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CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA CIVIL

Rodrigo Soares Wurdig

Relatório sobre os métodos/ensaios de investigação Geotécnica

Caxias do Sul
2019
Sumário

1 Introdução 3

2 Tipos de Sondagem 3

2.1 Poços e Trincheiras 3

2.1.1 Procedimentos do ensaio de Poços e Trincheiras 4

2.2 Sondagem a percussão com circulação de água (SPT) e (SPT-T) 5

2.2.1 Procedimentos do SPT 6

Classificação dos Solos com base no Ensaio SPT 7


Interpretando os resultados de um Ensaio SPT 7
2.3 Ensaio de Cone (CPT) e Piezocone (CPT-U) 8

2.3.1 Procedimentos do Ensaio de cone – CPT 9

2.4 Sondagens Rotativas 11

2.4.1 Procedimentos das Sondagens Rotativas 11

2.5 Provas de Carga 12

2.5.1 Procedimentos de Provas de Carga 13

3. Aplicabilidade dos Ensaios de Campo em Geotecnia 14

Referências 15
1 Introdução

A Investigação Geotécnica é um pré-requisito para projetos de fundação, é a


análise e reconhecimento das características do solo (camadas de solo, lençóis
freáticos).
Segundo Schnaid (2000), no Brasil o custo envolvido na execução de
sondagens de reconhecimento varia normalmente entre 0,2 e 0,5% do custo total da
obra, sendo que as informações geotécnicas obtidas são indispensáveis à previsão
dos custos fixos associados ao projeto e sua solução.

2 Tipos de Sondagem

2.1 Poços e Trincheiras


São escavações feitas no solo com a finalidade de retirada de amostras e a
inspeção direta do terreno ao longo da profundidade de estudo.

● Poço: Seções circulares, menores (o mínimo para permitir o acesso do


operário) e profundidade maior que a trincheira;

● Trincheira: Seção retangular, mais conhecida como vala.

Permitem a observação da estratificação das camadas do solo e a tomada de


amostras indeformadas para caracterização do solo e determinação dos parâmetros
de resistência.
Escavações manuais geralmente não escoradas.
A principal limitação deste método de reconhecimento é a limitação da
profundidade escavada, em função das características dos materiais e da posição
do lençol freático.
A norma responsável pela sondagem de Poços e Trincheiras é a NBR
9604:2015 – Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo, com retirada de
amostras deformadas e indeformadas.

2.1.1 Procedimentos do ensaio de Poços e Trincheiras

O procedimento é normatizado pela NBR 9604:2015 e consiste em realizar a


escavação com seção transversal de, no mínimo, 1,0 m de lado (seção quadrada)
ou 1,2 m (seção circular), até a profundidade que se deseja obter a amostra,
evitando-se o pisoteamento do solo quando se estiver a 0,1 m da profundidade
desejada.
A partir desta profundidade deve ser realizada a talhagem lateral do bloco na
dimensão prevista (em geral um cubo de 20 a 30 cm de lado). Depois de obtido o
bloco, aplica-se no mesmo uma camada de parafina, para evitar a perda de umidade
por evaporação, caso a amostra deva ser ensaiada em laboratório.
Em seguida procede-se o condicionamento da amostra parafinada dentro de
uma caixa de madeira, cujas dimensões devem ser maiores que a dimensão do
bloco, sendo este espaço preenchido geralmente com serragem de madeira.
2.2 Sondagem a percussão com circulação de água (SPT) e (SPT-T)

