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Caderno de Sintese Tecnologica
Caderno de Sintese Tecnologica
Resumo
A reabilitação do património edificado constitui uma das prioridades da construção em Portugal,
atendendo ao estado de degradação de muitos edifícios. Nesta fase de transição de paradigma –
passagem da construção nova para a reabilitação – é imprescindível que o Estado contribua para
definir um plano estratégico (2015-2025). Sem uma estratégia de continuidade não é fácil ao mercado
encontrar uma dinâmica adequada.
Consideramos que as Universidades, Centros de Investigação, Laboratórios, Empresas, Associações
Profissionais e demais Instituições ligadas ao setor da construção têm o dever de contribuir para o
diagnóstico da situação, propondo medidas e preconizando o caminho a seguir. É crucial quantificar
as necessidades e os investimentos, propor medidas de caráter económico e financeiro, refletir sobre
o quadro regulamentar, bem como alertar para preocupações tecnológicas e de durabilidade das
soluções.
Um grupo de mais de 30 especialistas, de 15 instituições ou empresas, no âmbito do Grupo de
Trabalho da Reabilitação, da Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção (PTPC), elaborou o
“Caderno de Síntese Tecnológica – Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal” que
visa sensibilizar os decisores e atores da construção para a absoluta necessidade de se elaborar um
verdadeiro plano estratégico.
iii
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
Índice
1 Introdução 1
2 Património Edificado e sua tipificação 5
2.1 Habitação 5
2.1.1 Edifícios antigos 5
2.1.2 Edifícios de 1960 a 1990 6
2.1.3 Edifícios posteriores a 1990 7
v
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
vi
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
1 Introdução
Vasco Peixoto de Freitas | Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
1
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
g) criação de Alvarás específicos para empresas de reabilitação, que assegurem a qualidade das
intervenções.
O conhecimento técnico indispensável à reabilitação passa pela divulgação de metodologias
adequadas: caracterização e tipificação das soluções construtivas do passado; desenvolvimento de
termos de referência com as principais preocupações e exigências a satisfazer pelos diferentes
elementos construtivos (fundações, paredes resistentes, paredes divisórias, pavimentos, vãos
envidraçados e coberturas); proposta de uma abordagem exigencial na reabilitação; avaliação da
compatibilidade entre os principais regulamentos e documentos normativos e discussão da
adequabilidade dos regulamentos existentes à reabilitação de edifícios antigos; desenvolvimento de
estudos de diagnóstico e metodologias de intervenção (sistemas estruturais, elementos de madeira,
comportamento da pedra, comportamento higrotérmico, eficiência energética, sistemas de ventilação,
sistemas prediais de abastecimento e drenagem de águas residuais, etc.) e elaboração de projetos
de reabilitação com a adequada pormenorização e especificação.
Sem a imprescindível qualificação dos atores (engenheiros, arquitetos, empresas de construção, etc.)
não teremos intervenções com soluções técnica e economicamente otimizadas nem suficientemente
duráveis. Justifica-se sensibilizar a Sociedade que sem conhecimento nunca haverá qualidade,
inovação ou sustentabilidade. Aos engenheiros e arquitetos pede-se conhecimento técnico e
capacidade de gestão financeira, nunca dissociada de uma visão multidisciplinar, embora
especializada, para os quais poderão não estar totalmente habilitados. Por outro lado, às empresas
de construção exige-se que disponham de competências e experiência para executar os trabalhos
com sabedoria.
Só uma regulamentação específica para a reabilitação, quer para os edifícios antigos, quer para os
edifícios de estrutura porticada de betão armado, construídos entre 1960 e 1990, pode dar resposta
adequada ao problema da reabilitação dos edifícios existentes. Esse instrumento não existe e deve
ser publicado, tão breve quanto possível (2016/2017), de forma a evitar que a flexibilização
regulamentar introduzida pelo Regulamento Excecional de Reabilitação Urbana (RERU, 2014), possa
conduzir, por um longo período (até 2020), à reabilitação de edifícios cuja qualidade e desempenho
em serviço sejam muito dependentes da qualificação dos técnicos envolvidos.
Deve exigir-se, por isso, o desenvolvimento de uma regulamentação específica para a reabilitação
que envolva as universidades e os laboratórios de referência, as instituições do estado ligadas ao
setor da construção, as empresas e os organismos de controlo.
A banca não pode ser dissociada deste processo, pelo que se devem criar instrumentos diferentes
daqueles que foram utilizados no passado para apoio ao setor da construção. O que está em causa é
o somatório de pequenos, médios e alguns grandes investimentos que no seu conjunto são muito
relevantes.
O futuro da construção terá de passar pela reabilitação, o que exige uma nova abordagem e um
quadro financeiro, legal e estratégico estável. Certamente que uma estratégia de continuidade,
eventualmente suportada por um conjunto de apoios financeiros à reabilitação urbana é muito
desejável, mas como mínimo devemos pedir que o Estado não perturbe o processo de reabilitação
criando os instrumentos que facilitem a implementação dos projetos que envolvam a reabilitação
urbana.
O novo quadro comunitário tem na eficiência energética uma das suas palavras-chave. Em Portugal,
dos 3,5 milhões de edifícios existentes, cerca de 2,5 milhões foram construídos antes de 1990 – ano
da publicação do primeiro regulamento das características de comportamento térmico de edifícios –
antes do qual a aplicação de materiais de isolamento térmico era praticamente inexistente.
Consideramos que devemos aproveitar esta oportunidade para reabilitar muitos dos edifícios
degradados, implementando medidas de melhoria da eficiência energética.
No entanto, temos de ser muito criteriosos e “inteligentes” para entender que uma etiqueta energética
e ambiental (entenda-se certificação energética) é absolutamente fundamental para os países em que
2
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
3
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
4
2 P
Património Edificad
do e sua tiipificação
o
2.1 Habitaçã ão
2.1.1
1 Edifício
os antigos
s
Rita Be
ento, Ana Simõ
ões | Instituto Sup
perior Técnico, Uniiversidade de Lisb
boa
Tipollogia constrrutiva
Os e edifícios anntigos apres sentam gerralmente es strutura
portaante de alve enaria de pe edra. A tipifficação do parque
habita acional em Portugal acompanha a evoluçã ão dos
edifíccios em Lissboa. O terrramoto de 1755 cons stitui a
separração entre os edifícios construídos ao longo de e vários
sécullos sem ordenamento
o o efetivo, o os edifícios
s Pré-
Pomb balinos, e os edifíc cios pós-te rramoto, edifícios
e
Pomb balinos, cara
acterizados pela
p presençça de uma es strutura
tridim
mensional em m madeira, denominada
d a gaiola pommbalina, [a]
que cconferia capa acidade sism mo-resistente
e à estrutura [a]. Os E
Edifícios Antig
gos
edifíccios Gaioleiro
os surgem no final do sé éculo XIX ma arcados
8,3%
%
pela substituição o das pared des de fron ntal pombalino por 5,0%
pared des de alven naria de tijolo
o e por pare
edes de tabique de 3,2%
ntificação
Quan AML A
Algarve Açorres Outros
Existe
em em Portuugal 899 379
9 edifícios an
ntigos, consttituíndo [b]
25,4%
% do parque e edificado (INE, 2012)). Destes ed difícios, Estad
do de Conserrvação
16,5%
% localizam-se nas reg giões de ma aior risco sísmico:
5,5%
Área Metropolitan
na de Lisboa
a (AML), Algaarve e Açores [b]. 7,9
9%
ncial de rea
Poten abilitação
15,6%
De a acordo com o Censos 2011 2 (INE, 2012), 55,5 5% dos 44,5%
edifíccios antigos apresentam m necessidad des de repa aração:
5,5% classificad dos como muito deg gradados e 7,9%
necesssitavam de e grandes re eparações [[c]. Adicionaalmente
26,5
5%
estess edifícios antigos con nstituem objbjeto prioritá
ário de T
Total: 899 379
reabilitação estrrutural pelo inadequad do comporta amento Sem necesssidade de reparação
sísmiico. Acresce a necessida ade de prese ervar, requalificar e Necessida
ade de pequena as reparações
Necessida
ade de reparaçõões médias
revitaalizar os centtros histórico
os.
Necessida
ade de grandes reparações
Inves
stimento priivado neces
ssário Muito degrradado
[c]
Contaabilizando os
o custos de reabilitaçã ão proposto os pelo
progrrama RECRIA (2009) e os o custos asssociados ao reforço
sísmiico, estima-sse que a rea
abilitação do
os edifícios antigos
corre
esponda apro oximadamente 25 mil mil hões de euro os.
INE (20
012). Censos 2011
1 Resultados Definitivos – Portugall. Instituto Naciona
al de Estatística, Lisboa.
L
5
2.1.2 Edifícios de 1960 a 19
990
Rita Bento, An
na Simões | Instiituto Superior Técn
nico, Universidade
de de Lisboa
Tipologia c
construtiva
Os edifícioss de 1960 a 1990 repre esentam a p primeira fasee
das estruturas de betão arm mado. Este es edifícios s
apresentamm, maioritariamente, estruturas reticuladas s,
formadas po or sistemas mais ou men nos regulare s de pórticos
s
constituídoss por vigas e pilares de betão
b armad o [a]. Após a
implementa ação do Regulamento
R o de Soliccitações em m
Edifícios e Pontes (RSEP, 196 61), assiste
e-se a uma a
alteração ssignificativa das preocu upações com m a análise e
sísmica da a estrutura dos edifício os, o que resultou na a
publicação, em 1967, do d novo Reg gulamento dde Estruturas s [a]
de Betão AArmado (REB BA, 1967). As paredes d as caixas de e
Edifícios de 1960 a 1990
escadas e e elevadores passaram
p a ser
s executad das em betão o
armado e ccomeçaram a utilizar-se lajes fungiforrmes. Com o 8,5%
5,2%
aumento da a altura dos edifícios e do comprimen nto dos vãos s 2,3%
%
livres, aum
mentam as exigências com as ca aracterísticas
s
mecânicas do material; contudo, as a preocupa ações com a
durabilidadee do betão coontinuam a ser
s moderad as.
Quantificaç
ção 8
84,0%
76 534
Total: 1 57
De acordo com os Ce ensos 2011 (INE, 2012) existem em m
Portugal 1 5576 534 ediffícios constru
uídos entre 1
1960 e 19900, AM
ML Algarve Açores O
Outros
Investimen
nto privado necessário
n Total: 1 57
76 534
Sem
m necessidade de reparação
Atendendo ao estado de conserva ação dos eddifícios e às
s cessidade de pequenas repara
Nec ações
necessidades de reforçço sísmico, contabiliza-se
c e um total de
e Nec
cessidade de reeparações méd dias
cerca 18 mil milhões de euros necessárrios para a Nec
cessidade de grandes reparaç ções
Muiito degradado
o dos edifícios construído
reabilitação os entre 1960
0 e 1990.
[c]
[a] Edifícios de
e betão armado o de 1960 a 199
90. [b] Número o de edifícios de
e 1960 a 1990 em
e Portugal de acordo com Ce ensos
2011 (INE, 201 12). [c] Estado de conservação
o edifícios de 19960 a 1990 em Portugal de acoordo com Censoos 2011 (INE, 2012).
Decreto-Lei nº 44
4041/61 – Regula
amento de Solicita
ações em Edifícioss e Pontes (RSEP
P). Diário do Governo, I Série, Nº 2668 de 18/11/1961.
Decreto-Lei nº 44
4041/67 – Regula
amento de Estruturas de Betão Armmado (REBA). Diário do Governo, I Série, Nº 119 de 220/05/1967.
6
2.1.3
3 Edifício
os posterio
ores a 199
90
Rita Be
ento, Ana Simõ
ões | Instituto Sup
perior Técnico, Uniiversidade de Lisb
boa
Tipollogia constrrutiva
Os e edifícios possteriores a 1990, maio oritariamentee com
estruttura em betãão armado, beneficiaram
b m da modernização
da re egulamentaçção. O Reg gulamento d de Estruturaas de
Betão o Armado e Pré-Esforçado (REB BAP, 1983) e o
Reguulamento de Segurança e Acções e em Estruturras de
Edifíccios e Ponte
es (RSA, 198 83) definiram
m adequadam mente
os prrincípios e prrocedimentos de análise e e verificaçõ
ões de
segurrança de esstruturas. A elaboração dos Eurocó ódigos
Estru
uturais na dé écada de 19 990 uniformiizou os requ uisitos
[a]
dos edifícios, nomeadamen
n nte com o Eurocódigo o 2 -
ecto de estrutturas de betã
Proje ão (NP EN 1 992-1-1:2010) e o Edifício
os posteriores 1990
Euroccódigo 8 - Projecto
P de estruturas
e pa
ara resistência aos 6,5%
sismo os (NP EN 1998-1:2010). Os ediffícios tornara am-se 6,8%
6
3,1%
mais altos [a], maais robustos e mais resisttentes, dimin
nuindo
as prreocupações com a sua vulnerabilida
v ade sísmica.
ntificação
Quan
Os e edifícios possteriores a 1990
1 repressentam 30,1% do 83,7%
Tota
al: 1 068 476
parqu ue habitacional portug guês (INE, 2012). Destes
D
edifíccios, 16,3% localizam-s se na regiãoo de maior risco AML Alg
garve Açore
es Outros
sísmiico [b].
[b]
Poten abilitação
ncial de rea
Estado
o de Conserv
vação
O nú úmero de edifícios
e com necessid dade de grandes 1,2%
6
6,9% 0,3%
% / 0,1%
reparrações ou muito degradaados é residu
ual (0,4%) [c
c]. Por
outro
o lado, é expectável
e que
q os ediffícios constrruídos
depois de 1990 0 apresentem m adequado o comportam mento
sísmiico. Apontam-se apena as as nece essidades com a
manuutenção dos edifícios dee forma a a adiar intervenções
mais profundas a médio / long
go prazo. 91,6%
Decreto o-Lei n.º 235/83 – Regulamento de Estruturas de B Betão Armado e Pré-Esforçado (R REBAP). Diário d a República, I Sé érie, Nº 125 de
30/05/1983.
Decreto o-Lei n.º 349-C/83
3 – Regulamento de Segurança e A Acções em Estruturas de Edifícioss e Pontes (RSA).. Diário da Repúb blica, I Série, Nº
174, 7º Suplemento de 30/07/1983.
3
NP EN 1992-1-1:2010 – Projecto de estrutturas de betão. Paarte 1-1: Regras gerais
g e regras para edifícios. Instituuto Português da Qualidade.
NP EN 1998-1:2010 – Projecto
P de estrutturas para resistêência aos sismos.. Parte 1: Regrass gerais, acções ssísmicas e regras s para edifícios.
o Português da Qu
Instituto ualidade.
7
2.2 Hab
bitação soc
cial
Inácio Fialho d
de Almeida | Asssociação Portugue
esa de Habitação Municipal
Quantificaç
ção
No exaustivo levanttamento do o parque habitaciona al
municipal [aa], apresenttado no sem
minário para a esse efeito
o
realizado pela Assocciação Porttuguesa de e Habitação o
Municipal ((APHM), em m fevereiro dod corrente ano, foram m
mapeados ccerca de 118 8 000 fogos.. Destes, 43 % tem idade
e
superior a 30 anos, 10 0% tem entrre 20 e 30 anos e 36% %
entre 10 e 2
20 anos [b].
