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CICLO 1

MATEMÁTICA: (5q – 8 ciclos)

Conjuntos numéricos;

Divisibilidade; múltiplos e diversos; fatoração, problemas com quatro operações, MDC e MMC

Equação do 1.º e 2º grau;

Operações com números naturais; expressão simples e composta;

Fração ordinária; potências e raízes;

Gráficos. Potenciação, Radiciação, Função, Quadrática e Problemas.

Grandezas proporcionais; razão; porcentagem; juros; regra de três simples e composta;


desconto;

Números primos; sistema métrico decimal: (comprimento, superfície, volume, capacidade e


massa);

CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA: (5q – 8 ciclos)

Conceitos básicos: novas tecnologias e aplicações, ferramentas e aplicativos, procedimentos de


informática, tipos de computadores, conceitos de hardware e de software.

Ambiente Windows (versões 7 e 8): noções de sistemas operacionais, programas e aplicativos e


conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas.

Microsoft Office (versões 2003, 2007 e 2010):

Word (editor de textos),

Excel (planilhas),
Power Point (apresentações),

Outlook,

OneNote Lync.

Redes de computadores: conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de


internet, extranet e intranet.

Programas de navegação: Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox,

Google Chrome, Safari e Opera.

Utilização de internet: Sítios de busca e pesquisa, ambientes colaborativos. Redes sociais,


computação nas nuvens (cloudcomputing).

Segurança da informação: noções de vírus, worms e outras pragas virtuais, técnicas de fraude e
invasão de sistemas, aplicativos (antivírus, firewall, antispyware etc.), procedimentos de
segurança e backup.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS PROCURADOR: (20 q)

I – DIREITO CONSTITUCIONAL: - 8 ciclos

1) Constituição: fontes, conceitos, objeto, classificação e estrutura;

Constituição-conceito→ Lei fundamental e suprema do Estado, que rege sua organização


político-jurídica, na conceituação pragmática de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino

A Constituição, como objeto de estudo do Direito Constitucional, tem por finalidade


estabelecer os contornos da ordem política desse Estado, que abrangem,
fundamentalmente, a organização dos poderes, as funções e repartição das competências
das unidades federativas, e os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.

Concepções:
Concepção sociológica: Essa vertente tem como mentor Ferdinand Lassale, o qual declina
sua visão de que a Constituição de um país é, em essência, a soma dos fatores reais de
poder que regem a nação. Ou seja, trata-se das forças que comandam os interesses que
preponderam e que se materializam em um documento real e efetivo, qual seja, a
Constituição.
Esses fatores de poder, a burguesia, aristocracia, monarquia, militares, grandes
negociantes e outros grupos organizados reúnem forças sistematizadas em um
documento escrito, que só terá valor e eficácia se corresponder a esses valores
preponderantes. Caso a Constituição não represente ou contrarie essas forças sociais,
para Lassale, seria apenas uma folha de papel.

Concepção da Força Normativa da Constituição: Konrad Hesse, ao argumentar sobre a


força normativa da Constituição, considera essencial que a Constituição incorpore o
estado espiritual do seu tempo, ou correrá o risco de enfraquecer. Entretanto, para Hesse,
o desfecho do embate entre os fatores reais de poder, de que trata Lassale, e a
Constituição, nem sempre se verifica em desfavor desta.

Essa modalidade de norma constitucional é pautada pela característica da sanção


imperfeita. São, nesse sentido, chamadas de normas imperfeitas, porque a sua violação
não se acompanha de sanção jurídica suficiente para repor a sua força normativa, até
porque não há nenhuma instância superior da ordem jurídica que lhe assegure a
observância pelos órgão da soberania. As normas constitucionais dependem da vontade
dos órgãos de soberania de respeitá-las e cumpri-las.

Perceba que Hesse faz uma abordagem propositiva (deve, precisa, se houver essas
condições...) enquanto Lassale parece trazer uma visão descritiva(é assim, representa
isso...).

Concepção política: Tem seu expoente em Carl Schmitt, para quem a Constituição é uma
decisão política fundamental, materializada pelo poder constituinte. Schmitt faz uma
distinção entre Constituição e leis constitucionais, para estabelecer como Constituição
tudo que se refira aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, à
organização do Estado, à competência, exercício e separação dos Poderes. Tudo aquilo
que não for decisão política fundamental não seria Constituição, mas simples lei
constitucional.
É essa concepção, de Carl Schmitt, que fundamenta a teoria da constituição em sentido
material e em sentido formal.

No sentido material de Constituição, as normas constitucionais são identificadas a partir


do seu conteúdo (somente são constitucionais as normas que tratam de temas
substancialmente constitucionais, como organização e finalidades do Estado e direitos
fundamentais.
No sentido formal de Constituição, todas as normas inseridas no texto constitucional
possuem status de lei constitucional, independentemente do assunto que tratam.

Concepção jurídica ou em sentido puramente normativo: Com base na "Teoria Pura do


Direito", Hans Kelsen considera a Constituição como norma pura, um dever-ser, sem
pretensões sociológicas, políticas ou filosóficas, dentro de uma concepção formalista. O
autor não negava a existência dessas disciplinas e de sua influência no Direito, mas não
as considerava objeto de estudo do jurista. Nessa vertente, Kelsen desenvolveu dois
conceitos para Constituição: o sentido lógico jurídico e o sentido jurídico-positivo.
Como Kelsen não considerava outro fundamento de validade para a norma que não fosse
a própria norma (superior), concebeu o sentido lógico-jurídico de Constituição, segundo o
qual a norma hipotética fundamental, não escrita mas pressuposta, no plano lógico, e
desvinculada de valores sociológicos, políticos ou filosóficos, constituiria o próprio
fundamento de validade da Constituição escrita. E a Constituição escrita, norma positiva
suprema, é chamada por ele de Constituição em sentido jurídico-positivo, no plano
jurídico.

Concepção Ideal de Constituição: Trata-se de uma expressão concebida pelo


constitucionalista português José Gomes Canotilho, muito comum em concursos e que se
tornou largamente difundida, e segundo a qual a "Constituição Ideal" deve:
a) ser um documento escrito;
b) conter um plexo de direitos fundamentais individuais;
c) pressupor um sistema democrático formal, com a participação do povo no processo
legislativo, por meio de representantes eleitos;
d) garantir a limitação do poder estatal, mediante, dentre outros princípios, o
da separação dos poderes.

Concepção Axiológica: O alemão Otto Bachoff procura formular uma concepção de


Constituição em sua conexão com a realidade social, que lhe dá o conteúdo fático e o
sentido axiológico (valorativo). Para esse jurista, só há Constituição verdadeira nos Estados
que consagram determinados valores políticos, ideológicos ou institucionais,
fundamentados na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Eventuais
normas contidas no texto constitucional que violem esses princípios e valores devem
consideradas inconstitucionais, segundo Bachoff. Assim, haveria a possibilidade de
existirem normas inconstitucionais dentro da Constituição. Canotilho segue essa vertente,
mas o STF não!

Concepção de Constituição como processo público de interpretação: Teoria formulada por


Peter Häberle e a sua sociedade aberta dos intérpretes da Constituição. Para Peter, todos
somos intérpretes constitucionais, não somente os órgãos do Estado, mas também os
demais poderes, as entidades públicas e privadas e os cidadãos. No âmbito do Supremo
Tribunal Federal, a figura das audiências públicas e do próprio amicus curiae e a mutação
constitucional, sobre a qual aborda-se na parte de interpretação e controle de
constitucionalidade, são manifestações do pensamento de Häberle. Ademais, o novo
Código de Processo Civil de 2015 (art. 138) introduziu a possibilidade de atuação do amicus
curiae em qualquer processo, outorgando ao juiz a admissão ou não do amigo da corte
bem como a definição de seus poderes, e possibilitando ainda a interposição de recursos
em decisão que julgar incidente de resolução de demandas repetitivas.

Concepção Cultural de Constituição: aparece ocasionalmente em provas, e parte da


premissa da afirmação do Direito como objeto cultural. Tem como mentor J. H. Meirelles
Teixeira, para quem se o Direito existe como fato social, processando ou reproduzindo o
que ocorre no meio social, de outra borda procura também moldar a sociedade,
determiná-la ou dirigi-la. Não seria, portanto, nem puro ser (fato) nem puro dever ser
(norma ideal), mas fato social e norma agindo e reagindo mutuamente. A partir dessa
concepção culturalista, Meirelles chega ao conceito de Constituição Total, segundo a
qual: Constituição normativa apresenta-se, em primeiro lugar, como expressão da cultura
total, em determinado momento histórico, e, em segundo lugar como elemento
configurante das demais partes da Cultura influindo sobre a evolução cultural.

Concepção Culturalista de Constituição: tem seu expoente em Michele Ainis, para quem
a Constituição é associada ao conjunto de fatos culturais que disciplinam as relações e os
direitos fundamentais pertinentes à cultura, envolvendo a educação, o desporto e a
cultura em sentido estrito.

Constituição-Moldura: Segundo Marcelo Novelino, Constituição-quadro ou Moldura


representa um limite relativo para a atuação dos demais Poderes. Traduz-se em uma
moldura sem tela (sem conteúdo) cabendo à Jurisdição Constitucional delimitar a
atuação dos poderes públicos, aquilatando e verificando o respeito à moldura prevista
na Constituição. Constitui-se em uma limitação média à liberdade do legislador ordinário
e do administrador público, não se podendo falar em restrição máxima á conformação
legislativa (CAMARGO, Marcelo Novelino. Direito Constitucional. 3ª Ed, rev., at. e
ampl.São Paulo, 2009, Método, p. 106).

Constituição Originalista e a Constituição-Viva: A doutrina dominante, inclusive a


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, rejeita a tese de que nossa Constituição seria
originalista, adotando a tese da "Constituição Viva", segundo a qual a Constituição foi
escrita em termos flexíveis, que assumem significados dinâmicos, com capacidade de se
adaptar à evolução cultural, com o passar do tempo. Significa dizer que o Poder Judiciário,
em certos casos, detém a prerrogativa de dizer o direito, dentro de um espaço de
conformação oferecido por um conjunto de normas abertas e princípios ponderáveis, que
informam a Constituição da República.

Classificação das Constituições:


Quanto à origem, as Constituições podem ser outorgadas, promulgadas, cesaristas ou
pactuadas.

Constituições promulgadas: Também chamadas de democráticas, votadas ou populares,


são aquelas originadas da vontade popular, manifestada diretamente por meio de
plebiscito ou referendo, ou indiretamente, por meio de representantes em uma
Assembleia Constituinte, incumbida de formular a Lei Suprema. Exemplos de
constituições promulgadas são as federais brasileiras de 1891 (Primeira Constituição
Republicana), 1934, 1946 e 1988.

Constituições outorgadas: são as constituições impostas, de maneira unilateral, pelo


agente ou grupo governamental estabelecido ad hoc, após um evento revolucionário,
que não recebeu legitimidade popular para formular uma nova ordem constitucional.

No Brasil, as constituições outorgadas foram a imperial de 1824 (cuidado, não é


Constituição federal), e as federais de 1937 (apelidada de Constituição Polaca, por seu
caráter fascista, de inspiração polonesa), de 1967 (ditadura militar) e a EC 01/69 (Emenda
Constitucional), considerada por alguns também como uma Constituição outorgada.
Constituições cesaristas: são aquelas elaboradas sem participação popular e
posteriormente ratificadas por meio de referendo popular. Costumo dizer que são
outorgadas travestidas de promulgadas, pois o ato de ratificação popular apenas ratifica
a vontade do agente revolucionário.

Constituições pactuadas: também chamadas de dualistas, resultam de um pacto entre o


poder executivo (monarquia) e o legislativo (burguesia). Elaboradas durante as transições
do regime monárquico para o liberal, no século XVIII, surgem a partir desse conflito entre
poderes, que exigem a elaboração de um pacto. Exemplo dessa espécie foi a Constituição
Francesa de 1791, na qual o poder monárquico, em franca decadência, sofria a rigorosa
vigilância dos representantes do parlamento pós revolucionário.

Quanto à forma, as Constituições classificam-se em escritas e não escritas.

