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REFUTANDO A DOUTRINA DA REPROVAÇÃO

DO CALVINISMO

Os calvinistas concordam entre si de que Deus elegeu


certas pessoas para salvação e reprovou outras. A reprovação,
como concisamente definida por um calvinista, é “o decreto de
Deus, que o destino de certos homens será a morte eterna e
separação de Deus por toda a eternidade”. Embora tenha o seu
significado deformado pelos calvinistas, a reprovação, assim
como a eleição, é uma doutrina bíblica.
Embora a palavra reprovação não ocorra na Bíblia, a
forma reprovado ocorre quatro vezes e o plural reprovados três
vezes. A palavra reprovado ocorre apenas uma vez no Velho
Testamento: “Prata rejeitada lhes chamarão, porque o SENHOR
os rejeitou” (Jr 6.30). Neste caso, a palavra “reprovada” é
claramente definida no versículo com a razão para ela dada no
contexto. Eles foram reprovados porque foram rejeitados. Por
que eles foram rejeitados? Por causa de um decreto eterno e
soberano? O Senhor disse: “Ponde-vos nos caminhos, e vede, e
perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai
por ele; e achareis descanso para as vossas almas.” Mas eles
responderam: “Não andaremos nele” (Jr 6.16). O Senhor disse
novamente: “Também pus atalaias sobre vós, dizendo: Estai
atentos ao som da trombeta.” Mas eles responderam novamente:
“Não escutaremos” (Jr 6.17). Portanto, eles foram reprovados
“porque não estão atentos às minhas palavras, e rejeitam a
minha lei” (Jr 6.19).
Passando para o Novo Testamento, descobrimos que as
formas da palavra reprovado são usadas seis vezes em quatro
contextos. A primeira ocorrência está em Romanos: “E assim
como não investigam o conhecimento inerente a Deus, rendeu-os
Deus a uma mente reprovada, a práticas inconvenientes” (Rm
1.28). Porque eles “mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível” (Rm 1.23), Deus
“os entregou às concupiscências” (Rm 1.24). Porque eles
“mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram
mais a criatura do que o Criador” (Rm 1.25), Deus “os abandonou
às paixões infames” (Rm 1.26). E porque eles “não se
importaram de ter conhecimento de Deus” (Rm 1.28), Deus
“rendeu-os a uma mente reprovada” (Rm 1.28). Assim como
Deus não ordenou suas “concupiscências” ou suas “paixões
infames,” da mesma forma Deus não ordenou sua “mente
reprovada.”
John Murray descreveu uma “mente reprovada” como
“abandonada ou rejeitada por Deus, tornando-se incapaz de
qualquer atividade digna de aprovação ou estima.” E notem
algumas dessas “coisas que não convêm” que esses
abandonados a uma “mente reprovada” cometeram: injustiça,
fornicação, cobiça. Após nomear estes pecados (1Co 6.9-10),
Paulo disse sobre os coríntios: “E é o que alguns têm sido” (1Co
6.11). Os gentios que Deus abandonou “a uma mente reprovada”
eram alguns dos convertidos de Paulo. Isto mostra que embora
uma mente reprovada era uma mente que Deus não podia
aprovar, Deus não criou ninguém reprovado. Alguém é um
reprovado por causa de algo que faz. E não há nada que sugere
que um reprovado está numa condição permanente, irreversível.
Os dois últimos usos do singular reprovado são encontrados nas Epístolas Pastorais:
E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também
estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de
entendimento e réprobos quanto à fé (2Tm 3.8).

Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras,


sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a
boa obra (Tt 1.16).

Por que alguns homens eram “réprobos quanto à fé”?


Porque foi eternamente decretado? De forma alguma. É dito que
eles resistiram à verdade porque “aprendem sempre, e nunca
podem chegar ao conhecimento da verdade” (2Tm 3.7). Clark diz
que estes homens “falharam no teste da fé.” Isto está em
contraste com aqueles que obedecem as palavras de Paulo:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado” (2Tm 2.15). Note no
versículo seguinte que é para “toda boa obra” que estes são
reprovados; a salvação de ninguém não está sequer em vista.
Quando sua profissão é colocada à prova em uma boa obra –
eles falham no teste. Em ambos os casos, Deus não os fez
reprovados. Eles foram reprovados por causa de algo que
fizeram. E não há nada que sugere que um reprovado está numa
condição permanente, irreversível.
O plural reprovados ocorre três vezes em três versículos:

Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-


vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que
Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.
Mas espero que entendereis que nós não somos reprovados.
Ora, eu rogo a Deus que não façais mal algum, não para que
sejamos achados aprovados, mas para que vós façais o bem,
embora nós sejamos como reprovados (2Co 13.5-7).

A questão da interrogação de Paulo era porque os coríntios


buscavam “uma prova de Cristo que fala em mim” (2Co 13.3),
não porque Paulo desejava saber se os coríntios eram “eleitos”
ou “reprovados.” Como prova que Cristo estava falando através
dele, Paulo aconselhou os coríntios a examinar a si mesmos. Seu
veredito acerca de si mesmos igualmente será seu veredito sobre
ele porque eles devem sua salvação a ele (At 18.1, 4, 8). Para
afirmar que Cristo estava neles, os coríntios tinham que afirmar
que Cristo estava de fato falando através de Paulo. Se eles não
eram reprovados então Paulo não era um reprovado. Se Paulo
fosse um reprovado então da mesma forma eram eles. Note o
contraste entre “provai” e “reprovados” (2Co 13.5) e “aprovados”
e “reprovados” (2Co 13.7). A reprovação tinha a ver com falhar
em um teste e ser desaprovado. Se Cristo não está em um
homem então ele é um reprovado. Isto não significa que Deus o
tornou em um reprovado. Significa, entretanto, que um homem é
um reprovado por causa de algo que faz. E não há nada que
sugere que um reprovado está numa condição permanente,
irreversível.

Quem acredita na Depravação Total deve certamente


entender como isto pode acontecer. Além disso, os homens são
obviamente reprovados por causa de algo que fazem – não
porque “o que será será.” E além do mais, nenhum reprovado
está numa condição permanente, irreversível,

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