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Origem Etimológica da palavra Liberdade

A palavra liberdade, conforme a etimologia grega, eleutheria, significava liberdade de


movimento. Tratava-se apenas de uma possibilidade do corpo para se movimentar sem
qualquer restrição externa. Poder e liberdade eram palavras praticamente sinônimas.
Compreendia-se a liberdade como o poder de se movimentar sem impedimentos, seja em razão
da debilidade do corpo, seja em razão da necessidade ou mesmo em razão
do impedimento oposto por ordem de um senhor. Assim o significado grego estava relacionado
a ausência de limitações e coações.
A palavra alemã Freiheit (liberdade), que tem origem histórica nos
vocábulos freihals ou frihals, de onde se originou a palavra Freedom na lingua inglesa,
significa "pescoço livre" (frei Hals), referindo-se aos grilhões que mantinham aprisionados os
escravos pelo pescoço. Assim, não difere muito em sentido da palavra grega, a complementando
com uma imagem contundente. Há de se observar, contudo, que esta palavra tem uma amplitude
menor, pois refere-se apenas à situação de impedimento de movimento por razão de uma força
externa humana, eliminando assim a necessidade e limitação física, por exemplo. Ou seja, a
palavra de origem alemã referia-se apenas a coação, ou a escravidão.
Dessa forma, Freihet era um caso particular de eleutheria. Já a palavra libertas, de onde
também se originou o termo liberdade do latim, significa "independência", que resume bem a
palavra grega. Portanto, percebemos que a palavra liberdade, nas três situações, está fortemente
relacionada a uma situação política do ser humano, embora a palavra grega e latina expressem
mais do que isso. Mas a acepção mais comum da palavra nos parece ser a expressão de uma
situação de dominação de grupos sobre outros que limitavam ou restringiam o "movimento", ou
a possibilidade de "ir e vir" das pessoas subjulgadas. Antepunha-se a situação de escravidão.
Portanto, tudo leva a crer que a palavra liberdade nasceu com o objetivo de representar
uma status político.
OBS.: a palavra político está sendo usada no seu sentido filósofico, o qual representa as
relações de poder entre os seres humanos. Ou seja, política como ciencia do poder, e não
ciencia do Estado.
Liberdade é possuir livre arbítrio para com os nossos atos e vontades.O melhor aliado da
liberdade é o conhecimento!Só com o verdadeiro conhecimento conseguimos viver com
liberdade.

Origem Histórica do conceito de Liberdade


O primeiro uso conhecido da palavra liberdade num contexto político remonta ao século 24 aC,
num texto que descreve a restauração da liberdade social e económica em Lagash, uma cidade-
estado suméria. Urukagina, o rei de Lagash, estabeleceu o primeiro código legal conhecido para
proteger os cidadãos dos ricos e poderosos. Conhecido como um grande reformador, Urukagina
estabeleceu leis que proibiam a venda de bens e exigia que as acusações contra o acusado
fossem declaradas antes que qualquer homem acusado de um crime pudesse ser punido. Este é
o primeiro exemplo conhecido de qualquer forma de devido processo na história da
humanidade.
Como Urukagina, a maioria das liberdades antigas se concentrava na liberdade negativa,
protegendo os menos afortunados contra o assédio ou a imposição. Outros códigos legais
antigos, como o Código de Hammurabi , também proibiam a compulsão em assuntos
econômicos, como a venda de terras, e deixavam claro que quando um homem rico assassina
um pobre, continua a ser assassinato. Ainda assim, esses códigos dependiam de uma certa
virtuosidade de reis e ministros, que estava longe de ser confiável.
No Império Persa, os cidadãos de todas as religiões e grupos étnicos recebiam os mesmos
direitos e tinham a mesma liberdade de religião, as mulheres tinham os mesmos direitos que os
homens ea abolição da escravidão. Todos os palácios dos reis da Pérsia foram construídos por
trabalhadores remunerados em uma era onde os escravos normalmente faziam tal trabalho.
No Império Maurya da antiga Índia, os cidadãos de todas as religiões e grupos étnicos tinham
direitos à liberdade, tolerância e igualdade. A necessidade de tolerância numa base igualitária
pode ser encontrada nos Editos de Ashoka o Grande, que enfatizam a importância da tolerância
na política pública pelo governo. A chacina ou captura de prisioneiros de guerra também foi
condenada por Ashoka. A escravidão também não existia na Índia antiga.
O direito romano também abraçava certas formas limitadas de liberdade, mesmo sob o domínio
dos imperadores romanos. No entanto, essas liberdades foram concedidas apenas aos cidadãos
romanos. Ainda assim, o cidadão romano desfrutava de uma combinação de liberdade positiva
(direito a livremente celebrar contratos, direito a um casamento legal) e liberdade negativa
(direito a um julgamento, direito de recurso e direito a não ser torturado). Muitas das liberdades
desfrutadas sob o direito romano resistiram durante a Idade Média, mas foram desfrutadas
apenas pela nobreza, nunca pelo homem comum. A idéia de liberdades universais e inalienáveis
teve que esperar até a Era das Luzes.
Em chinês, a liberdade é escrita (ziyou). Zi é o caráter para o self, e você significa seguir, com
uma conotação adicional da razão. A liberdade, portanto, implica uma conexão necessária entre
o individualismo e um dever racional.

Liberdade positiva e negativa


saiah Berlin (1909-1997) escreveu um artigo de filosofia política chamado "Dois Conceitos de
Liberdade", onde ele introduziu uma distinção entre dois conceitos diferentes de liberdade os
quais designou: liberdade negativa e liberdade positiva. Para ele, a liberdade negativa consiste
na ausência de coerção. Neste sentido, um indivíduo seria livre desde que ninguém o forçasse
a agir ou o proíbisse de agir de certa maneira. Já liberdade positiva consistiria num controle
efectivo da própria vida. Um alcoólico, por exemplo, tem liberdade negativa caso ninguém o
obrigue a beber, mas ainda assim não tem liberdade positiva. Dessa forma, se alguém dissesse,
"o alcoolico bebe livremente", estaria querendo dizer simplesmente que ele bebe sem que
ninguém o force ou obrigue a isso; mas se alguém dissesse "o alcoolico não é livre" ou "não
bebe livremente", estaria querendo dizer que ele não tem o controle efetivo da sua própria
vontade de beber, em virtude do seu vício. Em outras palavras se diria que o vício controla a
sua vontade, e não que a sua vontade controla o vício.
Essa distinção foi importante na filosofia política porque forneceu fundamentos para o
julgamento da responsabilidade de pessoas que cometeram crimes ou delitos em que a sua
liberdade positiva foi significativamente restringida de alguma maneira. A doutrina juridica, de
maneira geral, tem o entendimento que doentes mentais, pessoas embriagadas
involuntáriamente, crianças pequenas (a idade varia de país para país), têm sua liberdade
positiva comprometida, e portanto não podem ser consideradas responsáveis penalmente. O
termo jurídico para a situação é "inimputáveis" - não se pode imputar as consequencias dos seus
atos, ou seja, não se pode imputar a punição. No caso específico do código penal brasileiro, até
mesmo a "embriaguez cronica", (o alcoolismo) é uma condição de inimputabilidade. Vê-se
claramente, portanto, a relação entre liberdade e responsabilidade na filosofia política, que é,
não custa relembrar, a ciencia do poder.

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