A Ciclovida não se define por número, idade, gênero, raça, nacionalidade, credo
político ou religioso, cultural; funciona pela vontade e decisão de indivíduos que
se reúnem por afinidades, encaminham e realizam atividades autônomas sócio-
ecológicas e culturais, de formas itinerantes, preferencialmente a pé ou de
bicicleta, por curto, longo ou por indeterminado período de duração.
Deparando-nos com seus redutos, isto é, com indivíduos e/ou comunidades que
ainda possam tê-las sob suas posses, dispor-nos-emos de contactá-l@s com
finalidade de partilhas de preocupações e trocas de sementes, resgatando velhos
hábitos de conservação e incentivando novas práticas para a preservação das
mesmas, afim de que se garanta a continuidade das espécies pelas gerações
vindouras. Trocaremos experiências: culturais e artísticas; práticas agroecológicas
de cultivo (sem queimadas,sem agrotóxicos e sem fertilizantes químicos);
práticas de plantio na curva de nível com cobertura morta, permancultura;
realizaremos, incentivaremos e contribuiremos para acontecimentos de reuniões,
seminários, debates, atos culturais, cirandas e folguedos infanto-juvenis e outros
que venham se constituir em momentos coletivos propícios à partilha de idéias,
preocupações e solidariedades, que sirvam de fortalecimento da luta pela
recuperação da natureza com restabelecimento das espécies ameaçadas de
desaparecimento, atingindo assim o cerne da nossa busca: PRESERVAÇÃO DAS
SEMENTES NATURAIS E A NOVA RELAÇÂO COM A TERRA.
As soluções apontadas parecem não agradar, desde os que comandam aos que
pretendem comandar a alavanca do desenvolvimento desta civilização. O segundo
deles: o brasileiro Carlos Nobre admite que as coisas não vão bem mas o
Brasil ainda tem muitos recursos em potencial e poderemos ser ainda líderes do
desenvolvimento. Debates são necessários e embates inevitáveis, interesses se
chocam. Vejamos tratados e convenções de Kioto, Canadá e outros do tipo e
seus acordos sobre emissão de gases poluentes na atmosfera, muito
insignificantes para um planeta num acelerado processo de esgotamento de seus
recursos naturais!! De onde vai sair para cada ser humano (quase seis
bilhões) do mais simples o seu “mínimo”, o seu “básico”, ao mais sofisticado,
que não tem máximo? Vai-se aos limites do poder de alcance, nesse caso,
vamos a plutão se ainda der tempo. Conversa para boi dormir! Para desviar o
conteúdo dos debates e as atenções para a gravidade da situação, a mídia
dominante atravessa-se com soluções virtuais para problemas reais: “debandada
dos humanos para os planetas vizinhos” ótimo tema para filme norte-americano
ganhador de “oscars.”
Que roubada! Que tal fecharmos os olhos para esse ilusionismo e cuidarmos do
nosso planeta e do que ainda nos resta: vegetação, água, ar e clima favorável
para a vida? Que tal, preferirmos recuperar o habitat natural do nosso “planeta
tudo” a fugir para outro, cujo habitat favorável à vida, se acaso existiu, já fora
destruído por seres inteligentíssimos como nós? A Natureza ainda benevolente,
nos dá a chance de escolher uma entre duas saídas opostas: 1 - revisão de
nosso trajeto de humanos, autocrítica na prática para a reversibilidade: 2-
ignorar a situação apressar o fim da vida no planeta.
A atitude que estamos tomando., não nos ocorreu num passe de mágica, nem
de lampejo poético mas através de penosas décadas de vivências e observações
juntos a tant@s que também interagiram com a realidade social do campo,
dentro e fora da Reforma Agrária. A interação com os movimentos sociais,
surgidos a partir do enfrentamento da miséria cujas causas são atribuídas aos
fenômenos naturais ou efeitos climáticos (caso Nordeste do Brasil), podemos
transferir essas causas para os efeitos climáticos das políticas eleitorais e seu
casamento com o capitalismo latifundiário.
Com este discurso e prática chegamos realizar pequenas incursões com nossas
bicicletas, num entorno de 200 quilômetro do nosso ponto de morada, o
Assentamento Mandu Ladino município de Pentecoste. somos em torno de seis a
oito pessoas que estarão implementando o Ciclovida na estrada, alem de uma
família: pai,mãe e filhos, há também jovens em finais de cursos médios e
universitários que sinalizam com a possibilidade de se integrarem à caravana
bicicletária do Ciclovida.
Projeto
Apresentação
Justificativa
É, então, pelo chão que pretendemos ir, utilizando bicicletas para facilitar nossa
locomoção pelos campos brasileiros, levando sementes naturais e fazendo trocas
para levar adiante a outras comunidades e/ou indivíduos.
Objetivos
Objetivos gerais:
Objetivos específicos:
Somos um grupo que está nas realidades urbanas e rurais com opção clara
pela causa sócio-eclógica, com presença mais constante nas realidades rurais e,
mais especificamente, nas áreas de reforma agrária (Assentamento 24 de Abril
e Assentamento Mandu Ladino/ Barra do Leme – Pentecoste). Estamos há
mais tempo no Estado do Ceará, nordeste do Brasil. Acompanhamos as lutas
sociais do campo e as ocupações de terra até formarem-se assentamentos
legalizados. É daí que parte a nossa preocupação e para reafirmá-la sempre,
resolvemos perambular com ela, partilhando-a com o mundo e seu universo de
diversidade.
A liberação dos transgênicos nos foi a gota d’água, a qual nos fez decidir
arribar mundo afora para travar debates sobre esta realidade. Ao voltarmos para
nossa terra, queremos trazer dados concretos sobre as questões levantadas.
Domingo, 4 de Junho de 2006
Fotos da saída no Emaús
Já na estrada...
Segunda-feira, 5 de Junho de 2006
Notícias da Estrada 02
O Ciclovida chegou em Senador Pompeu nos últimos dias e pretende ficar a
semana por lá. Em breve mais detalhes da viagem e da chegada em Senador
Pompeu. Percurso: Fortaleza - Acarape - Quixadá - Senador Pompeu.
Notícias da estrada 03
Encontramos em seguida com Fran derlan e Sandra num carro do ESPLAR que
nos convidaram para passar na comunidade, precisamente na vila dos Guilherme,
município de Chorozinho, onde estão construindo cisternas pelo programa “1
milhão de cisternas” para conversarmos sobre sementes. Os mesmos levaram
nossas bagagens até a dita comunidade e nos esperariam a noite. Logo mais
fomos convidados para um almoço oferecido por Margarida e João Paulo.
Almoçamos juntos com a galera do Grupo Alternativo da Juventude de Acarape
( GAJA): Margarida, João Paulo e Francisco seu irmão, Cássia, Katiane e
Sharlon. Este grupo desenvolve atividades libertárias junto a juventude do
Acarape, além de apoiar a luta sócio-ecológica do Grupo Autônomo do
Assentamento 24 de Abril, desse município e outras lutas como a do ciclovida.
As duas horas da tarde caímos na estrada rumo ao Chorozinho.
Sexta parada – Lagoa dos Patos, às 5 horas do mesmo dia. Chegamos à Vila
dos Guilherme, encontramos com o Fran e a Sandra, que nos apresentaram ao
pessoal que construía as cisternas em forma de mutirão e confeccionava as
bombas de puxar água das cisternas. Logo à noitinha fomos convidados a expor
os objetivos da caminhada do Ciclovida, o que fizemos, colocando que buscamos
realizar uma tarefa, a de fazer um levantamento sobre as sementes naturais,
partilhando uma preocupação com os rumos que estas estão tomando sob a
ofensiva da dominação da indústria do agro-negócio e suas metas de em pouco
tempo controlar de todo o processo produtivo do setor agrícola a partir da
apropriação das sementes.
Hoje ainda restam algumas sementes como o milho, feijão, arroz, entre outras
que fazem parte do cotidiano dos plantadores. As sementes mais ameaçadas
hoje são as das hortaliças, que já receberam um tratamento de enfraquecimento
genético para que não se reproduzam nas mãos de quem as plantam. Falamos
da contradição que pode ser uma Reforma Agrária, onde o agricultor toma posse
da terra ao mesmo tempo em que perde a posse das sementes, que significa
também a perda da autonomia frente ao processo produtivo no campo agrário.
