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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE DIREITO

JOÃO SILVA RODRIGUES ROSA

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE:


CONCEPÇÃO E APLICAÇÃO DO INSTITUTO PELO TJMG ENTRE 2010 E 2018 NAS
DISPUTAS DE POSSE E PROPRIEDADE

BELO HORIZONTE
2020
JOÃO SILVA RODRIGUES ROSA

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE:


CONCEPÇÃO E APLICAÇÃO DO INSTITUTO PELO TJMG ENTRE 2010 E 2018 NAS
DISPUTAS DE POSSE E PROPRIEDADE

Monografia apresentada ao curso de Direito da


Universidade Federal de Minas Gerais como
requisito para obtenção do título de bacharel em
Direito.

Orientador: Prof. Edson Kiyoshi

BELO HORIZONTE
2020
RESUMO

O presente trabalho se dispôs a analisar o entendimento do Tribunal de Justiça de Minas


Gerais acerca do instituto da função social da propriedade, em vista do contexto de muita
irregularidade em que inseridos os imóveis no Brasil e, também, em vista do grande número
de conflitos envolvendo proprietários e possuidores. Em sendo o cumprimento da função
social da propriedade um dever fundamental que, para muitos, limita o direito de propriedade,
entender sua aplicação pode ser valioso para se entender a questão fundiária brasileira.
Para tanto, foram analisados todos os julgados, ocorridos entre 1 de janeiro de 2010 a 31 de
dezembro de 2018, que discutiram acerca de quem deveria possuir o imóvel ou quem seria o
proprietário do imóvel. Após a análise, os casos foram categorizados e foram apresentadas as
principais linhas de entendimento do Tribunal, concluindo-se que, majoritariamente, o
entendimento é o de que a função social da propriedade não tem aplicação direta aos casos
concretos, bem como que seu conteúdo, ainda que balizado por alguns critérios, é definido
casuisticamente.

Palavras-chave: Direitos reais. Posse e propriedade. Função social da propriedade.


Aplicação. Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
ABSTRACT

This study aims to analyze the understanding of the Court of Justice of Minas Gerais
(Tribunal de Justiça de Minas Gerais) regarding to the institution of the social function of
property, in the midst of irregularity in property insertions in Brazil and, also, due to the large
number of conflicts involving involved and possessors. According with the social function of
property as a fundamental duty which, for many, with a property right constraint,
comprehends its application may be valuable in understanding a Brazilian foundational issue.

To this end, all the judgments between January 1st, 2010, and December 31, 2018, which
discussed who should use the property or who would own the property, were analyzed. After
an analysis, the cases were categorized and were used as the Court's main thesis of
understanding, concluding that, mainly, the understanding or it is a social function of property
that is not applicable to specific cases, as well as its content, although balanced by some
parameters, is defined on a case by case basis.

Keywords: Property law. Possession and property. Social role or property. Aplication. Justice
Court of Minas Gerais.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO………………………....…..…..…………...…………......…………………5
CAPÍTULO 1 – APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA
PROPRIEDADE PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS.….....…........16
1.1 Aplicação em ações possessórias…..……...……………......…...…...…...……………..16
1.2 Servidões administrativas e desapropriação……….............………………………….28
1.3 Titularidade do domínio: reivindicatórias e usucapião………….....………………....31
1.4 Outras………………………………………………………………………………….....41
2. CAPÍTULO 2 – ALGUNS RESULTADOS……..…………………............................….45
2.1 As aplicações da função social da propriedade em números………………………….45
2.2 A aplicação imediata da função social da propriedade pelo TJMG………………….47
2.3 A concretização do conceito de função social da propriedade pelo TJMG…………..51
CONCLUSÃO……………………………………………………………………………….55
REFERÊNCIAS……………..………………..…..……………..…………………..………57
ANEXOS: RELATÓRIOS DE PESQUISA...……....…………..…………..……………..66
2010……..…………..…………..……..………..………………………..…………………...66
2011…...……...…………………………………....………….…………..…………………..73
2012..…………………………………..…………..…………………..……………………...78
2013……….…………..………………………..………………………..……………………81
2014……….…………..…………..…………..………………………..…………..………....88
2015...………..………………………..………………………..…………..………………..106
2016……………..…………..…………..…………..…………..…………..……………….122
2017………….…………..…………..……..………….…………..………………………...132
2018………..………………………..………………………..………………………….…..139
REFERÊNCIAS ANEXOS………….………………………..…………..………………..151
5
INTRODUÇÃO

A principal motivação para se pesquisar o tema – Função social da propriedade:


concepção e aplicação do instituto pelo TJMG entre 2010 e 2018 nas disputas de posse e
propriedade – foi entender a aplicação do instituto jurídico da função social da propriedade
sob um viés prático. Quer-se dizer, colher elementos para entender como o Tribunal de Justiça
de Minas Gerais, em conflitos envolvendo a disputa sobre a posse e/ou propriedade, entende e
aplica esse instituto.
Isso decorre diante da imensa irregularidade dominial e possessória no Brasil e em
Minas Gerais. Seja porque o imóvel não está registrado ou está com registro irregular, seja
porque ele está inutilizado ou subutilizado, seja pelo deficit de moradia, fato é que, em Minas
Gerais, boa parte dos imóveis possui alguma irregularidade.
Conforme estudo “A insegurança da posse do solo urbano em Minas Gerais1”,
13% dos domicílios urbanos em Minas Gerais apresentam algum tipo de problema com a
titulação. Ademais, o estudo mostra que 29,5% dos domicílios próprios no Estado estão
assentados em terrenos não próprios. A região metropolitana de Belo Horizonte é a campeã de
irregularidades, respondendo por 38,7% das irregularidades possessórias constadas em Minas.
Nas áreas rurais o problema se repete. Acerca da abrangência do Cadastro
Ambiental Rural – CAR2, foi publicado recente estudo que indica que boa parte dos imóveis
rurais está irregular. Alguns dados interessantes3:

Estimamos que a área onde se aplica o CAR para imóveis rurais ocupa 502 milhões
de hectares. Este valor é 26% (104 milhões de hectares) maior do que os 398
milhões de hectares adotados como referência pelo SFB como área cadastrável. (…)
1
ÁVILA, Paulo Coelho; FERREIRA, Frederico Poley Martins. A insegurança da posse do solo urbano em
Minas Gerais. Urbe – Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 8, n. 02, 2016. Disponível em:
http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/urbe?dd1=16075&dd99=view&dd98=pb. Acesso em 11/06/2018.
2
De acordo com o Serviço Florestal Brasileiro, “o Cadastro Ambiental Rural – CAR é um registro público
eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais referentes às Áreas de Preservação Permanente - APP,
de uso restrito, de Reserva Legal, de remanescentes de florestas e demais formas de vegetação nativa, e das áreas
consolidadas, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e
combate ao desmatamento. <http://www.car.gov.br/#/sobre>.
3
IMAFLORA, KTH − ROYAL INSTITUTE OF TECHNOLOGY, GEOLAB – USP/ESALQ,
LAGESA/UFMG, OBSERVATÓRIO DO CÓDIGO FLORESTAL. Código Florestal: A Abrangência e os vazios
da CAR – quanto e quem falta. Sustentabilidade em Debate. Piracicaba/SP, v.n. 8, p. ago/2018.
6

A área coberta com cadastros no SICAR em 9 de junho de 2018 correspondia a 413


milhões de hectares, excedendo os 398 milhões definidos pelo SFB como área
cadastrável. Isto sugere que a etapa de cadastramento foi alcançada com sucesso e
somente uma área marginal não teria sido cadastrada até 30 de maio de 2018 (…)

Portanto, estimamos que 36% do total de 502 milhões de hectares da área de


imóveis rurais ainda não foram cadastrados, num total de 181 milhões de hectares

Afora a irregularidade na titulação dos imóveis, existe também um deficit


habitacional no Estado. Em Minas Gerais, em 2015, havia um deficit de 575 mil moradias
(8,1% do deficit nacional total), sendo 158 mil na Região Metropolitana de Belo Horizonte4.
Diante desse contexto, é de se crer que o número de conflitos acerca da posse e/ou
propriedade de imóveis tenda a ser alto. De se crer, também, que o número de litígios judiciais
envolvendo a temática também é alto.
As hipóteses se confirmam. De acordo com o CNJ5, em 2018, o número de ações
ajuizadas de interdito proibitório foi de 413. De usucapião: 6.556. Reintegração e manutenção
de posse: 4.779. Isso apenas de novos casos.
Assumindo que conflitos judiciais ocorridos no contexto de ocupações irregulares
carregam em seu bojo disputa entre proprietários e não-proprietários e/ou possuidores e não-
possuidores, as decisões devem versar, por fim, sobre o próprio conceito de direito de
propriedade e de direito de posse, bem como os limites de seus respectivos exercícios no
ordenamento jurídico brasileiro. Algumas breves considerações acerca do tema.
A Constituição de 1988 elenca o direito de propriedade no Título: “Dos Direitos e
Garantias Fundamentais” (Título II), Capítulo: “Dos direitos e deveres individuais e
coletivos” (Capítulo I).
No art. 5.º, inciso XXII, lê-se: “é garantido o direito de propriedade”. Logo em
seguida, no inciso XXIII: “a propriedade atenderá sua função social”. O direito fundamental
de propriedade, assim, vem acompanhado de um dever também fundamental, uma limitação
assim ao seu exercício.

4
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit Habitacional no Brasil em 2015. Belo Horizonte: 2018.
5
CNJ. Justiça em números. Disponível em: <https://paineis.cnj.jus.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?
document=qvw_l%2FPainelCNJ.qvw&host=QVS>
%40neodimio03&anonymous=true&sheet=shResumoDespFT>. Acesso em: 19 de novembro de 2019.
7
O Código Civil de 2002 reproduz também esse dever no Livro Complementar,
Das Disposições Finais e Transitórias. Veja-se o disposto em seu artigo 2.035, parágrafo
único:

Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da
entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no
art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos
preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada
forma de execução.
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem
pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social
da propriedade e dos contratos.
(destacado)6
A questão, contudo, diz respeito à aplicação deste princípio, bem como em
delimitar seu conteúdo, já que o próprio conceito de função social da propriedade, bem como
os critérios para aferição de seu cumprimento, carregam em seu bojo aquilo a que se chama de
conceitos jurídicos indeterminados7. Veja-se.
Judith Martins-Costa8, analisando, à época, o projeto de lei que originou o atual
Código Civil, bem percebeu a técnica legislativa de se usar cláusulas gerais, nas quais se
inclui a função social da propriedade. Conforme apontado pela autora, o que caracteriza tais

6
Nas palavras do Min. Celso de Mello, o instituto seria uma “hipoteca social1” que recai sobre o direito de
propriedade, já apontando o sentido de limitação ao direito de propriedade. (BRASIL. Supremo Tribunal
Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 2.213. Requerentes: Partido dos Trabalhadores e Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Requerido: Presidente da República. Relator: Ministro Celso de
Mello. Brasília, 04 de abril de 2002.)
7
Entenda-se “conceitos indeterminados” na acepção exposta por Florivaldo Dutra de Araújo:

Porém, quando a teoria jurídica refere-se aos “conceitos indeterminados”, a


imprecisão reside em outro aspecto da comunicação: se alguém, numa comunidade
de linguagem, indaga se uma específica situação, real ou fictícia, é, por exemplo,
ensejadora de “urgência”, muito provavelmente encontrar-se-ão pessoas que
responderão afirmativamente; outras, negativamente; outras, que “talvez”.

Ou seja, nesta perspectiva, a imprecisão não se encontra nos signos abstratos da


comunicação, nem nos objetos concretos (coisas, fatos) que existem ou ocorrem,
mas na subsunção aos signos desses múltiplos objetos que cotidianamente com eles
desejamos indicar.
(ARAÚJO, Florivaldo Dutra de. Discricionariedade e motivação do ato
administrativo. Temas de direito administrativo: estudos em homenagem ao
professor Paulo Neves de Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 26).
8
MARTINS-COSTA, Judith. O direito privado como um “sistema em construção” : as cláusulas gerais no
projeto do código civil brasileiro. Revista de informação legislativa, v. 35, n. 139, p. 5-22. Brasília, julho de
1998.
8
cláusulas gerais, principalmente, é o “emprego de conceitos cujos termos têm significados
intencionalmente vagos e abertos9” (destaque no original).
Nesse sentido, aponta a impossibilidade de sua definição pela doutrina, na medida
em que seria possível tão somente “arrolar a diversidade de suas características”10. Conforme
abaixo demonstrado, é o caso dos critérios utilizados para aferição do cumprimento da função
social da propriedade.
A Constituição estabelece os critérios para verificação da função social da
propriedade, seja ela urbana ou rural:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus
habitantes. (…)

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências


fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. (…)

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia
e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei. (…)

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio


ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Quanto ao cumprimento da função social da propriedade de imóvel urbano, a


princípio, pode parecer que os critérios estão bem delimitados: observar o plano diretor
municipal.
Contudo, regulamentando o plano diretor, o Estatuto da Cidade, em seu art. 39,
dispõe:
9
Ibid, p. 7.
10
Aqui não se fez um juízo de valor acerca dessa técnica. Tão somente a constatação das características do
conceito jurídico indeterminado.
9

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o
atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça
social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes
previstas no art. 2o desta Lei.

O mesmo ocorre com a propriedade rural. “Aproveitamento racional e adequado”,


“utilização adequada dos recursos naturais”, “bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores”, todas são expressões que denotam a conceitos jurídicos indeterminados.
Não só os critérios de aferição do cumprimento da função social da propriedade
podem ser considerados indeterminados, como a própria expressão “função social” é um
excelente exemplo de conceito jurídico indeterminado.
Conforme ensina Lilian Pires, a ideia de função social da propriedade é
condicionar o direito de propriedade ao atendimento de um “bem comum”, a um interesse
coletivo11. Ora, poucas expressões têm o entendimento tão disputado como “bem comum”
“interesse coletivo”.
Nesse sentido, não se nega a existência de parâmetros legais para aferição do
cumprimento ou descumprimento da função social da propriedade, o que se faz, na verdade, é
tão somente constatar que o instituto está envolto por expressões as quais a subsunção de seu
conteúdo a um fato admitem disputa12.
Assim, em vista da situação de muita irregularidade que recai sobre os
proprietários e possuidores de imóvel no Brasil, bem como diante desse critério que limita e
condiciona o direito de propriedade estar envolto por conceitos jurídicos indeterminados,

11
PIRES, Lilian Regina Gabriel Moreira. Função social da propriedade urbana e o plano diretor. Belo Horizonte:
Fórum, 2007. P. 69.
12
No mesmo sentido:

Passemos, agora, a uma breve análise do conteúdo da função social da propriedade,


o que não é tarefa fácil, na medida em que como princípio que é, sua interpretação é
permeada por valores metajurídicos; devendo o intérprete traçar suas linhas, por
meio da interpretação sistemática da Constituição.
(Ibidem, p. 71)

Apesar de imprecisão da expressão função social e, sobretudo, da dificuldade de


convertê-la num conceito jurídico, tomou-se corrente o seu uso na lei,
preferencialmente nas Constituições, sem univocidade, mas com expressiva carga
psicológica, recebida, sem precauções, pelos juristas em geral.
(GOMES, Orlando. Direitos reais. Rio de Janeiro: Forense. 21.ª ed. 2012)
10
pesquisar acerca do entendimento e aplicação da função social da propriedade pelos tribunais,
casuisticamente, pode ser de grande utilidade para se trabalhar os problemas fundiários no
Brasil sob uma ótica jurídica.
A ideia não é nova e, inclusive, existe pesquisa similar acerca dos julgados do
Tribunal de Justiça de São Paulo13, da qual muito se utilizou para o presente trabalho. Mas
ainda assim são relativamente poucos os trabalhos que se prestam a uma análise do
entendimento dos tribunais estaduais acerca da aplicação da função social da propriedade.
O que mais se vê são estudos doutrinários e estudos acerca do entendimento dos
tribunais superiores sobre este tema. De se ter em conta, contudo, que são os tribunais
estaduais quem lidam com a grande maioria dos casos envolvendo disputas sobre direito de
propriedade e direito de posse. São eles também que veem de perto as peculiaridades dos
casos concretos que chegam ao seu conhecimento.
Assim, certo da importância de estudos doutrinários e de jurisprudência de
tribunais superiores, é importante ver como as instâncias ordinárias lidam com o tema, até
mesmo para aplicação de doutrina e de teses firmadas nos tribunais especiais.
Concluindo, o objetivo dessa pesquisa, então, é, diante do fato de que é o TJMG
quem lida cotidianamente com conflitos possessórios e de direito de propriedade, analisar
quais são as concepções por ele aplicadas acerca da função social da propriedade, diante de
um quadro de irregularidade que permeia os imóveis em Minas Gerais.
Para tanto utilizou-se da seguinte metodologia, emprestada do trabalho publicado
na Revista de Direito Imobiliário intitulado: A jurisprudência do Tribunal de Justiça de São
Paulo sobre função social da propriedade: subsídios para uma discussão sobre as formas de
ocupação do solo14.
A pesquisa citada buscou justamente fazer um levantamento do posicionamento
do TJSP quando enfrenta a questão da função social da propriedade nos conflitos cujo cerne é
o direito de propriedade e de possuir.

13
ACCA, Thiago dos Santos. A jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo sobre função social da
propriedade: subsídios para uma discussão sobre as formas de ocupação do solo. Revista de Direito Imobiliário:
RDI, São Paulo, v. 39, n. 80, p. 167-190, jan./jun. 2016.
14
A parte inicial da pesquisa (levantamento e classificação dos acórdãos) seguiu integralmente a metodologia
empregada no estudo mencionado. O que não significa dizer que não possa ter havido nuances interpretativas
para a classificação dum acórdão de uma ou outra maneira.
11
A metodologia de tal estudo foi replicada aqui, com algumas diferenças.
Inicialmente, fez-se um levantamento de todos os acórdãos em cuja ementa consta-se os
termos “função social da propriedade”15 (com aspas duplas), colocando como critério, ainda,
os julgamentos ocorridos entre 1.º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2018:

O número total de acórdãos encontrados foi de 639 16. 209 em 2010, 140 em 2011,
79 em 2012, 43 em 2013, 49 em 2014, 35 em 2015, 25 em 2016, 28 em 2017 e 31 em 2018.
Os acórdãos foram divididos conforme tabela e gráfico abaixos17.

15
Considerou-se para tanto que a ementa de um acórdão traz os pontos mais importantes da decisão.
16
Foi encontrado apenas um acórdão em duplicidade. O número mais correto, portanto, seria de 638.
17
O critério da divisão foi o direito discutido no processo. Assim, se se discutiu, por exemplo, uma rescisão
contratual e houve pedido possessório, o julgado foi classificado em “outros”.
13
Por função retórica, se entende os casos em que o TJMG apenas menciona a
função social da propriedade, sem qualquer aprofundamento no tema e sem que houvesse
qualquer utilidade argumentativa do instituto para a decisão. O termo função social da
propriedade, nesses casos, é irrelevante para a decisão.
Como fundamento legitimador, foram classificados os acórdãos em que a função
social da propriedade foi aprofundada ou teve alguma utilidade argumentativa legitimadora
para a decisão. Por aprofundamento se entende uma descrição do princípio (o que é cumprir
ou descumprir com a função social da propriedade), de que forma pode ser ele aplicado e
eventual consequência para o descumprimento do comando. Por qualidade argumentativa
legitimadora, entende-se os acórdãos em que a função social da propriedade aparecia como
finalidade ou justificativa de existência de determinada norma.
Nesse sentido, exemplo retirado do artigo já mencionado de Thiago Acca21:

Ap 7023800-5 : “A verificação e o reconhecimento dessa ‘função social’ há de ser


feita pelos meios regulares e por quem de direito, pois mesmo os direitos sociais não
podem ser ilimitados, mas também sujeitos a conceitos, definições e regras, de modo
a que se conciliem e se salvaguardem os interesses gerais”.

Nesse exemplo, o Tribunal de Justiça de São Paulo analisou a quem é permitido a


verificação acerca do cumprimento ou descumprimento da função social da propriedade.
Aqui, a aplicabilidade da função social foi analisada, sendo que a função social da
propriedade teve utilidade argumentativa para a decisão.
Por fim, os casos classificados como norma autoaplicável são aqueles em que a
função social da propriedade foi aplicada, ou entendida como aplicável, diretamente para a
solução do caso concreto. Seja como critério para deferimento de uma reintegração
possessória, seja para permitir a aquisição por usucapião de área menor que o módulo rural,
seja para afastar a incidência de alguma norma. Aqui, ela não simplesmente legitimou um
instituto jurídico, mas foi aplicada diretamente ao caso concreto22.
Veja-se o exemplo retirado do artigo de Thiago Acca23:

21
Ibid, n.p.
22
Não se utilizou de nenhuma teoria sofisticada acerca da aplicação das normas jurídicas. O critério utilizado foi
simples e relacionado à função argumentativa que a função social da propriedade exerceu na decisão, tal qual
acima explanado.
23
Ibid, n.p.
14
Ap 531.997.4/0-00 : Nessa Ação Reivindicatória julgada parcialmente procedente,
apelam os autores para que seja reformada a sentença afastando a indenização por
benfeitorias construídas e a retenção delas pelos apelados. O Relator entende que no
caso as construções dos réus devem ser entendidas como benfeitorias com direito a
retenção, pois os proprietários agiram de maneira desidiosa em relação ao seu
imóvel, demorando quase oito anos para se manifestar definitivamente sobre o
esbulho, indicando ainda que:

“Além disso, se os apelados não tivessem utilizado o lote ele provavelmente estaria
destituído de qualquer função social, pois se os apelantes titubearam em repelir o
esbulho de sua posse, é forçoso reconhecer que eles não iriam conferir qualquer
destinação útil ao terreno. Dessa forma, os apelados, ao construírem residências -
como necessidade de moradia -, e uma simples oficina - como forma de subsistência
-, aumentaram o uso da coisa, tornando-a mais útil. Por isso, à luz do princípio da
função social da propriedade, disposto na Constituição Federal arts. 5.o, XXIII, e
170, III, deve-se reconhecer que com a construção das residências e da oficina
ocorreu o aumento da utilidade social do lote, devendo ser consideradas essas
construções como benfeitorias úteis, e não acessões. A interpretação supra privilegia
aqueles que utilizaram o imóvel de forma a confeccionar uma maior utilidade social
ao mesmo, em detrimento daqueles que o utilizam de forma abusiva, ou mesmo, dos
que o ignoram e não conferem nenhuma função que estabeleça mínimos benefícios à
sociedade em geral”

Neste exemplo, o Tribuna de Justiça de São Paulo entendeu que, em virtude de o


proprietário registral do imóvel ter descumprido com a função social da propriedade, as
benfeitorias realizadas pelos ocupantes devem ser indenizadas. Como se vê, a fundamentação
da decisão foi pura e simplesmente o descumprimento da função social da propriedade.
Assim, por meio desta classificação, buscou-se trazer em números o
posicionamento do Tribunal em vista de critérios de utilidade argumentativa da função social
da propriedade nas decisões24. Noutras palavras, qual a aplicabilidade da função social da
propriedade.
A terceira etapa da pesquisa consistiu em compilar o entendimento do Tribunal
acerca da aplicação da função social da propriedade por tipo de caso: possessória,
desapropriação, usucapião, reivindicatória etc25.
Numa quarta etapa, tentou-se trazer o posicionamento do TJMG acerca do
conteúdo mesmo da função social da propriedade, isto é, o que o Tribunal, diante da disputa
pela posse/propriedade, entende por cumprir ou descumprir com a função social da
propriedade.

24
Foram feitos relatórios (anexos) de cada um dos julgados analisados, no qual se buscou fazer um breve (por
vezes brevíssimo) relato do caso e destacar os pontos mais importantes.
25
Ver sumário.
15
Ao final, foram feitas considerações gerais acerca das informações coletadas, bem
como impressões acerca do entendimento e aplicação da função social da propriedade pelo
Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
16
CAPÍTULO 1 – A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA
PROPRIEDADE PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

1.1 Aplicação em ações possessórias

As ações possessórias, de longe, foram os casos em que o termo “função social da


propriedade” mais ocorreu26. Foram 121 dos 170 casos analisados27. As decisões acerca de
tutela provisória e tutela definitiva foram analisadas em conjunto.
Aqui, a principal discussão girou em torno de se a função social da propriedade
seria critério para provimento ou não de ação possessória. Na grande maioria das vezes, o
Tribunal entendeu que não.
Nos casos envolvendo conflitos multitudinários (104 casos) sobre posse de imóvel
rural, a questão em todos os casos foi levantada. Seja por parte da Defensoria Pública atuando
como curadora especial, seja pelo Ministério Público como fiscal da lei, seja pelas partes.
Nuns desses casos, o Tribunal afastou a alegação com o argumento de que o
cumprimento da função social da propriedade não é critério elencado no CPC (tanto no de
1973 quanto no de 2015) para deferimento do pedido:

a função social não constitui elemento essencial à concessão da medida


antecipatória, uma vez que os requisitos estão dispostos, de maneira taxativa, no
diploma legal28

Vê-se, pois, que para que se conceda a reintegração da posse, ou a manutenção nela,
é necessário que o autor comprove a sua posse e a turbação ou esbulho. A lei não faz
qualquer referência à necessidade de prova do cumprimento da função social da
propriedade para fins de proteção do possuidor turbado/esbulhado29.

26
Dentre os casos analisados.
27
Incluem-se aí as manutenções e reintegrações de posse, bem como os interditos proibitórios. Incluem-se
também as ações de imissão na posse.
28
BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.09.729583-6/001. Agravante: Ministério Público de Minas
Gerais. Agravado: Agropecuaria Adail Batista Coelho Filhos Ltda. Relator: Desembargador Francisco
Kupidlowski. Belo Horizonte/MG, 17 de junho de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 02 de julho de 2010.
29
BRASIL. TJMG. Apelação cível 1.0024.08.237146-9/002. Apelante: Movimento Sem-Terra e outros. Apelante
adesivo: MPMG. Apelado: Edson Rodrigues da Silva. Relator: Des. Alexandre Santiago. Belo Horizonte, 23 de
março de 2014. DJ: Belo Horizonte, 31 de março de 2014
17
Os casos em que a função social da propriedade foi assim afastada, de plano,
foram classificados como função retórica. Não merecem nenhum comentário, já que o
argumento é o da estrita legalidade. Perfazem o número de 20 acórdãos.
Muito mais vezes o Tribunal teve uma atenção maior com a matéria. Apesar de
não utilizar o cumprimento da função social da propriedade como critério para deferir ou
indeferir o pedido, o TJMG trouxe justificativas para que um eventual descumprimento da
função social da propriedade não acarretasse em indeferimento do pedido de tutela
possessória.
Os principais argumentos giraram em torno da vedação à autotutela, ofensa ao
princípio do devido processo legal e perturbação da paz social.
Os argumentos se conectam. A lógica é que, conforme a Constituição, o
descumprimento da função social da propriedade é pressuposto para a desapropriação para
fins de reforma agrária. Assim, (i) as invasões coletivas seriam uma forma de tentar a reforma
agrária “mediante o uso de sua própria força e de suas próprias razões30”. (ii) Isso seria uma
violação ao princípio do devido processo legal, na medida em que a desapropriação prevê
procedimento próprio para se concretizar, e (iii) as invasões seriam um atentado contra a paz
social, finalidade que as ações possessórias pretendem garantir, sendo vedado, portanto, o
esbulho sob qualquer justificativa. Veja-se os seguintes excertos de julgados:

Embora seja inegável importância da função social da propriedade e da posse na


ordem jurídica atual, contando inclusive com proteção constitucional a relativizar o
direito de propriedade, a lei jamais exigiu a comprovação de seu cumprimento para
fins de proteção possessória.