Potencial d
de reabilitaç
ção
Não obstante o esfo orço financeeiro desenvo olvido pelos
s [a]
municípios na reabilitaçção do seu património,
p e
em boa partee
alavancadoo no program ma PROHAB BITA, estimaa-se que háá
ntervir em ce
ainda que in erca de 100 000
0 fogos.
Assim, emb bora de forma um pouco simplista, po ode projetar-
se que dessses, cerca de e 40 000 tenham idades superiores a
30 anos, 100 000 tenham m idades superiores a 2 20 anos e oss
restantes 550 000 tenham idades superiores a 10 anos.
Naturalmen nte, para um m estudo ma ais acurado da situação o
seria necessário procceder-se a uma amosttragem com m
nicas a cada
visitas técn a um dos lo ocais a amo ostrar o quee < 5 anos
ainda não ffoi feito a nívvel nacional de forma a assegurar o 2%
ores de 8 000
admitir valo 0€, 6 000€ e 4 000€ paraa os 30, 20 e 20 a 30
a
anos
10 anos, o qque conduz a um valor de d 580 000 0000 €. A este
e 10%
valor deve erá ser adicionado o custo da manutenção o
preventiva que se situa na orde em dos 500 0 €/fogo/ano. [b]
Assim, o to otal a invesstir, ao longo de 10 an nos, será dee
Ano In
nvestimento [M
M€]
(118 000 x 500 x 10) + 580 000 000 resultando o um total de
e
1 116+59
investimento público de 1 170 000 000
0 € [c].
2 116+59
3 116+59
4 116+59
5 116+59
6 59
7 59
8 59
9 59
10 59
[c]
[a] Bairro do S
Sobreiro, Maia – registos fotog
gráficos, antes e depois das ob
bras de reabilita
ação. [b] Fogoss de habitação social
por idades, naa globalidade do
d território naacional. [c] Pla
ano de investim
mento a 10 ano os em reabilitaação de edifício
os de
habitação social.
8
2.3 Escolas
Vasco Peixoto de Freitas, Andreia Mota Miranda | Faaculdade de Enge
enharia da Univers
sidade do Porto
Rita Be
ento | Instituto Suuperior Técnico, Universidade
U de Liisboa
Tipollogia constrrutiva
Os eedifícios esccolares apresentam differentes tipologias
consttrutivas depe
endendo da altura da su
ua construçã
ão, que
podem agrupar-sse nos seg guintes tiposs: Liceu Histórico,
JCETTS, Base Liiceal; Base Técnica; T ipo Brandão o, Tipo
Bloco
os 3x3 e Tipoo Monobloco
o [a].
Quan
ntificação
Em PPortugal, exisstem mais de
e 1000 escollas públicas do 2º e
3º cicclos do Ensiino Básico (EB) e Ensin
no Secundárrio (ES)
de accordo com a Direção-Gerral de Estatíssticas da Educação [a]
e Ciê
ência (DGEEC, 2014).
500000
Poten abilitação
ncial de rea
450000
Os re esultados daas projeções demográfic as, realizadaas pelo 426M
Mil
Instituuto Nacionaal de Estatística (INE), iindicam que
e existe 400000
386Mil
uma tendência pa ara a diminu
uição da pop ulação jovemm (INE,
350000
2014). No mode elo de prev visão da po opulação estudantil 364Mil
337M
Mil
adota ado no esstudo efetuado pela Direção-Geral de 300000
Estattísticas da Educação e Ciência (DGEEC, 2013),
250000
verificca-se, para o período 2011-2018,, um aumento do 235M
Mil 214Mil
núme ero de alunoos no 3º ciclo do Ensino o Básico (EBB) e no 200000
Ensin no Secundárrio (ES) e umma evolução o negativa no
os 1º e 198M
Mil 203Mil
2º cicclos do EB [b
b]. 150000
131M
Mil 143Mil
Das ccerca de 1200 escolas existentes
e d o 2º e 3º cic
clos do 100000
Ensin
no Básico e Ensino
E Secu
undário, estim
ma-se que ce erca de
50000
1000 não foram intervenciona
i adas e mesm mo considerrando a
ução negativva do núme
evolu ero de alun nos (cerca ded 140 0
poderão vir a serr encerradas
s ou reestrutu
uradas até 2022)
2 é 22011/12 2017/18
escindível re
impre eabilitar nos próximos a anos mais de d 800 1º E
EB 2º EB
escollas. 3º E
EB ES regular
[c]
[a] Esscolas de 4 tipo ologias construtivas diferentess. [b] Previsão da evolução número
n de alunnos nos diferen
ntes ciclos de
ensinoo. [c] Plano de in
nvestimento a 10
1 anos em reab bilitação de ediffícios escolares.
9
2.4 Patrrimónio Monumenta
al
Vasco Peixoto
o de Freitas, Clá
áudia Ferreira | Faculdade
F de Enggenharia da Unive
ersidade do Porto
Descrição
O Turismo é um dos se etores mais dinâmicos d da economia a,
pelo que see exige uma visão estratéégica que teerá de passar
pela reabilitação de muito
m do extraordinário
e o património o
monumenta al e museo ológico que dispomos [a]. Quer o
governo central querr as autarquias, gesttoras desse e
património, deveriam dispor de e uma ca aracterizaçãoo
construtiva, bem como o de estudo os de diagn nóstico e de e
monitorizaçção que permmitam planeaar e definir ass prioridades
s
das múltipla
as intervençõ
ões. [a]
600
simultaneammente, uma a economia dispersa p pelo território
o 400
nacional ge
eradora de em
mprego. 200
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Quantificaç
ção
[b]
Não é posssível, nesta a breve refle
exão, quantiificar todo o
N.º
N de
nosso vasttíssimo pattrimónio. No o entanto, a título de e Distritos
Mon
numentos
Aveiro 7
exemplo, d de acordo com
c o recennseamento dos museus s Beja 14
Braga 22
efetuado p pelo já extiinto Observ vatório das Actividades s Bragança 9
Castelo Branco 3
Culturais (O
OAC), em 20 010, Portuga
al contabiliza
ava mais de e Coimbra 28
Évora 38
1200 muse eus [b]. Mu uitos destes museus e encontram-se e Faro 12
Guarda 10
instalados e
em edifícios antigos ondde ações de e reabilitação
o Leiria
Lisboa
22
72
são impre escindíveis, exigindo um sab ber técnico o Portalegre
Porto
21
49
aprofundado. Santarém
Setúbal
29
10
V
Viana do Castelo 22
[c]
nto público necessário
Potencial e investimen
A reabilitaçção do património monumental re ecomenda a
criação de ccentros de saber
s e de um
m plano de iinvestimento o,
a médio pra azo, que possibilite aos gestores do o patrimónioo,
aos projetisstas e às empresas de co onstrução esspecializadas s
dinamizar a sua ativida ade [d]. É noossa profund da convicção o
que o inve estimento efeetuado no património
p cconstitui uma
a
aposta de grande rele evância para a Portugal, pelo que se e
recomenda a elabora ação de estudos econ nómicos que e
facilmente eevidenciarão
o a repercuss são positiva na economia a
do investimento na presservação do nosso patrim mónio.
Deve aindaa salientar-se
e que a qualificação pro
ofissional que
e
se atingiu, neste settor, permite antever u uma enorme e
capacidadee exportado ora de se erviços de alto valor
[d]
acrescentaddo.
10
2.5 Tribunais
Joaquim Cardoso | Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça
Descrição
O atual parque judiciário é constituído maioritariamente por edifícios antigos, construídos para
tribunais, com uma conceção monometalista e rígida na sua distribuição funcional, incorporando por
vezes no seu interior vários espaços diferenciados de outras entidades. Existe ainda outro tipo de
edifícios adaptados para instalações das diversas instâncias, que por vezes têm algumas deficiências
ao nível da sua funcionalidade.
De uma forma geral os diversos edifícios encontram-se bastante degradados como consequência de
ausência de obras de manutenção e conservação durante muitos anos.
Quantificação
Atualmente e após a Reforma da Organização Judiciária (ROJ), os tribunais estão instalados em
cerca de 260 edifícios. Nos últimos três anos, cerca de 100 edifícios tiveram, ou estão a ter,
intervenções de requalificação. Tendo em conta que em cada edifício se deveria procurar satisfazer
diversos objetivos e respeitar as limitações orçamentais, estas intervenções poderão resumir-se em
três tipos:
a) Melhoria das condições de trabalho dos profissionais do Sistema Judiciário e das condições
de utilização dos cidadãos que acedem aos edifícios, nomeadamente ao nível da segurança,
da climatização, da acessibilidade e da funcionalidade, das redes elétricas e de comunicações
e da qualidade do ambiente;
b) Correção da patologia construtiva dos edifícios, consequência da ausência de obras de
manutenção e conservação durante vários anos;
c) Adequação dos edifícios ao Programa Funcional decorrente da ROJ, com criação de
novas valências judiciárias, mais salas de audiências, mais gabinetes e outras áreas
funcionais.
O valor das intervenções atrás referidas é de cerca de 48 milhões de euros.
De registar que não existe uma fronteira bem delimitada entre os vários tipos de intervenção, pois por
exemplo muitas das intervenções do tipo c) incluíam também intervenções dos tipos a) e b).
Potencial de reabilitação
Independentemente do trabalho desenvolvido nos últimos anos nos edifícios dos tribunais,
permanecem ainda grandes carências de investimento na manutenção, conservação, reabilitação e
adequação às novas exigências de funcionamento dos serviços.
Face ao anterior, está em conclusão um Planeamento Estratégico em que estão previstas cerca de
130 intervenções, sendo que algumas destas são em edifícios do Estado Português, que estão
desocupados e degradados, para serem adaptados para novos tribunais, e outras em edifícios que
foram intervencionados unicamente para adaptação ao Programa Funcional decorrente da ROJ.
Nos próximos três anos, está previsto gastar-se cerca de 40 milhões de euros em reabilitação de
edifícios de tribunais.
11
2.6 Um olhar sob
bre Lisboa
Teresa Duarte | Câmara Municiipal de Lisboa
12
3 M
Mercado imobiliário
i o de habittação
3.1 Enquadrramento sócio-econ
nómico
Luís Saraiva, Paulo Lobo, Cristina Ca
ardoso | Associaação dos Industria
ais da Construção Civil e Obras Púbblicas
Econ
nomia Portuguesa
O co
ontexto macrroeconómico o em que o Orçamento de Estado 2015 2 foi aprresentado e aprovado é
mais favorável qu
ue os dos annos anteriore
es, porque, embora seja
a mantido um
m contexto de
d rigor e de
e
enção orçam
conte mental, tambbém está p presente umma evolução mais favorrável do prroduto e do o
emprrego.
Em 22014, o invesstimento pre
evisto aprese
entou um creescimento de
e 1,6%. No eentanto, a sua evolução
o
recen
nte tem sido o muito conndicionada p pela crise económica
e e pelo elevaado endividamento dass
famíliias, das empresas e doo Estado, te ndo sofrido uma queda de 36,5% eentre 2008 e 2013. Porr
conseequência, o seu
s peso relativo no PIB B caiu de 21%
% para 15%.
Porémm, o contextto económicoo atual não é o único fattor que expliica um déficece de investim mento que o
País atravessa há largos anoos. Questõess como a ins stabilidade le
egislativa e ffiscal, a buro
ocracia e oss
os de contexxto, de que são exemp
custo plos evidentes a ineficiêência do Esstado na reg gulação doss
mercados ou os atrasos nos pagamenttos, são asp petos estrutuurantes que requerem intervençõess
concrretas e cap pazes de dinamizar
d o investimennto, designa adamente dee origem externa.e Em
m
conseequência, enntre os país
ses que ma is quotas de e mercado ganharam, P Portugal foi aquele que e
menoos investimento direto esstrangeiro attraiu nos últimos 10 ano os. Registem mos, contudo o, que foram
m
lança
adas, recenteemente, duaas iniciativass com resulttados muito importantes , sobretudo ao nível da a
capta
ação do inve estimento es
strangeiro pa ara o imobiliário naciona al, com eviddentes efeito os sobre umm
conju
unto muito alargado
a de setores de e atividade, o Regime de Tributaçção de Residentes Não o
Habittuais e o Reg
gime de Visto
os Gold.
Evolu obiliário em
ução do Settor da Construção e Imo m 2014
Apessar de, em 2014 ter-se registado u um crescime ento de 0,9% do PIB ee, simultane eamente, see
obserrvarem, na construção
c e imobiliário , os primeiro
os sinais po
ositivos num conjunto im
mportante de
e
indica
adores econnómicos que e permitem p perspetivar, para 2015, uma possívvel inversão do ciclo dee
crise prolongada, este foi, ainda, um ano d de crise paraa o setor.
O invvestimento eme construç ção observou u, em 2014, uma quebra de 4,3%,, e o VAB do ramo da a
Consstrução reduzziu-se 4,0%, face a 201 13. Na habittação, a que ebra do licennciamento é ainda maiss
acenttuada, atingiindo 7,9% naa construção
o nova, 8,1%% no número o de fogos, ccom apenas 6 785 fogoss
novoss licenciadoss em 2014, e 8,3% nas liccenças de re
eabilitação e demolição.
O coonsumo de cimento
c no mercado na acional, em 2014, terá totalizado
t ceerca de 2,3 milhões dee
tonela
adas, o que traduz uma quebra de 9 9,4%, face a 2013 e faz com que sejeja necessário recuar até
é
1970 para se encontrar um anoa com um m consumo de d cimento inferior ao reegistado nes
ste ano. Nãoo
ante, a opinião dos emp
obsta presários re lativamente à situação financeira ddas suas emmpresas temm
vindo
o a manter-se
e favorável, ao
a longo do ano corrente e, com um sa
aldo acumulaado de +7,9% % em 2014.
Fogos licenciad
dos em construções novas (INE, 2015)
13
3
3.2 Panorama imobiliário
erta e proc
3.2.1 Ofe cura de im
mobiliário em Portugal
Luís Saraiva, P
Paulo Lobo, Crisstina Cardoso | Associação dos IIndustriais da Con
nstrução Civil e Ob
bras Públicas
Em Portugal existe um ma situação o de exced ente habitac cional quantitativo. No entanto, im mporta
conhecer a atual ocu upação do parque hab bitacional, procurando-s
p e conhecerr de forma mais
aprofundada as caracte erísticas dos alojamentoss consideraddos vagos. A análise ela borada no Estudo E
Prospetivo do Mercado o da Habitaçção permite distinguir coontextos de crescimento
c , em que ex xistem
novas nece essidades de ecorrentes do
d aumento do número o de famílias s, e contexttos de contrração,
marcados p pela perda de d famílias e pela dimin nuição da prrocura globa al de habitaçção de resid dência
habitual. A evolução do número de famílias não o é homogénea em todo o território coontinental. Apesar
A
do crescime ento global observado,
o em
e 5 das 28 8 NUTS III o número de famílias dim minui: Alto Trá ás-os-
Montes, Be eira Interior Norte, Serra
a da Estrela , Pinhal Inteerior Sul e Alto
A Alentejoo. Esse fenó ómeno
traduz a maarcada difereenciação exisstente, para e
este indicadoor, entre o in
nterior e o litooral do contin
nente.
Enquanto a as NUTS III do interior e da costa a alentejana appresentam uma diminuiçção do núme ero de
famílias ouu aumentos inferiores a 6%, entre e 2001 e 20 011, as restantes NUT TS III aprese entam
aumentos b bastante maiss expressivoos, que chega am a atingir 22%.
