiza o texto constitucional.
Inclusive, o CDC é expresso ao estabelecer esse diálogo das fontes.
Memorização da lei

Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou conven-
ções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princí-
pios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

A técnica do diálogo das fontes propõe um diálogo entre as diversas fontes que estão regu-
lando a relação jurídica. Nesse cenário, duas ou mais normas irão se aplicar a um só tempo a
mesma relação jurídica. Obviamente, uma delas irá ser aplicada de forma preponderante, des-
de que seja aquela que apresente a solução mais justa, mais conforme à Constituição Federal.
Segundo Claudia Lima Marques, há três diálogos possíveis a partir da teoria exposta:
a) Havendo aplicação simultânea das duas leis, se uma lei servir de base conceitual para a
outra, estará presente o diálogo sistemático de coerência. Exemplo: o consumidor que realiza
o contrato de compra e venda (art. 481 do CC). Assim, o conceito de contrato de compra e
venda pode ser retirado do Código Civil, e utilizada esta conceituação na relação de consumo;
b) Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma pode completar a outra,
de forma direta (diálogo de complementaridade) ou indireta (diálogo de subsidiariedade). O
exemplo típico ocorre com os contratos de consumo que também são de adesão. Em relação
às cláusulas abusivas, pode ser invocada a proteção dos consumidores constante do art. 51
do CDC e, ainda, a proteção dos aderentes constante do art. 424 do CC;
c) Os diálogos de influências recíprocas sistemáticas estão presentes quando os concei-
tos estruturais de uma determinada lei sofrem influências da outra. Assim, o conceito de con-
sumidor pode sofrer influências do próprio Código Civil. Como afirma a própria Claudia Lima
Marques, “é a influência do sistema especial no geral e do geral no especial, um diálogo de
doublé sens (diálogo de coordenação e adaptação sistemática)”.

2. Princípios do Código de Defesa do Consumidor


O estudo dos princípios consagrados pelo Código de Defesa do Consumidor é importante
para a compreensão do arcabouço Consumerista, pois, como dito, são inúmeros conceitos
legais indeterminados, construções vagas e flexíveis que permeiam o CDC.
Antes de elencar os princípios que serão estudados, é prudente relembrar que segundo
Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, os princípios são

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[...] regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. Os
princípios gerais de direito não se encontram positivados no sistema normativo. São regras está-
ticas que carecem de concreção. Têm como função principal auxiliar o juiz no preenchimento das
lacunas. (TARTUCE, 2014).

Vamos estudar os seguintes princípios:


• Princípio da vulnerabilidade;
• Princípio da hipossuficiência;
• Princípio da transparência ou informação;
• Princípio da boa-fé;
• Princípio da confiança;
• Princípio do equilíbrio contratual;
• Princípio do acesso à justiça;
• Princípio da reparação integral;
• Princípio da solidariedade;
• Princípio da intervenção do Estado;
• Princípio da interpretação mais favorável ao consumidor;
• Princípio da efetividade;
• Princípio da harmonia das relações de consumo.
• Princípio do crédito responsável.

2.1. Princípio da Vulnerabilidade


Conforme ensina Bruno Miragem, Curso de Direito do Consumidor, 2016 “o princípio da
vulnerabilidade é o princípio básico que fundamenta a existência e aplicação do direito do
consumidor”.
Segundo o referido princípio, o consumidor é a parte fraca na relação jurídica consumeris-
ta, merecendo real proteção.
É bom ressaltar que a vulnerabilidade não depende de condição econômica, ou de qualquer
outra derivação. Trata-se de uma presunção absoluta e tem fundamento no art. 4º, I, do CDC.
Memorização da lei

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus inte-
resses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I – Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

Pontua-se que a vulnerabilidade da pessoa física (consumidora) é presumida, ao passo


que a vulnerabilidade da pessoa jurídica (consumidora) deverá ser comprovada no caso con-

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creto. Assim, caso a vulnerabilidade da pessoa jurídica não for demonstrada, pode ser que
estejamos tratando de uma relação empresarial, e não de uma relação consumerista, de sorte,
a não atrair o CDC.
No que tange à vulnerabilidade, a doutrina elenca espécies. Podendo ser:
• Vulnerabilidade Técnica: decorre da ausência de conhecimentos acerca das caracterís-
ticas e utilidade do produto ou serviço adquirido. Como, por exemplo, o consumidor que
adquire um computador para estudar para concursos públicos, mas não detém conheci-
mento técnico do funcionamento do produto.
• Vulnerabilidade Jurídica: decorre da falta de conhecimento, pelo consumidor, dos direi-
tos e deveres inerentes à relação de consumo. Como, por exemplo, o consumidor que
celebra um contrato de financiamento imobiliário, sem possuir conhecimento jurídico
para compreender as cláusulas contratuais.
• Vulnerabilidade Fática ou Econômica: decorre da condição de fragilidade do consumidor
frente ao fornecedor, em decorrência das circunstâncias de fato que levam o fornecedor
a ser superior. A superioridade pode ser financeira, social, cultural. Como, por exemplo, o
consumidor que adquire o serviço de TV à cabo, em sua residência, fornecido de forma
exclusiva pela empresa “X”.

É importante frisar que o conceito de vulnerabilidade é diverso do conceito de hipossufi-


ciência. Todo consumidor é vulnerável, característica inata à própria condição de destinatário
final de produto ou serviço, porém nem sempre será hipossuficiente.

Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente!!!

A doutrina diferencia vulnerabilidade de hipossuficiência. Vulnerabilidade é conceito de di-


reito material, por conseguinte, apresenta-se como uma presunção absoluta em favor do con-
sumidor, nos termos do art. 4º, I, do CDC.
Por sua vez, hipossuficiência é instituto de direito processual, decorre da dificuldade proba-
tória do consumidor, é uma presunção relativa, aferível no caso concreto (art. 6º, VIII, parte final).
Atualmente, a doutrina trabalha ainda com o conceito de hipervulnerabilidade ou vulnera-
bilidade agravada. Segundo a professora Cláudia Lima Marques (Manual de Direito do Consu-
midor, 2015) é

[...] a situação social fática e objetiva de agravamento da vulnerabilidade da pessoa física consumi-
dora, por circunstâncias pessoais aparentes ou conhecidas do fornecedor, como sua idade reduzida
(assim como no caso da comida para bebês ou da publicidade para crianças) ou sua idade alentada
(assim os cuidados especiais com idosos, no Código em diálogo com o Estatuto do Idoso, e a publi-
cidade de crédito para idosos) ou sua situação de doente (assim o caso do glúten e as informações
na bula de remédios). (MARQUES, 2015).

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A hipervulnerabilidade ou vulnerabilidade agravada é reconhecida pela jurisprudência do


STJ, no julgamento do REsp n. 1.358.057/PR e também no EREsp n. 1.515.895/MS, em que o
Tribunal da Cidadania determinou a contemplação da informação-advertência “CONTÉM GLÚ-
TEN: O GLÚTEN É PREJUDICIAL À SAÚDE DOS DOENTES CELÍACOS” aos produtos que conti-
verem este ingrediente.

JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROPAGANDA
ENGANOSA. COGUMELO DO SOL. CURA DO CÂNCER. ABUSO DE DIREITO. ART. 39, INCISO
IV, DO CDC. HIPERVULNERABILIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL COMPROVADO.
1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor ludibriado por propa-
ganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor de obter informações
claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura
de doenças malignas, dentre outras funções.
2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos
ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito de
características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração
do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração.
3. A propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a
induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado
de perigo (art. 156 do Código Civil).
4. A vulnerabilidade informacional agravada ou potencializada, denominada hipervulnera-
bilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilíbrio
entre as partes.
5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re
ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumi-
dor.
6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da
verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso
especial provido. (REsp 1329556/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TER-
CEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 09/12/2014).

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2.2. Princípio da Hipossuficiência


De forma diversa do conceito de vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito fático e
não jurídico, portanto, deverá ser analisada no caso concreto. Assim, lembre-se: Todo consu-
midor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
A hipossuficiência decorre da previsão expressa do art. 6º, inciso VIII, do CDC, e é utiliza-
da como instrumento de defesa do consumidor em juízo, notadamente quanto à inversão do
ônus da prova.
Memorização da lei

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII – a facilitação da defesa dos seus direitos, inclusive, com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipos-
suficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

Perceba que a hipossuficiência tem caráter processual, sendo analisada no caso concreto pelo
magistrado. No caso da existência hipossuficiência, o juiz poderá inverter o ônus da prova.

EXEMPLO
Aplicação da inversão do ônus da prova: João, consumidor, aduz que a operadora do cartão de
crédito está fazendo cobranças indevidas, pois não realizou as compras que estão na fatura do
seu cartão de crédito. O juiz entendendo que João não consegue comprovar que não realizou a
compra (fato negativo), e, por outro lado, entendendo o juiz que a operadora poderá comprovar
que, de fato, a compra ocorreu, poderá inverter o ônus da prova, em razão da hipossuficiência
de João. Não é razoável que o consumidor faça prova de fato negativo.

Assim, os institutos da vulnerabilidade e da hipossuficiência são diferentes, conforme Le-


andro Lages (Direito do Consumidor, 2017) afirma:

A vulnerabilidade independe da condição social, cultural ou econômica do consumidor, caracteriza-


-se pelo fato de o consumidor desconhecer as técnicas de produção. O consumidor hipossuficiente,
além de desconhecer as técnicas de produção, tem a sua situação agravada em virtude de fatores
econômicos, sociais e culturais, justificando a concessão de direitos e garantias extras, como a in-
versão do ônus da prova. (LAGES, 2017).

2.3. Princípio da Transparência ou Informação


O consumidor deve ser informado de forma adequada e clara a respeito do produto ou ser-
viço disponível no mercado de consumo. A informação deve conter descrições da quantidade,

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qualidade, riscos à saúde, forma de armazenamento, aspectos contratuais, quando for o caso,
com informações da taxa de juros, prazo de vencimento, etc.
O art. 6º, inciso III, CDC estabelece que a informação clara e adequada sobre os produtos
e serviços é direito básico do consumidor.
Memorização da lei

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação cor-
reta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei n. 12.741, de 2012)
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à
pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei n. 13.146, de
2015)

Importante pontuar que o parágrafo único estabelece que a informação deve ser acessível
à pessoa com deficiência.
Segundo posição doutrinária, a transparência nas relações de consumo deve ser observa-
da nas três etapas da relação jurídica:
a) Fase pré-contratual – art. 37, CDC;
b) Fase contratual – art. 46, CDC;
c) Fase pós-contratual- art. 10, parágrafo 1ª, CDC.
Cabe relembrar que “as cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor de-
verão ser redigidas com destaque permitindo sua imediata e fácil compreensão” – art. 54,
parágrafo 4º, CDC.
Ademais, com fundamento no princípio da transparência, o artigo 47 do CDC estabelece
que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.

2.4 Princípio da Boa-fé


Inicialmente, cumpre registrar que a boa-fé objetiva é prevista de forma explícita no art. 4º,
inciso III, do CDC.
Memorização da lei

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus inte-
resses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;

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A boa-fé objetiva consiste no dever imposto às partes que devem agir de forma leal, reta,
proba, ou seja, postura em conformidade com os padrões sociais da ética, correção e trans-
parência, respeitando a legítima expectativa que a outra parte contratante deposita na relação
jurídico-consumerista.
É importante relembrar que a boa-fé objetiva difere da boa-fé subjetiva, pois nesta há per-
quirição do elemento psicológico do agente, enquanto na objetiva não há questionamento da
intenção do agente, apenas verificação se a conduta adotada é leal, honesta, ética.

BOA-FÉ OBJETIVA DIFERE DE BOA-FÉ SUBJETIVA.

É cediço, ainda, que a boa-fé objetiva ostenta algumas funções. Vamos relembrar?
a) Função interpretativa ou critério hermenêutico – art. 4º, do CDC, e art. 113 do C.C. Diante
de um contrato que permita mais de uma interpretação, devemos buscar a interpretação que
esteja com maior consonância com a boa-fé objetiva.
b) Função integrativa ou criação de deveres jurídicos. A boa-fé objetiva tem o condão de
criar deveres anexos à obrigação principal. Deveres anexos que deverão ser observados pelos
fornecedores. São deveres anexos:
b.1) dever de informação: o consumidor deve ser informado da maneira adequada da utili-
zação do produto/ serviço adquirido;
b.2) dever de cuidado: o consumidor deve ser informado a maneira mais segura para utili-
zar o produto/ serviço adquirido;
b.3) dever de cooperação: o fornecedor deve cooperar com o consumidor para o bom ter-
mo da relação contratual, evitando conduta que importem abusos ou lesões a direitos ou às
legítimas expectativas do consumidor;
Segundo a doutrina, o descumprimento dos deveres anexos enseja o adimplemento ruim
do contrato ou a violação positiva do contrato;
c) Função de controle ou limitativa do exercício de direitos subjetivos. Quaisquer exercícios
de direitos por parte do fornecedor devem ser compatíveis com a boa-fé objetiva, sendo nulas
cláusulas contratuais incompatíveis com a boa-fé, art. 51, IV, do CDC.

2.5. Princípio da Confiança


A relação jurídico-consumerista deve respeitar as legítimas expectativas do consumidor
em relação ao produto ou serviço adquirido.

2.6. Princípio do Equilíbrio Contratual


O referido princípio tem fundamento no art. 6º, inciso do II, do CDC

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Art. 6ª São direitos básicos do consumidor:
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

O princípio do equilíbrio contratual tem decorrência direta da vulnerabilidade do consumi-


dor, visa corrigir um desequilíbrio fático entre consumidor e fornecedor de modo que o contra-
to de consumo seja guiado por cláusulas que assegurem o equilíbrio entre direitos e deveres,
especialmente, em favor do consumidor, pois este é a parte frágil na relação jurídica.
O CDC, antevendo o desequilíbrio fático existente entre consumidor e fornecedor, esta-
beleceu o rol de cláusulas abusivas que não devem constar em contrato de consumo (art.
51, do CDC).
Memorização da lei

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:
I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
situações justificáveis;
II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste
código;
III – transfiram responsabilidades a terceiros;
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em des-
vantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
V – (Vetado);
VI – estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII – determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII – imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX – deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X – permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI – autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja confe-
rido ao consumidor;
XII – obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII – autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
após sua celebração;
XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV – estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI – possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.

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2.7. Princípio do Acesso à Justiça


Sendo o consumidor hipossuficiente, deve-se facilitar seu acesso à justiça para a defesa
de seus direitos. Nesse cenário, O CDC elenca vários dispositivos que contemplam o princípio
do acesso à justiça, podemos listar:
Memorização da lei

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossufi-
ciente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as
espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do
disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I – a ação pode ser proposta no domicílio do autor;

No que tange ao art. 101, trata-se apenas de uma facultatividade do consumidor, visando
o mais amplo acesso à justiça. Inclusive, o STJ entende que o magistrado poderá de ofício, em
caso de cláusula de eleição de foro, em relações de consumo, declarar nula a referida cláusula,
caso verifique que foi instituída em prejuízo ao consumidor.
Por sua vez, o art. 6º do CDC, com arrimo no princípio do acesso à justiça, estabelece que
para a facilitação da defesa do consumidor é possível a inversão do ônus da prova.
A inversão do ônus ocorre quando o juiz, diante da alegação verossímil ou quando o con-
sumidor se mostrar hipossuficiente, inverterá carga probatória.
Observa-se que a inversão do ônus da prova é decorrência direta do princípio da vulnerabi-
lidade do consumidor. Assim, a fim de facilitar o exercício dos direitos do consumidor, o CDC
adotou a regra de distribuição dinâmica do ônus da prova e estabeleceu duas formas, segundo
a doutrina, de inversão do ônus da prova.
O art. 6º, VIII, prevê a denominada inversão ope judicis. Esta é determinada pelo juiz no
caso concreto, desde que presente uma das condições legais:
I – verossimilhança das alegações; ou
II – hipossuficiência.
Basta uma das duas!
Verificado um dos dois pressupostos, pode o juiz determinar a inversão do ônus da prova.
Vale ressaltar que a inversão do ônus da prova pode se dar de ofício ou a requerimento da parte.
O STJ, no precedente Resp n. 802832/MG, entendeu que a inversão do ônus da prova deve
ocorrer até o despacho saneador, a fim de não surpreender a outra parte e garantir o contra-
ditório e ampla defesa. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a inversão do ônus da prova é
regra de procedimento ou regra de instrução e não de julgamento.