Examinando os autos, vislumbra-se o nítido propósito do grupo réu de levar a efeito


verdadeira desapropriação para fins de reforma agrária, mediante o uso de sua
própria força e de suas próprias razões.31

Ocorre que o referido instituto de desapropriação possui procedimento legal próprio,


que inclui a declaração de utilidade pública do imóvel, precedida de vários estudos e
análises apuradas sobre o cumprimento de sua função social, para só então, se for o
caso, ser levado a efeito.

30
BRASIL TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.122427-7/001. Agravante: Ministério Público de Minas
Gerais. Agravado: Espólio de Durval Spada Vito e outros. Relatora: Desembargadora Márcia de Paoli Balbino.
Belo Horizonte/MG, 30 de setembro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 14 de outubro de 2010
31
BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.122427-7/001. Agravante: Ministério Público de Minas
Gerais. Agravado: Espólio de Durval Spada Vito e outros. Relatora: Desembargadora Márcia de Paoli Balbino.
Belo Horizonte/MG, 30 de setembro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 14 de outubro de 2010
18
Assim, a princípio, impor ao possuidor a comprovação do cumprimento da função
social para fins de proteção possessória seria legitimar a ação arbitrária do referido
grupo, a qual deve ser prontamente rechaçada pelo Judiciário, sob pena de se ferir o
Estado de Direito e instaurar a desordem, a prevalência da força e o retrocesso.32

Diante disso, segundo o TJMG, a responsabilidade para aferição do cumprimento


ou não da função social da propriedade é exclusiva da União, na medida em que é ela quem
deve promover a ação de desapropriação. O âmbito dessa discussão, ademais, seria,
eventualmente, na Justiça Federal.

Nos resta claro, portanto, que compete a União, se do interesse, através de


procedimento autônomo, levantar questões pertinentes a produtividade da terra e
respectivo descumprimento ou não da função social da propriedade, ficando defeso
nos autos da ação possessória abranger tais discussões.33

Ora, o cumprimento ou não da função social da propriedade rural é determinante


apenas aos fins de desapropriação para reforma agrária, devendo ser discutida na
fase declaratória do procedimento desapropriatório, capitaneado exclusivamente
pela União (artigo 184 da CR/88).34

O número de casos que expuseram esse entendimento foi de 77, podendo-se


afirmar, portanto, que esse é o posicionamento majoritário do Tribunal.
O entendimento encontra respaldo também na doutrina.
Humberto Theodoro Júnior, ao entender que a finalidade primordial das ações
possessórias é evitar atos de arbítrio, isto é, a justiça pelas próprias mãos, afirma que a
proteção possessória se justifica apenas para manutenção da paz social35. De forma
semelhante, Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves defendem que usar a função social da
propriedade como critério para provimento de ações possessórias seria permitir a grupos
privados o exercício arbitrário das próprias razões36.

32
BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.157867-2/001. Agravante: Ministério Público de Minas
Gerais. Agravado: Ilias Antônio de Oliveira e outros. Relatora: Desembargadora Márcia de Paoli Balbino. Belo
Horizonte/MG, 28 de outubro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 24 de novembro de 2010
33
BRASIL. TJMG. Apelação cível 1.0024.09.566641-8/004. Apelante: Manoel Soares Freires Jonas e outros.
Apelado: José Luís Pereira dos Santos. Relator: Des. Wanderley Paiva. Belo Horizonte, 30 de setembro de 2015.
DJ: 05 de outubro de 2015.
34
BRASIL TJMG. Apelação cível 1.0000.18.012324-2/001. Apelante: Defensoria Pública do Estado de Minas
Gerais. Apelado: Celulose Nipo Brasileira S/A CENIBRA. Relator: Des. Otávio Portes. Belo Horizonte, 14 de
novembro de 2018. DJ: 19 de novembro de 2018
35
JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual civil. 52.ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. P.
140.
36
CHAVES, Cristiano; e ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil. 11.ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. P. 73.
19
Esse posicionamento do Tribunal é majoritário mas não é unânime. Em algumas
(poucas) oportunidades o tribunal considerou sim a função social como critério de julgamento
em ações possessórias. A posição aparece também em votos vencidos (ver anexos).
Foram 07 o número de casos em que o TJMG entendeu que o cumprimento da
função social da propriedade é critério para avaliação do provimento ou não do pedido
possessório. Três deles serão analisados no corpo do texto, os demais podem ser conferidos
nos anexos.
O primeiro deles é a Apelação Cível n.º 1.0024.05.824716-4/00237.
O caso é de conflito multitudinário possessório sobre imóvel rural. Cerca de 400
famílias haviam ocupado uma fazenda. Em sua defesa, alegaram que a propriedade
descumpria com a função social, na medida em que

causa a degradação do meio ambiente, já que extrai cascalho e utiliza água pública
para fim econômico privado, sem autorização dos respectivos órgãos ambientais.

Assim se pronunciou o Tribunal:

Nos termos do art. 927 do CPC, na ação de reintegração de posse, cumpre ao autor
provar tão-somente a posse anterior do bem, o esbulho praticado pelo réu e a perda
da posse após a prática do esbulho.

A posse da Apelada sobre a área invadida pelos Apelantes é incontroversa,


decorrendo do título de propriedade, f. 25/27, comprovada pela certidão do Cartório
de Registro de Imóveis de Unaí.

Os Apelantes admitem terem praticado esbulho, conforme confissão em audiência,


sustentando, porém, ser legítima a ocupação do imóvel em razão do
descumprimento da função social da propriedade, pela Apelada.

Porém, para que se decida o presente processo, não é possível limitar-se a questão ao
juízo possessório, impondo-se considerar os princípios da eticidade e da função
social da propriedade, ainda que a Apelada tenha ficado privada da utilização do seu
imóvel.

A função social da propriedade constitui limitação do direito de propriedade, antes


considerado absoluto e intangível, impondo ao proprietário o dever de suportar
constrangimentos, quando estejam em confronto interesses da coletividade.

O tribunal não explicitou quais seriam os “interesses da coletividade” presentes no


caso que justificassem a análise do cumprimento da função social. Contudo, é de se inferir
37
BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.05.824716-4/002. Apelante: Luciano Monteiro Santos e outros.
Apelada: Agroreservas Do Brasil Ltda. Relatora: Desembargadora Evangelina Castilho Duarte. Belo Horizonte/
MG, 25 de fevereiro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 30 de março de 2010.
20
que 400 desabrigados pleiteando moradia é um possível interesse da coletividade. A apelação
entretanto não foi provida e foi mantida a ordem de reintegração. O motivo foi o de que a
apelada/autora demonstrou cumprir com a função social.

Verifica-se que a Apelada demonstrou o aproveitamento racional e adequado de sua


propriedade, através da criação de gado, f. 167, bem como da produção e
comercialização de sorgo, feijão, laranja, soja, lenha e milho, f. 88/155, nas terras
invadidas pelos Apelantes.

Corroborando tais provas, constata-se que o INCRA classificou o imóvel como


grande propriedade produtiva, nos triênios de 2000/2001/2002 e 2003/2004/2005,
conforme certificados de f. 168 e 924.

Reforçando a prova documental produzida, as testemunhas inquiridas afirmaram que


a Apelada utiliza o solo de forma adequada e não predatória, e que manteve as
características de exploração econômica do imóvel após tê-lo adquirido, f. 979/983.

Ademais, constata-se que a Apelada também observa as disposições que regulam as


relações de trabalho.

Ora, os documentos de f. 314/331, demonstram que a Apelada possuía mais de 200


empregados de janeiro a setembro de 2005, sendo certo que fazia recolhimentos ao
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e à Previdência Social em benefício de 358
trabalhadores existentes em setembro de 2005, conforme f. 332.

Quanto à questão ambiental, o Tribunal entendeu que invasão de imóvel não é


pena prevista para a hipótese:

O fato de existirem várias irregularidades ambientais, ensejava a aplicação de


penalidades cabíveis, mas não torna lícita a invasão ocorrida, pois, caso contrário,
quase todas as propriedades rurais poderiam ser invadidas, visto que é comum o
descumprimento de normas ambientais por vários proprietários rurais.

O segundo caso é o Agravo de instrumento n.º 1.0017.12.008710-5/002 38. O caso


é semelhante ao anterior: conflito possessório multitudinário sobre imóvel rural. Os
autores/agravados pleitearam a tutela provisória de posse nova e o juízo primevo deferiu o
pedido. A parte ré agravou da decisão e, no mérito, alegou que a decisão deveria ser suspensa
até que houvesse manifestação do Poder Público para avaliar o descumprimento da função
social da propriedade.

Registra-se que a Agravante não nega a posse anterior dos Agravados sobre a área
ocupada e, também, não impugna a ocorrência de turbação ou esbulho praticado há
38
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.° 1.0017.12.008710-5/002. Agravante: Associação Rural do
Assentamento Princesa do Vale. Agravado: Erica Gomes Figueiredo e outros. Relator: Des. Manoel dos Reis
Morais. Belo Horizonte, 05 de setembro de 2017. DJ: 15 de setembro de 2017.
21
menos de ano e dia do ajuizamento da ação. O recurso visa a suspensão da ordem de
reintegração até que o Poder Público seja oficiado para manifestar interesse na área,
dada a "desobediência no cumprimento da função social da propriedade

O raciocínio jurídico aqui é interessante, pois a análise foi acerca de decisão


provisória de reintegração de posse e do material probatório necessário para sua análise.

De fato, a Lei n. 4.504, de 1964, no art. 2º, assegura a todos a oportunidade de


acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social. Também a CR,
no art. 5º, além de garantir o direito de propriedade (XXII), estabelece que a
propriedade atenderá a sua função social (XXIII).

Entretanto, o direito à reintegração de posse de imóvel está atrelado à comprovação


dos elementos elencados no CPC/15, que manteve a redação legal do art. 927 do
CPC/73: (…)

Assim, a presença desses requisitos autoriza o deferimento de plano da reintegração


de posse, como ocorreu na hipótese. Eventual descumprimento da função social da
propriedade pode, em circunstâncias especiais, desencadear outras providências –
âmbito administrativo – e, quiçá, até impedir a reintegração; porém, tudo isso
depende da dilação probatória. (…)

Por outro, cabe ao Juízo a quo, após dilação probatória, decidir sobre a necessidade
de intimação dos Órgãos Públicos sobre eventual interesse na área objeto da lide, o
alegado descumprimento da função social da propriedade e os interesses públicos
sociais envolvidos no conflito.

Com essas considerações, entende-se que as preliminares aventadas não merecem


acolhida, e, a priori, não se afigura motivo jurídico plausível para suspender a ordem
liminar reintegratória.

O descumprimento da função social da propriedade é, portanto, critério para


avaliação da pertinência ou não da decisão definitiva de reintegração, após dilação probatória.
Finalizando o tópico, a análise da apelação cível n.º 1.0699.08.082305-6/002 39. O
caso é mais uma vez um conflito multitudinário sobre a posse de imóvel rural. Alegaram os
autores que o terreno ocupado fora cedido a título de comodato, contudo, após término do
ajustamento os ocupantes se recusavam a sair. Os réus por sua vez alegaram que não houve
comodato, mas sim doação. Fato é que no terreno disputado já havia sido estabelecido uma
espécie de vilarejo, no qual os ocupantes já estavam em sua terceira geração.
Diante disso, inicialmente, o TJMG discorreu acerca da posse dos réus/apelantes:

39
BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0699.08.082305-6/002. Apelante: José Moreira e outros. Apelado: Luiz
Fernando Santiago e outros. Relator: Desembargador Rogério Medeiros. Belo Horizonte/MG, 25 de fevereiro de
2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 13 de abril de 2010.
22
Trechos da prova oral colhida, acima transcritos, estão a indicar posse longa,
contínua, mansa e pacífica dos apelantes, que remonta a seus ancestrais. Ali residem
com suas famílias e laboram, como pequenos agricultores, em prol do sustento de
todos. Não há falar-se, dessarte, em posse injusta.

Após, discorreu acerca dos ditames constitucionais que regem o direito de


propriedade – isto é, sobre a função social da propriedade – e sobre a “constitucionalização do
direito infraconstitucional”.
Estabelecidas essas premissas, entendeu que “o direito de propriedade, em cada
caso concreto, deve ser analisado à luz do princípio constitucional da sua função social”.
Julgou o caso por equidade, vedando a reintegração de posse, na medida em a manutenção da
posse com os réus seria a decisão valorativamente mais acertada.40
Na doutrina, também se encontra quem pense ser o cumprimento ou não da
função social da propriedade critério para deferimento das ações possessórias.
Fred Diddier41 defende que, em verdade, a Constituição de 1988 estabeleceu um
novo critério para a tutela possessória, que é justamente demonstrar o cumprimento da função
social da propriedade42
Luiz Edson Fachin, no mesmo sentido, defende que a não há mais proteção
possessória relativa à propriedade que não cumpre com sua função social43.
Todos os casos levantados acima trazem ainda uma particularidade: trataram-se de
conflitos entre privados, sem que houvesse interesse direto do Poder Público e sem que
estivesse envolvida propriedade pública.

40
O voto deste caso é composto praticamente por excertos de julgados e doutrina. O TJMG pronunciou-se muito
pouco com as próprias palavras.
41
DIDIER JR, Fredie. A função social da propriedade e a tutela processual da posse. In: Rede LFG, p. 14.
Disponível em: <http://www.direito.mppr.mp.br/arquivos/File/Politica_Agraria/3diderjrfuncaosocial.pdf>.
Acesso em out 2019.
42
A conclusão tem como base a premissa de que, para o autor, a tutela possessória se justifica na medida em que
(i) busca tutelar o aparente titular do domínio, e (ii) proteger aquele que exerce poder de fato sobre a coisa,
“protegendo aquele que explora economicamente a coisa” (Ibidem, p. 11). Assim, se

a tutela processual da posse serve à tutela do titular do domínio, se esse domínio não
é digno de proteção jurídica, porquanto em desacordo com o “modelo constitucional
do direito de propriedade”, não poderá receber proteção o instrumento de realização
desse mesmo direito: a posse. (Ibidem, p. 13)
43
FACHIN, Luiz Edson. “O estatuto constitucional da proteção possessória”. Leituras complementares de
Direito Civil. Cristiano Chaves de Farias (coord.). Salvador: Editora JUS PODIVM, 2007, p. 271.
23
Quando os conflitos envolveram imóvel público, as concepções do TJMG acerca
da aplicação da função social da propriedade ou abordou outros aspectos, ou foi até mesmo
oposta às exaradas em conflitos envolvendo privados.
Um primeiro ponto a se destacar é acerca do que o Tribunal entende sobre a posse
exercida por Ente Público. Veja-se o seguinte excerto:

É pacífico o entendimento e também de interpretação literal de dispositivo de lei


que, em se tratando de imóvel público, a prova do exercício possessório se torna
desnecessária, já que esta decorre automaticamente do domínio44.
(destacado)

Esse posicionamento se repetiu em vários outros julgados45, e pode ser conferido


nos anexos.
Acerca dos imóveis privados, contudo, ainda que o Tribunal geralmente não
entenda pela aplicação da função social da propriedade como critério em ações possessórias,
posse como mera decorrência do domínio nem posse era considerada. Nesse sentido:

É certo que, se deve trazer à fiveleta a função social da propriedade na solução dos
conflitos possessórios, onde o conceito de posse não deve ficar limitado à simples
disponibilidade de uso do imóvel. Por isso é que, a prova do exercício de posse
como simples decorrência do domínio, não é admitida nem mesmo no âmbito dos
conflitos possessórios despidos de cunho social.46

Acerca da “posse” dos esbulhadores, aqui também o TJMG tem entendimento


bastante diferente em quando o conflito é apenas entre particulares, podendo ser sintetizado
da seguinte maneira:

Assim, incabível, ainda, qualquer discussão acerca da existência ou não de provas


acerca da posse anterior do bem por parte dos réus, pois, repisem-se, os bens
públicos são insuscetíveis de posse válida ou usucapião resultante dessa. (…)
Daí entender-se que a ocupação de imóvel público pelo particular configura mera
detenção, donde não conferido a ele o direito de posse, consoante prescreve o art.
1.208 da lei substantiva civil, “in verbis”47:

44
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.06.266588-1/001. 1.º Apelante: Município de Uberlândia. 2.º
Apelante: William Silva. Apelados: Município de Uberlândia e William Silva. Relator: Des. Belizário de
Lacerda. Belo Horizonte, 21 de janeiro de 2014. DJ: Belo Horizonte, 24 de janeiro de 2014.
45
Não se contabilizou o número de vezes que esse posicionamento ocorreu devido ao fato de ele não dizer
respeito (ao menos não diretamente) acerca da aplicação da função social da propriedade.
46
BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento n.º 1.0079.13.071478-9/001. Agravante: Lacerda dos Santos
Amorim. Agravada: CEASA/MG – Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A. Interessados: Moradores da
Ocupação William Rosa. Relator: Luiz Carlos Gomes da Mata. Belo Horizonte, 13 de março de 2014. DJ: 21 de
março de 2014.
24
E não é outro o entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal, a teor do que
prescreve a Súmula 340, enfática no sentido de que, desde a vigência do Código
Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos
por usucapião.

E o Superior Tribunal de Justiça também possui entendimento consolidado no


sentido de que os bens públicos não são passíveis de posse por particulares.48

Acerca especificamente da aplicação ou não da função social da propriedade em


disputas possessórias envolvendo imóvel público, o instituto geralmente não foi aplicado sob
o argumento de que a função social da propriedade não se presta a privilegiar interesses
individuais em detrimento de algum interesse público.

Não se pode, ainda, utilizar do instituto da função social da propriedade para os


casos e que a destinação da área pública é para atender interesses puramente
individuais.49

Nos casos em que esses “interesses públicos” não foram individualizados, a


classificação foi a de função retórica, na medida em que a máxima de que os interesses
individuais não devem se sobrepor aos coletivos foi usada apenas como um bordão.
Já nos casos em que houve uma individualização do interesse público ofendido, o
caso foi classificado como fundamento legitimador. Nessa hipótese, a maior parte dos
conflitos ocorreu em contexto de programa de habitação50. Nesse sentido:

Portanto, a rescisão do contrato e a reintegração da Apelada na posse do imóvel,


diante da inadimplência, são medidas de rigor.

A rescisão do contrato e a reintegração na posse não violam o princípio da função


social da propriedade neste caso, por se tratar de financiamento rotativo, em que os
valores quitados retornam para um fundo, visando dar suporte financeiro à execução
de programas habitacionais criados pelo Estado, de modo a proporcionar o
financiamento de outro imóvel para novo contratante. Na verdade é a
implementação do direito à moradia para a população de baixa renda.51
47
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.06.266588-1/001. Apelante: Município de Uberlândia. 2.º
Apelante: William Silva. Apelados: Município de Uberlândia e William Silva. Relator: Des. Belizário de
Lacerda. Belo Horizonte, 21 de janeiro de 2014. DJ: Belo Horizonte, 24 de janeiro de 2014
48
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0027.11.012082-4/003. Apelante: André Leonardo Alves. Apelado:
Município de Betim. Relator: Des. Judimar Biber. Belo Horizonte, 06 de outubro de 2016. DJ: 08 de novembro
de 2016
49
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.08.437423-1/001. 1.º Apelante: Município de Uberlândia. 2.º
Apelante: Olímpio da Silva Santo e Maria do Socorro Soares. 3.º Apelante: Luzia dos Santos Neri. Apelados:
Município de Uberlândia, Olímpio da Silva Santo e outros. Relator: Belizário de Lacerda. Belo Horizonte, 11 de
junho de 2013. DJ: Belo Horizonte, 21 de junho de 2013
50
Item 11 do relatório referente aos julgados de 2012; itens 4 e 6 do relatório referente aos julgados de 2011.
51
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0456.04.024748-2/001. Apelante: Marilda Aparecida da Silva. Apelada:
Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais – COHAB/MG. Relator: Des. Renato Dresch. Belo
25

Assim, a rescisão contratual e a reintegração da posse postuladas são pertinentes,


sendo incensurável a sentença atacada.

No que se refere à tentativa do Apelante de permanecer no imóvel socorrendo-se do


princípio da função social da propriedade, impõe-se reconhecer que, com o louvável
propósito de facilitar a aquisição da casa própria por aqueles com menor renda
familiar e, assim, reduzir o déficit habitacional, a COHAB- Companhia de
Habitação do Estado de Minas Gerais, oferece financiamento extremamente
facilitado a seus mutuários, os quais, com o pagamento amortizado, vão devolvendo
aos poucos à mesma os recursos que serão por ela reinvestidos no financiamento de
outros mutuários.
(…)

Ora, a se admitir o inadimplemento da mutuária e a manutenção do atual detentor no


imóvel a pretexto de se prestigiar a função social da propriedade, como pretendido
pelo Apelante, fatalmente inviabilizada restará a política pública idealizada para
efetivar o acesso à casa própria pelas famílias de menor renda, que seguem as regras
do cadastro próprio da Cohab, o que, em última análise, sepultará programa público
destinado exatamente a conferir viés social ao uso e gozo da propriedade,
prejudicando a coletividade em detrimento do interesse particular do Apelante.52

Diante disso, tem-se que, nos casos possessórios envolvendo imóvel público,
muito da aplicabilidade da função social da propriedade esbarrou no “interesse público”. Os
casos classificados como função retórica foram 8. Como fundamento legitimador, 6.
Fundamento autoaplicável, 253.
Nos casos classificados como fundamento autoaplicável54, por sua vez, o debate
teve outro giro e se discutiu acerca da chamada “desapropriação judicial”55.
O caso foi uma ação de imissão na posse proposta pelo Estado de Minas Gerais
contra particular que habitava em terreno público desafetado. Em primeiro grau, o pedido de
imissão na posse foi indeferido, na medida em que se reconheceu a tese de defesa de que
cabível a desapropriação judicial em desfavor do Estado.
O instituto da desapropriação judicial está previsto no art. 1.228, §§3.º e 4.º, do
Código Civil, nos seguintes termos:

Horizonte, 19 de novembro de 2015. DJ: Belo Horizonte, 25 de novembro de 2015


52
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0073.10.001866-9/001. Apelante: Lacir Costa da Silva. Apelado:
COHAB/MG. Relator: Des. Ana Paula Caixeta. Belo Horizonte, 11 de julho de 2013. DJ: Belo Horizonte, 16 de
julho de 2013
53
Esses números são os totais, incluindo aí os casos fora do contexto de programa de habitação e em que a
discussão não necessariamente girou em torno do interesse público.
54
O julgado encontra-se em duplicidade no site do TJMG.
55
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0284.08.009185-3/005. Apelante: Ministério Público de Minas Gerais.
Apelado: Braz Moreira da Silva. Relator: Des. Rogério Coutinho. Belo Horizonte, 11 de março de 2015. DJ: 20
de março de 2015.
26

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o


direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado


consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,
de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.

§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao


proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel
em nome dos possuidores.

O Estado, por sua vez, argumentou que os bens públicos não estão sujeitos a
apossamento, bem como que o Código Civil não é aplicável a eles, na medida em que
possuem regime administrativo próprio.
Na decisão, o TJMG primeiro considerou as modernas limitações ao direito de
propriedade, baseadas na função social da propriedade, reconhecendo que a desapropriação
judicial se encontra neste âmbito:

Hodiernamente, a propriedade não pode ser entendida como direito fundamental


absoluto, já que limitada constitucionalmente, seja pela função social, bem como
outras restrições de direito público (como as urbanísticas e administrativas), privado
(direitos de vizinhança, por exemplo) e até mesmo eleitorais ou militares
(requisições de prédios para locais de votação e transações de imóveis nas faixas de
fronteira).

É nesse contexto que emerge a chamada “desapropriação judicial”, prevista no art.


1.228, §§4º e 5º do Código Civil, como mais uma forma de limitação de ordem
social a que toda propriedade deve observar como condição de sua própria
existência

Em seguida, diferenciou a desapropriação judicial da usucapião, justificando a


possibilidade de aplicá-la aos imóveis públicos sem que haja ofensa à regra de
imprescritibilidade dos bens públicos. Após, fundamentou a possibilidade de aplicação do
instituto ao caso em questão nos seguintes termos:

Por outro lado, entendo factível a aplicação das disposições civilistas à


Administração Pública se o imóvel reivindicado for dominical.

Aos bens dominicais é franqueada a possibilidade de alienação, com a devida


autorização legislativa, sempre que constatada sua não utilização para as atividades
afetas à Administração.
27
Na hipótese em comento, tendo em vista que o apelante [Estado de Minas Gerais],
durante longos 19 anos, não deu qualquer destinação ao terreno que ora pretende se
imitir na posse, descumprindo, por completo, a exigência que também lhe é oponível
de conferir função social à propriedade, entendo plenamente viável a expropriação
judicial.

O fundamento para a aplicação da desapropriação judicial sobre imóvel público,


assim, é o descumprimento da função social da propriedade. Veja-se, além de ser a finalidade
do instituto, a função social da propriedade também funcionou como critério para aplicação
do regime civilista aos bens públicos dominiais, na medida em que tais bens descumprem com
a função social da propriedade56.
O caso é singular na medida em que, em outras vezes nas quais o Tribunal se
debruçou sobre casos envolvendo posse de imóveis públicos, o entendimento foi oposto ao
aqui exarado. Seja por entender que os imóveis públicos não estão sujeitos a apossamento por
particulares, seja por entender que a violação dos bens públicos ofende à coletividade e ao
interesse público, seja por entender que a função social da propriedade não deve se prestar à
defesa de interesses meramente particulares.
Essas são as principais linhas de entendimento acerca da aplicabilidade da função
social da propriedade envolvendo ações possessórias.

56
Outros casos trataram também do descumprimento da função social da propriedade por parte da
Administração Pública. Serão abordados em momento oportuno.
28
1.2 Servidões administrativas e desapropriações

Os casos envolvendo desapropriações ou servidões administrativas perfazem o


número de 11 julgados: 5 de desapropriações e 6 de servidões administrativas. Desses, 1 foi
classificado como fundamento autoaplicável, 1 como fundamento legitimador e os 9 restantes
como função retórica.
A discussão mais recorrente era acerca do depósito prévio para imissão provisória
na posse por parte do ente público57. Além disso, em 5 casos a função social da propriedade
consta apenas da ementa, não sendo sequer mencionada no voto relator.
Outrossim, com exceção dos casos classificados como fundamento legitimador ou
autoaplicável, o termo função social da propriedade constou mais ou menos da seguinte
maneira:

Conquanto inexista disciplina normativa específica para o instituto, o seu


fundamento geral é o mesmo que justifica a intervenção do Estado na propriedade:
de um lado, a supremacia do interesse público sobre o interesse privado, e, de outro,
a função social da propriedade, insculpida nos arts. 5º, XXIII, e 170, III, da CF58.