Apesar de, claramente marcado pela diminuiçção do núme ero de famílias, no interrior do continente
português encontram-sse algumas exceções, corresponde entes aos municípios
m ccom os prin
ncipais
centros urbaanos. É o ca
aso de Bragaança (na NU T III do Alto Trás-os-Mon ntes), Vila R
Real (na NUT
T III do
Douro), Viseeu (na NUT III de Dão-Lafões), Covi lhã (na NUT T III da Cova da Beira), C Castelo Branc
co (na
NUT III da Beira Interio
or Sul), Évora (na NUT III do Alentejo Central) e Beja (na NUT III do Baixo
Alentejo), m
municípios on
nde se regissta um aume ento do número de famílias. O mesm mo acontece
e, mas
de uma forma menos expressiva,
e em
e Chaves e Mirandela a (localizadas s na NUT II I do Alto Trá
ás-os-
Montes) e nna Guarda (loocalizada NU
UT III da Beirra Interior Noorte). Nas árreas metropoolitanas do Porto
P e
de Lisboa, o
os aumentoss no número de famílias são mais sig gnificativos em
e municípioos periféricos s, mas
os municípiios centrais registam ain
nda um aum mento do núm mero de fam mílias, emborra em contex xto de
perda populacional.
Uma outra distinção poode ser feita a partir da idade dos alojamentos.
a Em Portugaal continenta al, em
2011, 37% dos alojame entos vagos correspond em a constrruções anterriores a 19600. Por outro o lado,
27% dos a alojamentos vagos correspondem a alojamentos construíd dos depois de 1990. Existe,E
m contraste entre contex
portanto, um xtos em que e os alojame entos vagos são mais anntigos e contextos
em que os alojamentos vagos são mais
m recentees. Contudo,, alguns dos alojamentoss vagos não estão
em condiçõões de seremm reocupados s, nem geram m oportunida ades de reabbilitação doss edifícios on
nde se
inserem. Emm Portugal continental,
c segundo
s os censos 2011, 4% dos alojamentos
a estão vagos s para
demolição. Em suma, é possível identificar, num quadro o geral de excedente hhabitacional e de
aumento do o número ded alojamentos vagos, diferentes intensidades e significaddos nos div versos
espaços doo continente. Situação que exige uma a análise dife
erenciada a cada
c contextoo local.
Alojamenttos vagos no mercado por famílias (esquerda)) e alojamentos vagos construíídos antes de 19960 (direita) (IN
NE)
14
3.2.2 Valorização do imobiliário
Luís Saraiva, Paulo Lobo, Cristina Cardoso | Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas
15
3.3 Análise económica
3.3.1 Custos diretos na promoção
André Baptista, Joana Rodrigues | Teixeira Duarte
16
por fração e tipologia, verifica-se que existe um impacto maior no aumento de custos para as
tipologias mais pequenas (51%), que não é acompanhado pelo aumento de valores de venda (45%).
Nas tipologias T3, a evolução dos valores de venda anda a par dos custos, 22% e 24%,
respetivamente. Somando todos os custos e tendo em atenção que são apenas as rúbricas
principais, compara-se o preço de custo da construção da habitação em Portugal com os valores de
venda.
2
Evolução do valor de áreas brutas privativas (m ) e da eficiência dos espaços
1995 2015
2 Δ (%)
Áreas brutas privativas (m ) Min. Máx. Média Min. Máx. Média
T2 98,5 103,2 100,9 119,9 128,0 124,0 23%
T3 149,4 149,4 149,4 144,3 157,7 151,0 1%
T4/T5 199,9 199,9 199,9 198,5 198,5 198,5 -1%
Eficiência dos espaços (%) 89% 84% -6%
Variação de custos de construção, IVA e preços de venda de 1995 a 2015 por tipologia
Analisando a figura seguinte verifica-se que à exceção da Área Metropolitana de Lisboa (AML), da
Área Metropolitana do Porto (AMP), e Algarve, em 83% do território os valores de venda praticados
não absorvem sequer os custos de construção + IVA. A situação piora drasticamente quando
acrescentamos, custos com o terreno, encargos financeiros entre outros.
2 500 €/m2
2 000 €/m2 Valores Médios de Venda de Habitação
(3ºT 2014)
1 500 €/m2
1 000 €/m2 Custos de construção + IVA (€/m2)
500 €/m2 (excluindo terreno, taxas adiministrativas
e urbanísticas e custos com loteamento)
0 €/m2
AML AMP Norte Centro Alentejo Algarve
Por custos indiretos entende-se os custos que não podem ser afetos diretamente a um investimento
imobiliário, pois são comuns a dois ou mais investimentos. De facto, o promotor tem uma estrutura que não
pode ser atribuída a um investimento em específico, mas que apresenta custos para a empresa, os quais
têm de ser contabilizados. Um investimento imobiliário é integrado em três enquadramentos distintos:
jurídico, comercial e técnico. Considerando as fases do investimento imobiliário, já enumeradas, e dentro de
cada um destes enquadramentos destacam-se as seguintes categorias de custos indiretos:
Custos indiretos
17
3.4 Referenciais de custos de construção - Reabilitação
António Gil Machado, Ricardo Guimarães | Confidencial Imobiliário
O problema
O acesso a informação sobre preços e custos é um dos fatores mais relevantes para o normal
funcionamento do mercado. Se a disponibilidade de informação fidedigna sobre preços de imóveis
tem sido um problema progressivamente resolvido, nomeadamente em termos de valores e volumes
de transação de mercado imobiliário, subsiste a falha de não existirem no mercado indicadores
estatísticos referenciais de custos de construção, com detalhe por tipo de obra e localização.
A proposta
O desenvolvimento de um sistema de informação de custos de construção é um problema complexo,
que exige a coordenação e reunião de melhores práticas, reunindo know-how especializado,
académicos, especialistas e entidades reguladoras. O objetivo de um sistema de informação é ter
referenciais sobre custos de construção agregados, sem detalhe por tipo de materiais ou por
atividade, mas antes partindo do valor global de adjudicação de obras para tipos de obras
devidamente tipificadas. Um tal sistema pode ter como fonte de informação as próprias empresas de
construção que para além de serem as produtoras primárias de dados são, em simultâneo, as
primeiras utilizadoras do sistema, assegurando a sua fiabilidade e continua atualização.
A solução
O sistema de informação de custos de construção realiza um primeiro esforço de tipificar intervenções
de construção, quer de obra nova quer de reabilitação. O critério será sempre o que permita a
comparabilidade de custos de construção, com um critério tão amplo que permita um cálculo
estatístico e tão estreito que seja relevante à tomada de decisão. Este equilíbrio é decisivo para o
sucesso da iniciativa. O segundo esforço é contratualizar com empresas de construção o
fornecimento regular e periódico dos valores de orçamentos de construção, enquadrando cada
orçamento num tipo de obra como previamente definido. A confidencialidade da informação é
essencial e é desde logo assegurada porque a empresa de construção nunca identifica uma obra em
concreto, optando por enquadrar cada obra concreta numa tipologia de obra pré-definida.
Um ponto essencial é o sistema focar-se no valor global de orçamento, com desagregação por fase
de obra. Ou seja, tem uma abordagem “top-down”, partindo do valor global de obra. Não se preocupa
assim com cada subatividade, ou em identificar custos unitário de materiais e / ou mão-de-obra. É um
esforço que o LNEC realiza através de Fichas de Custos Unitários, que são utilizadas a um nível
técnico de orçamentação.
Referenciais de custos de construção
Aponta-se como exemplo o Índice Confidencial Imobiliário, reportado mensalmente ao Banco de
Portugal que através do EuroSistema é utilizado pelo Bank of International Settlements – BIS (o
banco central dos bancos centrais). Gere sistemas de informação com base num conceito de
“coopetição”, promovendo a cooperação entre empresas que competem. Tal é possível graças ao
caráter de total independência e garantia de sigilo no tratamento da informação.
Entre estes sistemas, destaque para o Sistema de Informação Residencial (SIR), que reúne as
maiores redes de mediação imobiliária, a generalidade dos bancos nacionais e os maiores
promotores e investidores imobiliários. Permite hoje acompanhar a dinâmica de oferta e procura de
mercado imobiliário com um elevado grau de fiabilidade.
O Anuário Imobiliário e Energético monitoriza a dinâmica de licenciamento municipal, em colaboração
com a ADENE e mais de 20 municípios das áreas metropolitanas, incluindo os 10 maiores municípios
Portugueses.
18
3.5 Propostas para dinamização do setor imobiliário
Pedro Ministro | Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção
19
3.6 Prog
grama “Re
eabilitar para
p arrend
dar”
Vitor Reis | IHR
RU - Instituto da Habitação
H e da Re
eabilitação Urbanaa, IP
A aposta no
o mercado do
o arrendame
ento urbano é decisiva pa
ara o sucesso da reabilitaação urbana
a.
A criação d do programa a Reabilitar para Arren dar – Habittação Acess
sível, destinaado a financiar a
reabilitação
o de edifícioss antigos pa
ara arrendam
mento com rendas aces ssíveis, surgge como uma das
iniciativas d
desenvolvida as pelo IHR RU, IP, pa ra dar respposta a umm conjunto de desafios s que
enfrentamos, designada amente:
A rea
abilitação do parque habitacional antig
go que está muito degradado;
A neccessidade de
e criar uma oferta
o habitaccional com re
endas acess
síveis;
A imp
portância da regeneração
o urbana doss centros his
stóricos;
A reccuperação e dinamização
o do mercado
o de arrenda
amento;
A cria
ação de emp
prego no seto
or da constru
ução;
O con
ntributo para
a um desenvo
olvimento su
ustentável.
Podem can ndidatar-se a este programa pesso oas singulare
es ou coletivas, de nattureza privad da ou
pública, que
e sejam propprietárias de edifícios ou de parte de
e edifícios a reabilitar, ouu que demon
nstrem
serem titula
ares de direitos e poderres sobre oss mesmos que q lhes perrmitam oneráá-los e agir como
donos de obbra no âmbitto de contrato
os de empre eitada.
São considerados elegíveis os ediffícios com id o superior a 30 anos, preferencialm
dade igual ou mente
localizados em Áreas de Reabilitaçãão Urbana, l ivres de ónu
us e encargos, destinadoos a arrendammento
al com rendass acessíveis e cujas ope rações de re
habitaciona eabilitação se
ejam viáveis e sustentáve
eis.
Até ao fina
al de setembro passado o, foram sub bmetidas 58
8 pré-candidaturas, que representam m um
investimento global de 11,5 milhõe es de euross, com maioor incidência territorial nnos municípios de
o Porto. Enccontram-se ainda
Lisboa e do a em proocesso de ap
presentação um conjuntoo de candida aturas
que já soma
am 107 milhõ ões de euros
s de investim
mento.
Este progra
ama, gerido pelo
p IHRU, IP, conta com
m o financiam
mento do Ba
anco Europeeu de Investim
mento
e do Banco de Desenvoolvimento do Conselho daa Europa.
Os interesssados podem m consultar o regulamen to e demais informações s sobre o prrograma no Portal
da Habitaçãão, como reccorrer ao novvo simuladorr para avaliaçção da suste entabilidade das operaçõ
ões de
reabilitação
o, que se enccontra dispon
nível na pági na criada pa
ara o efeito.
20
4 Especificidades da regulamentação para as operações de reabilitação
4.1 Disposições arquitetónicas
4.1.1 Regulamento Geral de Edificações Urbanas
João Branco Pedro, Vitor Campos | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
As obras abrangidas pelo RERU estão isentas de cumprir 2) face aos modos de vida e ao uso dos
espaços (e.g., obrigação de colocar
diversos artigos do RGEU (vd. 5.2). Enquanto vigorar este
um bidé na instalação sanitária, modo
regime excecional, estão mitigadas diversas das de divisão dos equipamentos sani-
dificuldades identificadas na coluna à direita nesta página. tários nas habitações de tipologia T3 e
Quando, ao abrigo do RERU, uma obra estiver dispensada T4);
de satisfazer integralmente o RGEU, é recomendável, pelo 3) face ao disposto em outros diplomas
menos, cumprir o disposto na Portaria nº 243/1984, de 17 legais entretanto aprovados (e.g.,
regulamentação de segurança contra
de abril, sobre condições mínimas de habitabilidade,
incêndio e normas técnicas de
aplicável a edifícios de génese ilegal suscetíveis de eventual acessibilidade).
reabilitação.
21
4.1.2 Regulamento de acessibilidades
João Branco Pedro, Vitor Campos | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
22
4.2 Segurança
1 Eurocó
4.2.1 ódigos e re
egulamenttação porrtuguesa de
d estrutu ras
Mary M
Mun | Laboratórioo Nacional de Eng
genharia Civil
Princ
cipais preoc
cupações
As eestruturas devem ser construídas de modo a que
possa am suportarr, com grau us de fiabiliidade aproppriados,
todass as ações e influências ambienta ais suscetív
veis de
ocorrrer durante a execução da
d obra e no período de vida
v útil
previssto [a]. O projeto de estruturas d deve satisfaazer as
exigê
ências de resistência a mecânicca, utilizaç ção e
durabbilidade defin
nidas na regu
ulamentaçãoo de estruturaas [b].
Nívell de interven
nção mínimo
o
[a]
O R RERU dispensa as obras em ed ifícios ou frações f
existe
entes do cumprimento
c o de deterrminadas normaisn
técniccas supervenientes à co
onstrução oriiginária, des sde que
as ob bras não dimminuam as condições d de segurança e de
salubbridade do edifício exis
stente e em m particular as de
segurrança sísmicca. Considerra-se, no enttanto, que de eve ser
feita uma verifica
ação da seguurança do ed difício existe
ente, se
este tiver sido objeto de intervençõe es estruturais que
configgurem um auumento da sua vulnerabi lidade sísmic ca.
[b]
Nívell de interven
nção impostto pela regu
ulamentação
o
O RG GEU especifiica no artigo o 17 que “as edificações devem
ser cconstruídas e intervencio onadas de modo a garrantir a
satisffação das exigências s essenciaiss de resistência
mecâ ânica e esta
abilidade…” Da interprettação deste artigo,
depre eende-se qu ue as interrvenções de e reabilitaçã
ão, de
edifíccios não abrrangidos pelo RERU, de evem contem mplar a
reabilitação estrutural, incluind
do a reabilita
ação sísmicaa.
Princ
cipais dificu ação das medidas
uldades de implementa
impoostas pela re
egulamentaçção
O cum mprimento desta
d exigênc cia coloca d ificuldades a vários
níveiss: nas fasess de inspeçã ão e avaliaçção da estru utura e
fundaações do edifício existen
nte e na fase e de avaliaç ção das [c]
soluçções de interrvenção maiis adequada as, tendo em m conta
os coondicioname entos e os objetivos
o da intervenção [c] [d].
Acressce ainda quue uma interrvenção de rreabilitação sísmica
s
tem de ser feita a a nível do o edifício e não da fra ação, e
idealmmente a níve
el do quarteirrão e não do
o edifício isola
ado.
[d]
[a] Po
ontão danificado o por corrosão dos
d elementos metálicos. [b] Edifício
E sos fragilizado ppelo acréscimo sucessivo de
de 3 pis
novos pisos. [c] Intervvenção minimalista num edifíci o de valor patrim
monial. [d] Abertura de janela dde inspeção.
