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Disciplina: Direito Processual Civil

Professor: Murilo Sechieri


Aula: 36| Data: 09/05/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO
PROCESSO DE CONHECIMENTO
7. Fase Probatória / Instrutória
7.3. Meios Típicos/Espécies de Prova

PROCESSO DE CONHECIMENTO

7. Fase Probatória / Instrutória

7.3. Meios Típicos/Espécies de Prova


(Continuação)

I- Ata Notarial (art. 384, do CPC): visto na aula anterior.

II- Depoimento Pessoal (Arts. 385 a 388, do CPC): As partes podem ser ouvidas em juízo através de dois mecanismos:

A) Interrogatório Judicial/Livre (arts. 139, VIII e 385, parte final, do CPC): é aquele que o juiz pode determinar de
ofício, a qualquer tempo, para esclarecimento dos fatos; nele, não há pena de confissão;

B) Depoimento Pessoal Propriamente Dito: é o meio de prova pelo qual uma das partes requer o depoimento em
audiência de instrução da outra, com a finalidade de obter a sua confissão.

 Observações sobre o Depoimento Pessoal Propriamente Dito:

I – A parte será intimada pessoalmente (pode ser por carta com AR, mas deve ser pessoal), com advertência de que
o não comparecimento ou a recusa injustificada em responder implicam na pena de confissão. – Não esquecer que
a parte tem o dever de colaboração e que o silêncio pode ser considerado confissão ficta;

II – Direito ao Silêncio/Regras de Privilégio: A parte não é obrigada a depor sobre os seguintes fatos:

a) Fatos torpes ou criminosos que lhe são imputados. – Aqui, há semelhança com o Direito Penal –> ninguém é
obrigado a se incriminar;
b) Fato que se deva guardar sigilo por conta da profissão;
c) Fatos que possam acarretar desonra à parte ou algum familiar;
d) Fato que coloque o depoente ou seus familiares em perigo de vida.

Nesses casos é possível haver recusa em depor. Pelo CPC, as escusas não são aplicáveis nas ações de Estado e de
família (exceto a letra a, sobre fato criminoso).

Depoimento pessoal através de procurador? – São duas correntes:

A) Tradicional e majoritária: não se admite, porque o ato é personalíssimo;

EXTENSIVO REGULAR
CARREIRAS JURÍDICAS
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B) Minoritária: Admite-se, desde que o Procurador tenha poderes para confessar e conhecimento sobre os fatos.

Obs.1: O depoimento é colhido em audiência de instrução ou videoconferência ou por precatória.


Obs. 2: A parte não presta compromisso de dizer a verdade, mas tem o dever de fazê-lo, sob pena de litigância de
má-fé.

III- Confissão
(Arts. 389 a 395, CPC)

 Conceito: Confissão é o meio de prova que consiste na admissão pela parte da veracidade de fatos contrários
aos seus interesses e favoráveis ao adversário (ela não se confunde com o reconhecimento do pedido).

 Classificação:

A) Confissão Judicial: que tem várias subclassificações de acordo com o critério, vejamos:

- Quanto à Forma, a confissão judicial pode ser:

a) Confissão Judicial Escrita: pode ser manifestada em qualquer ato postulatório;


b) Confissão Judicial Oral: é a que decorre do depoimento ou interrogatório da parte.

- Quanto à Iniciativa:

a) Confissão Judicial Espontânea;


b) Confissão Judicial Provocada: decorre do depoimento ou interrogatório da parte;

- Quanto à Efetiva Manifestação do Confitente:

a) Confissão Judicial Real/Expressa: admissão de fato. - “É verdade, de fato, aconteceu”;


b) Confissão Judicial Ficta/Presumida: é a que pode decorrer: i- da revelia; ii- da não impugnação especificada
(“pode”, porque se for direito indisponível, por ex., não gera); iii- não comparecimento/recusa a responder no
depoimento pessoal; iv- da não exibição do documento que foi determinada pelo juiz.

- Quanto ao Conteúdo:

a) Confissão Judicial Simples: quando o confitente não faz qualquer ressalva ao fato confessado;

As duas próximas são tratadas por alguns doutrinadores como a mesma espécie, mas outros as distinguem e essa
distinção já caiu em prova, então vamos ver a distinção:

b) Confissão Judicial Qualificada: quando o confitente admite o fato, mas nega os efeitos jurídicos que o adversário
atribuiu a ele.

Ex. do professor que ingressou com ação contra o aluno que criticou suas aulas. O aluno admitiu o fato, mas
impugnou as consequências jurídicas apontadas pelo professor;

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c) Confissão Judicial Complexa: quando o confitente alega fato novo capaz de neutralizar os efeitos do fato
confessado. É a defesa de mérito indireta (admite fato e efeito, mas traz fato novo impeditivo, modificativo ou
extintivo – traz fato novo).

Não esquecer: para alguns processualistas, confissão que vem com defesa é meramente Qualificada/Complexa, ou
seja, não fazem distinção entre elas.

Obs. do Art. 395, do CPP – Princípio da Indivisibilidade da Confissão: A parte que pretende utilizar a confissão como
prova não pode aceitá-la no tópico favorável e recusá-la no desfavorável, EXCETO na confissão complexa (caso em
que se pode cindir a confissão, que pode recusar só o fato novo).

B) Confissão Extrajudicial

É a prestada fora do processo. – Aqui só há um critério de classificação, qual seja, quanto à forma:

a) Confissão Extrajudicial Escrita: ocorre por declaração, correspondência, contranotificação;


b) Confissão Extrajudicial Verbal (que vira testemunhal no processo).

Obs.: A verbal não será admitida quando a lei exigir prova literal do fato confessado (prova escrita). Ex.: fiança, que
exige a forma escrita.

Observações finais de Confissão (veremos na próxima aula).

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