A execução de sondagem à percussão é regulamentada pelas normas: NBR


6484, NBR 7250 e NBR 8036. É a técnica mais utilizada na análise de solos,
principalmente devido à sua simplicidade e baixo custo de operação e
equipamentos, além de fornecer resultados numéricos passíveis de interpretação.
É também um ensaio acessível e permite a análise de solos que se
encontram em terrenos de difícil acesso, por isso também é muito vantajoso em
relação a outros métodos, ele é também um método direto de exploração do subsolo
que se dá pela retirada de amostras, deformadas ou não, para serem posteriormente
analisadas.
O teste é conhecido como ensaio de sondagem à percussão com circulação
de água – SPT, que vem da sigla (Standard Penetration Test), que significa Teste de
Penetração Padrão.
No entanto, o maior problema que nos deparamos nesse ensaio é que muitas
vezes está passível a erros grosseiros de operação, pois sofre influência direta do
operador, que, não sendo capacitado para o manuseio dos equipamentos, pode
fornecer resultados destoantes da realidade.
Já a sondagem SPT-T é uma ferramenta de investigação geotécnica que
consiste na medição do torque em sondagens de simples reconhecimento.
Esse método de sondagem indica a posição do nível de água, a determinação
dos tipos de solo em suas respectivas profundidades de ocorrência, os índices de
resistência à penetração e os momentos de torção do amostrador medidos pelo
torque.
A medida do torque, quando solicitada, é efetuada ao término de cada ensaio de
penetração SPT. Cravado os 45 cm do amostrador-padrão, conforme NBR-6484,
retira-se a cabeça de bater e acopla-se o adaptador de torque, verificando-se a
medida de torque máximo e torque residual através de um torquímetro, devidamente
calibrado, medidos em Kgf.m.
2.2.1 Procedimentos do SPT

1. Locação dos furos e quantidades;


Essa etapa é normatizada pela ABNT NBR 8036/1983 – Programação de
sondagem de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios, de
forma resumida, diz o seguinte:
- No mínimo 2 para área de projeção da construção de até 200m²;
- No mínimo 3 para área de projeção da construção entre 200m² e 400m²;
- No mínimo 1 para cada 200m² de área de projeção, até 1200m²;
- Entre 1200m² e 2400m², 1 sondagem a cada 400m² que excedem de
1200m²;
2. Perfuração com o trado manual até 1m de profundidade ou até atingir o
lençol freático;
3. Instalação do tubo de revestimento para proteger o furo recém cavado de
desmoronamento;
4. Uso do amostrador e do trépano, alternadamente;
O amostrador é um instrumento cilíndrico e oco que coleta as amostras por
cravação no solo e fornece o índice NSPT.
Esse equipamento precisa penetrar no solo uma profundidade de 45cm,
divididos em 3 trechos consecutivos de 15cm, quando são registrados o número de
golpes necessários à penetração do amostrador em cada um desses trechos, até,
ao se atingir 45cm, a amostra ser retirada para análise.
O número de batidas necessárias para que o amostrador penetre os últimos
30cm no trecho é o que chamados de NSPT, índice de resistência à penetração.
Essa escavação é normatizada pela ABNT NBR 6484/2001 – Sondagem de
simples reconhecimento com SPT e é feita por um peso de 65kg levantado a uma
altura de 75cm e solto em queda livre a cada batida.
O trépano, por sua vez, é uma ferramenta de corte com saída de água
responsável por fazer a remoção do solo liquefeito com auxílio de uma bomba. Ele é
usado quando a sondagem atinge o lençol freático e é desse processo que surge o
termo sondagem a percussão por circulação de água.
Trépano Trado manual

Classificação dos Solos com base no Ensaio SPT

Interpretando os resultados de um Ensaio SPT

O resultado do ensaio SPT é apresentado no gráfico que chamamos de perfil


geotécnico, geralmente na escala de 1:100, que é feito individualmente para cada
furo.
O perfil geotécnico deve vir acompanhado da planta de situação dos furos
para uma melhor interpretação.
De forma resumida, o resultado final de uma sondagem à percussão deverá
conter os seguintes itens abaixo:
- Planta de situação dos furos;
- Perfil de cada sondagem com as cotas de onde foram retiradas as amostras;
- Classificação das diversas camadas e os ensaios que as permitiram
classificar;
- Níveis dos terrenos e dos diversos lençóis d’água, com a indicação das
respectivas pressões;
- Resistência à penetração do barrilete amostrados, indicando as condições
em que a mesma foi tomada.
Exemplo de resultado de um ensaio SPT, figura abaixo.

2.3 Ensaio de Cone (CPT) e Piezocone (CPT-U)

O ensaio de cone, também conhecido como CPT e piezocone (cone com


medição de poro-pressões), é feito com um dispositivo com uma haste e uma
ponteira de cone. Essa ponteira penetra no solo com uma velocidade de 20mm/s e é
utilizada para medir a resistência do solo.
Os resultados deste ensaio podem ser usados para determinação da
estratigrafia do solo e para a previsão da capacidade de carga das fundações.
A principal vantagem do CPT é que ele, por ser mecanizado, elimina
totalmente a influência do operador nos resultados da sondagem.