Todos esses casos foram classificados como função retórica, já que a função social
da propriedade não teve nenhum aprofundamento e nenhuma utilidade para embasar a
decisão59.
O único caso classificado como fundamento legitimador foi o agravo de
instrumento n.º 1.0461.10.000008-6/00160, interposto para reformar decisão que negou a
imissão provisória na posse por parte da Administração. A negação ocorreu porque:

“não houve demonstração de que a quantia depositada atende ao disposto no art. 15,
§ 1°, do Dec.-Lei 3365/41, tampouco a mesma se fez acompanhar por avaliação
técnica promovida por órgão independente”, o d. magistrado a quo houve por bem
resguardar “a apreciação do pedido de liminar à anuência do expropriado ou,

57
Talvez o fato justifique o fato de a função social da propriedade ter tão pouco aprofundamento nessas ações.
58
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0166.18.001060-4/001. Agravante: Município de Cláudio.
Agravado: Incorporação Imobiliária R.C.D. Ltda. Relator: Des. Bitencourt Marcondes. Belo Horizonte, 06 de
novembro de 2018. DJ: Belo Horizonte, 14 de novembro de 2018
59
Apontar um instituto jurídico como fundamento ou finalidade de outro sem, contudo, apresentar nenhuma
explicação, ainda que breve, não é suficiente para classificá-lo como fundamento legitimador.
60
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0461.10.000008-6/001. Agravante: Município de Ouro Preto.
Agravado Carlos Kuenerz & Cia Ltda. Relator: Des. Leite Praça. Rel. para o acórdão: Peixoto Henriques. Belo
Horizonte, 24 de maio de 2011. DJ: Belo Horizonte, 08 de julho de 2011
29
havendo impugnação do preço, para momento posterior à realização da prova
pericial” (v. fl. 13-TJ).

Assim, o TJMG discutiu acerca da necessidade ou não de se realizar perícia para


determinação do valor a ser previamente depositado.
Um dos argumentos usados para permitir que a Administração fosse imitida
previamente na posse, sem a necessidade de realização de perícia oficial, foi a de que o
particular não deu função social ao terreno:

Ademais, há uma particularidade a recomendar o deferimento da liminar de imissão


de posse no bem expropriado; qual seja: o imóvel objeto da desapropriação é uma
“área bem definida e ‘desocupada’”, como dito no laudo oficial (v. fl. 45-TJ) e
atestam as fotografias aqui reproduzidas às fls. 57/58-TJ.

Se há muito os expropriados não dão ao imóvel a função social que é dele


constitucionalmente exigida (arts. 182, § 2º, e 186, CF/88), injustificável retardar
sua entrega a quem quer fazê-lo.

Entretanto, esse argumento foi incidental, sendo que a fundamentação principal da


decisão girou em torno de temáticas estranhas a este trabalho.
Finalizando o tópico, a análise do Reexame necessário/Apelação Cível n.º
1.0024.83.104572-9/00161, classificado como fundamento autoaplicável. O conflito era acerca
de uma ação de desapropriação na qual se discutiu o arbitramento de indenizações por
benfeitorias construídas após a edição do decreto desapropriatório.
O caso em questão apresentou a peculiaridade de que o decreto expropriatório foi
publicado em 28 de fevereiro de 1977.
Diante disso, o TJMG entendeu que, não obstante a norma inserta no parágrafo 1.º
do art. 26 do Decreto-lei n.º 3.365, de 21 de junho de 194162, as benfeitorias deveriam sim ser
indenizadas.
A justificativa foi a seguinte:

61
BRASIL. TJMG. Reexame necessário/apelação cível n.º 1.0024.83.104572-9/001. Remetente: Juízo da 3.ª
Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte. 1.º Apelante: Márcio de Castro Marques.
2.º Apelante: Estado de Minas Gerais. Márcio de Castro Marques, Estado de Minas Gerais, José Agostinho da
Silva e outros. Relator: Edgard Penna Amorim. Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 2010. DJ: Belo Horizonte, 05
de maio de 2010)
62
Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de
terceiros contra o expropriado.
§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando feitas com
autorização do expropriante.
30
Não bastasse o asseverado alhures para concluir pela inaplicabilidade do art. 26 do
Decreto-lei n.º 3.365/41 no caso concreto, é de se ter em conta o princípio da função
social da propriedade, insculpido nos arts. 5º, XXIII, e 170, inc. III, da Constituição
da República, que se traduz no afastamento do cunho absoluto e incondicional do
direito de propriedade para adoção da concepção social, pela qual o titular daquele
direito está obrigado a utilizar o bem não somente segundo seus interesses e
conveniências pessoais, mas também em benefício da sociedade. (…)

No caso dos autos, entendo que os expropriados agiram em conformidade com o


citado princípio ao promover a edificação de benfeitorias nos imóveis em tela,
evitando, com isso, que as áreas ficassem sem qualquer utilidade ao longo desse
período de mais de trinta anos que sucedeu a edição do decreto expropriatório.

Destarte, seja pela boa-fé dos requeridos, seja pela observância da função social da
propriedade, não há admitir que a letra fria da lei impeça os expropriados de
haverem, a guisa de indenização, a importância que investiram na área objeto da
declaração de utilidade pública.

Assim, em vista de terem os expropriados dado função social aos terrenos, a


aplicação do disposto no art. 26 do Decreto-lei n.º 3.365/41 foi afastada63.

63
A discussão acerca de indenizações por benfeitorias não diz respeito exatamente a quem deve possuir o imóvel
ou quem é dele proprietário. Contudo, a questão central do processo era essa, o que justifica sua análise.
31
1.3 Titularidade do domínio: reivindicatórias e usucapião64

O número de ações reivindicatórias e de usucapião analisadas perfaz o número de


25, dentre as quais se incluiu a única ação em que se pretendeu a declaração de concessão de
uso especial para fins de moradia65. Cinco são reivindicatórias e vinte são de usucapião66.
O número de casos em que a utilização da função social da propriedade foi
classificada como fundamento autoaplicável foi 11. Como função retórica, 12. Como
fundamento legitimador, 367. Como se vê, aqui ocorreu a maior participação relativa dos casos
classificados como fundamento autoaplicável.
Isso se explica, em parte, pelo posicionamento do Tribunal acerca da possibilidade
de se usucapir imóveis cuja área é inferior à prevista no módulo rural68. Foram 3 o número de
casos que seguiram essa linha.
A questão se põe na medida em que o Estatuto da Terra prevê, em seu art. 65,
caput, que:

Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva
do módulo de propriedade rural.

Em todos os 3 casos em que a questão chegou à apreciação do Tribunal, o


entendimento foi o de que esta norma não impede a usucapião do imóvel. Os principais
argumentos foram: (i) norma infraconstitucional não é apta a limitar aquilo que a Constituição
não limitou, e (ii) permitir a usucapião é obedecer ao princípio da função social da
propriedade. Quanto ao segundo argumento, que importa ao presente trabalho:

1.

64
Excluídas as ações em que a titularidade do domínio apareceu apenas como tese de defesa. Excluídas, também,
as desapropriações. A única ação propondo o reconhecimento de concessão de uso para fins especiais de moradia
foi incluída.
65
Conexa a uma ação reivindicatória.
66
Desses 20, um dos casos na realidade é uma reivindicatória. Contudo, como a discussão girou em torno da tese
de defesa de usucapião, o caso foi incluído como usucapião. Item 10 do anexo referente aos julgados de 2011.
Além disso, o caso de declaração de concessão de uso especial para fins de moradia foi incluído dentre as
reivindicatórias.
67
Serão trabalhados no corpo do texto apenas os casos classificados como fundamento autoaplicável, na medida
em que não foi possível traçar uma linha de entendimento dos casos classificados de outra maneira, compondo-
se eles de entendimentos específicos e esparsos de algumas materias.
68
Quanto aos imóveis urbanos, nenhum caso foi analisado.
32
É irrefutável que o principal objetivo da usucapião constitucional rural é viabilizar,
por meio da propriedade familiar, a sobrevivência do trabalhador rural baseada na
exploração da terra. O maior desafio do instituto e que faz dele seu objetivo é a
harmonização de valores igualmente relevantes: a função social da propriedade, a
subsistência familiar e o progresso econômico.

Por isso, penso que possibilitar a divisão do módulo rural em casos como o que ora
se apresenta vai ao encontro do espírito constitucional, contribuindo sobremaneira
para melhoria da qualidade de vida no campo, dando dignidade aos trabalhadores.
Permitir a usucapião de imóvel cuja área seja inferior ao módulo rural da região é
otimizar a distribuição de terras destinadas aos programas governamentais para o
apoio à atividade agrícola familiar.

(…)

Mutatis mutandis, aplica-se a mesma ratio ao caso concreto: de vez que a área
usucapienda serve tanto à moradia quanto à subsistência do Autor, a vedação à
prescrição aquisitiva em razão da dimensão da propriedade iria de encontro a
diversos valores constitucionais, notadamente o da função social da propriedade.69
(destacado)

2.70

A meu ver, atento a toda a explanação acima já feita e, em especial, atento ao


posicionamento atual do STJ - Superior Tribunal de Justiça, através do REsp
1.040.296/ES, não há impedimento para a admissibilidade da ação de usucapião e
sua normal tramitação, pois a antiga lei 4.504/64, ainda que vigente, não pode se
sobrepor às concepções e princípios constantes da Constituição Federal vigente,
pois no Direito moderno se deve conferir atenção especial à função social da
propriedade de forma a garantir paz social a quem faz uso da área rural, seja com
fins de trabalho ou moradia e independente de sua metragem mínima.71
(destacado)

Percebe-se, assim, que além de entender que a função social da propriedade


legitima a usucapião especial rural ou extraordinária, é em vista de sua aplicação que a regra
inserta no art. 65 do Estatuto da Terra não é empecilho para a aquisição da propriedade72.

69
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0106.13.003997-2/001. Apelante: Antônio Correa Lopes. Relator: Des.
José Marcos Rodrigues Vieira. Belo Horizonte, 18 de maio de 2016. DJ: Belo Horizonte, 31 de maio de 2016
70
Neste ponto, a redação do voto do acórdão proferido no terceiro caso, apelação cível n.º 1.0142.17.001715-
6/002, é idêntica.
71
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0142.15.003316-5/002. Apelante: Valdino Pio da Fonseca. Apelado:
Ministério Público de Minas Gerais. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da Mata. Data de julgamento: 23 de
agosto de 2018. DJ: 31 de agosto de 2018
72
Além desses 03 casos, há ainda mais dois semelhantes. O primeiro é a apelação cível n.º 1.0549.11.002837-
6/001, em que se tratou da possibilidade de se registrar imóvel urbano cuja área seja menor do que a prevista
para lotes urbanos. O caso pode ser conferido no item 02 do anexo referente aos julgados de 2013.
O segundo é a apelação cível n.º 1.0471.11.010614-6/001. Aqui, o TJMG avaliou a possibilidade de
usucapir imóvel que desatenda às normas de uso e ocupação do solo. O imóvel era fruto de loteamento ilegal, o
que tornava nulo o título aquisitivo. O TJMG entendeu pela possibilidade de se usucapir o imóvel,
fundamentando o posicionamento na função social da propriedade.
33
Além do posicionamento acima exposto, houve ainda três julgados envolvendo
usucapião que merecem ser trabalhados.
O primeiro é a apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/00173.
O caso é de usucapião especial urbana. A função social da propriedade foi usada
para fundamentar a decisão nos seguintes termos:

Os Apelados lograram demonstrar que deram função social ao imóvel, construíram


casa e a utilizaram para moradia de sua família, de forma mansa, pacífica e
ininterrupta, pelo lapso de tempo necessário para a pretensão aquisitiva. (…)

Finalmente, a sentença merece confirmação porque prestigia a função social da


propriedade, princípio consagrado no Código Civil e na Constituição da República.

De se ponderar que a proteção jurídica do direito de propriedade considera não


somente os interesses particulares do proprietário original, mas também os da
coletividade, o que impõe reconhecer o direito daquele que durante mais de 25 anos
construiu, cuidou e utilizou o imóvel como instrumento de seu desenvolvimento e de
sua família, em detrimento de quem apenas invocou a titularidade do bem para si
após quase três décadas. Vale ressaltar que os Apelados demonstraram não possuir
nenhum outro imóvel.
(destacado)

Basicamente, o TJMG reconheceu a usucapião porque foi dada função social ao


imóvel e porque passado grande lapso temporal. Nesse sentido, a função social, no voto,
representou um verdadeiro requisito para a usucapião. Certo de que a usucapião especial
urbana, como já apontado outras vezes pelo TJMG, se inspira na função social da
propriedade, reconhecer que a legitimidade da norma decorre desse princípio é coisa diferente
de reconhecer a própria função social da propriedade, norma de conteúdo aberto, como
requisito mesmo da usucapião.
O segundo caso é a Apelação cível/Reexame necessário n.º 1.0024.03.114883-
6/00174.
O relatório é o seguinte:

Cuida-se de reexame necessário e recurso de apelação aviado contra a sentença de f.


301/311 que, nos autos da ação de usucapião, ajuizada por MARIA PEDRO DE
ALMEIDA E OUTRO em desfavor de JOSÉ DE SOUZA PATARO e ESTADO DE
73
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/001. Apelante: Rariane Merces Alves Nunes e outros.
Apelado: Adão Rosa e outros. Relator: Manoel dos Reis Morais. Belo Horizonte, 24 de março de 2015. DJ: Belo
Horizonte, 17 de abril de 2015.
74
BRASIL. TJMG. Apelação cível/Reexame necessário – 1.0024.03.114883-6/001. Apelante: Estado de Minas
Gerais. Apelada: Maria Pedro de Almeida. Relator: Des. Armando Freire. Belo Horizonte, 28 de outubro de
2014. DJ: Belo Horizonte, 10 de novembro de 2014
34
MINAS GERAIS, julgou procedente o pedido inicial para declarar o direito de
propriedade da autora sobre o imóvel objeto da lide.

Na minuta recursal de f. 317/321, o ESTADO DE MINAS GERAIS afirma que a


perícia realizada nos autos comprova que parte do terreno se encontra dentro da
área da Fazenda Calafate, que foi adquirida pelo Poder Público quando da
construção da Capital. Aduz que, nos termos da Súmula 340 do STF, os bens
públicos são insuscetíveis de usucapião, de forma que a sentença recorrida
contrariou a jurisprudência e a doutrina dominantes. Salienta que, ainda que haja
dúvidas quanto à metragem do imóvel que se encontra inserida na área pública, não
poderia o Juiz determinar a propriedade dos recorridos sobre a totalidade do terreno.
Ao final, requer o provimento do recurso.
(destacado)

O caso é que o Estado de Minas Gerais entendeu que parte do imóvel que se
pretendeu usucapir era de sua propriedade. O título aquisitivo estadual datava do século XIX.
Foi realizada perícia e, de fato, parte do terreno era público, não tendo sido possível,
entretanto, precisar qual seria a porção exata de terreno público.
Ademais, os autores que pretenderam usucapir o terreno haviam construído
moradia de forma que o bem se tornou indivisível. Outrossim, moravam na área há mais de 35
anos, possuíam título aquisitivo e estavam de boa-fé.
Ainda acerca do imóvel, as certidões demonstravam que ele foi alienado diversas
vezes a partir de 1932, bem como que estava registrado em nome de particular.
O caso, assim, apresentou diversas particularidades que ensejaram a procedência
da usucapião, inobstante o imóvel fosse, em parte, de propriedade de Minas Gerais. A decisão
teve vários fundamentos, dentre eles a aplicação direta, isto é, não mediada por outro instituto,
da função social da propriedade. Veja-se:

Não obstante guarde reservas acerca da utilização de princípios como a função


social da propriedade e direito à moradia para justificar a usucapião de bens
públicos, o caso excepcional dos autos impõe sejam considerados estes fatores.

Com efeito, muito embora a Carta Constitucional e o Código Civil determinem,


expressamente, que os bens públicos não se sujeitam à usucapião, vislumbra-se que
a própria Constituição contempla as garantias da função social da propriedade e do
direito à moradia.

(…)

Cumpre ressaltar que os bens formalmente públicos, ou seja, aqueles não afetados a
uma destinação pública específica, se encontram em situação incompatível com o
princípio da função social da propriedade, esculpido como garantia fundamental no
art. 5º, XXIII, da Carta Magna.
35
De tal modo, concluo que a existência do registro do imóvel em nome do réu, que
remonta ao ano de 1894, por si só, não impede o reconhecimento da usucapião,
visto que se trata de bem desafetado, ou seja, bem que deixou de ser público, não
possuindo mais qualquer essência de coisa pública há anos. (…)

Em vista disso, concluo que a negativa do pleiteado direito à usucapião representaria


desprestígio à boa-fé que se pretende manter nas relações públicas; redundaria em
atentado contra a própria segurança jurídica, bem como em ofensa às garantias
constitucionais de moradia e do direito à propriedade.

Registro que não se trata de hierarquizar as normas constitucionais, porquanto não


há falar em hierarquia entre elas. Todavia, diante de um aparente conflito de
preceitos fundamentais, deve o Julgador ponderar pela aplicação da norma mais
adequada ao caso concreto.
(destacado)

Como se vê, a função social da propriedade foi usada diretamente para permitir
a usucapião de imóvel “formalmente público”.
O julgado, entretanto, deixa dúvidas quanto a extensão dessa possibilidade a
outros casos, na medida em que esse processo foi permeado por várias peculiaridades.
O terceiro caso envolvendo usucapião é a apelação cível n.º 1.0433.98.002228-
2/00575.
A apelação foi interposta numa ação reivindicatória em que a usucapião foi aviada
como tese de defesa. O litígio era coletivo. Aqui, o Tribunal entendeu que deveria ser
reconhecida a usucapião na medida em que os proprietários formais descumpriram a função
social da propriedade:

É evidente que o referido princípio [função social da propriedade] não permite a


supressão da instituição da propriedade privada, mas é certo que autoriza a
imposição de sanções caso não seja respeitada a função social da propriedade.

(…)

Sendo assim, é justo que os Apelados, usuários do imóvel por período mais que
considerável, sejam elevados à condição de proprietários e que a Apelante perca seu
patrimônio em prol dos primeiros, já que não foi diligente no sentido de atender as
determinações constitucionais acerca de tal direito.

Disso se depreende que, na realidade, o que ocorreu, foi que o descumprimento da


função social da propriedade por parte dos reivindicantes, na realidade, foi o que autorizou a
mudança na titularidade do domínio.
75
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0433.98.002228-2/005. Apelante: Petrobras Distribuidora S/A.
Apelados: ausentes, incertos e desconhecidos. Relator: Des. Alberto Aluízio Pacheco de Andrade. Belo
Horizonte, 25 de janeiro de 2011. DJ: 18 de fevereiro de 2011
36
Contudo, esse foi apenas um dos argumentos. O outro foi justamente o Tribunal
ter reconhecido preenchidos os requisitos para a aquisição do imóvel mediante usucapião
coletiva. Ocorre que, da forma em que proferida a decisão, fica entendido que o
descumprimento da função social da propriedade seria causa suficiente para a procedência do
pedido de usucapião.
Entretanto, não fica totalmente claro se em outras oportunidades, em que
porventura os requisitos não estejam totalmente preenchidos, o Tribunal entenderá pela
alteração da titularidade do domínio76, ainda que verificado eventual descumprimento da
função social da propriedade.
Quanto às ações reivindicatórias, serão analisados três casos, sendo que dois deles
serão analisados em conjunto, em razão de conexão.
O primeiro é o agravo de instrumento n.º 1.0024.12.248205-2/00177.
O agravo foi interposto para revogação da decisão que deferiu o pedido de
antecipação de tutela, a qual determinou que os réus desocupassem o imóvel reivindicado.
Dentre os argumentos levantados pelo agravante, um deles foi o de que ele dava
função social ao imóvel. No caso, o lote era de propriedade da agravada, enquanto o réu
alegava que a casa teria sido construída por ele. Era esta a casa, ainda, em que o réu residia
com sua família, há mais de quarenta e dois anos.
Diante dessa situação, o TJMG entendeu que:

Fato é que o ora agravante executa a função social da propriedade de forma


fidedigna e há muito ainda o que analisar antes de deferir a liminar de desocupação,
como por exemplo, quem realmente construiu a casa e se há direito à retenção de
benfeitoria. (…)

E concluiu da seguinte maneira:

Desta forma, devido ao risco iminente de lesão à dignidade da família que reside há
mais de quarenta anos no imóvel objeto da lide, hei por bem, indeferir a liminar para
que assim o réu permaneça no imóvel até julgamento final da lide.

76
A análise da “conveniência” do Tribunal na aplicação do instituto da função social da propriedade será
abordado no capítulo 2.
77
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.12.248205-2/001. Agravante: João Hilbert Filho.
Agravada: Lourdes Hilbert Cardoso. Relator: Rogério Medeiros. Belo Horizonte, 02 de maio de 2013. DJ: Belo
Horizonte, 10 de maio de 2013
37
Ademais de o agravante estar cumprido a função social da propriedade, o TJMG
entendeu também não haver elementos suficientes a permitirem a concessão de tutela
provisória, além de que eventual concessão poderia configurar dano de difícil reparação à
parte.
Tal constatação coloca em dúvida se, em situações análogas em que presentes os
requisitos para a concessão da tutela provisória, bem como em que não se vislumbre um dano
de difícil reparação, o Tribunal decidiria da mesma maneira.
Contudo, a par de a análise do Tribunal ter sido superficial acerca do caso, bem
como a par de o raciocínio exposto no acórdão não ser dos mais claros, a função social da
propriedade foi fundamento autônomo e suficiente para revogar a tutela provisória concedida
em primeiro grau.
Os segundo e terceiro casos de reivindicatória a serem analisados são as apelações
n.º 1.0079.12.019090-9/00178 e n.º 1.0079.12.044422-3/00179.
O caso é que, no primeiro processo, os réus/apelantes habitavam num imóvel
construído sobre terreno público municipal. Na verdade, boa parte do bairro estava assentado
sobre terreno público. O Município, em razão de pretender construir uma rua, entrou com uma
ação reivindicatória para retirar os apelantes. No curso do processo, entretanto, o município
ofereceu pedido de desistência, em razão da desnecessidade de retirar os moradores para
realização da obra. Os réus não aceitaram a desistência e, em primeiro grau, o juiz sentenciou
condenando os réus a se retirarem do imóvel. Uma das teses de defesa apresentada pelos réus
era a de que eles faziam jus em receberem o imóvel a título de concessão de uso especial para
fins de moradia, objeto do segundo processo.
No posicionamento majoritário do julgamento, inicialmente, o TJMG fez algumas
ponderações acerca do direito à moradia, considerando-o como um dos conteúdos mesmo da
função social da propriedade. Em sequência, em vista de o imóvel ser usado como moradia e,
assim, cumprir com a função social, o Tribunal entendeu que, mesmo sem a aceitação da

78
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0079.12.019090-9/001. Apelante: Crecione Gomes dos Santos e outros.
Apelado: Município de Contagem. Relator: Des. Audebert Delage. Belo Horizonte, 05 de setembro de 2017.DJ:
15 de setembro de 2017.
79
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0079.12.044422-3/001. Apelante: Crecione Gomes dos Santos e outros.
Apelado: Município de Contagem. Relator: Des. Audebert Delage. Belo Horizonte, 05 de setembro de 2017.DJ:
15 de setembro de 2017.
38
desistência por parte dos réus, o processo deveria ser extinto sem exame do mérito, por perda
superveniente do interesse de agir.

Ocorre que, após o saneamento do processo, o Município manifestou ás fls. 159/160,


requerendo a desistência da ação, ao fundamento de que o Secretário de Obras e
Serviços Urbanos encontrou outra solução para realização da obra sem a
necessidade de remoção das famílias que ocupam a área reivindicada.

Não obstante os réus não terem concordado com a desistência da ação, deve o
magistrado agir com sensibilidade nas ações que visam a perda de moradia das
pessoas carentes, que lá se instalaram e com dificuldade construíram a casa de
morada.

Ora, não é prudente que tendo o próprio município desistido da reivindicação da


área o juiz julgue procedente a ação e determine a desocupação do imóvel. Tal
atitude vai de encontro ao clamor da sociedade por uma gestão mais democrática do
imóvel público urbano, atrelando a ele o princípio da função social da propriedade.

Dessa forma, tendo o próprio ente municipal reconhecido a desnecessidade da


desocupação de famílias carentes para realização de obra pública, conseguindo,
inclusive, alternativa para realização aprovada pela Agência Nacional de Águas,
correto é o reconhecimento da perda superveniente do interesse de agir, pelo que
merece reforma a decisão singular.

A hipótese é de ação reivindicatória. O objetivo desse tipo de ação é reconhecer o


direito de propriedade e imitir o proprietário na posse do bem. Logo, não é porque um
proprietário não irá mais realizar determinada obra que haveria uma perda superveniente do
interesse de agir. É por conta disso que, nesse caso, a função social da propriedade foi
classificada como norma autoaplicável. Ora, foi diante desse princípio que foi visualizada
uma hipótese de extinção do processo por falta de interesse de agir que, grosso modo, não
existiria.
Uma peculiaridade desse julgado é, também, a forma de tratamento que o TJMG
deu a um imóvel público.

Ora, não é prudente que tendo o próprio município desistido da reivindicação da


área o juiz julgue procedente a ação e determine a desocupação do imóvel. Tal
atitude vai de encontro ao clamor da sociedade por uma gestão mais democrática do
imóvel público urbano, atrelando a ele o princípio da função social da propriedade.
(destacado)

Ora, se a procedência da ação resultaria no reconhecimento de uma propriedade


pública que ficaria sem destinação (afinal, as obras não mais se realizariam), não haveria
39
interesse de agir do município na medida em que os imóveis públicos devem cumprir com a
função social da propriedade.
A função social da propriedade foi usada, assim, diretamente como critério para se
auferir a presença ou não de interesse de agir.
O segundo processo, anexo ao acima analisado, era uma ação em que os
moradores pretendiam fosse declarado seu direito à concessão especial para fins de moradia,
prevista na Medida Provisória n.º 2.220/01. O juiz sentenciante declarou improcedente o
pedido, pois os autores não haviam requerido, antes, administrativamente o pedido80.
Para afastar a aplicação do dispositivo, o TJMG levantou dois argumentos não
relativos à função social da propriedade: inafastabilidade da jurisdição e desnecessidade da
via administrativa em vista da ação reivindicatória.
Além destes, foi desenvolvido um argumento relacionado a uma interpretação
finalística da lei, agora sim relacionado à função social da propriedade:

Vislumbra-se a importância da Concessão de Uso Especial para fins de moradia, que


surgiu em consonância ao clamor da sociedade por uma gestão mais democrática do
imóvel público urbano, atrelando a ele o princípio da função social da propriedade.

Impende-se ressaltar que, antes somente era mencionada e discutida a função social
da propriedade privada. Isto se justifica pelo fato de que nunca antes houve
instrumentos que comprovassem a importância de se atingir a função social da
propriedade pública, o que torna inovador tal instrumento. (…)

Assim, como instrumento da política urbana, a concessão especial para fins de


moradia visa à regularização fundiária em áreas publicas, sendo de grande
importância sua utilização para aqueles que ali habitam, encontrando-se à margem
do direito de propriedade.

Vale dizer, em matéria de direito à moradia (CF, art. 6º), cumpre a análise sensível
das circunstâncias fáticas pelo magistrado, caso a caso, porquanto convive o Direito
com o método da ponderação, que informa a necessidade de se sopesar a
importância dos bens jurídicos, de maneira a melhor adequá-los às premissas
constitucionais fundamentais, notadamente nos casos em que se leva em conta o
desabrigo de pessoas carentes por ato do próprio Poder Público. (…)

Nesse contexto, atenta in casu grave questão social, que desafia a aplicação do
Direito à luz do postulado da dignidade humana e também da garantia fundamental
de moradia. (…)

80
O art. 6º da MP 2.220/01 dispõe que “o título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido
pela via administrativa perante o órgão competente da Administração Pública ou, em caso de recusa ou omissão
deste, pela via judicial”.
40
Dessa forma, diferentemente do em. relator entendo que restou demonstrado os
requisitos para concessão especial de uso para fins de moradia, pelo que deve ser
julgado procedente o pedido.

