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CENTRO EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI

3ºE.M.B

ARTUR CAPANO
CAIO GOMES
GUSTAVO GOMES
VITOR OLIVEIRA
YURI RATTI

MITOLOGIA ROMANA E NÓRDICA

MAUÁ/SP
2010
CENTRO EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI
3ºE.M.B

ARTUR CAPANO
CAIO GOMES
GUSTAVO GOMES
VITOR OLIVEIRA
YURI RATTI

MITOLOGIA ROMANA E NÓRDICA

Trabalho referente a disciplina

de História do Terceiro Ano

do Ensino Médio
"Centro Educacional Leonardo da Vinci"

Orientado pela professora Doris Ana Kohls

Realizado pelos alunos Artur Capano, Caio Gomes, Gustavo Gomes, Vitor Alessio e Yuri Ratti.

MAUÁ/SP
2010
"Os pequenos atos que se executam

são melhores que todos aqueles grandes

que se planejam"

(George C. Marshall)
3

Sumário

CAPÍTULO 1. MITOLOGIA ROMANA

1. Introdução.........................................................................................................6
2. História............................................................................................................10
3. A Influência Grega..........................................................................................13
4. Deuses Romanos e sua relação com a Mitologia Grega...............................16
4.1 Baco..........................................................................................................19
4.2 Ceres........................................................................................................19
4.3 Consus......................................................................................................20
4.4 Cibele........................................................................................................20
4.5 Cupido.......................................................................................................21
4.6 Diana.........................................................................................................22
4.7 Esculápio..................................................................................................22
4.8 Fauno........................................................................................................23
4.9 Fortuna......................................................................................................24
4.10 Jano........................................................................................................24
4.11 Juno........................................................................................................25
4.12 Júpiter.....................................................................................................25
4.13 Lupércio..................................................................................................26
4.14 Marte.......................................................................................................27
4.15 Mercúrio..................................................................................................27
4.16 Minerva...................................................................................................28
4.17 Netuno....................................................................................................29
4.18 Pales.......................................................................................................29
4.19 Plutão......................................................................................................30
4.20 Quirino....................................................................................................30
4.21 Saturno...................................................................................................31
4.22 Silvano....................................................................................................32
4.23 Tellus......................................................................................................32
4.24 Venus......................................................................................................32
4.25 Vesta.......................................................................................................33
4.26 Vulcano...................................................................................................34
5. Decadência.....................................................................................................35
6. Resumo...........................................................................................................37
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CAPÍTULO 2. MITOLOGIA NÓRDICA

7. Introdução.....................................................................................................39
8. História............................................................................................................40
8.1 A guerra do bem e do mal........................................................................41
8.2 Surge a Terra............................................................................................42
8.3 Os dois primeiros seres............................................................................43
8.4 O caso dos Deuses..................................................................................43
9. Clãs.................................................................................................................46
9.1 Æsir...........................................................................................................47
9.2 Vanir..........................................................................................................48
9.3 Lotnar........................................................................................................49
10. Lugares.........................................................................................................50
10.1 Asgard.....................................................................................................50
10.2 Midgard...................................................................................................51
10.3 Jotunheim...............................................................................................52
10.4 Vanaheim................................................................................................52
10.5 Alfhein.....................................................................................................53
10.6 Musphelheim..........................................................................................53
10.7 Svartalfheim............................................................................................53
10.8 Nidavellir.................................................................................................54
10.9 Nilflheim..................................................................................................54
11. Principais Deuses.........................................................................................55
11.1 Odin........................................................................................................55
11.2 Frigga......................................................................................................55
11.3 Thor.........................................................................................................55
11.4 Loki.........................................................................................................56
11.5 Tyr...........................................................................................................56
11.6 Frey.........................................................................................................56
11.7 Freya.......................................................................................................56
11.8 Heimdal...................................................................................................57
11.9 Njord........................................................................................................57
11.10 Idun.......................................................................................................57
11.11 Nornes..................................................................................................57
11.12 Dvalin....................................................................................................57
11.13 Valquírias..............................................................................................58
12. Referências Bibliográficas............................................................................59
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CAPÍTULO 1. – MITOLOGIA ROMANA


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1. Introdução

Os romanos ultrapassaram todos os outros povos na sabedoria singular de


compreender que tudo está subordinado ao governo e direção dos deuses. Sua
religião, porém, não se baseou na graça divina e sim na confiança mútua entre
Deuses e Homens; e seu objetivo era garantir a cooperação e a benevolência dos
deuses para com os homens e manter a paz entre eles e a comunidade. Entende-se
por religião romana o conjunto de crenças, práticas e instituições religiosas dos
romanos no período situado entre o século VIII a.C. e o começo do século IV da era
cristã. Caracterizou-se pela estrita observância de ritos e cultos aos deuses, de cujo
favor dependiam a saúde e a prosperidade, colheitas fartas e sucesso na guerra. A
piedade, portanto, não era compreendida em termos de experiência religiosa
individual e sim da fiel realização dos deveres rituais aos deuses, concebidos como
poderes abstratos e não como Divindades Antropomórficas. Um traço característico
dos romanos foi seu sentido prático e a falta de preocupações filosóficas acerca da
natureza ou da divindade. Seus preceitos religiosos não incorporaram elementos
morais, mas consistiram apenas de diretrizes para a execução correta dos rituais.

Também não desenvolveram uma mitologia imaginativa própria sobre a


origem do universo e dos deuses; seu caráter legalista e conservador contentou-se
em cumprir com toda exatidão os ritos tradicionalmente prescritos, organizados
como atividades sociais e cívicas. O ceticismo religioso chegou a ser uma atitude
predominante na sociedade romana em face das guerras e calamidades, que os
deuses, apesar de todas as cerimônias e oferendas, não conseguiam afastar. O
historiador Tacitus comentou amargamente que a tarefa dos deuses era castigar e
não salvar o povo romano.

A índole prática dos romanos manifestou-se também na política de


conquistas, ao incorporar ao próprio panteão os deuses dos povos vencidos. Sem
teologia elaborada, a religião romana não entrava em contradição com essas
deidades, nem os romanos tentaram impor aos conquistados uma doutrina própria.
Durante a república, no entanto, foi proibido o ensino da Filosofia Grega, porque os
filósofos eram considerados inimigos da ordem estabelecida. Os valores dominantes
da cultura romana não foram o pensamento ou a religião, mas a retórica e o direito.
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Com as crises econômicas e sociais que atingiram o mundo romano, a antiga


religião não respondeu mais às inquietações espirituais de muitos e, a partir do
século III a.C., começaram a se difundir religiões orientais de rico conteúdo
mitológico e forte envolvimento pessoal, mediante ritos de iniciação, doutrinas
secretas e sacrifícios cruentos. Nesse ambiente verificou-se mais tarde a chegada
dos primeiros cristãos, entre eles os apóstolos Pedro e Paulo, com uma mensagem
ética de amor e salvação. O cristianismo conquistou o povo, mas seu irrenunciável
monoteísmo chocou-se com as cerimônias religiosas públicas, nas quais se baseava
a coesão do estado, e em especial com o culto ao imperador. Depois de sofrer
numerosas perseguições, o cristianismo foi reconhecido pelo imperador
Constantinus I no ano 313 d.C. São escassas as fontes que permitem reconstruir a
vida da primitiva Roma, pequena cidade-estado que se formou por volta do século
VIII a.C. A descrição mais antiga é do historiador romano Marcus Terencius Varrão,
do século I a.C., mas seu testemunho já mostra a grande influência da Cultura
Grega, que motivou a reinterpretação da tradição religiosa.

No período de formação original, a religião dos romanos já apresentava


características utilitárias, em que as preocupações se centravam na satisfação das
necessidades materiais, como boas colheitas e a prosperidade da família e do
estado em tempo de paz e de guerra. Entre os deuses mais importantes dessa
época estão Júpiter, deus do céu, o maior deles; Marte, deus da guerra; Quirino,
protetor da paz, identificado depois com Rômulo; e Juno, cuja função principal era
dirigir a vida das mulheres. Outras deidades menores eram figuras vagas de funções
limitadas e claramente definidas. Como os deuses maiores, tinham poderes
sobrenaturais e, pelo culto adequado, podiam ser induzidos a empregá-los em
benefício dos adoradores.

A curiosidade dos romanos, porém, não passava desse ponto: os deuses não
tinham mitos, não formavam casais e não tinham filhos. Os romanos não tinham
também uma casta sacerdotal; seus ritos eram executados com meticulosa exatidão
por chefes de família ou magistrados civis. Essas atividades clericais, porém, eram
reguladas por colégios sacerdotais. Na segunda metade do século VI a.C., os
Etruscos conquistaram a cidade de Roma e introduziram nas práticas religiosas o
8

culto às estátuas dos deuses, os templos, a adivinhação mediante o escrutínio das


entranhas de animais sacrificados e do fogo e maior solenidade nos ritos funerários.

O primitivo calendário religioso lunar, de dez meses, foi substituído pelo


calendário solar de 12 meses. Nesse período ocorreu a incorporação de deuses que
não eram apenas etruscos. Júpiter ganhou como consortes Juno e Minerva, uma
união que resultou da influência grega, já que as duas deusas foram identificadas
como Hera e Atena, mulher e filha de Zeus. Vênus e Diana surgiram de fontes
italianas. Entre os deuses incorporados ao panteão romano por influência etrusca
estão Vulcano, deus do fogo, e Saturno, divindade de funções originais obscuras. O
Período Republicano, do século V ao século I a.C., caracterizou-se pela ampliação
da influência da cultura grega, cujos mitos revitalizaram os deuses romanos ou
introduziram novas divindades, como Apolo, que não tinha um equivalente romano
geralmente reconhecido, e Esculápio.

Outro costume importado da Grécia foi convidar os deuses para o banquete


sagrado, o Lectisternium, no qual eram representados por suas estátuas e
associados em casais, como Júpiter e Juno, Marte e Vênus etc. As figuras juntas
nos banquetes formaram o grupo grego popular e típico de 12 deuses. Foram
introduzidos ainda cultos orgiásticos do Oriente Médio, como o da deusa Cibele, a
Grande Mãe, e o de Dionísio, que em Roma foi identificado como Baco.

O imperador Augustus quis reavivar os cultos tradicionais - ele mesmo foi


divinizado após a morte - e reconstruir os templos antigos. A crescente demanda por
uma religião mais pessoal, porém, que nem as religiões tradicionais gregas nem as
romanas eram capazes de satisfazer, foi atendida por vários cultos do Oriente
Médio, que prometiam a seus seguidores o favor pessoal da divindade e mesmo a
imortalidade se certas condições fossem atendidas, entre elas a iniciação secreta
em ritos misteriosos. O primeiro deles foi o de Ísis que, embora de origem egípcia,
sofreu modificações em sua passagem pela Grécia. Depois veio o culto de Atis,
consorte da Grande Mãe, e por último o de Mitra, de origem Persa, que se tornou o
predileto dos soldados romanos. No último período do Império Romano,
desenvolveu-se de forma particular o culto ao Sol, e o imperador Aurelianus
proclamou como suprema divindade de Roma o Sol Invicto.
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Mas essas tentativas de reavivar uma religião que sempre servira aos
interesses do estado fracassaram, ante a expansão do Cristianismo que, em 391, foi
declarado religião oficial do estado pelo imperador Theodosius I, que suprimiu o
culto tradicional.
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2. História

Muito pouco se sabe da religião romana primitiva, mas pensa-se que estaria
intimamente associada às populações agrícolas primitivas que ocupavam a zona
correspondente à península itálica e arredores. Até nós chegou a religião do antigo
Império Romano, baseada na fusão e adoção de cultos estrangeiros, sobretudo
orientais e gregos, e que durante séculos preencheu o imaginário de poetas e
artistas. Constituída por várias crenças, rituais e outras observâncias respeitantes ao
sobrenatural, a mitologia romana era considerada a religião do Império Romano.

A religião original dos primeiros romanos foi de tal modo alterada, pela fusão
e adoção de numerosas e conflituosas crenças, e pela assimilação de uma grande
parte da mitologia grega, que a sua reconstituição precisa é uma tarefa impossível.
As grandes alterações na religião haviam já ocorrido antes do início da tradição
literária, de tal modo que as suas origens eram desconhecidas para os primeiros
escritores romanos. Grandes escritores clássicos, como Ovídio, recorriam
frequentemente às crenças gregas para preencher as falhas da tradição romana. O
ritual romano distinguia claramente duas classes de deuses: os di indigetes e os de
novensides. Os di indigetes eram os deuses originais do Estado Romano e os seus
nomes e características eram claramente indicados pelos seus títulos, atribuídos
pelos primeiros sacerdotes, e pelos festivais que preenchiam o calendário romano.
Os novensides eram deuses cujo culto foi posteriormente introduzido na cultura
romana. As primeiras divindades romanas incluíam, para além dos di indigetes, um
alargado leque de deuses ditos especialistas, que eram invocados no cumprimento
de diversas atividades como, por exemplo, durante as colheitas.

Fragmentos de antigos rituais revelam que em diferentes fases da mesma


operação eram invocados diferentes deuses, cujo nome derivava geralmente do
verbo respeitante à dita ação. Estas divindades, suscetíveis de agrupamento sob a
designação geral de auxiliares, eram invocadas juntamente com outros deuses de
maior importância. O caráter dos di indigetes e os festivais a si dedicados mostram
que os primeiros romanos não faziam apenas parte de pequenas comunidades
agrícolas, mas também participavam com frequência em guerras. Os deuses
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representavam distintamente as necessidades práticas do dia-a-dia, de acordo com


as características das diferentes comunidades. Em seu nome eram praticados rituais
e dedicadas oferendas, conforme parecia mais adequado às ditas comunidades.