23
3
4.2.2 Segurança contra
c incêndio em edifícios
António Leça C
Coelho | Laborattório Nacional de Engenharia
E Civil
Principais preocupaçõ
ões
Os principaais problema as que se colocam
c em
m matéria dee
segurança a ao incêndio em edifícioss [a], sobretu
udo dos maiss
antigos, sãoo muitos e vão desde as a difíceis ccondições de
e
acessibilida
ade das via aturas dos bombeiros [b] até à
ausência de e compartimentação inte erior, passanndo pelo mauu
estado dass instalaçõe es [c], pelaas elevadass cargas de e
incêndio [d], pela aussência de qualificação a ao fogo doss
elementos estruturais e dos mate eriais de co onstrução e,
e
ainda, pelass deficientes condições de
d evacuação o.
Nível de inttervenção mínimo
m
[a]
Para que nnão se comp prometa a viabilidade dee reabilitação
o
de muitos edifícios, no
omeadamentte dos maiss antigos, as s
condições dde segurançça destes nã ão podem sser iguais àss
dos novos. Contudo, o nível miním mo de intervvenção deve e
conduzir a soluções em e que o tempo nece essário para a
evacuar o edifício é innferior ao te
empo durantte o qual as s
condições ambientais existentes s nesse e edifício não o
representamm um sério risco para a vida dos o ocupantes. A
adoção desste critério para definir o nível de intervenção o
exige a conncretização de
d novas metodologias de apoio ao o [b]
projeto base
edas na engenharia de segurança
s ao
o incêndio.
Nível de inttervenção im
mposto pela
a regulamen
ntação
A atual regulamentação o nacional, embora
e penssada para os s
os edifícioss novos, apliica-se às op perações de reabilitação
o.
Porque esssa legislaçã ão tem exigências qu ue excedem m
largamente a que revogou e a existente noutrros países, o
nível de intervenção que q resulta da sua apli cação a um m
edifício exisstente é extre
emamente elevado.
Principais dificuldades de implem
mentação d
das medidas
s [c]
impostas ppela regulam
mentação
Porque na a generalida ade dos casosc não é possíve el
implementa ar as medidass previstas na
n legislação
o, a aplicação
o
desta é um exercício de e resolução praticamente e impossível,
conduzindoo a soluçções casuíísticas sem m qualquer
fundamenta ação científfica. As soluções de projeto o
encontradass são, muitas vezes, exc cessivamentee onerosas e
desadequad das ao perig
go de incêndio do edifíciio que está a
ser interveencionado, pois decorrrem da a plicação de e
medidas co ompensatória as que resultam do bom m senso dos s [d]
intervenienttes no processso de licenc
ciamento.
24
4.3 Confortoo
1 Regulamento de desempe
4.3.1 enho energ
gético dos
s edifícioss de habita
ação
(REH)
Carloss Pina dos Santoos | Laboratório Nacional
N de Engennharia Civil
Rui Fraagoso | Agência para a Energia
Princ
cipais preoc
cupações
Melhoorar o conforto [a] e a eficiênc ia energéticca dos
sistem
mas técnicoos dos ediffícios sujeito
os a interv
venção.
Prommover a utilizzação de sistemas de aproveitameento de
fontes de energia
a renovável.
Nívell de interven
nção mínimo
o
Cump primento doss requisitos mínimos (e envolvente opaca e
enviddraçada [b], renovação
r de ar). Adapta ores de
ação de valo
referêência adeq quados às tipologiass construtiv vas a
intervvencionar, asssociando diiferentes áre
eas e necesssidades
de re
eabilitação.
Utilizaação de eq quipamentoss e sistemaas com nív veis de
desem mpenho en nergético ele
evados [c], confirmado os por
certifiicação idóne
ea e com manutenção reggular assegu
urada.
[a]
Nívell de interven
nção impostto pela regu
ulamentação
o
gTmáx Zona climática
c
Cump primento ded requisito
os mínimo os de qualidade Classe de
V1 V2 V3
(envo
olvente, reno
ovação do ar e sistem mas técnicos) e de Inércia
Fraca 0,15 0,10
0 0,10
valore
es máximoss de necessidades ene ergéticas no ominais
Média 0,56 0,56
0 0,50
(aqueecimento, Ni; arrefecimento, Nv; e en
nergia primá ária, Nt)
Forte 0,56 0,56
0 0,50
ajusta
ados em função do ano de d construçãão do edifício
o.
[b]
Contrribuição de sistemas de e aproveitam
mento de fon ntes de
Classe de
d eficiência
energgia renováveel, os quais devem satissfazer requis
sitos de mínima
m
Tipo dee
eficiê
ência, de qua
alidade e de manutençãoo. equipamennto após
atual
31 dez 2015
Coefiicientes de redução
r aplicáveis a gra andes intervenções
(1)
em fu
unção do ano o de construção do edifíccio [d]. Caldeiraa B A
1 - Classe A, caso as te emperaturas de
Princ
cipais dificu ação das medidas
uldades de implementa funcionamentto da instalação não
n permitam o
aproveitamennto da energia libertada pela
impoostas pela re
egulamentaçção condensaçãoo dos gases de coombustão.
utiliza
ação dos edificíos. Anterior Não Nã
ão
1,50
a 1960 aplicável aplic
cável
Entre
1960 e 1,25 1,2
25 1,50
1990
Posterior
1,15 1,1
15 1,50
a 1990
[d]
25
5
4.3.2 Regulamento de desempenho energético dos edifícios de comércio e
serviços (RECS)
Armando Pinto | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Rui Fragoso | Agência para a Energia
Principais preocupações
O RECS visa promover a eficiência energética em edifícios Zona Climática
de comércio e serviços, atendendo aos aspetos de Portugal Continental
Zona corrente da envolvente I1 I2 I3
viabilidade técnica e económica. Nas intervenções de Elementos opacos verticais
0,70 0,60 0,50
reabilitação o RECS tem exigências para a qualidade exteriores ou interiores
Elementos opacos horizontais
0,50 0,45 0,40
térmica da envolvente, para níveis mínimos de eficiência exteriores ou interiores
Vãos envidraçados exteriores
energética das instalações e equipamentos de AVAC, de (portas e janelas)
4,30 3,30 3,30
águas quentes sanitárias, de iluminação, de elevadores e Regiões Autónomas
dos sistemas de monitorização e gestão de energia [a] [b]. Zona corrente da envolvente I1 I2 I3
Elementos opacos verticais
1,40 0,90 0,50
Além dos aspetos construtivos, o RECS tem exigências exteriores ou interiores
Elementos opacos horizontais
para a qualidade do ar interior, para a instalação, condução exteriores ou interiores
0,80 0,60 0,40
e manutenção das instalações. O RECS valoriza o Vãos envidraçados exteriores
4,30 3,30 3,30
(portas e janelas)
aproveitamento de energia renovável. No âmbito de
[a]
aplicação do RECS, os requisitos aplicáveis aos pequenos
edifícios de serviços são menores do que as dos grandes Zona Climática
edifícios. V1 V2 V3
Fator solar do vão (sem
dispositivos de 0,25 0,20 0,15
Nível de intervenção mínimo sombreamento)
[a] Coeficientes de transmissão térmica de referência. [b] Fator solar de referência para os vãos envidraçados. [c]
Coeficiente de transmissão térmica máximo para elementos da envolvente. [d] Fator solar máximo admissível para os vãos
envidraçados.
26
4.3.3
3 Regulamento geral do ruíd
do (RGR)
Odete Domingues | Laaboratório Nacional de Engenh
haria Civil
António Tadeu | ITeCons
Principais preocupações
O con nforto acústico
o, no âmbito do regime da a edificação, contribui
c
para a melhoria da a qualidade do o ambiente, ccom reflexos no
n bem-
estar e saúde doss habitantes. Neste sentido o, a legislaçã
ão atual
contempla disposiçções que visa am disciplinar e regular a vertente
v
do coonforto acústicco nos edifício
os. Em 1998 e entraram em vigor
v os
primeiros requisitoss acústicos, teendo-se tornaado num dos aspetos
mais iimportantes do conforto na habitação. Effetivamente, o carater
intrusivo do ruído, proveniente da d vizinhança a ou do exterior, vem
dando o lugar a um elevado núm mero de queixa as de incomo odidade,
mereccendo particular atenção os o seguintes a aspetos: Nos bairros
antigo
os o nível de ruído exterior é mais influeenciado pela reduzida
r
dimennsão dos espa aços exteriore
es do que pro opriamente pe elo nível
de ruído; O isolam mento das fac chadas em e difícios antigo os, com [a]
paredes espessas, depende ess sencialmente do desempen nho das
o artigo 2 do DL
Número 1 do D n.º 53/2014
as; Pavimentos com deficiente isolamento
janela o a sons aéreeos e de
percussão, em parrticular em edifícios antigoss com pavime entos de O preesente decreto--lei aplica-se a
edifícios de uuso habitacional e a operação
madeira (soalho assente
a sobree vigas de m madeira); Pare edes de uurbanística não
o deve originar
separração entre fog gos adjacentees com reduzid do isolamentoo a sons desconfformidades, nem agravar as
aéreoos, associado o a massa reduzida das paredes; Ru uído de existentes.
equipaamentos cole etivos, situaçção que afeta a mais os edifícios
e [b]
recentes, uma vez que a maioria a dos edifícios antigos não tem este
Alíneas a) a g) do númerro 1 do artigo
tipo dde equipame entos (ascens sores, hidroprressores, ven ntilação, 5.º do DL
D n.º 96/2008
outross). Pared
des exteriores e coberturas:
Nível de intervenç
ção mínimo D22m,nT,w ≥ 27 dB [z
zona sensível]
D2m,nT,w ≥ 33 dB
B [zona mista]
Para os edifícios objeto
o de reabilitação, foi p
publicado o Decreto-
D Parede
es interiores:
Lei n.ºº 53/2014, de 8 de abril (RE
ERU), que no seu âmbito ap plicativo DnT,w ≥ 50 dB
B [Fogo/Fogo]
isenta
a o cumprime ento dos requisitos legais [[a] [b]. É referido, no DnT,w ≥ 58 dB
B [Fogo/Comérc
cio e serviços]
entanto, que num ma linha de sustentabilid dade as operações Pavimentos:
urbannísticas não deeverão agrava ar as condiçõe
es existentes.
L´nT,w ≤ 50 dB
B [Fogo/Fogo]
Nível de intervenç
ção imposto pela
p regulame
entação L´nT,w ≤ 58 dB
B [Fogo/Comérc
cio e serviços]
A obrrigatoriedade de manter as
a condições existentes im mplica a [d]
caractterização da situação no sentido d de não ocorrrer um
agravamento. Fazz-se notar que a isen ção dos re equisitos
amentares, co
regula onforme o Dec
creto-Lei n.º 53
3/2014, de 8 de
d abril,
incide
e apenas nos elementos
e de construção ddos edifícios objeto de
reabilitação, devvendo a instalação de equipaamentos
potencialmente ruiddosos cumprir o estabelec ido na legisla
ação em
vigor (RRAE).
[a] Emm obras de reabilitação, aplica
a-se o Decreto--Lei n.º 53/2014
4 a paredes exxteriores e cobeerturas, parede
es interiores e
pavime entos. [b] Condições de is senção conformme o Decreto o-Lei n.º 53/201
14. [c] Exigênncias de confforto acústico
regulamentares. [d] A qualidade das janelas é funda
amental na redu ução da propagação do ruído ddo exterior para
a o interior dos
os
edifício
27
7
4.4 Instalações técnicas
4.4.1 Instalações elétricas e de telecomunicações
José Eduardo Neves dos Santos | Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Principais preocupações
Face à dispersão de regulamentação / orientações / disposições técnicas sobre segurança em
Instalações Elétricas (IE) de Utilização de Energia existente em Portugal até 1974, muitas IE poderão
ter sido concebidas por técnicos não especializados e poderão ter entrado em funcionamento
(quantas sem inspeção inicial e sem projeto?), sem que estivessem garantidos os níveis de
segurança adequados (mesmo para a época) da própria instalação e das pessoas. Ora, quantas
dessas IE ainda se encontrarão em exploração, sem terem sofrido qualquer intervenção /
manutenção? Elas estarão concerteza muito deterioradas, desatualizadas e provavelmente
inseguras.
A partir de 1975 (Decreto-Lei nº 740/1974, de 26 de dezembro), com a entrada em vigor dos
Regulamentos de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Elétrica (RSIUEE) e de
Segurança de Instalações Coletivas de Edifícios e Entradas (RSICEE) – revogados em 2006 – as
exigências passaram a ser bem maiores, mas manteve-se a dispensa da obrigatoriedade de projeto
para edifícios de “menor” importância (até um certo limiar de potência a alimentar).
Entretanto, no que se refere à inspeção inicial de IE, só a partir de 1999 (com o surgimento da
Associação Certificadora de Instalações Elétricas – CERTIEL) o processo – até aí assegurado pelo
Distribuidor de Energia e pela Direção Geral de Geologia e Energia / Direções Regionais de
Economia – se tornou universal, pois passou a abranger a generalidade das IE.
No que se refere à Regulamentação, a profunda alteração introduzida pelos atuais regulamentos em
vigor (Regras Técnicas das Instalações Elétricas de Baixa Tensão – RTIEBT, e Manual de
Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios – ITED) veio tornar desatualizadas e, em muitos
casos, inseguras (face aos padrões de segurança impostos pelas RTIEBT), instalações contruídas
há, apenas, poucos anos, tendo em conta que aqueles regulamentos são, ainda, “recentes”
(publicação das RTIEBT em 2006 e do Manual ITED, 1ª Edição, em 2004 e 3ª Edição em 2014).
Se, ao conjunto de circunstâncias “desfavoráveis” anteriormente referidas, acrescentarem-se algumas
realidades que surgiram nos últimos anos – progresso tecnológico acelerado ao nível da
aparelhagem elétrica / de telecomunicações; aumento do tipo e número de equipamentos elétricos
em uso na habitação; necessidade de maior conforto / funcionalidade na exploração da instalação
elétrica ou de telecomunicações; exigência de maior eficiência – pode-se admitir que, para uma parte
significativa das IE existentes (nomedamente de habitação), se justificaria uma reabilitação, mais ou
menos profunda, dependendo da idade / estado de conservação.
Nível de intervenção imposto pela regulamentação
Instalações Elétricas: Não havendo legislação específica que preveja a dispensa do cumprimento de
algumas normas das RTIEBT (mesmo o Decreto-Lei nº53/2014, de 8 de abril – RERU, é omisso no
que se refere às instalações elétricas), decorre que, nas operações de reabilitação, “deverão” ser
aplicadas, integralmente, as RTIEBT, o que poderá, em alguns casos, constituir um entrave à própria
reabilitação. É, pois, necessário estabelecer um compromisso entre a exigência do cumprimento de
certas normas de segurança (por exemplo, ao nível da proteção contra choques elétricos) e a
flexibilização de outras normas “menores” (por exemplo, prescrições de âmbito geométrico, entre
outras).
Infraestruturas de Telecomunicações: O Manual ITED (3ª Ed.) inclui um capítulo (4.3 – Projeto de
Edifícios Construídos) com prescrições específicas para edifícios a reabilitar. Entretanto, o próprio
RERU (artº 8º) estabelece um conjunto de princípios simplificados, admissíveis em edifícios de uso
habitacional com mais de 30 anos.
28
4.4.2
2 Instalaç
ções de ab
bastecime
ento de ág
gua e dren
nagem de esgotos e águas
pluviais
s
Paulo Sá | Indaqua, Inddústria e Gestão da
d Água
Princ
cipais preoc
cupações
Errad
dicação doss materiais que não podem esttar em
conta
acto com águ
ua potável (e
e.g.: chumbo ).