Vê-se, portanto, que, em sendo o objetivo da MP conferir ao imóvel público


urbano função social, na medida em que garante o direito à moradia, aplicar o disposto no art.
6.º da MP seria contrário à finalidade da própria MP. Função social da propriedade, assim,
teve aplicação direta para afastar a necessidade do requerimento administrativo.
Houve reforma em ambos os processos, por maioria.
Diante disso, percebe-se que o Tribunal adotou uma linha diferente da que
normalmente adota quando a disputa envolve imóvel público. Conforme se demonstrou no
capítulo pertinente às ações possessórias, na grande maioria das vezes o Tribunal entendeu
que os imóveis públicos não estão sujeitos a apossamento por particulares, ou que a ocupação
dos bens públicos ofende a coletividade e o interesse público, ou até mesmo que a função
social da propriedade não deve se prestar à defesa de interesses meramente particulares.
Assim, apesar de aqui haver expressa previsão normativa, vislumbra-se um
tratamento diferente e recente (os casos são de 2017) que o Tribunal deu aos imóveis
públicos.
41
1.4 Outras

Conforme já apontado, a classificação dos julgados teve como critério a natureza


do conflito debatido no processo. Nesse sentido, os julgados foram classificados em
“possessórios”, “propriedade”, “desapropriação” etc.
Ocorre, contudo, que, em alguns casos, apesar de o direito discutido não ser
propriamente de interesse do tema deste trabalho, direito contratual, por exemplo, houve
também a discussão acerca de quem deve possuir o imóvel ou quem é o proprietário do
imóvel.
Além disso, houve alguns entendimentos exarados pelo Tribunal que, apesar do
número reduzido de vezes que apareceu, mostram sim uma linha de entendimento e merecem
ser expostos.
Diante disso, os casos envolvendo “passagem forçada” e alguns outros casos
envolvendo direito contratual serão aqui analisados.
Comecemos pelos casos de passagem forçada: apelações cíveis n.º
1.0153.11.002816-1/00281 e n.º 1.0303.15.000584-9/00182.
Em ambos os casos analisados, a principal questão discutida era a respeito do
conceito de “encravamento”. Isso porque, em ambos os casos, o imóvel não estava
“completamente” encravado, isto é, havia sim acesso à via pública. Tal acesso, contudo, era
bastante precário:

No caso dos autos, como muito bem mencionou o MM. Juiz de primeiro grau, o
imóvel dos autores não se encontra totalmente encravado, tendo acesso pelos
fundos, e para chegarem até a Av. Antonio Justino, percorrem um trajeto, parte dele
sobre as margens da linha férrea, e outra parte em um beco. Ocorre que, em pese o
imóvel não se encontrar totalmente encravado o acesso é bastante penoso e difícil,
principalmente nos momentos de trânsito de locomotivas, ao que parece não há luz
artificial.
(Apelação cível n.º 1.0153.11.002816-1/002).

81
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0153.11.002816-1/002. Apelante: Wilson Crepaldi Júnior e outros.
Apelado: Maria Aparecida de Oliveira Lacerda e outros. Relator: Des. Pedro Aleixo. Belo Horizonte, 28 de
janeiro de 2015. DJ: 05 de fevereiro de 2015.
82
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0303.15.000584-9/001. Apelante: Maria Márcia Ramos. Apelado: José
Divino de Almeida. Relator: Des. Mota e Silva. Belo Horizonte, 08 de novembro de 2016. DJ: 16 de novembro
de 2016.
42
Em ambos os casos, também, o Tribunal entendeu que o encravamento pode ser
parcial. O argumento utilizado envolveu a função social da propriedade e foi trabalhado nos
seguintes termos:

Numa leitura contemporânea, não se tem exigido que o imóvel esteja em situação de
absoluto encravamento, firme na função social da propriedade, a fim de lhe dar
uma destinação econômica (…)

Contudo, parece-nos que, nos tempos atuais, a penetração do princípio


constitucional da função social da propriedade e da comunidade, visando a uma
finalidade econômica relevante. Assim, mesmo que exista uma saída para a via
pública, constatando-se dificuldade, insuficiência, inadequação ou, até mesmo,
periculosidade do percurso, permitir-se-á ao magistrado interpretar o dispositivo de
forma extensiva, concedendo ao proprietário necessitado outra saída para que seu
imóvel tenha a sua utilização ampliada e possa atender às necessidades de
exploração econômica. (…)

Assim, atento ao fim social da propriedade, para de que o imóvel se destine à


utilidade econômica, e considerando que o mesmo se encontra encravado, hei por
bem atender à pretensão da autora.
(Apelação cível n.º 1.0303.15.000584-9/001).

A função social da propriedade, assim, define o que seria o significado de


“encravamento”. Portanto, nas situações que um imóvel, pelo fato de possuir um acesso
precário à via pública, tem por prejudicada sua utilidade e, portanto, sua finalidade coletiva, a
passagem forçada deve ser instituída.
O instituto, desse modo, legitima a passagem forçada, bem como confere sentido
ao conceito de “encravamento”. Ambos os casos foram classificados como fundamento
legitimador.
Os dois próximos casos são a apelação cível n.º 1.0382.12.007849-0/00183 e o
agravo de instrumento n.º 1.0433.14.024770-4/00184. Em ambos os casos o litígio envolveu
contratos: no primeiro, de arrendamento rural; no segundo, de e aluguel.
O primeiro caso versou sobre ação em que os autores, proprietários das glebas de
terra, pretendiam ver rescindido contrato de arrendamento em razão de descuido dos réus no
cuidado das lavouras.

83
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0382.12.007849-0/001. Apelante: Júlio Cesar Castro. Apelado: Antônio
Pedro Filho e outros. Relator: Des. Mariza Porto. Belo Horizonte, 26 de junho de 2014. DJ: 07 de julho de 2014.
84
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0433.14.024770-4/001. Agravante: Catopê Empreendimentos
Imobiliários Ltda. Agravado: Fabíola Dias de Oliveira. Relator: Des. Antônio Bispo. Belo Horizonte, 19 de
março de 2015. DJ: 27 de março de 2015.
43
O entendimento do TJMG foi o de que, de fato, as culturas produzidas nas glebas
arrendadas (café e frutas) estavam descuidadas, de maneira que os réus, assim, estavam
descumprindo a função social da propriedade85.

Ocorre que, pelos depoimentos das testemunhas Douglas Alves de Abreu e Antônio
José Boueri Alves (fls. 75/76), respectivamente, resta demonstrada a utilização
inadequada do imóvel rural arrendado, em afronta aos princípios da boa-fé objetiva
e ao cumprimento da função social da terra e da propriedade, o que, por si só, leva à
rescisão do contrato de arrendamento.

Aqui, classificou-se o uso da função social da propriedade como fundamento


autoaplicável. Tal aplicação, inclusive, está expressamente prevista em lei, o que torna pouco
controvertida a questão de sua aplicabilidade.
No segundo caso, a parte agravante, locadora, diante do inadimplemento da
locatária, bem como do abandono do imóvel, pretendia, por meio de tutela provisória, a
imissão na posse do imóvel.
O TJMG, após considerar a existência de “prova inequívoca” do inadimplemento
e do abandono, considerou que

Nesta toada, deve-se analisar o contrato entabulado com fincas à realização da


função social do contrato e da propriedade (art. 421, do Codigo Civil de 2002),
sendo certo que o imóvel abandonado não é capaz de efetivar trais princípios
norteadores das relações privadas. (…)

Neste sentido, em vista da ação principal trata de despejo c/c cobrança, bem como
preenchidos os requisitos autorizadores da tutela antecipada, uma vez que a imissão
do agravante dará função social à propriedade, bem como beneficiará, inclusive, a
agravada, fazendo cessar a exigibilidade dos aluguéis vincendos.

Por todo exposto, restam comprovados os requisitos a deferir a liminar petitória


pleiteada, levando-se em conta os princípios da boa-fé objetiva (CC/02, art. 422), da
função social dos contratos (CC/02, art. 421), da vedação ao abuso de direito

85
O artigo 2º, §1º, da Lei n.º 4.504/64, que dispõe sobre o Estatuto da Terra, assim determina:

Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra,


condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando,
simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam,
assim como de suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) assegura a conservação dos recursos naturais;
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os
que a possuem e a cultivem
44
(CC/02, art. 187) e ao enriquecimento sem causa (CC/02, art. 884), todos servindo
de corolário para a efetivação da medida.

Aqui, o uso da função social da propriedade foi classificado como fundamento


legitimador, já que serviu mais como um balizador para verificação da presença dos requisitos
necessários ao deferimento da imissão provisória na posse.
Contudo, nesses dois últimos casos, fica a questão acerca da real utilidade
argumentativa da função social da propriedade. Ora, em ambos os casos, o Tribunal
reconheceu que houve o inadimplemento. Inadimplemento é causa geral para rescisão
contratual86. Assim, fica em dúvida se a função social da propriedade, em ambos os casos, de
fato, foi usada como fundamento para as decisões. Este ponto será trabalhado com mais
atenção no capítulo 2.

86
O art. 475 do Código Civil dispõe:

A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não


preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por
perdas e danos.

Ciente da imprecisão técnica utilizada no corpo do texto: “rescisão” e “resolução”.


46
Contudo, apesar de excepcional, o entendimento de que a função social da
propriedade é norma autoaplicável, relativamente, foi bastante presente – foi o entendimento
adotado em cerca de 14% dos casos.
Nas ações que versaram sobre conflitos multitudinários sobre a posse, que
perfazem o número de 104, entretanto, a função social da propriedade apareceu como
fundamento autoaplicável apenas 7 vezes, ou em 6,73% dos casos, número bastante inferior
ao da média.
De se lembrar, que é neste tipo de ação que os conflitos mais vezes apareceram e,
também, de forma mais acinte.
Ademais, pode-se inferir também que quando a questão versa sobre posse de
imóvel público, a aplicação do princípio da função social da propriedade segue outras linhas
de entendimento, sendo sua aplicabilidade ainda menor.
Dos 16 casos envolvendo disputa possessória sobre imóvel público, em 8 (50%) a
função social da propriedade teve mera função retórica, em 6 (37,5%) foi fundamento
legitimador e apenas em 2 (12,5%) foi fundamento autoaplicável.
Quando a disputa envolvia intervenções do Estado na propriedade privada,
notadamente servidões administrativas e desapropriações, a aplicabilidade foi ainda mais
baixa. Dos 11 casos, em 9 (82%) a função social da propriedade foi utilizada apenas como
função retórica. O uso como fundamento autoaplicável e fundamento legitimador ocorreu
apenas uma vez (6,25%) em cada categoria.
Na realidade, apenas nas ações petitórias e de usucapião a função social teve
grande aplicabilidade imediata. Desses 25 e cinco casos, o uso da função social da
propriedade como função retórica foi de 12 vezes (48%), como fundamento legitimador 3
vezes (12%) e como fundamento autoaplicável 11 vezes (44%).
47
2.2 – A aplicação imediata da função social da propriedade pelo TJMG

Ademais dos números, cabem também algumas observações qualitativas acerca


da aplicabilidade do entendimento do TJMG de que a função social da propriedade é norma
de aplicação imediata.
A primeira observação que se faz é acerca da possibilidade ou não do Tribunal
replicar esse entendimento em casos análogos, na medida em que em muitas das vezes em que
foi entendido que a função social da propriedade tem aplicação imediata, o caso concreto
apresentou muitas peculiaridades. Tantas peculiaridades que, na verdade, a impressão que se
passava era a de que o Tribunal estava realizando nada mais que um julgamento por
equidade87, no qual o cumprimento ou descumprimento da função social da propriedade
serviu apenas como rótulo para se proferir uma situação mais justa diante do caso concreto.
Na apelação cível n.º 1.0699.08.082305-6/00288, o Tribunal foi explícito89 nesse
sentido. Em outros, apesar de não indicar explicitamente, depreende-se do acórdão que esta
foi a técnica adotada. Nesse sentido, a apelação cível/reexame necessário n.º
1.0024.03.114883-6/001, na qual o Tribunal permitiu a usucapião de imóvel público, diante
das várias singularidades do caso.
Uma segunda observação que se pode fazer acerca da aplicação da função social
da propriedade como norma autoaplicável diz respeito às controvérsias em que os tribunais
superiores já analisaram a questão de direito posta.
Nessas hipóteses, fica o questionamento de se o Tribunal não estaria simplesmente
replicando o entendimento, por exemplo, do STJ quanto à possibilidade de se usucapir imóvel
cuja área seja inferior à do módulo, se descuidando contudo de aplicar a tese firmada em
87
Julgamento por equidade entendido, aqui, simplesmente, como o afastamento de alguma norma positivada,
pois sua aplicação levaria a uma situação de injustiça.
88
BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0699.08.082305-6/002. Apelante: José Moreira e outros. Apelado: Luiz
Fernando Santiago e outros. Relator: Desembargador Rogério Medeiros. Belo Horizonte/MG, 25 de fevereiro de
2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 13 de abril de 2010.
89
A redação do acórdão se utilizou, basicamente, da citação de excertos de obras e de jurisprudência. Acerca da
equidade, o relator, após citar um série de excertos, pronunciou:

Ante o exposto, descaracterizada a presença dos requisitos que autorizam a


reintegração da posse, REJEITO AS PRELIMINARES e DOU PROVIMENTO AO
RECURSO para reformar a r. sentença e julgar improcedente os pedidos. Sem
embargo do brilhantismo com que atua o ilustre Julgador "a quo", uma vez que a
conclusão deste Relator é de índole meramente interpretativa.
48
outros casos em que ela seria teoricamente cabível. Se assim for, estaria se prestigiando muito
mais uma pretensa segurança jurídica do que a aplicabilidade imediata da função social da
propriedade.
Essa hipótese ganha relativa força quando se leva em consideração o
entendimento exarado por ocasião do julgamento da apelação cível n.º 1.0106.15.004951-
3/00190, em que se discutiu a possibilidade de registro de contrato de compra e venda de
imóvel cuja área seja inferior à do módulo rural.
O Tribunal entendeu pela impossibilidade sem, contudo, verificar in casu se era
dada ou não função social ao imóvel. Conforme já exposto, o Tribunal, reiteradas vezes, nas
oportunidades em que analisou a possibilidade de se usucapir imóvel de área inferior à do
módulo, entendeu que normas de organização do solo não podem impedir a concretização de
diversos valores constitucionais, notadamente o da função social da propriedade.
Por fim, aponte-se que essas observações, contudo, são apenas hipóteses que se
podem levantar acerca da aplicabilidade dada pelo TJMG ao instituto da função social da
propriedade. Uma verificação de sua pertinência extrapolaria os limites desta monografia, que
se limitou a analisar o posicionamento do Tribunal a partir daquilo por ele exarado.
Ademais, observações acerca do entendimento do Tribunal acerca da
aplicabilidade da função social da propriedade nos casos de litígios possessórios e nos casos
envolvendo a Administração Pública também se fazem necessárias91, já que, conforme já
exposto, o Tribunal tem uma forte tendência em não dar aplicação direta à função social da
propriedade nos casos de conflitos possessórios e nos casos envolvendo a Administração
Pública. Nesses dois casos, inclusive, o posicionamento do Tribunal é bastante firme.
De se dizer, também, que as fundamentações jurídicas exaradas, ainda que não se
concorde com elas, parecem ser válidas, isto é, parecem interpretações jurídicas possíveis.
Entretanto, a análise dos julgados deixou a impressão de que a baixa aplicação da função
social da propriedade nos conflitos possessórios privados, ainda que embasadas

90
O caso pode ser analisado no relatório referente aos julgados do ano de 2016, item 03. Ali, se concluiu que não
há contradição entre as decisões do TJMG. Contudo, aqui se está a discutir a aplicabilidade da função social da
propriedade pelo TJMG.
91
Lembrando que nestas duas hipóteses a aplicabilidade imediata da função social da propriedade ficou bem
aquém da média.
49
juridicamente, diz muito respeito ao entendimento político que o Tribunal possui acerca do
papel do Judiciário na regularização fundiária e na reforma agrária.
Nesse sentido, ao entender que a regularização fundiária cabe ao executivo, por
procedimento próprio, o Tribunal afasta qualquer possível discussão acerca do cumprimento
ou descumprimento da função social da propriedade, afinal, já que não seria seu papel
proceder à distribuição de terras.
Diante disso, apesar das fundamentações jurídicas utilizadas para afastar a
discussão do cumprimento ou descumprimento da função social da propriedade, fica o
questionamento de se o Tribunal manteria essas linhas de entendimento caso desse um papel
diferente ao Judiciário na reforma agrária92.
Se se analisar a diversidade de entendimento que o Tribunal possui acerca da
aplicação da função social da propriedade nos conflitos possessórios envolvendo imóveis
públicos, a hipótese acima levantada ganha força.
Os argumentos utilizados pelo Tribunal para afastar a aplicação da função social
da propriedade nunca eram os de pacificação social, exercício arbitrário das próprias razões,
ofensa ao devido processo legal, ainda que teoricamente cabíveis a esses casos.
Na realidade, o afastamento da discussão sempre girou em torno da premissa de
que a invasão de imóvel público ofenderia ao interesse coletivo, até mesmo nos casos em que
o imóvel público estava desafetado.
Essa visão de que o interesse coletivo se confunde com a Administração Pública,
se esquecendo de que atender ao interesse coletivo é tão somente uma finalidade da
Administração, contudo, merece alguns breves comentários.
Admitir que todo e qualquer ato da Administração, por ser tomado por esta
mesma Administração, é de interesse público, é, no mínimo, temerário. Não se diz que
necessariamente a função social da propriedade deva ser critério de julgamento de conflitos
possessórios sobre bens públicos, mas sim de que a premissa de que Administração Pública se
confunde com o interesse coletivo não deveria ser adotada, na medida em que isso poderia
conferir à Administração uma legitimidade perigosa de atuação93.
92
Apenas uma impressão deixada pelo posicionamento do Tribunal. Uma discussão mais aprofundada, e
valorativa, é tema que foge ao propósito deste trabalho.
93
Aqui também é apenas uma impressão do posicionamento do Tribunal. Uma discussão mais aprofundada
fugiria ao objeto deste trabalho.
50
De toda forma, concluindo, pode se afirmar, de forma bastante sintética, que o
Tribunal, ainda que em casos específicos entenda que a função social da propriedade é norma
autoaplicável, certamente o posicionamento majoritário é a de que ela não tem aplicação
imediata.
51
2.2. A concretização do conceito de função social da propriedade pelo TJMG.

Acerca da aplicação do instituto, as principais correntes de entendimento já foram


trabalhadas, bem como já se fez sua compilação em números. Resta ainda analisar o que o
Tribunal entende por cumprir ou descumprir com a função social da propriedade, isto é, o
conteúdo mesmo desse princípio.
Conforme já exposto na Introdução, o princípio da função social da propriedade,
bem como seus critérios de aferição de cumprimento, para boa parte da doutrina, estão
envoltos por conceitos jurídicos mais ou menos indeterminados.
Essa também parece ser a forma pela qual o TJMG trata a questão. Nas vezes em
que o Tribunal se debruçou sobre a temática acerca do que seria dar cumprimento à função
social da propriedade, o trabalho foi no sentido de dar conteúdo à norma, ainda que
observadas algumas balizas.
No julgamento conjunto dos agravos de instrumento n.º 1.0079.13.017161-8/00394
e 1.0079.13.017161-8/00195 isso fica bastante claro. Veja-se.
Os agravantes, que tiveram seu pedido de tutela provisória negado em primeira
instância, alegaram que tinham demonstrado todos os requisitos necessários à reintegração
liminar. Os agravados, lado outro, alegaram que

o imóvel é mantido para fins especulativos, não cumprindo sua função social e se
encontrando em completo estado de abandono. Portanto, cumpre determinar se a
agravante exercia, até o esbulho, a posse sobre o imóvel, suficiente para merecer a
proteção possessória.

Diante disso, assim se pronunciou o TJMG:

Alegam os agravados que o imóvel em questão não está cumprindo sua função
social, que ensejaria a conclusão de que não exerce a posse sobre o imóvel.

Razão não assiste aos agravados. Primeiramente, é certo que a função social do
imóvel urbano se reveste de características peculiares relacionadas à sua localização
e grau de desenvolvimento, ocupação, entre outros, da região onde se encontra. Vale

94
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.13.017161-8/003. Agravante: Muschioni
Empreendimentos Ltda. Agravado: Andre Luiz Gomes e Silva e outro. Relator: Des. Amorim Siqueira. Belo
Horizonte, 11 de março de 2014. DJ: 17 de março de 2014.
95
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.13.017161-8/001. Agravante: Muschioni
Empreendimentos Ltda. Agravado: Andre Luiz Gomes e Silva e outro. Relator: Des. Amorim Siqueira. Belo
Horizonte, 11 de março de 2014. DJ: 17 de março de 2014.
52
dizer, o que se chama função social numa dada época pode ser diferente do que
constitui função social 20 anos após. No caso em tela, conforme acima explicitado,
concluo que o agravante vem dando ao terreno a destinação que lhe é possível, no
momento. Ressalte-se que a empresa é uma construtora, sendo certo que só pode
construir ou alienar o imóvel, o que vem sendo dificultado pelo interesse público no
local.
(destacado)

Como se vê, o TJMG reputou que a posse dos agravados dava sim cumprimento à
função social da propriedade. Para isso, levou em consideração todo o contexto em que o
imóvel estava inserido:

De fato, o município de Contagem expediu decreto expropriatório, tendo declarado


interesse no local para construção de uma bacia de retenção, motivo pelo qual ficou
a agravante impedida de edificar na área. Ressalte-se o Município comunicou a
revogação do Decreto que declarou a desapropriação e seu desinteresse no presente
feito(f. 408-TJ), sendo certo que o procedimento de desapropriação não foi levado a
cabo. Houve, por parte da agravante, a tentativa de alienação do imóvel, consoante
termo de opção de compra e venda ás f. 303-TJ e seguintes, que não se concretizou
devido à existência do decreto de desapropriação (f.312-TJ), estando demonstrado
que a agravante exerceu a posse do imóvel tanto quanto lhe era possível, não
havendo da sua parte desídia ou ausência de ação no exercício. Ressalte-se, ainda,
que a agravante vinha pagando impostos e exercendo atividades de preservação do
terreno, como construção de muro e casa para o vigia, contratação de vigia, e
pagamento de água e telefone para a manutenção da vigilância no local, como se
depreende dos documentos de f.69/113-TJ.

Considero, pois, suficientemente demonstrado nos autos que, diante da anterior


manifestação do interesse público pelo Município, ficou a agravante se não
impedida, pelo menos dificultada de dar destinação econômica ao imóvel, o que, a
meu ver, elide a alegação de que a agravante agiu como mera especuladora.
(destacado)

Isso se repetiu em outros julgados, ainda que de forma mais singela.

A rescisão do contrato e a reintegração na posse não violam o princípio da função


social da propriedade neste caso, por se tratar de financiamento rotativo, em que os
valores quitados retornam para um fundo, visando dar suporte financeiro à execução
de programas habitacionais criados pelo Estado, de modo a proporcionar o
financiamento de outro imóvel para novo contratante. Na verdade é a
implementação do direito à moradia para a população de baixa renda96.
(Apelação cível n.º 1.0456.04.024748-2/001)

Tal, entretanto, não quer dizer que o Tribunal não possua diretrizes para aferição
do cumprimento do instituto. Em verdade, pode-se afirmar que o Tribunal as tem de maneira

96
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.° 1.0456.04.024748-2/001. Apelante: Marilda Aparecida da Silva. Apelado:
COHAB/MG. Relator: Des. Renato Dresch. Belo Horizonte, 19 de novembro de 2015. DJ: 25 de novembro de
2015.
53
bem estabelecida, identificando na moradia e na produtividade, principalmente agropecuária,
indicadores bastante claros para declarar o cumprimento da função social da propriedade.

Mutatis mutandis, aplica-se a mesma ratio ao caso concreto: de vez que a área
usucapienda serve tanto à moradia quanto à subsistência do Autor, a vedação à
prescrição aquisitiva em razão da dimensão da propriedade iria de encontro a
diversos valores constitucionais, notadamente o da função social da propriedade97.
(Apelação cível n.° 1.0456.04.024748-2/001)

Verifica-se que a Apelada demonstrou o aproveitamento racional e adequado de sua


propriedade, através da criação de gado, f. 167, bem como da produção e
comercialização de sorgo, feijão, laranja, soja, lenha e milho, f. 88/155, nas terras
invadidas pelos Apelantes.

Corroborando tais provas, constata-se que o INCRA classificou o imóvel como


grande propriedade produtiva, nos triênios de 2000/2001/2002 e 2003/2004/2005,
conforme certificados de f. 168 e 92498.
(Apelação Cível 1.0024.05.824716-4/002)

Os Apelados lograram demonstrar que deram função social ao imóvel, construíram


casa e a utilizaram para moradia de sua família, de forma mansa, pacífica e
ininterrupta, pelo lapso de tempo necessário para a pretensão aquisitiva99.
(Apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/00)

Nas duas hipóteses, moradia e produtividade do imóvel, a justificativa dada pelo


Tribunal é a de que o imóvel ser produtivo ou servir de moradia é atender ao interesse
coletivo, finalidade a que deve se prestar a propriedade:

De se ponderar que a proteção jurídica do direito de propriedade considera não


somente os interesses particulares do proprietário original, mas também os da
coletividade, o que impõe reconhecer o direito daquele que durante mais de 25 anos
construiu, cuidou e utilizou o imóvel como instrumento de seu desenvolvimento e de
sua família, em detrimento de quem apenas invocou a titularidade do bem para si
após quase três décadas. Vale ressaltar que os Apelados demonstraram não possuir
nenhum outro imóvel100.
(Apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/001)

97
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0106.13.003997-2/001. Apelante: Antônio Correa Lopes. Relator: Des.
José Marcos Rodrigues Vieira. Belo Horizonte, 18 de maio de 2016. DJ: Belo Horizonte, 31 de maio de 2016
98
BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.05.824716-4/002. Apelante: Luciano Monteiro Santos e outros.
Apelada: Agroreservas Do Brasil Ltda. Relatora: Desembargadora Evangelina Castilho Duarte. Belo Horizonte/
MG, 25 de fevereiro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 30 de março de 2010.
99
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/001. Apelante: Rariane Merces Alves Nunes e outros.
Apelado: Adão Rosa e outros. Relator: Manoel dos Reis Morais. Belo Horizonte, 24 de março de 2015. DJ: Belo
Horizonte, 17 de abril de 2015
100
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/001. Apelante: Rariane Merces Alves Nunes e
outros. Apelado: Adão Rosa e outros. Relator: Des. Manoel dos Reis Moarais. Belo Horizonte, 24 de março de
2015. DJ: 17 de abril de 2015.
54
Essa ideia de função social da propriedade como um dever de condicionar a
propriedade à satisfação de um bem comum, a qual o TJMG adota, mesmo que muitas vezes
sem aprofundar ou explicitar o tema, encontra bastante amparo na doutrina:

Estabelecidas essas premissas, pode-se concluir pela necessidade de abandonar a


concepção romana da propriedade para compatibilizá-la com as finalidades sociais
da sociedade contemporânea, adotando-se, como preconiza André Piettre, uma
concepção finalista, a cuja luz se definam as funções sociais desse direito. No
mundo moderno, o direito individual sobre as coisas impõe deveres em proveito da
sociedade e até mesmo no interesse dos não proprietários101.

A propriedade, portanto, não seria mais aquela atribuição de poder tendencialmente


plena, cujos confins são definidos externamente, ou, de qualquer modo, em caráter
predominantemente negativo, de tal modo que, até uma certa demarcação, o
proprietário teria espaço livre para suas atividades e para a emanação de sua
senhoria sobre o bem. A determinação do conteúdo da propriedade, ao contrário,
dependerá de centros de interesses extraproprietários, os quais vão ser regulados no
âmbito da relação jurídica de propriedade102.