Trinta dos deuses di indigetes eram venerados em festivais especiais. Os dias das
festas se introduziram em um calendário. Na maioria dos casos, esses Deuses,
considerados menores, tinham qualidades abstratas e não tinham correspondência exata
com os Deuses gregos. Entre eles, destacamos : Abundantia, Ann Perenna, Carmenta,
Clementia, Corus, Dea Dia, Dea Tacita, Faustitas, Febris, Fides, Feronia, Honos, Fraus,
Indivia, Jana, Juno, Lares, Lucina, Lupercus, Mefitis, Mena, Moneta, Naenia, Nundina,
Orbona, Paventia, Pietras, Pomona, Porus, Pudicitia, Semonia, Statanus, Suedela, Vacuna,
Vica Pota, Virtus, Vitumnus, Volumna.

Assim, Jano e Vesta eram os guardiães da porta e da lareira, os Lares


protegiam o campo e a casa, Palas, as pastagens, Saturno as sementeiras, Ceres o
crescimento dos cereais, Pomona a fruta, Consus e Ope a colheita. Até mesmo
Júpiter, senhor de todos os deuses, era honrado pela ajuda que as suas chuvas
davam aos campos semeados e vinhas. De forma mais abrangente, Júpiter era
considerado o responsável pelas diversas atividades humanas e protetor dos
Romanos nas suas campanhas militares.

De grande importância, nos primeiros tempos, eram os deuses Marte e


Quirino, que eram frequentemente confundidos e associados. Marte era o deus dos
jovens e das suas atividades, nomeadamente a guerra, sendo honrado e cultuado
nos meses de Março e Outubro. Quirino seria, segundo estudiosos modernos, o
patrono das comunidades armadas durante os tempos de paz. No topo do panteão
mais antigo estavam precisamente Júpiter, Marte e Quirino, cujos sacerdotes
pertenciam à mais alta ordem, Jano e Vesta. Estes deuses eram pouco
individualizados, nos primeiros tempos, e a sua filiação ou genealogia era escassa.
Ao contrário dos deuses gregos, a sua fisionomia e comportamento não eram
equiparáveis à humana e, por isso, não existiam histórias ou lendas sobre as suas
atividades.

A dado momento, a tríade do Capitólio, constituída por Júpiter, Juno e


Minerva, assumiu o principal papel na religião romana. A adoção de deuses
estrangeiros ocorreu à medida que o Império foi alargando as suas fronteiras e,
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rapidamente, os romanos concederam aos deuses locais das províncias as mesmas


honras dedicadas aos primeiros deuses, característicos do Estado Romano. Alguns
deuses estrangeiros eram, inclusivamente, honrados com a construção de templos
em Roma, hábito intensificado com o crescimento da cidade e a chegada de
estrangeiros.

As mais importantes divindades romanas foram gradualmente identificadas


com os deuses Gregos, com características antropomórficas, cujos atributos e mitos
foram também adotados. O calendário religioso romano refletia a hospitalidade
perante o culto de divindades dos territórios conquistados. Originalmente, os
festivais religiosos romanos eram muito escassos e alguns dos mais antigos
sobreviveram até ao fim do império pagão, preservando na memória os ritos
propiciatórios de uma antiga comunidade agrícola. Com a adoção de deuses
estrangeiros, foram introduzidos novos festivais para marcar a naturalização dos
mesmos. O número de templos, em Roma, e a sua arquitetura refletia a
receptividade da cidade a cultos estrangeiros. O templo de Ísis e Serapis (Osíris), no
Campo de Marte, construído em materiais egípcios e ao estilo egípcio, é um dos
testemunhos da heterogeneidade dos monumentos religiosos romanos.

A adoção das qualidades antropomórficas dos deuses gregos e o estudo da


filosofia grega, entre outras causas, levaram ao esquecimento dos antigos ritos e ao
desaparecimento da classe sacerdotal ligada aos mesmos. A religião romana, no
contexto imperial, tendia a uma progressiva centralização e identificação com a
figura do imperador. Durante o Império, um grande número de cultos estrangeiros
disseminou-se, atingiu a popularidade e ocupou o lugar dos antigos deuses
romanos, como o culto egípcio de Ísis. Apesar das inúmeras perseguições, que
recuavam ao tempo de Nero (imperador romano), o cristianismo foi, aos poucos,
adquirindo adeptos e tornou-se religião oficial do Império, durante o reinado de
Constantino.

Classe Sacerdotal

1. Os Pontífices: encarregados dos ritos.

2. As Vestais: encarregadas de manter acesa o fogo sagrado da Deusa Vesta, com voto de
virgindade.

3. Os Augures: observando o vôo das aves, adivinhavam a vontade dos Deuses.


13

3. A Influência Grega

As primeiras divindades romanas incluíam numerosos Deuses, onde cada um


protegia um tipo de atividade humana. Se invocava essa série de Deuses quando se
tratava de relacionar uma atividade muito específica. No caso da colheita, um velho
ritual acompanhava o ato de semear ou arar a terra. Em cada fase da operação
(semear-colher) se invocada uma divindade diferente, cujo nome derivava
regularmente do verbo correspondente ao ato que se realizava. Nesse caso se
tratava de Deuses secundários ou subalternos a quem se invocava junto com as
divindades maiores ou superiores.

O primitivo povo romano, como muitos outros, um povo de agricultores


durante sua etapa lendária, também eram grandes guerreiros. Aqui há uma estreita
relação entre os Deuses e as necessidades práticas da vida cotidiana.

Para os romanos, o mais sagrado era a casa e o fogo do lar. Cada casa tinha
seus Deuses. Se realizava o culto aos Deuses protetores do campo e do lar,
conhecidos como Lares; aos espíritos dos parentes mortos, denominados de Manes;
aos Diparates (alma dos antepassados); aos Penates (Deuses da família, protetores
das provisões) e aos protetores da faculdade procriadora do homem, chamados de
Gênios.

A expansão romana teve como conseqüência a aceitação dos Deuses nativos


de seus vizinhos. Ao que parece, os romanos não tiveram nenhum problema para
conduzir os Deuses recém assimilados para seus próprios templos. Mesmo quando
a população e as cidades cresceram, aos estrangeiros ou conquistados, sempre foi
permitido o culto de seus próprios Deuses. Graças a esse processo de assimilação
cultural, junto com Castor e Pólux (filhos de Tíndaro e Zeus), parecem haver
contribuído ao panteão romano Diana, Minerva, Hércules, Vênus e outras divindades
menores. Alguns ídolos eram romanos e outros procediam da vizinha Grécia.

Cibele era considerada a primeira Deusa da religião oriental que chegou a


Roma. Chegou junto com seu amante, Atis, pois se tratavam de um casal divino.
Cibele, chamada de "Grande Mãe", simbolizava a fertilidade e o poder da Natureza.
O símbolo do culto de Cibele era um meteorito negro. Nas cerimônias de seu culto,
14

os fiéis eram borrifados com sangue de suas vítimas, que deviam purificar o homem
e torná-lo imortal. Sem dúvida, trata-se de um ritual bem primitivo.

Do Irã, povo persa, chegou Mitra. Era um Deus-soldado. Mitra era


considerado entre os persas como um intermediário entre as forças boas e más.
Também há conotações de grande violência em seus ritos, pois os fiéis deviam ficar
cobertos pelo sangue de um touro degolado. Era desse modo que o adepto se
convertia em um soldado de Mitra, pois esse, no princípio do mundo, capturou um
grande touro que o simbolizava e o sacrificou por ordem do Deus Sol.

As Deusas e Deuses gregos mais antropomorfos acabaram se identificando


com as Deusas e Deuses romanos mais importantes com cujos atributos e mitos
também se incorporaram.

Os romanos aceitaram com boas graças a incorporação de novos Deuses


procedentes de outras culturas e assim se refletia no calendário religioso romano. E
assim foi feito, quando os povos conquistados também assimilaram os Deuses
romanos. Houve, portanto, uma mescla entre conquistadores e conquistados.

Originalmente haviam poucas festividades romanas. Algumas das mais


antigas sobreviveram até finais do Império pagão, preservando a memória da
fertilidade e os ritos propiciatórios de um primitivo povo agrícola. A incorporação de
novos Deuses e ritos incrementou o calendário religioso e chegou a ser tão
excessivo em número de festas religiosas que ultrapassaram aos dias dedicados ao
trabalho.

Entre as festividades religiosas romanas mais importantes figuravam as


Saturnais, as Lupercais, a Equiria e os jogos Seculares.

As Saturnais se celebravam durante sete dias, de 17 a 23 de dezembro,


durante o período em que começava o Solstício de Inverno. De grande importância
eram essas festas, porque toda a atividade econômica se alterava: tudo se
suspendia e os escravos ficavam livres, embora por um curto espaço de tempo.
Predominava um ambiente de alegria e presentes eram trocados.

As Lupercais era uma antiga celebração na qual originalmente se honrava a


Lupércio, um Deus pastoril. A festividade se celebrava em 15 de fevereiro na gruta
15

de Lupercal situada no monte Palatino. Aqui nos encontramos com a história de


Rômulo e Remo (fundadores de Roma), que foram resgatados por uma loba das
águas do rio Tibre e os amamentou. Os gêmeos tinham sido lançados ao rio para se
afogarem pelo tio Amulius, que desejava ser o próximo governante.

Rômulo e Remo não se afogaram e foram encontrados por um pastor, Fausto


(Fáustulo), que os levou para sua casa, onde acabou criando-os juntamente com
sua mulher, chamada Aca Larentia. Quando tornaram-se adultos, o pai adotivo
contou sua história e os gêmeos mataram o tio. Logo decidiram construir uma cidade
nova junto ao rio Tibre. Rômulo escalou o monte Palatino e Remo o monte Aventino.
Remo viu seis abutres e Rômulo viu doze. Rômulo reclamou aos Deuses para que o
favorecessem e começou a arar um sulco para marcar os limites da cidade. Mas,
levantou-se entre os irmãos uma grande disputa que terminou com a morte de
Remo.

Retornando as festividades, a Equiria, por sua vez, era celebrada de 27 de


fevereiro a 14 de março. Esse era um festival em honra ao Deus Marte. Fevereiro e
Março apareciam como a época do ano em que se preparavam novas campanhas
militares. Um dos sítios das celebrações era conhecido como Campo de Marte e era
onde realizavam-se corridas de cavalos, que definiam claramente essa celebração.

Já os jogos Seculares incluíam espetáculos atléticos e sacrifícios. A festa era


realizada em intervalos regulares, tradicionalmente só uma vez em cada saeculum
(século), porém essa tradição não era respeitada sempre.
16

4. Deuses Romanos e sua relação com a Mitologia Grega

Aparentemente os romanos tinham um deus ou deuses nativos para


praticamente todos os objetos ou atividades importantes. Por exemplo, Consus
(armazenamento) Pales (deusa das manadas e dos rebanhos) e Róbigo ("pulgão"
ou praga) eram agrícolas; Jano cuidava dos pórticos, Fauno era o deus dos seres
silvestres, Silvano o deus dos bosques e das terras não-cultivadas; além desses,
muitos outros parecem ter tido simples personificação de funções -- mas, para os
romanos do período clássico e para nós, não passam de nomes. Têm o numem
(poder divino), mas não têm uma personalidade. A observação religiosa dos
romanos era complicada e minuciosa, o calendário era pontilhado pelo ano inteiro de
sacrifícios e rituais administrados por conselhos de sacerdotes, mas há poucas
histórias associadas a esses fatos e poucas destas incluem os próprios deuses,
mesmo quando visam explicar um determinado culto ou algum título de um deus. Se
existiu a mitologia romana sobre seus deuses, ela desapareceu de maneira
irrecuperável. Os deuses romanos não têm aventuras pessoais ou relações de
família: os grandes deuses foram simplesmente tomados dos gregos, as divindades
olímpicas e as romanas correspondem diretamente entre si.

Os principais deuses gregos eram Cronos (o tempo), pai de Zeus, que o


derrubou; Zeus, rei e deus do clima; seu irmão Poseidon, deus das águas e dos
terremotos; Hera, deusa-rainha, esposa (e irmã) de Zeus, divindade do casamento e
das mulheres; e as outras irmãs de Zeus, Deméter (grãos e colheitas) e Héstía
(deusa do lar). A estes, somam-se os filhos de Hera -- Ares (guerra), Hefesto
(ferreiro-artesão) casado com Afrodite. Esta era a deusa do amor, que se diz ter
nascido da "espuma" de Urano, pai de Cronos, ou ser filha de Zeus com uma das
Titãs. Atena, deusa da sabedoria, era filha de Zeus e Métis (uma personificação do
conselho). Outros filhos de Zeus, com suas diversas amantes, eram os gêmeos
Apolo (deus da música, da medicina, dos arqueiros, das manadas e dos rebanhos) e
Artêmis, associada à caça, aos animais selvagens e à virgindade; e também
Hermes, o mensageiro dos deuses, patrono dos mercadores e dos ladrões, e um
que chegou mais tarde ao Olimpo, Dionísio (também chamado Baco), deus do vinho.

Alguns desses, não todos, os romanos simplesmente identificaram com seus


próprios deuses, nem sempre adequadamente. Júpiter (também chamado "Jove"),
17

Netuno, Marte, Vênus e Vesta mais ou menos são o mesmo que Zeus, Poseidon,
Ares, Afrodite e Héstia. Vulcano, o deus romano do fogo, equivale a Hefesto.
Artêmis é identificada com Diana, uma deusa dos bosques, mas também
provavelmente da lua, das mulheres e do parto. Juno, que historicamente aparece
em funções muito semelhantes às de Hera, especialmente no papel de deusas das
mulheres, talvez tenha sido originalmente .uma divindade associada ao vigor dos
jovens guerreiros. Cronos não corresponde exatamente ao romano Saturno, que em
sua origem talvez tenha sido um deus das colheitas, mas foi associado a uma
espécie de Era Dourada primitiva, antes que a agricultura se tornasse necessária.