Elimin
nação das tubagens sujeitas a corrosão o e/ou
incrusstrações, nomeadamen
n nte por co orrosão elettrolítica
resulttante da utilizzação de diferentes mate
eriais.
Subsstituição dass tubagens encastrada s nas pare edes e [a]
elemeentos estru uturais ou executada as em materiais
inade
equados (e.gg. grés, fibroc
cimento, poliietileno de ba
aixa ou
médiaa densidade, etc.).
Eliminnação do
os equipamentos d
de aqueciimento,
reserrvatórios e eq
quipamentos s de bombaggem localizaddos em
ponto os de acessso condicionado, para a a manuttenção,
limpeeza e desinfeeção periódic
cas, sem ve ntilação e co
orreção [b]
das ffalhas de montagem (e.g. válvulas de descarga e de
segurrança) ou co onstruídos em materiais inadequado os (e.g.:
fibroccimento).
acidade de purga ou de vventilação de
Garantia da capa e todas
ondutas, confforme o siste
as co ema em quesstão.
Elimin
nação das ligações dire
etas, de redees situadas abaixo
da co
ota da ruas de acesso, aos coletorees da rede pública,
p
mesmmo que localizadas abaix
xo daqueles.
[c]
Eliminnação das ligações daas redes dee esgoto às s redes
pluvia
ais ou às lin
nhas de água e das red
des pluviais ou dos
sistem
mas de reb baixamento de nivel fre
eático ao sistema
s
públicco de saneamento.
Nívell de interven
nção mínimo
o
Atend dendo à relação custo//beneficio, a generalidad
de das
intervvenções nesttes sistemas
s são integra is.
Nívell de interven
nção impostto pela regu
ulamentação
o
O Reegulamento Geral
G dos Sistemas Púb
blicos e Pred
diais de
[d]
Distribuição de Água e de Dre
enagem de Á
Águas Residduais, o
Reguulamento Geral
G das Edificações Urbanas e os
Reguulamentos Municipais impõem o seu integral i
cump primento.
Princ
cipais dificu ação das medidas
uldades de implementa
impoostas pela re
egulamentaçção
O enorme impacto que qualquer in ntervenção nestes
mas tem sob
sistem bre os eleme
entos constru
utivos e tamb
bém na
[e]
próprria construçção que, por
p vezes, é impeditiiva do
cump primento da regulamenta
r ção.
29
9
4.5 Sustentabilidade ambiental das intervenções
4.5.1 Considerações iniciais
José Silvestre, Jorge de Brito, Manuel Duarte Pinheiro | Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
Com o parque edificado urbano (e de infraestruturas) existente, nos próximos anos a reabilitação dos
edifícios e zonas urbanas vai ser mais importante do que a execução de novas construções. Parece
inquestionável que estas ações de reabilitação devem ser viáveis em termos económicos: garantindo
não só o retorno necessário para pagar a intervenção, mas criando também valor ao longo da sua
vida (ciclo). A intervenção de reabilitação deve ser ainda efetuada para assegurar valor social, sendo
o cuidado no uso dos recursos ambientais (energia, água, solo, resíduos, qualidade do ar) também
um valor incontornável.
Assim, será desejável que a aposta na reabilitação para este ciclo (até 2020) assegure que as
intervenções resultem em edifícios com um desempenho melhorado em termos ambientais, sociais e
económicos, o que se pode designar por uma reabilitação sustentável de edifícios e de zonas
urbanas.
Em termos legislativos, vários requisitos legais nacionais têm vindo a integrar a procura de melhoria
do desempenho ambiental em aspetos específicos (energia, resíduos, impactes ambientais):
nos resíduos, o Decreto-Lei n.º 46/2008 para Resíduos de Construção e Demolição (RCD),
obriga, desde logo no projeto de execução, a um Plano de Prevenção dos RCD e dá
orientações para fomentar a redução e reciclagem, na prática, por reduzida fiscalização e
suporte à sua execução, a procura da reciclagem ainda é marginal;
na energia, o Sistema Nacional de Certificação Energética (SCE) 1, definido pelo Decreto-Lei
n.º 118/2013, de 20 de agosto, que segue a EPBD, define que, independentemente da potência
térmica nominal, os edifícios de habitação passam a estar abrangidos pelo REH e os de
comércio e serviços pelo RECS.
A nível municipal, é progressivamente dada importância à reabilitação embora a consideração da
sustentabilidade seja efetuada de forma avulsa caso a caso e, por vezes, sem uma abordagem que
considere efetivamente as três dimensões da sustentabilidade ou o ciclo de vida. Entre os casos que
procuram caminhar nesse sentido, é de referir o Município de Santarém que integrou no Regulamento
Municipal uma redução de taxas de operação urbanística de 25% para a construção sustentável.
Quando se equaciona a razão pela qual estas abordagens de reabilitação, e nomeadamente de
reabilitação sustentável, são ainda reduzidas, importa referir: o défice de informação e sensibilização
do consumidor e também dos profissionais, começando desde logo pelo défice de conhecimento dos
engenheiros e arquitetos, bem como uma ótica de curto prazo (ou oportunista) dos promotores.
Os mecanismos financeiros disponíveis têm limitado a aposta na reabilitação (veja-se o caso do
programa Jessica 2 ) e sobretudo não consideram estruturalmente a sustentabilidade e a sua
potencialidade de criação de valor, não contribuindo para uma efetiva reabilitação sustentável.
Se bem que, por enquanto, apenas alguns consumidores procurem a reabilitação com uma lógica de
sustentabilidade, existe já uma consciência generalizada de que não se pode promover (no público e
no privado) soluções com desempenho inaceitável.
1
Implementado desde 2006 pelo agora revogado Decreto-Lei n.º 78/2006 de 4 de Abril, aprova o Sistema Nacional de
Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE) que transpôs parcialmente para a ordem jurídica
nacional a Directiva n.º 2002/91/CE, do Parlamento Europeu, de 16 de Dezembro, relativa ao desempenho energético dos
edifícios. O SCE é um dos três requisitos sobre os quais assenta a nova legislação relativa à qualidade térmica dos edifícios
em Portugal.
2
JESSICA - Joint European Support for Sustainable Investment in City Areas (Apoio Europeu Comum para o Investimento
Sustentável em Zonas Urbanas) é uma iniciativa da Comissão Europeia, desenvolvida em colaboração com o Banco
Europeu de Investimento (BEI) e o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa (BDCE). Promove a regeneração e o
desenvolvimento urbano sustentáveis, através de mecanismos de engenharia financeira.
http://ec.europa.eu/regional_policy/thefunds/instruments/jessica_pt.cfm#1 http://www.fundojessicaportugal.org/.
30
A procura de um bom desempenho ambiental na reabilitação vai sendo progressivamente
considerada nas orientações e requisitos. No entanto, ainda é reduzida a abordagem de forma
integrada do desempenho equilibrado entre aspetos ambientais (em sentido restrito), económicos e
sociais. Apesar disso, a reabilitação sustentável perspetiva-se (nas orientações comunitárias e
nacionais) como o caminho a desenvolver.
3
Resolução do Conselho de Ministros n.º 65/2007, de 07 de maio (Documento 27998 Versão 1, em vigor desde 07 de maio)
4
http://www.lidera.info/?p=MenuContPage&MenuId=19&ContId=57
5
Projeto comunitário no âmbito das compras públicas ecológicas - http://www.ecopol-project.eu/en
6
Regulamento (UE) Nº 305/2011, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de março de 2011.
31
A DAP de um material ou solução construtiva pode ser registada no programa nacional DAPHabitat7,
sendo necessária a verificação da mesma por terceira parte para esse registo se efetivar. Este
programa está inserido na ECO-Platform 8 , uma organização internacional fundada em 2013 que
aglutina operadores europeus de programas de registo de DAP do sector da construção. O objetivo
da ECO-Platform é apoiar o fornecimento de informação científica verdadeira, credível e imparcial em
DAP para produtos do sector da construção que se pretende que tenham reconhecimento mútuo
pelos programas de registo europeus pertencentes a esta associação (ECO-DAP). Esta iniciativa da
ECO-DAP Europeia irá reduzir o esforço dos fabricantes, permitindo que a indústria comunique a
informação ambiental relevante dos seus produtos num formato harmonizado e reconhecido entre os
países europeus.
7
www.daphabitat.pt
8
www.eco-platform.org
9
Hurley, James; Goodier, Chris; Garrod, Elizabeth; Grantham, Rob; Lennon, Tom; Waterman, Anthony, Design for
Deconstruction - Tools and Practices, Proceedings of CIB TG 39, Design for Construction and Materials Reuse, CIB
Publication 272, Karlsruhe, 2002, pp. 139-173.
10
O nível até ao qual a conceção de um edifício facilita a sua reutilização, como um todo ou fragmentado em partes, e a
reciclagem dos materiais não suscetíveis de serem diretamente reutilizados.
32
correntes de mercado, oferta e procura atuais e a facilitação do seu potencial de mercado; os aspetos
de legislação como a recertificação de componentes e materiais para reutilização e up cycling.
Em peritagens efetuadas pelo Building Research Establishment (BRE) com recurso a este sistema
constatou-se que: é possível efetuar uma peritagem de um edifício e do seu conteúdo em situações
de tempo e custo limitados; se a peritagem for efetuada antes da elaboração do caderno de
encargos, existem fortes hipóteses para a reutilização e reciclagem de componentes e materiais; os
clientes podem escolher o empreiteiro com a melhor oferta tendo em conta não só a construção como
a desconstrução; a localização, os equipamentos, o tempo, o espaço e a procura terão um papel
importante na seleção da decisão de reutilizar, reciclar ou levar a vazadouro; o cliente deveria incluir
uma peritagem nos documentos levados a concurso para que os empreiteiros de demolição a tenham
em conta na sua proposta; todas as propostas deveriam incluir um levantamento dos materiais e
componentes que serão recuperados para reutilização, reciclagem ou recuperação de energia,
incluindo a fixação de metas.
Em resumo, a utilização de materiais reciclados/recicláveis deve ser fomentada na reabilitação de
edifícios mas existem alguns obstáculos a vencer, entre os quais: a cultura de desconfiança
relativamente aos materiais “em segunda mão”; a inexistência de um mercado estabelecido de
recolha e revenda deste tipo de materiais; as baixas taxas ambientais associadas à deposição em
vazadouro de materiais com potencial de reciclagem e à extração de novas matérias-primas.
33
5 Controlo público das operações de reabilitação urbana
5.1 Os regimes gerais
Vitor Campos, João Branco Pedro | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
insere-se no âmbito lato do controlo público das operações Este princípio é uma peça-chave na aplicação
dos regulamentos técnicos da construção às
urbanísticas e assenta em dois regimes gerais: obras realizadas em edifícios existentes. A sua
aplicação não é isenta de subjetividade, o que
Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação; coloca uma exigência acrescida aos técnicos
responsáveis pelos projetos e aos municípios
responsáveis pelo respetivo controlo prévio.
Regime Jurídico da Reabilitação Urbana.
Nos termos do RJUE, uma pretensão para
realizar obras em edifícios existentes, que seja
O Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE), desconforme com normas legais ou
originalmente aprovado pelo Decreto-Lei nº 555/99, de 16 regulamentares supervenientes à construção
originária, não pode ser recusada caso se
de dezembro, foi sucessivamente objeto de alterações, a verifique uma das seguintes condições:
mais recente das quais aprovada pelo Decreto-Lei as obras não originarem nem agravarem
nº 136/2014, de 9 de setembro. desconformidades com essas normas;
35
5.2 O Regime Excecional para a Reabilitação Urbana
Vitor Campos, João Branco Pedro | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Pedro Ministro | Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção
O Regime Excecional para a Reabilitação Urbana (RERU) Questões suscitadas pelo regime
excecional
foi aprovado pelo Decreto-Lei nº 53/2014, de 8 de abril, para
vigorar até 9 de abril de 2021. A iniciativa de dispensar as obras de
reabilitação do cumprimento de um
conjunto alargado de normas técnicas
O diploma veio dispensar da sujeição a determinadas suscitou dúvidas no meio técnico.
normas técnicas as obras de reabilitação “em edifícios ou
Uma das questões prendeu-se com a
frações, cuja construção tenha sido concluída há pelo opção legislativa em si. Estava em causa
menos 30 anos ou localizados em áreas de reabilitação saber se o principal obstáculo à
dinamização da reabilitação urbana
urbana, sempre que se destinem a ser afetos total ou residia na desadequação das normas
predominantemente ao uso habitacional”. técnicas da construção. Interrogava-se
também se a correta aplicação do
Entre os motivos invocados para justificar a aprovação do princípio da proteção do existente não era
suficiente para ultrapassar eventuais
RERU destacam-se o elevado número de edifícios em dificuldades relacio-nadas com a
deficiente estado de conservação, a especificidade dos desadequação das normas técnicas às
intervenções sobre os edifícios existentes.
edifícios antigos não ser tida em conta pelo atuais
regulamentos técnicos da construção e o nível de exigência Outra questão, suscitada pelas Ordens
profissionais dos arquitetos e engenheiros
destes regulamentos ser excessivo face aos recursos e por uma associação científica do
atualmente disponíveis. domínio da engenharia sísmica, baseou-
se no ponto de vista de que as
O RERU abrange todos os tipos de obras – as obras de intervenções de reabilitação são uma
oportunidade para melhorar o desem-
ampliação e construção apenas são abrangidas quando penho do parque edificado, em particular
satisfaçam cumulativamente certas condições – e ainda as no que respeita à segurança estrutural e
sísmica.
alterações de utilização.
Os defensores deste ponto de vista
Os domínios regulamentares abrangidos são seis: preconizaram que o RERU deveria
estabelecer normas sobre o reforço estru-
Regulamento Geral das Edificações Urbanas – tural dos edifícios, a cumprir nas
intervenções de reabilitação urbana, em
dispensa de alguns artigos; particular nas zonas do país mais
expostas ao risco sísmico.
Regime de Acessibilidades aos Edifícios e
Entre os fundamentos desta posição
Estabelecimentos que Recebem Público, Via Pública destacam-se:
e Edifícios Habitacionais – dispensa total;
Grande parte dos edifícios sujeitos a
Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios intervenções de reabilitação não tem
condições mínimas de segurança estru-
– dispensa total;
tural face a um sismo, pelo que não basta
Regulamentos aplicáveis em matéria de certificação manter o nível de segurança existente;
36
5.3 Regulam
mentação específica
e a para a re
eabilitação
o
Vasco Peixoto de Freitas | Faculdade de Engenharia daa Universidade do
o Porto
[c]
37
7
6 Métodos de apoio à decisão
6.1 Avaliação do ciclo de vida das intervenções
Maria João Falcão da Silva, Filipa Salvado | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
39
6.2 Avaliação do risco
Maria João Falcão da Silva, Filipa Salvado | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
40
6.3 Análise de custo-benefício
Maria João Falcão da Silva, Filipa Salvado | Laboratório Nacional de Engenharia Civil
A indústria da construção é uma atividade responsável por uma parcela significativa dos impactos
ambientais negativos em termos de consumo final de energia (42%), emissão de gases com efeito de
estufa (50%) e produção de resíduos (22%). Neste quadro, a União Europeia tem vindo a estabelecer
metas e a definir políticas com vista à preservação ambiental e racionalização dos recursos [2]. A
procura de soluções para atingir estas metas no setor da construção conduz a uma forte aposta na
reabilitação de edifícios existentes. A reabilitação de edifícios existentes assume um papel importante
no aumento da sustentabilidade do ambiente, constituindo uma alternativa à realização de
construções novas ou à demolição e reconstrução, pois reduz o consumo de materiais novos e a
produção de resíduos.