Constituições escritas: são aquelas formalizadas em um único documento escrito (aquelas


solenemente elaboradas por um órgão constituinte, num determinado momento,
resultando num documento escrito único do qual constam todas as normas
constitucionais). Podem ser consolidadas também em mais de um documento escrito, ou
num conjunto de documentos positivados em textos escritos, todos com caráter
formalmente constitucional.

Constituições não escritas: são aquelas que surgem com o lento passar do tempo, como
resultado de lenta síntese da evolução histórica do Estado. São integradas por leis escritas
esparsas, jurisprudências, normas costumeiras e convenções.

Atenção! É um erro acreditar que as constituições não escritas ou consuetudinárias sejam


integralmente baseadas em costumes ou no common law (direito dos comuns, numa
referência à antiga Câmara dos Comuns). A Constituição Inglesa, representante atual
dessa espécie e que justifica a distinção, tem regras estabelecidas em documentos
esparsos e outras definidas em costumes, jurisprudência e convenções, como, por
exemplo, algumas relativas ao funcionamento do parlamento britânico. Ademais, o fato
de uma constituição não ser escrita (ao menos não toda ela) ou flexível, não implica que
ela seja menos estável; pelo contrário, ao nos depararmos com o modelo inglês,
verificamos que o direito consuetudinário é consagrado fortemente pela tradição e por
um atavismo cultural que não são objeto de alterações significativas ao longo do tempo.

Quanto ao sistema, as Constituições são classificadas em principiológicas e preceituais,


em classificação desenvolvida por Guilherme Peña de Moraes.

Constituições principiológicas: são aquelas em que predominam princípios, que são


normas constitucionais revestidas de um grau mais elevado de abstração, mas nem por
isso menos impositivas, e que exigem a concretização de seus valores por meio de
atuação do legislador ordinário. É o caso da Constituição Federal de 1988.

Constituições preceituais: nestas, prevalecem as regras, normas constitucionais


positivadas e explícitas, com reduzido grau de abstração, e que muitas vezes concretizam
princípios, e portanto emitem comandos impositivos e de aplicação imediata. Exemplo
típico é o da Constituição do México.
Quanto à função, as Constituições classificam-se em provisórias ou definitivas. Utiliza-se,
como o nome demonstra, de um critério temporal de vigência. Classificação desenvolvida
pelo constitucionalista português Jorge Miranda.

Constituições provisórias: também chamadas de pré-constituição ou constituição


revolucionária, seria aquela editada com o objetivo de definir o regime de elaboração e
aprovação da Constituição definitiva e formal, além de estruturar o poder público nesse
interregno, com a função também de eliminar resíduos do anterior regime constitucional.

Constituições definitivas: é a constituição que se pretende definitiva ou de duração


indefinida para o futuro.

Quanto à origem de sua decretação, constituições heterônomas e constituições


autônomas.

Constituições heterônomas: trata-se de uma curiosa (e rara) hipótese, mencionada


também por Jorge Miranda, de uma Constituição decretada de fora do Estado por outro
Estado soberano ou outros Estados ou Organizações Internacionais. São também
chamadas por Miguel Galvão Geles de heteroconstituições. Exemplo são algumas das
primeiras Constituições da Commonwealth, aprovadas pelo parlamento da Grã-Bretanha
para vigência nas antigas colônias independentes como Canadá, Nova Zelândia e
Austrália, a primeira Constituição da Albânia, elaborada em conferência internacional no
ano de 1913 ou da Bósnia-Herzegovina, elaborada após acordos de Dayton em 1995. Há
também constituições impostas por outras nações, como a japonesa de 1946, no pós-
guerra.

Constituições autônomas: são aquelas elaboradas e aprovadas dentro do próprio Estado


que irão reger, e são também denominadas autoconstituições ou homoconstituições
(conforme sugere Pedro Lenza). Exemplo são as Constituições brasileiras, desde 1824 até
a de 1988.

Quanto ao conteúdo ideológico, André Ramos Tavares sugere as constituições liberais e


as sociais.

Constituições liberais: são as que advogam a menor presença do Estado na vida do


cidadão, e consonantes com o ideal do liberalismo, fortemente voltada para os direitos
de primeira dimensão, ligados às liberdades civis e políticas. Também denominadas de
constituições negativas, de pouca atuação estatal na esfera privada e econômica.

Constituições sociais: refletem a presença ampla do Estado como provedor do bem-estar


social, na busca dos direitos de segunda dimensão, para alcance da igualdade material ou
substancial. Aproxima-se do dirigismo estatal ou constituição dirigente, defendida por
Canotilho.
Quanto ao modo de elaboração, as Constituições podem ser dogmáticas ou históricas.

Constituições dogmáticas: são caracterizadas por serem escritas, elaboradas por um


órgão constituinte ou diretamente pelo povo, sistematizando os dogmas, princípios e
ideias predominantes na teoria política e no direito em um dado momento histórico.

Recebem o qualificativo de dogmática ortodoxa (se retratarem uma só ideologia), a


exemplo das constituições das Repúblicas Socialistas Soviéticas (antiga URSS) ou
dogmática heterodoxa ou eclética, aberta ou plural, típica de Estados democráticos,
também denominadas pragmáticas, (se retratarem diferentes forças ideológicas), como
a nossa CF/1988, que se fundamenta em mais de uma ideologia (constituição social, mas
que valoriza a livre iniciativa e o livro mercado, dirigente, pois orienta o legislador a
implementar direitos etc).

Constituições históricas: são aquelas resultantes do lento e permanente desenvolvimento


das tradições, dos fatos sócio políticos e históricos, constituindo uma síntese da evolução
do Estado. Portanto, não são elaboradas por um órgão constituinte. Naturalmente, estas
tendem a ser mais estáveis. Geralmente são não escritas.

Quanto à estabilidade, as Constituições dividem-se em imutáveis, rígidas, semirrígidas e


flexíveis. Tal classificação foi introduzida inicialmente por James Bryce, a partir do
confronto entre o modelo inglês, com matriz no common law, e o modelo de
constituições escritas, além das relações entre o texto constitucional e os poderes que
os elaboram ou alteram.

Constituições imutáveis: não admitem modificação de seu texto, e são assim categorizadas
para fins didáticos, uma vez que atualmente não se verificam registros desse tipo de
Constituição.

Constituições rígidas: São as que admitem modificações em seu texto, mas essas
modificações exigem processo legislativo diferenciado em relação àquele utilizado na
formulação e alteração da legislação ordinária. No caso da CF/1988, esse processo está
descrito no art. 60:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma
delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de
estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-
se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
com o respectivo número de ordem.

Constituições flexíveis: são as que permitem alteração integral de seu texto por processo
legislativo comum, utilizado para elaboração das leis infraconstitucionais, ordinárias. São
também denominadas de plásticas (Pinto Ferreira). São flexíveis, via de regra, as
Constituições não escritas ou costumeiras, não obstante possam existir dentre as escritas,
consoante Celso Ribeiro Bastos. No sistema de constituição flexível NÃO existe supremacia
formal da Constituição, pois não há processo legislativo diferenciado para aprovação de
leis constitucionais. Isso não significa que no sistema flexível as normas constitucionais são
alteradas com maior frequência. A simples flexibilidade formal não implica em
instabilidade.

Constituições semirrígidas: são as que permitem alteração de parte de seu texto por
processo legislativo ordinário ou comum (parte flexível) e exigem processo legislativo
especial para outra parte (parte rígida). Exemplo foi a Constituição Imperial de 1824.

Não caia no conto da banca de acreditar que constituições rígidas não admitem
modificação ou que são aquelas que possuem cláusulas pétreas.

Todas as Constituições brasileiras foram do tipo rígida, à exceção da Constituição Imperial


de 1824, que era semirrígida.

Quanto ao conteúdo, as Constituições classificam-se em formais e materiais. Trata-se de


uma das classificações mais críticas em concursos, e não por outro motivo discutimos lá
em cima a concepção "material" e "formal" de Constituição. A classificação é decorrência
direta daquelas concepções.

Constituições materiais: Conforme discutimos anteriormente, quando falamos da


concepção política de constituição, de Carl Schmidt, vimos que esse autor fundamenta o
esboço da existência, na Constituição, de normas de conteúdo materialmente
constitucional – fundadas na decisão política fundamental -, e outras normas de
conteúdo diverso, simplesmente denominadas leis constitucionais. Constituição material
é, portanto, aquela que só traz matérias tipicamente constitucionais, como a organização
do Estado e os direitos fundamentais do indivíduo.

Constituições formais: são aquelas cujas normas inseridas em seu texto são integralmente
constitucionais, independentemente de seu conteúdo. Toda e qualquer norma inserida
em um texto único, de uma Constituição escrita, solenemente elaborada por um
processo legislativo diferenciado, é considerada constitucional. Caso da CF/1988.

E é essa a posição do nosso STF em relação à nossa Constituição. Toda e qualquer norma
inserida no texto constitucional (à exceção do preâmbulo), possui força normativa
constitucional e serve parâmetro para declaração de inconstitucionalidade. Guarde bem
isso!

Quanto à extensão, as Constituições podem ser sintéticas ou analíticas:

Constituições sintéticas: também chamadas de Constituições breves ou concisas, tratam


apenas de assuntos materialmente constitucionais, como organização dos poderes e do
Estado e dos direitos e garantias individuais. Exemplo tradicional é a Constituição norte
americana de 1787, com apenas 7 artigos originais e 27 emendas e vigente até hoje.
Constituições analíticas: também chamadas de extensas, largas ou prolixas, tratam de
matérias variadas, não só de assuntos substancialmente constitucionais. É o caso da nossa
Constituição de 1988, que com mais de 300 artigos, cuida de assuntos que vão desde a
organização do Estado e dos direitos e garantias individuais, coletivos e sociais a matéria
tributária, orçamentária, salarial, política urbana e rural, desapropriação etc.

Na sua prova, irão lhe perguntar quais Constituições tendem a maior estabilidade e
segurança jurídica. Naturalmente, as sintéticas, que têm seu conteúdo atualizado por
meio de mutações hermenêuticas e alterações de interpretação de seus poucos
dispositivos ao longo do tempo, os quais acabam funcionando como princípios ou
diretrizes gerais.

Já as Constituições analíticas, " engessam", por assim dizer, uma gama imensa de temas e
assuntos, que poderiam ser tratados pela legislação ordinária, e que portanto estão mais
sujeitos a alterações e contingências políticas, sociais e econômicas, o que acaba tornando
o texto constitucional uma verdadeira colcha de retalhos, em virtude das constantes
alterações.

Contudo, outra pergunta que surgirá é qual é a tendência de elaboração de Constituições,


atualmente, no mundo. Nesse caso, são as analíticas ou prolixas, em virtude,
principalmente, de duas razões:
a) conferir maior força normativa a certas matérias, levando-as para o texto da
Constituição, no intuito de limitar a discricionariedade do Estado sobre elas; e
b) assegurar uma maior proteção social aos indivíduos (já que com o surgimento do Estado
social, as Constituições passaram a ter conteúdo extenso, de cunho social e
programático, estabelecendo não só as bases de organização do Estado, mas, também,
fixando programas e diretrizes de política social para a concretização futura pelos órgãos
estatais).

Quanto à correspondência com a realidade: também chamada de classificação ontológica,


foi concebida pelo constitucionalista alemão Karl Loewenstein (guarde esse nome
também), e diz respeito à correspondência existente entre o texto da Constituição e a
realidade política de um Estado.

Nesta vertente Loewenstein classifica as Constituições como normativas, nominativas e


semânticas.

Constituições normativas: são aquelas que mantêm estreita sintonia com a realidade
social e política, e que efetivamente regulam a atividade estatal. As disposições
constitucionais são regiamente obedecidas pelos agentes do poder, que se submetem às
limitações e diretrizes impostas pela ordem constitucional.

Constituições nominativas: também denominadas nominalistas ou nominais, são aquelas


constituições que, apesar de terem sido elaboradas com a finalidade de disciplinar os
poderes estatais, estabelecendo limites à atuação do Estado, não conseguem exercer
esse papel por total discrepância entre a realidade social e política que regulam e o
previsto no texto constitucional. É ignorada pelo poder dominante. Esta concepção
lembra muito a "mera folha de papel" de que falava Ferdinand Lassale.
Constituições semânticas: objetivam unicamente justificar e manter o poder dominante
em um determinado momento político, conferindo legitimidade formal ao grupo ou
indivíduo que assumiu o controle do Estado, normalmente de forma não democrática.
Serve para ratificar a situação existente, em benefício dos comandantes de ocasião.