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Por outro lado, há parcela doutrinária que entende que a inversão do ônus da prova é regra
de julgamento, isto é, no momento da sentença o juiz poderá inverter o ônus probatório.
Doutrina abalizada entende que a adoção do entendimento de que a inversão do ônus da
prova, possível no momento do julgamento, sem dar chances à parte que até então não tinha
tal ônus de produzir a prova, viola o princípio do contraditório, gerando cerceamento de defesa.

Obs.: Observação
Obs.: Inversão do ônus da prova é regra de procedimento ou de instrução, segundo o STJ.

Outros pontos importantes já decididos pela jurisprudência do STJ são:


I – a inversão do ônus da prova não significa que a parte contrária passa a ter a obrigação
de arcar com os custos da prova a ser produzida, ou seja, inversão do pagamento das despe-
sas relativas à prova não se confunde com inversão do ônus da prova;
II – a inversão do ônus da prova pode ser aplicada nas ações coletivas de consumo.
DIREITO DO CONCURSO

003. (FCC/MPE-CE/PROMOTOR/2011) A inversão do ônus da prova para facilitação da defe-


sa dos direitos do consumidor no processo civil:
a) obrigatória quando o pedido se fundar em norma de ordem pública, porque o interesse pri-
vado do fornecedor neste caso deverá ser sempre afastado.
b) obrigatória, sempre que o Ministério Público for o autor da ação e, nos casos em que, inter-
vindo como fiscal da lei, requerer aquele benefício.
c) inadmissível quando o objeto do processo revestir interesse exclusivamente privado, para
não ferir o princípio da isonomia.
d) admissível, a critério do juiz, desde que a parte o requeira, mediante declaração de pobreza
firmada de próprio punho, porque ela firma presunção relativa de sua hipossuficiência.
e) admissível quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossufi-
ciente, segundo as regras ordinárias de experiência.

De acordo com o art. 6º, VIII, CDC.


Letra e.

Visando o mais amplo acesso à justiça, o art. 5º do CDC estabelece que, para a execução
da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o Poder Público com os seguintes
instrumentos:
• Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
• Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério
Público;

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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
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• Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores víti-


mas de infrações penais de consumo;
• Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solu-
ção de litígios de consumo;
• Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do
Consumidor.

Vejam, o art. 5º viabiliza o princípio do acesso à justiça, facilitando o direito do consumidor.

2.8. Princípio da Reparação Integral


O CDC prevê a reparação integral dos danos sofridos pelo consumidor, seja material ou
moral. O fundamento está no art. 6º, VI, do CDC.
Memorização da lei

Art. 6ª São direitos básicos do consumidor:


VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

Ressalte-se que não apenas a pessoa física consumidora pode sofrer dano moral, mas,
também, a pessoa jurídica consumidora, nos termos da Súmula 227 do STJ.
Memorização de súmula

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Segundo a literalidade do CDC, a reparação do dano deverá ser integral, ou seja, o Código
repudia reparações tarifadas. Entretanto, é importante relembrar recentes posicionamentos do
STF no RE n. 636.331/RJ e STJ (no REsp n. 673.048-RS – DJ 18/05/2018), que entenderam que
é possível a limitação, por legislação internacional espacial, do direito do passageiro à indeni-
zação por danos materiais decorrentes de extravio de bagagem.

2.9. Princípio da Solidariedade


Segundo Bruno Miragem, Curso de Direito do Consumidor, 2016:

[...] o princípio da solidariedade promove a repartição dos riscos sociais entre os fornecedores para
que o consumidor lesado tenha efetivamente satisfeita sua pretensão, bem como, amplia para fora
da relação meramente contratual os efeitos do contrato e os meios financeiros para supri-las. (MI-
RAGEM, 2016).

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Segundo o art. 7º, parágrafo único, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
O art. 18 também afirma que os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor.
O art. 25, §1º, no mesmo sentido, preconiza que, havendo mais de um responsável pela
causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação.
Nítida é a preocupação do CDC em promover a repartição do risco de sorte para que o con-
sumidor possa, de fato, ser ressarcido dos danos. Claramente, há a consagração da responsa-
bilidade solidária entre os fornecedores.
Com suporte no princípio da solidariedade, o STJ entende que empresas de plano de saúde
respondem solidariamente por dano causado por médico ou hospital credenciados. Se o con-
sumidor sofrer o dano praticado pelo hospital credenciado, o plano de saúde e o hospital são
responsáveis solidários pela reparação do dano.
Memorização da lei
Art. 7º, parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidaria-
mente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

Art. 18º Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solida-
riamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas
Art. 25º, § 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solida-
riamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.

2.10. Princípio da Intervenção do Estado


O Estado deve intervir nas relações de consumo em defesa do consumidor (vulnerável da
relação jurídica).
A intervenção poderá ocorrer no âmbito administrativo, legislativo ou judicial e encontra
fundamento no art. 4º, II, do CDC.
Memorização da lei

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus inte-
resses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;

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b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

2.11. Princípio da Interpretação mais Favorável ao Consumidor


Em caso de cláusula dúbia, será adotado o princípio da interpretação mais favorável ao
consumidor. Nesse sentido, o art. 47 do CDC diz que as cláusulas contratuais serão interpreta-
das de maneira mais favorável ao consumidor.
Em homenagem ao instituto do diálogo das fontes, que terá aplicação na relação jurídica
consumerista, o art. 423 do CC entende que, quando houver no contrato de adesão cláusulas
ambíguas e contraditórias, deve ser adotada a interpretação mais favorável ao aderente.
Inclusive, o STJ entendeu que, quando a cláusula do contrato de seguro preconiza que a
cobertura engloba apenas o evento decorrente de furto qualificado, a seguradora não pode se
negar a cobrir o evento decorrente de furto simples. Isso porque a distinção jurídica entre o que
é furto simples e furto qualificado requer conhecimento inerente ao bacharel em Direito. Isto é,
o homem médio ao celebrar o contrato de seguro acredita que o seu veículo estará protegido
contra furtos (furto simples e furto qualificado), devendo a cláusula ser interpretada de manei-
ra mais favorável ao consumidor.

2.12. Princípio da Efetividade


O CDC busca a proteção efetiva do consumidor, são exemplos, a solidariedade entre os
fornecedores, a previsão de desconsideração da personalidade jurídica, a previsão da tutela
coletiva, bem como outros institutos jurídicos que prezam pela efetividade.

2.13. Princípio da Harmonia das Relações de Consumo


As relações consumeristas devem ter como norte a conjugação de interesses entre forne-
cedor e consumidor buscando a igualdade substancial entre os envolvidos e o cumprimento
integral do contrato. Todavia, o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor não pode
implicar tratamento hostil do fornecedor. A ideia central é o equilíbrio.
O CDC, quando estabelece a Política Nacional das Relações de Consumo, diz que essa po-
lítica terá por objetivo, dentre outros, assegurar a harmonia das relações de consumo.
Memorização da lei

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das neces-
sidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus in-
teresses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei n. 9.008, de
21.3.1995)

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III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;

2.14. Princípio do Crédito Responsável


A lei do Superendividamento, Lei 14.181/2021, sancionada em 1º de julho de 2021, surge
com o objetivo de aperfeiçoar as normas sobre crédito ao consumidor e prevenir e tratar o su-
perendividamento do consumidor.
A nova lei promove alterações substanciais no Código de Defesa do Consumidor (CDC) e
alteração singela no Estatuto do Idoso.
Segundo a Lei 14.181/2021, o superendividamento do consumidor é definido como “a im-
possibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas
dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos ter-
mos da regulamentação”, conforme o artigo 54-A, §1º do Código de Defesa do Consumidor.
A primeira observação é: a LEI DO SUPERENDIVIDAMENTE É APLICÁVEL APENAS AO CON-
SUMIDOR PESSOA NATURAL.
Em decorrência da definição legal do superendividamento é possível extrair o princípio do
crédito responsável. O princípio do crédito responsável vincula os credores, os devedores e o
Poder Público com vistas a evitar o superendividamento do consumidor- pessoa natural.
Partindo do princípio do crédito responsável é possível extrair a preocupação do legislador
em assegurar, no mercado de consumo, práticas comerciais saudáveis e condutas que sejam
compatíveis com a realização sustentável do contrato.
Para assegurar a prática comercial saudável, o princípio do crédito responsável vincula: os
credores, os devedores e o Poder Público.
CREDORES: dever jurídicos de não fornecer créditos irresponsáveis, impagáveis por parte
do consumidor. Créditos estes que, por uma análise prévia e cautelosa, é evidente a impossibi-
lidade de pagamento pelo consumidor.
Podemos concluir que o credor tem o dever jurídico de não estimular o endividamento im-
prudente e açodado do consumidor.
DEVEDORES: dever jurídico de adoção de comportamentos saudáveis e prudentes no mo-
mento da contratação de dívidas, evitando assumir compromissos além de sua capacidade
financeira.
PODER PÚBLICO: edição de atos normativos, políticas públicas e atividades de fiscalização
no sentido de evitar práticas que contrariem o crédito responsável.
No PDF de n. 4, iremos estudar as alterações promovidas no CDC em decorrência da Lei
14.181/2021, Lei do Superendividamento.

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3. Relação Jurídica de Consumo


A relação jurídica de consumo é composta pelos elementos subjetivos e objetivos.
Elementos subjetivos: consumidor e
Elemento objetivo: produto ou serviço;
fornecedor;
Memorização da lei

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.

Vamos dar início aos nossos estudos pela conceituação de consumidor, o primeiro ele-
mento subjetivo da relação jurídica de consumo.
a) Conceito de Consumidor
I – Consumidor stricto sensu (ou standard, ou padrão): conceito expresso no caput do art.
2º, do CDC: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou ser-
viço como destinatário final.”
Elementos do conceito legal:
I – pessoa física ou jurídica;
II – que adquire ou utiliza produto ou serviço;
III – como destinatário final.
Aspecto subjetivo: consumidor é a pessoa física ou a pessoa jurídica, independente se
brasileiro ou estrangeiro.
Aspecto objetivo: consumidor é aquele que adquire ou utiliza um produto ou serviço.
Aspecto teleológico: a aquisição do produto ou utilização do serviço deverá ocorrer na
qualidade de destinatário final;
O ponto central do conceito legal é entender e delimitar o âmbito de incidência da expres-
são “destinatário final”, conforme previsão legal.
Inicialmente, surgiram duas correntes:
1ª - Teoria Finalista ou subjetiva: consumidor é aquele que retira o produto ou serviço do
mercado de consumo dando destinação fática e econômica para o bem. Em outras palavras,

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consumidor é aquele que não reinsere esse bem no mercado de consumo, encerrando a ca-
deia. Por exemplo, é aquele que compra um computador para estudar para concursos públicos,
para utilização pessoal- assistir vídeos aulas da prof. Keity, ler PDF de Direito do Consumidor.
Confira precedente jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça seguindo a corrente
finalista.

JURISPRUDÊNCIA
Tratando-se de financiamento obtido por empresário, destinado precipuamente a incre-
mentar a sua atividade negocial, não se podendo qualificá-lo, portanto, como destinatário
final, inexistente é a pretendida relação de consumo. Inaplicação no caso do Código de
Defesa do Consumidor (STJ, REsp. 218505/MG, DJ 14/02/2000, Rel. Min. Barros Mon-
teiro, j. 16/09/1999)

2ª - Teoria Maximalista ou objetiva: consumidor é aquele que retira o produto ou serviço


do mercado de consumo dando destinação simplesmente fática ao bem. Assim, basta que
o consumidor tenha adquirido determinado bem para se enquadrar no conceito legal, pouco
importando se irá reinserir na cadeia de consumo. Por exemplo, aquele que compra um com-
putador para seu estabelecimento empresarial. Segundo a teoria maximalista, nessa situação
apresentada, esse contrato de compra do computador receberia a incidência do CDC.
Observem que as duas teorias são opostas, assim surgiu a teoria finalista aprofundada,
abrandada, mitigada ou intermediária. Essa teoria está pautada nos ensinamentos da profes-
sora de Cláudia Lima Marques.
Segundo a teoria finalista aprofundada, é preciso perquirir a noção de vulnerabilidade do
consumidor, com base no art. 4º, I, do CDC.
A teoria finalista aprofundada é adotada pelo Superior Tribunal de Justiça.
3ª - Teoria Finalista Aprofundada ou Mitigada (ou abrandada): consumidor é aquele que dá
destinação fática e econômica ao bem. Todavia, se no caso concreto houver alguma espécie
de vulnerabilidade do consumidor em face do fornecedor, haverá a incidência do Código de De-
fesa do Consumidor, ainda que o bem tenha sido adquirido como insumo da atividade negocial
do consumidor (consumo intermediário). Por exemplo, aquele que compra um computador
para sua quitanda de frutas e verduras, verificado, no caso concreto, a vulnerabilidade, esse
pequeno empresário será considerado consumidor, ou seja, mesmo adquirindo o produto para
reinserir na atividade econômica.

O que é vulnerabilidade?

Vulnerabilidade é o reconhecimento de que uma das partes da relação contratual (o consu-


midor) é mais fraca, merecendo proteção especial. Segundo Cláudia Lima Marques, “a vulne-
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rabilidade é multiforme, sendo um conceito legal indeterminado, que exige tratamento diferen-
ciado em favor da parte mais fraca (favor debilis), com efeitos práticos”.
Quais são as espécies de vulnerabilidade?
• Vulnerabilidade Jurídica – ausência de conhecimento jurídico, contábeis e financeiros;
• Vulnerabilidade Técnica – o consumidor não tem conhecimento técnico do produto ou
serviços;
• Vulnerabilidade Econômica ou fática – o fornecedor tem maior poderio econômico;
• Vulnerabilidade Informacional – o consumidor não possui todas as informações sobre
o produto ou serviço.

Portanto, para o consumidor que adquire o produto ou serviço como insumo de sua ativi-
dade profissional (consumo intermediário), incidirá o CDC na contratação, se observada uma
das espécies de vulnerabilidade elencadas.

EXEMPLO
Um motorista de Uber frente à montadora de veículos; costureira autônoma frente a fabricante
de máquina de costura; dono de pequeno bar frente a fabricante da cerveja Skol.

JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL CIVIL. PROCESSO CIVIL.
RECURSO MANEJADO SOB A GIDE DO CPC/73. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RECURSO ESPE-
CIAL. PESSOA JURÍDICA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO CDC. TEORIA FINA-
LISTA MITIGADA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 27 DO CDC. SÚMULA N” 83 DO STJ.
AGRAVO REGIMENTAL NˆO PROVIDO. (...)
2. A jurisprudência desta Corte tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar
a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora
não seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situ-
ação de vulnerabilidade. Tem aplicação a Súmula n” 83 do STJ.
3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 646.466/ES, Rel. Ministro MOURA
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 10/06/2016)

Frisa-se que a vulnerabilidade em favor do consumidor, pessoa física, é presumida e os-


tenta presunção absoluta. Por outro lado, o consumidor pessoa jurídica deverá demonstrar no
caso concreto a presença da vulnerabilidade.
A doutrina e jurisprudência avançam e reconhecem a Hipervulnerabilidade do consumidor,
conceito já estudado em tópico anterior.
Além do consumidor em sentido estrito, há o consumidor por equiparação.

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II – Consumidor por equiparação (ou bystander, ou by standard): são aquelas pessoas que
não se enquadram no conceito de consumidor padrão, mas foram tutelados pela lei como
vulneráveis e, por consequência, têm especial proteção do Código de Defesa do Consumidor.
Estão previstos no art. 2º, parágrafo único; art. 17; e art. 29.
Memorização da lei

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,


que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pesso-
as determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

O consumidor por equiparação (ou bystander) não adquiriu ou utilizou produto ou serviço,
mas será considerado consumidor nos casos determinados pela lei.
Art. 2º, parágrafo único, CDC
Segundo o dispositivo, equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Por exemplo, pessoa compra o
produto de limpeza”x” e este é utilizado por vários estudantes residentes na mesma república,
caso haja defeito no produto de limpeza, e vários estudantes sofram lesões no corpo por conta
do produto, todos eles serão consumidores por equiparação, pois intervieram na relação de
consumo. Mesmo que não tenham firmado contrato de consumo, serão considerados consu-
midores por equiparação.
Art. 17, do CDC
Por outro lado, o art. 17 amplia a noção de consumidor a fim de proteger todas as vítimas
de um acidente de consumo, por exemplo: consumidor compra um computador para estudar e
chama os amigos concurseiros(as) para assistirem à videoaula de Consumidor da @prof.keity,
esse computador explode e causa lesão em todos os presentes. O consumidor que comprou
o computador será considerado consumidor padrão (art. 2º, do CDC), meus amigos concursei-
ros(as) que não compraram o computador serão considerados consumidores por terem sido
vítimas de um acidente de consumo, nos termos do art. 17, do CDC.
Inclusive, o STJ já considerou consumidor por equiparação o proprietário de um imóvel que
sofre danos em decorrência da queda de aeronave em sua residência.