A Análise de Custo-Benefício (ACB) de projetos de investimento é explicitamente exigida pelos novos
regulamentos da União Europeia que regem os Fundos Estruturais, o Fundo de Coesão e o
Instrumento Estrutural de Pré-Adesão, no caso de projetos cujos orçamentos excedam,
respetivamente, 50, 10 e 5 milhões de euros. A ACB permite determinar se os benefícios futuros das
estratégias de reabilitação consideradas serão suficientes para justificar os custos atuais do projeto,
assentando na conversão a valores monetários de todos os custos e benefícios, e respetivas
correções, mesmo quando são de caráter intangível.
A Análise Custo-Benefício (ACB) consiste num método para avaliar o impacto económico líquido de
um projeto de investimento, podendo ser utilizada para uma diversidade de intervenções. No que se
segue, considerar-se-á a sua aplicação a projetos de investimento. Nestas circunstâncias, o objetivo
de uma ACB consiste em determinar se um projeto é viável sob o ponto de vista do bem-estar social
através da soma algébrica dos seus custos e benefícios descontados ao longo do tempo. Neste
sentido revela-se essencial: i) prever os efeitos económicos do projeto, ii) quantificar esses efeitos,
iii) transformar, sempre que possível, os efeitos em unidades monetárias e iv) calcular a sua
rentabilidade económica por via de um indicador preciso, que permita formular uma opinião concreta
em relação ao seu desempenho esperado. A ACB assenta na conversão a valores monetários de
todos os custos e benefícios, mesmo quando são de caráter intangível, passando por várias
correções, nomeadamente: i) Distorções de preços, ii) monetarizações de impactos não monetários,
iii) inclusão de efeitos indiretos e iv) utilização de taxa de atualização social diferente da financeira.
Em Portugal, torna-se urgente desenvolver estudos de base económica, que permitam fundamentar
as intervenções de reabilitação. A decisão de reabilitar é complexa, uma vez que os custos
associados exigem uma apreciação a diferentes níveis, dada a sua relevância para as partes
interessadas no processo de decisão, e nem sempre facilmente quantificáveis. Na sequência das
decisões recentes da União Europeia, torna-se essencial e urgente a realização de estudos para
fundamentar as estratégias a adotar. Neste quadro, a utilização de metodologias com base em ACB
permitem estudar a viabilidade de projetos de reabilitação e avaliar os seus impactos com base na
comparação dos custos e dos benefícios num determinado horizonte temporal.
41
7 Financiamento, incentivos e fundos de reserva
7.1 Incentivos financeiros e fiscais
Dinis Isidoro Rodrigues | Agência para a Energia
No início de 2015 foi aprovado o Acordo de Parceria que norteia a utilização dos fundos estruturais
até 2020, sendo que o domínio relacionado com a Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos
(SEUR) prevê apoios para a promoção da eficiência energética e energias renováveis. Assim, a
dotação orçamental disponível para apoiar projetos relacionados com a promoção da eficiência
energética e das energias renováveis é de cerca de 2.000 milhões de euros por forma a apoiar
diferentes tipologias de projetos, de acordo com as diferentes prioridades de investimento
estabelecidas no Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos
(POSEUR) bem como em cada um dos Programas Operacionais Regionais.
A prioridade de investimento “4.2”, destinada a apoiar projetos de promoção de eficiência energética
e de energias renováveis no setor das empresas, e a prioridade de investimento “4.3”, destinada a
apoiar projetos de promoção de eficiência energética no setor público (central e local) e no setor da
habitação (social e particular) concentram a generalidade dos apoios que serão canalizados para
apoiar projetos de eficiência energética em edifícios.
As dotações orçamentais associadas a cada uma das prioridades de investimento podem ser
encontradas nos programas operacionais regionais sendo que no caso específico de projetos no
âmbito da administração central toda a informação se encontra disponível no POSEUR. Esta
informação está disponível através da página de internet do Portugal 2020 em www.portugal2020.pt.
Importa referir que o Regulamento Específico para o domínio Sustentabilidade e Eficiência no Uso de
Recursos (Portaria n.º 57-B/2015, de 27 de fevereiro) prevê que os projetos a apoiar em edifícios
sujeitos à aplicação do Decreto-Lei n.º 118/2013, de 20 de agosto, devem resultar num aumento de,
pelo menos, duas classes no certificado de desempenho energético, e gerar benefícios líquidos
positivos, sendo que o apoio à promoção de energias renováveis nas referidas prioridades de
investimento, apenas será possível quando integrar igualmente soluções que visem a promoção da
eficiência energética.
De salientar que os apoios a conceder, e contrariamente ao que aconteceu no Quadro de Referência
Estratégica de Nacional (QREN), relativo ao período 2007-2013, serão reembolsáveis, com exceção
dos apoios a conceder para a habitação social. Assim, no caso das empresas e da habitação
particular os apoios serão 100% reembolsáveis, sendo que no caso da administração central e local,
estas terão de partilhar anualmente, com a entidade financiadora, 70% do valor das economias de
energia geradas.
Todas as candidaturas submetidas deverão ser precedidas de um diagnóstico energético ou auditoria
energética, nos termos que venham a ser estabelecidos nos Avisos, sendo que os custos incorridos
com estes estudos serão financiados a fundo perdido nos casos em que os projetos sejam
implementados pelos promotores, tendo em consideração eventuais custos de referência ou custos
máximos que venham a ser definidos para o efeito.
Nesta medida estão criadas condições para que, num futuro próximo, se possa iniciar a atribuição de
apoios a projetos integrados de promoção da eficiência energética e das energias renováveis
contribuindo de forma efetiva para o cumprimento das metas estabelecidas no Plano Nacional de
Ação para a Eficiência Energética e no Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis e para
a existência de um parque edificado mais eficiente.
43
7.2 Fundos de reserva
Vasco Peixoto
o de Freitas, And
dreia Mota Miranda | Faculdade de Engenharia da
a Universidade do
o Porto
A conjunturra económicca do nosso país permitte antever que as famílias terão maais dificuldad de em
adquirir novvos apartame entos, pelo que
q se justiffica uma refleexão sobre a reabilitaçãão dos edifícios de
habitação ccoletiva existtentes constrruídos entre 1960 e 1990, bem como o sobre a esstratégia técnica e
financeira p
para os reab bilitar. Foram construídoss nesse perííodo mais de
e 1,5 milhõess de edifícioos dos
quais cerca de 200 000 são edifícios s de habitaçã
ão coletiva em
e propriedaade horizontaal.
Edifícios construídos em
m Portugal por época
é (INE, 2012)
44
8 R
Recomend
dações té
écnicas
8.1 Reforço sísmico/e
estrutural
Rita M
Moura | Teixeira Duarte
D
Rita Be
ento | Instituto Suuperior Técnico, Universidade
U de Liisboa
Paulo B. Lourenço | Escola
E de Engenha aria da Universidaade do Minho
Soluç
ção construtiv
va
Os ed difícios com necessidades de reforço sísmico/estrutural em
2 – Escolha da exigência de
Portuggal apresentamm: paredes de alvenaria e paavimentos de madeira,
m 1 - Recolha de inforrmação do
edifício
desempenho
estrutu
ura mista alven
naria-betão ou estrutura de b
betão armado. 1.1 – Definição do nível
n de 3 – Escolha do método de
conhecimento análise
A meetodologia do EC8-3 para a avaliação e para a reab bilitação 4 – Análise e avaliação de resu
ultados
sísmicca de edifício
os existentes é uma metod
dologia compo
osta por
5 – Decisão de intervenção estrutural
etapas bem definidas [a]: SIM
45
5
8.2 Cob
berturas
Vasco Peixoto
o de Freitas, Anddreia Mota Miranda | Faculdade de Engenharia da a Universidade do o Porto
Dulce Franco H
Henriques | Instiituto Superior de Engenharia
E da Lissboa, Instituto Pollitécnico de Lisboa
a
Solução co
onstrutiva
Em edifícioos antigos, a cobertura mais comu m é do tipo o
inclinado ccom estrutu ura de mad deira [a]. E
Em edifícioss
recentes, a maioria dass estruturas é em betão o armado ouu
em elementos pré-fa abricados de betão p pré-esforçado
o
(inclinadas ou em te erraço) e/ou
u ainda em m elementos s
metálicos. O revestimento superiorr é de telha cerâmica ouu
de betão, re
egistando-se
e porém muitaas outras so
oluções.
Os valoress do coeficciente de transmissão térmica de e [a]
2
coberturas ssem isolame
ento são da ordem
o de 3 W
W/m .ºC [b]. Tipo de
Maciçaa
Aligeirada
Leve
L
ção
soluç cerâmica
Níveis de in
ntervenção W/(m2.ºC)
U [W 3,4 2,8 3,8
[b]
No que se refere à esttrutura de co obertura, se esta for em
m
madeira, oss níveis e metodologias
m nção passam
de interven m Zona II1 I2 I3
Umááx [W/(m2.ºC)] 1,,25 1,00 0,90
genericame ente pelo exxposto em 8.6. 8 No enta nto, a maior Ureef [W/(m2.ºC)] 0,,40 0,35 0,30
Ureff [W/(m2.ºC)]* 0,,35 0,30 0,25
necessidade de interve enção relacioona-se, em g geral, com o
* Após 31 dde dezembro de
e 2015
mau compo ortamento térmico ou deficiente esta anqueidade à
[c]
água. O ccoeficiente de transmis ssão térmicca (U) deve e
Nível de Qualidad
de Limites de
d U
satisfazer o
os valores máximos adm missíveis, parra cada zona
a N0 U > Ureef
climática [c]] e os níveiss de qualidad
de definidos em [d]. Comm N1 U = Ureef
N2 U = 0,75.Uref
base no vvalor de refe erência reguulamentar, m maximizar o N3 U = 0,60.Uref
desempenh ho térmico é sempre fav vorável, querr no inverno
o, N4 U = 0,50.Uref
quer no verão. [d]
Metodologias de interv
venção / pre
eocupações
s
Recomenda a-se a aplica
ação de isola
ante térmico sobre a laje e
horizontal p
para melhoria
a da eficiênc
cia energéticca do edifício
o
e otimizaçãão da inérccia térmica, quando há á elementos s
pesados [e]].
Avaliação ttécnico-eco
onómica
Qual é o p período de retorno do investimento o quando se e
aplicam 10 cm de isolam mento térmicco sobre a laaje horizonta
al U = 0,32 W
W/(m .ºC)
2
[a] Cobertura com estrutura eme madeira. [b] Valores de U para os três tip pos de solução possíveis da ccobertura. [c] Va
alores
de U máximo e de referênccia impostos pe ela regulamenta ação. [d] Níveiis de qualidade e em função ddos valores do U de
referência. [e] Solução constrrutiva da cobertu
ura fortemente vventilada. [f] An
nálise técnico ec
conómica da soolução.
46
8.3 Paredes
Fernan
ndo F. S. Pinho, Paulina Faria | Faculdade de Ci
Ciências e Tecnolo
ogia da Universida
ade Nova de Lisbooa
Paulo B. Lourenço | Escola
E de Engenha
aria da Universidaade do Minho
Soluç
ção constru
utiva
Pareddes de alvvenaria de pedra irreg gular argam
massada
(alven
naria ordinárria), com dan
nos importantes no caso de um
eventto extremo [a], caracte erizada sobrretudo por grande
heteroogeneidade [b]. A heterogeneid
h dade resulta da
diverssidade nos materiais e técnicas construtivas, dos
custoos dos mate eriais e seu transporte e da formação dos
operáários. As paredes possuemp ussualmente função
estruttural, podendo apresenttar irregularid métricas
dades geom
e cavvidades/vazios interiores s, principalm
mente nas paredes
p
de múltiplas folha
as.
Níveiis de interve
enção
Nos ttrabalhos de e reabilitação estrutural deve respeita ar-se as
caraccterísticas da solução consstrutiva, garanntir um desem
mpenho
adequado face às à ações mecânicas prrevistas, elim minar a
desag gregação das paredes e promove er uma ade equada [a]
interlig
gação a parredes transveersais, pavim mentos e cob berturas.
Deve ainda asseg gurar-se as boas
b práticass de conservvação e
reabilitação, incluuindo a co ompatibilidade entre materiais
m
existeentes e a aplicar,
a a durabilidade e a eficiên ncia da
intervvenção.
Meto
odologias de
e intervençã
ão / preocup
pações
Meto odologias: AsA principais técnicas
t de re eabilitação, a utilizar
em cada caso, co onstam de: re efechamento o de juntas; rebocos
r [b]
armad dos; confinaamento trans sversal (cone etores, pregagens);
injeçã
ão de caldas (por gravidad de ou sob prressão); desm monte e
reconnstrução; liga
ação entre paredes
p de fachadas pa aralelas;
ligaçã
ão pavimento o/parede; vigaa-cinta sísmicca; encamisa amento;
sistem
mas porticados em betão o armado; so oluções misttas, tais
como o rebocos armmados + confinamento tran nsversal + injeeção de
caldas; outras soluuções, tais co
omo: reticulad do de barras s/varões
de açço, aplicação de pré-esforçço vertical, disssipadores diaagonais
de ennergia, ou colocação de materiais
m colad dos na superfrfície.
Preocupações: Basear
B a inte
ervenção no s resultados
s de um
diagnnóstico adeqquado, que deve incluirr a verificaç ção de
possíível separaçção entre folh
has, a prese
ença de vazios e o
nível de seguran nça das fun ndações. Gaarantir a eficiência
higrométrica da parede
p após a intervençção, assegurrando a
sua ssecagem.
[c]
Avaliiação técn nico-económmica: As soluções podem
apressentar custos reduzidos, tipicamente € 2 de
e entre 30 €/m
paredde, para umma solução simples de e refechame ento de
juntass, até mais
m 2 €/m2 d
de 200 de parede para
encam misamento com
c armadurra e respetivvo acabamen nto.
47
7
8.4 Fundações
Rita Moura | Teeixeira Duarte
Alexandre Pintto | Instituto Supeerior Técnico, Univversidade de Lisbooa
Fernando F.S. Pinho | Faculdaade de Ciências e Tecnologia da Unniversidade Nova de Lisboa
Identificaçã
ão do proble
ema
Uma das principais causasc de fendilhação
f em edifícioss
existentes ssão os movvimentos ao nível das ffundações. A
construção dde edifícios so
obre formações pouco com mpetentes, doo
ponto de vista geome ecânico, ass sociada à ausência de e
tecnologia adequada (especialmente em ed difícios maiss
nduz, por vezzes, a soluçõe
antigos), con es de fundaçãão aligeiradas
s
e improvisad das, que, co om frequência a, originam u
um deficientee
comportame ento estrutural. O acrréscimo de cargas (e e
sobrecargass), associado o a intervençõ ões com alteeração do uso o
da estrutura, poderá exig gir o reforço das
d fundaçõess. a.1) a.2)
Metodologias de interv
venção / pre
eocupações
s
A metodoloogia para a avaliação e para o reforço dee
fundações é compostaa pelas seg
guintes etap
pas (Coelho
o,
1996):
1. Inspeção estrutural e diagnóstico
d de
e anomalias: Levantamentoo
estrutural e geométrico,, complemen ntado por llevantamentos s
topográficos ou fotogramé étricos; Levan
ntamento e di agnóstico das
s
anomalias, nnos locais em que ocorram m fissuras, com
m medição de e
a.3)
aberturas e d
da respetiva extensão e evo olução.