Quanto à finalidade (critério teleológico ou funcional) as Constituições podem ser


classificadas em garantia, dirigente ou balanço.

Constituição garantia: também denominadas de estatutárias, são Constituições de texto


abreviado (sintéticas) que se limitam a estabelecer as garantias fundamentais ligadas aos
direitos de primeira geração (liberdade, vida, patrimônio), com os limites à atuação do
Estado frente ao indivíduo. Também chamadas de Constituições negativas. Ela se
preocupa principalmente em proteger os direitos individuais frente aos demais
indivíduos e, especialmente, frente ao Estado.

Constituição dirigente: também chamadas de programáticas, diretivas ou


compromissórias, normalmente de texto extenso (analíticas), além de estabelecer as
garantias negativas ou fundamentais frente ao Estado (direitos de 1ª dimensão),
preocupam-se em fixar programas e diretrizes para a atuação dos órgãos e entidades
estatais, a fim de reduzir a desigualdade material entre os indivíduos, por meio de
políticas de cunho social (direitos de 2ª dimensão). São principalmente aquelas normas de
vertente sócio-econômica, como os diversos direitos sociais do art. 6º, o art. 7º, XX
(proteção do mercado de trabalho da mulher), o art. 215 (Estado deve garantir o pleno
exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional), o art. 211, § 1º
(União deve garantir a equalização de oportunidades educacionais), o art. 60, § 1º, do
ADCT (garantia de padrão mínimo da qualidade do ensino).

Essas normas são dotadas da chamada eficácia negativa, ou seja:


(i) revogam o direito com elas conflitante, pela não recepção da legislação anterior à nova
Constituição em elas em confronto (eficácia paralisante);
(ii) limitam a ação do legislador positivo, na medida em que impedem a produção de
normas contrárias aos programas definidos na Constituição Federal, tornando-se
perfeitamente utilizável como paradigma para declaração de inconstitucionalidade
(eficácia impeditiva).
(iii) servem de parâmetro de interpretação do texto constitucional, em um sentido
teleológico (finalístico), de integração e de aplicação das normas jurídicas, cujo resultado
deverá ser harmônico com os valores e princípios definidos nas normas programáticas.
(iv) são impositivas, ou seja, estabelecem um dever, um comando para o legislador
comum;
(v) sua concretização não pode ser afastada pelo mero argumento da Reserva do Possível,
ou seja, segundo o STF, o Poder Público não pode se eximir de assegurar o mínimo
existencial à pessoa humana, assegurada por norma programática, ao albergue da falta
de recursos orçamentários para tanto.

Assim, guarde para a prova que uma Constituição dirigente é caracterizada pela existência
de normas programáticas.
Constituição balanço: editadas para vigorar durante certo tempo, pré-definido em seu
próprio texto, servindo como avaliação e retrato de um Estado durante certo período de
tempo. Muito comuns nos regimes comunistas, como na antiga União Soviética.

Elementos das Constituições:


Em função do conteúdo que as vincula, foram agrupadas por José Afonso da Silva em cinco
categorias de elementos, que começaram a ser cobrados em prova:

I) Elementos de estabilização constitucional: os elementos de estabilização constitucional


estão consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução de conflitos
constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas,
premunindo os meios e técnicas contra sua alteração e infringência, sendo encontrados
no art. 102, I (ação de inconstitucionalidade), nos arts. 34 a 36 (Intervenção federal e
estadual), 59, I, e 60 (emendas à Constituição), 102 e 103 (jurisdição constitucional) e
outros (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 38ª ed. São Paulo:
Malheiros. 2014, p. 47).

II) Elementos formais de aplicabilidade: São os elementos que dizem respeito à formação
das regras de aplicação das normas constitucionais, como o preâmbulo, as cláusulas de
promulgação, as disposições constitucionais transitórias, bem como o §1º, do art. 5º, onde
está disposto que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 38ª
ed. São Paulo: Malheiros. 2014, p. 47).

III) Elementos limitativos: Têm origem no liberalismo clássico, que busca estabelecer
limites à ação do Estado, assegurando um Estado de Direito onde os direitos individuais e
coletivos devem estar presentes no texto constitucional. Encontram-se no Título II, sob a
rubrica de Direitos e Garantias Fundamentais, à exceção dos direitos sociais e direitos
sociais dos trabalhadores, que entram na categoria dos elementos sócioideológicos (SILVA,
José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 38ª ed. São Paulo: Malheiros.
2014, p. 46).

IV) Elementos orgânicos: São aqueles contidos em normas jurídicas que regulam aspectos
da organização e funcionamento do Estado. Na atual Constituição, tais elementos são
encontrados nos Títulos III (Da Organização do Estado), no Título IV (Da Organização dos
Poderes e do Sistema de Governo), no Título V, Capítulos II e III (Das Forças Armadas e da
Segurança Pública), e no Título VI (Da Tributação e do Orçamento) (SILVA, José Afonso da.
Curso de Direito Constitucional Positivo. 38ª ed. São Paulo: Malheiros. 2014, p. 46).

V) Elementos socioideológicos: Revelam a transição entre o Estado individualista não-


intervencionista e o Estado social intervencionista. Não existiam nas primeiras
Constituições escritas, porque estas versavam exclusivamente da limitação à ingerência
estatal. O surgimento e emergência do Estado Social trazem a reboque a atividade
governamental garantista da promoção dos direitos sociais voltados aos menos
favorecidos, com o consequente aumento dos gastos públicos na área social. Os
elementos socioideológicos estão identificados no Capítulo II, do Título II (Dos Direitos
Sociais), e nos Títulos VII e VIII (Da Ordem Econômica Financeira e Da Ordem Social)
(SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 38ª ed. São Paulo:
Malheiros. 2014, p. 46-47).

2) Controle de Constitucionalidade e Supremacia da Constituição;

6) Emendas Constitucionais;

3) Repartição de Competências;

5) Intervenção nos Municípios e Autonomia Municipal;

8) Estado de Defesa e Estado de Sítio;

7) Atribuições e Responsabilidades dos Prefeitos;

4) Bens Públicos;

9) Poder Executivo; Poder Legislativo.

II – DIREITO PROCESSUAL CIVIL: - 9 ciclos

1) Da jurisdição: conceito, modalidades, poderes, princípios, órgãos, formas e limites da jurisdição


civil;

2) Competência: conceito, competência funcional e territorial, modificações da competência e


conflito, conexão e continência;

3) Processo e Procedimento: natureza e princípios, formação, suspensão e extinção;

4) Prazos: conceito, classificação, princípios, contagem, preclusão, prescrição, decadência;

5) Sujeitos do Processo: das partes e dos procuradores;

6) Dos atos Processuais;


7) Antecipação de Tutela;

8) Prova: conceito, modalidades, princípios gerais, objeto, ônus dos procedimentos;

9) Recursos: conceito, fundamentos, princípios, classificação, pressupostos intrínsecos e


extrínsecos de admissibilidade, efeitos, juízo de mérito, apelação e agravo de instrumento,
embargos infringentes, de divergência e de declaração, recurso ordinário, especial e
extraordinário, ação rescisória;

10) Execução Fiscal;

11) Da execução contra a Fazenda Pública;

15) A tutela antecipada contra a Fazenda Pública.

12) Ação Civil Pública, Ação Popular;

13) Mandado de Segurança Individual e Coletivo;

14) Mandado de Injunção, Hábeas–data;

III - DIREITO ADMINISTRATIVO: - 9 ciclos

1) Princípios constitucionais do Direito Administrativo,

Princípio da legalidade
A famosa frase de Hely Lopes Meirelles enfatiza: “Enquanto na administração particular é
lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que
a lei autoriza”. Destaca-se que o princípio da legalidade é bem mais amplo do que a mera
sujeição do administrador à lei formal, pois se refere ao ordenamento jurídico, às normas
e aos princípios constitucionais, incluindo também as normas regulamentares por ele
editadas.

Princípio da impessoalidade, finalidade ou isonomia


Como esclarece Lucas Rocha Furtado, o princípio da impessoalidade admite seu exame
sob os seguintes aspectos:
- Dever de isonomia por parte da Administração Pública – ex: licitação e concurso publico

- Dever de conformidade ao interesse público - finalidade pública

- Imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às pessoas jurídicas
em que atuam- atuação dos agentes públicos sendo imputada ao Estado, significando
um agir impessoal da Administração. Ou seja, vedação da promoção pessoal de agentes
ou autoridades.

-Hipóteses de suspeição e impedimento

Princípio da moralidade
O fato da Constituição Federal ter erigido a moral administrativa em princípio jurídico
expresso, permite afirmar que ela é um requisito de validade do ato administrativo.

O princípio da moralidade administrativa exige respeito a padrões éticos, de boa-fé,


decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito
de boa administração.

Súmula Vinculante 13
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

(...) A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma
vez que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF

ATENÇÃO: ao fazer expressa referência a colaterais até o terceiro grau, a Súmula


Vinculante 13 legitimou a nomeação de primos.

Além disso, o próprio Supremo Tribunal Federal ressalvou que a proibição NÃO é
extensiva a AGENTES POLÍTICOS do Poder Executivo, como Ministros de Estado e
Secretários estaduais, distritais e municipais (Rcl 6650/PR).

Princípio da publicidade
Engloba:

a) o princípio da transparência: abriga o dever de prestar informações de interesse dos


cidadãos e de não praticar condutas sigilosas;

b) o princípio da divulgação oficial: exige a publicação do conteúdo dos atos praticados


atentando-se para o meio de publicidade definido pelo ordenamento ou consagrado pela
prática administrativa.
Exceções ao princípio da publicidade, autorizando o sigilo nos casos de risco para:
I) a segurança do Estado (art. 5º, XXXIII). Exemplo: informações militares;
II) a segurança da sociedade (art. 5º, XXXIII). Exemplo: sigilo das informações sobre o
interior de usina nuclear para evitar atentados terroristas;
III) a intimidade dos envolvidos (art. 5º, X). Exemplo: processos administrativos
disciplinares.

Princípio da eficiência
O princípio da eficiência na Administração pública trata-se do melhor emprego dos
recursos e meios (humanos, materiais e institucionais), para melhor satisfazer às
necessidades coletivas num regime de igualdade dos usuários (José Afonso da Silva).
Economicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez, produtividade e
rendimento funcional são valores encarecidos pelo princípio da eficiência.

Nesse contexto, podemos citar as seguintes regras introduzidas no ordenamento jurídico


brasileiro com o objetivo de tornar mais eficiente a prestação de serviços públicos:
- a possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
órgãos e entidades da administração direta e indireta, mediante contrato de gestão, a ser
firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de
metas de desempenho para órgão ou entidade; bem como
- a instituição de organizações sociais (que atuam em parceria com o Estado) e agências
executivas (que possuem autonomia de gestão e disponibilidade de recursos
orçamentários e financeiros para que possam cumprir seus objetivos e metas
institucionais).

Regime Jurídico da Administração Pública: Designa, em sentido amplo, os regimes de


direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública.
Assim, é responsável por englobar tanto as normas de Direito Público (regime jurídico-
administrativo), como as de Direito Privado (regime jurídico de direito privado), aplicáveis
à própria Administração em situações específicas.

Regime Jurídico Administrativo: Abrange o conjunto de traços e conotações que tipificam


o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada,
vertical, na relação jurídico-administrativa. Assim, poderia ser resumido em duas
expressões: “prerrogativas” e “sujeições” do Estado no desempenho de suas atividades
Administrativas.