JURISPRUDÊNCIA
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ACIDENTE AÉREO. TRANSPORTE DE MALOTES.
RELAÇÃO DE CONSUMO. CARACTERIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SER-
VIÇO. VÍTIMA DO EVENTO. EQUIPARAÇÃO A CONSUMIDOR. ARTIGO 17 DO CDC.
I – Resta caracterizada relação de consumo se a aeronave que caiu sobre a casa das
vítimas realizava serviço de transporte de malotes para um destinatário final, ainda que

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pessoa jurídica, uma vez que o artigo 2” do Código de Defesa do Consumidor não faz
tal distinção, definindo como consumidor, para os fins protetivos da lei, “... toda pessoa
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Abrandamento do rigor técnicos do critério finalista.
II – Em decorrência, pela aplicação conjugada com o artigo 17 do mesmo diploma legal,
cabível, por equiparação, o enquadramento do autor, atingido em terra, no conceito de
consumidor. Logo, em tese, admissível a inversão do ônus da prova em seu favor. Recurso
especial provido.
(REsp 540.235/TO, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em
07/02/2006, DJ 06/03/2006, p. 372)

Art. 29, CDC


O artigo 29 preconiza que, para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos con-
sumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
Essa referência está ligada à ideia de publicidade. As pessoas sujeitas à publicidade são
consumidores por equiparação. Assim, diante da previsão legal, é plenamente possível que
tenha consumidor sem qualquer contrato de consumo.
Ao lado do consumidor existe a figura do fornecedor.
b) Conceito de Fornecedor
O conceito de fornecedor é expresso no Código de Defesa do Consumidor. Conforme dis-
põe o art. 3º, do CDC:

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.

Observem o quanto é amplo o conceito de fornecedor. Sendo assim, para o CDC, o vocábu-
lo fornecedor é delimitado como gênero, do qual são espécies, segundo o art. 3º: o produtor,
montador, criador, fabricante, construtor, transformador, importador, exportador, distribuidor,
comerciante e o prestador de serviços.
A intenção do CDC foi ampliar ao máximo o conceito de fornecedor. Em linhas gerais, for-
necedor é aquele que desenvolve atividade profissional com habitualidade. Nesse viés, aquele
que vende um bem eventualmente não é considerado fornecedor, o que afasta a relação jurídi-
ca de consumo.
O STJ já decidiu que agência de viagem, quando vende veículo próprio, não atua como
fornecedor, já que a venda de veículos não faz parte da atividade comercial de uma agência
de viagem.

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JURISPRUDÊNCIA
As normas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam às relações de compra e
Venda de objeto totalmente diferente daquele que não se reveste da natureza do comér-
cio exercido pelo vendedor. No caso, uma agência de viagem. Assim, quem vendeu o veí-
culo não pode ser considerado fornecedor à luz do CDC (STJ, AGA 150829/DF, Rei. Min.
Waldemar Zveiter, DJ 11/05/1998).

Conforme conceito legal, os entes despersonalizados estão incluídos no conceito de forne-


cedor, como por exemplo o espólio a massa falida.
O STJ já assentou que mesmo as entidades sem fins lucrativos, de caráter beneficente e
filantrópico, poderão ser consideradas fornecedor, caso desempenhem atividade no mercado
de consumo mediante remuneração e para o público em geral. Por exemplo, a entidade filan-
trópica que forneça para comunidade em geral “escolinha de futebol”, mediante remuneração.
O profissional liberal, segundo o CDC, é considerado fornecedor de serviços. Profissional
liberal é aquele que exerce com autonomia a seu ofício, sem subordinação técnica a outrem.
Como por exemplo: o dentista, o arquiteto, o médico, o engenheiro etc.
Ainda, vale ressaltar que há presença de fornecedor no art. 3º do Estatuto do Torcedor:

Art. 3º Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de
setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade
de prática desportiva detentora do mando de jogo.

Segundo a doutrina do professor Leonardo de Medeiros Garcia (Código de Defesa do Con-


sumidor, comentado artigo por artigo, 2017):

[...]os fornecedores podem ser divididos em:


I – fornecedor real: é o fabricante, o produtor e o construtor;
II – fornecedor aparente: o detentor do nome, marca ou signo aposto no produto final;
III – fornecedor presumido: o importador de produto industrializado ou in natura e o comerciante de
produto anônimo. (GRACIA, 2017).

Observação
Resumidamente, é FORNCEDOR quem desenvolve atividade profissional no mercado de con-
sumo com:
1) Habitualidade;
2) Especialização; e
3) Fim econômico.

Além dos elementos subjetivos da relação de consumo, há elementos objetivos, a saber:


produto e serviço.
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c) Produto e Serviço
O CDC, igualmente, prevê a definição de produto e serviço.

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.


§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.

A remuneração de que faz referência o parágrafo segundo é entendida tanto como a remu-
neração direta (p.ex.: pagamento do serviço), bem como a remuneração indireta (p.ex.: esta-
cionamento “gratuito” do supermercado ou shopping center). Assim sendo, mesmo o serviço
aparentemente gratuito poderá sofrer incidência do CDC.
Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, é possível aplicação do CDC em Ser-
viço Público uti singuli, isto é, aquele que pode ser individualizado. Este tipo de serviço público
é remunerado mediante tarifa, como, por exemplo, o serviço de energia elétrica e água.
Por sua vez, o serviço público prestado uti universi não estaria englobado pelas normas
do CDC, uma vez que não é individualizado e é remunerado por tributo, o que caracteriza uma
relação jurídica tributária.

Obs.: Resumidamente:
 a) serviço público uti singuli: relação jurídica de consumo; Incidência do CDC.
 b) serviço público uti universi: relação jurídica tributária. Não incidência do CDC.

4. Incidência do Código de Defesa do Consumidor


Tópico de bastante relevância em concursos públicos é a verificação da incidência do Có-
digo de Defesa do Consumidor na relação jurídica. Assim, iremos explorar e memorizar os
principais julgados do Superior Tribunal de Justiça.

4.1. Instituições Financeiras


Segundo a súmula 297 do STJ, é possível a aplicação do CDC às instituições financeiras.
Memorização de súmula

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 297
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.

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Todavia, é importante ressalvar que, segundo o STJ, a despeito da aplicação do CDC às


instituições financeiras, o julgador não poderá declarar de ofício a nulidade e em contratos
bancários.
Memorização de súmula

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n 381 “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abu-
sividade das cláusulas.

4.2. Contratos Planos de Saúde


Segundo o STJ, em entendimento sumulado (Súmula 608 do STJ), aplica-se o Código de
Defesa do consumidor à relação firmada entre consumidores e operadoras de planos de saú-
de, salvo aqueles administrados por entidades de autogestão.
Memorização de súmula

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 608, STJ - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.

Planos de saúde de autogestão, também denominados de planos fechados de saúde, são


criados por órgãos, entidades ou empresas para beneficiar um grupo restrito de filiados com a
prestação de serviços de saúde.
Os planos de autogestão são mantidos por instituições sem fins lucrativos e administrados
paritariamente, de forma que no seu conselho deliberativo ou de administração, existam repre-
sentantes do órgão ou empresa instituidora e dos associados ou usuários.
O alvo do plano de saúde de autogestão é baixar os custos para seus usuários, em razão
da ausência do lucro.

Obs.: Exemplo
 CASSI (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil).

Observe, aluno(a), que o plano de saúde de autogestão não é comercializado de forma


irrestrita e não visa o lucro, o referido plano tem público específico e delimitado, de sorte a
afastar a incidência do CDC.
Em casos de planos de autogestão, o STJ entende pela não aplicação do Código de Defesa
do Consumidor.

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JURISPRUDÊNCIA
RECURSO ESPECIAL. ASSISTÊNCIA PRIVADA SAÚDE. PLANOS DE SAÚDE DE AUTOGES-
TÃO. FORMA PECULIAR DE CONSTITUIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO. PRODUTO NÃO OFERE-
CIDO AO MERCADO DE CONSUMO. INEXISTÊNCIA DE FINALIDADE LUCRATIVA. RELA-
ÇÃO DE CONSUMO NÃO CONFIGURADA. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC.
1. A operadora de planos privados de assistência saúde, na modalidade de autogestão, é
pessoa jurídica de direito privado sem finalidades lucrativas que, vinculada ou não à enti-
dade pública ou privada, opera plano de assistência à saúde com exclusividade para um
público determinado de beneficiários.
2. A constituição dos planos sob a modalidade de autogestão diferencia, sensivelmente,
essas pessoas jurídicas quanto à administração, forma de associação, obtenção e repar-
tição de receitas, diversos dos contratos firmados com empresas que exploram essa ati-
vidade no mercado e visam ao lucro.
3. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor ao contrato de plano de saúde admi-
nistrado por entidade de autogestão, por inexistência de relação de consumo.
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1285483/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
22/06/2016, DJe 16/08/2016)

4.3. Entidades de Previdência Privada


A Súmula 321 do STJ estabelecia que se aplicava o CDC na relação jurídica entre a entidade
de previdência privada e seus participantes.
Entretanto, a súmula 321 do STJ foi cancelada, e editada a súmula 563 do STJ.
Memorização de súmula

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 563, STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável as entidades abertas de
previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechada.

As entidades fechadas são pessoas jurídicas organizadas sob a forma de fundação ou


sociedade civil, mantidas por grandes empresas ou grupos de empresa, para oferecer planos
de previdência privada aos seus funcionários, sem finalidade lucrativa, já que os rendimentos
auferidos são integralmente revertidos para manutenção da própria entidade ou conversão de
benefícios para seus próprios participantes.

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Assim, aplica-se, portanto, o CDC aos planos de previdência privada de regime aberto, mas
não se aplica aos planos de previdência privada de regime fechado, exatamente por inexistir a
finalidade lucrativa.
Memorização de súmula

JURISPRUDÊNCIA
DIREITO CIVIL. INAPLICABILIDADE DO CDC ÀS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA
PRIVADA.
O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes
ou assistidos de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada,
mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial. É conve-
niente assinalar, para logo, que não se cogita aqui em afastamento das normas especiais
inerentes à relação contratual de previdência privada para aplicação do Diploma Consu-
merista, visto que só terá cabimento pensar na sua aplicação a situações que não tenham
regramento específico na legislação especial previdenciária de regência. Dessarte, como
regra basilar de hermenêutica, no confronto entre as regras específicas e as demais do
ordenamento jurídico, deve prevalecer a regra excepcional. Nesse passo, há doutrina afir-
mando que, como o CDC não regula contratos específicos, em casos de incompatibi-
lidade há clara prevalência da lei especial nova pelos critérios de especialidade e cro-
nologia. Desse modo, evidentemente, não caberá, independentemente da natureza da
entidade previdenciária, a aplicação do CDC de forma alheia às normas específicas ine-
rentes à relação contratual de previdência privada complementar. Esse entendimento foi
recentemente pacificado no STJ, em vista da afetação à Segunda Seção do STJ do AgRg
no AREsp 504.022-SC (DJe 30/09/2014), tendo constado da ementa que “[...] é descabida
a aplicação do Código de Defesa do Consumidor alheia às normas específicas inerentes
à relação contratual de previdência privada complementar e à modalidade contratual da
transação, negócio jurídico disciplinado pelo Código Civil, inclusive no tocante à disciplina
peculiar para o seu desfazimento”. Por oportuno, o conceito de consumidor (art. 2º do
CDC) foi construído sob ótica objetiva, porquanto voltada para o ato de retirar o produto
ou serviço do mercado, na condição de seu destinatário final. Por sua vez, fornecedor (art.
3º, § 2º, do CDC) é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estran-
geira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de prestação
de serviços, compreendido como “atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração” - inclusive as de natureza financeira e securitária -, salvo as de caráter traba-
lhista. Nessa linha, afastando-se do critério pessoal de definição de consumidor, o legisla-
dor possibilita, até mesmo às pessoas jurídicas, a assunção dessa qualidade, desde que
adquiram ou utilizem o produto ou serviço como destinatário final. Dessarte, consoante
doutrina abalizada sobre o tema, o destinatário final é aquele que retira o produto da

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cadeia produtiva (destinatário fático), mas não para revendê-lo ou utilizá-lo como insumo
na sua atividade profissional (destinatário econômico). No ponto em exame, parece evi-
dente que há diferenças sensíveis e marcantes entre as entidades de previdência pri-
vada aberta e fechada. Embora ambas exerçam atividade econômica, apenas as abertas
operam em regime de mercado, podem auferir lucro das contribuições vertidas pelos
participantes (proveito econômico), não havendo também nenhuma imposição legal de
participação de participantes e assistidos, seja no tocante à gestão dos planos de benefí-
cios, seja ainda da própria entidade. Nesse passo, assinala-se que, conforme disposto no
art. 36 da LC 109/2001, as entidades abertas de previdência complementar são consti-
tuídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas. Elas, salvo as instituídas antes
da mencionada lei, têm necessariamente, finalidade lucrativa e são formadas por insti-
tuições financeiras e seguradoras, autorizadas e fiscalizadas pela Superintendência de
Seguros Privados (Susep), vinculada ao Ministério da Fazenda, tendo por órgão regulador
o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Assim, parece nítido que as relações
contratuais entre as entidades abertas de previdência complementar e participantes e
assistidos de seus planos de benefícios - claramente vulneráveis - são relações de mer-
cado, com existência de legítimo auferimento de proveito econômico por parte da admi-
nistradora do plano de benefícios, caracterizando-se genuína relação de consumo. Con-
tudo, no tocante às entidades fechadas, as quais, por força de lei, são organizadas “sob a
forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos”, a questão é tormentosa, pois
há um claro mutualismo entre a coletividade integrante dos planos de benefícios admi-
nistrados por essas entidades. Nesse diapasão, o art. 34, I, da LC 109/2001 deixa límpido
que as entidades fechadas de previdência privada “apenas” administram os planos (inclu-
sive, pois, o fundo formado, que não lhes pertence), havendo, conforme dispõe o art. 35,
gestão compartilhada entre representantes dos participantes e assistidos e dos patroci-
nadores nos conselhos deliberativo (órgão máximo da estrutura organizacional) e fiscal
(órgão de controle interno). No tocante ao plano de benefícios patrocinado por entidade
da administração pública, conforme dispõem os arts. 11 e 15 da LC 108/2001, há gestão
paritária entre representantes dos participantes e assistidos - eleitos por seus pares - e
dos patrocinadores nos conselhos deliberativos. Ademais, é bem verdade que os valores
alocados ao fundo comum obtido, na verdade, pertencem aos participantes e beneficiá-
rios do plano, existindo explícito mecanismo de solidariedade, de modo que todo exce-
dente do fundo de pensão é aproveitado em favor de seus próprios integrantes. Diante
de tudo que foi assinalado, observa-se que as regras do Código Consumerista, mesmo
em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial, não se aplicam às
relações envolvendo participantes e/ou assistidos de planos de benefícios e entidades
de previdência complementar fechadas. Assim, a interpretação sobre a Súmula 321 do
STJ - que continua válida - deve ser restrita aos casos que envolvem entidades abertas de

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previdência. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/8/2015,
DJe 20/10/2015.

4.4. Relação Condômino e Condomínio


Segundo o STJ, não há relação consumerista entre o condômino e o condomínio.
Memorização jurisprudencial

JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
RECURSO ESPECIAL FUNDADO NA ALÍNEA “A” DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL.
INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO SUPOSTAMENTE VIOLADO. AUSÊNCIA. SÚMULA 284/STF.
RELAÇÃO ENTRE CONDOMÍNIO E CONDÔMINOS. INAPLICABILIDADE DO CDC.
1. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embar-
gos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo”. Súmula 211/STJ.
2. O recurso especial é apelo de fundamentação vinculada e, por não se aplicar nessa
instância o brocardo iura novit curia, não cabe ao Relator, por esforço hermenêutico, iden-
tificar o dispositivo supostamente violado para suprir deficiência na fundamentação do
recurso. Incidência da Súmula n.” 284/STF.
3. Não se aplicam as normas do Código de Defesa do Consumidor as relações jurídicas
estabelecidas entre condomínio e condôminos.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no Ag 1122191/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 22/06/2010, DJe 01/07/2010)

Entretanto, ressalta-se que o condomínio poderá figurar como consumidor, desde que seja
destinatário final de produto ou serviço, conforme julgado do STJ.