Minerva também surpreende como equivalente a Atena. Minerva era uma


deusa italiana do artesanato. Para os romanos, fazia parte de sua principal tríade
divina -- Júpiter, Juno e Minerva -- com um templo no Capitólio. O templo e essa
tríade passaram a simbolizar o romano, e foram copiados em todo o império. Os
próprios romanos acreditavam que este fora instituído pelo último rei de Roma,
Tarquínio, o Soberbo, por volta do ano 509 a.C. Seu pai viera da Etrúria, o que
talvez nos diga algo sobre a origem de Minerva; sua elevação a uma posição
superior, como Atena, pode ser um reflexo da influência da cultura grega sobre os
etruscos já naquele período.

É provável que Mercúrio, análogo a Hermes, não fosse romano em sua


origem, mas um novo nome dado pelos romanos a um deus grego, com um grupo
de outros, no século V a.C. Mais ou menos na mesma época, Deméter e Dionísio
foram introduzidos em Roma com os nomes de Ceres e Líber (futuramente Baco).
Isto teria acontecido a conselho dos chamados Livros sibilinos, uma coleção de
oráculos mantidos no templo de Júpiter Capitolino e consultados em momentos de
crise (especialmente nos desastres naturais, como a peste ou a fome) para
descobrir como fazer as pazes com os deuses; a resposta em geral era a introdução
de um novo deus ou um novo ritual religioso. Dionísio nos conta como os romanos
se apossaram deles:

Certa mulher que não havia nascido no país foi ao tirano [Tarquínio, o
Soberbo] desejando vender-lhe nove livros contendo os oráculos sibilinos. Quando
Tarquinio se recusou a comprá-los ao preço pedido, ela foi embora e queimou três
deles; em seguida voltou, pedindo o mesmo preço pelos seis que restavam.
18

Pensaram que fosse louca e riram dela por pedir o mesmo preço por um
número menor de livros, porque não o conseguira nem pelo número maior; ela foi
embora de novo e queimou a metade dos restantes. Voltou mais uma vez e pediu o
mesmo preço pelos três que restavam. Surpreso com a determinação da mulher,
Tarquínio mandou chamar os augúrios e perguntou-lhes o que fazer. Alguns indícios
mostravam que ele havia rejeitado uma benção enviada pelos deuses. Disseram-lhe
que era um grande infortúnio não haver comprado todos os livros e que desse à
velha todo o dinheiro que ela queria e ficasse com os oráculos restantes.

Foi o que Tarquínio fez, e a mulher desapareceu. O tirano então nomeou os


guardiões dos oráculos que, segundo Dionísio, foi um posto que existiu até sua
época. Quando os oráculos foram queimados num incêndio em 83 a.C., fez-se uma
nova coleção, transcrevendo oráculos de diversas partes do mundo conhecido
--alguns dos quais falsos, como se descobriu.

Roma em geral recebia bem os novos deuses e deusas. Apolo (de quem não
se encontrou nenhum equivalente romano), deus da cura, e o herói divinizado
Héracles (a quem os romanos chamavam Hércules) estavam entre os primeiros a
serem admitidos em Roma. Uma das mais notáveis introduções foi a da Grande
Deusa Mãe, Cibele, a Mater Magna, trazida à Roma em 204 a.C. na forma de uma
pedra negra durante a guerra contra Aníbal; seu templo foi inaugurado em 191 a.C.
e estabelecido um festival anual de teatro e jogos, a Megalésia. O culto vinha do
lado grego do Mediterrâneo, da Frigia, na Ásia Menor. O festival era muito popular
entre os romanos, embora nenhum tivesse permissão de participar de seu culto, que
não se submetia ã suas idéias de decoro: eram procissões barulhentas na rua, de
sacerdotes em êxtase saltando e dançando, acompanhados por tambores, cornetas
e címbalos, e mendigando aos passantes. A dança depravada, especialmente em
público, era inteiramente desaprovada pelos romanos; o pior aos olhos dos romanos
era o fato de que os sacerdotes eram eunucos.

Para nós é ainda mais difícil perceber o que realmente os romanos pensavam
de seus deuses helenizados, porque as histórias escritas que sobrevivem são pouco
mais do que motivos ou aconselhamentos literários. Em A arte do amor, Ovídio
simplesmente tomou de Homero a história de como Vulcano (Hefesto) apanhou
Vênus e Marte (Afrodite e Ares) juntos na cama, prendeu-os com uma rede invisível
19

e chamou os outros deuses para rir deles. Ovídio a utiliza para ilustrar alguns
conselhos brincalhões a amantes suspeitos: se você suspeita que ela o está
enganando, não tente apanhá-la -- a longo prazo, sairá perdendo. E acrescente,
apressadamente: "Naturalmente, não falo de senhoras casadas reais." Era por
prudência: Augusto emitira uma lei com sete penalidades para o adultério. Exilou
Ovídio no ano 8 d.C. por razões desconhecidas, mas a amoralidade erótica de boa
parte de sua poesia pode ter ajudado.

4.1 Baco

Baco (em grego: Βάκχος, transl. Bákkhos; em latim: Bacchus) era um nome
alternativo, e posteriormente adotado pelos romanos,[1] do deus grego Dionísio, cujo
mito é considerado ainda mais antigo por alguns estudiosos. Os romanos o
adotaram, como muitas de suas divindades, estrangeiras à mitologia romana, e o
assimilaram com o velho deus itálico Liber Pater. Algumas lendas mencionam que a
cidade de Nysa, na Índia (atual Nagar) teria sido consagrada a ele.

É o deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, especialmente sexuais, e da


natureza. Príapo é um de seus companheiros favoritos (também é considerado seu
filho, em algumas versões de seu mito). As festas em sua homenagem eram
chamadas de bacanais - a percepção contemporânea de que tais eventos eram
"bacanais" no sentido moderno do termo, ou seja, orgias, ainda é motivo de
controvérsia.

A pantera, o cântaro, a vinha e um cacho de uvas. Outras associações que


não eram feitas com Baco foram atribuídas a DionisIo, como o tirso que ele
empunha ocasionalmente.

4.2 Ceres

A deusa cultuada pelos romanos sob o nome de Ceres é a mesma Deméter


dos gregos, divindade identificada com a agricultura e a fecundidade da Terra.
Deusa do trigo, que dá o pão, e de todos os outros cereais, Ceres é também, por
extensão, a deusa do casamento. Filha de Saturno (Cronos, para os gregos) e de
Cibeles (Vesta), irmã de Júpiter (Zeus) e mãe de Prosérpina (Perséfone), Ceres tem
seu nome, de provável origem itálica, relacionado ao verbo creare ou, talvez, ao
20

substantivo cereal, principal riqueza das regiões agrícolas na antiguidade. Nos


primeiros tempos da civilização romana, Ceres era cultuada juntamente com a
deusa Gaia ou Gê (a Terra). Em janeiro, por ocasião da semeadura, era oferecido a
ambas o sacrifício de uma porca, com a finalidade de expiar as transgressões e
omissões cometidas quanto aos deveres piedosos em relação aos mortos.

A figura e o culto de Ceres se revigoraram nos primeiros anos da República


Romana, quando houve uma grande carestia e os oráculos sugeriram aplacar a ira
de três deuses gregos, entre os quais Démeter. Assim, a deusa grega se justapôs à
romana Ceres. O culto de Ceres preservou as características gregas originais do
culto a Deméter: eram gregas as sacerdotisas do templo e grega a língua usada nos
rituais. As principais festas da deusa eram as Cereálias, com jogos celebrados
primitivamente em ocasiões extraordinárias e depois, anualmente, de 12 a 19 de
abril. Destinava-se a comemorar o retorno de Prosérpina, filha de Ceres, à Terra. As
oferendas incluíam doces de mel, leite e o sacrifício de uma porca. No mês de
agosto havia outra festa, da qual só participavam mulheres.

4.3 Consus

Consus, (do verbo conselheiro), era o deus romano protetor dos grãos
plantados na terra e cujo altar ficava no meio do Circo Máximo, em Roma. Portanto,
Consus tem a ver com cultura. Consus tem a ver com agri-cultura, isto é de revolver
uma terra, fertilizá-la, protegê-la e dar-lhe condições de desenvolvimento. Consus
era o deus invocado para proteger os grãos semeados dos excessos do frio ou dos
rigores das intempéries ou da presença dos parasitas.

4.4 Cibele

Nos tempos dos gregos e romanos, Cibele era chamada de A Mãe dos
Deuses. O grande Sófocles a chamava de a Mãe de Tudo. Seu culto teve início na
Anatólia Ocidental e na Frígia, onde era conhecida como "A Senhora do Monte Ida".

A montanha, a caverna, os pilares de rocha e rochedo, são locais numinosos, de


uma vitalidade pré-orgânica, que foram vivenciados em participação mística com a
Grande Mãe, na qualidade de trono, assento, moradia, e como encarnação da
própria Deusa. Cibele era a deusa dos mortos, da fertilidade, da vida selvagem, da
21

agricultura e da Caçada Mística. Tamboretes, pratos e tambores eram utilizados em


seus rituais. Uma estátua grega mostra a deusa sentada em um trono e ladeada de
leões. Era representada como uma mulher madura, com grandes seios, coroada
com espigas de trigo, vestida com flores e folhas e carregando várias chaves. Os
romanos decoravam suas estátuas com rosas. O culto de Cibele tornou-se tão
popular que o senado romano, a despeito de sua política permanente de tolerância
religiosa, se vira obrigado, em defesa do próprio Estado, a por cabo à observância
dos rituais da deusa-mãe.

O templo de Cibele, em Roma, foi transformado pela Igreja Católica na atual Basílica
de São Pedro, no século IV, quando uma seita de cristãos montanheses, que ainda
veneravam Cibele e admitiam mulheres como sacerdotes, foi declarada herética,
sendo abolida e seus seguidores queimados vivos.

Cibele possuía seus próprios Mistérios sagrados, do mesmo modo que as deusas
Perséfone e Deméter. Suas cerimônias eram celebradas à noite, pois ela era a
Rainha da Noite. Era também conhecida por possuir uma profunda sabedoria a qual
compartilhava apenas com seus seguidores legítimos.

4.5 Cupido

Cupido, também conhecido como Amor, era o deus equivalente em Roma ao


deus grego Eros. Filho de Vênus e de Marte, (o deus da guerra), andava sempre
com seu arco, pronto para disparar sobre o coração de homens e deuses. Teve um
romance muito famoso com a princesa Psiquê, a deusa da alma.

Cupido encarnava a paixão e o amor em todas as suas manifestações. Logo


que nasceu, Júpiter (pai dos deuses), sabedor das perturbações que iria provocar,
tentou obrigar Vênus a se desfazer dele. Para protegê-lo, a mãe o escondeu num
bosque, onde ele se alimentou com leite de animais selvagens.

Cupido era geralmente representado como um menino alado que carregava


um arco e um carcás com setas. Os ferimentos provocados pelas setas que atirava
despertavam amor ou paixão em suas vítimas. Outras vezes representavam-no
vestido com uma armadura semelhante à que usava Marte, talvez para assim
22

sugerir paralelos irônicos entre a guerra e o romance ou para simbolizar a


invencibilidade do amor. Embora fosse algumas vezes apresentado como insensível
e descuidado, Cupido era, em geral, tido como benéfico em razão da felicidade que
concedia aos casais, mortais ou imortais. No pior dos casos, era considerado
malicioso pelas combinações que fazia, situações em que agia orientado por Vênus.

4.6 Diana

Em Roma, Diana era a deusa da lua e da caça, mais conhecida como deusa
pura , filha de Júpiter e de Latona, e irmã gêmea de Apolo. Era muito ciosa de sua
virgindade. Na mais famosa de suas aventuras, transformou em um cervo o caçador
Acteão, que a viu nua durante o banho. Indiferente ao amor e caçadora infatigável,
Diana era cultuada em templos rústicos nas florestas, onde os caçadores lhe
ofereciam sacrifícios. Na mitologia romana, Diana era deusa dos animais selvagens
e da caça, bem como dos animais domésticos. Filha de Júpiter e Latona, irmã
gêmea de Apolo, obteve do pai permissão para não se casar e se manter sempre
casta. Júpiter forneceu-lhe um séquito de sessenta oceânidas e vinte ninfas que,
como ela, renunciaram ao casamento. Diana foi cedo identificada com a deusa
grega Ártemis e depois absorveu a identificação de Artemis com Selene (Lua) e
Hécate (ou Trívia), de que derivou a caracterização triformis dea ("deusa de três
formas"), usada às vezes na literatura latina. O mais famoso de seus santuários
ficava no bosque junto ao lago Nemi, perto de Arícia.

Pela tradição, o sacerdote devia ser um escravo fugitivo que matasse o


antecessor em combate. Em Roma, seu templo mais importante localizava-se no
monte Aventino e teria sido construído pelo rei Sérvio Túlio no século VI a.C.
Festejavam-na nos idos (dia 13) de agosto. Na arte romana, era em geral
representada como caçadora, com arco e aljava, acompanhada de um cão ou cervo.

4.7 Esculápio

Esculápio (em grego: Ἀσκληπιός, Asklēpiós; em latim: Aesculapius) era o


deus da Medicina e da cura da mitologia greco-romana. Não fazia parte do Panteão
das divindades olímpicas, mas acabou por se tornar uma das divindades mais
populares do mundo antigo, a ponto de Apuleio dizer dele: Aesculapius ubique
(Esculápio por toda parte).
23

Existem várias versões de seu mito, mas as mais correntes o apontam como
filho de Apolo, um deus, e Corônis, uma mortal. Teria nascido de cesariana após a
morte de sua mãe, e levado para ser criado pelo centauro Quíron, que o educou na
caça e nas artes da cura. Aprendeu o poder curativo das ervas e a cirurgia, e
adquiriu tão grande habilidade que podia trazer os mortos de volta à vida, pelo que
Zeus o puniu, matando-o com um raio. Seu culto se disseminou por uma vasta
região da Europa, pelo norte da África e pelo Oriente Próximo, sendo homenageado
com inúmeros templos e santuários, que atuavam como hospitais. Sua imagem
permaneceu viva e é um símbolo presente até hoje na cultura ocidental.