• Prerrogativas: princípio da supremacia do interesse público sobre o particular


(Administração Pública coloca-se em posição diferenciada quando comparada aos
particulares).
• Restrições: princípio da indisponibilidade do interesse público (Administração
Pública deve satisfazer interesses da coletividade).
• Interesse público primário: corresponde ao cumprimento da lei; interesse público
propriamente dito ou finalístico (extroverso).
• Interesse público secundário: entendido como a necessidade de a Administração
lograr vantagens para si - atividade-meio (introverso).
A supremacia e a indisponibilidade do interesse público.
Supraprincípios ou Superprincípios

SUPRAPRINCÍPIOS ou SUPERPRINCÍPIOS são os princípios centrais dos quais derivam


todos os demais princípios e normas do Direito Administrativo. São dois os
supraprincípios e, de acordo com os ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Mello,
apresentam uma dualidade permanente no exercício da função administrativa:

a) supremacia do interesse público sobre o privado (reflete os PODERES DA


ADMINISTRAÇÃO); EX: A desapropriação, traduzida na possibilidade de transformar
compulsoriamente propriedade privada em pública; convocação de mesários para
eleição; presença de cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos; e presunção
de legitimidade dos atos administrativos.

b) indisponibilidade do interesse público (reflete os DIREITOS DOS ADMINISTRADOS) - no


exercício da função administrativa os agentes públicos estão obrigados a atuar, não
segundo sua própria vontade, mas do modo determinado pela legislação. EX A
contratação de obras e serviços mediante licitação, quando não era o caso para tal
disponibilidade; a necessidade, em regra, de aprovação em concurso público para ocupar
cargo público.

Exceções ao princípio da indisponibilidade do interesse público:


1) No rito dos Juizados Especiais Federais, os representantes da Fazenda Pública são
autorizados a conciliar e transigir sobre os interesses discutidos na demanda (art. 10,
parágrafo único, da Lei 11.029/2001) - Art. 10. As partes poderão designar, por
escrito, representantes para a causa, advogado ou não. Parágrafo único. Os
representantes judiciais da União, autarquias, fundações e empresas públicas
federais, bem como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a conciliar,
transigir ou desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais Federais.
2) Passou a ser permitida a utilização de mecanismos privados para resolução de
disputas, inclusive a arbitragem, exclusivamente nos contratos de concessão de
serviço público e nas parcerias público-privadas (arts. 23-A da Lei 8.987/95 e 11,
III, da Lei 11.079/2004). Nos demais contratos administrativos, o uso da arbitragem
continua vedado.

Controle interno e externo da Administração Pública (Tribunal de Contas e Judiciário);


DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades
da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá
ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; CAI MUITO

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões
de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório; CAI MUITO

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso
II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma
direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer
das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
CAI MUITO

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da
lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ATO impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados
e ao Senado Federal; (se for CONTRATO, é o CONgresso que susta)

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará,
de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas


atividades.

Súmula Vinculante 3 - RESUMO


O contraditório e a ampla defesa devem ser observados quando da decisão do Tribunal de Contas puder resultar anulação
ou revogação do ato administrativo. Todavia, quando se tratar de decisão que aprecie a legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão NÃO se faz necessário observar o contraditório e a ampla
defesa. É que o ato de aposentadoria é ato complexo, ou seja, necessita da manifestação de dois órgãos, um
que edita o ato e o outro que o aprova, sendo que o ato só se considerará editado quando o Tribunal de
Contas aprová-lo. Logo, enquanto não aprovado o ato, o ato não existe, pelo que não se faz necessário
observar contraditório e ampla defesa.

Súmula 347
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder
Público.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados,
poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os
esclarecimentos necessários.

§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal


pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.

§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as
atribuições previstas no art. 96. .

§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos
mencionados no inciso anterior.

§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:


I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente
dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal,
segundo os critérios de antigüidade e merecimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional.

§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,


vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e,
quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e
dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,


financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou


ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de
Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
integrados por sete Conselheiros.

FISCALIZAÇÃO MUNICIPAL
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo,
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

ADI 687, rel. min. Celso de Mello - A Constituição da República impede que os Municípios criem os seus
permite que os
próprios tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais (CF, art. 31, § 4º), mas
Estados-membros, mediante autônoma deliberação, instituam órgão estadual
denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, rel. min. Octavio
Gallotti – ADI 445/DF, rel. min. Néri da Silveira), incumbido de auxiliar as câmaras municipais no exercício de
seu poder de controle externo (CF, art. 31, § 1º).
Esses conselhos ou tribunais de contas dos Municípios – embora qualificados como órgãos estaduais (CF, art.
31, § 1º) – atuam, onde tenham sido instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação técnica das câmaras
de vereadores. A prestação de contas desses tribunais de contas dos Municípios, que são órgãos estaduais
(CF, art. 31, § 1º), há de se fazer, por isso mesmo, perante o tribunal de contas do próprio Estado, e não
perante a assembleia legislativa do Estado-membro. Prevalência, na espécie, da competência genérica do
tribunal de contas do Estado (CF, art. 71, II, c/c art. 75).

2) Administração Pública: Conceito, órgãos da Administração, Hierarquia;

3) Administração Indireta: Conceito, autarquia, sociedade de economia mista e empresa pública;

4) Serviço Público: Conceito, classificação e formas de prestação;

7) Procedimento Administrativo: Conceito, princípios, requisitos, objetivos e fases;


5) Atos administrativos: Validade, invalidade, anulação e revogação. Controle jurisdicional dos
Atos Administrativos;

6) Atos Administrativos: Discricionariedade e Vinculação. Desvio do Poder;

8) Licitação: Natureza Jurídica, Finalidades, Procedimentos licitatórios: concorrência, tomada de


preço, convite, leilão, dispensa de licitação;

10) Contratos Administrativos: Conceitos, peculiaridades, espécies;

9) Concessão e Permissão de Serviços Públicos;

11) Bens Públicos: Formas de utilização, concessão, permissão e autorização de uso. Concessão
de Direito real de uso;

12) Lei Orgânica Municipal;

13) Desapropriação;

14) Responsabilidade Civil da Administração: evolução doutrinária e reparação de dano;

15) Improbidade administrativa;

16) Enriquecimento ilícito e abuso de poder;

17) Sanção Penais e Civis.

IV – DIREITO CIVIL: - 5 ciclos

1) Aplicação da lei no tempo e no espaço, interpretação da lei;


A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância
far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor
no dia subsequente à sua consumação integral (LC 95/98, art. 8º, §1º).

A norma pode iniciar a produção de efeitos de forma imediata ou aguardar prazo, em


vacatio legis, para que seus destinatários possam conhecer dela o conteúdo e se adequar
às determinações. Para que tenha vigência imediata é necessário que o corpo da lei
regulamente expressamente tal situação (esta lei entre em vigor na data da sua
publicação). Do mesmo modo, poderá dispor o legislador que a norma-regra entre em
vigor em prazo diferente, bastando que se assinale qual a duração deste, no texto da lei.
Não havendo prazo fixado na lei, a vacatio será de 45 (quarenta e cinco) dias, dentro do
território nacional. E, de acordo com as regras do direito internacional, a produção de
efeitos em relação aos brasileiros residentes alhures, estará submetida a uma vacatio de 3
(três) meses.

Pode ocorrer de o texto da lei ser republicado ou ocorrer publicação de um texto novo,
da mesma lei. Duas regras merecem especial atenção:

Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo começará a correr da nova publicação; e

As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Existem leis temporárias, exceções no sistema, limitando sua duração a um tempo certo
(lei com prazo de validade) ou a um evento (como uma guerra, por exemplo).

Compreendido o prazo, deve-se avaliar como as normas reagem em relação à sua


sucessão no tempo. Tal estudo, ocupa-se da revogação das normas-regra, visto que estas
se relacionam de forma excludente, mediante uma lógica de tudo ou nada (all or
nothing). Uma das fundamentais diferenças encontradas entre princípios e regras está
no fato de que enquanto estas valem ou não (e no conflito aparente entre elas uma não
seria aplicada) os princípios relacionam-se por meio da ponderação, não deixando de valer
se um princípio não for aplicado à situação concreta.

Ingressando especificamente na sucessão de leis no tempo, percebemos que surgindo no


sistema nova lei que verse sobre todo o assunto, a lei anterior será retirada integralmente
do mundo jurídico, dizendo-se ter sido ab-rogada (TOTAL).

Contudo, se a nova lei regular apenas parte da matéria, não atacando alguns dispositivos
da lei anterior, esta permanecerá em parte no mundo jurídico, dizendo-se ter sido
derrogada (PARCIAL).

Desta forma, a revogação total é denominada ab-rogação; a revogação parcial, derrogação.

A nova lei pode ainda dispor de forma complementar, seja geral ou especialmente. Nestas
situações não haverá alteração da lei anterior, passando as duas a coexistirem de maneira
harmoniosa no sistema.

ATENÇÃO: A lei posterior revoga a anterior quando (3 HIPÓTESES):


- expressamente o declare;
- seja com ela incompatível;
- regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Vê-se que a LINDB admite a revogação tácita, nos casos em que houver incompatibilidade
entre as leis ou quando a lei nova regular inteiramente a matéria tratada na lei anterior.
Quando a lei posterior expressamente declarar a revogação da lei anterior, dá-se a
revogação expressa.
A norma não pode, no anseio de fazer-se valer, agredir o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.

Ato jurídico perfeito é o que já alcançou todo seu trâmite de formação, estando preparado
para produzir ou já produzindo efeitos (como um contrato já formado).

O direito adquirido, por sua vez, é o que já compõe a esfera do sujeito, mas ainda não foi
exercitado (como alcançar os requisitos para a aposentadoria e não a requerer),
considerando-se estes os que o “começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição
pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem” (LINDB, art. 6º, § 2º).

Estas situações não se confundem com a possibilidade de que a lei se faça imperar sobre
situações pendentes. Assim, se A e B realizam pré-contrato visando a realização de uma
locação futura, mudando a legislação que regula o contrato de locação esta não atingirá
o contrato preliminar realizado, mas deverá ser observada no contrato definitivo.

Do mesmo modo, em razão da aplicação imediata sobre as situações pendentes, a nova


legislação passará a reger os efeitos de um contrato estabelecido. Note que a validade do
contrato não será afetada, visto que regulada pela lei anterior, mas os seus efeitos deverão
obedecer aos novos regramentos estabelecidos pela legislação.

Por fim, coisa julgada é a qualidade que recobre os efeitos da sentença, fazendo com
que estes não mais possam ser modificados, ressalvada eventual ação rescisória ou de
querela nulitatis. A rescisória, proposta no Tribunal, tem por fim anular sentença de
primeiro grau já transitada em julgado (dentro do prazo de 2 anos, contados do trânsito
em julgado), em situações especiais, como no caso de ter sido proferida a decisão por
juiz absolutamente incompetente. Já a querela nulitatis, ou declaratória de inexistência
processual, é promovida em primeiro grau, e tem por fundamento, por exemplo, o
transcurso de processo à revelia do réu que sequer foi citado.

A sucessão de leis no tempo nos leva à questão da repristinação, que é a retomada de


efeitos de uma lei revogada em razão da revogação da sua lei revogadora. Trata-se de uma
decorrência lógica, direcionada pelo raciocínio direto, visto que perdendo vigor uma lei
que antes havia revogado outra lei, esta última deveria retomar sua vigência. Mas isto
somente pode se dar de forma expressa, ou seja, a nova lei que revoga a lei revogadora,
deve mencionar explicitamente o renascimento da primeira lei que havia sido suprimida
do sistema legal. Assim, a repristinação expressa é permitida em nosso sistema, mas
a tácita é vedada.

Ao lado da repristinação, há situações que envolvem o efeito repristinatório, como o


decorrente do controle de constitucionalidade, em razão do princípio da nulidade
absoluta do ato inconstitucional. Por ser a lei inconstitucional eivada de nulidade, se a
norma X aparentemente revogadora da norma Y for declarada inconstitucional, Y deve ser
considerada não-revogada. Isto porque, sendo nula a norma revogadora (e respeitada a
modulação de efeitos, visto que a decisão tem seus efeitos regulados no tempo, por
exemplo, para que se evitem prejuízos ou lesões graves à segurança jurídica), não pode
produzir efeitos válidos no mundo jurídico (dentre eles a revogação de outras normas).
O efeito repristinatório também ocorre na concessão de suspensão cautelar de norma em
ação direta de inconstitucionalidade.