JURISPRUDÊNCIA
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESTITUIÇÃO EM DOBRO DE PAGAMENTO
FEITO A MAIOR. INCIDÊNCIA DO CDC. ACORDÃO DECIDIDO COM BASE EM DIREITO
LOCAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME POR MEIO DE APELO EXCEPCIONAL. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO PARA NÃO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL.
1. “O Condomínio utiliza a Água fornecida para consumo das pessoas que nele residem,
e não como produto de comercialização, nesse sentido, o destinatário final da água está
inserido no conceito de consumidor e submetido à relação de consumo, devendo, por-
tanto, ser observados os ditames do Código de Defesa do Consumidor.” [...]

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(AgRg no Ag 961.132/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,


julgado em 22/06/2010, DJe 05/08/2010)

4.5. Segundo o Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não


se Aplica o CDC
• Não se aplica o CDC às relações entre autarquia previdenciária (INSS) e seus beneficiá-
rios;
• Não se aplica o CDC às relações jurídicas tributárias entre contribuinte e o Estado;
• Não se aplica o CDC nas relações de locações disciplinadas pela Lei n. 8.245/1991;
• Não se aplica o CDC nas relações entre estudantes e programas de financiamento es-
tudantil, pois esse financiamento não é enquadrado como serviço bancário, e sim um
fomento à educação;
• Não se aplica o CDC nos contratos de financiamento bancário com o propósito de am-
pliar capital de giro;
• Não se aplica o CDC nos casos de contratos administrativos;
• Não se aplica o CDC nas relações entre cooperativa e cooperado para o fornecimento de
produtos agrícolas, pois se trata de ato cooperativo típico;
• Não se aplica o CDC nas relações entre os consorciados entre si;
• Não se aplica o CDC no caso de serviço público de saúde, custeado com receitas tribu-
tárias;
• Não se aplica o CDC nas relações trabalhistas;
• Não se aplica o CDC nas relações entre representante comercial autônomo e sociedade
representada;
• Não se aplica o CDC nas relações entre postos e distribuidores de combustível;
• Não se aplica o CDC nas relações entre lojistas e administração de shopping;
• Não se aplica o CDC no caso de serviços advocatícios.

4.6. Segundo o Entendimento do Superior Tribunal de Justiça,


Aplica-se o CDC
• Aplica-se o CDC nas relações entre usuários e a Empresa Brasileira de Correios e Telé-
grafos;
• Aplica-se o CDC nas relações entre cooperativas de crédito e seus clientes, pois inte-
gram o Sistema Financeiro Nacional;
• Aplica-se o CDC nas relações entre concessionária de serviço público e seus usuários,
desde que o serviço seja uti singuli e remunerado por meio de tarifa;
• Aplica-se o CDC na relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de veícu-
los, desde que o seguro não integre os produtos ou serviços comercializados por estas;
• Aplica-se o CDC nas relações entre os associados e a administradora do consórcio;

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• Aplica-se o CDC nas relações de entidade privada (ou aberta) e seus participantes;
• Aplica-se o CDC para aquisição de veículo para utilização como táxi; (aplicação da teoria
finalista mitigada)
• Aplica-se o CDC em relação aos contratos de administração imobiliária, caso em que o
proprietário do imóvel contrata uma imobiliária para administrar seus interesses;
• Aplica-se o CDC nas relações entre sociedade empresária vendedora de aviões e socie-
dade empresária administradora de imóveis que tenha adquirido avião com o objetivo de
facilitar o deslocamento de sócios e funcionários;
• Aplica-se o CDC nas relações entre sociedades ou associações sem fins lucrativos,
quando fornecerem produto ou prestarem serviço remunerado;
• Aplica-se o CDC no caso de doação de sangue (fornecedor vende sangue a hospitais e
terceiros);
• Aplica-se o CDC no caso de serviços funerários;
• Aplica-se o CDC nas relações entre microempresa que celebra contrato de seguro;
• Aplica-se o CDC no caso de aplicações em fundos de investimento;
• Aplica-se o CDC nas relações entre estabelecimento de casa noturna e clientes.

5. Súmulas e Jurisprudência
5.1. Súmulas
Nesse tópico, separamos as principais súmulas correlacionadas aos temas estudados,
bem como os julgados do STF e STJ pertinentes.

Súmula n. 130 do STJ - A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou
furto de veículo ocorridos em seu estacionamento.
Súmula n. 269 do STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras.
Súmula n. 356 - É legítima a cobrança de tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia
fixa.
Súmula n. 381 - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas.
Súmula n. 407 - É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as catego-
rias de usuários e as faixas de consumo.
Súmula n. 469 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de
saúde.
Súmula n. 477 - A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas
para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.

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Súmula n. 479 - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gera-


dos por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias.
Súmula n. 563 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de
previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas.
Súmula n. 566 - Nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução
CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no início do
relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira.
Súmula n. 572 - O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de
Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o deve-
dor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva para as
ações de reparação de danos fundadas na ausência de prévia comunicação.
Súmula n. 595 - As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos
suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Minis-
tério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.
Súmula n. 601 - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direi-
tos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorren-
tes da prestação de serviço público.
Súmula n. 602 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos
habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.
Súmula n. 608 do STJ - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de
plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
Súmula n. 609 do STJ - A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença pre-
existente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou
a demonstração de má-fé do segurado.
Súmula n. 610 do STJ - O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do
contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante
da reserva técnica formada.
Súmula n. 620 do STJ - A embriaguez do segurado não exime a seguradora do paga-
mento da indenização prevista em contrato de seguro de vida.
Súmula n. 638 do STJ - É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabili-
dade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem
entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil.

5.2. Jurisprudência
Julgados Importantes do STF

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JURISPRUDÊNCIA 1
COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DO CONSUMIDOR
EMENTA- Ação direta de inconstitucionalidade. Lei n. 3.874, de 24 de junho de 2002, do
Estado do Rio de Janeiro, a qual disciplina a comercialização de produtos por meio de
vasilhames, recipientes ou embalagens reutilizáveis. Inconstitucionalidade formal. Inexis-
tência. Competência concorrente dos estados-membros e do Distrito Federal para legis-
lar sobre normas de defesa do consumidor. Improcedência do pedido. 1. A Corte teve
oportunidade, na ADI n. 2.359/ES, de apreciar a constitucionalidade da Lei n. 5.652/98 do
Estado do Espírito Santo, cuja redação é absolutamente idêntica à da lei ora questionada.
Naquela ocasião, o Plenário julgou improcedente a ação direta de inconstitucionalidade,
por entender que o ato normativo se insere no âmbito de proteção do consumidor, de
competência legislativa concorrente da União e dos estados (art. 24, V e VIII, CF/88). 2.
As normas em questão não disciplinam matéria atinente ao direito de marcas e patentes
ou à propriedade intelectual – matéria disciplinada pela Lei federal n. 9.279 -, limitando-
-se a normatizar acerca da proteção dos consumidores no tocante ao uso de recipientes,
vasilhames ou embalagens reutilizáveis, sem adentrar na normatização acerca da ques-
tão da propriedade de marcas e patentes. 3. Ao tempo em que dispõe sobre a competên-
cia legislativa concorrente da União e dos estados-membros, prevê o art. 24 da Carta de
1988, em seus parágrafos, duas situações em que compete ao estado-membro legislar:
(a) quando a União não o faz e, assim, o ente federado, ao regulamentar uma das maté-
rias do art. 24, não encontra limites na norma federal geral – que é o caso ora em análise;
e b) quando a União edita norma geral sobre o tema, a ser observada em todo território
nacional, cabendo ao estado a respectiva suplementação, a fim de adequar as prescri-
ções às suas particularidades locais. 4. Não havendo norma geral da União regulando a
matéria, os estados-membros estão autorizados a legislar supletivamente no caso, como
o fizeram os Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, até que sobrevenha disposi-
ção geral por parte da União. 5. Ação direta julgada improcedente. (ADI 2818, Relator(a):
Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 09/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
148 DIVULGADO 31-07-2013 PUBLICADO 01-08-2013)
JURISPRUDÊNCIA 2
INAPLICABILIDADE DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA.
EMENTA: - Compromisso de compra e venda. Rescisão. Alegação de ofensa ao artigo 5º,
XXXVI, da Constituição. - Sendo constitucional o princípio de que a lei não pode prejudicar
o ato jurídico perfeito, ele se aplica também às leis de ordem pública. De outra parte, se a
cláusula relativa a rescisão com a perda de todas as quantias já pagas constava do con-
trato celebrado anteriormente ao Código de Defesa do Consumidor, ainda quando a resci-
são tenha ocorrido após a entrada em vigor deste, a aplicação dele para se declarar nula
a rescisão feita de acordo com aquela cláusula fere, sem dúvida alguma, o ato jurídico

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perfeito, porquanto a modificação dos efeitos futuros de ato jurídico perfeito caracteriza
a hipótese de retroatividade mínima que também é alcançada pelo disposto no artigo 5º,
XXXVI, da Carta Magna. Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 205999, Rela-
tor(a): Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 16/11/1999, DJ 03-03-2000.)
JURISPRUDÊNCIA 3
CDC E CONVENÇÃO DE VARSÓVIA
Antinomia entre o CDC e a Convenção de Varsóvia: transporte aéreo internacional - 5 Nos
termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais
limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especial-
mente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de
Defesa do Consumidor. Com base nesse entendimento, o Plenário finalizou o julgamento
conjunto de recursos nos quais se discutiu a norma prevalecente nas hipóteses de con-
flito entre o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Convenção de Varsóvia de 1929
(ratificada e promulgada pelo Decreto 20.704/1931), a qual rege o transporte aéreo inter-
nacional e foi posteriormente alterada pelo Protocolo Adicional 4, assinado na cidade
canadense de Montreal em 1975 (ratificado e promulgado pelo Decreto 2.861/1998). No
RE 636.331/RJ, ao apreciar o Tema 210 da Repercussão Geral, o Supremo Tribunal Fede-
ral (STF), por maioria, deu provimento ao recurso extraordinário, para reduzir o valor
da condenação por danos materiais, limitando-o ao patamar estabelecido no art. 22
da Convenção de Varsóvia (1), com as modificações efetuadas pelos acordos interna-
cionais posteriores. No ARE 766.618/SP, o STF, também por maioria, deu provimento
ao recurso extraordinário, para, reformando o acórdão recorrido, julgar improcedente o
pedido, em razão da prescrição. A controvérsia apresentada no RE 636.331/RJ envolve
os limites de indenização por danos materiais em decorrência de extravio de bagagem
em voo internacional. Já a questão posta em debate no ARE 766.618/SP diz respeito ao
prazo prescricional para fins de ajuizamento de ação de responsabilidade civil por atraso
em voo internacional (vide Informativo 745). No RE 636.331/RJ, o Colegiado assentou a
prevalência da Convenção de Varsóvia e dos demais acordos internacionais subscritos
pelo Brasil em detrimento do CDC, não apenas na hipótese de extravio de bagagem. Em
consequência, deu provimento ao recurso extraordinário para limitar o valor da conde-
nação por danos materiais ao patamar estabelecido na Convenção de Varsóvia, com as
modificações efetuadas pelos acordos internacionais posteriores. Afirmou que a antino-
mia ocorre, a princípio, entre o art. 14 do CDC (2), que impõe ao fornecedor do serviço
o dever de reparar os danos causados, e o art. 22 da Convenção de Varsóvia, que fixa
limite máximo para o valor devido pelo transportador, a título de reparação. Afastou, de
início, a alegação de que o princípio constitucional que impõe a defesa do consumidor
Constituição Federal (CF), arts. 5º, XXXII (3), e 170, V (4) impediria a derrogação do CDC
por norma mais restritiva, ainda que por lei especial. Salientou que a proteção ao con-

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sumidor não é a única diretriz a orientar a ordem econômica. Consignou que o próprio
texto constitucional determina, no art. 178 (5), a observância dos acordos internacionais,
quanto à ordenação do transporte aéreo Varsóvia internacional. Realçou que, no tocante
à aparente antinomia entre o disposto no CDC e na Convenção de– e demais normas
internacionais sobre transporte aéreo –, não há diferença de hierarquia entre os diplomas
normativos. Todos têm estatura de lei ordinária e, por isso, a solução do conflito envolve
a análise dos critérios cronológico e da especialidade. Em relação ao critério cronoló-
gico, o Plenário destacou que os acordos internacionais em comento são mais recentes
que o CDC. Observou que, não obstante o Decreto 20.704 tenha sido publicado em 1931,
sofreu sucessivas modificações posteriores ao CDC. Acrescentou, ainda, que a Conven-
ção de Varsóvia – e os regramentos internacionais que a modificaram – são normas
especiais em relação ao CDC, pois disciplinam modalidade especial de contrato, qual
seja, o contrato de transporte aéreo internacional de passageiros. Por tratar-se de conflito
entre regras que não têm o mesmo âmbito de validade, sendo uma geral e outra especí-
fica, o Colegiado concluiu que deve ser aplicado o § 2º do art. 2º da Lei de Introdução às
Normas de Direito Brasileiro (6). Ademais, frisou que as disposições previstas nos aludi-
dos acordos internacionais incidem exclusivamente nos contratos de transporte aéreo
internacional de pessoas, bagagens ou carga. Assim, não alcançam o transporte nacio-
nal de pessoas, que está excluído da abrangência do art. 22 da Convenção de Varsóvia.
Por fim, esclareceu que a limitação indenizatória abarca apenas a reparação por danos
materiais, e não morais. No ARE 766.618/SP, o Colegiado pontuou que, por força do art.
178 da CF, em caso de conflito, as normas das convenções que regem o transporte aéreo
internacional prevalecem sobre o CDC. Abordou, de igual modo, os critérios tradicionais
de solução de antinomias no Direito brasileiro: hierarquia, cronológico e especialização.
No entanto, reputou que a existência de dispositivo constitucional legitima a admissão
dos recursos extraordinários nessa matéria; pois, se assim não fosse, a discussão estaria
restrita ao âmbito infraconstitucional. Explicou, no ponto, que o art. 178 da CF prevê parâ-
metro para a solução desse conflito, de modo que as convenções internacionais devem
prevalecer. Reconheceu, na espécie, a incidência do art. 29 da Convenção de Varsóvia (7),
que estabelece o prazo prescricional de dois anos, a contar da chegada da aeronave. Por
conseguinte, deu provimento ao recurso e julgou improcedente o pleito ante a ocorrência
da prescrição. Vencidos, em ambos os julgamentos, os ministros Marco Aurélio e Celso
de Mello. Os dois salientaram que os casos em análise envolvem empresas de transporte
aéreo internacional de passageiros, que realizam atividades qualificadas como presta-
ção de serviços. Dessa forma, frisaram que, por se tratar de uma relação jurídica de con-
sumo, deveria ser aplicado o CDC, legislação superveniente às normas internacionais
em debate. O ministro Celso de Mello pontuou ainda que a proteção ao consumidor e a
defesa da integridade de seus direitos representam compromissos inderrogáveis, que o

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Estado brasileiro conscientemente assumiu no plano do nosso ordenamento constitucio-


nal. Afirmou que a Assembleia Nacional Constituinte, em caráter absolutamente inova-
dor, elevou a defesa do consumidor à posição eminente de direito fundamental (CF, art.
5º, XXXII), atribuindo-lhe ainda a condição de princípio estruturador e conformador da
própria ordem econômica (CF, art. 170, V), cuja eficácia permite reconhecer a precedên-
cia do CDC sobre as Convenções de Varsóvia e Montreal. RE 636331/RJ, rel. Min. Gilmar
Mendes, julgamento em 25.5.2017. (RE-636331)
JURISPRUDÊNCIA 4
SUBMISSÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS AO CDC
EMENTA: CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5º, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V,
DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERA-
ÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLO-
RAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA *ART. 3º, § 2º, DO CDC+.
MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO
AO CÓDIGO CIVIL. 1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela inci-
dência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. “Consumidor”,
para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que
utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito. 3. O preceito
veiculado pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve ser interpretado
em coerência com a Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e
a remuneração das operações passivas praticadas por instituições financeiras na explo-
ração da intermediação de dinheiro na economia estejam excluídas da sua abrangência.
4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a fixação, desde a perspectiva macroeconô-
mica, da taxa base de juros praticável no mercado financeiro. 5. O Banco Central do Brasil
está vinculado pelo dever-poder de fiscalizar as instituições financeiras, em especial na
estipulação contratual das taxas de juros por elas praticadas no desempenho da inter-
mediação de dinheiro na economia. 6. Ação direta julgada improcedente, afastando-se a
exegese que submete às normas do Código de Defesa do Consumidor *Lei n. 8.078/90+
a definição do custo das operações ativas e da remuneração das operações passivas
praticadas por instituições financeiras no desempenho da intermediação de dinheiro na
economia, sem prejuízo do controle, pelo Banco Central do Brasil, e do controle e revisão,
pelo Poder Judiciário, nos termos do disposto no Código Civil, em cada caso, de eventual
abusividade, onerosidade excessiva ou outras distorções na composição contratual da
taxa de juros. ART. 192, DA CB/88. NORMA-OBJETIVO. EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMEN-
TAR EXCLUSIVAMENTE PARA A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO. 7. O pre-
ceito veiculado pelo art. 192 da Constituição do Brasil consubstancia norma-objetivo que
estabelece os fins a serem perseguidos pelo sistema financeiro nacional, a promoção

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do desenvolvimento equilibrado do País e a realização dos interesses da coletividade. 8.