4.8 Fauno

Fauno (do latim Faunus, "favorável" ou também Fatuus, "destino" ou ainda


"profeta") é nome exclusivo da mitologia romana, de onde o mito originou-se, como
um rei do Lácio que foi transmutado em deus e, a seguir, sofreu diversas
modificações, sincretismo com seres da religião grega ou mesmo da própria romana,
causando grande confusão entre mitos variados, ora tão mesclados ao mito original
que muitos não lhes distinguem diferenças (como, por exemplo, entre as criaturas
chamadas de faunos – em Roma – e os sátiros, gregos).

Assim, para compreender a figura de Fauno, é preciso inicialmente saber que


o nome era usado para denominar, essencialmente, três figuras distintas: Fauno, rei
mítico do Lácio, deificado pelos romanos, muitas vezes confundido com Pã, com
Silvano e/ou com Lupércio (como deus, era imortal); Faunos (no plural, embora
possa ser usado no singular, quando individuado o ser) – criaturas que, tal como os
sátiros gregos, possuíam um corpo meio humano, meio bode, e que seriam
descendentes do rei Fauno. (Eram semideuses e, portanto, mortais); ou ainda,
Fauno, um marinheiro que, tendo se apaixonado por Safo, obteve de Afrodite beleza
e sedução a fim de que pudesse conquistar a poetisa.

Desde a Antiguidade, em muitos festivais de Atenas, a maioria dedicados a


Dionísio, diversas tragédias eram representadas antes de uma peça chamada
"satírica", onde os atores, em coro, se fantasiavam de faunos, realizando danças e
cantos em flautas, para cortejar o deus. Desde então, a obra satírica foi aproveitada
24

pelo Renascimento e em alguns Classicismos, estando presente em artistas da


Europa, e na poesia de Gregório de Mattos.

O mito do fauno fundiu-se com muitas outras culturas e, passando pelos


séculos, adquiriu muitas representações artísticas. Na representação da escultura,
Praxíteles talvez tenha sido o primeiro a retratar a figura como jovem e bela,
conservando seu lado físico humano e obscurecendo seus traços animais. Além de
ser trabalhada em obras literárias (notavelmente na poesia), o mito do fauno
atravessou os tempos e atingiu também a arte barroca e também a arte
renascentista, onde seus artistas o retratavam de formas diferentes.

4.9 Fortuna

Fortuna era a deusa romana da sorte (boa ou má), da esperança.


Corresponde a divindade grega Tique. Era representada portando uma cornucópia e
um timão, que simbolizavam a distribuição de bens e a coordenação da vida dos
homens, e geralmente estava cega ou com a vista tapada (como a moderna imagem
da justiça), pois distribuía seus desígnios aleatoriamente.

Fortuna era considerada filha de Júpiter. Roma dedicava a ela o dia 11 de


Junho, e no dia 24 do mesmo mês realiza um festival em sua homenagem, o Fors
Fortuna. Seu culto foi introduzido por Sérvio Túlio, e Fortuna possuía um templo nos
tempos de Roma republicana próximo ao Capitólio chamado de templo de Fortuna
Virilis.

4.10 Jano

Jano (em latim Janus) foi um deus romano que deu origem ao nome do mês
de Janeiro. Era o porteiro celestial, sendo representado com duas cabeças,
representando os términos e os começos, o passado e o futuro. De fato, era o
responsável por abrir as portas para o ano que se iniciava, e toda porta se volta para
dois lados diferentes. Por isso é conhecido como "Deus das Portas". Também era o
deus das indecisões, pois normalmente suas duas cabeças se contradiziam.

Existem, no entanto, em alguns locais, representações daquele deus com


quatro faces. Em seu templo, as portas principais ficavam abertas em tempos de
guerra e eram fechadas em tempos de paz. De acordo com tradição só foram
25

fechadas duas vezes na história — uma no reinado de Numa e outra no de


Augusto.Os romanos associavam Janus com a divindade etrusca Ani.

4.11 Juno

Protetora do casamento, do parto e sobretudo da mulher em todos os


aspectos da sua vida, Juno assemelha-se à deusa grega Hera, com quem foi
universalmente identificada. Juno, na mitologia romana, era a principal deusa e a
contrapartida feminina de Júpiter, seu irmão e marido. Com Júpiter e Minerva,
formava a tríade capitolina de divindades difundidas pelos reis Etruscos, cujo templo
se erguia no Capitólio, em Roma. Recebeu vários epítetos, segundo os papéis que
desempenhava, como, por exemplo: Juno Iterduca, que conduzia a noiva à nova
casa; Juno Lucina, a deusa do parto, que auxiliava o nascimento das crianças; Juno
Natalis, que presidia o nascimento de cada mulher; e Juno Matronalis, que protegia
a mulher casada. Tornou-se um anjo da guarda feminino - assim como todo homem
possuía seu "gênio", toda mulher tinha sua "juno". Sua festa principal era a
Matronália, celebrada em 1º de março, data em que mulheres casadas se reuniam e
levavam oferendas ao templo de Juno Lucina. As representações de Juno variavam
de acordo com o epíteto escolhido. Com maior freqüência, era representada de
modo semelhante à grega Hera, de pé e como matrona de austera beleza, às vezes
com características militares.

4.12 Júpiter

Deus supremo da mitologia romana, apesar de todo-poderoso, onipresente e


onisciente, Júpiter estava submetido aos desígnios do Destino (Moira). Júpiter
personificava o céu luminoso e tinha o poder de lançar raios, dissipar nuvens e fazer
cair a chuva fecundante. Marido de Juno, sua irmã, tinha por atributos o raio, o cetro
e a águia. Em toda a Itália, era cultuado no alto dos montes. Na mitologia romana,
além de incorporar as características do Zeus grego, se confunde com Tínia, deus
etrusco. O culto a Júpiter encarnava uma concepção moral distinta. Além de grande
divindade protetora, estava relacionado com juramentos, tratados e ligas, e era na
presença de seu sacerdote que ocorria a mais antiga e sagrada forma de
casamento.
26

Essa ligação com a consciência, com o senso do dever e da conduta correta


nunca se perdeu ao longo da história romana. Tal característica de Júpiter adquiriu
nova força e significado com a construção do famoso templo no Capitólio, cercado
por sua árvore sagrada, o carvalho. Era consagrado a Iuppiter Optimus Maximus (o
melhor e maior de todos os Júpiteres) e a ele estavam associadas Juno e Minerva,
no que configura a tríade capitolina. Os festejos da consagração ocorriam no dia 13
de setembro, data que posteriormente foi associada aos grandes jogos romanos
(ludi romani). O culto a Júpiter difundiu-se por todo o império.

4.13 Lupércio

Lupércio (ou Pã na Grécia) era o deus dos bosques, dos campos, dos
rebanhos e dos pastores na mitologia grega. Residia em grutas e vagava pelos vales
e pelas montanhas, caçando ou dançando com as ninfas. Era representado com
orelhas, chifres e pernas de bode. Amante da música, trazia sempre consigo uma
flauta. Era temido por todos aqueles que necessitavam atravessar as florestas à
noite, pois as trevas e a solidão da travessia os predispunham a pavores súbitos,
desprovidos de qualquer causa aparente e que eram atribuídos a Lupércio. Muitas
vezes era confundido com as outras divindades Fauno e Silvano.

Tornou-se símbolo do mundo por ser associado à natureza e simbolizar o


universo. Em Roma, Lupércio tinha seu festival, celebrado no aniversário da
fundação de seu templo, denominado de Lupercália, nos dias 15, 16 e 17 de
fevereiro. Lupércio foi associado com a caverna onde Rômulo e Remo foram
amamentados por uma loba. Os sacerdotes que o cultuavam vestiam-se de pele de
bode. Nos últimos dias de Roma, os lobos ferozes vagavam próximos às casas. Os
romanos então convidavam Lupércio para manter os lobos afastados.

Na Mitologia Grega, Pã(Lupércio) teria sido um dos filhos de Zeus com sua
ama de leite, a cabra Amaltéia. Seu grande amor no entanto foi Selene, a Lua. Em
uma versão egípcia, Pã estava com outros deuses nas margens do Rio Nilo e surgiu
Tífon, inimigo dos deuses. O medo transformou cada um dos deuses em animais e
Pã, assustado, mergulhou num rio e disfarçou assim metade de seu corpo, sobrando
apenas a cabeça e a parte superior do corpo, que se assemelhava a uma cabra; a
parte submersa adotou uma aparência aquática. Zeus considerou este estratagema
27

de Pã muito esperto e, como homenagem, transformou-o em uma constelação, a


que seria Capricórnio.

4.14 Marte

Marte era o deus romano da guerra, equivalente ao grego Ares. Filho de Juno
e de Júpiter, era considerado o deus da guerra sangrenta, ao contrário de sua irmã
Minerva, que representa a guerra justa e diplomática. Os dois irmãos tinham uma
rixa, que acabou culminando no frente-a-frente de ambos, junto das muralhas de
Tróia, cada um dos quais defendendo um dos exércitos. Marte, protetor dos troianos,
acabou derrotado.

Marte, apesar de bárbaro e cruel, tinha o amor da deusa Vênus, e com ela
teve um filho, Cupido e uma filha mortal, Harmonia. Na verdade tratava-se de uma
relação adúltera, uma vez que a deusa era esposa de Vulcano, que arranjou um
estratagema para os descobrir e prender numa rede enquanto estavam juntos na
cama.

O povo romano considerava-se descendente deste deus porque Rômulo era


filho de Reia Sílvia ou Ília, princesa de Alba Longa, e Marte. O planeta Marte
provavelmente recebeu este nome devido à sua cor vermelha, que por ser a cor do
sangue era associado à violência e não ao amor, como foi traduzido na cultura
popular com associação às rosas.

4.15 Mercúrio

Na mitologia romana, Mercúrio (associado ao deus Grego Hermes) era um


mensageiro e deus da venda, lucro e comércio, o filho de Maia Maiestas, também
conhecida como Ops, a versão romana de Reia, e Júpiter. Seu nome é relacionado
à palavra latina merx ("mercadoria"; comparado a mercador, comércio). Em suas
formas mais antigas, ele aparenta ter sido relacionado ao deus Etrusco Turms, mas
a maior parte de suas características e mitologia são emprestadas do deus Grego,
Hermes.

Mercúrio era o deus romano encarregado de levar as mensagens de Júpiter.


Era filho de Júpiter e de Bona Dea e nasceu em Cilene, monte de Arcádia. Os seus
atributos incluem uma bolsa, umas sandálias e um capacete com asas, uma varinha
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de condão e o caduceu. Quando Proserpina foi raptada, tentou resgatá-la dos


infernos sem muito sucesso. Era o deus da eloquência, do comércio, dos viajantes e
dos ladrões, a personificação da inteligência. Correspondia ao Hermes grego,
protetor dos rebanhos, dos viajantes e comerciantes: muito rápido, era o
mensageiro. O planeta Mercúrio provavelmente recebeu este nome porque se move
rapidamente no céu.

Mercúrio influenciou o nome de uma série de coisas em vários campos da


ciência, tais como o planeta Mercúrio e o elemento mercúrio. A palavra mercurial é
geralmente usada para se referir a algo ou alguém errático, volátil ou instável,
derivado da rapidez dos vôos de Mercúrio de um lugar a outro. O termo vem da
astrologia e descreve o comportamento esperado de alguém sob a influência do
planeta Mercúrio.

4.16 Minerva

Em Roma como na Grécia, Minerva era a deusa protetora dos flautistas e de


todos os que trabalhavam em atividades que exigiam certa habilidade manual e
algum pendor artístico. Minerva era a deusa romana dos trabalhos manuais, das
profissões, das artes e, posteriormente, da guerra. Identificava-se com a grega
Atena e alguns estudiosos acreditam que seu culto, que se difundiu em Roma, seja
proveniente da Etrúria. Com Júpiter e Juno, constituía a tríade capitolina, venerada
no templo do Capitólio. Minerva era cultuada em vários templos em Roma. Em seu
santuário no monte Aventino reuniam-se corporações de artistas, entre eles poetas
dramáticos e atores.

O culto de Minerva como deusa da guerra superou o de Marte. A festa


conhecida como Quinquatrus, celebrada no quinto dia após os idos (dia 15) de
março, era originalmente dedicada a Marte, mas foi completamente tomada por
Minerva, provavelmente por ser a data da fundação de seu templo no Aventino.
Posteriormente, prolongou-se o feriado por cinco dias para incluir o dia 23 de março,
o Tubilustrium, ou purificação dos clarins. O primeiro dia era dedicado à lustração
das armas para anunciar a nova temporada militar, e os quatro seguintes
destinavam-se a espetáculos de gladiadores. Havia também o Quinquatrus menor,
celebrado em 13 de junho, dia dos flautistas, cuja divindade protetora era Minerva. O
29

templo que Pompeu construiu em sua honra com os espólios dos vencidos no
Oriente mostra que Minerva era identificada com Atena Nice, que concedia a vitória.

Durante o período de Domitianus, que reivindicava sua especial proteção, o


culto a Minerva atingiu sua maior popularidade em Roma. O imperador instituiu
jogos, acompanhados de representações teatrais e concursos de oratória e poesia.
Inspirado nesses festejos, o imperador Hadrianus fundou em Roma o Ateneu
(Athenaeum), dedicado a promover atividades intelectuais.