Como regra deve-se perceber que a lei estabelece seus efeitos sem prazo determinado.
Diante desta afirmação, tem-se que uma norma terá produção imediata de efeitos sobre
as relações que se encontrem dentro de seu período de vigência. Este preceito está claro
no art. 6º da LINDB que determina que a lei terá efeito imediato, sendo protegidos o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Estes institutos impedem que os
efeitos imediatos de uma norma afetem situações consolidadas durante a vigência de
outra. Finalizando a sucessão das leis no tempo, temos de discutir como serão regulados
os atos que transcorrerem entre duas ou mais leis.

Para proteger a validade e a existência de um ato jurídico, o sistema vincula tais


elementos à legislação vigente ao tempo de sua confecção. O mesmo, contudo, não
ocorre com os efeitos. Isto ocorre porque enquanto os elementos de existência e os
requisitos de validade estão atrelados à lei do momento de sua formação, os efeitos
devem respeitar a lei que vigente for ao tempo de sua concretização ou manifestação.

Fugindo a tal estrutura, se o efeito estiver ligado à causa mesma do ato (transmissão da
propriedade, da posse, reconhecimento da filiação etc.) não poderá ser alcançado pela
nova lei, sob pena de incorrer em retroatividade mínima, que também é medida vedada
ante a existência do ato jurídico perfeito, da coisa julgada ou do direito adquirido.

Para melhor compreender a vedação à retroatividade mínima, tenha-se uma nova norma
determinando que a alienação de bem imóvel acima de 20 salários mínimos deva ser
objeto de escritura pública. O atual regramento determina a forma pública quando o
imóvel tiver valor acima de 30 salários mínimos. Caso A e B celebrem um contrato de
compra e venda de imóvel no valor de 22 salários mínimos e se valham, de acordo com
o regramento vigente ao tempo, apenas da forma particular (pois a legislação assim
reconhecia o ato) a nova regra não poderá impedir que o contrato produza efeitos, pois
importaria em retroatividade mínima, vez que alcançaria a estrutura de validade de
contrato em razão do prolongamento dos efeitos da relação jurídica.

Volvendo os olhos para o aspecto espacial da norma, vê-se que a regra atrela o poder
vinculante da lei ao espaço soberano do Estado. Contudo, em nosso país adotamos a
territorialidade moderada regulando a territorialidade com situações em que se
reconhece a extraterritorialidade. Quando vigente a primeira, o regramento do próprio
país será aplicado; na segunda, lei estrangeira será aplicada ao caso. Seguindo uma
tabela, pode-se observar que:

Territorialidade LINDB, arts. 8º e 9º


Extraterritorialidade LINDB, art. 7º, 10º, 12 e 17

É importante notar que enquanto nos arts. 8º e 9º prende-se a LINDB à legislação do país
em que se encontram os bens, nos demais artigos citados, estabelece divergência entre
o local dos bens e o domicílio da pessoa, como no art. 10º, em que determina que a
sucessão por morte ou por ausência obedece a lei do país em que era domiciliado o
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Portanto,
em momentos a Lei de Introdução determina que a lei do território valerá, em outro,
estabelece uma relação extraterritorial.

Quando necessário apresentar provas que foram produzidas alhures serão admitidas
desde que respeitem dois parâmetros: sua aceitação em terras brasileiras – respeito à
ordem pública e aos ditames legais acerca da prova –; e obediência ao sistema de onde
se originaram (art. 13, LINDB).

Ao se falar em extraterritorialidade e apenas tocando o tema de Direito Internacional a


ela subjacente, fundamental compreender que a LINDB perfila regras de conexão
diferentes para elementos diversificados. São estes elementos que determinarão qual
direito a ser aplicado ao caso. Desta forma:

Estatuto pessoal – Domicílio - LINDB, art. 7º – A lei do país em que for domiciliada a pessoa
determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família.

Imóveis - Locus rei sitae - Art. 8º – para qualificar os bens e regular as relações a eles
concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.

Obrigações e contratos - Locus regit actum - Art. 9º – Para qualificar e reger as obrigações,
aplicar-se-á a lei do país em que constituírem.

Em busca da compreensão dos caminhos da interpretação das leis deve-se ter claro que
a norma, por ter conteúdo, seja ele escrito ou passado de geração em geração, deve ser
analisada caso a caso, interpretada momento a momento, para que sua função de
regulamentação seja alcançada de forma plena e que o ideal de justiça se faça presente.

Desta forma, interpretar é além de extrair o sentido da norma, atualizar seu conteúdo e o
preparar para a aplicação, daí ter-se que todo aplicador é, também, intérprete. De outro
lado, não vale dizer que na clareza deve cessar a interpretação. Na verdade, toda norma,
por mais clara, passa por um processo hermenêutico para ser aplicada ao caso concreto,
variando a complexidade do mesmo (processo) conforme o caso. Podem-se apresentar
os seguintes métodos de interpretação:

a) Gramatical – a letra da norma é o primeiro passo para o intérprete. Para que se possa
compreender necessário que se passe em revista cada signo, significado e significante.
Cada palavra, cada vírgula, cada interjeição ganha sentido em seu conjunto;
b) Histórico – ao se compreender a norma, deve-se ter em vista todo o seu processo de
concepção, o que levou ao seu nascimento, as necessidades que a sociedade apresentou
para que viesse à tona tal regramento, o que leva a um outro método, o social;
c) Sociológico – uma norma nasce de uma determinada sociedade e, como bem definiu
Miguel Reale, o direito está fundamentado por uma teoria tridimensional (envolvendo
fato, valor e norma). Desta forma, toda norma apresenta um conjunto de fatos e valores
sociais que lhe permitiram (ou criaram a necessidade) a existência;
d) Teleológico – nesta forma o intérprete levará em conta os fins almejados pela norma,
seus objetivos, qual o problema social ou regramento de conduta tinha por objeto;
e) Axiológico – se a norma nasce de um fato valorado, a interpretação também necessita
levar em consideração o conjunto de valores que se agregam à norma. Com isso, é
possível atualizar o conteúdo da norma, ao se perceber que os valores envolvidos
também evoluíram;
f) Sistemático – como o Direito se apresenta como um sistema, é fundamental para se
compreender de forma plena uma norma que se busque relacioná-la às demais. Desta
forma, tem-se claro que uma norma não está sozinha e deve ser compreendida em
conjunto com todas as demais.
g) Lógico – Nas palavras de Maria Helena Diniz, o que se pretende é desvendar o sentido
e o alcance da norma, estudando-a por meio de raciocínios lógicos, analisando os períodos
da lei e combinando-os entre si, com o escopo de atingir perfeita compatibilidade.

Deve-se, a este tempo, ter claro que os métodos não se aplicam de forma isolada ou
excludente à interpretação de uma norma determinada. Pelo contrário, no mais das vezes
irão se apresentar mesclados, pontos revolvidos em uma mesma conduta do
hermeneuta. Não se interpreta de apenas uma só forma, busca-se, na realidade, o perfeito
sentido da norma dado ao caso.

Analogia: Método de integração do sistema, que visa a aplicação de uma regra a uma
situação por ela não prevista diretamente, em razão da similaridade básica entre as
situações fáticas. Como bem lembra Tércio Sampaio, existem duas formas de analogia:
a) legis – quando se parte de um preceito legal para aplica-lo a um caso não previsto;
b) iuris – quando se têm vários preceitos que, juntando-se os princípios que os inspiram,
são utilizados para a criação de uma nova normal aplicável ao caso

2 – Princípios Gerais do Direito e Equidade.


3) Dos fatos e atos jurídicos: forma, prova, modalidade, defeitos, nulidade, anulabilidade,
inexistência, ineficácia e conseqüência;

4) Dos atos ilícitos;

5) Da prescrição e da decadência;

6) Dos contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos;

7) Tória da imprevisão e revisão contratual;

8) Bens públicos: conceito e classificação.

V – DIREITO DO TRABALHO E PREVIDENCIÁRIO: - 4 ciclos

1) Relação de trabalho: natureza jurídica, caracterização;


Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade
econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais,
as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que
admitirem trabalhadores como empregados.

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre
o trabalho intelectual, técnico e manual.

Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no


domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da
relação de emprego.
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam,
para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do
trabalho alheio.

A RELAÇÃO DE TRABALHO É GÊNERO E A RELAÇÃO DE EMPREGO É UMA DE SUAS ESPÉCIES


Relação de Trabalho e Relação de Emprego.

Entende-se por relação de trabalho a contratação de trabalho humano, admissível pelas


normas jurídicas. É gênero que comporta, dentre outras espécies, a relação de emprego.

Na relação de trabalho deve-se interpretar a expressão trabalho delimitadamente, pois


se refere à energia laboral da pessoa física e, nunca de pessoas fictas (jurídicas).

Por sua vez, a relação de emprego é sempre subordinada em contraste à relação de


trabalho que quase sempre é autônoma. Cuidado com a reforma trabalhista que mitiga o
requisito da habitualidade na relação de emprego (art. 452-A – contrato intermitente).
São espécies de relação de trabalho: trabalho autônomo; eventual; avulso; cooperativo;
estágio e trabalho voluntário. E, subordinada, a relação de emprego.

DA RELAÇÃO DE EMPREGO
Muito já se debateu sobre a natureza jurídica do contrato de trabalho. Atualmente, é
pacífico que se trata de natureza contratual civilista, pois nasce na vontade das
partes, requisito essencial para a relação de emprego, porém, sem utilizar modelo
contratual existente na esfera civil.

Portanto, a relação de emprego tem natureza jurídica de contrato de direito privado e


específico.

RELAÇÃO DE EMPREGO - REQUISITOS CUMULATIVOS:


1 - Subordinação
2 –Habitualidade ou não eventualidade.
3 - Onerosidade
4 - Pessoalidade
5- Pessoa Física (prestação)

(ALTERIDADE): pode ou não aparecer na questão.

Súmula nº 386 do TST


POLICIAL MILITAR. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM EMPRESA
PRIVADA. Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de
relação de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do
eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar.

TELETRABALHO: CAI MUITO


- Prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador; (e
não exclusivamente)
- Utilização de tecnologias de informação e de comunicação
- Deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho,
- Reembolso de despesas arcadas pelo empregado previstas em contrato escrito
- Regime presencial PARA tele trabalho: mútuo acordo entre as partes E aditivo
contratual.
- Regime de tele trabalho para o presencial: determinação do empregador E prazo de
transição mínimo de quinze dias E aditivo contratual
- Empregador deverá instruir os empregados sobre às precauções para evitar doenças e
acidentes de trabalho. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade.

CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE


Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços,
com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação
de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente
do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos
por legislação própria.

O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de


serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de
antecedência.

Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao


chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa.

Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo
motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta
por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo.

DO TRABALHO VOLUNTÁRIO
Previsto pela Lei n. 9.608/98 é prestado por pessoa física para entidade pública de
qualquer natureza ou instituição sem fins lucrativos. O serviço voluntário não gera vínculo
empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. A não
onerosidade é restrita à contraprestação, assim, poderá haver ressarcimento de
despesas sem caracterizar a relação de emprego.

DO TRABALHO INSTITUCIONAL
Constitui relação de trabalho o vínculo entre o servidor público (não regido pela CLT) e a
administração pública de todos os poderes que são regidos por próprios estatutos e,
consequentemente, pelo direito administrativo. Desse modo, inexiste relação de
empregado, pois a vinculação é estatutária.

COMPETÊNCIA - Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou
como celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em
estatutário.

REGRA:
O pedido referente às verbas trabalhistas, formulado com base na Consolidação das Leis
do Trabalho, é de competência da Justiça do Trabalho.
Os pedidos formulados com base na relação estatutária são de competência da justiça
comum estadual.

Verbas ref. ao período celetista: Justiça do Trabalho


Verbas ref. ao período estatutário: Justiça Comum

EXCEÇÕES:
CASO JOÃO: João foi contratado pela Administração Pública estadual, sem concurso
público, para ocupar um emprego público, sendo seu vínculo jurídico celetista, ou seja,
regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Foi editada uma lei estadual
transformando o emprego ocupado por João em cargo público, tendo seu regime jurídico
mudado de celetista para estatutário. Se ele pleitear FGTS, a demanda deverá ser
proposta na Justiça do Trabalho (em razão de a verba pleiteada ser trabalhista).