Falamos também que não é possível realizarmos ocupações de cunho econômico,
mas de cunho sócio ecológico, travando discussões políticas de produção e
apropriação, pois nosso produtivismo aumenta a força política com que a classe
dominante nos massacra.
O desaparecimento das sementes das nossas mãos é uma situação que temos
que contornar, do contrário, teremos no campo uma situação incompatível com a
vida e com os próprios interesses históricos dos explorados, arriscando de
ficarmos completamente impotentes (com risco de irreversibilidade do possesso)
se não tomarmos desde já uma atitude com relação a tudo isso. Relutar para
não perder a posse das sementes naturais e por uma nova relação social de
produção e do ser humano com a terra é uma condição, “sine qua non” para
buscarmos a reversibilidade do reequilíbrio da vida na terra. Conhecemos, entre
outras pessoas, o Sr. Chico Rufino e o companheiro Bosco, este último escreve
poesias ressaltando os lamentos da terra e da natureza, cantando em forma de
música. Este pessoal é também muito sensível à questão das sementes. Depois
que nos ofereceram um jantar, deram-nos uma casa para dormir, onde
dormimos: Inácio, Bartira, Bruno, Fran e Sandra depois de conversarmos e
cantarmos as músicas do Ciclovida até aproximadamente meia noite.
Notícias da Estrada 05
Sétima parada - Dia 27/05/06, sexta-feira - Acampamento Uruanan,
propriedade da agroindústria Cione em Chorozimho, imediações do Triângulo de
Quixadá. Chegamos às 10 horas da manhã. Ali éramos aguardados pelos
companheiros, principalmente por Rodrigo e Leidiane. Chegando, fomos
apresentados ao acampados com quem trocamos idéias sobre a nossa atividade
de ciclovida e o Bruno e a Bartira brincaram com “malabares”, atraindo a
atenção de crianças, jovens e adultos e enfim falamos também de, além das
sementes, de questões de gênero e sobre a loucura, que é um assunto
abordado por Bartira na sua monografia na conclusão do seu curso de ciências
sociais e a mesma pretende discutir esta questão pelos caminhos do Ciclovida,
o que já iniciamos neste acampamento.
Falamos da loucura como uma produção sócio, política e cultural, onde alguém
pode interditar alguém por contrariar seus interesses ou simplesmente para se
beneficiar sócio, político ou economicamente. A loucura pode ser usada como
forma de neutralizar pessoas/problemas que possam vir a causar empecilhos às
pretensões ambiciosas de outrem. Alguns exemplos citados dão conta de que
existem em manicômios pessoas marcadas por sofrimentos extremos, vitimadas
por atos extremamente injustos, há pessoas traumatizadas por terem sido
violentadas ou extorquidas por pessoas do seu próprio entorno: vizinhos ou
familiares como maridos, filhos etc. e depois internadas como loucas. Assim
estas pessoas perdem as forças de relutância e sua recuperação não é desejada
pelos beneficiários de sua loucura e o sistema de tratamento mental torna-se
apoio aos “vitimadores” e não para os vitimados.
5- outra coisa é que, quem fizer ação isolada sem discussão interna não pode
envolver o grupo.
Para nós, vocês são construtores deste projeto, mesmo não estando na estrada
de bicicleta conosco, já vivem na estrada dos movimentos sociais em busca de
uma sociedade libertária. Esta nossa atitude é apenas uma maneira, isto é, uma
forma de buscar a transformação social.
Difícil também ficou para nossa companheira, que procura encontrar meios para
conciliar sua ida com uma resolução satisfatória para a questão dos filhos. Esta
questão reduzia-se anteriormente ao problema do tratamento de Sandino, que
diante deste, todos compreendemos. Depois de resolvido, apareceu um outro, o
da desistência dos mesmos de pegar a estrada de bicicleta.
Dia 24 de maio de 2006, era ultimo prazo estabelecido para a viagem, como
Ivânia não podia partir naquele dia, em função de questões relativas aos filhos:
uma prótese na arcada dentária do Sandino, ademais, ele queria concluir o
semestre letivo, nesse caso só viajaria em julho, e o Camilo começou
demonstrar uma certa indisposição, mas tudo levava a crê que fosse pelo fato
de não está bem recuperado de uma virose.
Assim mesmo resolvemos partir, apenas três pessoas: Bartira, Bruno e Inácio.
Ivânia e Camilo acompanhariam o restante do grupo com uma semana depois,
indo de ônibus, levando as bicicletas e voltaria à Fortaleza para buscar o
Sandino só no final do semestre. Com esse encaminhamento partimos, como
consta no relatório de viagem. Ivânia realmente foi de ônibus com o Camilo até
a cidade de Senador Pompeu, à mais de 200km, levando as “bikes”, aonde já
se encontravam os três e de onde se daria continuidade a atividade do
Ciclovida na Estrada.
Tivemos que nos demorar em Senador Pompeu por uma razão justificável.
Razão esta decorrente da ida de Bartira e Bruno que foram de Senador
Pompeu até Natal, Rio Grande do Norte, para participar de uma discussão sobre
questão de gênero. Quanto a questão da Ivânia e das crianças, ocorreu que:
quando a Bartira voltou de Natal, o Camilo estava numa consternação
depressiva, sem querer falar com ninguém e sem querer opinar sobre nada.
Procuramos saber e não foi difícil entender que dizia respeito a viagem, que já
estava em contagem regressiva para a primeira pedalada na estrada, isto para
ele, porque para outras pessoas já haviam começado há dias.
No caso da Ivânia, a mesma teve que voltar para Fortaleza com o Camilo para
encaminhar sua volta para a Joana. Ao chegar em Fortaleza se deparou com
outra questão: Sandino também não estava mais disposto a viajar de bicicleta.
Bombardeada por conselhos e apelações dos familiares e vizinhos, e até
ameaças de acionar conselhos tutelares, posicionando-se contra a ida dos
meninos e dela própria.
Ivânia, sentindo-se impotente para resolver sozinha esse dilema, pediu para o
companheiro Inácio voltar (já tinha chegado na Paraíba com a Bartira) para lhe
dar uma força nestes obstáculos rumo a uma resolução, podendo ser até
mesmo, a não continuidade dela na viagem, o que veio preocupar o restante do
grupo.
Temos agora que resolver questões pendentes dos dois meninos, como escola e
consultas odontológicas, caso do Sandino. Esperamos que em uma ou duas
semanas tenhamos resolvido toda estas questões e estejamos prontos para a
retomada da estrada, pelo que já estamos bastante ansiosos.
O trajeto que fizemos até agora foi de 500km de Fortaleza até Cajazeiras, na
Paraíba, e o que encontramos de sementes foram apenas 02 (dois pimentões).
As pessoas que nos deram afirmam ser naturais e já repassamos para algumas
pessoas (inclusive do Acarape) plantarem, para fazermos um teste. Tivemos
notícias de que podemos encontrar sementes de tomates e de outras culturas
numa comunidade em Icó, aqui no Ceará, devemos passar por lá quando
formos retomar a estrada.
Ciclovida.
Segunda-feira, 4 de Setembro de 2006
Notícias da Estrada 09
"Já conseguimos sair do Ceará, estamos em Pernambuco; estávamos em
Cajazeiras na Paraíba, mas voltamos pelo Cariri e entramos por Pernambuco a
partir do Exu; visitamos algumas experiências de agroecologia no Cariri e em
Timorante e Bodocó, agora estamos em Ouricuri, Pernambuco; aproximadamente
200km da Bahia. Enfim, é isto. Depois mandamos o relatório". Valeu! Ivânia,
Inácio, Bartira.
novas notícias, bem resumidas...
16 de junho de 2006,
Obs;
Como nao estamos com tempo suficiente, para por o relatorio mais detalhado
em dia, vamos parando por aqui de forma incompleta, ate encontrar uma outra
boa oportunidade. Pedimos desculpas pela demora e agradecemos a paciencia e
o apoio do companheiro felipe do coletivo corpus krisis, q nos disponibilizou seu
computador.
enfim...