A exigência de lei complementar veiculada pelo art. 192 da Constituição abrange exclu-
sivamente a regulamentação da estrutura do sistema financeiro. CONSELHO MONETÁ-
RIO NACIONAL. ART. 4º, VIII, DA LEI N. 4.595/64. CAPACIDADE NORMATIVA ATINENTE À
CONSTITUIÇÃO, FUNCIONAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
ILEGALIDADE DE RESOLUÇÕES QUE EXCEDEM ESSA MATÉRIA. 9. O Conselho Monetário
Nacional é titular de capacidade normativa --- a chamada capacidade normativa de con-
juntura --- no exercício da qual lhe incumbe regular, além da constituição e fiscalização, o
funcionamento das instituições financeiras, isto é, o desempenho de suas atividades no
plano do sistema financeiro. 10. Tudo o quanto exceda esse desempenho não pode ser
objeto de regulação por ato normativo produzido pelo Conselho Monetário Nacional. 11.
A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional, quando não respei-
tem ao funcionamento das instituições financeiras, é abusiva, consubstanciando afronta
à legalidade. (ADI 2591, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 07/06/2006, DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT
VOL-02249-02 PP-00142 RTJ VOL-00199-02 PP-00481).

Julgados Importantes do STJ

JURISPRUDÊNCIA 1
INCIDÊNCIA DO CDC ANTES DA SUA VIGÊNCIA
Evento danoso ocorrido antes da vigência do CDC. Não incidência do CDC. “Não incidem
as normas do Código de Defesa do Consumidor, porquanto o evento danoso ocorreu em
data anterior à sua vigência. Ficam, assim, afastadas a responsabilidade objetiva (CDC,
art. 14) e a prescrição quinquenal (CDC, art. 27), devendo ser a controvérsia dirimida à luz
do Código Civil de 1916.” (STJ, REsp 1307032lPR, Rei. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
DJe 01/08/2013).
JURISPRUDÊNCIA 2
REVISÃO DE CONTRATOS FINDOS
AS NORMAS DO CDC SÃO DE ORDEM PÚBLICA: RECURSO ESPECIAL. COMPROMISSO
DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. PARQUE RESIDENCIAL UMBU. REVISÃO DE CONTRA-
TOS FINDOS. POSSIBILIDADE. DISTRATO À LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMI-
DOR. RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DO NEGÓCIO COM ESTIPULAÇÃO DE CLÁUSULA DE
DECAIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. NULIDADE DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS. 1. A transa-
ção é espécie de negócio jurídico que objetiva por fim a uma celeuma obrigacional, alcan-
çada por meio de concessões mútuas (CC, art. 840), cujo objetivo primordial é evitar o lití-
gio ou colocar-lhe fim. A extinção se exterioriza na forma de renúncia a direito patrimonial
de caráter privado, disponível, portanto, conforme previsto na lei.

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2. É firme o entendimento do STJ quanto à possibilidade de revisão dos contratos findos,


ainda que em decorrência de quitação, para o afastamento de eventuais ilegalidades.
Precedentes. Súm. 286 do STJ. 3. As normas previstas no Código de Defesa do Consu-
midor são de ordem pública e interesse social, cogentes e inderrogáveis pela vontade das
partes.
4. (...).
(REsp 1412662/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
01/09/2016, DJe 28/09/2016).
JURISPRUDÊNCIA 3
CDC- NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL. CONHECIMENTO EX OFFI-
CIO.
PROCESSUAL CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR. PREÇO DO PRODUTO OU SERVIÇO.
INFRAÇÃO AO ART. 31 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DOSIMETRIA DA
SANÇÃO ADMINISTRATIVA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7 DO STJ. NORMAS DE
ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL. CONHECIMENTO EX OFFICIO.
1. Verificar se os produtos expostos na loja possuíam preços e se existe comissão per-
manente para elaboração, revisão e atualização das normas infra legais no Estado de
São Paulo esbarra em reexame do contexto fático-probatório da lide, vedado ao STJ, nos
termos de sua Súmula 7.
2. Aplicou-se multa à recorrente com base em dispositivos legais, arts. 31, 56, I, e 57 do
CDC, conforme se verifica do Auto de Infração em anexo (fl. 22, e-STJ).
3. As normas e princípios do CDC são de ordem pública e interesse social, devendo ser
aplicados imperativamente, inclusive pelo juiz, por serem de conhecimento ex officio.
4. (...).
6. Recurso Especial não provido. (REsp 1419557/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe 07/11/2016).
JURISPRUDÊNCIA 4
INAPLICABILIDADE DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA
INAPLICABILIDADE DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. APLICA-
ÇÃO DA TAXA REFERENCIAL - TR. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO CDC EM CONTRATOS
ANTERIORES A SUA ENTRADA EM VIGÊNCIA. INAPLICABILIDADE. AGRAVO REGIMEN-
TAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA.
1 - Ainda que o contrato tenha sido firmado antes da Lei n.º 8.177/91, é cabível a aplica-
ção da Taxa Referencial - TR, desde que haja previsão contratual de correção monetária
pela taxa básica de remuneração dos depósitos em poupança, sem nenhum outro índice
específico.

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2 - O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável aos contratos celebrados anterior-


mente a sua vigência.
3 - Agravo Regimental a que se nega provimento, com aplicação de multa.
(AgRg no REsp 1213529/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, jul-
gado em 24/05/2011, DJe 30/05/2011).
JURISPRUDÊNCIA 5
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
SAQUE. CONTA BANCÁRIA. NÃO AUTORIZADO. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. RESPON-
SABILIDADE OBJETIVA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. A Turma negou provimento ao apelo
especial sob o fundamento de que, na espécie, em ação que versa sobre a realização
de saques não autorizados em conta bancária, é imperiosa a inversão do ônus da prova
em favor do consumidor. Entendeu, ainda, que a responsabilidade objetiva da institui-
ção financeira, ora recorrente, não foi ilidida por qualquer das hipóteses previstas no §
3º do art. 14 do CDC. A Min. Relatora observou, inicialmente, que o art. 6º, VIII, do CDC,
com vistas a garantir o pleno exercício do direito de defesa do consumidor, autoriza a
inversão do ônus da prova quando sua alegação for verossímil ou quando constatada
sua hipossuficiência. Registrou, ademais, que essa hipossuficiência deve ser analisada
não apenas sob o prisma econômico e social, mas, sobretudo, quanto ao aspecto da
produção de prova técnica. Dessa forma, considerando as próprias “regras ordinárias de
experiências” mencionadas no CDC, concluiu que a chamada hipossuficiência técnica do
consumidor, in casu, dificilmente pode ser afastada. Principalmente, em razão do total
desconhecimento, por parte do cidadão médio, dos mecanismos de segurança utiliza-
dos pela instituição financeira no controle de seus procedimentos e ainda das possí-
veis formas de superação dessas barreiras a eventuais fraudes. Quanto à reparação dos
danos causados ao recorrido pela instituição financeira, asseverou que, uma vez reconhe-
cida a possibilidade de violação do sistema eletrônico e tratando-se de sistema próprio
das instituições financeiras, a retirada de numerário da conta bancária do cliente acar-
reta a responsabilização objetiva do fornecedor do serviço. REsp 1.155.770-PB, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 15/12/2011
JURISPRUDÊNCIA 6
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. VEROSSIMILHANÇA
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO
DO ÔNUS DA PROVA. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. AUSÊNCIA. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
1. Mesmo em caso de relação de consumo, a inversão do ônus da prova não é automá-
tica, cabendo ao magistrado a apreciação dos aspectos de verossimilhança da alegação
do consumidor ou de sua hipossuficiência, em conformidade estabelece o art. 6º, VIII,
do referido diploma legal.

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2. Rever apreciação desses pressupostos é inviável por óbice da Súmula 7/STJ.


3. Conforme sedimentada jurisprudência do STJ, o boletim de ocorrência policial não
possui força probante suficiente para fundamentar a alegação da parte. Precedentes
4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1216562/SP, Rel. Ministro PAULO
DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 10/09/2012).
JURISPRUDÊNCIA 7
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
DIREITO DO CONSUMIDOR. PRAZO DE PRESCRIÇÃO EM CASO DE DANO PESSOAL
DECORRENTE DE DANO AMBIENTAL. Conta-se da data do conhecimento do dano e de
sua autoria - e não da data em que expedida simples notificação pública a respeito da
existência do dano ecológico - o prazo prescricional da pretensão indenizatória de quem
sofreu danos pessoais decorrentes de contaminação de solo e de lençol freático ocasio-
nada por produtos utilizados no tratamento de madeira destinada à fabricação de postes
de luz. Apesar da natural ênfase conferida aos vários aspectos do dano ambiental, trata-
-se, também, de um acidente de consumo, que se enquadra simultaneamente nos arts. 12
(fato do produto) e 14 do CDC (fato do serviço). Com efeito, os postes de luz constituem
um insumo fundamental para a distribuição de energia elétrica aos seus consumidores,
sendo que a contaminação ambiental decorreu exatamente dos produtos utilizados no
tratamento desses postes. Se o dano sofrido pelos consumidores finais tivesse sido um
choque provocado por uma descarga elétrica, não haveria dúvida acerca da incidência do
CDC. Ocorre que a regra do art. 17 do CDC, ampliando o conceito básico de consumidor
do art. 2º, determina a aplicação do microssistema normativo do consumidor a todas as
vítimas do evento danoso, protegendo os chamados bystandars, que são as vítimas ino-
centes de acidentes de consumo. Esse fato, de um lado, constitui fato do produto (art.
12), em face das substâncias químicas utilizadas, e, de outro lado, apresenta-se também
como fato do serviço (art. 14), pois o tratamento dos postes de luz liga-se ao serviço de
distribuição de energia elétrica. Consequentemente, a prescrição é regulada pela norma
do art. 27 do CDC, que estabelece um prazo de cinco anos, flexibilizando o seu termo
inicial. Precedente citado: REsp 1.346.489-RS, Terceira Turma, DJe 26/8/2013. AgRg no
REsp 1.365.277-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 20/2/2014.
JURISPRUDÊNCIA 8
FINALISMO APROFUNDADO OU MITIGADO
DIREITO DO CONSUMIDOR. CONSUMO INTERMEDIÁRIO. VULNERABILIDADE. FINALISMO
APROFUNDADO. Não ostenta a qualidade de consumidor a pessoa física ou jurídica que
não é destinatária fática ou econômica do bem ou serviço, salvo se caracterizada a sua
vulnerabilidade frente ao fornecedor. A determinação da qualidade de consumidor deve,
em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva
do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econô-

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mico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da
proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto
retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o
preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor,
para fins de tutela pelo CDC, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço,
excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. Todavia, a jurisprudência do
STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do
CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas
jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando “finalismo aprofundado”. (...).
REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012.
JURISPRUDÊNCIA 9
EQUIPAMENTO MÉDICO-HOSPITALAR. INAPLICABILIDADE DO CDC
DIREITO DO CONSUMIDOR. CASO DE INAPLICABILIDADE DO CDC. Não há relação de
consumo entre o fornecedor de equipamento médico-hospitalar e o médico que firmam
contrato de compra e venda de equipamento de ultrassom com cláusula de reserva de
domínio e de indexação ao dólar americano, na hipótese em que o profissional de saúde
tenha adquirido o objeto do contrato para o desempenho de sua atividade econômica.
Com efeito, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza, como
destinatário final, produto ou serviço oriundo de um fornecedor. Assim, segundo a teoria
subjetiva ou finalista, adotada pela Segunda Seção do STJ, destinatário final é aquele
que última a atividade econômica, ou seja, que retira de circulação do mercado o bem
ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma necessidade ou satisfação própria. Por isso,
fala-se em destinatário final econômico (e não apenas fático) do bem ou serviço, haja
vista que não basta ao consumidor ser adquirente ou usuário, mas deve haver o rompi-
mento da cadeia econômica com o uso pessoal a impedir, portanto, a reutilização dele
no processo produtivo, seja na revenda, no uso profissional, na transformação por meio
de beneficiamento ou montagem ou em outra forma indireta. Desse modo, a relação de
consumo (consumidor final) não pode ser confundida com relação de insumo (consumi-
dor intermediário). Na hipótese em foco, não se pode entender que a aquisição do equi-
pamento de ultrassom, utilizado na atividade profissional do médico, tenha ocorrido sob
o amparo do CDC. REsp 1.321.614-SP, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/12/2014, DJe 3/3/2015.
JURISPRUDÊNCIA 10
VULNERABILIDADE E HIPERVULNERABILIDADE
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROPAGANDA
ENGANOSA. COGUMELO DO SOL. CURA DO CÂNCER. ABUSO DE DIREITO. ART. 39, INCISO
IV, DO CDC. HIPERVULNERABILIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL COMPROVADO.

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1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor ludibriado por propa-
ganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor de obter informações
claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura
de doenças malignas, dentre outras funções.
2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos
ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito de
características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração
do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração.
3. A propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a
induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado
de perigo (art. 156 do Código Civil).
4. A vulnerabilidade informacional agravada ou potencializada, denominada hipervulne-
rabilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilí-
brio entre as partes.
5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re
ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumi-
dor.
6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da
verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
7. Recurso especial provido.
(REsp 1329556/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, jul-
gado em 25/11/2014, DJe 09/12/2014).
JURISPRUDÊNCIA 11
SERVIÇOS PÚBLICOS. APLICAÇÃO DO CDC
ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO – ENERGIA ELÉTRICA – TARIFAÇÃO – COBRANÇA
POR FATOR DE DEMANDA DE POTÊNCIA – LEGITIMIDADE. 1. Os serviços públicos impró-
prios ou UTI SINGULI prestados por órgãos da administração pública indireta ou, moder-
namente, por delegação a concessionários, como previsto na CF (art. 175), são remu-
nerados por tarifa, sendo aplicáveis aos respectivos contratos o Código de Defesa do
Consumidor. (AgRg no REsp 1089062 / SC; Ministra ELIANA CALMON, DJe 22/09/2009).
JURISPRUDÊNCIA 12
SAÚDE PÚBLICA - INAPLICABILIDADE DO CDC
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. HOS-
PITAL DA POLÍCIA MILITAR. ERRO MÉDICO. MORTE DE PACIENTE. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. FACULTATIVA.