CASO PEDRO: Pedro é servidor temporário e litígios envolvendo servidores temporários


(art.37, IX, da CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal).
A competência NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue que houve
desvirtuamento do vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos baseados na CLT
ou na lei do FGTS

CASO MARIA: Maria foi contratada pela Administração Pública estadual, sem concurso
público, para ocupar um emprego público, sendo seu vínculo jurídico celetista, ou seja,
regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT Foi editada uma lei estadual
transformando o emprego ocupado por Maria em cargo público, tendo seu regime
jurídico mudado de celetista para estatutário. Se ela pleitear controvérsia referente aos
reflexos de vantagem remuneratória do período celetista, a demanda deverá ser proposta
na Justiça Estadual. Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração
Pública é estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa.
É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente
ao tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução
da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período
celetista.

2) Sujeitos da Relação de Emprego: empregado e empregador. Autônomos, avulsos, temporários,


sucessão de empresas;

3) Contrato de trabalho: Definição, diferença entre contrato de trabalho e locação de serviços,


empreitada, representação comercial, mandato, parceria;

4) Seguridade Social: conceitos fundamentais e princípios.

VI - DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL: - 9 ciclos

1) Crimes contra a Administração Pública.


Peculato
Há 5 tipos de Peculato:
Peculato Apropriação – Próprio – caput, art. 312, 1ª parte- RECLUSÃO de 2 a 12 anos + multa.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo...

Peculato Desvio – Próprio – caput, art. 312, 2ª parte - RECLUSÃO de 2 a 12 anos + multa.
...Ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Peculato Furto – Impróprio - §1, art. 312 - RECLUSÃO de 2 a 12 anos + multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade
que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Peculato Culposo – Impróprio - §2 e §3, art. 312 - DETENÇÃO de três meses a 1 ano.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

REPARAÇÃO ANTES DA SENTENÇA IRRECORRÍVEL = EXTINGUE A PUNIBILIDADE (HÁ CRIME)


REPARAÇÃO DEPOIS DA SENTEÇA IRRECORRÍVEL = REDUÇÃO DE METADE DA PENA

Peculato Estelionato – art. 313 – Reclusão de 1 a 4 anos + multa.


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem.

Assim como todo crime praticado por funcionário público contra a Administração em
Geral, o PECULATO é classificado como um crime próprio de funcionário público, só
podendo ser cometido por um particular se em concurso com um funcionário público, e
desde que sabedor de tal qualidade daquele (art. 30 do CP).

1ª REGRINHA DO PECULATO: TEM COMO OBJETO MATERIAL, DINHEIRO, VALOR OU


QUALQUER OUTRO BEM MÓVEL, PÚBLICO OU PARTICULAR.

2ª REGRINHA DO PECULATO: O FUNCIONÁRIO PÚBLICO DEVE TER POSSE EM RAZÃO DO


CARGO.
Se não houver POSSE, em regra, NÃO HÁ PECULATO.
Se houve POSSE, e a essa POSSE ocorrer por outro motivo que NÃO SEJA O CARGO
PÚBLICO, NÃO HÁ PECULATO.

Ex: Um funcionário público municipal, em sua folga, passa por uma rua qualquer, e vê um
carro da Prefeitura parado. Ele arromba o carro e o leva embora. Cometeu Peculato?
NÃO, porque a POSSE DO CARRO NÃO SE DEU EM RAZÃO DO CARGO. O crime cometido
foi outro, mas não peculato.

Ex2: “o fiscal ou caixa de banco público tem POSSE do dinheiro que arrecada ou recebe”;
“o escrivão de polícia tem POSSE do seu computador de trabalho”; “o policial tem POSSE
do veículo que apreende”. São todos casos de POSSE EM RAZÃO DO CARGO.

Mas há uma exceção importante: há uma modalidade de peculato chamada de peculato-


furto em que não há posse. Grave só isso por enquanto. Vamos explicar certinho o que é
peculato-furto. Por enquanto, saiba só que no peculato-furto NÃO HÁ POSSE.

3ª REGRINHA DO PECULATO: O FUNCIONÁRIO PÚBLICO APROPRIA-SE (PECULATO-


APROPRIAÇÃO) OU DESVIA (PECULATO-DESVIO) O BEM MÓVEL QUE TEM POSSE EM
RAZÃO DO CARGO.
O funcionário público que usa o bem público para fins particulares, mas depois devolve
para Administração, comete peculato? Por exemplo, o funcionário que usa o automóvel
da Administração Pública para resolver "coisinhas" particulares.

NÃO. NÃO HÁ PECULATO DE USO. Tal resposta foi dada pelo Supremo Tribunal Federal
no julgamento do HC 108433, em 25/06/2013, em acórdão relatado pelo Ministro Luiz
Fux: "É ATÍPICA A CONDUTA DE PECULATO DE USO".

É importante ficar atento. Ainda sobre o peculato de uso, temos que tomar cuidando
com o crime previsto no DL n.° 201/67::
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário,
independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
(...)
II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos;

Grave uma exceção importante: há uma lei especial para o peculato-apropriação e o


peculato-desvio de Prefeitos. Assim, quando os prefeitos praticam tais concutas não se
aplica o Código Penal, e sim essa lei especial (princípio da especialidade). Trata-se do do
Decreto-lei n. 201/1967.

O perculato-furto e o peculato culposa, e esses crimes aplicam-se perfeitamente aos


Prefeitos, visto que não encontram correspondente (igual) crime na lei especial.

4ª REGRINHA DO PECULATO: NO PECULATO-FURTO (IMPRÓPRIO), O FUNCIONÁRIO NÃO


TEM POSSE DO BEM, MAS DEVIDO A FACILIDADE QUE SUA CONDIÇÃO DE FUNCIONÁRIO
LHE PROPORCIONA, ELE SUBTRAI DINHEIRO, VALOR OU BEM.

DIFERENCIAÇÃO
PECULATO APROPRIAÇÃO – 1° POSSE/ 2° APROPRIAÇÃO
PECULATO FURTO – 1° SUBTRAÇÃO/ 2° POSSE

5ª REGRINHA DO PECULATO: O PECULATO É O ÚNICO CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA PUNÍVEL NA FORMA CULPOSA (PECULATO CULPOSO).

6ª REGRINHA DO PECULATO: NO PECULATO CULPOSO, SE O FUNCIONÁRIO REPARAR O


DANO ANTES DE SENTENÇA IRRECORRÍVEL, EXTINGUIRÁ A PUNIBILIDADE. SE REPARAR
DEPOIS DA SENTENÇA IRRECORRÍVEL, TERÁ SUA PENA REDUZIDA PELA METADE.

No campo da competência para a prática do ato administrativo, importante distinção há


de ser feita entre duas figuras: "funcionário de fato" (ato válido) e "usurpador de função
pública" (ato inexistente).

No crime de peculato aplica-se o PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA? Há divergências.

STJ - prevalece o entendimento que NÃO É POSSÍVEL, pois nos crimes contra a
Administração Pública não se protege apenas o patrimônio público, mas também a
MORALIDADE PÚBLICA, então, o simples desvio de conduta é SIGNIFICANTE, o dever de
moralidade do funcionário público impera.
STF - admite em alguns casos a aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA nos crimes
contra a Administração Pública.

Concussão e Excesso de Exação


CONCUSSÃO – RECLUSÃO de 2 A 8 anos
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

EXCESSO DE EXAÇÃO – RECLUSÃO de 3 a 8 anos ou 2 a 12 anos


§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

A palavra-chave na CONCUSSÃO é “EXIGIR”.

COMETE O CRIME DE CONCUSSÃO O FUNCIONÁRIO PÚBLICO QUE EXIGE, EM RAZÃO DE


SUA FUNÇÃO, UMA VANTAGEM INDEVIDA.

Na concussão o funcionário público EXIGE vantagem indevida. Na corrupção passiva


SOLICITA vantagem indevida.

CONCUSSÃO VEM DO LATIM CONCUTERE, QUE SIGNIFICA O ATO DE SACUDIR UMA


ÁRVORE PARA CAIR OS FRUTOS, ISSO INDICA UMA AÇÃO “FORÇADA” CONTRA A ÁRVORE,
ASSIM COMO O FUNCIONÁRIO PÚBLICO FAZ NA CONCUSSÃO AO “EXIGIR” DO
PARTICULAR UMA VANTAGEM INDEVIDA.

O FUNCIONÁRIO PÚBLICO estará EXIGINDO (será CONCUSSÃO) se sua "ação" gerar um


“temor” no particular (um medo). Se o particular se sentir ameaçado pelo “PODER” DO
FUNCIONÁRIO PÚBLICO.

A PROVOCAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO SERÁ CONSIDERADA UMA “EXIGÊNCIA”


(AINDA QUE IMPLÍCITA) SE REPRESENTAR UMA AMEAÇA AO PARTICULAR. O MEDO DEVE
SER GERADO PELO PODER DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO.

A EXIGÊNCIA DEVE SE DAR EM RAZÃO DO CARGO, AINDA QUE SEJA FORA DA FUNÇÃO
OU ATÉ MESMO ANTES DE ASSUMI-LA.

PARA SER CONCUSSÃO A VANTAGEM EXIGIDA DEVE SER INDEVIDA, SE FOR DEVIDA NÃO
HAVERÁ O CRIME.

A CONCUSSÃO É UM CRIME FORMAL QUE SE CONSUMA COM A EXIGÊNCIA DA


VANTAGEM INDEVIDA.
COMETE EXCESSO DE EXAÇÃO: O FUNCIONÁRIO PÚBLICO EXIGE tributo ou contribuição
que SABE ou DEVERIA SABER que era INDEVIDO. O EXCESSO ESTÁ NO VALOR COBRADO.

COMETE EXCESSO DE EXAÇÃO: O FUNCIONÁRIO PÚBLICO EXIGE tributo ou contribuição


DEVIDO, mas de uma forma VEXATÓRIA (humilhante) OU GRAVOSA (que cause
dificuldade, despesa) que a lei não autoriza. O EXCESSO ESTÁ NO MODO DE COBRAR.

COMETE EXCESSO DE EXAÇÃO NA FORMA QUALIFICADA O FUNCIONÁRIO QUE RECEBE


INDEVIDAMENTE UM VALOR PARA RECOLHER AOS COFRES PÚBLICOS E APÓS DESVIA
ESSE VALOR EM PROVEITO PRÓPRIO OU ALHEIO.

Corrupção Passiva – RECLUSÃO de 2 a 12 anos + multa.


Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano OU multa.

1ª QUESTÃO CLÁSSICA: DIFERENÇA ENTRE CORRUPÇÃO PASSIVA E CONCUSSÃO.


CORRUPÇÃO PASSIVA: SOLICITA VANTAGEM INDEVIDA.
CONCUSSÃO: EXIGE VANTAGEM INDEVIDA.

2ª QUESTÃO CLÁSSICA: DIFERENÇA ENTRE CORRUPÇÃO PASSIVA E CORRUPÇÃO ATIVA.


CORRUPÇÃO PASSIVA: É UM CRIME PRÓPRIO (PRATICADO) DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO.
CORRUPÇÃO ATIVA: É UM CRIME PRATICADO POR PARTICULAR (QUE OFERECE OU
PROMETE VANTAGEM INDEVIDA A FUNCIONÁRIO PÚBLICO)

3ª QUESTÃO CLÁSSICA: HÁ POSSIBILIDADE DE OCORRER CORRUPÇÃO ATIVA SEM A


RESPECTIVA CORRUPÇÃO PASSIVA; E CORRUPÇÃO PASSIVA SEM CORRUPÇÃO ATIVA.

Ex: O funcionário público SOLICITA (pede – a INICIATIVA é do funcionário) uma vantagem


INDEVIDA, em razão da função. Nesse caso, o particular que “paga” a vantagem
SOLICITADA não comete CORRUPÇÃO ATIVA, visto que o particular não OFERECEU ou
PROMETEU vantagem indevida.

Ex: Se o particular OFERECER ou PROMETER (CORRUPÇÃO ATIVA) e o funcionário público


NÃO receber a oferta ou aceitar a promessa, não haverá a correspondente corrupção
passiva.

4ª QUESTÃO CLÁSSICA: A CONSUMAÇÃO DA CORRUPÇÃO PASSIVA.