4.17 Netuno

Enquanto seu equivalente grego Posêidon tinha caráter violento e


multifacetário, o deus romano Netuno conservou-se simplesmente como o senhor
dos mares e das águas correntes. Na mitologia romana, Netuno era originalmente o
deus da água doce. No começo do século IV a.C., identificado com o grego
Posêidon, tornou-se a divindade do mar. Salácia, sua contrapartida feminina,
originalmente talvez a deusa das fontes, foi então identificada com a grega Anfitrite,
esposa de Posêidon, e passou a personificar as águas do mar.

As Netunálias, festas celebradas em honra de Netuno, estão registradas nos


calendários mais antigos. Realizavam-se no auge do verão, em 23 de julho, época
em que a água escasseava, a fim de propiciar a divindade da água doce. Havia um
templo de Netuno no Circo Flamínio, em Roma, construído ou amplamente
restaurado por Cneu Domitius Enobarbus, cônsul em 32 a.C. Uma de suas
características era um grupo escultórico de divindades marinhas conduzidas por
Posêidon e Tétis, realizado pelo arquiteto e escultor grego Escopas. Nas artes
plásticas, Netuno foi em geral representado como o grego Posêidon: um velho forte
e barbado, com o tridente, acompanhado por golfinhos ou cavalos-marinhos.

4.18 Pales

Pales era uma divindade da mitologia romana relacionada com a vida pastoril.
Em algumas fontes, como em Ovídio e em Virgílio, a divindade é apresentada como
feminina, enquanto que outras fontes se referem a Pales como uma divindade
masculina. Desconhece-se igualmente se Pales seria apenas uma divindade ou
duas.
30

O festival dedicado a Pales decorria no dia 21 de abril e recebia o nome de


Parilia (ou Palilia). Nesse dia, os pastores faziam fogueiras de restolho e espinhos
sobre as quais saltavam. Pediam também perdão pelos seus animais terem
penetrado em locais considerados como sagrados. A tradição romana viria a
identificar o dia 21 de abril como o da fundação de Roma por Rómulo.

Outro festival dedicado à divindade tinha lugar no dia 7 de julho; este festival
parece ter sido dedicado Pales enquanto duas divindades (Palibus duobus).

O general Marco Atílio Régulo construiu um templo a Pales depois da sua


vitória sobre os Salentinos em 267 a.C.. Julga-se que este templo se encontrava no
Palatino, mas tem sido sugeridos outros locais, como o Campo de Marte ou o
Aventino.

4.19 Plutão

Plutão (do grego antigo Pluto = rico) ou Dis (do latim dives = rico) é como
ficou conhecido o deus dos mortos na mitologia romana, após a introdução dos
mitos e da literatura gregas; é que, originalmente, não possuíam os romanos uma
noção de um reino para a felicidade ou infelicidade pós-morte, como o Hades grego
- senão uma imensa cavidade, chamada Orcus, que mais tarde passou a identificar-
se com o submundo grego. Ao deus que o comandava, então, incorporaram Hades,
sob o seu epíteto de Pluto.

Em sua homenagem era celebrado um grande festival em fevereiro, quando


então eram-lhe ofertados sacrifícios de touros e cabras negros (chamados de
februationes) por um sacerdote caracterizado por uma coroa de cipreste, e com a
duração de doze noites. Não havia, em Roma, templos dedicados a Plutão.

Plutão era casado com a sobrinha Prosérpina, filha de Ceres (equivalentes,


respectivamente, às deusas gregas Perséfone e Deméter).

4.20 Quirino

Na mitologia romana, Quirino (em latim: Quirinus) foi um antigo deus que
representava o Estado romano. Na Roma de Augusto, Quirino também foi um
epíteto de Jano, como Jano Quirino (Janus Quirinus).[1]
31

Seu nome viria de quiris, que significa "lança". Outra teoria propõe que seria
derivado de co-viri ("homens juntos"); na medida em que ele personificava a força
militar e econômica do populus romano coletivamente. Também alertava a curia
("casa do Senado") e a comitia curiata ("assembléia tribal") - termos que seriam
cognatos de seu nome.

A esposa de Quirino era Hora. Na arte, era representado como um homem


com barba e com roupa religiosa e militar. Por vezes associado com a murta-
comum, seu festival era a Quirinália, realizada no no dia 17 de Fevereiro. Quirino foi
citado na Eneida, de Virgílio.

4.21 Saturno

Saturno (do latim Saturnus) é um deus romano da agricultura, justiça e força,


equivalente ao grego Cronos. Era um dos titãs, filho do Céu e da Terra. Com uma
foice dada por sua mãe mutilou o pai, Urano, tomando o poder entre os deuses.

Expulso do céu por seu filho Júpiter (Zeus), refugiou-se no Lácio. Lá exerceu
a soberania e fez reinar a idade do ouro, cheia de paz e abundância, tendo ensinado
aos homens a agricultura. Em Lácio, criou uma família e uma conduta novas, vindo a
ser pai de Pico.

Os romanos que, segundo outras tradições, atribuem a origem de Roma a


Saturno, construíram-lhe um templo e um altar à entrada do Fórum, no Capitólio.
Atribui-se ainda a Saturno a criação de divindades como Juno ou Hércules e de
heróis como Rômulo. O sábado é o dia consagrado a Saturno.

O Saturno itálico é representado nas moedas como nas pinturas de Pompeia -


testemunho ambivalente da sua atividade agrária e da sua identificação com o
castrador Cronos - com a serpente na mão. Um baixo-relevo do museu do Capitólio,
réplica de um modelo grego, apresenta-o como Cronos, sentado no trono,
recebendo das mãos de sua mulher (por vezes chamada Opes ou Ops nos textos
latinos) a pedra envolvida em panos que ele confundiu com Júpiter recém-nascido.
32

4.22 Silvano

Silvano (no latim Silvanus), era um deus da Roma Antiga, das florestas (no
latim silva – donde vem-lhe o nome) que mais tarde passou a ser identificado com o
deus Fauno ou com o Pã grego. Alguns autores o descrevem como filho de Saturno,
outros ainda de Fauno.

Sua origem é bastante obscura. Assim como Fauno, era um deus puramente
romano e, também como ele, tinha por atribuição proteger as atividades pastoris.
Entretanto Silvano guardava os bosques e se dizia que foi o primeiro a separar as
propriedades nos campos. Apaixonara-se pelo bela ninfa Cipariso que, convertida
num cipreste, fez com que o deus passasse a andar com um ramo dessa árvore.
Era, ainda, músico assim como os demais deuses pastoris. Silvano gosta de
assustar os viajantes que andam solitários.

4.23 Tellus

Tellus, na mitologia romana, era a deusa da Terra — o solo fértil. Na mitologia


grega era Gaia - "terra mater", que quer dizer "terra mãe". Ela representa o solo
fértil, e também o fundamento sobre que repousam os elementos que se geram
entre si. Existem centenas de outros nomes para o nosso planeta em várias línguas.
O nome do planeta Terra na língua inglesa, Earth, é o único nome de planeta que
não tem origem na mitologia greco-romana. O nome provém do alemão e inglês
antigos.

Diziam-na mulher do Sol ou do Céu, porque tanto a um como ao outro deve a


sua fertilidade. Era representada como uma mulher corpulenta, com uma grande
quantidade de peitos. Frequentemente se confundem Telus e Terra com Cibele.
Antes de estar Apolo de posse do oráculo de Delfos, era Telus que o possuía e que
o divulgava; mas em tudo estava em meias com Netuno. Depois, Telus cedeu os
seus direitos a Temis, e Temis a Apolo. Algumas versões dizem que Telo é apenas
o nome romano de Gaia, a terra.

4.24 Vênus

Objeto de admiração tanto pela beleza como pelas aventuras amorosas em


que se envolveu com deuses e mortais, Vênus é associada a todos os aspectos da
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condição feminina. Vênus é uma antiga deusa pré-romana da península itálica,


ligada aos campos cultivados e jardins. Não há registro de que tenha sido venerada
na Roma primitiva, governada pelos etruscos, mas entre os grupos latinos da
península, no entanto, seu culto parece provir de tempos remotos. Em Roma, logo
foi identificada com Afrodite, deusa grega do amor. Não se entende bem essa
associação, talvez devida, em parte, à fundação de um templo romano em louvor de
Vênus durante o festival de Júpiter (o Zeus grego, pai de Afrodite). Razão mais forte
teria sido o acolhimento em Roma do culto a Afrodite, proveniente da cidade siciliana
de Erice, resultado da identificação de uma deusa-mãe oriental com a divindade
grega. Em 215 a.C., um templo foi consagrado no Capitólio a essa divindade híbrida,
que se tornou conhecida como Vênus Ericina.

Mais tarde o culto de Vênus difundiu-se por todo o Mediterrâneo. Como


divindade romana, Vênus não tinha mitologia própria. Incorporou a de Afrodite e
assim foi identificada com diversas deusas estrangeiras. Resultado notável dessa
transformação foi o fato de seu nome ter sido dado a um dos planetas do sistema
solar, inicialmente batizado com o nome da deusa babilônica Ishtar e, depois, de
Afrodite. Associada ao amor e à beleza feminina, Vênus foi um dos temas preferidos
na arte de todos os tempos.

4.25 Vesta

Vesta é a personificação romana do fogo sagrado, da pira doméstica e da


cidade. Corresponde à Héstia dos gregos. Cortejada pelos deuses, e especialmente
pelo belo Apolo e por Netuno, Vesta rejeitou todas as propostas amorosas e
conseguiu que o próprio Júpiter protegesse sua virgindade.

Devido a sua vontade de permanecer casta, suas sacerdotisas, as vestais,


que vigiavam em permanência o fogo sagrado nos templos, também se mantinham
assim. De onde saiu a expressão virgem vestal.

Vesta era a filha primogênita de Cibele e Saturno, a irmã mais velha da


primeira geração de deuses olímpicos, e a solteirona da segunda. Por direito de
primogenitura, era uma das doze deusas olímpicas principais
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Foi engolida por Saturno e posteriormente resgatada por Júpiter.


Representada trajando um longo vestido, muitas vezes com a própria cabeça
coberta por um véu, ela é a deusa que nunca abandona o lar, o Olimpo, e jamais se
envolve nas brigas e guerras de deuses ou mortais. Ajudou-o a tornar-se dono do
universo. Desprezou o amor tanto de Netuno como de Apolo (Febo), resolvendo
permanecer solteira. Como deusa de coração quente, ela representava a divindade
do lar e defendia a vida da família. Era adorada antes dos outros deuses em todas
as festas, uma vez que era a mais antiga e preciosa das deusas do Olimpo. Um
juramento feito em seu nome era o mais sagrado dos juramentos. Segundo
Heródoto era uma das divindades cujo nome não se originou no Egito ou no Oriente
próximo. O animal mais sagrado à deusa é o asno.

4.26 Vulcano

Vulcano (Hefesto na mitologia grega) era o deus romano do fogo, filho de


Júpiter e de Juno ou ainda, segundo alguns mitólogos, somente de Juno com o
auxílio do Vento.

Foi lançado aos mares devido à vergonha de sua mãe pela sua disformidade,
foi, porém, recolhido por Tetis e Eurínome, filhas do Oceanus. Noutras versões, a
sua fealdade era tal mesmo recém-nascido, que Júpiter o teria lançado do Monte
olimpo abaixo. A esse fato de deveria a sua deformidade, pois Vulcano era coxo.

Sua figura era representada como um ferreiro. Era ele quem forjava os raios,
atributo de Júpiter. Este deus, o mais feio de todos, era o marido de Vénus ( a
Afrodite grega), a deusa da beleza e do amor, que, aliás, lhe era tremendamente
infiel.

No entanto, Vulcano forjou armas especiais para Eneias, filho de Vênus de


Anquises de Tróia e para Aquiles quando este havia emprestado para Pátroclo,que
por sua vez a perdeu para Heitor.

Em certa altura, Vulcano preparou uma rede com que armadilhou a cama
onde Vénus e Marte mantinham uma relação adúltera. Deste modo o deus ferreiro
conseguiu demonstrar a infidelidade da sua esposa, que no entanto foi perdoada por
Júpiter.
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5. Decadência

Nos encontramos no princípio da decadência da religião romana a partir de


uma translação das qualidades antropomórficas dos Deuses gregos à religião
romana e, sobretudo, à influência e predomínio da filosofia grega entre os romanos
cultos. Essa circunstância teve uma drástica conseqüência: o desinteresse pelos
velhos ritos e tradições. De alguma forma, a decadência de uma religião vem a
fortalecer outras. Sendo assim, no século I a. C. os ofícios sacerdotais antigos
praticamente desapareceram.

Desinteressando-se cada vez mais pelo antigo, os patrícios (topo da pirâmide


social, descendentes dos primeiros romanos) deixaram de crer nos ritos. Só houve
uma continuidade por interesse político, entretanto a maioria da população se
inclinou por abraçar ritos procedentes do estrangeiro. Só a elite sacerdotal continuou
controlando os cargos do pontífice e de "augur", cargos sem dúvida, tipicamente
político e muito cobiçados.

O aparecimento do Imperador Augusto propiciou uma reforma geral e a


restauração do antigo sistema. Augusto assumiu, também, como o mais alto
sacerdote de todas as ordens sacerdotais e como imperador, não hesitou em
proclamar-se um ser divino. Essa nova religião, a da adoração de Augusto, floresceu
e foi observada em todo o império durante a sua vida, e se seguiu com os
imperadores Cláudio, Vespasiano e Tito. A partir de então, depois do reinado de
Marco Coceyo Nerva (96-98 d. C.), muito poucos imperadores não receberam essa
distinção.

Conclui-se assim, que a expansão dos romanos trouxe invariavelmente a


adoção de novos ritos. O estrangeiro foi se impondo pouco a pouco e assim
apareceu o mito da Deusa egípcia Ísis e do Deus persa Mitra, que em alguns
aspectos era similar ao cristianismo.