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1. Os recorridos ajuizaram ação de ressarcimento por danos materiais e morais contra


o Estado do Rio de Janeiro, em razão de suposto erro médico cometido no Hospital da
Polícia Militar.
2. Quando o serviço público é prestado diretamente pelo Estado e custeado por meio
de receitas tributárias não se caracteriza uma relação de consumo nem se aplicam as
regras do Código de Defesa do Consumidor. Precedentes.
3. Nos feitos em que se examina a responsabilidade civil do Estado, a denunciação da
lide ao agente causador do suposto dano não é obrigatória. Caberá ao magistrado avaliar
se o ingresso do terceiro ocasionará prejuízo à celeridade ou à economia processuais.
Precedentes.
4. Considerando que o Tribunal a quo limitou-se a indeferir a denunciação da lide com
base no art. 88, do CDC, devem os autos retornar à origem para que seja avaliado, de
acordo com as circunstâncias fáticas da demanda, se a intervenção de terceiros prejudi-
cará ou não a regular tramitação do processo.
5. Recurso especial provido em parte. (REsp 1187456/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 01/12/2010).
JURISPRUDÊNCIA 13
INAPLICABILIDADE DO CDC À RELAÇÃO ENTRE ADVOGADO E CLIENTE.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOGADO. EXERCÍCIO DA PROFISSÃO. A Turma manteve a
condenação de advogado ora recorrente ao pagamento de indenização por danos morais
ao cliente no valor de R$ 15 mil, em decorrência de sua conduta maliciosa no exercício
da profissão. No caso em comento, o recorrente foi contratado para propor ação ordiná-
ria contra o Estado do Paraná, pleiteando diferenças salariais e gratificações. Procurado
diversas vezes pelo recorrido, ele negou o recebimento de procuração outorgada em seu
favor, bem como o ajuizamento de qualquer demanda judicial em seu nome. Tal fato foi,
inclusive, apurado em representação instaurada na OAB, que resultou em arquivamento
diante da negativa do recorrente. Transcorridos quase vinte anos, após pesquisa reali-
zada pela nova advogada contratada, descobriu-se que a ação havia sido efetivamente
proposta pelo recorrente, até mesmo com recursos especiais para os tribunais superio-
res, tendo sido julgada improcedente. Em preliminar, afastou-se a alegada prescrição.
Segundo observou o Min. Relator, na ação de reparação de danos em apreço, fundada no
direito comum, e de acordo com as regras de transição do CC/2002 (art. 2.028), há de
ser aplicado o novo prazo prescricional de três anos, consoante o disposto no art. 206,
§ 3º, IV, do referido diploma legal, contado o prazo da data da entrada em vigor do novo
Código, e não da data do fato gerador do direito. No mérito, sustentou-se a inaplicabi-
lidade do CDC nas relações contratuais entre clientes e advogados, que, de fato, são
regidas pelo EOAB e pelo direito comum. Ao final, considerando o patente padecimento
moral do recorrido diante das inverdades perpetradas pelo recorrente e da angústia de

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não saber o resultado da demanda, ainda que fosse negativa, manteve-se a responsabi-
lização do advogado. REsp 1.228.104-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 15/3/2012.
Informativo n. 493 do STJ.
JURISPRUDÊNCIA 14
APLICA-SE O CDC À RELAÇÃO ENTRE CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO ESSEN-
CIAL E O USUÁRIO FINAL.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA. FORNECIMENTO
DE ENERGIA ELÉTRICA. SUSPENSÃO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICA-
ÇÃO. MEDIDOR. AVARIA. CONSUMIDOR DE BAIXA RENDA. TARIFA SOCIAL. REQUISITOS.
REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. INCIDÊNCIA.
1. Não ocorre contrariedade ao art. 535, inc. II, do CPC, quando o Tribunal de origem
decide fundamentadamente todas as questões postas ao seu exame, assim como não
há que se confundir entre decisão contrária aos interesses da parte e inexistência de
prestação jurisdicional.
2. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a relação entre concessioná-
ria de serviço público e o usuário final, para o fornecimento de serviços públicos essen-
ciais, tais como energia elétrica, é consumerista, sendo cabível a aplicação do Código
de Defesa do Consumidor.
(...).
(AgRg no AREsp 468.064/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 20/03/2014, DJe 07/04/2014).
JURISPRUDÊNCIA 15
NÃO SE APLICA O CDC À RELAÇÃO LOCATÍCIA
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RELAÇÃO LOCATÍCIA.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES.
1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firmado no sentido de que o Código
de Defesa do Consumidor não é aplicável aos contratos locatícios.
2. Os argumentos expendidos nas razões do regimental são insuficientes para autorizar
a reforma da decisão agravada, de modo que esta merece ser mantida por seus próprios
fundamentos.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 111.983/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 21/08/2012, DJe 28/08/2012).
JURISPRUDÊNCIA 16
NÃO SE APLICA O CDC À RELAÇÃO ENTRE CONDOMÍNIO E CONDÔMINO.
AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
RECURSO ESPECIAL FUNDADO NA ALÍNEA “A” DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL.

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Introdução ao Direito do Consumidor
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INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO SUPOSTAMENTE VIOLADO. AUSÊNCIA. SÚMULA 284/STF.


RELAÇÃO ENTRE CONDOMÍNIO E CONDÔMINOS. INAPLICABILIDADE DO CDC.
1. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embar-
gos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo”. Súmula 211/STJ.
2. O recurso especial é apelo de fundamentação vinculada e, por não se aplicar nessa
instância o brocardo iura novit curia, não cabe ao Relator, por esforço hermenêutico, iden-
tificar o dispositivo supostamente violado para suprir deficiência na fundamentação do
recurso. Incidência da Súmula n.º 284/STF.
3. Não se aplicam as normas do Código de Defesa do Consumidor às relações jurídicas
estabelecidas entre condomínio e condôminos.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no Ag 1122191/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 22/06/2010, DJe 01/07/2010).
JURISPRUDÊNCIA 17
INAPLICABILIDADE DO CDC AOS PLANOS DE SAÚDE DE AUTOGESTÃO
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. DESCLASSIFICAÇÃO DE OPERADORA DE PLANO DE
SAÚDE DE AUTOGESTÃO COMO FORNECEDORA.
Não se aplica o CDC às relações existentes entre operadoras de planos de saúde consti-
tuídas sob a modalidade de autogestão e seus filiados, na hipótese em que firmado con-
trato de cobertura médico-hospitalar. A jurisprudência do STJ, até o presente momento,
vem externando o entendimento de que as normas do CDC regulam as relações existen-
tes entre filiados e operadoras de planos de saúde, ainda que estas se constituam na
forma de autogestão, sem fins lucrativos, uma vez que a relação de consumo se caracte-
rizaria pelo objeto contratado, ou seja, a cobertura médico-hospitalar (REsp 519.310-SP,
Terceira Turma, DJ 24/5/2004). Acontece que, após recente julgamento realizado pela
Segunda Seção (REsp 1.536.786-MG, DJe 20/10/2015), em que foi analisada questão de
certo modo assemelhada, consistente na incidência das mesmas regras do CDC às rela-
ções envolvendo entidades de previdência privada fechadas, os aspectos lá considera-
dos para o afastamento da legislação consumerista mostram-se de aplicação pertinente
ao caso de entidades que administrem plano de saúde de autogestão, tendo em vista a
coincidência de características entre as entidades, reclamando a necessidade de reno-
vação da discussão da matéria, sempre no intuito do aperfeiçoamento da jurisprudência.
REsp 1.285.483-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016, DJe 16/8/2016
(Informativo n. 588).
JURISPRUDÊNCIA 18
APLICABILIDADE DO CDC À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS.
DIREITO DO CONSUMIDOR. HIPÓTESE EM QUE INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR NÃO
PODE RECUSAR A MATRÍCULA DE ALUNO.

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Instituição de ensino superior não pode recusar a matrícula de aluno aprovado em ves-
tibular em razão de inadimplência em curso diverso anteriormente frequentado por ele
na mesma instituição. Inicialmente, destaque-se que a prestação de serviços educacio-
nais se caracteriza como relação de consumo (REsp 647.743-MG, Terceira Turma, DJe
11/12/2012), motivo pelo qual devem incidir as regras destinadas à proteção do consu-
midor, o qual, por ser a parte mais vulnerável, merece especial atenção quando da inter-
pretação das leis que, de alguma forma, incidem sobre as relações consumeristas. (...).
REsp 1.583.798-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2016, DJe 7/10/2016
(Informativo n. 591).

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Introdução ao Direito do Consumidor
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RESUMO
Vamos relembrar o que estudamos na presente aula, aluno(a)?

Para o aprendizado, é importante a repetição do conteúdo! Então, vamos lá?!


Resumo. ATENÇÃO!
• CDC é uma lei ordinária com fundamento na Constituição Federal - art. 5ª, XXXII, art. 170,
V e art. 48 da ADCT;
• Consumo é matéria de competência concorrente. Em assuntos específicos, o Município
poderá legislar;
• CDC é norma de ordem pública e interesse social (norma cogente);
• CDC é lei de função social, o legislador não pode retroceder ou flexibilizar o desejo cons-
titucional;
• CDC é microssistema legislativo;
• CDC é norma principiológica;
• O CDC, para resolver conflitos, busca “dialogar” com outras normas jurídicas, perseguin-
do o resultado mais justo;
• Princípios são “regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato
ou negócio jurídico;
• Estudamos os seguintes princípios: Princípio da vulnerabilidade; Princípio da hipossufi-
ciência; Princípio da transparência ou informação; Princípio da boa-fé; Princípio da con-
fiança; Princípio do equilíbrio contratual; Princípio do acesso à justiça; Princípio da repa-
ração integral; Princípio da solidariedade; Princípio da intervenção do Estado; Princípio
da interpretação mais favorável ao consumidor; Princípio da efetividade; Princípio da
harmonia das relações de consumo; Princípio do crédito responsável.
• A relação jurídica de consumo é composta pelos elementos subjetivos e objetivos;
• Elementos subjetivo: consumidor e fornecedor;
• Consumidor: teoria maximalista, finalista e finalista mitigada;
• Fornecedor: habitualidade, especialização, finalidade econômica;
• Elementos objetivo: produto e serviço;
• Estudamos a incidência do CDC nas relações jurídicas;

Querido(a) aluno(a),
Chegamos ao fim da nossa primeira aula.
Espero você na próxima aula!
Juntos colocaremos mais um degrau na sua escada da aprovação.
Forte abraço.
Keity Satiko.
@prof.keity @asdefensoras

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Introdução ao Direito do Consumidor
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/TJ-RO/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Segundo o inteiro e exato teor
das súmulas vigentes editadas pelo Superior Tribunal de Justiça acerca das relações de con-
sumo, é correto afirmar que
a) se aplica o Código de Defesa do Consumidor a todos os contratos de plano de saúde.
b) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a todas as espécies de contratos de cartão
de crédito.
c) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promo-
vidos pelas sociedades cooperativas.
d) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a quaisquer relações jurídicas entabuladas
entre entidade de previdência privada e seus participantes.
e) é vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula
contratual autorizativa.

002. (VUNESP /TJ-MT/JUIZ SUBSTITUTO/2018) Nos termos das súmulas do STJ, assinale a
alternativa correta.
a) O CDC se aplica nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
b) O CDC se aplica aos contratos de planos privados de assistência à saúde na modalidade de
autogestão.
c) É considerada abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que preveja algum prazo
de carência para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência
ou urgência.
d) O CDC se aplica aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades co-
operativas.
e) É possível ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas nos contratos
bancários.

003. (FCC/AL-PB/PROCURADOR DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/2013) A inversão do ônus


da prova, no processo civil, quando a matéria estiver incluída no ‚âmbito do Código de Defesa
do Consumidor, é cabível
a) a favor do consumidor, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
b) a favor do consumidor, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou for ele vulne-
rável, segundo as regras ordinárias de experiência.
c) sempre a favor do consumidor, mas também a favor do fornecedor, se o juiz entender que o
consumidor é litigante de má fé.
d) mediante simples requerimento do consumidor que invocar sua vulnerabilidade.
e) sempre que ao consumidor forem concedidos os benefícios da assistência judiciária gratuita.
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Introdução ao Direito do Consumidor
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004. (CESPE/MPE-PI/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2019) Assinale a opção que


apresenta relações jurídicas em que, de acordo com o entendimento do STJ, aplicam-se pri-
mordialmente as disposições do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
a) contrato firmado com cooperativa de crédito e a relação estabelecida entre condomínio e
condôminos.
b) responsabilidade civil do transportador aéreo internacional pelo extravio da carga e contrato
de plano de saúde.
c) contrato de seguro firmado por microempresa e relação jurídica entre os titulares do direito
de uso dos jazigos de cemitério particular e a administradora deste.
d) serviços notariais e contrato previdenciário celebrado com entidade fechada.
e) contrato de franquia e contrato firmado entre postos e distribuidores de combustível.

005. (MPE-PR/MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO/2019) Analise as assertivas abaixo e as-


sinale a alternativa incorreta:
a) Nos contratos bancários é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas.
b) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promo-
vidos pelas sociedades cooperativas.
c) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência com-
plementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
d) Cabe ao mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de
proceder à inscrição.
e) O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos coletivos
e individuais homogêneos dos consumidores, exceto os decorrentes da prestação de servi-
ço público.

006. (FMP/MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2017) Sobre o âmbito de inci-


dência do Código de Defesa do Consumidor, é CORRETO afirmar:
a) Não há relação de consumo em nenhum caso quando se trate de produto ou serviço ofere-
cido gratuitamente pelo fornecedor.
b) Aplica-se o Código às relações locatícias, equiparando-se o inquilino a consumidor.
c) Os serviços públicos de água, saneamento, educação e saúde, mesmo quando prestados
diretamente pelo Estado, são objetos de relação de consumo.
d) Não se aplica aos contratos bancários e às relações de caráter trabalhista.
e) Exclui as relações de natureza associativa.

007. (CESPE/DP-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2013) No que se refere às normas do CDC e à Po-


lítica Nacional das Relações de Consumo, julgue o item seguinte. Parte da doutrina considera

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o CDC norma de ordem pública e principiológica, o que significa que ele prevalece sobre as
normas gerais e especiais anteriores.

008. (CESPE/DP-AL/DEFENSOR PÚBLICO/2017) A necessidade de proteção dos destinatá-


rios finais dos produtos e serviços ofertados no mercado de consumo abarca as pessoas
humana e jurídica, com o objetivo de tutelar a vulnerabilidade e a hipossuficiência dos consu-
midores. A partir dessa informação assinale a opção correta, a respeito dos integrantes e do
objeto da relação de consumo.
a) Aplica-se o CDC para a relação entre condômino e condomínio no que diz respeito à cobran-
ça de taxas, em decorrência da vulnerabilidade do condômino em relação ao condomínio.
b) Em circunstâncias específicas, pessoas que não firmaram qualquer contrato de consumo
podem ser equiparadas a consumidores, para fins de proteção.
c) O conceito de fornecedor não abarca as pessoas jurídicas que atuam sem fins lucrativos,
com caráter beneficente ou filantrópico, ainda que elas desenvolvam, mediante remuneração,
atividades no mercado de consumo.
d) Com base na teoria finalista, a condição de destinatário final do produto não é requisito es-
sencial para a classificação da pessoa física ou jurídica como consumidora.
e) A teoria maximalista amplia sobremaneira o alcance da relação de consumo, mas não abar-
ca as pessoas jurídicas, devido ao fato de considerar que estas jamais se encontrarão em
situação de vulnerabilidade frente ao fornecedor.

009. (FAUEL/PREFEITURA PARANAVAÍ-PR/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) Assinale a


alternativa correta de acordo com o Código de Defesa do Consumidor e a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça:
a) Para os fins de proteção consumerista define-se produto como qualquer bem, móvel ou
imóvel, desde que material.
b) Considera-se consumidor toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final, não podendo um condomínio de adquirentes de edifício em
construção equiparar-se a consumidor.
c) A hipossuficiência para o direito consumerista é um conceito jurídico, fundado em uma
disparidade ou discrepância notada no caso concreto. Assim sendo, todo consumidor é vulne-
rável e hipossuficiente.
d) Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qual-
quer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficien-
tes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
e) Nas relações jurídicas internas, de natureza dominial, estabelecidas entre condomínio e
condôminos, incide o Código de Defesa do Consumidor.

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010. (CESPE/DP-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Conforme o entendimento do STJ, o


CDC aplica-se
a) relação contratual entre cliente e advogado.
b) contrato de plano de saúde administrado por entidade de autogestão.
c) contratos de previdência complementar celebrados com entidades abertas.
d) litígio entre condômino e condomínio edilício referente à cobrança de taxa de condomínio.
e) contrato de aquisição de equipamento médico por entidade privada proprietária de rede de
hospitais.

011. (IDIB/CREMERJ/ADVOGADO/2019) Com base na Lei n. 8.078/90 (Código de Defesa do


Consumidor), assinale a alternativa correta:
a) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto de alguma forma,
independentemente de ser destinatário final do mesmo.
b) Produto é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.
c) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.
d) A pessoa física não pode ser considerada fornecedor de produto ou serviço.