Abraços libertarios!
Ciclovida.
Pequena consideração sobre jacobina, os pés da Chapada Diamantina...
Lugar bonito, cheio de ladeiras, entre serras, asfaltos, cascatas e tradições;
inclusive de preciosos minérios; como ouro e outros mais...Próximo as
cidades,como Ourolândia, Serrolândia, nos anos 80 e ainda hj;muitos garimpos,
extrações, mineradoras. O cordão de pobreza e violência é muito grande, serras
danificadas a troco de nada, apenas diversões ou espécies de fascinação pelo
fogo ou pela desgraça; coisas bastante inesplicáveis.
Muito visível um comportamento agrssivo, dentro de uma cidade pequena;
inclusive comunidades anteriores a nossa chegada em Jacobina, pediam para q
não dormíssemos em postos nesta localidade, pq podíamos sermos atingidos por
este surto. O q nos fez, procurarmos hospedagem na casa de repouso Naturale
cooperativa tbm compreendeu como estávamos vulneráveis.
No entanto, saímos de lá mortos de saudades.
Assentamento Alagoinha...
Dia 19 de setembro,
Chegamos em Alagoinha,sem nos apercebermos q estávamos exatamente no
assentamento indicado pela Nice e D. Tereza q conhecemos na Casa de
Repouso em Jacobina, q havia ditoq tinha filha neste lugar.
Acabamos acertando intuitivamente a porta da casa do presidente da Associação,
Almirzinho; para pedir informação. Explicamos o mov. Ciclovida e pedimos para
termos uma discussão no assentamento a respeito de nossa preocupação com o
meio ambiente e se era possivel um lugar para q podessemos fazer
comida.Fomos fazer o almoço embaixo do pé de pau, o q chamou a atenção
dos companheiras q passavam para casa de farinha, já era quatro horas e o
almoço não estava pronto, perguntamos q cheiro era aquele q vinha da casa de
farinha e as companheiras disseram q estavam fazendo tapioca. Veio de súbito
a idéia de antecipar o almoço com uma tapioca, imediatamente perguntamos se
era possível fazer uma tapioca para gente e a resposta prontamente foi sim, q
apenas esperássemos um pouco...Depois de duas horas de espera, a
companheira chegara, com um quilo de goma no saco, dizendo q era tapioca;
para a nossa decepção. Não é q lá se chama tapioca, um quilo de goma? E
o produto feito no caco desta goma ou povilho é chamado de Beiju. E tivemos
q esperar mesmo, pelo nosso almoço-janta. Logo após acompanhamos as
mulheres e crianças q iam para suas HOrtas, ao redor dos tanques, buracos
d'água q existiam por ali.
É um encontro de muitos esforços, crianças e mulheres carregando baldes,
garrafas, tambores de água; pela primeira nesta viagem, nos deparamos com
iniciativas espontaneas de vários cultivos naturais, sem q fosse um trabalho q
tivesse amparo institucional; el@s nem destinavam seus produtos ao mercado, a
função daquele cultivo não era exatamente o mercado. No dizer de algumas
delas: "Isto acontecia qdo sobrava". Nos ofertaram bastantes verduras e
voltamos a noite para uma assembléia com a comunidade, onde pessoas já
traziam sementes para a gente. Colocamos o projeto Ciclovida,ficaram muitos
espantados sobre a distancia q percorremos em torno da questão das sementes,
não imaginavam, diziam alguns, q o sistema já chegara a este ponto de impedir
quem quer plantar seu alimento e não ter suas sementes e outro dizia, q este
sistema é capaz de muito mais por dinheiro. Preocupados, muitos se
disponibilizaram de procurar mais sementes em outras comunidades e sugeriram
para q ficássemos mais um dia, para conhecermos outras regiões vizinhas e nos
ofereceram a sede da associação para nos abrigarmos.
No dia 20 de setembro, fomos visitar uma comunidade chamada mulungu,onde
havia alguém chamado Joelci lopes barreto q guardava bastantes sementes,
quem nos apresentou a ele foi um rapaz chamado Adilson da comunidade
Alagoinha. Lá nos doou soja, feijão branco, mané josé, feijão de corda, fava,
milho, pinha, quiabo, nescafé, tabaco, maxixe, handu, mamona, aroeira, cabaça
de cobra, feijão corujinha, abóbara e vários tipos de melancia. Mas aconteceu
algo muito estranho na sua terra, quando comprara sementes vindas do Juazeiro
da Bahia, de repente sua melancia natural, estava ficando madura, ainda
pequena e ele dizia q seu sabor era muito saudável, daí isto já parecia tá
interferindo na sua plantação de mandioca; havia uns pés bastante esquisitos,
mas q ele achava muito bonitos. Joelci parecia querer experimentar todas as
possibilidades do seu solo, muitas novidades estavam acontecendo nele; só não
sabia q cientistas ligados a empresas, faziam experimentaçoes semelhantes e q
ia arrecadar na falta de produção dos pequenos agricutores. Ele dizia q
guardava muitas sementes, mas não plantava hortaliças pela ausência de água.
Enquanto faltava pra ele, para grandes agricultures q eram seus vizinhos,
sobravam.
Saímos de lá e fomos para outra comunidade chamada Barreras, com a
companhia de Nice, Adilson, Ueldis para falarmos com Renilda, filha de d.
Tereza, q conhecemos em Jacobina. Lá D. Renilda e seu companheiro
Eulálio,nos deu várias sementes, dentre elas; alfazema, quiabo, sorgo branco e
preto, quiioio ( Medicinal para gripe, febre e tempera-se comida tbm, espécie
de alfavaca), dali fomos para seu Dinho e Djaci, conhecido por deja; nos
deram pimentao em seguida fomos para Rosa Benedita q reside com a sua filha
Sara, esta era apelidada de Roseira; trabalha em tudo, da roça a cidade; uma
senhora bastante disposta e dela recebemos muitas sementes; abóbora,melancia,
tomate, limão, cabaça, handú... E qdo voltamos ajudamos o pessoal nas suas
hortaliças, junto com carmelita, nega, adilson e criançadas, agoamos, tiramos
fotos e voltamos. Fomos fazer o jantar na casa da NIce; depois rolou uma
brincadeirade teatro com a criançada e fomos dormir; para acordamos bem cedo
no outro dia e irmos embora.
Muitos queriam q ficássemos mais tempo, mas infelizmente tínhamos q ir. Muitas
saudades de todas aquelas pessoas tão simples, tão solidárias e companheiras...
e então, seguimos adiante.
Quarta-feira, 11 de Outubro de 2006
De Lençóis à Beira Rio...
20 de Setembro de 2006,
Dia 30 de setembro,
Dia 2 de outubro,
Fomos meio dia nos encontrar com os companheiros Grosseiro, Marcelo, Bruce
e Tucú do KRAP, na Asa Sul 412, perto da Igreja Universal. De lá fomos para
um Restaurante vegetariano, chamado Girassol, onde eles ofertam marmitas às
15h30, do q sobra, pra quem quiser chegar. De lá fomos na casa da Jana,
amiga da Bartira.
Dia 3 de Outubro,
A Lindalva nos deixou até a UNB; procuramos autorização pra expor nossos
materiais cordéis, blusas, zines etc, e foi negado pelo setor comercial da
universidade, de lá nos dirigimos para coordenação do setor, e conseguimos
colocar gratuitamente sem pagar a quantia exigida de 20 reais. Apareceu uma
estudante de jornalismo q nos entrevistou, Amazoni, uma pernambucana. Em
seguida fomos participar de um debate sobre vegetarianismo, da semana
vegetariana q estava acontecendo no campus, onde assistims o filme: “Não
Matarás” do Instituto Nina Rosa. Informamos a respeito do Ciclovida e algumas
pessoas se aglomeraram em torno do material q colocamos em exposição, tendo
contribuições mediante a distribuição do nosso material. Em seguida fomos pra
casa da Lindalva onde fizemos um almoço-janta e a noite fomos nos encontrar
com o KRAP em sua reunião no Cine Brasília, onde se planejou o protesto no
Itamaraty, na quinta feira dia 5, ante a presença do presidente Caldeiron, um
protesto contra a repressão e as prisões em Atenco e Oaxaca; México.