Finalmente foi se impondo o cristianismo, passando a ser a religião


oficialmente tolerada em Roma a partir do governo de Constantino o Grande,
imperador do ano de 324 até 337.
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Os cultos pagãos foram proibidos no ano 392, através de um edito do


imperador Teodósio.
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6. Resumo

Como quase todos os povos da Antiguidade, os Romanos, antes da


cristianização, eram politeístas. Tal como na Grécia, a vida familiar, social e cultural
dos Romanos estava ligada à religião. Os Lares (deuses da família), os Penates
(deuses das refeições), os Manes (almas dos antepassados), os Diparates
(protetores dos antepassados) e os Gênios (protetores da capacidade procriadora
do homem), eram os deuses domésticos. Após a conquista da Grécia, os romanos
assimilaram os deuses gregos dando-lhes nomes latinos.

No período do Império, a religião tradicional passou a integrar ritos políticos e


cívicos dos quais fazia parte o culto do Imperador. A família tradicional romana,
unida á volta do seu chefe e do culto doméstico, passou gradualmente a ficar
desagregada. Casamentos e divórcios, principalmente nas classes mais ricas,
sucediam-se como meras formalidades. O culto aos deuses, e também ao
imperador, fazia-se através de orações e sacrifícios que tinham lugar nos templos e
nas aras (altares). Os templos passaram a ser muito frequentados, além de orações
e sacrifícios realizavam-se inúmeras festas com banquetes e procissões.

Tal como na Grécia também havia jogos públicos que em Roma eram
dedicados a Júpiter. A ostentação e o prazer estavam sempre presentes nestas
festas. As pessoas adoravam os seus deuses em dias santos e festivais, que eram
em grande número. Nesta altura não havia semanas de sete dias com um dia santo
de descanso, excepto entre os judeus. Rezava-se em períodos de problemas ou
doenças. Os sacerdotes (áugures e pontífices) e as sacerdotisas (vestais) eram os
organizadores do culto dos deuses: os áugures interpretavam a vontade dos deuses.

Os pontífices fixavam os ritos e o calendário dos "dias nefastos"; as Vestais


mantinham acesa a chama sagrada no templo de Vesta. Os principais deuses: eram
Júpiter (o equivalente em grego era Zeus) que era o pai dos deuses, Juno (sua
mulher),Marte, Vênus, Diana e Baco .

Aproximadamente no século III a.C., a crença nos deuses foi dando espaço a
religiões orientais com aspectos mitológicos, com características como envolvimento
pessoal, ritos de iniciação e sacrifícios. Após alguns séculos, o Cristianismo tornou-
se a religião do povo, sendo reconhecido apenas em 313 d.C.
38

CAPÍTULO 2. – MITOLOGIA NÓRDICA


39

7. Introdução

A mitologia nórdica, também chamada de mitologia germânica, mitologia


viking ou mitologia escandinava se refere a uma religião pré-cristã, crenças e lendas
dos povos escandinavos, incluindo aqueles que se estabeleceram na Islândia, onde
a maioria das fontes escritas para a mitologia nórdica foram construídas. Esta é a
versão mais bem conhecida da mitologia comum germânica antiga, que inclui
também relações próximas com a mitologia anglo-saxônica. Por sua vez, a mitologia
germânica evoluiu a partir da antiga mitologia indo-européia.

A mitologia nórdica é uma coleção de crenças e histórias compartilhadas por


tribos do norte da Germânia (atual Alemanha), sendo que sua estrutura não designa
uma religião no sentido comum da palavra, pois não havia nenhuma reivindicação
de escrituras que fossem inspirados por algum ser divino. A mitologia foi transmitida
oralmente principalmente durante a Era Viking, e o atual conhecimento sobre ela é
baseado especialmente nos Eddas e outros textos medievais escritos pouco depois
da cristianização.

No folclore escandinavo estas crenças permaneceram por mais tempo, e em


áreas rurais algumas tradições são mantidas até hoje, recentemente revividas ou
reinventadas e conhecidas como Ásatrú ou Odinismo. A mitologia remanesce
também como uma inspiração na literatura assim como no teatro e no cinema.

A família é o centro da comunidade, podendo ser estreitamente relacionada


com a fertilidade-fecundidade quanto com a agressividade de um povo hostil e
habituado às guerras, em uma sociedade totalmente rural que visa a prosperidade e
a paz para si. Deste modo, a religião é muito mais baseada no culto do que no
dogmatismo ou na metafísica, uma religiosidade baseada em atos, gestos e ritos
significativos, muitas vezes girando em torno de festividades a certos deuses, como
Odin e Tîwaz (identificado por alguns estudiosos como predecessor de Odin).

Pode-se dizer que a religião viking não existia sem um ritual e abordava
exclusivamente o culto aos ancestrais; era uma religião que ignorava o suicídio, o
desespero, a revolta e mais do que tudo, a dúvida e o absurdo. Segundo alguns
autores, era "uma religião da vida".
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8. História

Quando ainda não existia nem a Terra nem o mar e nem o ar, quando só
existia a escuridão, já estava lá o "Pai"... Ao começar a criação, mesmo no centro do
espaço abria-se Ginnunga ou Ginnungagap - terrível abismo sem fundo e sem luz,
circundado por uma massa de vapor. Ao norte estava a Terra de Niflhein - o mundo
de água e escuridão que se abria ao redor da eterna fonte de Hvergelmir.

Dessa fonte nasciam os 12 rios do Elivagar, as doze correntes que corriam


até a borda do seu mundo, antes de encontrar-se com o muro de frio que gelava as
suas águas, fazendo-o também cair no abismo central com um estrondo
ensurdecedor, as águas escoavam abismo adentro, para muito longe de sua origem,
onde em alguns pontos a água congelou, formando assim camadas sobrepostas de
gelo que foram pouco a pouco preenchendo o abismo...

Ao sul deste caos estava a doce terra de Muspells ou Muspelsheim - país do


fogo, o cálido lar do fogo elementar, cuja custódia estava encomendada ao gigante
Surt ou Surtur - gigante do fogo que lá vivia. Este gigante era quem lançava nuvens
de centelhas ao brandir a sua espada chamejante, enchendo do seu fogo o céu,
mas este fogo quase não conseguia fundir o gelo do abismo e o frio venceria de
novo, fazendo com que se elevasse uma coluna de vapor que também não podia
fugir do abismo, dado que, ao encontrar-se com o mundo do gelo, condensavam-se
as grandes colunas de umidade, enchendo de nuvens o espaço central...

Deste lugar surgiu o Gigante Ymir, a personificação do oceano gelado, e


nasceu com fome voraz, que só pode saciar com outra criatura nascida ao mesmo
tempo que ele. A mistura continuou e dos pedaços de gelo nasceu a gigante Vaca
Audumla (símbolo da fecundidade), de cujas tetas brotavam quatro rios de leite...

Audumla, procurando avidamente o seu alimento, lambeu um bloco de gelo e


fundiu-o com a sua língua, fez aparecer o bom deus Buri enterrado muito tempo
antes nos gelos perpétuos (em outra versão nasceu do leite que caiu das tetas da
vaca).

Mas enquanto Ymir adormecido placidamente, pariu sem reparar, com o suor
de sua axila, Thrudgelmir, o gigante das seis cabeças, e este fez depois nascer o
41

seu companheiro Bergelmir, e dos dois saiu a estirpe de todos os gigantes malvados
do gelo.

8.1 A guerra do bem e do mal

E os gigantes do mar viram o deus Buri, que acabava de engendrar o seu


filho e aliado Bor. Compreenderam então que era o único momento no qual seria
possível tentar vencer o bem. Os gigantes começaram imediatamente a guerra. Mas
as forças estavam demasiadamente igualadas e o combate já durava eras, quando
Bor desposou a Bestla, a gigante filha do gigante Bolthorn, e dessa união tiveram
três filhos, três aliados imediatos para sua causa: Odin, Vili e Vé (representando o
espírito, a vontade e o sagrado, respectivamente).

Com esta formidável ajuda, o novo exército do bem fez retroceder os


malvados espíritos do gelo, até matar Ymir. Da grande quantidade de seu sangue,
todos os gigantes, menos dois, se afogaram. Todos de sua raça morreram, exceto
Bergelmir e a sua esposa, que puderam por-se a salvo a tempo, fugindo numa barca
para o limite do mundo...

Do corpo de Ymir os irmãos (Odin, Vili e Vé) criaram o céu e a terra. Com seu
crânio (outras versões: sua pele; ou de seus olhos de cor marrom) construíram a
Midgard (a Terra, também chamado de o País do Meio ou Jardim Central). Seus
músculos (carne) usaram para encher o Ginnungagap; seu sangue para criar os
lagos e os oceanos; de seus ossos inquebráveis eles fizeram as montanhas; com o
seu pelo, a vegetação; árvores eram feitas de seu cabelo e os dentes gigantes se
tornaram rochas e pedras, também os desfiladeiros, sobre as quais colocaram as
sobrancelhas do gigante, para fortificar a fronteira com o mar, construído com o
sangue e o suor de Ymir.

Mas, a muita distância deles, Bergelmir e a sua mulher alcançaram uma


inóspita terra que afetava pouco essas criaturas do frio, estabelecendo-se em um
lugar ao qual chamaram Jotun ou Jotunheim (País do Leste ou País do Gelo), a
casa dos gigantes, onde começaram a dar vida a outra raça de gigantes do gelo,
para continuar a renovada luta das forças opostas.
42

8.2 Surge a Terra

Só faltava fechar este novo mundo e, julgou-se conveniente fazer isso,


colocando sobre Midgard a abóbada craniana do derrotado gigante. A assim se fez,
encarregando aos anões Nordri, Sudri, Austri e Wesdri a sua fixação em cada um
dos quatro pontos cardeais que levavam os seus nomes.

Com o crânio posto no seu lugar fez-se nascer o céu, mas ao colocá-lo os
miolos espalharam-se pelo ar e com os seus restos criaram-se as nuvens. Só faltava
a iluminação desse espaço e os deuses acudiram a Muspells, fazendo com o fogo
da espada de Surd, fabricando com as suas centelhas as luzes do firmamento.

Com as duas maiores os deuses realizaram o Sol e a Lua, colocando-as


sobre duas carruagens que girariam sem parar sobre Midgard, revelando-se
incessantemente no céu, carroças guiadas pelos dois filhos do gigante Mundilfari, a
sua filha Sol e seu filho Mani.

Ambas as carruagens, para manter viva a luta constante entre o bem e o mal,
seriam eterna e inutilmente perseguidas pelos dois lobos Skoll e Hatri - encarnações
vivas da repulsa e do ódio, que tratavam de alcançá-los, sem o conseguirem salvo
em alguma rara ocasião (quando da terra se podia ver um eclipse do Sol ou da Lua),
para conseguir o seu malvado objetivo de devorar o Sol e a Lua e fazer com que a
escuridão perpétua caísse de novo sobre o Universo.

Para fazer o dia e a noite encarregou-se ao belo Dag filho da deusa da noite
Naglfari que levasse a carroça do dia, puxada por Skin (brioso cavalo branco que
produzia com os seus cascos a brilhante luz do dia), enquanto Note, a filha do
gigante Norvi, encarregava-se de conduzir a carroça preta da noite, puxada pelo seu
negro cavalo Hrim (o que lançava à Terra o orvalho e a geada produzido pelo seu
trotar).

Mais tarde, foram-se acrescentando ao cortejo celeste as seis horas e as


duas grandes estações: o inverno e o verão. Já estava a Terra pronta para ser
ocupada pelos primeiros seres criados pelos deuses.
43

8.3 Os dois primeiros seres

Mas era necessário muito mais do que os elfos, bons e maus para dar sentido
ao Universo, e os deuses pensaram que o acabado Midgard exigia a presença da
mulher e do homem. Vendo perante si um Olmeiro (Embla) e um Salgueiro (Askr)
juntos, a beira mar, Odin compreendeu imediatamente que dessas duas árvores
teria que criar o homem e a mulher, a estirpe dos humanos

Deu-lhes Odin a alma; Hoenir, o movimento e os sentidos; Lodur, o sangue e


a vida. O primeiro homem, Askr, e a primeira mulher Embla, estavam vivos e eram
livres, tinham recebido o dom do pensamento e da linguagem, o poder de amar a
capacidade da esperança e a força do trabalho, para governarem o seu mundo.

Deram origem a uma nova raça, sobre a qual eles, os deuses, estariam
exercendo permanente a sua tutela. Mas Odin, deus da sabedoria e da vitória, era o
protetor dos guerreiros aos quais proporcionava um especial afeto, cuidando deles
da altura do seu trono, o Hlidskialf, enquanto vigiava o resto do Universo, no nível
dos deuses, no dos humanos e no dos elfos.

Perto de lá estava Valhalla, a sala dos mortos escolhidos, o paraíso dos


homens escolhidos entre os caídos em combate heróico. Era um palácio magnífico,
ao qual se acedia por qualquer das quinhentas e quarenta portas, imensas portas
(por cada uma podia passar uma formação de oitocentos homens em fundo), que
davam para uma grande sala coberta de espadas tão brilhantes que iluminavam a
estância, refletindo-se a sua luz no artesanato feito de escudos de ouro e nos
peitilhos e malhas que decoravam os bancos, a sala de jantar e o lugar de reunião
para os Einheriar trazidos entre os mortos pelas Valquírias montados nas suas
cavalgaduras, após cavalgarem através do Bifrost.

8.4 O caso dos Deuses

E o dia da vingança do lobo Fenris (chamado também no velho nórdico de


"Wolf-Joint") chegou por fim. O último dia, o da batalha entre as forças do bem e as
do mal. Loki (o diabo), que tinha vivido entre os doze deuses, levava a maldade no
seu seio, e quando foi expulso de Asgard, também a levou para os humanos,
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fazendo com que o mundo se convertesse no lugar de todos os crimes; em breve as


divindades viram que tinha chegado o tempo do seu ocaso...