2.3.1 Procedimentos do Ensaio de cone – CPT

O ensaio de cone é atualmente normalizado por várias instituições, como por


exemplo, pela ASTM (1979), pela ISSMFE (1977, 1989) e também pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) no Método Brasileiro MB-3406/1991.
O princípio do ensaio é bastante simples, consistindo na cravação no terreno
da ponteira cônica (60º de ápice) a uma velocidade constante de 20 mm/s.
As medidas realizadas durante a cravação da ponteira são:
• Resistência de ponta (qc);
• Resistência lateral (fs);
• Poro-pressões geradas (u), no caso de piezocone.
A vantagem da utilização do piezocone consiste na possibilidade de correção
da resistência total mobilizada durante o processo de cravação a partir do
conhecimento das poro-pressões geradas.
Os resultados dos ensaios de cone são apresentados conforme mostrado na
Figura abaixo, onde as medidas de qc, fs, e o valor de Rf são apresentados em
função da profundidade. O parâmetro Rf, denominado de razão de atrito, é calculado
por meio da seguinte expressão:
Várias são as aplicações dos resultados obtidos no ensaio de cone, dentre
eles a determinação da estratigrafia do subsolo (Begeman, 1965 apud Schaind,
2000):
– Classificação dos solos por meio do ensaio de cone (Begeman, 1965)

Resistência ao cisalhamento não-drenada de argilas (S u):

Determinação da tensão de pré-adensamento de argilas (Chen e Mayne,


1996 apud Schnaid, 2000):

Módulo de deformabilidade para 25% da tensão desviadora máxima em


areias (Baldi et al., 1981 apud Schnaid, 2000):
E25 = 1,5 qc
2.4 Sondagens Rotativas

Utiliza-se a sondagem rotativa quando se alcança uma camada de rocha ou


quando se atinge uma camada muito resistente e impenetrável ao SPT. Bastante
aplicada no estudo das fundações de barragem, túneis, etc., quando há necessidade
de se perfurar rochas duras (basalto, granito, etc...) a pequenas ou grandes
profundidades.

2.4.1 Procedimentos das Sondagens Rotativas

Processo de perfuração:
A sonda é instalada sobre uma plataforma devidamente ancorada no terreno,
para se manter constante a pressão sobre a ferramenta de corte.
A seguir a composição (haste, barrilete, alargador e coroa) é acoplada à
sonda, colocando-se em funcionamento a bomba, que injeta um fluido de
refrigeração e circulação.
A sondagem consiste na realização de manobras sucessivas de movimentos
rotativos do barrilete amostrador e avanço do revestimento na direção do furo.
O comprimento do barrilete (1,5 a 3m) limita a manobra, sendo o mesmo
alçado do furo para a recuperação dos testemunhos de rocha, obedecendo a ordem
de avanço da perfuração.
As hastes são tubos ocos, sem costuras, que transmitem às peças de corte
os movimentos rotativos, conduzindo no seu interior a água destinada à refrigeração
das peças e transporte dos detritos da perfuração.
Os barriletes são tubos ocos, presos à haste, destinados a receber o
testemunho de sondagem, prendendo esses através de molas, e que possuem em
sua extremidade a coroa diamantada para corte.
As coroas cortam a rocha pelo atrito de diamantes, encravados ou
impregnados, ou de pastilhas de tungstênio (Widia).

2.5 Provas de Carga

Este procedimento é normatizado pela ABNT (Associação Brasileira de


Normas Técnicas), por meio de duas normas técnicas que regulam a execução das
provas de cargas nas estacas:

NBR-12131:2006 – Estacas – Prova de Carga Estática – Método de Ensaio

NBR-6122:2010 – Projeto e Execução de Fundações.