De se ter em conta, entretanto, que os julgados, em raríssimas vezes, se debruçou


aprofundadamente acerca do conteúdo da função social da propriedade. No geral, apenas
trouxe máximas de “direito à moradia”, “produtividade”, “interesse coletivo”, “evolução
histórica do direito de propriedade” e correlatas.
Nesse sentido, deixou a impressão de que a função social da propriedade seria tão
somente apenas uma expressão que remete a alguma ideia como que de justiça social, despida
de uma definição mais bem elaborada e juridicamente mais palpável. Orlando Gomes, ao
discorrer sobre a função social da propriedade, afirma que:

Apesar de imprecisão da expressão função social e, sobretudo, da dificuldade de


convertê-la num conceito jurídico, tornou-se corrente o seu uso na lei,
preferencialmente nas Constituições, sem univocidade, mas como expressiva carga
psicológica, recebida, sem precauções, pelos juristas em geral103.

Essa, contudo, é apenas uma impressão deixada pela análise dos julgados.
Finalizando, pode-se concluir que o TJMG, mesmo que observando certas balizas
e padrões, define o conteúdo da função social da propriedade casuisticamente, partindo da
ideia de que este instituto indica uma finalidade social que o direito de propriedade deve
atender.

101
GOMES, op. cit., p. 123.
102
TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. 3.ª ed. São Paulo: Renovar, 2004, p. 317
103
GOMES, op. cit., p. 121.
55
CONCLUSÃO

O presente trabalho, diante do fato de que boa parte dos imóveis em Minas Gerais
(e no Brasil) possuem alguma irregularidade, se propôs a analisar o entendimento do Tribunal
de Justiça de Minas Gerais acerca da função social da propriedade, limitador e condicionante
do direito de propriedade e, também, da posse.
A problemática está na premissa de que a função social da propriedade se insere
nos chamados conceitos jurídicos indeterminados, sendo seu cumprimento ou
descumprimento matéria bastante controvertida. Nesse sentido, em vez de se propor possíveis
sentidos e aplicações à função social da propriedade, buscou-se fazer uma análise acerca do
que o TJMG entende por cumprir com a função social da propriedade, bem como analisar de
que forma o TJMG aplica este instituto.
Com esse fim, foram compilados todos os julgados do Tribunal, no período de
2010 a 2018, acerca de conflitos envolvendo o direito de propriedade e o direito de possuir, de
maneira que fosse possível deduzir as principais linhas de entendimento do Tribunal acerca da
aplicabilidade da função social da propriedade, bem como acerca do conteúdo deste princípio.
Para tanto, num primeiro momento, classificou-se os julgados segundo a
utilização argumentativa da função social da propriedade para a decisão. Função retórica,
fundamento legitimador e fundamento autoaplicável. Em sequência, foi compilado o
entendimento do Tribunal segundo o tipo de ação: possessória ou dominial, conforme
disposto no sumário.
Diante dessas informações, tentou-se traçar as principais linhas de entendimento
do Tribunal acerca da aplicabilidade da função social da propriedade, bem como acerca do
conteúdo deste princípio.
Conforme exposto, a principal problemática do trabalho é relativa ao fato de a
função social da propriedade, bem como seus critérios de aferição, está permeada pelos
chamados conceitos jurídicos indeterminados.
Ao se proceder à análise dos julgados, contudo, percebeu-se que um problema
anterior à definição do conceito de função social da propriedade, o Tribunal esbarrava numa
56
outra questão: a da aplicabilidade do instituto nos casos envolvendo o direito de propriedade e
o direito de posse.
Nesse sentido, deu-se um foque maior no entendimento do Tribunal acerca da
aplicabilidade da função da propriedade.
Sem prejuízo, ainda que de maneira mais singela, buscou-se também traçar as
principais linhas de entendimento do Tribunal acerca do conteúdo mesmo da função social da
propriedade.
A principal conclusão acerca da aplicabilidade da função social da propriedade é,
conforme já exposto, a de que o Tribunal tem uma forte tendência em não dar aplicação
direta à função social da propriedade, principalmente nos casos de conflitos possessórios e
nos casos envolvendo a Administração Pública.
Durante a pesquisa, ademais, percebeu-se o reduzidíssimo número de ações que
envolviam algum instituto jurídico de regularização fundiária, tal qual a desapropriação
judicial (apenas 1 caso), a concessão de uso especial para fins de moradia (2 casos, conexos),
usucapião coletivas (nenhum caso), demarcação de terras (nenhum caso) dentre outros,
presentes sobretudo no Estatuto das Cidades. Em nenhum destes casos, ademais, foi a
Administração Pública, grande legitimada para levar a cabo essas medidas, a responsável pela
medida.
O fato é no mínimo curioso, na medida em que, como já demonstrado, o número
de irregularidades imobiliárias no Estado é altíssimo.
Ademais, fica o questionamento de se o entendimento do Tribunal acerca do papel
do Judiciário na regularização fundiária seria o mais adequado, diante dessa possível inércia
da Administração em utilizar os instrumentos legais à sua disposição para resolução deste
problema.
Contudo, parece também ser temerário utilizar a função social da propriedade
como argumento para a defesa de ocupações, as quais buscam a regularização fundiária e a
reforma agrária, na medida em que, como bem apontado pelo Tribunal, tal constitui exercício
arbitrário das próprias razões.
Fica, todavia, a questão acerca de qual seria o papel do Judiciário na resolução dos
conflitos fundiários brasileiros.
57
REFERENCIAS

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Desembargador Francisco Kupidlowski. Belo Horizonte/MG, 17 de junho de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 02 de julho de 2010.

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.122427-7/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Espólio de Durval Spada Vito e outros. Relatora:
Desembargadora Márcia de Paoli Balbino. Belo Horizonte/MG, 30 de setembro de 2010. DJ:
Belo Horizonte/MG, 14 de outubro de 2010.

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.157867-2/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Ilias Antônio de Oliveira e outros. Relatora:
Desembargadora Márcia de Paoli Balbino. Belo Horizonte/MG, 28 de outubro de 2010. DJ:
Belo Horizonte/MG, 24 de novembro de 2010.

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.° 1.0017.12.008710-5/002. Agravante: Associação


Rural do Assentamento Princesa do Vale. Agravado: Erica Gomes Figueiredo e outros.
Relator: Des. Manoel dos Reis Morais. Belo Horizonte, 05 de setembro de 2017. DJ: 15 de
setembro de 2017.

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.12.248205-2/001. Agravante: João Hilbert


Filho. Agravada: Lourdes Hilbert Cardoso. Relator: Rogério Medeiros. Belo Horizonte, 02 de
maio de 2013. DJ: Belo Horizonte, 10 de maio de 2013.

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento n.º 1.0079.13.071478-9/001. Agravante: Lacerda dos


Santos Amorim. Agravada: CEASA/MG – Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A.
Interessados: Moradores da Ocupação William Rosa. Relator: Luiz Carlos Gomes da Mata.
Belo Horizonte, 13 de março de 2014. DJ: 21 de março de 2014.
59
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0166.18.001060-4/001. Agravante: Município
de Cláudio. Agravado: Incorporação Imobiliária R.C.D. Ltda. Relator: Des. Bitencourt
Marcondes. Belo Horizonte, 06 de novembro de 2018. DJ: Belo Horizonte, 14 de novembro
de 2018.

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0433.14.024770-4/001. Agravante: Catopê


Empreendimentos Imobiliários Ltda. Agravado: Fabíola Dias de Oliveira. Relator: Des.
Antônio Bispo. Belo Horizonte, 19 de março de 2015. DJ: 27 de março de 2015.

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0461.10.000008-6/001. Agravante: Município


de Ouro Preto. Agravado Carlos Kuenerz & Cia Ltda. Relator: Des. Leite Praça. Rel. para o
acórdão: Peixoto Henriques. Belo Horizonte, 24 de maio de 2011. DJ: Belo Horizonte, 08 de
julho de 2011.

BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.05.824716-4/002. Apelante: Luciano Monteiro


Santos e outros. Apelada: Agroreservas Do Brasil Ltda. Relatora: Desembargadora
Evangelina Castilho Duarte. Belo Horizonte/MG, 25 de fevereiro de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 30 de março de 2010.

BRASIL. TJMG. Apelação cível 1.0024.08.237146-9/002. Apelante: Movimento Sem-Terra e


outros. Apelante adesivo: MPMG. Apelado: Edson Rodrigues da Silva. Relator: Des.
Alexandre Santiago. Belo Horizonte, 23 de março de 2014. DJ: Belo Horizonte, 31 de março
de 2014.

BRASIL. TJMG. Apelação cível 1.0024.09.566641-8/004. Apelante: Manoel Soares Freires


Jonas e outros. Apelado: José Luís Pereira dos Santos. Relator: Des. Wanderley Paiva. Belo
Horizonte, 30 de setembro de 2015. DJ: 05 de outubro de 2015.
60
BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0699.08.082305-6/002. Apelante: José Moreira e outros.
Apelado: Luiz Fernando Santiago e outros. Relator: Desembargador Rogério Medeiros. Belo
Horizonte/MG, 25 de fevereiro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 13 de abril de 2010.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0027.11.012082-4/003. Apelante: André Leonardo


Alves. Apelado: Município de Betim. Relator: Des. Judimar Biber. Belo Horizonte, 06 de
outubro de 2016. DJ: 08 de novembro de 2016.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0073.10.001866-9/001. Apelante: Lacir Costa da Silva.
Apelado: COHAB/MG. Relator: Des. Ana Paula Caixeta. Belo Horizonte, 11 de julho de
2013. DJ: Belo Horizonte, 16 de julho de 2013.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0079.12.019090-9/001. Apelante: Crecione Gomes dos
Santos e outros. Apelado: Município de Contagem. Relator: Des. Audebert Delage. Belo
Horizonte, 05 de setembro de 2017.DJ: 15 de setembro de 2017.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0079.12.044422-3/001. Apelante: Crecione Gomes dos
Santos e outros. Apelado: Município de Contagem. Relator: Des. Audebert Delage. Belo
Horizonte, 05 de setembro de 2017.DJ: 15 de setembro de 2017.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/001. Apelante: Rariane Merces


Alves Nunes e outros. Apelado: Adão Rosa e outros. Relator: Manoel dos Reis Morais. Belo
Horizonte, 24 de março de 2015. DJ: Belo Horizonte, 17 de abril de 2015.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0142.15.003316-5/002. Apelante: Valdino Pio da


Fonseca. Apelado: Ministério Público de Minas Gerais. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da
Mata. Data de julgamento: 23 de agosto de 2018. DJ: 31 de agosto de 2018.
61
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0153.11.002816-1/002. Apelante: Wilson Crepaldi
Júnior e outros. Apelado: Maria Aparecida de Oliveira Lacerda e outros. Relator: Des. Pedro
Aleixo. Belo Horizonte, 28 de janeiro de 2015. DJ: 05 de fevereiro de 2015.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0284.08.009185-3/005. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Braz Moreira da Silva. Relator: Des. Rogério Coutinho. Belo
Horizonte, 11 de março de 2015. DJ: 20 de março de 2015.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0303.15.000584-9/001. Apelante: Maria Márcia


Ramos. Apelado: José Divino de Almeida. Relator: Des. Mota e Silva. Belo Horizonte, 08 de
novembro de 2016. DJ: 16 de novembro de 2016.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0382.12.007849-0/001. Apelante: Júlio Cesar Castro.
Apelado: Antônio Pedro Filho e outros. Relator: Des. Mariza Porto. Belo Horizonte, 26 de
junho de 2014. DJ: 07 de julho de 2014.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0433.98.002228-2/005. Apelante: Petrobras


Distribuidora S/A. Apelados: ausentes, incertos e desconhecidos. Relator: Des. Alberto
Aluízio Pacheco de Andrade. Belo Horizonte, 25 de janeiro de 2011. DJ: 18 de fevereiro de
2011.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0456.04.024748-2/001. Apelante: Marilda Aparecida da


Silva. Apelada: Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais – COHAB/MG. Relator:
Des. Renato Dresch. Belo Horizonte, 19 de novembro de 2015. DJ: Belo Horizonte, 25 de
novembro de 2015.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.06.266588-1/001. 1.º Apelante: Município de


Uberlândia. 2.º Apelante: William Silva. Apelados: Município de Uberlândia e William Silva.
Relator: Des. Belizário de Lacerda. Belo Horizonte, 21 de janeiro de 2014. DJ: Belo
Horizonte, 24 de janeiro de 2014.
62

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.06.266588-1/001. Apelante: Município de


Uberlândia. 2.º Apelante: William Silva. Apelados: Município de Uberlândia e William Silva.
Relator: Des. Belizário de Lacerda. Belo Horizonte, 21 de janeiro de 2014. DJ: Belo
Horizonte, 24 de janeiro de 2014.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.08.437423-1/001. 1.º Apelante: Município de


Uberlândia. 2.º Apelante: Olímpio da Silva Santo e Maria do Socorro Soares. 3.º Apelante:
Luzia dos Santos Neri. Apelados: Município de Uberlândia, Olímpio da Silva Santo e outros.
Relator: Belizário de Lacerda. Belo Horizonte, 11 de junho de 2013. DJ: Belo Horizonte, 21
de junho de 2013.

BRASIL. TJMG. Apelação cível/Reexame necessário – 1.0024.03.114883-6/001. Apelante:


Estado de Minas Gerais. Apelada: Maria Pedro de Almeida. Relator: Des. Armando Freire.
Belo Horizonte, 28 de outubro de 2014. DJ: Belo Horizonte, 10 de novembro de 2014.

BRASIL. TJMG. Reexame necessário/apelação cível n.º 1.0024.83.104572-9/001. Remetente:


Juízo da 3.ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte. 1.º
Apelante: Márcio de Castro Marques. 2.º Apelante: Estado de Minas Gerais. Márcio de Castro
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ANEXOS: RELATÓRIOS DE PESQUISA104.

2010

1. Apelação Cível - 1.0245.99.004080-1/001 – Retórica

Ação de reintegração de posse. Todos os requisitos da ação possessória


preenchidos. Área ocupada completamente urbanizada. Reintegração não concedida em
virtude do instituto da acessão. FSP apenas citada:

Se não bastasse, não seria justo sacrificar as famílias que adquiriram os lotes da
Lotaço Imóveis Lançamentos Ltda., determinando a demolição de suas casas. Deve-
se prestigiar a função social da propriedade e utilização dada ao solo.

Determinou-se a indenização pelo terreno, na forma do art. 1.255 do CC/02.


FSP apenas mencionada.
Houve reforma.

2. Apelação cível/Reexame necessário -1.0024.83.104572-9/001 – Fundamento


autoaplicável

Ação de desapropriação. Construção de benfeitorias após a publicação do decreto


de desapropriação. Tais benfeitorias, contudo, deram função social ao terreno e, assim, são
indenizáveis. Veja-se:

No caso dos autos, entendo que os expropriados agiram em conformidade com o


citado princípio ao promover a edificação de benfeitorias nos imóveis em tela,
evitando, com isso, que as áreas ficassem sem qualquer utilidade ao longo desse
período de mais de trinta anos que sucedeu a edição do decreto expropriatório.

Destarte, seja pela boa-fé dos requeridos, seja pela observância da função social da
propriedade, não há admitir que a letra fria da lei impeça os expropriados de
haverem, a guisa de indenização, a importância que investiram na área objeto da
declaração de utilidade pública.

FSP utilizada diretamente para afastar a norma e, assim, determinar a indenização.

104
A expressão “função social da propriedade” foi reduzida, nos anexos, à “FSP”.
66
3. Apelação Cível - 1.0024.05.824716-4/002 – Fundamento autoaplicável

Ação possessória. Alegação de descumprimento da função social da propriedade.


TJMG entendeu pelo contrário. Verificado o cumprimento da FSP, concedeu a reintegração.
FSP, assim, como requisito para proteção possessório e, assim, norma autoaplicável.

Desta forma, ponderando a existência de prova cabal do cumprimento da função


social nos âmbitos social, trabalhista, econômico e ambiental (observância à reserva
legal e à área de preservação permanente), a extensão pouco significativa do
impacto ambiental causado pelas infrações acima explicitadas e a ausência
infundada de manifestação do órgão público por mais de seis anos, considera-se no
mínimo razoável a manutenção da r. decisão combatida.

Nesse ponto, houve discordância da turma.


É verdade que a preocupação da proteção ambiental tem, cada vez mais, ensejado
várias medidas, mas essas devem ser adotadas pelos órgãos públicos competentes,
não se podendo justificar o esbulho praticado com base neste fato

4. Apelação Cível - 1.0390.03.004234-0/003 – Fundamento autoaplicável

Trata-se de ação ordinária para a aquisição de bem imóvel. Pretendem os autores a


aquisição do imóvel por meio da acessão. Aplicação do CC/16, no qual tal meio aquisitivo
não era previsto. FSP usada para, ainda assim, permitir a acessão.

Contudo, mesmo durante a vigência do Código Bevilaqua, a doutrina e


jurisprudência, dando uma maior amplitude ao instituto da acessão, apontava no
sentido de que, sendo o valor da construção ou plantação muito superior ao próprio
valor do terreno, caberia a quem edificou ou plantou em imóvel alheio indenizar o
proprietário do terreno. Tal entendimento surgiu como de forma a salvaguardar o
princípio constitucional da função social da propriedade, evitando a ocorrência de
situações injustas, em que o possuidor de boa-fé era destituído da construção ou
plantação por ele realizada, ainda que a terra nua possuísse valor significativamente
inferior à própria edificação ou plantação

FSP usada para permitir uso não previsto, à época, de forma de aquisição de
propriedade.

5. Agravo de Instrumento - 1.0024.10.157861-5/001 – Retórica


67
Ação possessória. TJMG deixou a entender que o cumprimento da FSP não é
requisito para concessão da reintegração. FSP, assim, sem qualquer utilidade argumentativa
no voto.
O deferimento da liminar está condicionado à petição inicial suficientemente
instruída, ou seja, incumbe ao autor alegar e demonstrar o esbulho praticado, a perda
da posse e a data do fato (art. 927, CPC).

Acerca da FSP, o TJMG aduziu apenas que:

Portanto, agiu bem o juiz, verificando tratar-se de imóvel produtivo, que atende a
sua função social pelo efetivo exercício da posse, qualificada pela criação de
centenas de animais (f. 51-TJ), pela observância das disposições que regulam as
relações de trabalho (f. 57/58-TJ) e pela exploração adequada e racional (f. 58-TJ)
(art. 186, CR), ao albergar a liminar de reintegração de posse, nos moldes em que
requerida e prontamente deferida.

6. Agravo de Instrumento – 1.0024.10.122427-7/001, Agravo de Instrumento –


1.0024.10.175959-5/001, Agravo de Instrumento – 1.0024.10.157867-2/001, Apelação
Cível – 1.0024.08.243516-5/003, Apelação Cível – 1.0024.06.987003-8/003, Agravo de
Instrumento – 1.0024.09.505096-9/001, Apelação Cível – 1.0024.06.046178-7/001,
Apelação Cível - 1.0024.06.271829-1/002 e Agravo de Instrumento – 1.0024.10.010786-
1/001 – Fundamento Legitimador

Em todos esses julgados, tratou o TJMG de julgar ações possessórias ou pedidos


liminares em ações possessórias. Em todos eles, decidiu por afastar a FSP da discussão, em
vista de não ser ela requisito elencado pelo CPC/73 para concessão da proteção possessória.
Apontou, contudo, quando e por quem pode ser ela aplicada: ações de desapropriação, por
parte do Poder Público. Entender de outro modo, ainda de acordo com o TJMG nesses
julgados, seria legitimar “verdadeira desapropriação para fins de reforma agrária, mediante o
uso de sua própria força e de suas próprias razões”. Excertos:
Agravo de Instrumento n.º 1.0024.10.122427-7/001:

Embora seja inegável importância da função social da propriedade e da posse na


ordem jurídica atual, contando inclusive com proteção constitucional a relativizar o
direito de propriedade, a lei jamais exigiu a comprovação de seu cumprimento para
fins de proteção possessória.
68
Examinando os autos, vislumbra-se o nítido propósito do grupo réu de levar a efeito
verdadeira desapropriação para fins de reforma agrária, mediante o uso de sua
própria força e de suas próprias razões.

Agravo de Instrumento – 1.0024.10.157867-2/001

Ocorre que o referido instituto de desapropriação possui procedimento legal próprio,


que inclui a declaração de utilidade pública do imóvel, precedida de vários estudos e
análises apuradas sobre o cumprimento de sua função social, para só então, se for o
caso, ser levado a efeito.

Assim, a princípio, impor ao possuidor a comprovação do cumprimento da função


social para fins de proteção possessória seria legitimar a ação arbitrária do referido
grupo, a qual deve ser prontamente rechaçada pelo Judiciário, sob pena de se ferir o
Estado de Direito e instaurar a desordem, a prevalência da força e o retrocesso.

Apelação Cível – 1.0024.08.243516-5/003:

Observa-se assim, que o ordenamento jurídico cuidou de dar efetividade à


necessidade de cumprimento da função social da propriedade, autorizando inclusive
a intervenção estatal e impondo graves sanções ao proprietário que deixa de cumpri-
lá.

Necessário ressaltar que, se por um lado, há o princípio da função social da


propriedade, de outro há o princípio da inviolabilidade da propriedade. Não há entre
eles qualquer conflito, pois, como dito, o Estado pode e deve dar cumprimento à
função social, o que não leva, por si só, à violação da propriedade. Esta ocorre
quando o proprietário é esbulhado por particulares, não legitimados para dar
cumprimento ao comando constitucional.

Em suma, o descumprimento da função social da propriedade não pode ser utilizado


como permissivo para que um grupo de pessoas proceda ao exercício arbitrário das
próprias razões. A autotutela, primitiva forma de solução de conflitos, largamente
encontrada na história da humanidade, é hoje repudiada pela sociedade, mormente
quando há outros meios constitucionalmente consagrados para fazer valer o
princípio da função social da propriedade.

Apelação Cível – 1.0024.06.271829-1/002:

Em que pese a questão ter cunho relevante na sociedade, não há como manter a
posse dos apelados com base no aspecto Constitucional da função social da
propriedade.

Inúmeros são os julgados dos Tribunais Superiores, inclusive do STF, a respeito da


impossibilidade de se declarar a função social da propriedade quando há invasão de
movimentos sociais em fazendas, ainda que improdutivas, quando não iniciado o
procedimento de desapropriação, pela expressa violação ao Estado Democrático de
Direito.

Vale dizer, a manutenção da posse de invasores sob o manto da função social pela
improdutividade da área rural teria o condão de proteger não só a posse dos
invasores, mas resguardá-los no terreno para um futuro ato expropriatório, fato que
69
provocaria o referendo do Poder Judiciário para realização da justiça pelas próprias
mãos, medida vedada pela Constituição da República. […]

O acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e


adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis e
a preservação do meio ambiente constituem, inegavelmente, elementos de realização
da função social da propriedade. A desapropriação, nesse contexto - enquanto sanção
constitucional imponível ao descumprimento da função social da propriedade
(segundo Jose Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, 10 ed.,
Malheiros, pag 272), - reflete importante instrumento destinado a dar conseqüência
aos compromissos assumidos pelo Estado na ordem econômica e social.

Entretanto, não se pode ignorar que a Constituição da República, após estender, ao


proprietário, a garantia de sua proteção (art. 5º, XXII), proclama, em cláusula
explícita, que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal" (art. 5º, LIV).

O exercício arbitrário das próprias razões, portanto, mesmo quando praticado para
satisfazer pretensão eventualmente legítima, encontra repulsa no ordenamento
jurídico, especialmente quando os atos que ofendem direitos de terceiros configuram
medidas caracterizadoras de violação possessória.

Etc.

7. Agravo de Instrumento – 1.0024.09.660655-3/001 – Fundamento legitimador

Ação Possessória. Alegação de descumprimento da FSP. TJMG entendeu que o


imóvel, ao revés, cumpria sim com a FSP. Ademais, entendeu que perda da posse não poderia
ser usada como punição pela infração de eventual ilícito ambiental. Considerações acerca do
conteúdo da FSP.
Verifica-se nos autos que há prova suficiente do alto grau de produtividade na
fazenda de propriedade do agravado, fato este que comprova que a sua posse é
exercida de modo efetivo, nada tendo sido demonstrado, por outro lado, que
desabone a relação trabalhista existente entre os funcionários da referida fazenda e o
agravado.

Portanto, ao reverso do que sustenta o Parquet, o fato, por si só, do agravado não
possuir licença ambiental para exploração das atividades de plantio e corte de
eucalipto em área de reserva legal, não pode induzir à conclusão de que não vem ele
exercendo a posse em respeito a função social da propriedade invadida, ou de que
vem agindo em detrimento do interesse coletivo.

O que na verdade pretende o Ministério Público acobertando uma invasão


injustificada por movimentos espúrios patrocinados com recursos públicos
encabeçados por deletérios é uma punição para o proprietário do imóvel sustentando
a ausência de averbação de reserva legal do imóvel, tendo o próprio autor
confessado na inicial que realiza exploração de atividades de plantio e corte de
70
eucalipto numa área de setenta e oito hectares sem qualquer autorização dos órgãos
ambientais

8. Agravo de Instrumento – 1.0024.08.959087-1/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para concessão da proteção possessória. É


requisito das ações petitórias, bem como dos processos de desapropriação.

Na ação possessória, instrumento de tutela da posse, não se cogita de domínio, cuja


função social é requisito de ação petitória. […]

Tanto assim que o descumprimento da função social sujeita o imóvel rural à


desapropriação, para fins de reforma agrária (CF, art. 184). […]

E, ressaltando, eventual inobservância do princípio da função social da propriedade


pelos detentores do domínio, deverá ser discutido em seara própria, diferente desta
delimitada pelo instituto da proteção possessória.

09. Apelação Cível – 1.0069.06.017304-9/001 – Fundamento autoaplicável

Ação possessória. Posse do autor não comprovada. TJMG entendeu, ainda, que
apenas a possa exercida nos limites da FSP é protegida.
Ressalte-se que a posse tutelada pelo Estado Democrático de Direito é aquela
exercida nos limites da função social da propriedade, conforme dispõe a norma
contida no art 5º, XXIII da Constituição da República de 1988.

10. Apelação Cível - 1.0699.08.082305-6/002 – Fundamento autoaplicável

Ação possessória. O cumprimento da FSP descaracterizou eventual esbulho.


“Posse longa, contínua, mansa e pacífica”. FSP deve ser parâmetro hermenêutico de cada caso
concreto. Por isso, o julgamento por equidade.

Não há dúvida quanto a serem os autores legítimos proprietários da área litigiosa.


Contudo, estamos em juízo possessório e aqui cabe analisar se há esbulho
caracterizador de posse injusta dos réus.

Trechos da prova oral colhida, acima transcritos, estão a indicar posse longa,
contínua, mansa e pacífica dos apelantes, que remonta a seus ancestrais. Ali residem
com suas famílias e laboram, como pequenos agricultores, em prol do sustento de
todos. Não há falar-se, dessarte, em posse injusta.

Deveras, o artigo 5º da Constituição Federal de 1988 consagra a garantia ao direito


de propriedade, mas ressalva a sua destinação social:
71
"(...) XXII - é garantido o direito de propriedade;

"XXIII - a propriedade atenderá à sua função social; (…)"

Dessarte, o direito de propriedade, em cada caso concreto, deve ser analisado à luz
do princípio constitucional da sua função social.

11. Apelação Cível – 1.0628.08.012725-9/001 – Retórica

Ação possessória. Antena de telecomunicação em terreno particular com base em


comodato. Possibilidade de alocação da antena em outro locar. Reintegração concedida. FSP e
supremacia do interesse público não prejudicados. Não houve nenhum aprofundamento e,
ademais, o TJMG não cuidou de distinguir se a FSP se confunde com a supremacia do
interesse público, se são institutos diversos ou se um abarca o outro.