O Sol e a Lua deixaram de brilhar nos céus, ao serem alcançados e


devorados pelos lobos engendrados por Fenris; a neve e o vento invadiram tudo
durante três anos, e depois outros três anos de pesar caíram sobre o aterrado
Universo. O dragão devorou a raiz do salgueiro Yggdrasil (Árvore do Mundo) e
Heimdall (deus do arco-íris) deu toque de alarme.

Os deuses saltaram dos seus palácios e saíram nos seus cavalos para
combaterem os gigantes do gelo e a sua banda de renegados e monstros
horrendos. Ia dar-se início à luta final sobre a planície de Vigrid, segundo o que o
destino tinha marcado desde o princípio dos tempos.

A batalha derradeira entre o exército do bem, formado pelos deuses do Aesir,


os guerreiros escolhidos do Einheriar e os deuses do vento, os Vanas e as forças
poderosas e heterogêneas do mal, em cujas sinistras filas estavam desde a deusa
da morte, Hel, até Loki e o seu filho, o lobo Fenris, passando pelos sempre temidos
gigantes do gelo e de todos os monstros aliados.

Um instante depois, entre o estrondo da tempestade e a fúria de todos os


elementos desatados, todos os inimigos estavam combatendo a morte, numa luta
sem quartel, na qual dificilmente podia haver um vencedor.

Cada um dos combatentes selecionou o inimigo do seu tamanho, e assim


Odin enfrentou o lobo Fenris; Thor lançou-se contra a serpente do Midgard; Heimdall
escolheu o traidor deus Loki como seu rival; Tyr balançou-se contra o cão Garn; sem
dar-se um segundo de descanso, todos os adversários lutaram desesperadamente
enquanto puderam manter-se em pé.

Mas também todos eles, sem exceção, foram sucumbindo perante os seus
mútuos inimigos. Estava claro que nenhum deles podia vencer naquela loucura
coletiva; enquanto os deuses e os malvados se matavam, o céu e a terra ardiam
com as centelhas que arrojou o furioso Surt e, muito em breve, todo o Universo se
consumia irremissivelmente nesse fogo aterrador que também o purificava para o
sempre.
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O ruído da luta parou. Só restavam as cinzas. Mas voltou a brilhar outra luz
no céu: a filha póstuma da deusa sol, agora mais tênue e benfeitora. Ao calor do Sol
amanhecia outra vez; e da profundidade do bosque de Mimir, surgiram uma mulher
e um homem, Lifthrasir e Lif (os dois únicos humanos sobreviventes do fogo), que
tinham sido reservados da morte para repovoarem o novo mundo que tinha que
suceder ao corrompido mundo primordial.

Os deuses da natureza, Vale e Vidar, também se debruçaram à paisagem


que despertava a nova vida e, encontraram-se com aqueles que nasceram para
suceder aos doze deuses: os irmãos Modi e Magni, os filhos do deus Thor e da
gigante Iarnsaxa, que traziam consigo o martelo do pai e as suas virtudes.

Apareceu depois Hoenir, seguiram-no pouco mais tarde os irmãos gêmeos


Baldur e Hodur, filhos de Odin e Frigga. Os sete deuses descobriram felizmente que,
além no alto do céu, o Gimli, a morada celestial mais elevada, se tinha salvo da
destruição total. Então e, a partir desse recuperado canto do paraíso original,
começaria o seu novo reinado de amor e cuidado sobre a nova humanidade e sobre
a também renovada Terra.
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9. Clãs

Há três "clãs" de divindades: os Æsir, os Vanir e os Lotnar ou Jotun


(gigantes). A distinção entre o Æsir e o Vanir é relativa, pois na mitologia os dois
finalmente fizeram a paz após uma guerra prolongada, ganha pelos Æsir. Entre os
embates houve diversas trocas de reféns, casamentos entre os clãs e períodos onde
os dois clãs reinavam conjuntamente. Alguns deuses pertencem à ambos os clãs.
Alguns estudiosos especulam que esta divisão simboliza a maneira como os deuses
das tribos invasoras indo-européias suplantaram as divindades naturais antigas dos
povos aborígenes, embora seja importante notar que esta afirmação é apenas uma
conjectura.

O Æsir e o Vanir são geralmente inimigos dos Lotnar. São comparáveis ao


Titãs e aos Gigantes da mitologia grega e traduzidos geralmente como "gigantes",
embora trolls e demônios sejam sugeridos como alternativas apropriadas.
Entretanto, os Æsir são descendentes dos Iotnar e tanto os Æsir como os Vanir
realizaram diversos casamentos entre eles. Alguns dos gigantes são mencionados
pelo nome no Eddas, e parecem ser representações de forças naturais. Há dois
tipos gerais de gigante: gigantes da neve e gigantes do fogo. Havia também elfos e
anões e, apesar de seu papel na mitologia ser bastante obscuro, normalmente são
apresentados tomando o partido dos deuses.

Além destes, há muitos outros seres supernaturais: Fenris (ou Fenrir) o lobo
gigantesco, e Jormungard, a serpente do mar que circula o mundo inteiro. Estes dois
monstros são descritos como primogênitos de Loki, o deus da mentira, e de um
gigante. Hugin e Munin (pensamento e memória), são criaturas mais benevolentes,
representadas por dois corvos que mantêm Odin, o deus principal, informado do que
está acontecendo na terra; Ratatosk, o esquilo que atua como mensageiro entre os
deuses e Yggdrasil, a árvore da vida, figura central na concepção deste mundo.

Assim como muitas outras religiões politeístas, esta mitologia não apresenta o
característico dualismo entre o bem e o mal da tradição do oriente médio. Assim,
Loki não é primeiramente um adversário dos deuses, embora se comporte
frequentemente nas histórias como o adversário primoroso contra o protagonista
Thor, e os gigantes não são fundamentavelmente malignos, apesar de normalmente
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rudes e incivilizados. O dualismo que existe não é o mal contra o bem, mas a ordem
contra o caos. Os deuses representam a ordem e a estrutura visto que os gigantes e
os monstros representam o caos e a desordem.

9.1 Æsir

Æsir, segundo a mitologia nórdica, é um clã de deuses que residem em


Ásgarðr (Asgard), ou seja, o País dos Æsir. Suas contrapartes e uma vez inimigos,
com os quais guerrearam, são os Vanir. Os Vanir são deidades mais da natureza e
fertilidade. Enquanto os Æsir são mais guerreiros que seus rivais. Quando as duas
raças guerrearam, Æsir e Vanir, fizeram as pazes, as deidades Vanir entregaram
Njörðr (Niord), Freyr e Freyja para os Æsir.

Os Æsir formam o panteão principal dos deuses na mitologia nórdica. Incluem


muitas das figuras principais, tais como Odin, Frigga, Thor, Balder e Týr. Existem
outros clãs de deuses nórdicos, sendo segundo principal o clã dos Vanir, também
mencionado na mitologia nórdica. Além destes clãs também há o clã das Nornas, o
clã dos Iotnar e o clã dos "Dragões".

O deus Njörðr e seus filhos, Frey e Freyja são os deuses mais importantes
dos Vanir, e acabaram se reunindo aos Æsir como reféns após a Guerra dos
Deuses, que envolveu ambos os clãs. Enquanto os Vanir eram lembrandos
principalmente em relação à fertilidade, o Æsir eram os deuses do poder e das
guerras.

Os 'áss' da palavra aparentemente é derivada do proto-indo-europeu


*ansu-'respiração, deus' relacionado ao sânscrito asura e ao avestan ahura, com o
mesmo significado; apesar de que a palavra em sânscrito asura veio a significar
demônio. O cognato em inglês arcaico de 'áss' é os, que significa 'deus, divindade'
(como no sobrenome atual Osgood). A palavra 'áss' ainda pode significar 'feixe' ou
'correio' na língua nórdica arcaica, mas não há nenhuma demonstração da conexão
etmológica entre as duas palavras. Schefferus, um proto-etonologista do Século
XVII, afirmou que o Æsir se referencia aos imperadores da Ásia, isto é, uma
liderança pseudo-feudal (de hereditariedade xamanista), que saíra das estepes
asiáticas para a Europa em tempos ancestrais. Nenhum outro estudioso nos séculos
seguintes encontrou qualquer evidência para suportar esta afirmação.
48

A interação entre os Æsir e os Vanir é um aspecto interessante da mitologia


nórdica. Enquanto outras culturas desenvolveram famílias antigas e novas dos
deuses, como os Titãs contra os Olimpicos da Grécia antiga, o Æsir e o Vanir se
portavam de forma mais contemporânea. Os dois clãs de deuses lutavam batalhas,
realizavam tratados e trocavam reféns (Frey e Freya são mencionados como
reféns). Uma especulação comum interpreta as interações ocorrendo entre os Æsir
e os Vanir como reflexo dos tipos de interação que ocorriam entre os vários clãs dos
nórdicos naquele tempo. De acordo com outra teoria, o clã Vanir (cujos deuses são
mais relacionados principalmente com a fertilidade e de comportamento mais calmo)
pode ter se originado primeiramente na mitologia. Mais tarde, os deuses da guerra,
representados pelos Æsir, surgiram nas lendas através da guerra mítica que,
possivelmente, poderia espelhar um conflito religioso ocorrido naquele tempo. Desta
forma, a Guerra dos Deuses pode ser um paralelo ao histórico conflito entre os
romanos e os sabinos. O estudioso Mircea Eliade especula que ambos os conflitos
são, na verdade, versões diferentes de um mito indo-Europeu mais antigo sobre um
conflito que integrou as divindades do céu e da ordem contra as divindades da terra
e da fertilidade, sem nenhum antecedente histórico estrito.

Os Æsir eram agraciados com a juventude eterna enquanto comessem as


maçãs de Iðunn, embora ainda pudéssem ser assassinados. Além disso, quase
todos estavam predestinados a morrerem durante o Ragnarok.

Somente quatro das deidades Aesir são comuns as outras tribos germânicas
fora da Escandinávia: Óðinn (Odin) como Wotan, Þórr (Thor) como Donar, Tyr como
Tiw ou Tiwaz, e Frigga como Freia.

9.2 Vanir

Os membros do panteão Vanir incluem Njorðr, Frey e Freya, que viveram


entre o Æsir desde o fim do conflito entre os dois clãs de deuses (negociados para
Mimir e Hoenir). A classificação como Vanir de Skaði, de Lýtir, de Gerðr e de Óðr
pode ser debatida. Skaði era uma giganta casada com Vanir (Njorðr); Gerðr também
era uma giganta, por quem Frey ficou apaixonado, vendendo sua espada como
pagamento para sua união com a deusa. No entanto, não está bem certo se esta
união atingiu mais do que uma única reunião. Óðr é mencionado no Eddas muito
49

rapidamente como o marido de Freya, mas nada mais é sabido realmente sobre
quem era ele (embora se observe frequentemente que este era um de nomes de
Odin).

9.3 Lotnar

Na mitologia nórdica, os gigantes eram uma raça mitológica com força sobre-
humana, se manifestando sempre em oposição aos deuses, embora freqüentemente
eles se misturassem ou até mesmo tomassem por matrimônio alguns deles, tanto os
Æsir e os Vanir. Sua fortaleza é conhecida como Utgard, e ficava situada em
Jotunheim, um dos nove mundos da cosmologia dos nórdicos, separados de
Midgard, o mundo dos homens, por montanhas elevadas e por florestas densas. Os
que viviam em outros mundos diferentes dos seus próprios, pareciam preferir
cavernas e lugares escuros.
50

10. Lugares

Na mitologia nórdica, se acreditava que a terra era formada por um enorme


disco liso. Asgard, onde os deuses viviam, se situava no centro do disco e poderia
ser alcançado somente atravessando um enorme arco-íris (a ponte de Bifrost). Os
gigantes viviam em um domicílio equivalente chamado Jotunheim (Casa dos
Gigantes). Uma enorme ábade no subsolo escuro e frio formava o Niflheim, que era
governada pela deusa Hel. Este era a moradia eventual da maioria dos mortos.
Situado em algum lugar no sul ficava o reino impetuoso de Musphelhein, repouso
dos gigantes do fogo. Outros reinos adicionais da mitologia nórdica incluem o
Alfheim, repouso dos elfos luminosos (Ljósálfar), Svartalfheim, repouso dos elfos
escuros, e Nidavellir, as minas dos anões. Entre Asgard e Niflheim estava Midgard,
o mundo dos homens.

Não há uma clara definição sobre quais seriam os mundos da mitologia


nórdica, pois muitos se sobrepõem e vários nomes são utilizados, designando,
normalmente, o mesmo lugar. Diferentemente de outras culturas mitológicas, na
nórdica não há uma clara definição sobre os lugares que, as vezes, são separados
por mares ou oceanos, não constituindo mundos separados na acepção da palavra.
Deste modo, podemos verificar a existência de nove mundos, conhecidos como os
Nove Mundos da Mitologia Nórdica, que podem ser considerados os principais:

10.1 Asgard

Asgard (em nórdico antigo: Ásgarðr) é o reino dos deuses, os Æsir, na


mitologia nórdica, mundo separado do reino dos mortais, Midgard. Asgard era,
originalmente, conhecido como Godheim (o repouso dos deuses), pois os primeiros
investigadores da mitologia confundiram o nome do mundo dos deuses com o seu
castelo mais importante e, neste caso, Godheim se tornou Asgard em muitas fontes
históricas.

Os muros que cercam Asgard foram construídos por um gigante (identificado


freqüentemente e equivocadamente como Hrimthurs). Como pagamento por seu
trabalho, ele deveria receber a mão de Freya em casamento que é uma das deusas
mais belas e também Deusa da fertilidade, do sol e da lua. O acordo só valeria
desde que o trabalho fosse terminado dentro de seis dias. O gigante possuia um
51

cavalo muito rápido e forte. Com o intuito de evitar honrar o acordo, Loki por ciúme
da deusa e tentando agradar seu pai Odin transformou-se em uma égua e no último
dia do acordo ele foi lá e seduziu o cavalo mágico do gigante, Svadilfari. Deste
modo, o trabalho não foi terminado a tempo, e os deuses conseguiram evadir-se do
pagamento. Loki em compensação pela "distração" do cavalo do gigante pariu
Sleipnir, o cavalo de 8 patas que posteriormente, foi dado a Odin como um presente.

