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Faculdade FATESP

Curso: Sst/ Administração/ Ciências Contábeis


Disciplina: Redação Técnica
Profa.: Keyla Christianne
Nome: _______________________________________

Eutanásia
Introdução
A morte é a única certeza que temos na vida, mas o assunto ainda é considerado um tabu. Alguém pode
decidir como e quando devemos morrer? Recentemente, o Brasil conviveu com uma situação em que não está
acostumado. Durante os Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, a atleta belga Marieke Vervoot, de 38
anos, causou polêmica ao anunciar para os fãs e para a mídia que já estava com toda a documentação necessária
para a realização da eutanásia. Ela sofre de uma doença incurável e progressiva que atinge os músculos.
Além da Bélgica, atualmente, a eutanásia ou suicídio assistido estão regulamentados na Holanda, em
Luxemburgo, na Colômbia (por uma resolução do Tribunal Constitucional) e nos Estados Unidos, no Oregon,
em Washington, em Montana, em Vermont e na Califórnia. Na Suíça, por sua vez, a eutanásia não foi
regulamentada, mas o Código Penal não prevê punição para quem ajudar o outro a morrer, desde que seja por
razões altruístas. O Canadá é o último país a ter regulamentado a prática.
A eutanásia ainda é um assunto complexo e polêmico, já que se trata da discussão da legitimidade da
escolha do paciente, portador de uma doença incurável e em sofrimento constante, pela morte. A palavra tem
origem grega (eu + thanatos) e significa “boa morte” ou “morte correta”.
De maneira geral, a eutanásia é defendida por aqueles que acreditam na liberdade de escolha do
indivíduo sobre sua própria vida no momento em que a dor física de uma doença incurável passe a ser
insuportável para o paciente e sua família. Os que argumentam contra a prática geralmente se pautam na crença
religiosa (cristianismo e o judaísmo) de que apenas Deus tem o poder de dar ou de tirar a vida.
As formas da prática da eutanásia são a eutanásia ativa e a chamada eutanásia passiva, também
conhecida como ortotanásia. Na eutanásia ativa, o médico realiza algum método para, de forma rápida e
indolor, interromper as funções vitais e, naturalmente, levar à morte do paciente. A ortotanásia, ou a eutanásia
passiva, resume-se na não realização de procedimentos de ressuscitação no caso de falha crítica dos órgãos do
paciente, bem como a não adoção de métodos invasivos e artificiais de manutenção da vida biológica, como
aparelhos de ventilação pulmonar, caso o paciente (ou seus familiares responsáveis — se o doente não possui
mais suas faculdades mentais) decida por isso.

A eutanásia no Brasil e no mundo


No Brasil, a eutanásia é considerada como crime de homicídio, uma vez que, em nossa Constituição, a
vida é vista como um direito inviolável.
A pena para o ato é de 6 a 20 anos de reclusão. No entanto, existem atenuantes que são aplicados nos
casos em que existe o pedido do paciente em torno do alívio de um sofrimento latente e inevitável. Se assim
acontecer, o ato é entendido como “homicídio privilegiado”, podendo haver a redução da pena em um sexto
ou um terço de acordo com a decisão do juiz.
A eutanásia ainda é um tabu para grande parte das sociedades que entendem que a vida ainda é o bem
mais precioso de um ser humano. O argumento, embora esteja absolutamente correto, passa a ser contestado
no momento em que o sofrimento agudo torna-se a realidade constante do indivíduo. Há ainda o debate acerca
da laicidade do Estado, que deve defender todo o direito de crenças e ainda o direito de não ter uma crença
religiosa, de tal forma que aqueles que decidam por não possuir tal crença não tenham que se submeter aos
valores religiosos de outros.

Eutanásia e Ortotanásia: o cidadão tem direito de morrer?


As discussões sobre eutanásia e ortotanásia são muito realizadas no âmbito jurídico brasileiro e
envolvem toda uma gama de influências e considerações necessárias, como pontos religiosos, éticos, morais,
humanitários e legais.
Falar sobre eutanásia e ortotanásia sob a perspectiva legal é complexo, pois envolve a relativização de
um dos direitos fundamentais mais importantes do indivíduo protegido pela Constituição Federal – a vida. A
discussão obriga que as pessoas pensem na vida não mais como um direito, mas como um peso que é imposto
– e esta perspectiva costuma ser conflituosa com todos os pressupostos morais comuns às pessoas.