Igualmente, não merece guarida as alegações da ré/apelante adesiva acerca de que o


local no qual se encontra instalada a torre e demais equipamentos se mostra como
único adequado para a prestação do serviço de telefonia na localidade, ressaltando o
caráter da função social da propriedade e da supremacia do interesse público sobre o
privado, porquanto além de estar a supremacia do interesse público sobre o privado
e a função social da propriedade sendo mitigada e aplicada com maior cuidado pelo
direito contemporâneo, fato é que no caso em análise a possível reintegração de
posse pretendida pelo autor/apelado adesivo, com a retirada da ré/apelante adesiva
da sua propriedade, não pode ser entendida, por si só, como prejuízo à prestação do
serviço público de telefonia, já que esta poderá muito bem instalar os seus
equipamentos em outra localidade e executar tal prestação ou negociar a sua
permanência no mesmo local com o proprietário do imóvel, não podendo de forma
alguma ser este último constrangido a suportar o seu abuso de direito em prol de tal
pretenso interesse público.

12. Agravo de Instrumento – 1.0023.10.000151-2/001, Agravo de Instrumento –


1.0554.10.000074-0/001 e Agravo de Instrumento – 1.0023.10.000149-6/001 – Retórica

Ações de instituição de servidão administrativa. Houve apenas a análise de se


cumpridos os requisitos para tutela antecipada. FSP consta apenas da ementa, nos
seguintes termos: “A constituição de servidão administrativa é uma das modalidades
de limitação da propriedade privada, com base na função social da propriedade e da
supremacia do interesse público sobre o privado”.

Não houve distinções entre a FSP e a supremacia do interesse público.

13. Agravo de Instrumento – 1.0024.10.085263-1/001 e Agravo de Instrumento –


1.0024.09.729583-6/001 – Retórica
72

Ações possessórias. O TJMG entendeu apenas que a FSP não é requisito para
deferimento da proteção, sem tecer qualquer outra consideração.

Dúvida não há de que a propriedade rural, à luz do que preceitua a nossa


Constituição da República de 1988, deve cumprir sua função social, princípio agora
consagrado textualmente no Código Civil.

Sucede que, no caso sob exame, o raciocínio percorrido pelo Relator deverá passar
pela exegese dos requisitos autorizadores da reintegração de posse, consoante o
disposto no artigo 927 do Código de Processo Civil. Neste momento, salutar
registrar, cabe ao Judiciário decidir apenas e tão somente a existência da posse e sua
turbação.

Isso porque a lei jamais exigiu a comprovação de seu cumprimento para fins de
proteção possessória.

14. Agravo de Instrumento – 1.0388.09.023693-5/001 – Retórica


Ação de desapropriação por necessidade ou utilidade pública. Discutiu-se apenas
o valor da indenização provisória.
Houve reforma.
73
2011

1. Agravo de Instrumento -1.0024.10.170706-5/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para concessão da proteção possessória,


mas sim, para as ações de desapropriação, em que se discute o direito de propriedade:

Ou seja, o eventual descumprimento da função social possui o condão de acarretar


apenas a perda da propriedade, a ser apurada mediante procedimento de
desapropriação por interesse público (art. 5º, XXIV e art. 184 da CR).

Portanto, a perquirição quanto ao cumprimento ou não da função social da


propriedade consiste em tema atinente exclusivamente ao direito de propriedade.

Não houve reforma.

3. Apelação Cível – 1.0024.02.736148-4/004 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito das ações possessórias e nem legitima a
autotutela. FSP deve ser averiguada na ação de desapropriação.
Houve reforma.

4. Apelações Cíveis – 1.0021.10.000229-0/001 e 1.0021.10.000233-2/001 – Retórica

Ação possessória. Imóvel destinado a programa de habitação. Presentes os


requisitos para concessão da proteção possessória, esta foi negada. O fundamento, contudo,
não foi a FSP, mas sim a utilidade do provimento jurisdicional, em vista de que a ré estava
inscrita no programa. Houve divergência de entendimento, mas o cumprimento ou não da FSP
não foi discutido. Divergência ocorrida em razão do questionamento de se outras famílias do
programa não estariam sendo prejudicadas.
Não houve reforma.

5. Agravo de Instrumento – 1.0461.10.000008-6/001 – Fundamento legitimador


74
Ação de Desapropriação. Pedido liminar de imissão na posse. TJMG entendeu que
presentes os requisitos para tanto. Ademais, num dos votos, para afastar a alegação do
proprietário de que a liquidação da indenização poderia acarretar irremediável lesão,
consignou-se:
Se há muito os expropriados não dão ao imóvel a função social que é dele
constitucionalmente exigida (arts. 182, § 2º, e 186, CF/88), injustificável retardar
sua entrega a quem quer fazê-lo.

Descumprimento da FSP usado, assim, para legitimar a imissão na posse desde


logo pelo Poder Público.
Houve reforma da sentença, sem prejuízo de divergimento entre os
desembargadores.

6. Apelação Cível – 1.0021.10.000230-8/001 – Fundamento legitimador

Ação Possessória. Alegação de descumprimento da FSP. Imóvel litigioso fazia


parte de programa de habitação em que inscrita a parte. Ainda assim, TJMG entendeu que a
FSP não legitima a autotutela.

Admitir, pois, que os cidadãos, munícipes de Alto Rio Doce, possam ocupar
propriedades, alegando o princípio da dignidade humana ou a função social da
propriedade (que não devem ser levados em consideração em sede possessória), é
voltar aos tempos primitivos, do tempo da autotutela, da justiça pelas próprias mãos,
o que deve ser limitado pelo Poder Judiciário, sob pena de se permitir o caos,
permitindo-se, aqui, fazer um paralelo com a situação dos integrantes do Movimento
dos Sem Terra.

Enfim, considero que somente em sede de ação de desapropriação, prevista


constitucionalmente, deve ser discutido se a propriedade está ou não cumprindo sua
função social, respeitando-se o princípio da dignidade humana, não sendo dado na
presente lide, perquirir a referida matéria, porquanto no Estado Democrático de
Direito, todos, inclusive as pessoas jurídicas de direito público, devem obediência à
lei.

Importa salientar que o programa de habitação é o mesmo citado no item 4,


contudo, aqui o TJMG deferiu o pedido possessório.
Houve reforma.

7. Agravo de Instrumento – 1.0024.10.165384-8/001 – Fundamento legitimador


75

Ação possessória. FSP não é requisito para concessão da proteção possessória. É


requisito dos processos de desapropriação, de titularidade exclusiva da União.

Ora, o cumprimento ou não da função social da propriedade rural é determinante


apenas aos fins de desapropriação para reforma agrária, devendo ser discutida na
fase declaratória do procedimento desapropriatório, capitaneado exclusivamente
pela União (artigo 184 da CR/88).

Não houve reforma.

08. Agravo de Instrumento – 1.0024.11.100813-2/001 – Retórica

Ação possessória. FSP não é requisito das ações possessórias. A liminar, contudo,
não foi concedida, já que a parte autora não demonstrou a posse, nesse primeiro momento.
Não houve reforma.

09. Apelação Cível – 1.0021.10.000234-0/001 – Retórica

Ação de desapropriação por necessidade ou utilidade pública. O TJMG entendeu


que, diante do fato de vulnerabilidade da ocupante do imóvel, não deveria ser concedida tutela
possessória, mesmo que presentes os fundamentos. FSP apenas mencionada, sem qualquer
função argumentativa.
Não houve reforma.

10. Apelação Cível – 1.0433.98.002228-2/005 – Fundamento autoaplicável

Ação reivindicatória. Usucapião alegada em matéria de defesa. Usucapião


coletiva. Autor descumpriu a FSP ao não utilizá-la por grande lapso de tempo. Nesse sentido,
a usucapião é uma sanção ao proprietário.

É evidente que o referido princípio [função social da propriedade] não permite a


supressão da instituição da propriedade privada, mas é certo que autoriza a
imposição de sanções caso não seja respeitada a função social da propriedade.
76
[…]

Sendo assim, é justo que os Apelados, usuários do imóvel por período mais que
considerável, sejam elevados à condição de proprietários e que a Apelante perca seu
patrimônio em prol dos primeiros, já que não foi diligente no sentido de atender as
determinações constitucionais acerca de tal direito.

FSP vista sob perspectiva negativa, isto é, a partir de seu descumprimento, no


caso: ociosidade do imóvel em relação ao seu proprietário.
Não houve reforma.

11. Apelação Cível – 1.0518.05.077871-2/001 – Fundamento legitimador

Ação de usucapião. Juízo de primeiro gau entendeu que o lote ser menor que o
mínimo legal ofendia à FSP. Tribunal entendeu que FSP não é requisito da usucapião:

Ao depois porque a usucapião ordinária é modo originário de aquisição da


propriedade no qual não se tem a função social, que se revela dentre outras
circunstâncias pela vinculação as leis de uso e ocupação do solo, como requisito
para a sua caracterização.

Não bastasse, entendeu também que, no caso, não havia descumprimento da FSP,
na medida em que o direito à moradia (conteúdo possível da FSP) prepondera sobre
irregularidades urbanísticas (sendo que a “vinculação as leis de uso e ocupação do solo” são
também conteúdo possível da FSP).

Neste tempo, não há falar que por essa razão não estaria a propriedade cumprindo a
sua função social, uma vez que em juízo de ponderação de valores, mais vale
garantir o direito de propriedade e, por via transversa, consolidar o direito
constitucional de moradia - art. 6ª “caput”, a fazer cumprir “ipsis litteris” a
legislação urbanística. Mesmo porque, o direito que ora entendo preponderar
consagra, ainda, o princípio da dignidade da pessoa humana.

Houve reforma.

12. Apelação Cível – 1.0245.07.126572-3/001 – Fundamento legitimador

Para as hipóteses de usucapião ocorrida em razão de “posse trabalho”, aplica-se a


regra de transição do Código Civil de 2002. Tal porque foi do interesse do legislador facilitar
77
tal modalidade de usucapião em razão da FSP. Assim, FSP entendida como trabalho e
moradia.

Sintetizando a lição do conspícuo Ministro, temos que, se tratando de usucapião


qualificado pela 'posse-trabalho', ou seja, aquele previsto pelo artigo 1.238, § único
do Código Civil, torna-se evidente que a regra transitória a ser observada é a do
artigo 2.029, pois esta deve ser considerada 'qualquer que seja o tempo transcorrido'
na vigência da Lei antiga, donde se arreda a aplicação do disposto no artigo 2.028,
que exige, ao contrário, a verificação de quanto do tempo se consumou ainda na
vigência do antigo Código.

Isso se justifica diante do interesse do legislador em positivar, em nível baixo-


constitucional, comando conformador da função social da propriedade, atribuindo
conseqüências jurídicas distintas à posse qualificada pelo trabalho e pela moradia.

Houve reforma.
13. Agravo de Instrumento – 1.0079.10.027369-1/001 – Retórica

Usucapião. No caso de pobreza legal, o juiz deve permitir a nomeação de perito


para produção de memorial descritivo de imóvel. FSP sem qualquer utilidade argumentativa.
Houve reforma.
78
2012

1. Apelação cível – 1.0024.09.726908-8/001 – Fundamento legitimador.

Ação possessória. Eventual descumprimento da FSP deve ser averiguado em


ação de desapropriação, a qual pode ser movida exclusivamente pela União. Não houve
reforma.

2. Agravo de instrumento – 1.0024.12.108829-8/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Não se discute em ações possessórias “o domínio ou os


limites da propriedade. Assim, eventual descumprimento da FSP deve ser averiguado em ação
de desapropriação. Vedação à autotutela. Não houve reforma.

3. Agravo de instrumento – 1.0024.12.108829-8/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Não se discute em ações possessórias “o domínio ou os limites


da propriedade. Assim, eventual descumprimento da FSP deve ser averiguado em ação de
desapropriação. Vedação à autotutela. Não houve reforma.

4. Agravo de instrumento – 1.0024.12.108829-8/004 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Não se discute em ações possessórias “o domínio ou os limites


da propriedade. Assim, eventual descumprimento da FSP deve ser averiguado em ação de
desapropriação. Vedação à autotutela. Não houve reforma.

5. Apelação cível – 1.0024.05.812601-2/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Não se discute em ações possessórias eventual descumprimento


da FSP. Tal deve ocorrer em ação de desapropriação, movida pela União. Vedação à autotutela
79
e garantia ao devido processo legal para eventual privação de bens. Contudo, o TJMG fez
considerações para afastar a tese de que a propriedade seria improdutiva:

Lado outro, hei por bem refutar, de maneira categórica, a alegação feita pelos réus,
ora apelantes, qual seja, de que o imóvel objeto da presente lide seria improdutivo
(fls. 526), eis que "há documentos apresentados às fls. 22/224 dando conta da
vacinação do gado, só e acanhadamente, posteriores ao dever processual de provas,
genéricos, que não se sabem a qual imóvel se referem, como apontados pelos
apelantes, em contestação (fl. 442)", bastando a mera remissão a tal prova para se
constatar que nela está inserida a logomarca Instituto Mineiro de Agropecuária
(IMA), tendo sido tal documento firmado antes da invasão ocorrida no local,
expedido em nome de um dos co-autores, ora apelantes, além de indicar que o
rebanho então vacinado se encontrava presente na Fazenda Lavrado, de posse e
propriedade dos ora recorrido

Não houve reforma.

6. Apelação cível – 1.0024.08.196282-1/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Não se discute em ações possessórias eventual descumprimento


da FSP. Tal deve ocorrer em ação de desapropriação, movida pela União. Vedação à autotutela
e garantia ao devido processo legal para eventual privação de bens.

8. Apelação cível – 1.0023.12.000393-6/001 – Retórica

Ação de usucapião. Usucapião na modalidade extraordinária. Tratou-se de analisar


a possibilidade de usucapir fração ideal de condomínio. FSP apenas citada.
Houve reforma.

9. Apelação Cível – 1.0132.08.011112-4/001 – Retórica

Ação de usucapião. Tratou-se apenas de discutir se presentes ou não os elementos


da usucapião especial rural, ou se possível a análise de outra modalidade de usucapião que
não a requerida pelo autor (aplicabilidade do princípio da fungibilidade). FSP apenas
mencionada. Houve reforma.
10. Apelação cível – 1.0145.07.402445-9/001 – Retórica
80

Ação de usucapião. Usucapião “tabular”. Possibilidade de equiparar cancelamento


com bloqueio de matrícula. FSP apenas mencionada.
Houve reforma.

11. Agravo de instrumento – 1.0024.11.193012-9/001 – Retórica

Ação para inclusão em programa de habitação. Discutiu-se a possibilidade de


fraude, isto é, de duplo beneficiamento de terceiro por meio da apelante. FSP apenas
mencionada.
Não houve reforma.

12. Agravo de instrumento – 1.0693.11.009155-2/001 – Retórica

Ação de desapropriação. Tratou-se apenas de se discutir se o valor da indenização


prévia e se deveria ser ela precedida de avaliação judicial. FSP apenas mencionada.
Não houve reforma.
81
2013

1. Apelação cível – 1.0024.09.476626-8/002 – Fundamento autoaplicável.

Ação possessória. A FSP deve ser considerada nas ações possessórias. No caso,
a propriedade era produtiva de acordo com decisão do INCRA. Reforma da sentença apenas
no que toca às astreintes.
Ao contrário de outras decisões do TJMG, a FSP deve sim ser considerada nas
ações possessórias. Ocupações, contudo, não são meios legítimos de pressão política para
declaração de improdutividade. No caso em questão, inclusive, o imóvel já havia sido
declarado produtivo pelo INCRA. Veja-se os seguintes excertos:

O certo é que, a prova dos autos aponta no sentido de que, a propriedade objeto
desta ação possessória foi declarada produtiva pelo INCRA. Logo, não é suscetível
de desapropriação para fins de reforma agrária.

Diante de tal cenário, não vejo pertinência na discussão sobre o papel do Poder
Judiciário na efetivação do princípio constitucional da função social da propriedade,
como se fosse de seu ofício judicante, a solução dos conflitos agrários pela ótica dos
movimentos sociais. Ao contrário, entendo que, a sua posição deve ser neutra,
isenta, de forma que a entrega da Justiça não se faça em função de posições políticas
ou ideológicas.

É evidente que, a função social da propriedade deve ser levada a trilho na


solução dos conflitos agrários, onde o conceito de posse não deve ficar limitado à
simples disponibilidade de uso do imóvel. O exercício de posse como simples
decorrência do domínio não é admitida nem mesmo no âmbito dos conflitos
possessórios despidos de cunho social.

Entretanto, o conflito agrário instaurado ao arrepio da legislação, que dispõe sobre


os mecanismos de desapropriação para fins de reforma agrária tende a um impasse,
não havendo justificativa para que o Poder Judiciário o mantenha como forma de
pressão política. Diante da manifestação do Supremo Tribunal Federal a propósito
da constitucionalidade da Medida Provisória 2.183-56/2001 (ADI/MC 2213-DF), as
agressões ao direito de propriedade, com a finalidade de forçar a declaração
administrativa de improdutividade, não pode ser tolerada, como se extrai da
contundente decisão do Ministro Celso de Melo, no seguinte trecho:

Assim, entendo que a sentença está correta no deferimento da reintegração de posse,


provada que ficou a invasão de uma propriedade produtiva.
(grifou-se)

Invasões não são meios legítimos de pressão para ações expropriatórias, contudo,
a FSP é critério de julgamento sim nas ações possessórias.
82
Houve reforma apenas quanto às astreintes.

2. Apelação cível – 1.0549.11.002837-6/001 – Fundamento autoaplicável

Ação em que se pretendeu registrar imóvel com menos de 125m² de área. A


sentença julgou improcedente o pedido, em vista do art. 4.º da Lei n. 6.766/79, que assim
dispõe:

Art. 4.º Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: (…)
II - os lotes terão área mínima de 125m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e
frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando o loteamento se destinar a
urbanização específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social,
previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes;

O TJMG em sede de apelação, contudo, entendeu que em vista de o imóvel estar


atendendo à FSP, identificada com a moradia, sua aplicação deveria ser afastada. A FSP,
assim, teve aplicação direta:
Ora, o direito de propriedade é protegido constitucionalmente, conforme art. 5º,
XXII, da Constituição Federal e não obstante o teor do art. 4º, inciso II, da Lei nº
6.766/79, que estabelece área mínima para lotes urbanos, poderá ser autorizada a
existência de lotes inferiores a 125 m2 e frente menor a 5 m2 quando houve
interesse social.

A necessidade de se cumprir a função social da propriedade é que garante ao ser


humano o mínimo existencial e a melhor qualidade de vida.

Salienta-se que todo ordenamento jurídico deve ser balizado pelo princípio da
dignidade da pessoa humana, a qual tem posição de destaque na Constituição
Federal como fundamento da República Federativa do Brasil enquanto Estado
Democrático de Direito.

Em hipóteses como a dos autos, além da boa-fé do apelante, os dispositivos legais


não podem ser interpretados de forma absoluta, merecendo exegese à luz da
Constituição da República, sobretudo quando em conflito com direitos
fundamentais, tais como o direito à moradia e a dignidade da pessoa humana.

Como posto, o direito de propriedade é assegurado pelo art. 5º, XXII da


Constituição Federal, a fim de cumprir sua função social, conforme art. 170, III da
CF/88: (…)

A propriedade urbana cumpre a sua função social quando está em conformidade com
os princípios constitucionais e assegura o respeito aos princípios constitucionais da
dignidade da pessoa humana e da moradia.
83
Esse não foi o único argumento, sendo que normativas municipais e breves avaliações
sobre “prejuízo ao poder público e à coletividade” também foram feitos. Contudo, a
argumentação em cima da FSP foi suficiente e principal.
Houve reforma.

3. Agravo de instrumento – 1.0024.12.248205-2/001 – Fundamento autoaplicável

Ação reivindicatória. FSP usada para indeferir a liminar de desocupação do


imóvel requerida pela proprietária/agravada. Até por se tratar de decisão acerca de tutela
provisória, não foi o único argumento.
No caso, o lote era de propriedade da autora/agravada, enquanto o réu alegava que
a “casa” teria sido construída por ele. Era esta a casa, ainda, em que o réu residia com sua
família, “há mais de quarenta e dois anos”.
Diante dessa situação, o TJMG entendeu que:

Fato é que o ora agravante executa a função social da propriedade de forma


fidedigna e há muito ainda o que analisar antes de deferir a liminar de desocupação,
como por exemplo, quem realmente construiu a casa e se há direito à retenção de
benfeitoria. (…)

E concluiu da seguinte maneira:

Desta forma, devido ao risco iminente de lesão à dignidade da família que reside há
mais de quarenta anos no imóvel objeto da lide, hei por bem, indeferir a liminar para
que assim o réu permaneça no imóvel até julgamento final da lide.

Ademais de o réu/agravante estar cumprido a FSP, o TJMG entendeu também que


não haviam elementos suficientes a permitirem a concessão de tutela provisória, além de que
eventual concessão poderia configurar “dano de difícil reparação” à parte.
Assim, a par de a análise do Tribunal ter sido superficial acerca do caso, bem
como a par de o raciocínio exposto no acórdão não ser dos mais claros, a FSP foi fundamento
autônomo e suficiente para afastar a liminar concedida em primeiro grau.
Houve reforma.

4. Agravo de instrumento – 1.0079.12.072599-3/001 – Fundamento autoaplicável


84

Ação possessória. FSP utilizada para indeferir a limiar de reintegração, não


obstante presentes os requisitos para sua concessão. Houve divergência quanto à
fundamentação: um dos desembargadores entendeu não comprovada a posse anterior por
parte do autor e, assim, também entendeu pela não concessão da liminar.
Veja-se excerto do voto relator:

Destarte, a despeito dos agravados terem comprovado a boa-fé nas tentativas de


notificação extrajudicial, evidenciado a posse nova ao apresentarem as datas do
Boletim de Ocorrência e ainda o esbulho possessório, tenho que a decisão a quo que
indeferiu a liminar deve ser mantida.

Fato é que, há de se considerar o risco iminente de lesão à dignidade das pessoas que
lá se encontram, haja vista o próprio autor da ação ter alegado que há uma família
residindo no lote, objeto da ação, no qual foi construído um barracão.

Obviamente, a ré não possui legitimidade para desapossar um imóvel, mesmo que


haja dúvidas se está sendo ou não utilizado, pois nosso ordenamento jurídico regula
suficientemente a matéria, tendo criado mecanismos bastantes para que a função
social da propriedade seja observada.

Todavia, no caso em comento, conforme já ressaltado, devido ao risco iminente de


lesão à dignidade da família que lá se encontra, hei por bem, indeferir a liminar de
reintegração de posse.

Em juízo preliminar, sem aprofundar a questão de fundo, verifica-se a incidência,


neste caso, dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da
função social da propriedade urbana.

O entendimento contraria boa parte dos julgados analisados até o momento, em


que o TJMG explicitamente afastou a discussão acerca da FSP nas ações possessórias.
Não houve reforma.

5. Apelação cível – 1.0024.10.175959-5/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser analisada em ação de desapropriação,


capitaneada pela União. Vedação ao exercício das próprias razões e ofensa ao devido processo
legal (processo de desapropriação).
Não houve reforma.
85
6. Apelação cível – 1.0240.10.001671-8/001 – Fundamento legitimador

Ação de usucapião. Usucapião extraordinária é fundamentado na FSP. Usar


imóvel como moradia é dar cumprimento a FSP e permite a aplicação do prazo aquisitivo da
usucapião extraordinária. Veja-se:

Assim tenho que agiu acertadamente a Magistrada ao aplicar ao caso em testilha a


modalidade de usucapião extraordinária disciplinada no art. 1238, parágrafo único
do Código Civil, tendo em vista a função social da propriedade consagrada em nossa
Carta Magna.

A função social tem por objetivo reduzir os prazos de usucapião e beneficiar aquelas
pessoas que imprimiram destinação econômica ou social a determinados bens, sendo
meio de promoção da justiça social, corporificando o princípio da dignidade da
pessoa humana.

A Autora construiu no local sua casa de moradia, caracterizando assim a destinação


social da propriedade.

Não houve reforma.

7. Apelação cível – 1.0073.10.001866-9/001 – Fundamento legitimador

Reintegração de posse de imóvel objeto de programa de habitação.


Inadimplemento. A contratante inadimplente concordou com a recisão (1.ª ré). Possuidor
direto (2.º réu) não é parte do contrato de financiamento e não demonstrou a que título detinha
a posse do imóvel. 2.º réu argumentou que em vista da FSP, não deve ser ele desapossado do
imóvel. O TJMG entendeu que, no caso, não há ofensa à FSP, na medida em que eventual
manutenção da posse prejudicaria o programa como um todo. Interesse coletivo prevalece
sobre o particular.

No que se refere à tentativa do Apelante de permanecer no imóvel socorrendo-se do


princípio da função social da propriedade, impõe-se reconhecer que, com o louvável
propósito de facilitar a aquisição da casa própria por aqueles com menor renda
familiar e, assim, reduzir o déficit habitacional, a COHAB- Companhia de
Habitação do Estado de Minas Gerais, oferece financiamento extremamente
facilitado a seus mutuários, os quais, com o pagamento amortizado, vão devolvendo
aos poucos à mesma os recursos que serão por ela reinvestidos no financiamento de
outros mutuários. (…)
86
Ora, a se admitir o inadimplemento da mutuária e a manutenção do atual detentor no
imóvel a pretexto de se prestigiar a função social da propriedade, como pretendido
pelo Apelante, fatalmente inviabilizada restará a política pública idealizada para
efetivar o acesso à casa própria pelas famílias de menor renda, que seguem as regras
do cadastro próprio da Cohab, o que, em última análise, sepultará programa público
destinado exatamente a conferir viés social ao uso e gozo da propriedade,
prejudicando a coletividade em detrimento do interesse particular do Apelante.

A FSP, assim, não prevalece sobre o interesse público ou coletivo. Não houve um
aprofundamento da questão, mas mais um afastamento em vista da natureza pública do bem.
Não houve reforma.

8. Apelação cível – 1.0702.08.437423-1/001 – Retórica´

Ação de reintegração de posse. Imóvel de propriedade do município. FSP não


pode ser usada para fazer prevalecer interesses particulares sobre o interesse públicos:

Não se pode, ainda, utilizar do instituto da função social da propriedade para os


casos em que a destinação da área pública é para atender interesses puramente
individuais.

A FSP, assim, não prevalece sobre o interesse público ou coletivo. Não houve um
aprofundamento da questão, mas mais um afastamento em vista da natureza pública do bem.
Não houve reforma.

9. Apelação cível – 1.0024.11.172238-5/002 – Retórica

Ação possessória. O cumprimento da FSP não é requisito elencado para concessão


da proteção possessória.
Não houve reforma.

10. Agravo de instrumento – 1.0338.12.004715-8/001 – Retórica

Servidão administrativa. Decisão liminar em ação de imissão na posse. Discutiu-


se apenas se presentes ou não os requisitos para imissão provisória na posse. FSP consta
apenas da ementa.
87
Não houve reforma.

11. Reexame necessário – 1.0003.10.002884-8/001 – Retórica

Servidão administrativa. Decisão liminar em ação de imissão na posse. Discutiu-


se apenas se presentes ou não os requisitos para imissão provisória na posse. FSP consta
apenas da ementa.
Não houve reforma.