Planejamos tbm uma oficina numa comunidade em Braslândia; onde
encontraríamos a galera do MTD( Movimento dos trabalhadores e
Desempregados) e onde participaríamos de uma oficina sobre os squaters.
A reunião contou com a presença de Grosseiro, Bruce, Estevão, Kled, Yuri,
Marcelo, Raoni e nós. Dormimos novamente na Lindalva.
Dia 4 de outubro,
Dia 6 de outubro,
Dia 7 de outubro,
Dia 8 de Outubro,
Pela manhã numa conversa com o Zé Maria, ele tocou novamente sobre a
questão do lixo; algumas vezes tentou entrar na atividade de catador do Lixão,
mas sempre encontrou muita concorrência e dificuldades, é necessário tirar a
carteirinha, q muitas vezes é concedida por meios exclusos.
Na casa de Felipe, nos encontramos os três, onde conseguimos colocar metade
do site em dia de Capim Grosso, até o assentamento de Alagoinha, almoçamos
com S. Luis Eduardo, o Dudu, pai do Felipe do Corpus Krisis. Bartira saiu
mais cedo e Inácio e a Ivânia ficaram, onde conheceram a mãe do Felipe,
também.
Dia 9 de Outubro,
Saímos para nos encontrarmos com outros companheiros para fazer protesto
contra a embaixada do Chile, onde muitos anarquistas foram perseguidos. Mas
infelizmente ao chegarmos, o pessoal já estava de volta do ato. Saímos para
um bar, onde era proibido tocar flauta, no “piauí”, mas o ruído das máquinas
roçando as gramas, superava qualquer outro som. Estivemos com vários coletivos
e em seguida fomos tentar encontrar com a Ju Pagu, do CMI, q se prontificava
a nos acolher com comida e computadores, fomos procurá-la no seu café,
conhecido como Balaio. Esperamos de 16h às 19h, sem marcar com ela e
descobrimos q era seu dia de folga, mas ela acabou aparecendo por volta das
20h, qdo já estávamos saindo. Tivemos uma conversa bastante agradável, onde
trocamos várias idéias e tivemos vários contamos. Gosamos da sua boa
hospitalidade e marcamos para almoçarmos no dia seguinte no seu café.
Voltamos para dormir na casa de Lindalva.
Dia 10 de outubro,
Companheir@s! Não dar mais para tolerar os massacres seculares deste sistema
dominante. Chegou o momento de agirmos. Temos um aprendizado também
secular. Há milhares de anos que somos subjugados pela lei da acumulação,
pelas leis de propriedade, pela ditadura da civilização humana e desenvolvimento
insustentável, pela obrigatória do consumo dos subprodutos de todas as formas
de vida ceifadas para fortalecer a vida deste sistema ( que todos os
xingamentos são insuficientes para classificá-lo. Compas indígenas do mundo,
lebremos como era nossa vida na selva! Não existia mercado, não existia
escolas, não existia hospitais, não existia fábircas de nenhum artefato que nos
vendem hoje como necessário. Mas nós comíamos sem comprar, nós tínhamos
ciências sem estudar, nós nos curávamos sem hospitais e nós fabricávamos os
instrumentos que nos era necessários. O sistema do mercado nos enganou e
roubou toda a nossa sabedoria e com ela toda a nossa autonomia, toda a
nossa história, condicionando a nossa vida a sua existência; a existência da
mercadoria mediada pelo nosso trabalho escravo e pelo dinheiro, o instrumento
da escravidão antiga, moderna e contemporânea. Eles nos obrigaram a reividicar
seus instrumentos de dominação como se fosem nossos direitos. Convencendo-
nos disso, fazem-nos reividicar trabalho, saúde, educação, e inclusão no seu
mundo; obrigam-nos a concorrer com nossos irmãos para crescermos na vida,
para entrarmos na sua inclusão. Companheir@s de Oaxaca, de Atenco, de
Chiapas, irmãos indígenas de todo o mundo, vamos pular fora dessa armadilha!
Tod@s @s explorados deicemos de comprar, deixemos de vender, Vamos comer
burgueses assados, do contrário estaremos fritos! T emos que dar as contas
deste estado que cresceu em cima de nossa miséria. da escravidão de todas as
formas de vidas, humanas e não humanas; da escravidão de todos os reinos:
vegetal, animal e mineral para o seu luxo e bel prazer. Não mais produzamos
riqueza com que os senhores nos massacram, não mais nos capacitemos para
gerirmos essa coisa que se fortalece cada vez mais que um de nós se vende
para ele, vamos sabotar sua máquinas, vamos emperrar sua engrenagens, vamos
enferrujar sua vida. Vamos compas usar todas as nossas capacidade e forças
para aniquililarmos com a dominação. Vamos vingar a morte do companheiro
Brad Will e de todos o massacrados, negando a este sistema seu direito de
existir.
CICLOVIDA
Notícias da Estrada - direto do e-mail (26/10)
Ciclovida escreveu:
Oi cara! Chegamos agora às 5 da tarde na cidade de Morrinhos - Go. Há
uns 150 km de Goiânia. Saimos de Goiânia terça-feira às 4 e meia da tarde.
Esta região é foda, é só fazenda, hotéis e postos de gasolina. A disputa é
grande com as carretas, e o pior é que a estrada está sendo duplicada e a
construção compromete os acostamentos. daqui estamos saindo para Itubiara,
limites de MG com Goiás. De lá devemos está indo para São José do Rio
Preto- SP, SAindo em Marília e Londrina, de lá vamos estudar os casos que
se apresentarem. Olha, dizem que pelas regiões mais agitadas. caso São Paulo,
Curitiba, é fácil serem tomedas até as bicicletas pelas barreiras policiais, pois alí
está feita só para veículos automotores. Mas no geral a viagem vai se fazendo
viajando. Sempre tem pessoas que dizem por onde é melhor, e assim se vai
fazendo.
Terça-feira, 21 de Novembro de 2006
Notícias da Estrada (28/10, 01/11 e 18/11)
28/10
Olha cara já estamos Itumbiara, divisa de Goiás com Minas Gerais. Desde
Ontem chegamos aqui, estamos num acampamento de s/terra e devemos ficar
até depois de amanhã. Nos comunicamos, tá?
01/11
Estamos agora em Prata, uma codide do Triângulo mineiro, Vamos amanhã para
um assentamento rural. (...) Abraços.
18/11
Oi Philipe! (...) Já estamos na metade do estado de São paulo, Já estamos
em Araçatuba. Não fomos por São josé do Rio preto. Estamos há uns 100 km
de Presidente Prudente Prudente, que já fica relativamente perto de Paraná. A
rota foi mudada em função da nossa preferência de passar nos assentamento
rurais. Vamos tentar passar por regiões de bastante assentamentos, que é o
pontal de Paranápanema onde tem muitas experiências. Olha, a nossa falta com
a página a um erro que cometemos no computador. Depois de 5 horas que um
companheiro nos ajudou digitando, o computador deu uma pane e nós perdemos
tudo. Vamos tentar mais na frente. Mas você pode colocar na página onde
estamos. Abraços de Inãcio e Ivãnia.
Terça-feira, 28 de Novembro de 2006
Notícias da Estrada (24/11)
24/11
Deveríamos estar com o site em dia, mas aconteceu que nós passamos cinco
horas no computador e quando estávamos concluindo, deu uma pane, então
perdemos tudo. Estamos tentando recuperar a história, depois atualizaremos.
(...) Devemos muito logo chegarmos em Foz do Iguaçu. Dia 10 (dezembro)
deste devemos estar em Santa Catarina para um encontro.
(...)
Domingo, 3 de Dezembro de 2006
Notícias da Estrada (03/12)
Estamos há uns 500 km de Foz (do Iguaçu). Estamos andando devagar por
conta de muitas experiêcias que estamos visitando. Conversamos com uma
porrada de pessoas envolvidas no racha do Pontal de Paranapanema. Visitamos
o assentamento de Zé Rainha, O Assentamento "Che Guevara", e alguns
acampamentos organizado por ele. Falamos com o Zé e com a Diolinda. (...)