O direito fundamental à vida


No Brasil, um dos direitos fundamentais mais bem estabelecidos é o direito fundamental à vida, não
havendo muita discussão sobre sua instituição, uma vez que se entende que este é, de fato, um bem jurídico
essencial.
Os direitos fundamentais possuem algumas características estruturais comuns a todos eles. Entre as seis
características estruturais está a “indisponibilidade dos direitos fundamentais”. Ela quer dizer que, embora o
direito fundamental pertença diretamente a um titular (no caso da vida, à pessoa que a detém), este direito não
é disponível para que a pessoa faça o que bem entender dele. No caso da discussão entre eutanásia e
ortotanásia, entende-se que a pessoa viva está disponibilizando o encerramento de sua vida em troca de
alguma sensação de solidariedade, ferindo a característica de indisponibilidade.

O indivíduo tem direito de escolher sua morte?


Segundo a lei brasileira, não.
A prática de eutanásia e ortotanásia não é uma conduta lícita e sofre sanções criminais relativas a um
assassinato. Emboras alguns países já entendam estas ações como aceitáveis, a lei brasileira ainda as interpreta
como crimes.
Há, no entanto, a noção de crime privilegiado. É a ideia de que eutanásia e ortotanásia, embora
representem um homicídio, são baseados em preceitos de solidariedade e, até mesmo, respeito ao indivíduo
morto. Isso gera atenuações na pena recebida, de acordo com cada caso.

A eutanásia no Brasil no âmbito jurídico


Hoje, no Brasil a eutanásia é crime, podendo caracterizar o ilícito penal de várias formas, vejamos uma
delas; caso um terceiro, médico ou familiar do doente terminal lhe dê a morte, estaremos diante do homicídio,
que, eventualmente teria tratamento penal privilegiado, atenuando-se a pena, pelo relevante valor moral que
motivou o agente, assim o juiz poderia reduzir a pena de um sexto a um terço.
Esse homicídio, mesmo privilegiado, não leva em conta, se houve ou não consentimento da vítima para
descaracterizar o crime, aliás, mesmo em havendo tal consentimento, se haveria de desconfiar sobre sua lucidez
e independência para decidir sobre a própria vida.
Neste particular fica fácil entender porque alguém doente, terminal ou não, mas que sofre dores atrozes,
pede a morte, mesmo sem pretender morrer, objetivando somente aliviar aquele sofrimento. O parâmetro é
quando uma leve enfermidade nos arrebata e embora não seja incurável, terminal ou extremamente dolorosa,
basta alguma dor, para o desespero alucinar o raciocínio.
Outra forma de crime eutanásico é quando o terceiro auxilia o próprio doente para que este se lhe dê
a própria morte. Trata-se da modalidade criminosa do auxílio ao suicídio, pois pune-se alguém que estimulando,
induzindo ou auxiliando, colabora para que o doente se mate. Neste exemplo, as formas de colaboração são as
mais diversas, desde o fornecimento de uma arma, até a colocação de equipamentos vitais, ao alcance do
doente, que ao desligá-lo vem a falecer. A instigação e o induzimento, embora de prova difícil, poderá ser
determinante para que a eutanásia se consume.
Assim, a única forma que a legislação atual brasileira não pune, é quando o doente, absolutamente
sozinho se mata, por iniciativa e vontade própria, neste caso, nem mesmo a tentativa pode ser punida, uma vez
que se o agente quer se dar a pana máxima, de nada adiantaria lhe atribuir uma punição para que não reitere
nessa conduta. Seria absurdo se pensar contrariamente. No mundo todo existem gigantescas resistências à
aprovação de lei que autorize a eutanásia, isto porque os interesses mundanos que poderiam estar revestidos
de piedade, teriam um verdadeiro salvo conduto, para que o agente cometesse o crime e fosse perdoado, talvez
até parabenizado por sua piedade extrema.

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