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Disciplina: Direito Processual Civil

Professor: Murilo Sechieri


Aula: 26| Data: 11/04/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO
PROCESSO DE CONHECIMENTO
3. Respostas do Réu
3.2. Espécies de Resposta
3.2.1. Contestação

PROCESSO DE CONHECIMENTO

3. Respostas do Réu

3.2. Espécies de Resposta

3.2.1. Contestação (Continuação)

Retomando, vimos na última aula que as espécies de defesa, dentro da Contestação, são as Defesas
Processuais/Formais/Instrumentais/Preliminares ou as Defesas Materiais/de Mérito.

Quanto às Defesas Processuais, já vimos seu conceito e exemplos, seguiremos em sua análise.

 Defesas Processuais/Formais/Instrumentais/Preliminares

As matérias que podem ser alegadas em preliminar de Contestação estão previstas no art. 337, CPC. Passemos,
então, à análise dos incisos do art. 337, CPC.

Incisos do art. 337, CPC:

I – Inexistência ou nulidade da citação;


II – Incompetência Absoluta ou Relativa;
III – Incorreção do Valor da Causa;
IV – Inépcia da Petição Inicial (porque pode ser que o juiz ainda não tenha percebido);

Obs.: as hipóteses de inépcia estão no §1º do art. 330, do CPC.

V – Perempção;

Perempção é a perda do direito de ação, por ter dado causa, o autor a três extinções sem mérito, por abandono
por mais de 30 dias. – Macete: “3 x 485, III, do CPC”.

Obs.1: A perempção não atinge o direito material, ou seja, não atinge o direito em si, que pode ser exercido como
matéria de defesa.

EXTENSIVO REGULAR
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Ex: A tem um crédito de 10.000 com B. A entra com a ação e abandona por três vezes. Houve perempção e A não
pode mais cobrar judicialmente B. - A perempção extingue o direito de ação, entretanto, não extingue o direito
material de A. Isto significa que, se posteriormente B demandar contra A, A poderá se defender alegando a
compensação daqueles 10.000 devidos (ele não perdeu o direito material em si).

Obs.2: A perempção também impede o uso da reconvenção, portanto, aquilo que se tentou cobrar, mas
abandonou, também não pode ser pleiteado em reconvenção (será no máximo defesa).

VI – Litispendência;

Trata-se da causa com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido.

Na litispendência, há extinção sem resolução do mérito.

O art. 240, do CPC, diz que o que induz litispendência é a citação válida primeiramente ocorrida.

VII – Coisa Julgada;

Da mesma forma que a litispendência, a coisa julgada é pressuposto processual negativo.

VIII – Conexão;

Trata-se do mesmo pedido e mesma causa de pedir (pode até ter as mesmas partes, mas não precisa). A
consequência será a reunião dos processos para julgamento perante o juízo prevento.

Juízo prevento é aquele perante quem a causa foi distribuída em primeiro lugar (diferente da litispendência que é
induzida pela primeira citação válida).

IX – O inciso IX será divido para fins didáticos em:

a) Incapacidade da parte (ex.: menor, com 5 anos, não está representado nos autos);
b) Defeito de representação (precisa ser pelo representante legal. Ex.: estar representando por outra pessoa que
não o representante legal); quanto às pessoas jurídicas, outorga de mandato por quem não possui poderes para
tanto;
c) Falta de Autorização - Ex.: necessidade de autorização do cônjuge para ações imobiliárias, exceto na separação
legal de bens.

X – Convenção de Arbitragem (Lei 9397/93);

Trata-se do negócio jurídico pelo qual as partes afastam a competência da jurisdição estatal para julgar o conflito
entre elas e estabelecem que caberá a um árbitro privado fazê-lo.

XI – Ausência de legitimidade ou de interesse processual;

XII – Falta de caução ou outra prestação exigida pela lei;

Tratam-se de hipóteses em que o legislador condiciona o exercício da ação à prestação de garantia.

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Exs.: Art. 83, do CPC (o juiz pode exigir caução do autor estrangeiro ou brasileiro sem residência ano Brasil); Art.
486, §2º, CPC (a repropositura da ação precisa de recolhimento das custas do processo anterior); Depósito de 5%
de multa na Rescisória para o caso de indeferimento.

XIII – Indevida a Concessão da Gratuidade.

Observações Finais:

 Caso o réu alegue alguma preliminar, o autor terá direito à réplica.


 As únicas preliminares que não podem ser conhecidas de ofício e que ficam sujeitas à preclusão são a
incompetência relativa e a convenção de arbitragem (são as chamadas exceções processuais);
 Todas as demais são matérias de ordem pública, não precluem e podem ser reconhecidas de ofício (são
chamadas de objeções processuais).

Obs.: A Exceção de Pré-executividade, em verdade, trata de matérias de mérito e, portanto, é uma objeção
processual de pré-executividade, pois pode ser conhecida de ofício pelo juiz.

 Defesas de Mérito/Materiais

Trata-se de quando o réu ataca a pretensão material do autor com o objetivo de convencer o juízo da
improcedência do pedido.

Princípios:

I- Art. 341, do CPC (Princípio do Ônus da Impugnação especificada): cabe ao réu impugnar precisamente um a um
os fatos afirmados pelo autor, sob pena de o fato não impugnado ser tido como verdadeiro (confessado/
incontroverso).

Exs.: Indenizatória por acidente de veículo por velocidade alta e embriaguez, etc. Se o réu não se defendeu, por
exemplo, da embriaguez, entende-se esta ter de fato ocorrido.

Obs.1: Em três hipóteses o fato não impugnado não se presume verdadeiro:

I- Quando sobre ele não for admitida a confissão (se trata de direito indisponível, por exemplo);

II- Quando só puder ser provado por instrumento que não acompanhou a Petição Inicial - ex.: escritura pública,
quando se tratar de transmissão de direitos reais sobre bem imóvel acima de 30 salários mínimos.

Note-se: A omissão nos autos não está suprida pelo silencio do réu;

III- Quando estiver em contradição com a defesa considerada em seu conjunto, no todo. Ex.: se ele nega a autoria,
não precisa negar cada um dos fatos. Na indenizatória por acidente de trânsito, eu não estava no Brasil naquele
dia, por exemplo.

Obs.2: Só será eficaz a contestação por negação/negativa geral se apresentada:

a- pelo MP ou Defensoria;

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b- por curador especial;
c- advogado dativo.

Obs.: o MP não está previsto na lei, mas é admitido.

II- Princípio da Concentração da Defesa ou da Eventualidade

(Veremos na próxima aula)

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