O funcionário público SOLICITA (pede – a INICIATIVA é do funcionário) uma vantagem


INDEVIDA, em razão da função. Nesse caso o crime é FORMAL, porque não é necessário
que a vantagem indevida seja materialmente recebida pelo funcionário. A simples
SOLICITAÇÃO é suficiente para consumar o crime.
O funcionário público ACEITA a PROMESSA de alguém (a INICIATIVA não é do funcionário)
de uma vantagem INDEVIDA, em razão da função. Nesse caso o crime é FORMAL, porque
não é necessário que a vantagem indevida seja materialmente recebida pelo funcionário.
A simples ACEITAÇÃO DA PROMESSA é suficiente para consumar o crime.

O funcionário público RECEBE de alguém (a INICIATIVA não é do funcionário) uma


vantagem INDEVIDA, em razão da função. Nesse caso o crime é MATERIAL, porque é
necessário que a vantagem indevida seja materialmente recebida pelo funcionário.

Observe bem, se a conduta for “RECEBER” a CORRUPÇÃO PASSIVA o CRIME será


MATERIAL. Entretanto, se as condutas forem “SOLICITAR” ou “ACEITAR PROMESSA” a
CORRUPÇÃO PASSIVA SERÁ UM CRIME FORMAL.

Cuidado: para consumar a CORRUPÇÃO PASSIVA não é necessária violação ao dever


funcional. Entretanto, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional A PENA SERÁ AUMENTADA DE UM TERÇO.

5ª QUESTÃO CLÁSSICA: A DIFERENÇA ENTRE CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA E


PREVARICAÇÃO.
NOS DOIS CRIMES O FUNCIONÁRIO PÚBLICO PRATICA, DEIXA DE PRATICAR, OU RETARDA
ATO DE OFÍCIO, A DIFERENÇA ESTÁ NO MOTIVO:

NA CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA A CONDUTA OCORRE CEDENDO A PEDIDO OU


INFLUÊNCIA DE OUTREM.

NA PREVARICAÇÃO A CONDUTA OCORRE PARA SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO


PESSOAL.

Prevaricação – DETENÇÃO de 3 meses a 1 ano + Multa


Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

ATO DE OFÍCIO “retardo”, “omitido”, ou “praticado” deve ser de COMPETÊNCIA do


funcionário público. Se o agente não é competente para praticar o ato, não há
prevaricação.

O “retardo”, a “omissão (deixar)” ou a “prática” do ATO DE OFÍCIO tem que ser ILEGAL.
Se o agente “retardou”, “omitiu (deixou)” ou “praticou” o ato de ofício SEM violar
disposição expressa em lei, não há prevaricação.

O “retardo ilegal”, a “omissão ilegal” ou a “prática ilegal” do ATO DE OFÍCIO deve ter
como INTUITO: SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL.
Não confunda PREVARICAÇÃO com CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA. Nos dois crimes
o funcionário pública deixar de praticar ou retarda ato de ofício, a diferença está no
MOTIVO:

NA PREVARICAÇÃO A CONDUTA OCORRE PARA SATIFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO


PESSOAL.
NA CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA A CONDUTA OCORRE CEDENDO A PEDIDO OU
INFLUÊNCIA DE OUTREM.

No ano de 2007 foi incluído no Código Penal uma “nova espécie” de Prevaricação. Essa
“nova prevaricação” não exige satisfação de interesse ou sentimento pessoal, ou seja, não
é a prevaricação em sua “forma normal”, não é a prevaricação em sua “forma própria”,
é a chamada PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA, assim estabelecida:

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano (SEM MULTA).

Condescendência Criminosa – DETENÇÃO de 15 dias a 1 mês OU Multa


Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Trata-se de um CRIME PRÓPRIO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO “CHEFE”

Os VERBOS do crime são “DEIXAR de responsabilizar” ou “NÃO LEVAR ao conhecimento


da autoridade competente”. Então o crime pune condutas OMISSIVAS, ou seja, pune a
inércia (ausência de ação) do chefe. É um CRIME OMISSIVO.

Pense apenas no nome do crime, o funcionário público chefe é CONDESCENDENTE


(tolerante, indulgente) com a INFRAÇÃO do subordinado. Por isso a conduta de ser
tolerante deve ser DOLOSA.

A banca vai tentar confundir CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA e PREVARICAÇÃO.

Na prevaricação um ATO DE OFÍCIO deixa de ser feito para SATISFAZER INTERESSE OU


SENTIMENTO PESSOAL. Na condescendência criminosa o CHEFE deixar de responsabilizar
o subordinado por sentimento de INDULGÊNCIA (TOLERÂNCIA).

Nos dois crimes, o agente deixar de realizar um ato de ofício (responsabilizar é um ato de
ofício), ambos movidos por SENTIMENTO.

A diferença está na figura do CHEFE.


Fique atento, falou em chefe que deixa de “denunciar”, de “responsabilizar”, de “punir”,
de encaminhar “denúncia”, contra o subordinado, movido pelo sentimento de indulgência,
é CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA.

Advocacia Administrativa – DETENÇÃO de 3 meses a 1 ano OU/E Multa


Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-
se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

A “advocacia” aqui não está ligada a figura do Advogado (o profissional com inscrição na
OAB). A “advocacia” nesse crime está ligada a ideia de “defesa”.

Então, “Advocacia Administrativa” é “defender o interesse de alguém


administrativamente”, ou seja, defender alguém dentro de procedimentos da
Administração Pública.

Grosso modo, se pune o funcionário público que ADVOGA (defende, patrocina)


administrativamente um INTERESSE PRIVADO (o interesse de um amigo, um parente,
etc).

Há crime de advocacia administrativa se o funcionário público estiver defendendo


interesse próprio?

A doutrina entende que não. Entende que só é crime se defender interesse de terceiros.
Não se configura o crime no caso de defesa de interesse próprio (pessoal).

No caso de o particular estar correto, ou seja, se seu pedido administrativo ser legítimo,
há crime? Sim, há crime de Advocacia Administrativa. O Código Penal não pune a defesa
de um interesse ilegítimo, e sim A SIMPLES DEFESA DE UM PARTICULAR.

Se o interesse for ilegítimo, a situação do funcionário complica-se um pouco mais, ele


responderá pela forma qualificada de advocacia administrativa (parágrafo único do artigo
321).

Cuidado para não cair na “armadilha” do crime de tráfico de influência. Como no nome
“tráfico de influência” remete a uma ideia parecida com a conduta do crime de Advocacia
Administrativa, sua banca poderá tentar te confundir.

O “Tráfico de Influência” é um crime praticado por PARTICULAR que, a pretexto de influir


em ato praticado por funcionário público no exercício da função, solicita determinado
valor.

Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral


USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA – DETENÇÃO de 3 meses a 2 anos + Multa/ RECLUSÃO de 2 a
5 anos + Multa.
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Comete o crime quem SABIDAMENTE DESEMPENHA uma FUNÇÃO PÚBLICA que NÃO
TENHA. (É necessário EXERCER INDEVIDAMENTE ALGUM ATO PRÓPRIO DA FUNÇÃO
PÚBLICA).

Quem apenas FINGE ser funcionário público, não exercendo qualquer ato oficial, não
comete o crime de usurpação de função pública.

QUALQUER PESSOA PODE COMETER O CRIME (é um crime COMUM a todas pessoas),


inclusive, FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.

O funcionário público que exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de


que foi suspenso ou privado por decisão judicial não comete “usurpação de função
pública”, e sim o crime de “DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU
SUSPENSÃO DE DIREITO” (previsto no artigo 359 do Código Penal).

O crime ocorre INDEPENDENTEMENTE do MOTIVO.

Se a pessoa auferir UMA VANTAGEM (algum proveito, financeiro ou não) estará


praticando USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA QUALIFICADA.

RESISTÊNCIA – DETENÇÃO de 2 meses a 2 anos/RECLUSÃO de 1 a 3 anos


Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena — detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Na RESISTÊNCIA há VIOLÊNCIA OU AMEAÇA.

Comete o crime a pessoa que SE OPÕE (RESISTE, AGE CONTRARIAMENTE) à EXECUÇÃO


DE ATO LEGAL (um mandado judicial, uma prisão em flagrante, uma penhora) com uso
de VIOLÊNCIA ou AMEAÇA (É FUNDAMENTAL TER VIOLÊNCIA ou AMEÇA) a funcionário
público COMPETENTE para EXECUTAR O ATO (ou quem estiver auxiliando esse
funcionário na execução do ato).

Qualquer pessoa pode praticar, é um crime comum.

Há crime de resistência quando a conduta é praticada por terceiro não ligado ao ato legal.
Pois, o crime também se configura quando a violência ou ameaça é dirigida a quem esteja
prestando auxílio ao funcionário público competente para executar o ato.
Para ser crime de “resistência” o agente deve usar de VIOLÊNCIA ou AMEAÇA à PESSOA.

Exige-se mera AMEAÇA, não precisa ser grave.

A conduta deve ocorrer DURANTE A EXECUÇÃO DO ATO LEGAL.

Ato resistido DEVE SER LEGAL (mesmo que injusto).

O FUNCIONÁRIO deve ser COMPETENTE PARA EXECUTAR AQUELE ATO.

Trata-se de um crime FORMAL, ou seja, para se consumar não é necessário que ato deixa
de ser executado. Se o ato não foi executado devido à RESISTÊNCIA, responderá pela
forma qualificada.

A pessoa ainda responderá penalmente pela VIOLÊNCIA empregada. Em outras palavras,


se vier a LESIONAR ou MATAR o funcionário, responderá pelo crime de RESISTÊNCIA e
pelo crime de LESÕES CORPORAIS ou HOMICÍDIO.

DESOBEDIÊNCIA – DETENÇÃO de 15 dias a 6 meses E Multa.


Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

No crime de “DESOBEDIÊNCIA” a pessoa, SEM USO DE VIOLÊNCIA ou AMEAÇA, NÃO


OBEDECE a ordem legal de funcionário público.

SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa pode cometer o crime, inclusive, funcionário público na
condição de particular.

ATO: Deve ser LEGAL. Se forem ATOS ILEGAIS, não haverá crime de desobediência nos
seguintes casos: ordem para participação de reconstituição de crime; ordem para
assoprar o bafômetro; ordem para ser submetido a identificação criminal fora das
hipóteses previstas em lei.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO: Só haverá crime se o ato for ORDENADO por um FUNCIONÁRIO


COMPETENTE. O conceito de funcionário público é RESTRITO.

ORDEM: Deve ser uma ORDEM, e não um mero PEDIDO. Essa ORDEM pode deve ser feita
de modo INDIVIDUAL, DIRETA, PESSOAL e o conhecimento da ordem ser INEQUÍVOCO. O
ordenado deve ter a consciente vontade de DESOBEDECER. NÃO haverá crime se o
particular não tiver como cumprir a ordem.

INEXISTÊNCIA DE SANÇÃO ESPECÍFICA: Não haverá crime de DESOBEDIÊNCIA nos casos


em que já houver uma sanção específica para o descumprimento do ato.

DESACATO – 6 meses a 2 anos OU Multa.


Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Desacatar é menosprezar, desrespeitar, desprestigiar, humilhar, a FUNÇÃO EXERCIDA
pelo FUNCIONÁRIO PÚBLICO.

O conceito de funcionário público é RESTRITO, não abrange o EQUIPARADO a funcionário


público.

Ocorre o crime quando o PARTICULAR desacata funcionário público em duas situações:


NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO ou EM RAZÃO DA FUNÇÃO.

A conduta deve ocorrer na PRESENÇA DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO.

Assim, o crime se consuma com o ATO DE DESACATO, nada importando se o funcionário


público se sentiu realmente ofendido.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – RECLUSÃO de 2 a 5 anos + Multa (+ METADE).


Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário.

Comete o crime o PARTICULAR que SOLICITA, EXIGE, COBRA ou OBTÉM VANTAGEM (ou
promessa de vantagem, para si ou para outrem) A PRETEXTO DE INFLUIR EM ATO
PRATICADO por funcionário público no exercício da função pública.

O Código Penal visa punir é a do PARTICULAR que SIMULA (FINGE) TER INFLUÊNCIA SOBRE
ATO PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO visando uma VANTAGEM (financeira ou
não).