Agora achamos que vamos levar uns 10 dias para chegar em Foz de Iguaçu.
Hoje estamos, desde sexta-feira, numa das experiências bem mais sucedidas do
MST. O município é de Paranacity, no estado do Paraná, e devemos visitar
bem mais que estão no rumo que seguimos. Dizem que há escolas e cursos
diversos de agroecologia, quando chegarmos lá, informaremos mais. Queríamos
que você colocasse informações sobre nós, é que agora não estamos
conseguindo por o relatório em dias. Com a Bartira era mais fácil. Mas ela
ainda está em Brasília.
Quarta-feira, 6 de Dezembro de 2006
Notícias da Estrada (05/12)
Ciclovida escreveu:
Nós chegamos ontem numa experiêcia do MST, é uma escola técnica em
parceria com a UFPR (Universidade Fed. do Paraná) com prioridade para
Agroecologia. Para cá vem muitos filhos de assentados de partes do Brasil,
principalmente do Paraná. Encontramos até um paraibano aqui, de Sousa, é o
Denilson. Vamos ficar aqui até amanhã. Estamos indo para Cascavel, há uns
400 km rumo a Argentina, lá veremos outras experiências interessantes,
principalmente a escola agroecológica, na fazenda que era da Agroindústria
Syngenta, esta fica em São Miguel do Iguaçu. Até agora vamos vendo duas
experiências mais coletivas, que foi a Copavi, de onde saimos ontem e esta
que estamos hoje. E o resto eram todas individuais. Visitamos toda a região de
Pontal do Paranapanema e lá também predominam os lotes individuais com a
predominância da criação de gado. Esta realidade vem desde Minas Gerais.
Notícias da Estrada (17/10 a 21/10)
Umas notícias "retrô" que o Ciclovida escreveu:
Frutaspelaestrada:
Atravesando a monocultura da soja (Campo Paraguaio)
Acordamos e fizemos algumas filmagens de, por exemplo, dos bichos amarrados
por falta de espaço, como porcos, gado. Tomamos café e nos despidimos.
Saimos em busca de um acamento de campesinos que nos foi informado de alí
a 12 quilómetros.
Seguimos a viagem, era meio dia, o sol muito quente. Paramos várias vezes
para descansar do sol e beber água. No caminho nos encontramos com o
companheiro Zé (quem trabalha como motorista de caminhão), o qual ficamos
em sua casa em Santa Rita faziam 3 dias. O mesmo vinha anxioso tentando
ainda nos rever na estrada. Contentamos-nos com o reencontro com o
companheiro e seguimos. No final da cidade já noitinha, ficamos no posto e
fizemos almoço e jantar e dormimos.
Neste dia saimos sedinho e a fin de passar por uma escola agroecologica de
que fomos informado no dia anterior. A escola, CECTEC (Centro de Educación
Tecnológica Campesina), nos espantou e alegrou que dentro do Paraguai, no
meio dos latifundios e as monoculturas que havia uma experiencia deste tipo. Lá
conseguimos 2 litros de soja orgánica que levamos com receio de perder-las na
passagem das fronteiras. Saimos apresados para fazer comida porque passava 2
da tarde nao haviamos nem sequer tomado café da manha. Paramos na frente
para fazer comida na beira da estrada. Fomos abordados por policiais que
exigiram nosso documentaçao. Nao havia nada de irregular, nos dexaram.
Continuamos. A noite paramos num posto de gasolina que nos permitiram armar
as barracas. Fomos bastante acolhidos pelos trabalhadores alí com pao caseiro
de milho e melao da horta do borracheiro. O temporal tao temido e esperado
por Ivánia em fim caiu todo esta noite. Tivemos que mudar as barracas pelo
centro do galpao do posto, mesmo assim corremos o risco de voar com tanto
vento. Como prova temos registrado na filmadora os flagrantes do vento pegos
por Matheus.
...alguns imágens:
Ciclovida chega na Argentina
Por AGROECOLOGIA E TRANSPORTE 19/01/2007 às 14:50
Após 8 meses de viagem, desde
Fortaleza, o Projeto Ciclovida chega
no seu destino. A longa viagem da
família de trabalhadores rurais do
Ceará pedalou por várias cidades
do nordeste, indo até Brasília. De
lá, o Ciclovida desbravou as
regiões sudeste e sul, pelos
assentamentos rurais, até chegar no
Paraguai e, por fim, na Argentina.
O projeto tem por objetivo discutir uma nova relação com a terra e uma
campanha de resgate das sementes crioulas (naturais, de comunidade), cada
vez mais raras e confinadas em laboratórios da Embrapa ou de empresas de
manipulação de sementes (transgênicas).
Durante toda a viagem, o Ciclovida passou por dezenas de assentamentos e
ocupações, discutindo com os/as trabalhadores/as brasileiros/as, paraguaios/as
e, por fim, argentinos/as, a necessidade do fortalecimento da luta contra o
agronegócio e os transgênicos.
Por e-mail, o companheiro Inácio conta como foi a chegada na capital
argentina: "Chegamos hoje em Buenos Aires, já encontramos os companheiros
Piqueteiros de la Matanza, jantamos juntos, trocamos idéias até agora e amanhã
a festa continua. Fomos esperados com uma caravana de crianças em bicicletas,
foi muito lindo!". Nas próximas semanas, o Ciclovida discutirá a conjuntura da
América Latina com os/as companheiros/as Piqueteros e demais articulações que
lutam por um mundo onde caibam várias realidades.
Domingo, 4 de Março de 2007
Em Camaquã
Direto do pedal, via e-mail:
Estamos em Camaquã, vamos passar numa experiência logo mais aqui na frente
de Plantio de arroz biodinâmico. Desde que chegamos no Brasil, por Aceguá,
entramos por estradas de terra para passar pelos assentamentos rurais. O
primeiro deles que passamos foi o Santa Vitória onde ficamos quase dois dias
na casa do companheiro Danilo, e vimos ele com fartura de produção de melão
que dava aos porcos e vacas "por não ter como comercializar", dizia ele.
Depois passamos em outro assentamento, o 20 de Agosto, já município de
Candiota, lá encontramos o companheiro Roberto Brum, pessoa de muito boa
compreensão, ecológica e humanamente, onde passávamos apenas para beber
água e terminamos por passar dois dias (21 e 22/02), nos identificamos
muito, e em muitas coisas, e o mesmo contou muitas aventuras na luta pela
vida, inclusive uma viagem de quase 300 quilômetros de estradão, isto de
bicicleta que fez com sua companheira e filhos em busca de ocupação de terra,
de Porto Alegre até na Copava (uma cooperativa de assentados no município
de Piratini). O Roberto nos orientou como chegar na BioNatur (uma empresa
do MST que beneficia sementes). Na BioNatur dia 23/02 encontramos o João
Batista Volkmann, que nos deu uma carona pelas estradas de terra até Bagé,
onde fica o Instituto de Permancultura, lá estava num curso de BioConstrução.
Lá encontramos muitas pessoas interessantes, inclusive um casal que está
percorrendo o litoral brasileiro de bicicleta, O Cléverson e a Débora, lembramos
que o nome da viagem é PedalEco, há um site com esse nome, pesquisem
(darei mais detalhe depois) e vão levando uma cachorra numa carrocinha, foi
muito nosso encontro, passamos dois dias juntos e tiramos fotos, eles ficaram
de passar para nós. Quando saimos de Bagé, passamos dois dias (26 e 27)
viajando, depois chegamos na Coopava, a cooperativa de Assentados, passamos
alí dois dias. Que narraremos depois como foi...