012. (QUADRIX/CRF-PR/ADVOGADO/2019) Com base no Código de Defesa do Consumidor


(CDC), assinale a alternativa correta.
a) Pessoas jurídicas não podem ser enquadradas na condição de consumidoras por faltar‐lhes
a condição de vulneráveis.
b) São equiparadas a consumidores as pessoas que intervierem na relação de consumo, desde
que determináveis
c) Entes despersonalizados brasileiros e estrangeiros podem ser enquadrados como consumi-
dores para os fins do CDC.
d) O produto é sempre bem material, palpável.
e) Os serviços prestados à contratante em razão de vínculo trabalhista também podem atrair
as regras do CDC.

013. (CESPE DP-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2013) No que concerne às relações de consumo,


aos direitos básicos do consumidor e a decadência, julgue o item subsequente. Prevalece no
STJ entendimento no sentido de que é considerado consumidor apenas a pessoa física ou a
pessoa jurídica que adquire os bens de consumo para uso privado, mesmo que não relaciona-
dos a sua atividade profissional.

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014. (FCC/TJ-PE/MAGISTRADO/2013) No tocante às relações de consumo:


a) produto é qualquer bem, desde que material, podendo ser móvel ou imóvel.
b) serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, com ou sem remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.
c) as normas consumeristas são de natureza dispositiva e de interesse individual dos
consumidores.
d) pode-se falar em consumidor por equiparação à coletividade de pessoas, ainda que indeter-
mináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
e) fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, neste caso privada, somente, nacional ou es-
trangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou co-
mercialização de produtos ou prestação de serviço.

015. (FUNDEP/PREFEITURA DE UBERLÂNDIA-MG/FISCAL DE DEFESA DO CONSUMI-


DOR/2019) De acordo com o Art. 2º da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, que “Dispõe
sobre a proteção do consumidor e dá outras providências”, é correto afirmar que o consumidor
a) poderá ser pessoa física ou jurídica que adquire produto como destinatário final.
b) não poderá ser pessoa jurídica, pois é a pessoa física que adquire ou utiliza produto ou ser-
viço como destinatário final.
c) deverá ser pessoa física, admitindo ser pessoa jurídica quando for por equiparação e autori-
zada pelo Poder Judiciário.
d) não pode ser uma coletividade de pessoas indetermináveis, devendo estar inscrito no ca-
dastro de pessoas físicas.

016. (VUNESP/PREFEITURA DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE GUARATINGUETÁ/PROCURA-


DOR MUNICIPAL/2019) Joaquim caminhava em uma rua de Guaratinguetá, em direção à sua
casa, quando ao passar ao lado de um lava-rápido escorregou na água com sabão que a em-
presa escoava pela calçada. Com a queda, quebrou três costelas e ficou internado por dez dias,
pois perfurou o pulmão. Assinale a alternativa correta em relação ao caso.
a) Por não haver ligação direta entre Joaquim e o lava-rápido, não se configura relação de con-
sumo que justifique a aplicação do CDC.
b) O estabelecimento cometeu um ilícito administrativo e Joaquim não tem direitos a pleitear
contra o lava-rápido.
c) Por se tratar de consumidor por equiparação, Joaquim poderá se valer da lei consumerista
para solicitar reparação de danos.
d) Em que pese a relação apresentada seja de consumo, não há dano indenizável, pois os fatos
se deram do lado de fora do estabelecimento comercial.

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e) Somente os órgãos legitimados pela defesa coletiva poderão pleitear os diretos que favore-
çam Joaquim, tendo em vista que a relação de consumo se lastreia na existência de consumi-
dor bystander.

017. (FCC/DP-RS/DEFENSOR PÚBLICO/2018) A respeito do microssistema consumerista e


da proteção ao consumidor no ordenamento jurídico, considere:
I – A Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe de cláusulas abertas e de conceitos
legais indeterminados, que permitem melhor adequação ao caso concreto.
II – Em consonância com a Constituição Federal de 1988, a defesa do consumidor constitui
um direito fundamental de proteção à pessoa em situação de vulnerabilidade.
III – Consoante teoria do diálogo das fontes e o próprio Código de Defesa do Consumidor,
admite-se a aplicação da norma mais favorável ao consumidor, mesmo que esta se en-
contre externamente ao microssistema consumerista.
IV – O consumidor é vulnerável e hipossuficiente no mercado de consumo consoante pre-
sunção jure et de jure.

É correto o que consta APENAS de:


a) I e III.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

018. (FCC/TJ-GO/JUIZ DE DIREITO/2012) O Código de Defesa do Consumidor:


a) estabelece normas de defesa e de proteção dos consumidores e fornecedores de produtos
e serviços, de ordem pública e de interesse social.
b) estabelece normas de defesa e de proteção do consumidor, de ordem pública e de interesse
social, regulamentando normas constitucionais a respeito.
c) prevê normas de interesse geral, dispositivas e de regulamentação constitucional.
d) prevê normas de defesa e de proteção ao consumidor, dispositivas e de interesse individual,
sem vinculação constitucional.
e) estabelece normas de interesse coletivo geral, de ordem pública e interesse social, sem vin-
culação com normas constitucionais.

019. (CESPE/PGE-BA/PROCURADOR DO ESTADO/2014) Com base no que dispõe o Código


de Defesa do Consumidor, julgue o item seguinte.
As pessoas jurídicas de direito público podem ser consideradas consumidores, desde que pre-
sente a vulnerabilidade na relação jurídica

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020. (MPF/PROCURADOR DA REPÚBLICA/2015) Sobre o princípio da vulnerabilidade é cor-


reto afirmar que:
a) O fornecedor de produto ou serviço pode ser considerado vulnerável em relação ao consu-
midor no mercado de consumo;
b) O princípio da vulnerabilidade do consumidor não está positivado no Código de Defesa do
Consumidor, ele é uma construção doutrinária que foi utilizada pelo Superior Tribunal de Justi-
ça para fundamentar as decisões judiciais favoráveis aos consumidores;
c) A pessoa jurídica que adquire produtos no mercado de consumo não pode alegar vulnerabi-
lidade técnica;
d) Nem todo consumidor é hipossuficiente, mas sempre será vulnerável. A hipossuficiência é
auferida casuisticamente e gera consequências processuais, já a vulnerabilidade é presumida
e produz consequências de direito material.

021. (DPE-RR/DEFENSOR PÚBLICO/2021/FCC) De acordo com a atual redação do Código de


Defesa do Consumidor, entende-se por superendividamento a
a) situação jurídica do consumidor pessoa natural cujo patrimônio seja inferior à soma de suas
dívidas de consumo, excetuadas as vincendas, nos termos da regulamentação.
b) impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de
suas dívidas de consumo, excetuadas as vincendas, sem comprometer seu mínimo existen-
cial, nos termos da regulamentação.
c) impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade
de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial,
nos termos da regulamentação.
d) impossibilidade absoluta ou relativa, manifesta ou não, de o consumidor, pessoa natural ou
jurídica, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprome-
ter seu mínimo existencial ou a manutenção da sua atividade, nos termos da regulamentação.
e) situação jurídica do consumidor, pessoa natural ou jurídica, cujo patrimônio seja inferior à
soma de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, nos termos da regulamentação.

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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko

GABARITO
1. c
2. d
3. a
4. c
5. e
6. e
7. C
8. b
9. d
10. c
11. c
12. c
13. E
14. d
15. a
16. c
17. d
18. b
19. C
20. d

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DIREITO DO CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko

GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/TJ-RO/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Segundo o inteiro e exato teor
das súmulas vigentes editadas pelo Superior Tribunal de Justiça acerca das relações de con-
sumo, é correto afirmar que
a) se aplica o Código de Defesa do Consumidor a todos os contratos de plano de saúde.
b) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a todas as espécies de contratos de cartão
de crédito.
c) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promo-
vidos pelas sociedades cooperativas.
d) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a quaisquer relações jurídicas entabuladas
entre entidade de previdência privada e seus participantes.
e) é vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula
contratual autorizativa.

a) Errada. Conforme previsão da súmula 608 do STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consu-
midor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
b) Errada. Conforme previsão da súmula 283 do STJ: As empresas administradoras de cartão
de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados
não sofrem as limitações da Lei de Usura.
c) Certa. Conforme previsão da súmula 602 do STJ: O Código de Defesa do Consumidor é apli-
cável aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.
d) Errada. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência
complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fecha-
das, conforme súmula 563 do STJ.
e) Errada. A súmula 603 do STJ, aprovada pela 2ª seção da Corte em fevereiro de 2018, foi
cancelada pelo colegiado.
A antiga súmula dispunha:

JURISPRUDÊNCIA
“É vedado ao banco mutuante reter em qualquer extensão o salário, os vencimentos e/
ou proventos de correntista para adimplir o mútuo comum contraído, ainda que haja cláu-
sula contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial con-
signada, com desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal específico
e admite a retenção de percentual.”

Letra c.

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Introdução ao Direito do Consumidor
Keity Satiko

002. (VUNESP /TJ-MT/JUIZ SUBSTITUTO/2018) Nos termos das súmulas do STJ, assinale
a alternativa correta.
a) O CDC se aplica nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
b) O CDC se aplica aos contratos de planos privados de assistência à saúde na modalidade de
autogestão.
c) É considerada abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que preveja algum prazo
de carência para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência
ou urgência.
d) O CDC se aplica aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades co-
operativas.
e) É possível ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas nos contratos
bancários.

a) Errada. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência


complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fecha-
das, conforme súmula 563 do STJ.
b) Errada. Conforme previsão da súmula 608 do STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consu-
midor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
c) Errada. É possível a previsão de carência mesmo em situação de emergência ou urgência,
desde que respeitado o limite de no máximo 24 horas, conforme súmula do STJ.
Súmula 597 do STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para utilização
dos serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência é considera-
da abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da contratação.
d) Certa. Conforme súmula 602 do STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos
empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.
e) Errada. Conforme súmula 381 do STJ: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador co-
nhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”.
Letra d.

003. (FCC/AL-PB/PROCURADOR DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/2013). A inversão do ônus da


prova, no processo civil, quando a matéria estiver incluída no ‚âmbito do Código de Defesa do
Consumidor, é cabível
a) a favor do consumidor, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
b) a favor do consumidor, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou for ele vulne-
rável, segundo as regras ordinárias de experiência.
c) sempre a favor do consumidor, mas também a favor do fornecedor, se o juiz entender que o
consumidor é litigante de má fé.

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d) mediante simples requerimento do consumidor que invocar sua vulnerabilidade.


e) sempre que ao consumidor forem concedidos os benefícios da assistência judiciária gratuita.

a) Certa. Literalidade do art. 6º, VIII, do CDC.


b) Errada. A inversão do ônus da prova não analisa a vulnerabilidade do consumidor, mas sim
a hipossuficiência. Aluno (a), lembre-se: todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consu-
midor é hipossuficiente.
c) Errada. A inversão do ônus da prova é direito básico do consumidor. Assim, a inversão só
pode ser a favor do consumidor.
d) Errada. A inversão do ônus da prova não analisa a vulnerabilidade do consumidor, mas sim
a hipossuficiência.
e) Errada. A inversão do ônus da prova não tem relação com inversão de custas processuais,
tampouco com assistência judiciária gratuita.
Letra a.

004. (CESPE/MPE-PI/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2019) Assinale a opção que


apresenta relações jurídicas em que, de acordo com o entendimento do STJ, aplicam-se pri-
mordialmente as disposições do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
a) contrato firmado com cooperativa de crédito e a relação estabelecida entre condomínio e
condôminos.
b) responsabilidade civil do transportador aéreo internacional pelo extravio da carga e contrato
de plano de saúde.
c) contrato de seguro firmado por microempresa e relação jurídica entre os titulares do direito
de uso dos jazigos de cemitério particular e a administradora deste.
d) serviços notariais e contrato previdenciário celebrado com entidade fechada.
e) contrato de franquia e contrato firmado entre postos e distribuidores de combustível.

a) Errada. A primeira parte da questão está correta; as cooperativas de crédito são equiparadas
às instituições financeiras, portanto aplica-se o CDC. AI no REsp 906.114, j. 06/10/16. A segun-
da parte da questão está incorreta; não incide o CDC nas relações jurídicas estabelecidas entre
condomínio e condôminos.
b) Errada. A primeira parte da questão está incorreta; conforme art. 178 da CF, as normas e os
tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de pas-
sageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação
ao CDC. STF. Plenário. RE 636331/RJ e ARE 766618/SP, j. 25/05/2017. A segunda parte da
questão está correta; incide o CDC nos contratos de plano de saúde, salvo os administrados
por entidades de autogestão. Súmula 608 do STJ.

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c) Certa. O STJ decidiu que há relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de


veículos que firmam seguro empresarial visando à proteção do patrimônio desta (destinação
pessoal) — ainda que com o intuito de resguardar veículos utilizados em sua atividade comer-
cial —, desde que o seguro não integre os produtos ou serviços oferecidos por esta. STJ. 3ª T.
REsp 1.352.419-SP, j. em 19/8/14, Info 548. O STJ, também, já decidiu que quem administra
um cemitério particular, comercializa jazigos sofrerá a incidência do CDC. REsp 1.090.044-SP,
j. 21/6/11
d) Errada. A primeira parte da questão está correta. Há julgados do STJ que entendem que inci-
de o CDC nos serviços notariais. Rcl.4677 Dj. 09/11/10. A segunda parte da questão está incor-
reta. Conforme súmula. 563/STJ: O CDC é aplicável às entidades abertas de previdência com-
plementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
e) Errada. Não incide o CDC entre contrato de franquia, tampouco entre postos e distribuidores
de combustível, conforme posicionamento do CDC.
Letra c.

005. (MPE-PR/MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO/2019) Analise as assertivas abaixo e as-


sinale a alternativa incorreta:
a) Nos contratos bancários é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas.
b) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promo-
vidos pelas sociedades cooperativas.
c) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência com-
plementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
d) Cabe ao mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de
proceder à inscrição.
e) O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos coletivos
e individuais homogêneos dos consumidores, exceto os decorrentes da prestação de servi-
ço público.

a) Certa. Súmula 381: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas”.
b) Certa. Súmula 602: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos
habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas”.
c) Certa. Súmula 563: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas
de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas”.
d) Certa. Súmula 359: “Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notifi-
cação do devedor antes de proceder à inscrição

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e) Errada. Súmula 601: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes
da prestação de serviços públicos.”
Letra e.

006. (FMP/MPE-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2017) Sobre o âmbito de inci-


dência do Código de Defesa do Consumidor, é CORRETO afirmar:
a) Não há relação de consumo em nenhum caso quando se trate de produto ou serviço ofere-
cido gratuitamente pelo fornecedor.
b) Aplica-se o Código às relações locatícias, equiparando-se o inquilino a consumidor.
c) Os serviços públicos de água, saneamento, educação e saúde, mesmo quando prestados
diretamente pelo Estado, são objetos de relação de consumo.
d) Não se aplica aos contratos bancários e às relações de caráter trabalhista.
e) Exclui as relações de natureza associativa.

a) Errada. Como visto em nossa aula, haverá relação de consumo mesmo diante de serviço ou
produto oferecido gratuitamente pelo fornecedor, diante da possibilidade de o pagamento ser
realizado por remuneração indireta.
b) Errada. Conforme entendimento do STJ, não incide o CDC às relações locatícias.
c) Errada. Conforme visto em nossa aula, só haverá relação de consumo nos serviços não re-
munerados por tributos.
d) Errada. Em contratos bancários incide o CDC, conforme súmula do STJ. Por outro lado, não
incide o CDC nas relações de caráter trabalhista.
e) Certa. Não incide o CDC entre associados, segundo o STJ.
Letra e.

007. (CESPE/DP-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2013) No que se refere às normas do CDC e à Po-


lítica Nacional das Relações de Consumo, julgue o item seguinte. Parte da doutrina considera
o CDC norma de ordem pública e principiológica, o que significa que ele prevalece sobre as
normas gerais e especiais anteriores.

O CDC é norma de ordem pública e de interesse social. Ademais, o Código consubstancia-se


numa norma especial e principiológica e deve prevalecer quando colidir com outras normas
gerais e especiais anteriores.
Certo.