Quanto a consumação do crime, observem a seguinte diferença quanto as condutas que


podem levar ao TRÁFICO DE INFLUÊNCIA:

O particular SOLICITA/EXIGE/COBRA uma vantagem A PRETEXTO DE INFLUIR EM ATO


PRATICADO por funcionário público no exercício da função pública. Nesse caso o crime é
FORMAL, porque não é necessário que a vantagem seja materialmente recebida pelo
particular. Nessas condutas, o crime se consuma no momento da SOLICITAÇÃO, da
EXIGÊNCIA ou da COBRANÇA.

O particular OBTÉM uma vantagem A PRETEXTO DE INFLUIR EM ATO PRATICADO por


funcionário público no exercício da função pública. Nesse caso o crime é MATERIAL,
porque é necessário que a vantagem indevida seja materialmente recebida pelo
funcionário. Nessa conduta, o crime se consuma no momento da EFETIVA OBTENÇÃO da
vantagem.

A pena SERÁ AUMENTADA DA METADE se o PARTICULAR quando praticar o TRÁFICO DE


INFLUÊNCIA der a entender (ALEGAR, INSINUAR) que parte daquela VANTAGEM será
DESTINADA AO FUNCIONÁRIO PÚBLICO.
Se sua questão falar que o particular solicita ou recebe dinheiro a PRETEXTO DE INFLUIR
em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha, possivelmente, estaremos diante da EXPLORAÇÃO DE
PRESTÍGIO, e não do TRÁFICO DE INFLUÊNCIA.

CORRUPÇÃO ATIVA – RECLUSÃO de 2 a 12 anos + Multa (+ UM TERÇO)


Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir
ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

A CORRUPÇÃO ATIVA é o crime praticado por PARTICULAR que OFERECE ou PROMETE


vantagem indevida a funcionário público para o funcionário público PRATICAR, OMITIR
OU RETARDAR ATO DE OFÍCIO

1ª QUESTÃO. E se o oferecimento da vantagem for dirigido genericamente a todos


servidores? Não se configura o crime de CORRUPÇÃO ATIVA. Assim, se a oferta for
genérica, dirigida a todos, não haverá crime.

2ª QUESTÃO: Qual a principal diferença entre corrupção passiva e corrupção ativa?

CORRUPÇÃO PASSIVA: É UM CRIME PRÓPRIO (PRATICADO) DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO.


CORRUPÇÃO ATIVA: É UM CRIME PRATICADO POR PARTICULAR.

3ª QUESTÃO: Há possibilidade de ocorrer corrupção ativa sem a respectiva corrupção


passiva; e corrupção passiva sem corrupção ativa?

a) Caso em que haverá CORRUPÇÃO PASSIVA sem a correspondente corrupção ativa.


CORRUPÇÃO PASSIVA: O funcionário público SOLICITA (pede – a INICIATIVA é do
funcionário) uma vantagem INDEVIDA, em razão da função. Nesse caso, o particular que
“paga” a vantagem SOLICITADA não comete CORRUPÇÃO ATIVA, visto que o particular não
OFERECEU ou PROMOTEU vantagem indevida.

b) Casos em que haverá CORRUPÇÃO PASSIVA com a correspondente CORRUPÇÃO ATIVA


CORRUPÇÃO PASSIVA: O funcionário público RECEBE de alguém (a INICIATIVA não é do
funcionário) uma vantagem INDEVIDA, em razão da função. Nesse caso, haverá a
correspondente CORRUPÇÃO ATIVA, ou seja, o particular que oferece a vantagem
indevida comete corrupção ativa
O funcionário público ACEITA a PROMESSA de alguém (a INICIATIVA não é do funcionário)
de uma vantagem INDEVIDA, em razão da função. Nesse caso, também haverá a
correspondente CORRUPÇÃO ATIVA, ou seja, o particular que promete a vantagem
indevida comete corrupção ativa.

c) Caso em que haverá CORRUPÇÃO ATIVA sem a correspondente corrupção passiva.


Se o particular OFERECER ou PROMETER (CORRUPÇÃO ATIVA) e o funcionário público NÃO
receber a oferta ou aceitar a promessa, não haverá a correspondente corrupção passiva.
4ª QUESTÃO: Como se consuma a corrupção ativa? O funcionário público precisa receber
ou aceitar a vantagem? O crime se caracteriza (CONSUMA) com o simples oferecimento
da vantagem indevida, independentemente, de aceitação ou recebimento. Para ocorrer o
crime de corrupção ativa, o ato a ser praticado pelo funcionário público não precisa ser
“ilegal”, não precisa “violar dever funcional”.

Agora se o ato violar dever funcional do funcionário, o corruptor ativo terá sua pena
aumentada de um terço.

CONTRABANDO e DESCAMINHO

Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de
órgão público competente;
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial.

Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
pelo consumo de mercadoria.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina
no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou
acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial.

O crime de falsidade pode ser absorvido pelo crime de descaminho: Constatado que a
falsidade ideológica foi o meio pelo qual se buscou iludir o pagamento de direitos ou
tributos incidentes, mostra-se patente a relação de causalidade com o crime de
descaminho, o que atrai a incidência da consunção.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
CONTRABANDO: NÃO se aplica.
DESCAMINHO: Aplica-se.

Parâmetro para aplicação no crime de DESCAMINHO:


STF: aplica o limite de R$ 20.000,00, MAS ATUALMENTE há divergências entre as turmas.

STJ: Julgado recente (2018) em sede de recursos repetitivos - REsp 1.688.878-SP –


aplicava o limite de 10.000,00, mas agora aplica o limite de 20.000,00.

IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA.


Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela
administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
oferecida.

Considerando que dispositivo de LEI ESPECIAL (Lei de Licitações) PREVALECE sobre


dispositivo de LEI GERAL (CÓDIGO PENAL). O CITADO ARTIGO 326 é considerado
REVOGADO pela maior parte da doutrina em face previsão semelhante na Lei 8.666/93
(lei de licitações).

INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL


Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Para proteger EDITAIS PÚBLICOS, que muitas das vezes contém comunicações
importantes, o Código Penal resolveu punir quem rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar
ou conspurcar (SUJAR) edital afixado por ordem de funcionário público.

É EDITAL, então, se alguém rasgar uma PORTARIA, por exemplo, não estará cometendo
o crime em estudo.

Pune-se também quem VIOLA/INUTILIZA SELO/SINAL empregado, por determinação


legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto.
Exemplificando, os fiscais da Anatel normalmente lacram os aparelhos de transmissão de
“rádios ilegais/clandestinas”. É comum o PARTICULAR violar tais lacres, cometendo, em
tese, o crime descrito.

Por fim, se o EDITAL/SELO/SINAL já tiver atingido sua finalidade, não foi mais útil (tiver
cumprido o prazo, por exemplo), não haverá crime.

SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO.


Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à
custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Os objetos que não podem ser SUBTRAÍDOS ou INUTILIZADOS são LIVRO OFICIAL,
PROCESSO ou DOCUMENTO confiado à custódia de funcionário público (em razão de
ofício) ou confiado à custódia de particular em serviço público.

1- SUBSIDIARIEDADE EXPRESSAMENTE: só haverá responsabilização pelo crime de


“SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO” se a conduta não importar
em crime mais greve.

2 – CONFLITO COM OUTROS TIPOS PENAIS

SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO: é um crime praticado por


PARTICULAR contra a Administração em Geral

EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO: é um crime


praticado por FUNCIONÁRIO PÚBLICO contra a Administração em Geral, consiste em
extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.

SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO: é um crime contra a


ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA, sendo praticado por ADVOGADO/PROCURADOR, consiste
em inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto
de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador.

SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA


Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas:
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
equiparado que lhe prestem serviços;
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas
dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais
fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

O crime é SUPRIMIR ou REDUZIR contribuição social previdenciária (ou qualquer


acessório) mediante determinadas condutas.

Trata-se de um CRIME MATERIAL.

O crime exige o dolo (a intenção) de suprimir ou reduzir contribuição social


previdenciária.

Para a maioria da doutrina tal CRIME é OMISSIVO.

EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE
Art. 337-A. (...)
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias
ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal.

Deve ser ESPONTÂNEA, NA FORMA DA LEI/REGULAMENTO e ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO


FISCAL. Veja que não se exige o efetivo pagamento.

PERDÃO JUDICIAL ou APLICAÇÃO SOMENTE DE MULTA


Art. 337-A.(...)
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
bons antecedentes, desde que:
I - VETADO
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

Veja então que é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa:
- o agente for primário e de bons antecedentes; e
- o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais

HIPÓTESE DE DIMINUIÇÃO DE PENA


Art. 337-A.
(...)
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um
mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de
multa.
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do
reajuste dos benefícios da previdência social.

Dos crimes contra as finanças públicas

2) Crimes de responsabilidade.

13) Processo e julgamento. Dos crimes de responsabilidade. Dos crimes contra a administração
pública.

3) Direito Penal Tributário: natureza jurídica da infração tributária.

4) Princípios do Direito Penal Tributário. Evasão, elisão, sonegação e fraude.


5) Diferentes tipos de infração tributária. Tentativa. Tipicidade. Irretroatividade da norma penal
tributária.

6) A subjetividade na infração tributária e causas que eliminam a subjetividade. A sanção


tributária em geral.

7) Causas de extinção da punibilidade. Lei nº 8.137/90.

8) Crimes e penas na Lei nº 8.666/93.

9) Crimes contra o meio ambiente.

10) Crimes contra o patrimônio público.

11) Inquérito policial: Conceito. Instauração. Procedimento. Prazos.

12) Ação penal pública: condicionada, incondicionada. Privada. Privada subsidiária. Formas de
procedimento. Jurisdição e competência. Competência originária dos Tribunais de Justiça em
matéria penal.

CICLO 2

LINGUA PORTUGUESA: (5q)

Intelecção de textos: verbais e não-verbais.

Estilística: funções da linguagem. Formas de discurso: direto, indireto e indireto livre.

Morfossintaxe: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, preposição, conjunção,


preposição, conjunção e verbo (flexões em tempo, modo, número e pessoa).

Advérbio em suas diversas circunstâncias, vozes do verbo.

Oração, frase e período.

Termos constituintes da oração: essenciais, integrantes e acessórios. Coordenação e


subordinação.

Sintaxe de concordância, de regência e de colocação.


Acentuação gráfica. Crase. Pontuação. Ortografia.

Semântica: sinonímia, antonímia, homonímia, parônima, polissemia, denotação e conotação,


figuras de linguagem e vícios de linguagem.

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MUCURI: (5q)

Geografia de Mucuri: Meios de transporte e comunicação, limites, território, povoados, distritos,


pontos extremos, relevo, clima, hidrografia, desenvolvimento humano, economia, extrativismo,
pontos turísticos e folclore).

História de Mucuri: 2. As Autoridades (municipais e Serviços Públicos). 3. Símbolos do município.


4. Datas Cívicas e Sociais. 5. Acontecimentos importantes ocorridos em Mucuri. 6. Formação do
Município de Mucuri (período pré-emancipatório ao contemporâneo). 7. Obras e feitos
relevantes realizados por entes públicos e particulares no âmbito Municipal. 8. Personalidades
que marcaram história no contexto local. 9. Os grandes desafios enfrentados pela população
mucuriense no decorrer de sua história. 10. Produção cultural local. 11. Agentes políticos.

ATUALIDADES NO AMBITO NACIONAL: Conhecimentos marcantes do cenário cultural, político,


científico, econômico e social no Brasil e no mundo. Princípios de organização social, cultural,
saúde, meio ambiente, política e econômica brasileira. Análise dos principais conflitos nacionais.

ATUALIDADES NO AMBITO INTERNACIONAL: Assuntos de interesse geral internacional -


amplamente veiculados, nos últimos dois anos, pela imprensa falada ou escrita de circulação
nacional ou local - rádio, televisão, jornais, revistas e/ou internet.

VII - Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA;

VIII - Lei Maria da Penha;

IX - Estatuto do Idoso.

X- ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: Ética, moral, princípios e valores. Ética e democracia: exercício da
cidadania. Ética e função pública. Ética no setor público. Lei n°. 8.429/1992: disposições gerais.
Atos de improbidade administrativa.

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