Estamos saindo agora de uma casa de família, onde estamos escrevendo este
relatório, é a casa de seu Gastão e de dona Antonina, seu irmão Jorge, e os
filhos: Fracisco, Rodrigo e o Ricardo. Foi interessante nossa chegada aqui: Há
uns sessenta quilômetros daqui, íamos passando por um Ônibus parado e o
cara que estava perto do veículo perguntou para onde iríamos e respondemos
que era para Fortaleza, Ceará, o mesmo nos ofereceu uma carona até Porto
Alegre. Ficamos alegres com sua ação, mas tíunhamos que ficar em Camaquã,
há 120 km de P. Alegre, por conta da visita à Volkmann, e até porque o
mesmo havia levado parte das nossas coisas (bagagem) para pegarmos na
frente, em sua casa. Bem pegamos a carona no ônibus do senhor que nos
ofereceu a carona, mas ocorre que aquele ônibus já estava sendo recuperado
pelo mesmo porque estava há mais um ano desaparecido (tinha sido roubado),
e ele estava recuperando de volta. O ônibus estava com um problema no
radiador e tínhamos que pôr água dentro de dez em dez quilòmetros. O carra
só deu para chegar até aqui em camaquã, e dormimos aqui no galpão de uma
oficina, onde o ônibus ficou, que é do senhor Gastão. Houve uma ajuda mútua,
entre nós e o dono do ônibus, que falando isto para a família desta oficina,
não duvidaram em nos dar apoio e até facilitando a internet. Agradecemos a
esta família muito solidária, inclusive os jovens que acordaram cedinho para nos
ceder este espaço no computador. Bom depois daremos mais notícias, abraços a
tod@s que nos acompanham nesta empreitada.
Ivânia e Inácio.
Sexta-feira, 9 de Março de 2007
Direto do pedal
04/03 chegamos num acampamento rural do MST perto de Camaquã. 05/03
chegamos numa experiência de plantio de arroz biodinãmico. 06/03 - saímos
da platação de arroz de Jopão Wolkmann. em Sentinela do Sul; dormimos numa
aldeia dos índios Guarani, perto de Sertão do Santana e dia 07/03 chegamos
no Assentamento Integração Gaúcha, onde as mulheres do assentamento se
preparavam para a marcha pelo dia da mulher e fora Bush em Porto alegre no
dia 08/03. Nós do Ciclovida chegamos a tempo de participar, passamos o dia
com elas, e depois fomos para uma okupa dos compaheiros anarco punks.
Em São Paulo e os contatos
"Estamos chegando em São Paulo, faltam uns 200km".
Pessoal, eles estão precisando de contatos para São Paulo, quem tiver, entre
em contato:
feijaobrabo arroba yahoo ponto com ponto br
Segunda-feira, 26 de Março de 2007
Fotos de Parana, Uruguai e Argentina
Sementes Criolas do
ITEPA
Sementes no ITEPA
Ocupação do ITEPA
A
Fronteira com Paraguai
Destino Final!
Ivania e Matheus com companheir@s de MTD de Solano
Turuçu- Rio Grande do Sul - Saímos com chuva, passamos em Cristal. Fomos
comprar pão e queijo. 100 gramas de queijo era 2,00, um litro de leite daquele
agricultor que nós conversamos eram 0,34 passado para a industria de laticínio.
Na hora de receber o queijo o Inácio disse que tinha o dinheiro pra pagar,
mas que não ia ficar com o queijo pois dar uma dentada naquele queijo seria
como dar uma dentada na perna de um agricultor. O dono da padaria ficou
com a cara muito fechada e fizemos carrera! Ao lado da BR encontramos
também uma casa de pimentas, geléia, doces, sucos, massa de pimenta, feito
pelos agricultores da região. Ficamos só com vontade de provar o doce de
pimenta, mas não pudemos...era muito caro! Continuamos à pedalar e a chuva
também à cair. Pedalamos mais uns 15 Km e encontramos um ônibus parado.
Pela primeira vez um motorista de ônibus, chamado Wanderlei nos oferece
carona, dizendo que estava indo pra Porto Alegre. Aceitamos! Mas ficamos de
decidir se queríamos ir até Porto Alegre ou até Camaquã, onde estavam
guardadas nossas sementes levadas por um companheiro, de Bagé até depois
de Camaquã, para diminuir nossa carga. O que não sabíamos era que o ônibus
estava com problema e de 10 em 10 km, inicialmente, tínhamos que descer pra
colocar água no radiador que pegava fogo. Que depois diminuiu para 5 km e
depois passamos a empurrar o ônibus, que era mais pesado, claro!, que as
bicicletas. O dia todo conseguimos andar “de ônibus” uns 60 km. Enfim, o
companheiro motorista, cansado, desiste da viagem e deixou o ônibus na sucata
do amigo dele, Sr. Gastão...Que recebeu o ônibus e nos acolheu muito bem
em seu galpão. Ali dormimos
09/03/2007 (sexta-feira)
10/03/2007 (sábado)
11/03/2007 (domingo)
Acordamos cedo. Ivânia ansiosa para falar com Camilo, afinal era data de seu
aniversário. Falou com Sandino, Socorro, Camilo que a aliviou, mas não
desapertou seu coração de tanta saudade. Pensando na falta muito grande deles
de vê-los crescer, de estar perto de sua formação. À tarde fomos organizar as
sementes, chegando depois a irmã e o cunhado de Marines e também a irmã
do Jalo. Conversamos o resto da tarde. À noite fomos ver Marinês e Edna
trabalhando na padaria. Fomos também visitar Mauro e Cristina e voltando para
casa o Jalo foi mostrar suas fotos, muitos álbuns e nos ofereceu algumas fotos.
E Boa noite
Notícias da estrada (12/03 a 18/03)
12/03/2007 (segunda-feira)
13/03/2007 (terça-feira)
14/03/2007 (quarta-feira)
Pedalamos a manha sobre chuva, meio dia o pneu da bicicleta do Inácio furou,
encostamos num galpão abandonado para remendar a câmera o que foram umas
duas horas de tentativas, almoçamos pão com banana, já eram 15:00 e
seguimos
Continuamos ate o Km 37, quando um carro quase atropela Ivânia, a
visibilidade estava difícil por conta da chuva, decidimos parar em Laguna,
ouvimos o alto-falante de uma capela anunciando a missa para 19:00 quando
rumamos para a capela e pedimos aos coordenadores da igreja para ficar aquela
noite ali, os mesmo arranjaram uma casinha fechada do lado da igreja. O Sr.
Ibrain que anda com dificuldade pois sofrera a anos atrás um acidente de carro,
onde ficou lesionado seus pés, mesmo assim se dispôs prontamente a ir em
sua casa sob chuva pesada buscar janta para nós. Choveu a noite toda.
Dormimos bem.
18/03/2007
O Sr. Ibrain trouxe café, conversamos muito, ele dizia de sua vida de trabalho
duro na roça, veio do campo mesmo assim mantém sua plantação na cidade,
onde planta verduras, macaxeira, milho, cria galinha. Deixamos endereço e o
cordel e o site do projeto e despedimos dos dois. Logo em seguida passamos
por muita água, rios, lagos nas proximidades de Imaruí. Encontramos pessoas
pescando, e falavam daquele rio que muitos pescadores viviam dali. Mas que
hoje estava cada vez mais difícil de encontrar peixe. Seguimos mais 10Km,
fomos encher o pneu e a câmara estourou, o que fez demorar um pouco mais.
Seguimos. Ao meio dia passamos num local (Mirim e Vila Nova) encontramos
uma casa de antigos pescadores numa pequena comunidade, e falavam que não
dava mais para sobreviver da pesca e agricultura. Havia uma vila onde todos
eram uma família, mas já estavam se desintegrando. Paramos 8 km depois em
um posto e fomos telefonar para nossos filhos. Felizmente com eles estava tudo
bem, mas tivemos a triste surpresa da morte de João Elias do Emaús e da
madrinha da Ivânia, pessoas muito próximas e queridas.
Quanto ao João Elias era um companheiro que tínhamos amizade e uma relação
nas atuações nos movimentos sociais, uns 18 anos de vivência juntos. A única
notícia era que havia morrido, mas não sabíamos de que forma e já faziam uns
20 dias, segundo a pessoa nos informou. Buscamos nos comunicar com a
família e não conseguimos. Com muita dificuldade ficamos sabendo que foi de
infarto e ficamos sob choque. Mesmo desequilibrados com tamanho abalo
decidimos pedalar pois havia ameaça de chuva para a tardinha, que veio uma
duas horas depois. Passamos a chuva em outro posto e ficamos remoendo a
dor de não poder partilhar com mais pessoas. Depois de andar mais uns 15 km
vimos que tínhamos que parar, não dava mais pra continuar a pedalar com a
carga negativa dos acontecimentos para os lados do Ceará. Paramos em frente
a uma Igreja à beira da estrada onde havia uma área que dava para os fundos
e dava pra nos proteger da chuva. Ali ficamos a digerir as notícias as perdas,
não era fácil. Pensar em chegar no Ceará e não encontrar o João para
partilhar essa viagem quem tanto se esforçou para contribuir com essa. E como
estaria sua família e companheiros do Emaús Trapeiros de Fortaleza.