2. Monitoriza
ação (acompanhamento) de e movimentos e de fissuras
s:
Terreno: in nstalação de calhas inclinométrica as; Edifícios s:
levantamentoos topográfiicos, fissurrómetros, ssensores de
e
deslocamentoos (elétricos, fib
bra ótica).
3. Prospeção o geológica e geotécnica, sempre
s que e exista suspeitaa
de deficientte comportam mento das fundações, de modo a
caracterizar a
as condições de fundação da d estrutura, ccontemplando o: a.4)
Sondagens g geotécnicas – caracterização do terreno o de fundação o
(resistência, permeabilida ade), incluind do cota do n nível freático
o;
Poços de recconhecimento – caracterização das funda ações, incluindo
o
profundidade,, geometria e materiais
m [a]. a.5)
4. Reforço dde fundações utilizando téc
cnicas compa
atíveis com os s [a]
condicioname entos de espaço e de acesso os existentes s
(alargamentoo das fun ndações; rec calce com recurso a
pegões/microoestacas, inje
eções de calddas de cimennto, silicatos));
reforço do solo (jet-grouuting, mistura
as de solos; misturas de e
cimento/cal) [b].
Avaliação ttécnico-eco
onómica
Os custos de reforço ded fundaçõe es podem se
er estimados
s
2
entre 80 a 1
120 €/m̹ de área (em pla
anta).
[b]
48
8.5 Vãos env
vidraçado
os
Arman
ndo Pinto | Laborratório Nacional de
d Engenharia Civi
vil
Joana Almeida | Hilti
Soluç
ção constru
utiva
Os vãos envidraççados comprreendem o cconjunto con nstituído
pelass portas e jan
nelas e respe
etivos sistema
as de proteçã
ão solar
ou disspositivos de oclusão dos vãos e elem
mentos de fixa
ação.
Até a ao princípio dos
d anos 80, a solução p predominante e era a
utiliza
ação de janela as de madeirra e vidro sim
mples, com pe ersianas
exteriiores, portadaas exteriores ou interiores.. Nessas jane
elas era
pouco o frequente a utilização ded vedantes das juntas móveis.
m
Nos anos 90, foi generalizada a utilizaçã ão de caixilharia de [a]
[a] Jan
nelas com infiltrração de água, com elevada peermeabilidade ao
a ar e degradaação dos perfis. [b] Aplicação de
d uma janela
dupla para melhorar o desempenho o do vão. [c] E
Ensaio de estan
nquidade à água in situ. [d] Inntegração de dispositivos de
admisssão de ar auto o-reguláveis na caixa de estorre e na parede e adjacente. [e]] Pormenor de fixação de caixilho em vão
envidra
açado.
49
9
8.6 Pavimentos
Dulce Franco H
Henriques | Instiituto Superior de Engenharia
E da Lissboa, Instituto Pollitécnico de Lisboa
a
Solução co
onstrutiva
Refere-se eesta secção aosa pavimenttos elevados com estrutu-
ra em made eira, por ser a grande maioria
m das ssituações noss
edifícios anttigos. A estru
utura é comp posta, em geeral, por vigas
s
dispostas em paralelo, com c afastam
mentos de 0,20 a 0,40 m, m
travadas po or tarugos queq impedem m a encurva adura e / ou u
torção das vigas. A liga ação às pare edes de apo oio faz-se por
encastrame ento simples das vigas em abertura as, pela sua a
pregagem a um frechal (muitas vez zes com enttalhe) e / ou u
pela sua fixa
ação à pared de por intermédio de ferroolhos [a].
[a]
Degradaçã
ão ou diminu pacidade fu ncional
uição da cap
Recomenda a-se a inspeeção visual cuidada
c e a avaliação de e
característiccas por equip
pamentos auuxiliares de d
diagnóstico.
As entregass degradam--se muitas ve ezes por açãão de fungoss
ou térmitass [b] devido à sua humidificação no o interior das
s
alvenarias. As vigas ded pavimento o também p podem exibir
degradação o ou defeitoss localizados
s no vão, quee reduzem a
sua capacid dade resisteente (galeria
as de carunccho [c], nóss,
[b]
fendas, enttre outros). Ainda
A que não
n degradaadas, podemm
apresentar baixa capa acidade resis stente ou ddeformação /
vibração exxcessivas, devidas
d a fluência e / ou ao sub-
dimensionamento dos elementos
e e do
d sistema.
Metodologias de interv
venção / pre
eocupações
s
Identificando
o degradação o por agentes s biológicos, é aconselhaa-
do, em ge eral, retirar a parte de egradada e reforçar ou u
reconstituir a secção ou o então co olocar uma prótese em m
substituição da parte retirada. Tratar com
c preservaador líquido a [c]
madeira rem manescente. Se se encon ntrar húmida,, deixar secaar
até atingir o teor em água de eq quilíbrio. Para
ra aumento /
reposição do os níveis de resistência
r ou
u de confortoo, as soluçõess
mais comuns passam pela coloca ação de em mpalmes (de e
madeira [d] ou metálicoss), de vigas in
ntermédias, d de travamento o
adicional co om tarugos [d], de vig gas transve ersais sob o
vigamento d do pavimento, entre outros s.
Muita atençção deve serr dada ao funcionamento o do sistemaa
estrutural co
onjunto, com
m especial ên
nfase no quee se refere às
s [d]
ligações enttre elemento
os e com a re
estante estru
utura.
Avaliação ttécnico-eco
onómica
É variável caso a caso o, mas em geral a ma nutenção daa
ntiga é mais económica que
estrutura an q a sua su
ubstituição.
50
8.7 Ventilaçã
ão
Arman
ndo Pinto | Laborratório Nacional de
d Engenharia Civi
vil
Soluç
ção constru
utiva
A venntilação é rea
alizada por me
eios naturais (ventilação natural),
n Ventilação natural Venttilação mista
[a] Tip
pos de sistemass de ventilação. [b] Sistema de ventilação de habitação.
h
51
8.8 Energias reno
ováveis
João Hormigo | Energias de Porrtugal / Instituto Superior
S de Engennharia da Lisboa, Instituto
I Politécnic
co de Lisboa
Rui Fragoso | A
Agência para a En
nergia
Solução co
onstrutiva
Destacam-sse, para efeitos
e do presente ccaderno, as
s
seguintes soluções:
A – Solar F Fotovoltaico: Exploração do potenciall de geraçãoo
fotovoltaaica com insstalação de painéis em ccoberturas de
e
edifícioss ou em outro suporte adeq
quado.
B – Solar té
érmico: Instala
ação de siste
emas solares térmicos para
a
produçãão de AQS (Águas Quentes s Sanitárias). [a]
C – Biomasssa: Combustã
ão de materia
ais de origem vegetal como
o
fonte de
e calor.
Níveis de in
ntervenção
Das soluçções constrrutivas previstas, rea alçam-se os
s
seguintes aspetos a pre
ever numa intervenção:
[b]
equisitos leg
A, B, C – Re gais em vigorr.
A – Fotovoltaico: Adequa
abilidade da edificação
e à i nstalação dos
s
painéis..
B – Solar ttérmico: Ava aliação face ao dimensio
onamento do
o
agregad
do familiar e necessidades
n de AQS.
C – Biomasssa: Área (ou volume)
v a aqu
uecer do espa
aço que reque
er
condiçõ
ões de conforto.
Metodologias de interv
venção / pre
eocupações
s
A – Fotovolttaico e B – Solar
S térmico
o
Adequ uabilidade do suporte para a a instalaçãoo dos painéiss; [c]
Dimen nsionamento das fixaçõ ões à ação o do vento o
regula
amentar e orientação adequada dos painéis s;
Manutenção dos sistemas;
s Qua
alificação doss instaladores
s;
Certifiicação das insstalações.
C – Biomasssa
Instala
ação e integração no edifício; Man nutenção doss
sistem
mas; Capacid
dade do edifíício para a instalação do
o
sistem
ma, em especiial ventilação.
Avaliação ttécnico-eco
onómica
A – Fotovoltaico - calcular o retorno
o do investim
mento face ao
o
regime a considera ar (autoconsumo ou vend da à rede daa
a gerada).
energia
B – Solar té
érmico - conssiderar as re
eais necessida
ades de AQS
S
face ao agregado fam
miliar.
C – Biomasssa - estudar o perfil de utilização; consid
derar o caráte
er
sazonall de utilização.
52
8.9 Instalações
8.9.1 Elétricas e de telecomunicações
José Eduardo Neves dos Santos | Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Solução construtiva
Em muitos dos edifícios construídos, as infraestruturas de telecomunicações, ou não existem (pré-
RITA), ou terão sido concebidas, ainda, ao abrigo do Regulamento RITA, pelo que estão longe de
satisfazer os requisitos do Manual ITED, atualmente em vigor.
No que se refere às Instalações Elétricas (IE) (Utilização de Energia ou Instalações Coletivas) dos
edifícios existentes, elas poderão enfermar de parte, ou da totalidade, dos problemas seguintes
(dependendo da idade do edifício, da qualidade dos materiais e das soluções adotadas
originalmente):
Deficiências ao nível do conforto (poucas tomadas; poucos pontos de luz; poucos pontos de comando da
iluminação; …);
Deficiências ao nível da exploração (ausência de quadros parciais de piso; seletividade horizontal
insuficiente / inexistente; poucos circuitos; disparos frequentes);
Ineficiência (circuitos funcionando próximo da carga máxima; inexistência de sistemas de comando
(automático) da iluminação; insuficiente segmentação da iluminação (espaços sem comandos
independentes por zonas); …);
Insegurança / Risco de choque elétrico (tomadas, interruptores ou condutores em mau estado de
conservação (risco de contacto direto); mau estado (ou ausência) de ligações à terra ou de ligações
equipotenciais; circuitos sem condutor de proteção; sensibilidade não adequada (ou ausência) de
proteções diferenciais; …);
Insegurança / Risco de incêndio (sobrecargas não detetadas por disjuntores de calibre desadequado;
sobreaquecimentos localizados, provocados por maus contactos; cabos envelhecidos, potenciando a
ocorrência de defeitos de isolamento / curto-circuitos; uso indiscriminado de extensões e de “fichas triplas”
subdimensionadas;…).
Níveis de intervenção
Se a IE enfermar da maioria dos problemas antes enunciados, será conveniente (independentemente
do nível de intervenção no edifício) proceder a uma reformulação profunda: substituição de
parte/todos os equipamentos e adoção de soluções que estejam (no essencial…) de acordo com as
Regras Técnicas das Instalações Elétricas de Baixa Tensão.
Pelo contrário, se forem identificados (diagnóstico por técnico especializado), “apenas”, alguns
problemas, então a intervenção poderá ser mais ou menos profunda, dependendo da severidade e
quantidade das patologias identificadas e ponderando o próprio âmbito da reabilitação do edifício. Por
exemplo, pode ser suficiente substituir “apenas” toda a aparelhagem terminal (tomadas e comandos
da iluminação), ou ir um pouco mais além, e substituir também os quadros elétricos, ou, porventura,
também os condutores…
Metodologias de intervenção / preocupações
Independentemente do nível de intervenção, caso a instalação enferme de problemas de segurança,
devem ser implementadas parte (ou a totalidade) das medidas seguintes:
Instalação de, ao menos, um dispositivo diferencial na origem (sensibilidade adequada às ligações à
terra), em IE com deficiente proteção contra os contactos indiretos;
Tanto quanto possível, realização do elétrodo de terra e instalação de condutores de proteção, em IE em
que eles não existam ou estejam degradados;
Renovação total dos quadros elétricos antigos (invólucro e aparelhagem);
Realização de ligações equipotenciais suplementares nos quartos de banho (contendo banheira / duche),
nas instalações em que elas não existam;
Substituição de todos os materiais / equipamentos que contrariem o exigido atualmente (quadros
metálicos não ligados à terra; fusíveis (na habitação); disjuntores obsoletos; interruptores metálicos;
tomadas sem terra; etc.).
53
8.9.2 Ág
guas e esg
gotos
Paulo Sá | Indaaqua, Indústria e Gestão
G de Água
Solução co
onstrutiva
Os sistem mas de aba astecimento de água funcionam m,
mente, em pressão, cujo
obrigatoriam os valores po oderão variar
entre 50 kPPa e 600 kPa, sendo recomendávell, por razões s
de confortoo e durabilid
dade dos materiais,
m sittuar-se entre
e
150 kPa e 3300 kPa.
As redes d de drenagem m de águas residuais e pluviais são o
obrigatoriam
mente separa adas, sendo as primeirass dotadas de
e
sistemas dee ventilação primários e secundários.
s .
As drenage ens efetuada
as abaixo do
o nível dos aarruamentos
s,
mesmo que e acima doos coletores públicos, ttêm que ser
obrigatoriam
mente elevadas atravéss de bomba agem para o
nível do arru
uamento.
[a]
Níveis de in
ntervenção
O dimensio onamento do os sistemas deve ser fei to com base e
nos caudaiss de referênccia dos dispo
ositivos de uttilização e de
e
coeficientess de siimultaneidadde regulam
mentarmente e
definidos.
Em caso de remodelaçção ou reabilitação dos sistemas de e
abastecimento de água a deve comprovar-se a ssuficiência da
a
capacidade e hidraúlica das canalizzações e da as eventuaiss
instalações complemen ntares a mon
ntante. Nos sistemas de e
drenagem d de águas ressiduais deve
e ser efetuad
do de acordoo
com critério
os idênticos mas
m verificaddos para jusa
ante. [b]
54
9 Reabilitação com durabilidade
Jorge de Brito, Inês Flores-Colen | Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
Para tornar as construções e as intervenções de reabilitação mais duráveis, a via mais eficaz é
aumentar o tempo de vida útil da construção / intervenção (durante a qual todos os requisitos
funcionais e económicos são cumpridos e a degradação física dos materiais é limitada). Acresce
ainda que este aumento de durabilidade permite diminuir o impacte ambiental anualizado do
património construído.
1
ISO 15686-1:2011, Building and constructed assets: Service life planning - Part 1: General principles, International Standard
Organization, Geneva.
2
Flanagan R., Norman G., Meadows J., Robinson G. Life cycle costing: theory and practice, BSP Professional Books, Oxford,
UK, 1989.
3
ISO 15686-5:2008 - Buildings and constructed assets - Service life planning: Part 5, Life-cycle costing, International Standard
Organization, Geneva.
4
EN 15643-4:2012 - Sustainability of construction Work – Assessment of buildings – part 4: Framework for assessment of
economic performance, International Standard Organization, Geneva.
55
edifício corretamente concebido é efetivamente constituído por diversas “camadas” de sistemas e
componentes com diferentes vidas úteis, cuja substituição no fim de cada ciclo de vida é necessário
prever. Tal passa pela definição de níveis hierárquicos (edifício, sistemas e componentes) com
diferentes exigências em termos de desmontabilidade (um conceito que define a facilidade com que
um edifício e os seus componentes são desmontáveis). O potencial de desmantelamento do edifício
pode ser definido como a soma dos potenciais dos diferentes níveis.
