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Série Criptomania: Relatório 9 – Altcoins, ICOs e a digitalização do mercado de ca...

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Série Criptomania: Relatório 9 – Altcoins, ICOs e a digitalização do mercado de capitais

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Série Criptomania: Relatório 9 –


Altcoins, ICOs e a digitalização do
mercado de capitais
Empiricus Research Portugal

As criptomoedas são uma nova classe de ativos. São a moeda da era

digital. E, inevitavelmente, há uma boa dose de especulação financeira

neste novo mercado.

Mas elas não são o único novo ativo a ser negociado nas exchanges

pelo mundo fora.

Além das diversas altcoins (alternative coins, moedas alternativas como

o Litecoin, Ethereum, Dash, Monero, Zcash e centenas de outras), há

também os chamados tokens emitidos através de “initial coin

offerings” (oferta inicial de criptomoedas), ou simplesmente ICOs (um

trocadilho com IPO de initial public offering, oferta inicial de ações).

E se no mercado o número de criptomoedas já é abundante, a

variedade e quantidade de tokens é ainda mais assombrosa.

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Se a maior parte não serve para grande coisa, outras são esquemas

descarados de “pump & dump” (bombar o preço para desovar logo

depois).

Mas o facto é que representam uma grande inovação e uma

importante evolução (ou revolução) no mercado de capitais mundial.

Como funcionam as altcoins e os ICOs

Existem algumas formas para originar uma nova criptomoeda e/ou

realizar um ICO.

Pode criar uma criptomoeda nova do zero, para isso basta fazer uma
cópia da bitcoin, chamá-la de SUPERcoin, mudar alguns parâmetros e

lançá-la no mercado.

Pode inclusive replicar o modus operandi da bitcoin: disponibiliza-se o

software e quem quiser minerar a moeda e as unidades monetárias

entram em circulação paulatinamente.

Agora se a SUPERcoin terá algum valor de mercado, já é outra história.

Dependerá da tecnologia, dos seus diferenciais, etc.

A Litecoin foi emitida desta forma, por exemplo.

Outra forma de lançar uma nova criptomoeda é emular o lançamento

do Ethereum de Vitalik Buterin. Os criadores determinaram uma


quantidade total de ethers (ativo/moeda/token do Ethereum) a serem

vendidos no lançamento por um preço definido por eles próprios.

A título de curiosidade, a pré-venda, em meados de 2014, ofereceu 1

BTC por 2.000 ETH. Os recursos levantados foram utilizados para

financiar a equipa que desenvolveu o projeto.

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Em suma, estas são duas formas de lançar e possivelmente “vender”

uma nova criptomoeda.

Contudo, no meio disto tudo ainda aparecem os tokens criados dentro

de outras plataformas (como a do Ethereum), os quais formam outra

classe de ICOs.

Deixe-me explicar…

Desenvolve-se um projeto na forma de um smart contract (contrato

inteligente) – uma espécie de empresa ou entidade que existe

unicamente como um aplicativo dentro da plataforma do Ethereum – e

emite-se participações nessa empresa através de um token

criptográfico.

Ao invés de emitir um certificado de ação (como ocorre no mercado

tradicional), o que o investidor/proprietário detém é um token que lhe

dá direito ao fluxo de receitas que o smart contract terá no futuro além

de qualquer outro direito conforme definido pelo código do contrato.

Para complicar um pouco mais, não há somente equity tokens (ações

em forma de token).

Existem também os chamados utility tokens que fazem parte do

funcionamento do smart contract. Por exemplo, um token necessário

para realizar as apostas dentro de um mercado de previsões (prediction

markets). Nesse caso, o token em si seria mais um mero produto, ou

“combustível”, do smart contract, não provendo nenhum direito à


participação ou dividendo.

Alguns especialistas afirmam que o termo ICO deveria ser utilizado

apenas para o lançamento de tokens (equity e utility), não englobando

criptomoedas. Talvez seja correto. O facto é que não há regra

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estabelecida num mercado emergente em que as inovações ocorrem a

todo instante e até os termos são criados do nada.

E qual recurso é captado por meio dos ICOs? Quando feitos na

plataforma do Ethereum, os tokens são vendidos por ether, o ativo

nativo ao sistema. Por ser uma plataforma bastante flexível, a vasta

maioria dos tokens têm sido criados e lançados no Ethereum.

Um novo investimento, novos riscos, novos


esquemas

Quem investe neste mercado precisa estar ciente dos riscos inerentes a

ele.

A variedade de altcoins é incrível.

Há cerca de 1000 criptomoedas alternativas. É preciso entender quais

as vantagens, diferenciais, dotes de uma altcoin para poder prever ou

ter alguma expectativa de apreciação de preço. Não é uma tarefa fácil.

Algumas criptomoedas são projetos questionáveis a ponto de se


tratarem de nada além de uma tentativa de enriquecimento fácil por

parte dos criadores. Separar o joio do trigo em criptos é uma ciência


nascente.

Quando analisamos os tokens lançados por ICOs, o cenário é ainda

mais estarrecedor.

Certamente, estamos num claro mercado inflado. Excessos de preços,


multiplicidade de projetos. Uma possível bolha, sim.

Um dos problemas associados aos ICOs está na simplicidade com que

qualquer pessoa consegue criar e lançar um ICOs por meio do smart

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contract padrão ECR20 do Ethereum. Imaginem um aplicativo para

criação de tokens. Pois bem.