Decidimos apresar a viagem para ver como ajudar os companheiros da Emaús e
filhos do João, estávamos a 30 km de Floripa, dormimos mal.
Notícias da estrada (24/03 a 01/04)
24/03/2007
25/03/2007
26/03/2007
27/03/2007
28/03/2007
Dia 29/03/2007
Acordamos tarde a vista dos outros dias muito cansados ainda passamos o dia
em casa, olhando os emails, fizemos comida e ficamos a conversar com Carlos
e a ouvir suas belas musicas que nos anima a seguir a combativos. Fomos
dormir tarde.
30/03/2007
Carlos e Jorge foram montar um banca na greve dos professores, Deusane ficou
com a gente 12:00, ficamos o dia todo eu e o Inácio a responder emails. A
noite ficamos a conversar e fomos dormir tarde.
31/03/2007
01/04/2007
Arredores de
Curitiba
pedaladas por
Curitiba
Sementes de Arraça
Dia 02/04/2007
Dia 03/04/2007
Fomos para Feraz de Vasconcelos, tivemos uma discussão pela manhã em duas
classes do colégio Edi, atividade articulada pela professora Regina, e ao meio
dia fomos para a casa da professora Cris, e conhecemos seu companheiro, o
Itamar, que desejava nos conhecer. Encontramos um sujeito muito bom,
prestativo, com que tivemos um bom papo sobre política, ele se encantou com
nossa viagem, e falou que esta era visita predileta que queria que seus filhos
tivessem. Com este companheiro, trocamos sobretudo, forças . Ele nos
disponibilizou seus computadores, que usamos quase todo o dia, dali despedimo-
nos e voltamos para a casa do Erivelto e Regina. Fomos novamente para o
colégio Edi, para mais algumas palestras com os alunos do colégio, que por
sinal foram muito produtivas, com bom retorno de participação desses.
06/04/2007
08/04/2007
09/04/2007
10/04/2007
Acordamos tarde, já 11:00 horas, a dona da casa a qual Lia era inquilina, era
uma estrangeira preconceituosa, e se sentia invadida por “favelados”, todos nos
se sentimos abalados e fomos para a casa dos companheiros visinhos que
trampam com cultura digital e softer livre, tivemos uma tarde agradável e
esquecemos um pouco a discriminação daquela mulher. La tivemos a visita de
um antigo companheiro Alexandre do Ceará, apelidado de pequeno assim como
Jord mais dois outros aconpanhantes. No final da tarde gravamos uma entrevista
com os compas Fernão e Diogo. Dormimos na casa do Carlos e Deusane,
Quilermina – Esperança.
11/04/2007
12/04/2007
De manha fomos para Feraz, Para a casa de Regina, de onde iria-mos para a
escola do MST Florestam Fernandes, que não foi possível entre outros
imprevistos, o caro do Regina deu problema, Ivania e Inacio forma dormir na
casa da Cristina, e Jorge foi para a casa do Carlos e Deusane.
Dia 13/04/07
Fomos para uma atividade na faculdade de filosofia " FAFIL" a convite do Bone
do movimento trabalhista. Lá aconteceu a exposição e conversa do projeto
Ciclovida e cantamos algumas músicas. Dali surgiram contribuições mediante
distribuição de nossos materiais e recebemos uma contribuição do Bone para a
viagem.
Dia 14/04/07
Organizamos a nossa saída de São Paulo, nos preparando e fazendo reparos
nas bicicletas e também provisões com a alimentação. Preparamos a bicicleta da
Lia com um caixote e atravessamos mais uma vez a cidade até a casa do
Carlos.
Dia 15/04/07
De manha fomos na casa de seu José e compnheira Maria, que nos ofereceu
algumas de suas sementes, como macaba do maranhao ( coquinhos do
maranhao). A despedida da casa do seu Zezé foi dificil pois os laços afetivos
eram fortes. chegamos a casa do Marquinhos do MLST e ele nao estava.
começamos a fazer almoço e um casal de jovens chegaram: Marcia e seu
companheiro que se ofereceram para trazer um conplemento para o almoço,
passamos a tarde conversando. Marcia nos indicou a casa de sue sua mae
para quando passassemos pela cidade de Araminas.
Tiramos umas fotos e nos despedimos, seguimos para o acampamento do MST,
passamos direto pela segurança sem saber onde era e falamos com a
companheira Maria - cearence , de Viçosa do Ceará, que optou por morar no
campo depois de morar em sao paulo. Depois chegou uma militante do MST
que nos orientou a falar com a coordenaçao que ficava no inicio do
assentamento. La encontramos com alguns coordenadores que estavam em um
momento de despedida de um companheira da comunidade rumo ao Rio de
Janeiro para contribuir para o movimento MST.
Falamos de mossas atividades e a intençao de conhecer o assentamento. Nos
alojaram na casa sede, ficando certo no dia sequinte visitar a comunidade e a
atarde participar de uma reuniao da coordenaçao. Fomos dormir ja bem tarde.
DESPEDIDA DA COMPANHEIRA MÁRCIA
Depois fomos para a casa do Pedro e ele nos mostrou suas variedades de
abóboras e também contou sua relação política com Chico Mendes.
SUBINDO LADEIRA
USINA DE CANA
CRIANÇAS DO ASSENTAMENTO
CHUCHU E MARACUJÁ
Pela manhã gravamos uma entrevista filmada com Pedro Xapuri, onde ele fala
de sua militância no STR de Xapuri ao lado de Chico Mendes. Nas lutas dos
empates para evitar a derrubadas dos seringais e castanheiras. Os
enfrentamentos com os latifúndios organizados e seus jagunços entre outros
enfrentamentos. Ele contou com detalhes as pressões reacionárias dos
fazendeiros até a morte de Chico. Narrou sua história e como chegou no Acre,
migrando da região de Quixadá por questões de sobrevivência, indo para São
Paulo e depois para o Acre, e depois da morte de Chico voltou para SP. E
quando surgiu o momento de vir para o acampamento de terra, ele embarcou.
Falou também da atuação de sua companheira Alberina que por muitos anos foi
alfabetizadora de adultos e crianças nas localidades de Xapuri.
Já de tarde arrumamos as cargas das bicicletas, almoçamos e partimos, mas
antes passamos na casa do aparecido deixar algumas sementes e o Jorge
deixou um zine ”resistência verde”, já na estrada rumamos a Franca e lá
achamos uma internet e respondemos alguns emails, e inquietos ficamos a
contar e confabular dos perigos de dormir nas cidades, ou nos postos ou
lugares isolados. Resolvemos sair da cidade e levantamos acampamento num
posto já fora da cidade.
Dia 27 de abril
ALBERGUE ESPÍRITA "CASTELINHO" EM ARAMINAS
Dia 30/04/2007
Dia 01/05/2007
Foi um dia de descanso e muitas (hi)estórias, Paçoca e Tais nos contaram de
suas estadias em Porto Alegre com os pessoais da okupa de lá e a paranóia
entre os ”carecas e punks” alem de outras tretas. Tiramos o dia também para
fazer um almoço bem regado e conhecer outros compas de Uberlandia e de
passagem um pessoal de Goiania, que alais conhecia outros companheiros de
lá, uma enorme conhecidencia foi quando a Lia e o Jorge perdidos quando
tinham ido comprar umas paradas de comer, cruzarem pelo Ateu para pedirem
informação... eita cidadezinha pequena so... a noite a conversa se animou ate
de madruga.
02/05/2007
A compra da bicicreta...
...O sufoco de atravessar SunPaulo...
O posto abandonado...mal-assombrado!