Neste sentido, os edifícios podem ser classificados como (Durmisevic e Brouwer, 2002)5:
estruturas fixas caracterizadas por: hierarquia de montagem não relacionada com a vida útil
expectável dos diversos componentes; montagens sequenciais (ao invés de paralelas); juntas
do tipo integral; utilização de ligações químicas;
estruturas parcialmente decomponíveis;
estruturas totalmente decomponíveis caracterizadas por: hierarquia aberta dos diferentes
módulos; utilização de juntas do tipo acessório; montagens paralelas; utilização de ligações
mecânicas (secas); modulação de componentes; componentes facilmente transportáveis.
A esmagadora maioria dos edifícios é concebida como estruturas fixas. De facto, as estruturas
monolíticas de betão, em particular as totalmente betonadas in situ, dificultam extremamente esta
tarefa. Recentemente, têm vindo a ser desenvolvidos sistemas de elementos pré-fabricados de betão
(paredes, pilares e pavimentos) conectados in situ e, desta forma, facilmente desmontáveis, ainda
que a sua segurança em zonas sísmicas possa levantar algumas objeções. Os elementos pré-
fabricados e modulares, na estrutura ou noutros elementos da construção, conjugados com sistemas
de ligação “secos” (em oposição às ligações “químicas” realizadas in situ – por exemplo, os betões e
argamassas) são aliás a solução que oferece maiores potencialidades para a reutilização.
Neste sentido, as intervenções de reabilitação ficam inapelavelmente condicionadas pela conceção
inicial dos edifícios. Não obstante, existem algumas orientações que poderão viabilizar o conceito de
reabilitação por “camadas” e, desta forma, facilitar intervenções posteriores sem afetar os elementos
de maior vida útil (Chini e Balachandran, 2002)6:
minimizar o número de tipos de materiais diferentes;
conceber para utilizar materiais de construção produzidos na área local do edifício;
otimizar a utilização do espaço para minimizar o volume construído e, consequentemente, a
utilização de recursos para o construir e manter;
pormenorizar para evitar o contacto com o solo e a decomposição dos materiais;
evitar materiais problemáticos ou tóxicos;
garantir que montagens inseparáveis são do mesmo material;
evitar o uso de muitos sistemas de fixação diferentes;
identificar sempre os tipos de material;
conceber um plano de desmantelamento / reversão da intervenção.
5
Durmisevic, Elma; Brouwer, Jan, Design Aspects of Decomposable Building Structures, Proceedings of CIB TG 39, Design for
Construction and Materials Reuse, CIB Publication 272, Karlsruhe, Abril 2002, pp. 82-104.
6
Chini, Abdol; Balachandran, Shailesh, Anticipating and Responding to Deconstruction through Building Design, Proceedings
of CIB TG 39, Design for Construction and Materials Reuse, CIB Publication 272, Karlsruhe, Abril 2002, pp. 139-173.
56
plano de manutenção elaborado na fase de projeto e planear novas ações de correção ou de
prevenção. Devem ser realizadas por técnicos qualificados e especializados que possuam
conhecimento da patologia das construções e dos métodos de inspeção e diagnóstico.
As inspeções poderão ser apenas visuais ou recorrer a meios auxiliares, mais ou menos complexos,
consoante a informação a obter. Durante a inspeção, deve ser recolhida informação que permita
caracterizar as anomalias principais, a sua extensão, as causas mais prováveis, as ações a seguir e o
seu escalonamento. A realização de ensaios complementares in situ permite reduzir a subjetividade
das inspeções visuais (muito dependente da formação e experiência do técnico que faz a inspeção) e
avaliar, com maior precisão, as efetivas necessidades de manutenção; permite ainda detetar
pequenas alterações que podem estar associadas a sinais de pré-patologia (fenómenos de alteração
anteriores ao aparecimento das anomalias que são visíveis a olho nu).
Os edifícios são, ainda hoje, concebidos como se não existisse a necessidade de serem
inspecionados e mantidos / reparados. Esta situação traduz-se pela ausência / inadequação de
acessos a zonas particularmente vulneráveis aos agentes agressivos como as coberturas (sobretudo
as inclinadas) ou as fachadas (pelo exterior), pela não previsão de galerias técnicas de acesso às
redes prediais e a construção de ductos verticais a cujo interior não é possível aceder, pela execução
de frequentes ligações químicas entre materiais que na prática impedem a sua inspeção / reparação /
substituição, entre outras ocorrências. Como a maioria dos edifícios não possui meios de acesso, por
vezes a inspeção é limitada ao piso térreo ou são necessários meios de acesso auxiliares. Também a
informação disponível é, muitas vezes, insuficiente (telas finais desatualizadas, desconhecimento das
características dos materiais aplicados e das intervenções anteriores, entre outras lacunas).
Determinadas intervenções podem ter o duplo cuidado de serem reversíveis / repetíveis sem afetar
os elementos menos perecíveis (ver §8.2) e de munir a construção existente de meios permanentes
de acesso / inspeção para viabilização / facilitação de futuras intervenções de inspeção e reabilitação.
São exemplos dessas ações focalizadas o encastramento de escadas de acesso a zonas não
acessíveis de coberturas planas ou inclinadas, a criação / reforço de caminhos de circulação em
coberturas inclinadas, a instalação de alçapões de acesso a desvãos não habitados, a elaboração de
procedimentos de acesso de futuras equipas de inspeção a locais específicos (chaveiros, armários
com equipamento leve elementar diverso), entre outras.
Os edifícios em serviço devem ter a compilação técnica (Artigo 16 do Decreto-Lei n.º 273/20037),
elaborada na fase de conceção e completada após a construção, sendo da responsabilidade do dono
da obra (proprietário no caso das intervenções de reabilitação). Este documento legal tem como
objetivo preservar a segurança e saúde de quem executa as intervenções na fase de utilização, tendo
em conta as condições os meios de acesso do edifício.
9.4 Manutenibilidade
O conceito de manutenibilidade, traduzido do termo original em inglês “maintainability”. Não é ainda
consensual a utilização de um termo em português para este conceito, existindo várias traduções
possíveis, nomeadamente mantenabilidade, manutenabilidade ou manutenibilidade, na abordagem
para manutenção industrial e sistemas informáticos.
Constata-se, assim, que o conceito de manutenibilidade ou capacidade de manutenção utilizado é
mais abrangente do que o conceito de manutenção, que é definido na ISO 15686-1 como “a
combinação de todas as ações técnicas e administrativas de modo a que o edifício e seus elementos
desempenhem, durante a vida útil, as funções para os quais foram concebidos”.
Na maioria das situações, a manutenção adotada é reativa, também denominada manutenção
resolutiva, curativa ou corretiva, e consiste em deixar operar o mecanismo de degradação do
elemento e depois intervir na ação de reparação das anomalias. Esta estratégia introduz custos
acrescidos ao empreendimento, ainda que, a curto prazo, pareça menos onerosa. A minimização
destes custos passa necessariamente pela implementação de procedimentos técnicos, apoiados em
7
Decreto-Lei n.º 273/2003 de 29 de Outubro de 2003, DR 251 - SÉRIE I-A.
57
fichas de diagnóstico que permitam obter respostas rápidas de solução para as anomalias dos
elementos. Em alternativa à manutenção reativa, uma estratégia de manutenção pró-ativa tem como
objetivo o planeamento da intervenção, antes da ocorrência de anomalias, reduzindo a probabilidade
de determinado elemento apresentar deteriorações que conduzem o seu desempenho abaixo das
exigências estabelecidas.
Em linhas gerais, a manutenção preventiva consiste na execução de atividades de manutenção,
como por exemplo limpezas, reparações e substituições pontuais, tratamentos de proteção e
repinturas, baseadas num planeamento e em periodicidades fixas. Por um lado, esta estratégia
permite planear as operações de manutenção e custos, reduzindo o incómodo da execução dos
trabalhos não previstos. Também permite uma maior satisfação dos utilizadores do edifício, já que
atua normalmente antes dos problemas ocorrerem (níveis adequados de desempenho), permitindo
otimizar recursos e custos. No entanto, exige um conhecimento do comportamento em serviço dos
sistemas e componentes do edifício, e uma maior consciência dos mecanismos de degradação que
serão predominantes durante o ciclo de vida. Para que esta estratégia seja enquadrada com as
condições em serviço, deve ser monitorizado o desempenho e as respetivas necessidades de
manutenção para cada sistema e componentes do edifício nas condições reais de utilização.
A manutenção preditiva ou condicionada consiste na execução de atividades de manutenção, em
função da análise do estado dos diversos elementos efetuada em inspeções planeadas. Por um lado,
há um aumento da capacidade para detetar quando e onde é necessária a intervenção, com redução
do número de anomalias imprevistas e com mais fácil implementação (apenas é efetuado o
planeamento das inspeções). Em contrapartida, esta estratégia depende de um método de
diagnóstico válido durante a inspeção e da experiência do inspetor, com a definição correta do estado
do elemento. Existe, também, a necessidade de otimizar os custos das inspeções, comparativamente
aos custos das reparações consequentes, de modo que aqueles sejam suficientes para disponibilizar
os meios necessários à obtenção de uma informação correta e eficaz.
Enquanto as ações de manutenção são pequenas intervenções para repor os níveis de desempenho
em serviço, face aos previstos em projeto, as intervenções de reabilitação consistem na execução de
atividades para melhorar as características iniciais, por modificação ou reforço de alguns sistemas /
componentes do edifício. Por um lado, estas intervenções permitem a melhoria das características
iniciais do elemento, aumentando a sua vida útil (benefício). Como desvantagens, pode referir-se os
custos e o fato de não existirem, por vezes, dados suficientes para uma correta intervenção,
nomeadamente a ausência de registos das intervenções anteriores ou das reclamações dos
utilizadores do edifício. Ultrapassadas estas dificuldades, as preocupações de compatibilidade entre
os novos materiais e os existentes devem ser transversais a todas as intervenções em serviço e
durante a vida do edifício.
58
custos, e deve ser aplicada às operações de reabilitação de grande monta, sobretudo quando a
conceção inicial a ignorou.
Existem dificuldades de implementação de uma estratégia de manutenção preventiva no contexto da
construção. Perante a necessidade de introduzir ações de caráter preventivo, utiliza-se, normalmente,
a estratégia designada preditiva, que se baseia no planeamento de inspeções aos elementos. A
execução destas inspeções pressupõe a existência de pessoal envolvido, com formação específica e
capacidade técnica para a recolha e tratamento de informações, com vista ao fornecimento de inputs
para uma atuação adequada.
No planeamento de inspeções, a realizar logo na fase de projeto, deverão ser identificados os
elementos a inspecionar, as atividades de inspeção, a sua duração prevista e periodicidade
aconselhada, em função da durabilidade média dos diversos elementos. Deve ter-se em conta, à
partida, a regulamentação, as recomendações dos fabricantes e outra documentação pertinente
(documentos de homologação / aplicação, normas, etc.). Na inspeção do estado do elemento, uma
estratégia de manutenção preditiva assenta na avaliação de parâmetros funcionais dos diversos
elementos do edifício, face a sintomas de anomalias e de pré-patologia. Estes últimos aparecem
antes da deteção visível das anomalias, constituindo os primeiros sinais de mudança nas
características do elemento.
A escolha da alternativa mais adequada depende da identificação de todas as características técnico-
económicas das possíveis alternativas, comparativamente com a opção existente. É feito depois o
controlo do trabalho, o registo e o tratamento de dados.
Em suma, o planeamento das inspeções e outras ações de manutenção constitui assim um meio
tecnicamente válido para controlar a degradação dos edifícios e impedir o envelhecimento precoce
dos seus sistemas e componentes. São aspetos determinantes para uma boa prática da manutenção
de edifícios os seguintes: 1) o desempenho global do edifício depende do desempenho de cada
sistema e componente constituinte; 2) as estratégias de manutenção a aplicar dependem do
conhecimento do desempenho em serviço de cada sistema e componente do edifício; a manutenção
baseada em inspeções deve ser seguida para os sistemas e componentes cujo desempenho seja
passível de ser monitorizado ao longo do tempo, com adequado diagnóstico; a manutenção
preventiva (ações de limpeza, reparação ou substituição pontual, tratamento de proteção, entre
outras) depende do conhecimento do ciclo de vida e da necessidade de manutenção durante a vida
útil dos vários elementos do edifício.
59
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
10 Conclusões
Vasco Peixoto de Freitas | Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Este documento de reflexão permite apontar 10 medidas que se afiguram como cruciais para a
reabilitação em Portugal no período 2015-2025:
1- Necessidade de se elaborar um verdadeiro plano estratégico para a reabilitação em Portugal
(2015-2025), que defina as necessidades, os custos envolvidos e o plano de investimento na
reabilitação dos edifícios governamentais e municipais, nomeadamente: habitação social,
escolas, museus, património monumental, tribunais, etc.;
2- Necessidade de desenvolver uma regulamentação específica para a reabilitação, adaptando
a regulamentação existente;
3- Necessidade de compatibilizar a regulamentação, num código único que permita aos
profissionais uma compreensiva leitura das exigências;
4- Necessidade de se criar um modelo de financiamento aos privados, de modo a permitir a
reabilitação dos edifícios em propriedade horizontal, cujo volume de dinheiro envolvido por
fração é reduzido face ao valor patrimonial;
5- Necessidade de alterar, progressivamente, o fundo de reserva anual dos condomínios, de
forma a que em 2020 seja da ordem de 0,5% do valor patrimonial do edifício, crucial para
assegurar a sua manutenção e reabilitação;
6- Sensibilização dos vários intervenientes, públicos e privados, desde o promotor até ao
utilizador final, para a existência, sempre que possível, de um plano de manutenção periódica
que otimize o funcionamento do edifício e reduza a necessidade de intervenções de
reabilitação;
7- Necessidade de um modelo de ensino superior ajustado e de formação especializada em
engenharia civil e de promover a classificação profissional de todos os atores no processo de
reabilitação, indispensável à promoção da qualidade e durabilidade das intervenções;
8- Necessidade de utilizar os fundos comunitários associados à eficiência energética como
“motor” da reabilitação de edifícios, mas não esquecendo que a realidade dos países do sul
da europa é diferente do ponto de vista climático, económico e cultural;
9- Necessidade de se criar e implementar um modelo de inspeção de edifícios existentes, que
avalie as condições de segurança, conforto, acessibilidade, instalações disponíveis e
sustentabilidade;
10- Necessidade de promover um plano de publicação da informação técnica disponível.
A reabilitação de edifícios constitui um enorme desafio em Portugal, nos próximos anos, que
saberemos responder com eficácia, se o soubermos planear…
61
CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
Bibliografia
Livros
Aguiar, José; Cabrita, A.M. Reis; Appleton, João
Guião de apoio à reabilitação de edifícios habitacionais
LNEC, Lisboa, 2002. Volumes 1 e 2.
Appleton, João
Reabilitação de edifícios antigos. Patologias e tecnologias de intervenção
Edições Orion, Amadora, 2003.
Cóias, Vítor
Inspecção e ensaios na reabilitação de edifícios
IST PRESS, Lisboa, 2006.
Cóias, Vítor
Reabilitação estrutural de edifícios antigos. Alvenaria, Madeira. Técnicas pouco intrusivas
ARGUMENTUM,GECORPA, Lisboa, 2007.
Henriques, Fernando M. A.
A Conservação do património edificado
LNEC, Lisboa, 1991.
Pinho, Fernando. F. S.
Paredes de edifícios antigos em Portugal
LNEC, Lisboa, 2000.
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CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Reflexão sobre a estratégia para a Reabilitação em Portugal
Atas de Conferências
CONPAT 2015 “XIII Congresso Latino-Americano de Patologia da Construção”
Editado por Fernando Branco e Jorge de Brito
Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2015.
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