O guardião de Asgard é Heimdall. A planície de Ida é o centro de Asgard. Os


Æsir encontram-se lá para a discussão de temas importantes - os deuses
masculinos reúnem-se em um salão chamado Gladsheim, e as deusas em um salão
chamado Vingolf. Eles também encontram-se diariamente no Well of Urd, abaixo de
Yggdrasil.

10.2 Midgard

Midgard, Miðgarðr (nórdico arcaico), Midjungards (gótico), e Middangeard


(inglês arcaico) é o nome do reino dos humanos na mitologia nórdica,
correspondendo à Terra como então era conhecida. Midgard é o domínio da deusa
Jord. No inglês médio, o nome se transformou em Middel-erde e resultou na Terra-
média, conhecida modernamente.

O mundo de Midgard localiza-se no meio de Yggdrasil, cercado por um


mundo de água ou oceano, cuja passagem é intransponível. O oceano é habitado
pela enorme serpente marinha Jormungard, que circula todo o mar, formando um
anel que impede a passagem de quaisquer seres ao agarrar sua própria cauda. O
nome original do que hoje é chamado Midgard era conhecido como Mannheim (lar
dos homens), mas os primeiros pesquisadores da mitologia confundiram a região
como se fosse o castelo mais importante do local. Logo, Midgard, em algumas
fontes antigas, era a mais imponente construção do mundo dos homens, Mannheim.

Midgard é representada como sendo um mundo intermédio entre Asgard e


Niflheim (respectivamente o paraíso e inferno nórdicos). De acordo com a lenda, foi
formada da carne e do sangue do gigante de gelo Ymir, a carne formando a terra; e
o sangue, o oceano que a rodeia. Midgard será destruída na batalha de Ragnarok, a
batalha final, que terá lugar na planície de Vigrid. Nessa batalha, Jormungard, a
gigantesca serpente que habita o oceano, irá levantar-se e envenenará a terra e o
52

mar, fazendo com que as águas se lancem contra a terra, que será submergida,
destruindo praticamente toda a vida em Midgard.

A expressão Middel-erde, como Terra Média, foi usada por J. R. R. Tolkien


em sua obra de ficção O Senhor dos Anéis, obra que se baseia muito na mitologia
nórdica.

O nome middangeard ocorre diversas vezes no poema épico anglo-saxão


Beowulf, utilizada na mesma conotação que a palavra Midgard em nórdico arcaico.
O termo é equivalente no significado ao termo grego Oikoúmene, que é definido
como o mundo conhecido e habitado. Stephen King usou também uma mutação do
nome Midgard em seus trabalhos, nomeando o universo paralelo em sua série "A
Torre Negra" como Mid-World, embora este ainda pudesse ser considerado somente
o nome de um reino antigo.

10.3 Jotunheim

Jotunheim é o mundo dos gigantes (de dois tipos: rocha e neve, chamados
coletivamente de Jotuns) na mitologia nórdica. A partir deste mundo, os gigantes
ameaçavam os seres humanos em Midgard e os deuses em Asgard (cujos mundos
são separados pelo rio Iving). A cidade principal de Jotunheim é Utgard. Gastropnir,
lar de Menglod; e Thrymheim, repouso de Tiazi, era ambos lugares situados em
Jotunheim, que era governado pelo rei Thrym.

Jotunheimen é também o nome de uma cadeia de montanhas na Noruega. O


pico mais elevado das montanhas, Galdhøpiggen (2469 metros), é também o lugar
mais alto da Escandinávia.

10.4 Vanaheim

Na mitologia nórdica, Vanaheim é o repouso dos Vanir. Este mundo estaria


situado em Asgard, no nível mais elevado do universo. Os Vanir eram, geralmente,
os deuses mais benevolentes, relacionados à agricultura e à natureza, ao contrário
dos Æsir, que eram considerados deuses da guerra e extremamente passionais.
53

Os Vanir guerrearam momentaneamente com os Æsir na Guerra dos Deuses,


mas se fez rapidamente a paz. Frey, Freya e Njord são considerados os três
principais deuses Vanir.

Vanaheim é considerado um dos Nove Mundos da Mitologia Nórdica por


causa de sua menção no Alvíssmál e também porque é considerado o lugar de
nascimento de Njord, para onde o deus retornará durante o Ragnarok. Isto parece
implicar que o Vanaheim não será afetado pelo Ragnarok. Provavelmente não
haverá informações adicionais sobre o lugar, pois pouca informação sobre este
mundo sobreviveu até hoje.

10.5 Alfheim

Álfheim (Álfheimr em nórdico arcaico, lar dos elfos) é o domicílio dos Álfar
'Elfos' na mitologia nórdica, aparecendo também em baladas inglesas sob a forma
de Elfhame e Elphame. É também um nome antigo para o território que existe entre
o que, atualmente, é o rio Glomma na Noruega e o rio do Göta älv na Suécia.

10.6 Musphelhein

Musphelhein (ou Musspell) significa "Casa da Desolação" e também é


conhecido como "País do Fogo". Era uma zona quente de onde se dizia terem
originado os primeiros seres vivos. Situa-se no Sul, logo abaixo do disco de Midgard,
por oposição a Niflheim no Norte. É o lar dos gigantes de fogo e de seu mestre,
Sultur, o eterno companheiro do fogo, como é mencionado na Edda Poética; é o
mais poderoso deles e diz-se que será quem combaterá os sobreviventes do
Ragnarok.A partir das faíscas de Muspelheim foram criados os planetas, cometas e
estrelas.

10.7 Svartalfheim

Os svartálfar ("elfos negros") ou dökkálfar ("elfos escuros") são seres


sobrehumanos (vættir ou wights, em nórdico arcaico), que eram conhecidos como
residentes do mundo subterrâneo de Svartalfheim. Assim como os trolls, são
relacionados freqüentemente com os anões e sua moradia também pode se
confundir com Nidavellir, no subsolo de Midgard, quase tão distante quanto Helheim.
54

10.8 Nidavellir

Nidavellir, "os campos escuros," é a terra dos anões na mitologia nórdica. É


freqüentemente confundido com Svartalfheim, no entanto, este trata-se do mundo
dos svartálfar (Elfos escuros). Nidavellir fica nos subterrâneos de Midgard mas
separado de Niflheim e de Svartalfheim.

10.9 Niflheim

Niflheim ("Mistland") é o reino do gelo e do frio na mitologia nórdica. Está


localizada ao norte de Ginungagap e lá reside os anões e gigantes de gelo, em
companhia dos que não morrem em batalhas (os guerreiros mortos em batalha vão
para o Valhala). Niflheim é governada pela rainha do inferno(Helgardh), Hel, filha de
Loki com uma gigante, sendo que a mesma foi pessoalmente apontada por Odin
para esta posição. Metade do corpo de Hel é normal, enquanto que a outra metade
se encontra apodrecida. Nilfheim é dividida em diversos níveis. Um destes níveis foi
projetado para os heróis e deuses, onde Hel preside as festividades entre eles.
Outro nível é reservado para as pessoas idosas, os doentes e aqueles que foram
incapazes de morrer gloriosamente no meio da batalha e entrar no Valhala. O nível
mais baixo de Nilfheim se assemelha a versão cristã do inferno, onde os maus são
forçados a viver para sempre.

Em alguns trechos da mitologia nórdica é dito que as raízes mais profundas


da árvore Yggdrasil estão enterradas nesta região. É também em Niflheim que
reinam os Nibelungos.
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11. Principais Deuses

11.1 Odin

Era o principal Deus Viking. Ele governava Asgard e também Midgard. Vivia
montado em seu cavalo negro de oito patas chamado Sleiphir, e seguido por seus
dois lobos de estimação: Geri e Freki. Era o Deus da Magia, da Morte e da Guerra,
empunhava a lança Gungnir, que nunca erra o alvo. Ele também era o Protetor dos
Estadistas (governantes) e dos Poetas. Segundo o imaginário Viking, o principal
presente de Odin aos homens foi a sabedoria, representada pelo Alfabeto Rúnico,
entretanto, Odin teve que fazer um grande sacrifício para poder criar este alfabeto.
Sacrifício este que lhe custou o olho direito. Odin era celebrado na quartas-feiras, e
por isso, este dia ficou conhecido como Odinsday, que depois, tornou-se em inglês a
Wednesday (quarta-feira). O possível análogo de Odin na mitologia Grega é Zeus,
por se tratar do Deus dos deuses.

11.2 Frigga

Era a esposa de Odin, conhecida por saber de todos os segredos do


Universo, entretanto, ela não contava estes segredos para ninguém, nem mesmo
para Odin. É a deusa da Fertilidade e suas possíveis análogas na Mitologia Grega
são Era, por se tratar da mulher de Zeus e Deusa dos Partos, ou Gaia, por se tratar
da Mãe Terra, a Fertilidade em pessoa.

11.3 Thor

É com certeza o Deus mais conhecido do Ásatrú. Isso devido, é claro, ao


famoso desenho de nome “Thor, o Deus do Trovão”. Na verdade, Thor não era
apenas o Deus do Trovão, mas também o Deus da Chuva, do Relâmpago e da
Vingança. Ele era o melhor entre todos os guerreiros de Asgard, mas não era o
Deus da Guerra, nem dos Guerreiros. Empunhando seu mítico martelo de pedra
chamado Mijollnir, ele era invencível em qualquer batalha. Os guerreiros Vikings
costumavam usar réplicas em miniatura do Mijollnir penduradas em seus pescoços
durante as batalhas, pois acreditavam que assim também seriam invencíveis, como
o Deus. Apesar disso, Thor era o menos inteligente de todos os deuses. O possível
análogo de Thor na Mitologia Grega é Apolo, por ser filho de Zeus, bem como Thor é
56

filho de Odin, além disso, Apolo é o Deus do Sol, e Thor também é Deus de
entidades celestes. Este Deus era reverenciado todas as quintas-feiras, sendo este
dia chamado de Thorsday, que deu origem ao nome da quinta-feira em inglês, ou
seja, Thursday.

11.4 Loki

Também é filho de Odin, e irmão de Thor, era um Deus curioso, por ser ao
mesmo tempo o Deus do Bem e do Mal. Ele era conhecido com o trapaceiro de
Asgard, pois sempre tentava enganar os outros deuses. Seu dia de reverência era o
sábado, que era conhecido como Lokisday, mas este dia, por não se tratar de um
Deus de tanta relevância no contexto Viking, não deu origem ao nome atual do
sábado em inglês.

11.5 Tyr

Era o Deus dos Guerreiros e do Combate (não da Guerra). Era o líder do


exército dos deuses, apesar de não ser nem de longe o melhor guerreiro. Seu
possível análogo na Mitologia Grega é Marte, que apesar de ser o Deus da Guerra,
também não é nem de longe o melhor guerreiro do Olimpo. Tyr era muito celebrado
principalmente pelos soldados profissionais, e seu dia era a terça-feira, que ficou
conhecida como Tyrsday, palavra que em inglês deu origem à Tuesday (terça-feira).

11.6 Frey

Trata-se de um dos principais Deuses do Ásatrú. Ele é o Rei dos Duendes e o


Deus masculino da Fertilidade. Ele é sempre representado com o pênis ereto, para
demonstrar que é fértil.

11.7 Freya

Irmã de Frey, é a mais importante entre as Deusas do Ásatrú, superando até


mesmo Frigg. Ela também é uma Duende e é a Deusa do Amor e da Magia. Era
celebrada nas sextas-feiras, por isso este dia era chamado de Freyasday, o que deu
origem em inglês ao dia Friday (sexta-feira).
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11.8 Heimdal

Era o porteiro de Asgard, ele guardava a única forma de acesso ao Reino dos
deuses: o arco-íris.

11.9 Njord

É um Deus muito importante para os Vikings, por se tratar do Deus dos


Mares, era também o Protetor dos Marinheiros e Pescadores.

11.10 Idun

Deusa da Saúde, possuía uma caixa de madeira mágica, onde guardava um


infinito número de maçãs as quais tinha a obrigação de servir a todos os deuses,
todos os dia. Estas maçãs é que lhes garantiam a força e a eterna juventude. Na
Mitologia Grega existia a crença de que os deuses se mantinham fortes e jovens
porque comiam Ambrósio e bebiam Néctar todos os dias. Quem servia Néctar aos
deuses Gregos era Baco, o Deus do Vinho, por isso ele é o possível análogo de
Idun.

11.11 Nornes

Eram três irmãs responsáveis pela guarda e preservação da árvore


Yggdarsill. Elas deveriam mantê-la longe das vistas dos homens e fazer chover
hidromel (bebida alcoólica a base de mel fermentado, típica dos Vikings) sobre suas
raízes todos os dias, para que ela nunca morresse, o que seria o fim do mundo. Urd
era a irmã mais velha e vivia olhando para trás, por cima do ombro; é a Deusa do
Passado. Verdandi é bem jovem e gosta de olhar para o chão; é a Deusa do
Presente. Já de Skuld, não se pode precisar a idade, pois ela vive enrolada em
panos negros e com um capuz na cabeça, além disso, ela leva um pergaminho nas
mãos, pergaminho esse que contém os segredos do Futuro, do qual ela é a Deusa.

11.12 Dvalin

É o Rei dos Anões, além de ser o Deus do mundo subterrâneo.


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11.13 Valquírias

São entidades femininas que aparecem para os homens que estão prestes a
morrer. Apenas estes podem vê-las, para os demais elas são invisíveis. Elas têm a
missão de conduzir os mortos até Walhalla ou Hel.
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12. Referências Bibliográficas

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