As subidas difíceis e o vento-contra!
...as sombras nas placas da estrada...
As tentativas frustradas de carona.
A incansável estória da Subta!
A casa do Seu Zezé...
"Desliga o rádio, Adriana!"
A linda Dona Francisca!
O Alex, Marquinhos, Márcia!
Os banhos de rio...as noites de frio...
"A Berlândia! Berlândia! Tamô chegando em Berlândia!"
O Feijão Andu e os tomates no pé da estrada.
As cachacinhas da região!
As sementes...muitas...muitas...
As horas...os dias...as noites...
A ocupação no albergue Castelinho!
As granolas e farinhas inacabáveis do Jorge!
As noites emburacadas...os arranhões!
As receitas e história do Nêgo... as cobras...as onças...beatas...
As lições do Aparecido, Tereza e Priscila.
..."Dinheiro" "Boa vontade"...as conversas do índio com o Inácio.
As abóboras do Xapori!
As chateações com internet!
As despedidas demoradas...
...os pneus furados!
"Cuizcuiz"...bananas-passa...uvas-passa...
"Passa...passa...É tranquilo!"
Rapadura! Passa!
...a sede...o cansaço...
as recompensas...os aprendizados...
...a amizade... o respeito....
A saudade!
A vontade que fica de voltar a ver todos...o mais breve possível!
As empresas...a ganância...o lucro...
...Os bichos mortos na pista...
...a fumaça...sujeira...desrespeito...
nuvens de venenos...exploração...
...inconsequêcias e a nossa indignação!
Depoimentos, fotos...gravação!
Os urubus, tucanos, asa-branca...
...os papagaios, vários...mortos no chão!
Tamanduá-bandeira, lobo-guará... atropelados!
Geraldo, Jaime e família e crianças na luta pela limpeza das minas de água!
Dia 10/05/2007
Pela manhã demos uma pequena saída pela terra (Lia , Jorge e Inácio).
Ivânia ficara conversando com o Nego e algumas mulheres, que curiosamente
aproximavam-se daquela casa para nos conhecer. Curiosos também, os três
(Lia Jorge e Inácio) procuravam uma pedra muito interessante, foi o que nos
falaram, mas, mesmo sem encontrá-la, logo nos fartamos de procurar, por
vermos tantas outras coisas, tão interessantes quanto a pedra procurada. Em
seguida, estamos todos na casa do Nego, prontos para irmos embora, que, à
convite, resolvemos passar na barraca/casa de Elcelene, onde almoçamos em
sua companhia, de outras companheiras, de filh@s e de seu companheiro, com
@s quais trocamos algumas sementes, falamos sobre a poluição das carvoeiras,
tiramos fotos, nos despedimos e fomos embora. Chegamos dia seguinte
(11/05) na cidade de Patrocínio, passamos no STR para deixar nossa moção
de apoio aos trabalhadores prestes a serem prejudicados pelo INCRA. Ficamos
conhecendo a realidade desta região, que aqui predomina a cultura do café, e
há muita migração do norte de Minas, sudoeste baiano, etc. Saímos pela tarde,
e fomos dormir no Posto Beira Rio, perto de uma cidadezinha chamada
Guimarânia – MG.
Dia 12/05//2007
Dia 13/05/2007
Dia 14/05/2007
Dia 16/05/2007 - Fizemos comida para levar para estrada , demos um pouco
para um transeunte da região, que perguntamos seu nome, e disse que era
Toni, perguntamos como tinha chegado ali, respondeu que foi de jato (sabe-se
lá que tipo de jato!). Fomos tentar encaminhar a saída da Verinha, como
preço de passagem que nos prontificamos pagar, temendo que ela fosse gastar
com outras coisas e não ir, garantimos para ela que pagaríamos sua passagem
pelo cartão mas não podíamos dar dinheiro. Nesse caso ela recusou a
passagem, dizendo que ficaria ali mesmo. Conversamos com a população para
entendermos um pouco sua situação, nos disseram que há muitos anos que sua
vida era aquela, mas, segundo afirmam, ela tem ajuda das pessoas do lugar.
Encontramos um outro viajante, que estava também de bicicleta, o Francisco,
que estava indo para Piracicaba – SP, de bicicleta, e ficou lá com a Verinha,
enquanto nós, o Ciclovida montamos em nossa bicicletas e prosseguimos na
estrada rumo a Buritizeiro e Pirapora, ainda em Minas Gerais. A noite caiu, e a
bicicleta do Inácio furou o pneu, então tivemos que arrumar uma clareira na
beira estrada, arrumamos as barracas e dormimos.
Faz porém uma descrição do que significa, para ela, a vida na cidade. Quase
transtornada desabafa que não se encontra nesse mundo de mentiras e
aparências; de modismo e preconceitos; sem amizades sinceras; que ela sente-
se uma extraterrestre, parece que ninguém está interessado no que ela pensa,
no que ela fala, no que deseja; que a forma das pessoas se relacionarem não
tem nada a ver com a dela; que é com relação a escola que tem mais
traumas, pois foi retirada de uma sala de aula, onde estão os alunos
considerados bem comportados e colocaram-na numa classe dos ‘maus’
comportados, onde ela não agüenta o barulho, não consegue assimilar bem as
matérias. Diz não se empolgar com nada na cidade e nem tem também
amigos. Enfim é nessa linhagem que ela fala da sua realidade atual. Os pais
dela dizem que ela sente muita dor de cabeça, mas antes ela não era assim
quando estava no interior, que a trouxe para estudar. Juliana também fala de
um problema que tenta resolver, que acha um desafio quase impossível, que é
levar sua mãe para o interior, e diz que acha que lá, vai se normalizar. Ela
conta que tem duas mães (A tia que mora na roça e a mãe biológica que
mora na cidade), que gosta muito das duas, o pior é que elas moram
distantes uma da outra, uma está na roça e a outra está na cidade, ela fala
que quer viver com as duas na roça. As medidas que são tomadas com
relação a menina, são tratamentos psiquiátricos, que pode não bastar, e até ir
contra ao que ela realmente necessita. Foi isto o que falamos para dona
Teresa, que disse que vai pensar seriamente no caso, podendo até mesmo
deixar o trabalho para salvar a filha. Façamos votos para que isto já tenha
acontecido ou venha acontecer a tempo de salvá-la mesmo.
Relato 04 a 09/06/07
Dia 04/06/2007 - segunda-feira – Ivânia conseguiu ligar para o Sandino e
ficou mais um pouco com a Juliana, colocou argila em sua cabeça, depois nos
despedimos. Fomos também fazer uma gravação com o presidente do sindicato,
senhor Afonso, que falou de seu empenho em benefício dos trabalhadores, como
demonstração, estava a estrutura de alojamento do sindicato, que abriga a todos
os trabalhadores que necessitem. Completa que o STR tem hoje uma das
melhores estruturas para realização de eventos desta cidade. A tarde fomos
saber de uma informação de um barco que sairia de Januária para Juazeiro da
Bahia, carregado de cachaça de um certo armazém, e que poderia nos dar uma
carona, mas ficamos sabendo que fazia poucos dias que ele havia partido de
viagem, e só faz isto uma vez por mês, possibilidade descartada. Passamos e-
mail já avisando que estamos apressando a viagem, queremos chegar até o final
do mês por vários motivos: desde a necessidade de se fazer a reimplantação
das sementes, discutir este assunto, como também questões de saúde dos
filhos. É como disse um companheiro “necessidade de chegar e vontade de não
apressar”.
Não foi de uma hora para outra que tomamos a decisão. Já fazíamos planos
com nossos filhos e filhas, de dar uma volta por aí, de bicicleta, por um bom
tempo, sem definir por onde e nem o que fazer precisamente, mas com um
eixo central: A Nova Relação com a Terra. A partir deste eixo iríamos
acrescentando á este eixo, elementos que encontraríamos na estrada. Por várias
razões não foi possível implementarmos em tempo desejado, mas chegou o dia,
o dia em até ali, ainda não sabíamos quantos seríamos na estrada. Preparamos
6 bicicletas e saímos 4 pessoas estavam realmente decididas: Bartira, Bruno,
Inácio e Ivânia.