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008. (CESPE/DP-AL/DEFENSOR PÚBLICO/2017) A necessidade de proteção dos destinatá-


rios finais dos produtos e serviços ofertados no mercado de consumo abarca as pessoas
humana e jurídica, com o objetivo de tutelar a vulnerabilidade e a hipossuficiência dos consu-
midores. A partir dessa informação assinale a opção correta, a respeito dos integrantes e do
objeto da relação de consumo.
a) Aplica-se o CDC para a relação entre condômino e condomínio no que diz respeito à cobran-
ça de taxas, em decorrência da vulnerabilidade do condômino em relação ao condomínio.
b) Em circunstâncias específicas, pessoas que não firmaram qualquer contrato de consumo
podem ser equiparadas a consumidores, para fins de proteção.
c) O conceito de fornecedor não abarca as pessoas jurídicas que atuam sem fins lucrativos,
com caráter beneficente ou filantrópico, ainda que elas desenvolvam, mediante remuneração,
atividades no mercado de consumo.
d) Com base na teoria finalista, a condição de destinatário final do produto não é requisito es-
sencial para a classificação da pessoa física ou jurídica como consumidora.
e) A teoria maximalista amplia sobremaneira o alcance da relação de consumo, mas não abar-
ca as pessoas jurídicas, devido ao fato de considerar que estas jamais se encontrarão em
situação de vulnerabilidade frente ao fornecedor.

a) Errada. Não incide o CDC nas relações entre condômino e condomínio.


b) Certa. Estudamos a conceituação de consumidores por equiparação.
c) Errada. Estudamos que o conceito de fornecedor é amplo. Assim, uma entidade filantrópica
poderá ser fornecedora desde que desenvolva atividade com habitualidade e mediante remu-
neração. (p. exemplo: escola de futebol em um clube)
d) Errada. A condição de destinatário final é requisito primordial para a teoria finalista.
e) Errada. Tanto a teoria maximalista, quanto a teoria finalista abarcam a pessoa jurídica como
consumidora. Inclusive, o CDC é literal na previsão da pessoa jurídica como consumidora, art.
2º do CDC.
Letra b.

009. (FAUEL/PREFEITURA PARANAVAÍ-PR/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) Assinale a


alternativa correta de acordo com o Código de Defesa do Consumidor e a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça:
a) Para os fins de proteção consumerista define-se produto como qualquer bem, móvel ou
imóvel, desde que material.
b) Considera-se consumidor toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final, não podendo um condomínio de adquirentes de edifício em
construção equiparar-se a consumidor.

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c) A hipossuficiência para o direito consumerista é um conceito jurídico, fundado em uma


disparidade ou discrepância notada no caso concreto. Assim sendo, todo consumidor é vulne-
rável e hipossuficiente.
d) Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qual-
quer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficien-
tes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
e) Nas relações jurídicas internas, de natureza dominial, estabelecidas entre condomínio e
condôminos, incide o Código de Defesa do Consumidor.

a) Errada. Produto é qualquer bem, móvel, imóvel, material ou imaterial, conforme art. 3º, pará-
grafo 1º, do CDC.
b) Errada. Aplica-se o CDC ao condomínio adquirente de edifício em construção, nas hipóteses
em que atua na defesa dos interesses dos seus condôminos, segundo posicionamento do STJ.
c) Errada. Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
d) Certa. Conforme art. 22, CDC: os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas nes-
te artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados,
na forma prevista neste código.
e) Errada. Conforme vimos em nossa aula, não incide o CDC na relação entre condomínio e
condômino.
Letra d.

010. (CESPE/DP-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Conforme o entendimento do STJ, o


CDC aplica-se
a) relação contratual entre cliente e advogado.
b) contrato de plano de saúde administrado por entidade de autogestão.
c) contratos de previdência complementar celebrados com entidades abertas.
d) litígio entre condômino e condomínio edilício referente à cobrança de taxa de condomínio.
e) contrato de aquisição de equipamento médico por entidade privada proprietária de rede de
hospitais.

a) Errada. Não se aplica o CDC na relação contratual entre cliente e advogado, conforme posi-
ção do STJ. Aluno(a), relembre o julgado voltando no capítulo de jurisprudência da aula.
b) Errada. Conforme previsão da súmula 608 do STJ: aplica-se o Código de Defesa do Consu-
midor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão

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c) Certa. De acordo com a Súmula 563 STJ: o CDC é aplicável às entidades abertas de pro-
vidência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entida-
des fechadas.
d) Errada. Não incide o CDC nas relações entre condomínio e condômino.
e) Errada. Não incide o CDC, conforme a teoria finalista. Observe que a rede de hospitais, pes-
soa jurídica, não apresenta vulnerabilidade.
Aluno(a), volte ao capítulo de jurisprudência e leia a integralidade do julgado. REsp 1.321.614-
SP, Rel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 16/12/2014, DJe 3/3/2015.
Letra c.

011. (IDIB/CREMERJ/ADVOGADO/2019) Com base na Lei n. 8.078/90 (Código de Defesa do


Consumidor), assinale a alternativa correta:
a) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto de alguma forma,
independentemente de ser destinatário final do mesmo.
b) Produto é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.
c) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.
d) A pessoa física não pode ser considerada fornecedor de produto ou serviço.

a) Errada. Adotamos a teoria finalista que impõe a destinação final do produto ou serviço.
b) Errada. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunera-
ção, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista. Art.3º, parágrafo 2º, do CDC.
c) Certa. Conforme art. 2º, parágrafo único, CDC: equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
d) Errada. Conforme art. 3º do CDC: fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem ati-
vidade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Letra c.

012. (QUADRIX/CRF-PR/ADVOGADO/2019) Com base no Código de Defesa do Consumidor


(CDC), assinale a alternativa correta.
a) Pessoas jurídicas não podem ser enquadradas na condição de consumidoras por faltar‐lhes
a condição de vulneráveis.

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b) São equiparadas a consumidores as pessoas que intervierem na relação de consumo, desde


que determináveis
c) Entes despersonalizados brasileiros e estrangeiros podem ser enquadrados como consumi-
dores para os fins do CDC.
d) O produto é sempre bem material, palpável.
e) Os serviços prestados à contratante em razão de vínculo trabalhista também podem atrair
as regras do CDC.

a) Errada. Consumidor é a pessoa física ou jurídica, conforme art. 2º do CDC.


b) Errada. Conforme art. 2º, parágrafo único, CDC: Equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
c) Certa. Consumidor é a pessoa física, jurídica, nacional, estrangeira, conforme art. 2º do CDC.
d) Errada. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, conforme art. 3º,
parágrafo 1º do CDCD.
e) Errada. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunera-
ção, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista. Art.3º, parágrafo 2º, do CDC.
Letra c.

013. (CESPE DP-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2013) No que concerne às relações de consumo,


aos direitos básicos do consumidor e a decadência, julgue o item subsequente. Prevalece no
STJ entendimento no sentido de que é considerado consumidor apenas a pessoa física ou a
pessoa jurídica que adquire os bens de consumo para uso privado, mesmo que não relaciona-
dos a sua atividade profissional.

A jurisprudência do STJ também reconhece a necessidade da aplicação do CDC para pessoa fí-
sica ou pessoa jurídica que adquira produto ou serviços para atividade profissional, desde que
presente a vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista mitigada,
abrandada ou aprofundada.
Errado.

014. (FCC/TJ-PE/MAGISTRADO/2013) No tocante às relações de consumo:


a) produto é qualquer bem, desde que material, podendo ser móvel ou imóvel.
b) serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, com ou sem remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.
c) as normas consumeristas são de natureza dispositiva e de interesse individual dos
consumidores.

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d) pode-se falar em consumidor por equiparação à coletividade de pessoas, ainda que indeter-
mináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
e) fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, neste caso privada, somente, nacional ou es-
trangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou co-
mercialização de produtos ou prestação de serviço.

a) Errada. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.


b) Errada. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remune-
ração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorren-
tes das relações de caráter trabalhista. Art.3º, parágrafo 2º, do CDC.
c) Errada. As normas consumeristas são de ordem pública e interesse social, conforme art.
1º, do CDC.
d) Certa. Conforme art. 2º, parágrafo único, CDC: equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
e) Errada. Conforme art. 3º do CDC: fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem ati-
vidade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Letra d.

015. (FUNDEP/PREFEITURA DE UBERLÂNDIA-MG/FISCAL DE DEFESA DO CONSUMI-


DOR/2019) De acordo com o Art. 2º da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, que “Dispõe
sobre a proteção do consumidor e dá outras providências”, é correto afirmar que o consumidor
a) poderá ser pessoa física ou jurídica que adquire produto como destinatário final.
b) não poderá ser pessoa jurídica, pois é a pessoa física que adquire ou utiliza produto ou ser-
viço como destinatário final.
c) deverá ser pessoa física, admitindo ser pessoa jurídica quando for por equiparação e autori-
zada pelo Poder Judiciário.
d) não pode ser uma coletividade de pessoas indetermináveis, devendo estar inscrito no ca-
dastro de pessoas físicas.

a) Certa. Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
b) Errada. Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.

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c) Errada. Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
d) Errada. Conforme art. 2º, parágrafo único, CDC: equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Letra a.

016. (VUNESP/PREFEITURA DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE GUARATINGUETÁ/PROCURA-


DOR MUNICIPAL/2019) Joaquim caminhava em uma rua de Guaratinguetá, em direção à sua
casa, quando ao passar ao lado de um lava-rápido escorregou na água com sabão que a em-
presa escoava pela calçada. Com a queda, quebrou três costelas e ficou internado por dez dias,
pois perfurou o pulmão. Assinale a alternativa correta em relação ao caso.
a) Por não haver ligação direta entre Joaquim e o lava-rápido, não se configura relação de con-
sumo que justifique a aplicação do CDC.
b) O estabelecimento cometeu um ilícito administrativo e Joaquim não tem direitos a pleitear
contra o lava-rápido.
c) Por se tratar de consumidor por equiparação, Joaquim poderá se valer da lei consumerista
para solicitar reparação de danos.
d) Em que pese a relação apresentada seja de consumo, não há dano indenizável, pois os fatos
se deram do lado de fora do estabelecimento comercial.
e) Somente os órgãos legitimados pela defesa coletiva poderão pleitear os diretos que favore-
çam Joaquim, tendo em vista que a relação de consumo se lastreia na existência de consumi-
dor bystander.

a) Errada. Joaquim é vítima de acidente de consumo, portanto, consumidor por equiparação.


b) Errada. Joaquim é vítima de acidente de consumo, portanto, consumidor por equiparação.
Assim, Joaquim poderá requer reparação pelos danos sofridos.
c) Certa. Joaquim é vítima de acidente de consumo.
d) Errada. Não existe diferenciação entre o dano dentro do estabelecimento comercial ou fora
do estabelecimento. O importante é perquirir o nexo causal entre o dano e a conduta.
e) Errada. Joaquim poderá pleitear em direito próprio a indenização pelos danos sofridos.
Letra c.

017. (FCC/DP-RS/DEFENSOR PÚBLICO/2018) A respeito do microssistema consumerista e


da proteção ao consumidor no ordenamento jurídico, considere:
I – A Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe de cláusulas abertas e de conceitos legais
indeterminados, que permitem melhor adequação ao caso concreto.
II – Em consonância com a Constituição Federal de 1988, a defesa do consumidor constitui um
direito fundamental de proteção à pessoa em situação de vulnerabilidade.

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III – Consoante teoria do diálogo das fontes e o próprio Código de Defesa do Consumidor,
admite-se a aplicação da norma mais favorável ao consumidor, mesmo que esta se encontre
externamente ao microssistema consumerista.
IV – O consumidor é vulnerável e hipossuficiente no mercado de consumo consoante presun-
ção jure et de jure.
É correto o que consta APENAS de:
a) I e III.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

I – A Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, dispõe de cláusulas abertas e de conceitos legais


indeterminados, que permitem melhor adequação ao caso concreto.
Assertiva correta. Como vimos em nossa aula, o CDC é uma norma principiológica.
II – Em consonância com a Constituição Federal de 1988, a defesa do consumidor constitui um
direito fundamental de proteção à pessoa em situação de vulnerabilidade.
Assertiva correta. Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do con-
sumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso
V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
III – Consoante teoria do diálogo das fontes e o próprio Código de Defesa do Consumidor,
admite-se a aplicação da norma mais favorável ao consumidor, mesmo que esta se encontre
externamente ao microssistema consumerista.
Assertiva correta. Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes
de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna
ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem
como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
IV – O consumidor é vulnerável e hipossuficiente no mercado de consumo consoante presun-
ção jure et de jure.
Assertiva incorreta. Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
Letra d.

018. (FCC/TJ-GO/JUIZ DE DIREITO/2012) O Código de Defesa do Consumidor:


a) estabelece normas de defesa e de proteção dos consumidores e fornecedores de produtos
e serviços, de ordem pública e de interesse social.
b) estabelece normas de defesa e de proteção do consumidor, de ordem pública e de interesse
social, regulamentando normas constitucionais a respeito.
c) prevê normas de interesse geral, dispositivas e de regulamentação constitucional.

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d) prevê normas de defesa e de proteção ao consumidor, dispositivas e de interesse individual,


sem vinculação constitucional.
e) estabelece normas de interesse coletivo geral, de ordem pública e interesse social, sem vin-
culação com normas constitucionais.

a) Errada. Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor,


de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da
Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
b) Certa. Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de
ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Cons-
tituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
c) Errada. As normas são de ordem pública, ou seja, não são normas dispositivas.
d) Errada. As normas são de ordem pública, interesse social e coletivo. Ademais, possuem
vinculação constitucional.
e) Errada. As normas possuem vinculação constitucional.
Letra d.

019. (CESPE/PGE-BA/PROCURADOR DO ESTADO/2014) Com base no que dispõe o Código


de Defesa do Consumidor, julgue o item seguinte.
As pessoas jurídicas de direito público podem ser consideradas consumidores, desde que pre-
sente a vulnerabilidade na relação jurídica

Desde que presente a vulnerabilidade é possível que a pessoa jurídica de Direito Público seja
considerada consumidora.
Certo.

020. (MPF/PROCURADOR DA REPÚBLICA/2015) Sobre o princípio da vulnerabilidade é cor-


reto afirmar que:
a) O fornecedor de produto ou serviço pode ser considerado vulnerável em relação ao consu-
midor no mercado de consumo;
b) O princípio da vulnerabilidade do consumidor não está positivado no Código de Defesa do
Consumidor, ele é uma construção doutrinária que foi utilizada pelo Superior Tribunal de Justi-
ça para fundamentar as decisões judiciais favoráveis aos consumidores;
c) A pessoa jurídica que adquire produtos no mercado de consumo não pode alegar vulnerabi-
lidade técnica;
d) Nem todo consumidor é hipossuficiente, mas sempre será vulnerável. A hipossuficiência é
auferida casuisticamente e gera consequências processuais, já a vulnerabilidade é presumida
e produz consequências de direito material.
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a) Errada. A vulnerabilidade não é empregada ao fornecedor.


b) Errada. O princípio da vulnerabilidade é previsto de forma expressa no CDC, art. 4º, inciso I.
c) Errada. É possível que o consumidor seja a pessoa jurídica, conforme previsão do art.
2º do CDC.
d) Certa. Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
Letra d.

021. (DPE-RR/DEFENSOR PÚBLICO/2021/FCC) De acordo com a atual redação do Código de


Defesa do Consumidor, entende-se por superendividamento a
a) situação jurídica do consumidor pessoa natural cujo patrimônio seja inferior à soma de suas
dívidas de consumo, excetuadas as vincendas, nos termos da regulamentação.
b) impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de
suas dívidas de consumo, excetuadas as vincendas, sem comprometer seu mínimo existen-
cial, nos termos da regulamentação.
c) impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade
de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial,
nos termos da regulamentação.
d)impossibilidade absoluta ou relativa, manifesta ou não, de o consumidor, pessoa natural ou
jurídica, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprome-
ter seu mínimo existencial ou a manutenção da sua atividade, nos termos da regulamentação.
e) situação jurídica do consumidor, pessoa natural ou jurídica, cujo patrimônio seja inferior à
soma de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, nos termos da regulamentação.

a) Errada. Incluem as dívidas vincendas, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Entende-se por
superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé,
pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu
mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
b) Errada. Incluem as dívidas vincendas, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Entende-se por
superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé,
pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu
mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
c) Certa. Conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Entende-se por superendividamento a impossibili-
dade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas
de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da
regulamentação.

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d) Errada. Não abarca o consumidor pessoa jurídica, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Enten-
de-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural,
de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem compro-
meter seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
e) Errada. Não abarca o consumidor pessoa jurídica, conforme o art. 54-A § 1º do CDC: Enten-
de-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural,
de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem compro-
meter seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.
Letra c.

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Keity Satiko
Defensora Pública do DF. Foi analista judiciária do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Pós-graduada
pela Fundação Escola Superior do MP-DFT.

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