O resultado prático foi a proliferação de ICOs, fomentando um mercado

em que possivelmente mais de 95% dos projetos não fazem sentido

algum ou são golpes descarados. Há tanta promoção de ICOs na

internet que chegamos à bizarrice de testemunhar Floyd Mayweather e

Paris Hilton a promover ICOs no mínimo questionáveis.

Para o investidor, tudo isto significa que a volatilidade é extremada –

incomparavelmente maior que a do bitcoin – e a liquidez é muitas vezes

irrisória.

Outro ponto fundamental diz respeito ao risco da própria tecnologia.

Dado que os tokens são ativos ao portador – a propriedade é

comprovada pela posse das chaves privadas, da mesma forma que o

bitcoin –, é necessária uma segurança robusta do sistema.

Se piratearem algum smart contract, ou se alguma vulnerabilidade for

identificada, o investidor corre o risco de ver os seus tokens serem

furtados sem possibilidade de recorrer a nenhuma entidade.

Foi precisamente esse foi o destino do DAO (Distributed Autonomous

Organization), um smart contract lançado em 2016 que captou volumes

recordes por um ICO, mas acabou tendo boa parte dos recursos

drenados por meio de um código identificado e executado por um

agressor.

O primeiro grande hardfork do Ethereum decorreu deste incidente, em

que os responsáveis pelo proejto resolveram alterar o passado do

blockchain de modo a neutralizar o ataque ao DAO.

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Em resumo, no espectro de risco de investimento, o bitcoin está no

extremo mais seguro, altcoins situam-se mais ao centro, e os ICOs na

extremidade de maior risco.

Além dos riscos de mercado (preço, volatilidade, liquidez), muitos ICOs

podem ser enquadrados como violações das regras sobre oferta

pública de investimentos.

Na maior parte dos países, órgãos reguladores ditam e normatizam as

regras de emissões de valores mobiliários ao grande público. A

Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores

Mobiliários americana) já se pronunciou a respeito concluindo e

alertando que ICOs, enquanto instrumentos de captação pública de

recursos, devem atentar e cumprir com todas as exigências legais nos

Estados Unidos.

Governança de ICOs e fundamentos de altcoins

Sem dúvida alguma os ICOs poderão revolucionar o mercado de

capitais ao possibilitar a digitalização dos ativos. Assim como o bitcoin

representou o início das criptomoedas – dinheiro em formato digital –,

os tokens criptográficos podem ser considerados ações digitais.

Isto rompe com o paradigma vigente, em que ações são nominais e

custodiadas por um terceiro de confiança.

Se as ações se tornam ativos puramente digitais, em que a propriedade

é assegurada pela posse das chaves privadas, isso significa que as

ações tokenizadas são ativos ou títulos ao portador (bearer instrument

ou bearer bond), exatamente como o eram quando nasceram décadas


ou séculos atrás.

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A titularidade do ativo não mais seria determinada pelo registro em

nome de certo indivíduo, mas sim pela mera posse de dito instrumento.

Inegavelmente, estamos diante de uma grande revolução do mundo

financeiro.

Trata-se de uma forma inovadora de levantamento de capital. Porém,

ainda há muito para ser testada. Especialmente no que tange ao

estágio seguinte à captação de recursos: gestão de capital e

governança. Esse será outro capítulo.

Por fim, sobre as altcoins, sem dúvida algumas são promissoras, outras

nem tanto. E os critérios de avaliação para tanto não tão objetivos.

Na minha opinião – e friso “minha” pois não é consenso – considero

relevantes cinco critérios para uma análise de altcoins:

• Open-source ou closed-source: se não for um projeto aberto,

prefiro nem olhar.

• Nível de descentralização: nem sempre de fácil mensuração, mas

creio que quanto mais descentralizado um projeto for, mais valioso

ele tende a ser. Desenvolvimento do projeto, nós, mineração, quanto

mais descentralizado melhor.

• Conflitos de interesse: buscar identificar se os criadores,

mantenedores ou desenvolvedores líderes da altcoin têm algum

possível conflito de interesse (por ex.: parte da remuneração da

mineração é direcionada a uma fundação ou grupo de pessoas).

• Fundamentos de oferta: qual o limite de unidades monetárias da

altcoin? Há limite? Qual a taxa de inflação? Essa regra tende a

influenciar e muito no preço de mercado de uma moeda.

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• Proposta de valor: qual o diferencial da altcoin? A que ela se

propõe? Mais privacidade (Dash, Monero e Zcash)? Mais flexibilidade

de aplicações descentralizadas (Ethereum)? Se não há nada de

inovador sendo oferecido, não deverá ter muito valor.

Enfim, esses são alguns pontos que podem servir de guia na hora de

analisar uma nova criptomoeda. Ressalto, contudo, o que disse antes,

essa é a minha visão. Há indivíduos que preferem criptomoedas com

desenvolvimento centralizado e com entidades ou grupo de

programadores com poder de decisão.

Bem-vindo a este novo mundo. A digitalização do mercado financeiro. A

desintermediação de tudo. Deixo uma recomendação final: se

decidirem investir, façam-no com prudência. Façam as suas análises,

estudem, procurem conhecer.

A procura por bons retornos começa pela defesa, ou seja, evite perdas

desnecessárias.

Bons investimentos.

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