12. Apelação cível – 1.0016.12.002340-9/001 – Retórica

Cancelamento de matrícula. Imóvel doado pelo município para fins de


regularização fundiária. Questão acerca da titularidade anterior do imóvel: terra devoluta.
Questão acerca da área mínima registrável: lote inferior à 125m².
Quanto à questão da possibilidade de registrar lote com área inferior à 125m², o
TJMG entendeu, como primeiro argumento, que o município tem autonomia para promoção
da regularização fundiária. Como segundo argumento, entendeu que devem prevalecer o
princípio da dignidade humana, os direitos fundamentais à propriedade e à moradia, bem
como a função social da propriedade e a teoria do mínimo existencial e a vedação ao
retrocesso social.
A FSP contudo foi apenas mencionada, sem qualquer aprofundamento.
Houve reforma.

13. Apelação cível – 1.0702.05.263464-0/001 – Retórica

Ação possessória. Turbação. FSP apenas mencionada para justificar o deferimento


do pedido contraposto de indenizações por benfeitorias.
Houve reforma quanto ao ponto das indenizações por benfeitorias.
88
2014

1. Apelação cível/Reexame necessário – 1.0024.03.114883-6/001 – Fundamento


autoaplicável.

Ação de usucapião extraordinário. Área ocupada, em parte, pública. FSP como


fundamento (não foi o único) para permitir usucapião de imóvel público. O conflito foi assim
relatado:

Cuida-se de reexame necessário e recurso de apelação aviado contra a sentença de f.


301/311 que, nos autos da ação de usucapião, ajuizada por MARIA PEDRO DE
ALMEIDA E OUTRO em desfavor de JOSÉ DE SOUZA PATARO e ESTADO DE
MINAS GERAIS, julgou procedente o pedido inicial para declarar o direito de
propriedade da autora sobre o imóvel objeto da lide.

Na minuta recursal de f. 317/321, o ESTADO DE MINAS GERAIS afirma que a


perícia realizada nos autos comprova que parte do terreno se encontra dentro da
área da Fazenda Calafate, que foi adquirida pelo Poder Público quando da
construção da Capital. Aduz que, nos termos da Súmula 340 do STF, os bens
públicos são insuscetíveis de usucapião, de forma que a sentença recorrida
contrariou a jurisprudência e a doutrina dominantes. Salienta que, ainda que haja
dúvidas quanto à metragem do imóvel que se encontra inserida na área pública, não
poderia o Juiz determinar a propriedade dos recorridos sobre a totalidade do terreno.
Ao final, requer o provimento do recurso.
(grifou-se)

O caso é que o Estado de Minas Gerais entendeu que parte do imóvel que se
pretendeu usucapir era de sua propriedade. O título aquisitivo estadual datava do século XIX.
Foi realizada perícia e, de fato, parte do terreno era público, não tendo sido possível,
entretanto, precisar qual seria a porção exata de terreno público.
Ademais, os autores que pretenderam usucapir o terreno haviam construído
moradia de forma que tornou-se o bem indivisível. Outrossim, moravam na área há mais de
35 anos, possuíam título aquisitivo e estavam de boa-fé.
Ainda acerca do imóvel, as certidões demonstravam que ele foi alienado diversas
vezes a partir de 1932, que estava registrado em nome de particular.
Em síntese: o imóvel era em parte público e em parte particular, foi objeto de
alienações desde os idos de 1932, estava com sua área quase toda construída e os autores da
usucapião o habitavam há mais de 35 anos, com justo título e boa-fé.
89
O caso, assim, apresentou diversas particularidades que ensejaram ao deferimento
da usucapião, inobstante o imóvel fosse (em parte) de propriedade de Minas Gerais. A decisão
teve vários fundamentos, dentre eles a aplicação direta, isto é, não mediada por outro instituto,
da função social da propriedade. Veja-se:

Não obstante guarde reservas acerca da utilização de princípios como a função


social da propriedade e direito à moradia para justificar a usucapião de bens
públicos, o caso excepcional dos autos impõe sejam considerados estes fatores.

Com efeito, muito embora a Carta Constitucional e o Código Civil determinem,


expressamente, que os bens públicos não se sujeitam à usucapião, vislumbra-se que
a própria Constituição contempla as garantias da função social da propriedade e
do direito à moradia.

Isso porque, não seria plausível privar os requerentes da habitação na qual residem
há mais de três décadas, mormente a se considerar que foi adquirida com base na
crença de que o imóvel era privado.

Em outras palavras, parece-me desprovida de qualquer razoabilidade, o


comportamento do Poder Público Estadual que, ao longo dos anos, permitiu a
ocupação do terreno por vários administrados, sem qualquer oposição efetiva de
controle e ocupação do solo, tendo deixado, inclusive, que os particulares erguessem
moradias, e, tanto tempo depois, decide se contrapor ao consagrado direito social de
moradia e ao direito de propriedade previstos, respectivamente, no caput do art. 6º e
no caput do art. 5º da CF/88. (…)

Cumpre ressaltar que os bens formalmente públicos, ou seja, aqueles não afetados a
uma destinação pública específica, se encontram em situação incompatível com
o princípio da função social da propriedade, esculpido como garantia
fundamental no art. 5º, XXIII, da Carta Magna.

De tal modo, concluo que a existência do registro do imóvel em nome do réu, que
remonta ao ano de 1894, por si só, não impede o reconhecimento da usucapião, visto
que se trata de bem desafetado, ou seja, bem que deixou de ser público, não
possuindo mais qualquer essência de coisa pública há anos. (…)

Em vista disso, concluo que a negativa do pleiteado direito à usucapião representaria


desprestígio à boa-fé que se pretende manter nas relações públicas; redundaria em
atentado contra a própria segurança jurídica, bem como em ofensa às garantias
constitucionais de moradia e do direito à propriedade.

Registro que não se trata de hierarquizar as normas constitucionais, porquanto não


há falar em hierarquia entre elas. Todavia, diante de um aparente conflito de
preceitos fundamentais, deve o Julgador ponderar pela aplicação da norma mais
adequada ao caso concreto.
(grifou-se)

Como se vê, a FSP foi usada diretamente para permitir a usucapião de imóvel
“formalmente público”.
90
O julgado, entretanto, deixa dúvidas quanto a extensão dessa possibilidade a outros
casos, na medida em que esse processo foi permeado por várias peculiaridades. Fica o
registro.
Não houve reforma.

2. Apelação cível – 1.0382.12.007849-0/001 – Fundamento autoaplicável

Contrato de arrendamento rural. Ação de rescisão contratual c/c pedido de imissão


na posse. Descumprimento da FSP configura inadimplemento e justa causa para rescisão de
contrato de arrendamento.
O caso versou sobre ação em que os autores, proprietários das glebas de terra,
pretendiam ver rescindido contrato de arrendamento em razão de descuido dos réus no
cuidado das lavouras.
O entendimento do TJMG foi o de que, de fato, as culturas produzidas nas glebas
arrendadas (café e frutas) estava descuidada, de maneira que os réus estavam descumprindo a
FSP.

Ocorre que, pelos depoimentos das testemunhas Douglas Alves de Abreu e Antônio
José Boueri Alves (fls. 75/76), respectivamente, resta demonstrada a utilização
inadequada do imóvel rural arrendado, em afronta aos princípios da boa-fé objetiva
e ao cumprimento da função social da terra e da propriedade, o que, por si só, leva à
rescisão do contrato de arrendamento.

Explico. O artigo 2º, §1º, da Lei n.º 4.504/64, que dispõe sobre o Estatuto da
Terra, assim determina:

Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra,


condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando,
simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam,
assim como de suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) assegura a conservação dos recursos naturais;
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os
que a possuem e a cultivem". (grifei).

Ademais, o supramencionado Estatuto, em seu artigo 4º, inciso I, define ainda


para todos os efeitos legais o conceito de imóvel rural, que corresponderá ao “prédio rústico,
91
de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa
agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer
através de iniciativa privada”.
No caso em questão, a aplicabilidade da FSP está expressamente prevista em lei, o
que torna pouco controvertida a questão no que diz respeito à sua aplicabilidade. Contudo, no
que diz respeito ao seu conteúdo (o que seria o descumprimento da FSP?), apesar de previsto
em lei, carece de objetividade. “Níveis satisfatórios de produtividade” e “bem-estar dos
proprietários e dos trabalhadores” são questões averiguáveis apenas casuisticamente. Além
disso, as infrações previstas na lei não tem suas consequências graduadas, o que faz
questionar se toda e qualquer irregularidade seria um descumprir com a FSP.
Por fim, importa anotar se realmente houve uma aplicação direta da FSP ou
apenas silogismo. O TJMG entendeu que o descumprimento da FSP (falta de cuidados com a
lavoura) era causa para rescisão do contrato. No entanto, essa falta de cuidados com as
lavouras não seria, em verdade, pura e simplesmente inadimplemento e, assim, causa para
rescisão absolutamente independente do descumprimento da FSP? O que dá a entender,
talvez, é que o TJMG simplesmente classificou o inadimplemento do caso com
descumprimento da FSP, de maneira a que a FSP teve mera função retórica.
No entanto, isso são inferências e, portanto, o caso está classificado como
“fundamento autoaplicável”.
Não houve reforma.

3. Apelação cível – 1.0024.10.010786-1/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Eventual descumprimento da FSP deve ser analisada em ação


de desapropriação, sob pena de se ferir o princípio do processo legal.
Não houve reforma.

4. Agravo de instrumento – 1.0245.13.021550-3/001 – Fundamento legitimador


92
Ação possessória. Eventual descumprimento da FSP deve ser analisada em ação
de desapropriação, sob pena de se ferir o princípio do processo legal. Vedação à autotutela.
Não houve reforma.

5. Agravo de instrumento – 1.0024.14.046479-3/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP não valida nem autoriza o confisco de terras sem o
devido processo legal.
Não houve reforma.

6. Apelações cíveis – 1.0024.10.092241-8/004, 1.0024.12.097452-2/007 e 1.0024.08.103024-


9/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Julgamento conjunto de demandas. Acolhimento de


preliminares: reforma parcial. No que teve o mérito julgado: a FSP não é requisito das ações
possessórias, mas deve ser verificada em ação de desapropriação. Ofensa ao devido processo
legal. Vedação à autotutela. Assim se pronunciou o TJMG:

Somente cumpre a função social da propriedade a que atenda simultaneamente aos


elementos econômicos, ambiental e social.

Contudo, a presente "actio" trata de demanda possessória, na qual a tutela


jurisdicional almejada não visa à propriedade do imóvel, mas a posse deste, devendo
ser atendidos os requisitos impostos pelo art.927 do Código de Processo Civil, nada
mais.

De consequência, é desnecessária a comprovação da função social no âmbito desta


ação possessória. Dito requisito deve ser discutido em demandas expropriatórias
para fins de reforma agrária, cuja responsabilidade e competência são da União
Federal.
É dizer, qualquer invasão de terra pertencente à particular não é legal, ainda que não
demonstrada a função social da propriedade, sob pena de se chancelar ocupações
clandestinas como instrumento de coerção do Estado à realização de reforma
agrária. (…)

Logo, cabe à União Federal, com observância do devido processo legal, detectar e
estabelecer se o imóvel rural é produtivo ou não, utilizando para tal fim a ação de
desapropriação, que é o remédio processual para a expropriação pelo Poder Público
quando a propriedade não tiver cumprindo a sua função social, não concernindo ao
julgador, em ação como a ora analisada, a solução de tal matéria. (…)
93
Logo, não é permitido ao particular exercer o controle da função social da
propriedade privada invadindo imóveis, pois, na verdade, estariam exercendo a auto-
tutela, apoderando-se do poder do Estado, o que não encontra respaldo no Estado
Democrático de Direito.

Esse posicionamento do TJMG já foi várias vezes aqui registrado, contudo, neste
julgado, a fundamentação foi mais minuciosa e utilizou-se dos três principais argumentos para
essa posição: vedação à autotutela, ofensa ao princípio do devido processo legal e atividade de
competência da União.
Houve reforma parcial, na medida em que teve preliminares acolhidas.

7. Apelação cível – 1.0024.10.100206-1/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Ofensa


ao devido processo legal. Vedação à autotutela. Sopesamento de princípios constitucionais:
Cabe ressaltar que, ainda que assim não fosse, é certo que a simples alegação de que
a terra não estaria cumprindo sua função social não autorizaria sua invasão por
terceiros.

Tem-se que, caso tal circunstância seja realmente constatada, caberia somente ao
Poder Público instaurar procedimento específico a fim de proceder à
desapropriação do bem para fins de reforma agrária, com base no art.184, §2º da
Constituição da República, observando-se o devido processo legal, e, a exigência de
indenização justa.

Não se pode admitir que o Poder Judiciário faça a entrega da posse de um bem a
grupos sociais que, a pretexto de estarem fazendo justiça social com as próprias
mãos, invadam a propriedade alheia e dela tomem posse a mercê de todas as regras
civis e procedimentais existentes no nosso ordenamento jurídico.

Não se pode olvidar que a garantia da função social da propriedade, apesar de ter
aplicação imediata, deve respeitar outros princípios, não podendo passar por cima
da legalidade, por exemplo, jogando-se por terra a segurança jurídica e a ordem
pública e social.

Para que a garantia da função social da propriedade seja observada, há que se


obedecer e respeitar outros princípios constitucionais essenciais, a fim de se
resguardar todo o sistema jurídico criado para assegurar os direitos de cada um.

É inconcebível que os movimentos sociais de indivíduos sem terra, os quais, na


maioria das vezes, são marcados pela violência - seja nas invasões, seja na
resistência à sua retirada -, tornem-se instrumentos legítimos para se proceder à
desapropriação ou ao desapossamento de terras improdutivas, se existe no nosso
ordenamento jurídico regulamentação suficientemente sobre a matéria, e
mecanismos constitucionais e legais para que a função social da propriedade seja
cumprida, de forma coerente com o sistema instituído pela Carta Magna que impõe a
94
observância ao devido processo legal e garante a inviolabilidade da propriedade
privada.

Apesar dessas considerações, o TJMG fez ainda uma análise superficial sobre o
cumprimento ou não da FSP, associando-a à produtividade:

Frisa-se que tais fatos podem ser verificados pelas fotos juntadas às fls.129/148,
demonstrando ser descabida, portanto, as alegações dos réus no sentido de que o
imóvel está abandonado, ou de que é improdutivo.

Não houve reforma.

8. Agravo de instrumento – 1.0024.14.094044-6/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Vedação


à autotutela. Incompetência do Judiciário para promover a reforma agrária.

Não é da competência deste Poder a solução do problema da reforma agrária, mas


dos Poderes Públicos, Legislativo e Executivo, que possuem os mecanismos
cabíveis para tanto.

Entendimento diverso do proferido em primeira instância, o qual considerou a


FSP para indeferir o pedido liminar possessório.
Houve reforma.

9. Apelação cível – 1.0024.11.109443-9/006 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Ofensa


ao devido processo legal. Vedação à autotutela. Desapropriação para fins de reforma agrária
seria medida excepcional e extrema:

Daí a competência da União para dizer, através do devido processo legal - que é
justamente a ação de desapropriação para fins sociais -, se a terra é produtiva ou não.
Ressalte-se que essa expropriação-sanção é uma modalidade especial e excepcional
de intervenção do poder público na esfera da propriedade privada, quando essa não
estiver cumprindo sua função social.

Não houve reforma.


95
10. Apelação cível – 1.0024.09.673501-4/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Ofensa


ao devido processo legal. Vedação à autotutela.
Não houve reforma.

11. Agravo de instrumento – 1.0024.12.253190-8/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para a reintegração. Vedação à


autotutela.

Cediço é que o êxito na ação possessória, em que não se discute o domínio, requer
prova inequívoca dos requisitos estampados no art. 927, do CPC, quais sejam: a
posse, o esbulho praticado pelo requerido e a perda da posse, ainda que indireta, em
decorrência desse esbulho.

Assim, não sendo conflitantes as provas produzidas pelo agravante, culminando com
a incerteza quanto à existência dos elementos exigidos pelo dispositivo legal retro
citado, não deve ser mantida a decisão hostilizada, data venia.

Não se está aqui a afastar do princípio da dignidade humana, nem muito menos o
art. 5º, XXIII, da Constituição da República, que dispõe que, “a propriedade
atenderá a sua função social”. Até porque, princípios e garantias constitucionais não
podem, a meu ver, ser utilizados como meio de legitimar invasões da propriedade
alheia, que não encontram respaldo no ordenamento jurídico pátrio. Do contrário,
estar-se-ia permitindo a autotutela, rechaçada pelo Estado Democrático de Direito.

FSP, em primeira instância, usada para indeferir a ordem.


Houve reforma.

12. Apelação cível – 1.0024.11.305782-2/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Ré invocou a FSP para não sofrer reintegração de posse. FSP
como direito à moradia. FSP não se presta a afastar o direito do legítimo possuidor. FSP não
pode ser invocada em situações individuais.

pretensa função social da propriedade (direito à moradia) não se presta para afastar o
direito do apelado que contém previsão na lei civil. Situação fática que não se
convalida, neste feito, com base no pretenso direito à moradia. (…)
96
Também não há como se invocar, no caso em tela, o princípio da função social, haja
vista que a apelante pretende resguardar pretensão de natureza individual.

A ideia de que a FSP não pode “resguardar pretensão de natureza individual” foi
utilizada noutros julgados pelo TJMG, contudo, a fim de resguardarem o poder público de
esbulho. Aqui, todavia, haviam duas pretensões “de natureza individual”.
Houve reforma.

13. Apelação cível – 1.0024.10.102905-6/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Ofensa


ao devido processo legal. Vedação ao exercício de suas próprias razões.
A Defensoria Pública, curadora especial dos réus revéis não identificados, alegou
preliminarmente cerceamento de defesa, na medida em que não foi oportunizada oportunidade
para produzir prova que demonstrasse que o imóvel invadido não cumpria a FSP. Assim se
pronunciou o TJMG:

No caso ‘sub judice’, impõe-se reconhecer que os elementos constantes dos autos se
apresentam suficientes para a formação do convencimento do julgador, inexistindo,
destarte, o alegado cerceamento de defesa.

Com efeito, na ação de reintegração de posse é desnecessária a comprovação da


função social da propriedade, uma vez que a reforma agrária é responsabilidade da
União e que deve ser feita pela Justiça Federal, respeitando a devida indenização ao
proprietário e que somente é considerada legal a entrada de ocupantes no imóvel
após a imissão de posse dada pela Justiça Federal.

Assim, qualquer invasão de terra pertencente à particular não é legal, mesmo que a
propriedade seja improdutiva.

Não houve reforma.

14. Agravos de instrumento – 1.0079.13.071478-9/001 e 1.0079.13.071478-9/003 –


Fundamento legitimador

Ação possessória. Posse, em razão da FSP, não é simples decorrência do domínio.


Nesse sentido, ela integra os requisitos das ações possessórias. Contudo, a desapropriação é
responsabilidade do Estado. Assim se manifestou o TJMG:
97

É certo que, se deve trazer à fiveleta a função social da propriedade na solução dos
conflitos possessórios, onde o conceito de posse não deve ficar limitado à simples
disponibilidade de uso do imóvel. Por isso é que, a prova do exercício de posse
como simples decorrência do domínio, não é admitida nem mesmo no âmbito
dos conflitos possessórios despidos de cunho social.

No entanto, respeitado o disposto na Constituição Federal (artigo 5º, incisos XXII,


XXIII e XXIV), apenas ao Estado cabe a adoção das medidas necessárias à
desapropriação de imóveis que descumprem a sua função social.

Nesse sentido, a FSP é sim requisito das ações possessórias, já que o próprio
significado de posse carrega em seu bojo a ideia de FSP. Contudo, como em quase todos os
outros julgados, o TJMG entendeu que “ao Estado cabe a adoção das medidas necessária à
desapropriação”.
Ademais, cumpre pontuar que essa decisão vai em contrário a várias outras. Nos
casos em que o Poder Público é parte autora de ações possessórias, na verdade, é recorrente o
entendimento do TJMG de que a posse, nesses casos, é mera decorrência do domínio.
Por fim, este caso foi decidido por maioria, vencido o segundo vogal, que adotou
linha diversa da geralmente adotada pelo Tribunal:

No caso dos autos, ao exame preliminar do feito, é bem de ver que se controvertem,
de um lado, o invocado direito de posse e, de outro, relevantíssima questão social,
que atinge, como se apura do processado, aproximadamente 3.000 (três mil) famílias
carentes.

Com efeito, muito embora se reconheça a importância da tutela jurídica do direito de


posse, há nos autos importantes peculiaridades que sustentam a necessidade, por ora,
de manutenção das famílias representadas no local onde permanecem assentadas.

Nesse rumo, já se reconhece, há muito, que o direito de propriedade não é de todo


absoluto, mormente porque constituído pelo elemento da função social, que ecoa por
diversos dispositivos da Constituição da República, notadamente do seu art. 5º,
inciso XXIII, e, ainda, no art. 170, inciso III, que estatuem, respectivamente, in
verbis:

“Art. 5º XXIII - a propriedade atenderá a sua função


social;”

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização


do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:

(...) III - função social da propriedade;”


98
Ao erigir a patamares equivalentes o direito de propriedade e o correspondente
atendimento à função social, que lhe é intrínseca, emanou o legislador
instrumentos que servem ao julgador como ferramentas para melhor adequar
as situações concretas às normas de Direito, cuja função primordial se revela na
proteção da dignidade humana, fundamento da República (art. 1º, III, da
Constituição Federal).

Vale considerar, a legislação civil proíbe o abuso de direito ou o ato emulativo no


exercício do direito de propriedade, mas cumpre a análise das circunstâncias fáticas
pelo magistrado, caso a caso, a fim de compatibilizar o direito de propriedade à
importância social da posse, especialmente se, como ocorre na espécie, há
instalação de comunidade carente em área reconhecida como de especial interesse
social.

Dessa maneira, de se deferir a suspensão almejada, medida esta que evita o despejo
de incontável número de desabrigados e da qual resultaria a só transferência do
gravíssimo problema social da carência de abrigo de um lado para outro da cidade.

Como se vê, em linha diversa da recorrentemente adotada pelo TJMG, a FSP,


ainda que em sede de liminar, foi aviada como fundamentação autoaplicável para indeferir a
ordem de reintegração. Vencido, contudo, o segundo vogal.
Não houve reforma.

15. Agravo de instrumento – 1.0024.13.174142-3/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Vedação


à autotutela.
Não houve reforma.

16. Agravo de instrumento – 1.0024.11.109443-9/006 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Ofensa


ao devido processo legal. Vedação à autotutela.
Além de defender que a FSP deve ser analisada em sede de desapropriação, o
TJMG manifestou, ainda, que a desapropriação é penalidade excepcional e extrema pelo
descumprimento da FSP:

Daí a competência da União para dizer, através do devido processo legal - que é
justamente a ação de desapropriação para fins sociais -, se a terra é produtiva ou não.
Ressalte-se que essa expropriação-sanção é uma modalidade especial e excepcional
99
de intervenção do poder público na esfera da propriedade privada, quando essa não
estiver cumprindo sua função social.

Não houve reforma.

17. Agravos de instrumento – 1.0079.13.017161-8/003 e 1.0079.13.017161-8/001 –


Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Vedação


à autotutela. No caso em tela, o TJMG julgou, em sede de reintegração, pedido liminar de
reintegração de posse.
Os agravantes, que tiveram seu pedido de tutela provisória negado em primeira
instância, alegaram que tinham demonstrado todos os requisitos necessários à reintegração
liminar. Os agravados, lado outro, alegaram que

o imóvel é mantido para fins especulativos, não cumprindo sua função social e se
encontrando em completo estado de abandono. Portanto, cumpre determinar se a
agravante exercia, até o esbulho, a posse sobre o imóvel, suficiente para merecer a
proteção possessória.

Diante disso, assim se pronunciou o TJMG:

Alegam os agravados que o imóvel em questão não está cumprindo sua função
social, que ensejaria a conclusão de que não exerce a posse sobre o imóvel.

Razão não assiste aos agravados. Primeiramente, é certo que a função social do
imóvel urbano se reveste de características peculiares relacionadas à sua localização
e grau de desenvolvimento, ocupação, entre outros, da região onde se encontra. Vale
dizer, o que se chama função social numa dada época pode ser diferente do que
constitui função social 20 anos após. No caso em tela, conforme acima explicitado,
concluo que o agravante vem dando ao terreno a destinação que lhe é possível, no
momento. Ressalte-se que a empresa é uma construtora, sendo certo que só pode
construir ou alienar o imóvel, o que vem sendo dificultado pelo interesse público no
local.

Como se vê, o TJMG reputou como válida a alegação de que o descumprimento


da FSP ensejaria à conclusão de que não há posse. Acerca disso, inclusive, antes assim havia
se pronunciado o tribunal:

De fato, o município de Contagem expediu decreto expropriatório, tendo declarado


interesse no local para construção de uma bacia de retenção, motivo pelo qual ficou
a agravante impedida de edificar na área. Ressalte-se o Município comunicou a
100
revogação do Decreto que declarou a desapropriação e seu desinteresse no presente
feito(f. 408-TJ), sendo certo que o procedimento de desapropriação não foi levado a
cabo. Houve, por parte da agravante, a tentativa de alienação do imóvel, consoante
termo de opção de compra e venda ás f. 303-TJ e seguintes, que não se concretizou
devido à existência do decreto de desapropriação (f.312-TJ), estando demonstrado
que a agravante exerceu a posse do imóvel tanto quanto lhe era possível, não
havendo da sua parte desídia ou ausência de ação no exercício. Ressalte-se, ainda,
que a agravante vinha pagando impostos e exercendo atividades de preservação do
terreno, como construção de muro e casa para o vigia, contratação de vigia, e
pagamento de água e telefone para a manutenção da vigilância no local, como se
depreende dos documentos de f.69/113-TJ.

Considero, pois, suficientemente demonstrado nos autos que, diante da anterior


manifestação do interesse público pelo Município, ficou a agravante se não
impedida, pelo menos dificultada de dar destinação econômica ao imóvel, o que, a
meu ver, elide a alegação de que a agravante agiu como mera especuladora.

Diante disso, pode se concluir que (i) o tribunal, neste caso, entendeu que a
qualidade da posse, e não sua mera existência, é requisito para proteção possessória, e (ii) que
posse para fins de especulação é indigna de proteção.
Nesse sentido, a FSP teria sim uma aplicação autônoma, na medida em que a
posse que não fosse qualificada como cumpridora desse dever não seria protegida pelo
ordenamento.
Ocorre, contudo, que de maneira um tanto quanto contraditória, em seguida assim
se manifestou o tribunal:

Ademais, a jurisprudência deste Tribunal tem entendido que o cumprimento da


função social da propriedade deve ser discutido não no âmbito das demandas
possessórias, mas no procedimento de desapropriação.

Num primeiro momento o tribunal deu a entender que apenas a posse que
cumprisse com a FSP poderia ser protegida, num segundo momento deixou claro que a FSP
não pode ser discutida e levada em consideração nas ações possessórias.
Houve reforma.

18. Apelação cível – 1.0024.09.681598-0/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A FSP deve ser verificada em ação de desapropriação. Vedação


à autotutela.
Houve reforma.
101

19. Apelação cível – 1.0702.06.266588-1/001 – Retórica

Ação possessória. Imóvel público. FSP não serve para defesa de interesse
individual. FSP impede que haja posse de particular sobre bem público.
Ação possessória na qual ente público pretendia a reintegração de posse de imóvel
de sua propriedade. Inicialmente, o TJMG fez essa primeira consideração:

É pacífico o entendimento e também de interpretação literal de dispositivo de lei


que, em se tratando de imóvel público, a prova do exercício possessório se torna
desnecessária, já que esta decorre automaticamente do domínio.