A primeira norma regula os procedimentos executivos e recomenda quatro


tipos de prova de carga: lenta, rápida, mista e cíclica, com os critérios de
carregamento. Já a Norma NBR-6122:2010 regula os conceitos de como e onde
aplicar, assim como interpretar seus resultados.
Para a realização de uma prova de carga estática em estacas, é importante
que a fase de montagem e execução seja precedida de planejamento adequado,
seguindo as normas de definição das cargas e quantidade de provas.
A norma define como obrigatória a execução de provas de carga estática em
obras que tiverem um número de estacas superiores ao valor especificado na coluna
(B) da tabela abaixo, sempre no início dos serviços.
Quando o número total de estacas for superior ao valor da coluna (B), deve
ser executado um número de provas de carga igual a no mínimo 1% da quantidade
total de estacas, arredondando-se sempre para mais. Incluem-se nesse 1% as
provas de carga a tração.
É necessária a execução de prova de carga, qualquer que seja o número de
estacas da obra, se elas forem empregadas para tensões médias (em termos de
valores admissíveis) superiores aos indicados na coluna (A) da tabela.
Quantidades de provas de cargas dinâmicas;
Para comprovação de desempenho as provas de carga estáticas podem ser
substituídas por ensaios dinâmicos na proporção de cinco ensaios dinâmicos para
cada prova de carga estática em obras que tenham um número de estacas entre os
valores da coluna B e duas vezes esse valor. Acima deste número de estacas será
obrigatória pelo menos uma prova de carga estática, conforme NBR 12131.
A tabela acima se aplica as obras de até 500 estacas e em uma mesma
região representativa do subsolo. Acima desta quantidade, o número de provas de
carga adicionais fica a critério do projetista.

2.5.1 Procedimentos de Provas de Carga

A execução consiste em carregar a estaca até a ruptura ou até duas vezes o


valor previsto para sua carga de trabalho. As cargas aplicadas devem representar,
da melhor forma possível, as solicitações previstas quando em operação — sejam
elas verticais, horizontais, inclinadas, de compressão ou tração.
Durante a execução, são divididas parcelas ou estágios de carregamentos
sucessivos que devem permanecer atuando até a ruptura da estaca ou por no
mínimo 12 horas entre a estabilização do recalque e o início do descarregamento,
nos ensaios lentos (SML).
Já nos ensaios rápidos (QML), após atingir a carga máxima do ensaio, o
descarregamento deve ser feito em quatro estágios de cinco minutos cada,
realizando-se a leitura dos respectivos deslocamentos.
Geralmente, as cargas são aplicadas por meio de macaco hidráulico
calibrado, centradas em relação ao eixo da fundação, sem provocar vibrações e
choques durante o carregamento.
Em casos de carga máxima aplicada muito elevada, é utilizado um conjunto
de macacos hidráulicos. A NBR-12131 descreve todo o procedimento de execução
dos ensaios de prova de carga estática em fundações e ainda revela que os
carregamentos utilizados no sistema de reação para provas de carga e compressão
podem ser: plataforma carregada (cargueira), a própria estrutura devidamente
verificada ou estruturas fixadas no terreno por elementos tracionados.
É importante destacar que as medidas de cargas e deslocamentos resultantes
das provas de carga estáticas em fundações profundas, não se limitam
obrigatoriamente ao topo do elemento ensaiado. Podem ser medidos os
deslocamentos e deformações em vários pontos, visando conhecer a transferência
de carga em profundidade — desenvolvimento de atrito lateral ao longo do fuste e a
pressão na base da fundação.

3. Aplicabilidade dos Ensaios de Campo em Geotecnia

A tabela abaixo apresenta uma relação de ensaios de campo mais utilizados e


uma estimativa de sua aplicabilidade tanto em termos de parâmetros geotécnicos
quanto em relação às diferentes condições de campo (Campanela e Robertson,
1986). Os autores procuram também ordenar os ensaios em função de seu custo e
complexidade de execução.
Referências

- CARLOS DE SOUZA PINTO – “Curso Básico de Mecânica dos Solos” – 3a Edição,


Editora Oficina de Textos – Unidade 02;
- HOMERO PINTO CAPUTO – “Mecânica dos Solos e suas Aplicações” – volumes 1
Livros Técnicos e Científicos - Editora – Unidade 14;
- LIMA, Maria José Porto A. Prospecção Geotécnica do Subsolo. Livros Técnicos e
Científicos- Editora.
- NBR-6484 – Solo – Sondagens de Simples Reconhecimento com SPT – Método de
Ensaio (1997)- ABNT.
- MANUAL DA ABGE – SONDAGEM - Boletim nº 3 - 4ª edição, 73 pág.
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122:2010 – Projeto e
execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010.
- ABEF/ABMS (1996) Fundações - Teoria e Prática. São Paulo: Pini, 1998. 751 p.
- VELLOSO, D. & Lopes, F. R. Fundações. São Paulo: Oficina de textos, 2010.568 p.
- Vieira Dias, P.H. & Campos, G.C., “Prova de Carga Estática em Estacas”, Revista
Fundações & Obras Geotécnicas, 2014.

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