Conforme já aventado no item 14, para o Poder Público, a posse é mera


decorrência do domínio. Nesses casos, portanto, deixaria ela de ser uma situação fática para se
tornar uma presunção absoluta? Ou então, deixaria ela de ser uma situação fática para se
tornar uma situação jurídica?
Pois bem, em seguida, o tribunal analisou a questão de se os réus (particulares)
exerciam ou não posse sobre o imóvel. Essas foram as considerações:

importa distinguir que "as formas administrativas para o uso especial de bem público
por particulares variam desde as simples e unilaterais autorização de uso e permissão
de uso até os formais contratos de concessão de uso e concessão de uso como direito
real solúvel, além da imprópria e obsoleta adoção dos institutos civis do comodato,
da locação e da enfiteuse (…)

A par disso, tem-se, também, que verificada a ocupação indevida de imóvel


pertencente ao patrimônio público, surge para a Administração o dever de preservá-
lo a bem do interesse da coletividade. (…)

Assim, incabível, ainda, qualquer discussão acerca da existência ou não de provas


acerca da posse anterior do bem por parte dos réus, pois, repisem-se, os bens
públicos são insuscetíveis de posse válida ou usucapião resultante dessa.

Por fim, acerca da defesa dos réus com base na FSP, o TJMG se manifestou no
sentido de que:

Não se pode utilizar do instituto da função social da propriedade para os casos e que
a destinação da área pública é para atender interesses individuais.

Daí entender-se que a ocupação de imóvel público pelo particular configura mera
detenção, donde não conferido a ele o direito de posse, consoante prescreve o art.
1.208 da lei substantiva civil, "in verbis":
102

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera


permissão ou tolerância assim como não autorizam a
sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

Nesta ordem de idéias, independentemente da cogitação da natureza da fé do


requerido - se boa ou má -, a realidade é que a ocupação do imóvel público pelo
particular não configura posse, a tornar manifestamente incabível a pretensão de
haver indenização.

A fundamentação do tribunal nesse caso foi singular. Primeiro, fez considerações


acerca das formas válidas de “uso especial de bem público por particulares”. Disso, fez
nenhuma conclusão. Partiu logo ao próximo argumento.
O segundo fundamento era o de que a Administração tem o dever de preservar seu
patrimônio, “a bem do interesse da coletividade”, citando o seguinte julgado do STJ:
(...) 3. Tem-se caso de ocupação de área pública, a qual, dada sua irregularidade, não
pode ser reconhecida como posse, mas como mera detenção.

4. Não há como prosperar qualquer alegação do recorrente para fazer-se permanecer


com a detenção irregular do bem público. Ademais, não se discute nos autos a
propriedade do bem, portanto, plenamente cabível a ação possessória para fazer
desocupar de bem público quem o detinha de forma irregular. Portanto, não pode
prosperar a alegação do recorrente de que não cabe ação possessória de reintegração
no presente caso.

5. Recurso especial a que se nega provimento

Julgamento citado e afirmação sem nexo algum. Dessa premissa, o TJMG tira a
seguinte conclusão:
Assim, incabível, ainda, qualquer discussão acerca da existência ou não de provas
acerca da posse anterior do bem por parte dos réus, pois, repisem-se, os bens
públicos são insuscetíveis de posse válida ou usucapião resultante dessa.

Premissa e conclusão sem relação lógica.


Por fim, acerca da FSP, o tribunal entendeu que esse dever constitucional não
pode ser usado para atender interesses individuais, concluindo da seguinte maneira:
Daí entender-se que a ocupação de imóvel público pelo particular configura mera
detenção, donde não conferido a ele o direito de posse, consoante prescreve o art.
1.208 da lei substantiva civil, "in verbis":

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de
cessar a violência ou a clandestinidade.

Conclusão essa, assim como todo o acórdão, singular.


103
Não houve reforma.

20. Apelação cível – 1.0016.12.002399-5/002 – Retórica

Cancelamento de matrícula. Imóvel doado pelo município para fins de


regularização fundiária. Questão acerca da titularidade anterior do imóvel: terra devoluta.
Lote inferior à 125m². Autonomia do município para promoção da regularização fundiária.
Teoria do mínimo existencial e direito à moradia. Ausência de registro não presume a
devolutividade da terra.
Apesar de várias terem sido as questões levantadas no julgado, a FSP não teve
utilidade argumentativa para solução de nenhuma delas. FSP foi apenas mencionada.
Não houve reforma.

21. Apelação cível – 1.0439.12.016383-7/001 – Retórica

Ação reivindicatória. Usucapião como tese de defesa. Ausência de provas do


preenchimento dos requisitos da usucapião.
As menções à FSP não tiveram utilidade argumentativa.
Não houve reforma.

22. Apelação cível – 1.0024.08.237146-9/002 – Retórica

Ação possessória. FSP não é requisito para a reintegração, já que não consta do rol
elencado pelo CPC/73. Sem nenhuma outra consideração.
Não houve reforma.

23. Agravo de instrumento – 1.0024.13.396425-4/001 – Retórica

Ação possessória. Discutiu-se apenas se o MP deveria, no caso, ter sido ouvido


antes do deferimento da liminar. Questão processual. FSP apenas mencionada.
104
Não houve reforma.

24. Agravo de instrumento – 1.0313.13.004762-1/001 – Retórica

Ação possessória. FSP não é requisito para a reintegração, já que não consta do rol
elencado pelo CPC/73. Sem nenhuma outra consideração.
Houve reforma.

25. Embargos infringentes – 1.0702.05.263464-0/003 – Retórica

Indenização por benfeitorias. FSP apenas citada num dos votos vencidos.
Houve reforma.

26. Agravo de instrumento – 1.0024.13.242724-6/001 – Retórica

Ação possessória. Presentes os requisitos para deferimento da liminar de


reintegração. O mesmo que dizer que cumprir com a FSP não é requisito elencado no CPC/73
para concessão de liminar. Essa foi a decisão proferida pelo TJMG, por maioria.
A revisora, contudo, apresentou posicionamento muitíssimo diferente.
Inicialmente, considerou que a posse dos réus não era injusta, requisito
essencial para deferimento da liminar de reintegração, nos seguintes termos:

Ora, se o espaço de titularidade do ente municipal é destinado exatamente a


acolher a comunidade carente, não se revela viável, nem mesmo oportuno, que se
proceda à retirada das pessoas hoje moradoras da área, as quais urgem pela proteção
ao direito de abrigo e são, de fato, as próprias beneficiárias da regularização
fundiária implementada pelo Município.

É dizer, uma vez que o ente público recorrido recebe repasses financeiros e investe
importantes quantias para estabelecer comunidades carentes no mesmo local onde
pretende ser reintegrado, não há posse injusta capaz de ser oposta em face dos
agravantes, elemento mínimo do qual depende a proteção possessória invocada pela
municipalidade.

A área que seria reintegrada tinha como destinação justamente abrigar os réus.
105
Curioso que, apesar de se tratar de imóvel público, a revisora reconheceu a posse
dos ocupantes.
Pois bem. Diante dessa primeira consideração, prosseguiu fazendo considerações
acerca do direito de propriedade e suas limitações, apontando a FSP. Conforme excerto que se
colaciona, a FSP foi fundamento para indeferimento da reintegração, na medida em que, nesse
específico caso, haviam medidas menos gravosas que se poderiam ser adotadas. Lembrando
que a área que se pretendia ver integrada seria objeto de loteamento para atender aos réus.
Veja-se:

Ao erigir a patamares equivalentes o direito de propriedade e o correspondente


atendimento à função social, que lhe é intrínseca, emanou o legislador
instrumentos que servem ao julgador como ferramentas para melhor adequar
as situações concretas às normas de Direito, cuja função primordial se revela na
proteção da dignidade humana, fundamento da República (art. 1º, III, da
Constituição Federal).

Vale considerar, a legislação civil proíbe o abuso de direito ou o ato emulativo no


exercício do direito de propriedade, mas cumpre a análise das circunstâncias
fáticas pelo magistrado, caso a caso, a fim de compatibilizar o direito de
propriedade à importância social da posse, especialmente se, como ocorre na
espécie, há instalação de comunidade carente em área reconhecida como de especial
interesse social.

Por conseguinte, o que se verifica na espécie é que existe alternativa menos gravosa,
em detrimento da ordem de retirada dos moradores do local destinado exatamente
aos beneficiários da política habitacional do Município.

Dessa maneira, é de se reconhecer a possibilidade de o ente público proceder ao


remanejamento dos moradores, dentro da própria área, enquanto realiza a efetiva
implementação do loteamento, mantendo-os no local; medida esta que evita o
despejo de incontável número de desabrigados, e da qual resultaria a só transferência
do gravíssimo problema social da carência de abrigo de um lado para outro da
cidade

Essas foram as principais considerações. Percebe-se, disso, que a FSP seria uma
espécie de baliza para “melhor adequar as situações concretas às normas de direito”, isto é, no
caso, “compatibilizar o direito de propriedade à importância social da posse”. Algo como
permitir um julgamento por equidade.
Por fim, vale ressaltar que não se estava a discutir o mérito do processo, mas tão
somente o cabimento da liminar possessória.
Não houve reforma.
106
2015

1. Apelação cível – 1.0471.11.010614-6/001 – Fundamento autoaplicável

Usucapião. Loteamento ilegal. Loteamento ilegal e inexistência de registro.


Alegação de ausência de justo título em razão de objeto ilícito. FSP fundamenta a existência
de justo título. Regras locais de uso do solo estão submetidas à FSP.
O usucapiente adquiriu lote por meio de Contrato Particular de Cessão de Posse e
Direito de Ação. Ocorre que o lote era fruto de loteamento ilegal. Diante disso, o MP
argumentou pela ausência do requisito do justo título, em razão de nulidade advinda da
ilicitude do objeto. Acerca dessa alegação, assim se pronunciou o TJMG:

ainda que o título emane de negócio jurídico nulo - como a venda de imóvel não
parcelado, fruto de loteamento irregular - ele será considerado justo para os fins
legais. Assim ocorre para prestigiar a boa fé do usucapiendo, bem como conceber
efetividade à função social da propriedade. (…)

Acerca da prevalência da função social da propriedade sobre vícios formais


atinentes às normas de uso e ocupação do solo, recentemente se manifestou o
plenário do Supremo Tribunal Federal (no julgamento do RE n° 422.349 - ainda
pendente de publicação) no sentido de que “o reconhecimento do direito à usucapião
especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que
estabeleça módulos urbanos da respectiva área em que situado o imóvel (dimensão
do lote)”.

Os Tribunais Superiores têm concebido prevalência à função social da propriedade


de modo a reconhecer o direito de usucapir mesmo em casos nos quais persistem
irregularidades formais relacionadas às normas de ordenação municipal sobre o uso
e ocupação do solo.

De forma analógica a tais precedentes, e na linha do que antes exposto, uma vez
presentes os demais requisitos formais elencados pelo Código Civil, o usucapião de
imóvel fruto de loteamento irregular não pode ser obstado em decorrência de tal
circunstância, seja porque o conceito de justo título incorpora justamente a
ocorrência de vício aquisitivo, seja porque eventual descompasso com as regras
locais de ordenação do solo se curva à primazia da função social da
propriedade.

Assim, entendeu o TJMG que, em havendo prevalência, como já decidido pelo


STF, da FSP sobre as regras municipais de uso e ocupação do solo, um vício decorrente
justamente desta irregularidade não deve ser suficiente para o não reconhecimento de um dos
requisitos da usucapião especial urbana.
FSP usada diretamente para fundamentar a decisão.
107
Não houve reforma.

2. Agravo de instrumento – 1.0433.14.024770-4/001 – Fundamento legitimador

Contrato de locação. Abandono do imóvel. Art. 66 da Lei n.º 8.245/91.


Cumprimento da FSP como uma das justificativas para imitir provisoriamente o locador na
posse do imóvel.
A parte agravante, locadora, diante do inadimplemento da locatária, bem como do
abandono do imóvel, pretendia, por meio de tutela provisória, a imissão na posse do imóvel.
O TJMG, após considerar a existência de “prova inequívoca” do inadimplemento
e do abandono, considerou que

Nesta toada, deve-se analisar o contrato entabulado com fincas à realização da


função social do contrato e da propriedade (art. 421, do Codigo Civil de 2002),
sendo certo que o imóvel abandonado não é capaz de efetivar trais princípios
norteadores das relações privadas. (…)

Neste sentido, em vista da ação principal trata de despejo c/c cobrança, bem como
preenchidos os requisitos autorizadores da tutela antecipada, uma vez que a imissão
do agravante dará função social à propriedade, bem como beneficiará, inclusive,
a agravada, fazendo cessar a exigibilidade dos aluguéis vincendos.

Por todo exposto, restam comprovados os requisitos a deferir a liminar petitória


pleiteada, levando-se em conta os princípios da boa-fé objetiva (CC/02, art. 422), da
função social dos contratos (CC/02, art. 421), da vedação ao abuso de direito
(CC/02, art. 187) e ao enriquecimento sem causa (CC/02, art. 884), todos servindo
de corolário para a efetivação da medida.

Nesse sentido, como se vê, a FSP não serviu propriamente de “fundamento


autoaplicável” no julgamento, mas sim um norte hermenêutico da análise do caso concreto.
Não foi “o argumento”, mas sim o balizador da análise dos requisitos para concessão da
liminar de imissão na posse.
Houve reforma.

3. Apelação cível – 1.0114.08.090074-8/001 – Fundamento autoaplicável

Usucapião especial urbana. Os usucapientes deram função social ao imóvel, o que


torna necessária a confirmação da sentença que proveu o pedido de usucapião.
108
No caso, a FSP foi usada diretamente para fundamentar a decisão, nos seguintes
termos:

Os Apelados lograram demonstrar que deram função social ao imóvel,


construíram casa e a utilizaram para moradia de sua família, de forma mansa,
pacífica e ininterrupta, pelo lapso de tempo necessário para a pretensão aquisitiva.
(…)

Finalmente, a sentença merece confirmação porque prestigia a função social da


propriedade, princípio consagrado no Código Civil e na Constituição da República.

De se ponderar que a proteção jurídica do direito de propriedade considera não


somente os interesses particulares do proprietário original, mas também os da
coletividade, o que impõe reconhecer o direito daquele que durante mais de 25 anos
construiu, cuidou e utilizou o imóvel como instrumento de seu desenvolvimento e de
sua família, em detrimento de quem apenas invocou a titularidade do bem para si
após quase três décadas. Vale ressaltar que os Apelados demonstraram não possuir
nenhum outro imóvel.

O caso apresentou uma singularidade na medida em que os proprietários originais


alegaram que a posse dos usucapientes decorria de contrato de comodato. A alegação foi
rebatida assim:

Importante observar que, nessa altura, o lapso temporal da posse dos Apelados não
pode ser preterido pela alegação não comprovada de que houve comodato, pois
decorrido o interregno necessário para consolidação da prescrição aquisitiva.

Não foi portanto rebatida, já que a posse decorrente de comodato, em regra, não
autoriza a declaração de usucapião.
Basicamente, o TJMG reconheceu a usucapião porque foi dada função social ao
imóvel e porque passado grande lapso temporal. Nesse sentido, a função social, no voto,
representou um verdadeiro requisito para a usucapião. Certo de que a usucapião especial
urbana, como já apontado outras vezes pelo TJMG, se inspira na FSP, reconhecer que a
legitimidade da norma decorre desse princípio é coisa diferente de reconhecer a própria FSP,
norma de conteúdo abstrato, como requisito mesmo da usucapião.
Não houve reforma.

4. Apelação cível – 1.0284.08.009185-3/005 – Fundamento autoaplicável


109
Ação de imissão na posse movida pelo Estado de Minas Gerais contra
particulares. Desapropriação judicial. Imóvel público. Bem dominical. FSP usada para
permitir a aplicação do regime civilista aos bens dominicais.
A defesa apresentada pelos particulares que ocupavam o imóvel foi a de que a
hipótese dos autos era a de “desapropriação judicial”. O instituto está previsto no art. 1.228,
§§3.º e 4.º, do Código Civil, nos seguintes termos:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o


direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado


consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse
social e econômico relevante.

§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida


ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do
imóvel em nome dos possuidores.

O Estado, por sua vez, argumentou que os bens públicos não estão sujeitos a
apossamento, bem como que o Código Civil a eles não se aplicam, possuindo regime
administrativo próprio.
Na decisão, o TJMG primeiro considerou as modernas limitações ao direito de
propriedade, baseadas na função social da propriedade, reconhecendo que a desapropriação
judicial se encontra neste âmbito:

Hodiernamente, a propriedade não pode ser entendida como direito fundamental


absoluto, já que limitada constitucionalmente, seja pela função social, bem como
outras restrições de direito público (como as urbanísticas e administrativas), privado
(direitos de vizinhança, por exemplo) e até mesmo eleitorais ou militares
(requisições de prédios para locais de votação e transações de imóveis nas faixas de
fronteira).

É nesse contexto que emerge a chamada "desapropriação judicial", prevista no art.


1.228, §§4º e 5º do Código Civil, como mais uma forma de limitação de ordem
social a que toda propriedade deve observar como condição de sua própria
existência

Em seguida, a diferenciou da usucapião, justificando a possibilidade de aplicá-la


aos imóveis públicos sem que haja ofensa à regra de imprescritibilidade dos bens públicos.
110
Após, fundamentou a possibilidade de aplicação do instituto ao caso em questão nos seguintes
termos:
Por outro lado, entendo factível a aplicação das disposições civilistas à
Administração Pública se o imóvel reivindicado for dominical.

Aos bens dominicais é franqueada a possibilidade de alienação, com a devida


autorização legislativa, sempre que constatada sua não utilização para as atividades
afetas à Administração.

Na hipótese em comento, tendo em vista que o apelante, durante longos 19 anos, não
deu qualquer destinação ao terreno que ora pretende se imitir na posse,
descumprindo, por completo, a exigência que também lhe é oponível de conferir
função social à propriedade, entendo plenamente viável a expropriação judicial.

O fundamento para a aplicação da desapropriação judicial ao caso é o


descumprimento da FSP.
O caso é singular na medida em que, em outras vezes nas quais o Tribunal se
debruçou sobre casos envolvendo posse (dentre eles os casos de usucapião) de imóveis
públicos, o entendimento foi oposto ao aqui exarado. Seja por entender que os imóveis
públicos não estão sujeitos a apossamento por particulares, seja por entender que a violação
dos bens públicos ofende à coletividade e ao interesse público, seja por entender que a FSP
não deve se prestar à defesa de interesses meramente particulares.
Aqui, a FSP foi usada diretamente para permitir a aplicação da desapropriação
judicial sobre imóvel público.
Não houve reforma.

5. Apelação cível – 1.0024.11.321932-3/001 – Fundamento autoaplicável

Ação de reintegração de posse. Posse a título de usufruto. Extinção pelo não uso.
Sem prazo legal determinado. O critério é a ofensa à FSP. Ofendida a FSP, se torna extinto o
usufruto. REsp 1179259/MG.
O caso em questão se tratou de uma ação possessória em que uma usufrutuária
pretendia ser reintegrada na posse do imóvel. O TJMG entendeu que, além de não ter sido
demonstrada a posse anterior, houve o abandono do imóvel por parte da autora e, assim, a
perda da condição de usufrutuária. Assim dispõe o art. 1.410, VIII, do CC/02:
111
Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro
de Imóveis:
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e
1.399).

Ocorre que o dispositivo legal não indica qual o lapso temporal necessário para a
extinção do usufruto. É aqui que entra a FSP. O critério para configurar extinto o usufruto é a
violação à FSP. Veja-se:

De se salientar que o usufruto é exercido à luz da função social da propriedade,


como todos os direitos que regem os bens imóveis, sendo efetivado, por
conseguinte, apenas e se a finalidade para o qual se destina a coisa ou seus
frutos são percebidos.

No caso, a simples desocupação do bem, sem qualquer fruição da coisa por longos
cinco anos, sem que se tenha sequer cuidado em comprovar a conservação deste ou
mesmo saber em que estado se verifica, se revela como desvio da finalidade social
para a qual se destina o direito real outorgado à autora.

No mesmo sentido, o REsp 1179259/MG, usado para fundamentar a decisão, cuja


ementa é a que segue:

DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXTINÇÃO DE


USUFRUTO. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. REEXAME DE FATOS
E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. NÃO USO OU NÃO FRUIÇÃO DO BEM
GRAVADO COM USUFRUTO. PRAZO EXTINTIVO. INEXISTÊNCIA.
INTERPRETAÇÃO POR ANALOGIA. IMPOSSIBILIDADE. EXIGÊNCIA DE
CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. (…)

4- O usufruto encerra relação jurídica em que o usufrutuário - titular exclusivo dos


poderes de uso e fruição - está obrigado a exercer seu direito em consonância com a
finalidade social a que se destina a propriedade. Inteligência dos arts. 1.228, § 1º, do
CC e 5º, XXIII, da Constituição.

5- No intuito de assegurar o cumprimento da função social da propriedade gravada,


o Código Civil, sem prever prazo determinado, autoriza a extinção do usufruto
pelo não uso ou pela não fruição do bem sobre o qual ele recai.

6- A aplicação de prazos de natureza prescricional não é cabível quando a demanda


não tem por objetivo compelir a parte adversa ao cumprimento de uma prestação.

7- Tratando-se de usufruto, tampouco é admissível a incidência, por analogia, do


prazo extintivo das servidões, pois a circunstância que é comum a ambos os
institutos - extinção pelo não uso - não decorre, em cada hipótese, dos mesmos
fundamentos.

8- A extinção do usufruto pelo não uso pode ser levada a efeito sempre que, diante
das circunstâncias da hipótese concreta, se constatar o não atendimento da
finalidade social do bem gravado.
112

9- No particular, as premissas fáticas assentadas pelo acórdão recorrido revelam, de


forma cristalina, que a finalidade social do imóvel gravado pelo usufruto não estava
sendo atendida pela usufrutuária, que tinha o dever de adotar uma postura ativa de
exercício de seu direito.

10- Recurso especial não provido.

(REsp 1179259/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,


julgado em 14/05/2013, DJe 24/05/2013)

FSP usada diretamente, como critério, para declarar extinto o usufruto.


Não houve reforma.

6. Apelação cível – 1.0456.04.024748-2/001 – Fundamento legitimador

Rescisão de contrato de promessa de compra e venda no âmbito de programa de


habitação. Pedido de reintegração de posse. O inadimplemento impede a implementação do
programa, assim, não há violação à FSP.

A rescisão do contrato e a reintegração na posse não violam o princípio da função


social da propriedade neste caso, por se tratar de financiamento rotativo, em que os
valores quitados retornam para um fundo, visando dar suporte financeiro à execução
de programas habitacionais criados pelo Estado, de modo a proporcionar o
financiamento de outro imóvel para novo contratante. Na verdade é a
implementação do direito à moradia para a população de baixa renda.

Assim, a FSP não legitima a permanência da recorrente no imóvel.


Não houve reforma.

7. Agravo de Instrumento – 1.0024.14.005544-3/003 – Fundamento legitimador

Imóvel tombado. Necessidade de realização de obras de manutenção e, assim, da


saída temporária dos proprietários do imóvel. “Limita-se a propriedade na medida em que se
busca dar um sentido coletivo à sua tutela”. FSP indica a observância desse princípio.
A ação foi ajuizada pelo MP com a finalidade de o município de Belo Horizonte
realizar obras de restauração em imóvel tombada. O juiz deferiu a medida em sentença, bem
como a antecipação de tutela.
113
Ocorre que o imóvel era habitado. Assim, os moradores recorreram acerca da
antecipação de tutela, alegando que a medida afronta o seu direito à habitação.
O TJMG entendeu que “Limita-se a propriedade, assim como qualquer outro
direito, na medida em que se busca dar um sentido coletivo à sua tutela”. É diante dessa
máxima que se interpreta institutos como o da FSP:

Dessa forma, os artigos 421 (função social do contrato) e 1.228, § 1° (função social
da propriedade) do Código Civil somente acabam por demonstrar que a intenção
legislativa é fazer com que as relações civis obedeçam esse princípio, que não é, por
si só, uma limitação, mas sim o próprio sentido de qualquer tipo de limitações.

Diante disso, em sendo a FSP a representação da sujeição da propriedade a um


interesse coletivo, bem como estando a propriedade sujeita ao atendimento desse um interesse
coletivo, os proprietários devem sim deixar o imóvel.
O que houve foi um verdadeiro juízo de ponderação, em que o direito à habitação,
nesse caso, cedeu em virtude da necessidade do cumprimento da FSP, entendida como o
atender à coletividade. Atendimento esse materializado com a restauração de bem com valor
histórico-cultural reconhecido.
Diante disso, a FSP foi usada como argumento autoaplicável.
Não houve reforma.

8. Apelação cível – 1.0024.13.104114-7/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para concessão da reintegração. Deve ser
averiguada em ação de desapropriação, de responsabilidade da União. Vedação à autotutela.
Cabe ao Judiciário, em sede de possessórias, avaliar tão somente os requisitos previstos no
CPC. Julgamento conjunto de duas apelações, aviadas pela Defensoria e pelo MP.

Contudo, a presente “actio” trata de demanda possessória, na qual a tutela


jurisdicional almejada não visa à propriedade do imóvel, mas a posse deste, devendo
ser atendidos os requisitos impostos pelo art.927 do Código de Processo Civil, nada
mais.

De consequência, é desnecessária a comprovação da função social no âmbito desta


ação possessória. Dito requisito deve ser discutido em demandas expropriatórias
para fins de reforma agrária, cuja responsabilidade e competência são da União
Federal.
114

É dizer, qualquer invasão de terra pertencente à particular não é legal, ainda que não
demonstrada a função social da propriedade, sob pena de se chancelar ocupações
clandestinas como instrumento de coerção do Estado à realização de reforma
agrária. (…)

Não houve reforma.

9. Apelação cível – 1.0024.12.098569-2/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para concessão da reintegração. FSP “deve
complementar o exame da melhor posse”. Vedação à autotutela. FSP deve ser verificada em
ação de desapropriação, cuja responsabilidade é da União.
O TJMG entendeu que a FSP não é requisito das ações possessórias, mas sim um
critério para avaliar a melhor posse.

A partir daí, forçoso concluir, ao contrário do sustentado pelos Apelantes, que o


cumprimento da função social da propriedade não está inserido no rol dos requisitos
necessários à procedência da ação reintegratória.

Na verdade, como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, “a função social da


posse deve complementar o exame da ‘melhor posse’ para fins de utilização dos
interditos possessórios. Quer dizer, alia-se a outros elementos, tais como a
antiguidade e a qualidade do título, não podendo ser analisada dissociada de tais
critérios, estabelecidos pelo legislador de 2002, a teor do art. 1.201, parágrafo único,
do Código Civil, conferindo-se, inclusive, ao portador do justo título a presunção de
boa-fé.” (REsp 1148631 / DF, Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe
04/04/2014)

Porém, no caso dos autos, não há que se falar em discussão de “melhor posse”,
tendo em vista a invasão coletiva realizada por diversas famílias que integram o
MLT - Movimento de Luta pela Terra. (…)

Destaca-se, por oportuno, que a desapropriação para fins de reforma agrária, além de
não ser objeto desta lide, não pode, de forma alguma, ser convalidada pelo Poder
Judiciário a partir da legitimação de atos clandestinos, praticados em contrariedade
ao ordenamento jurídico.

Não houve reforma.

10. Apelação cível – 1.0024.09.566641-8/004 – Fundamento legitimador


115
Ação possessória. FSP não é requisito para concessão da reintegração.
Sopesamento do direito de propriedade com o dever de dar à propriedade FSP. Nesse sentido,
a necessidade de instauração de procedimento próprio para essa avaliação. Procedimento esse
de desapropriação. Violação ao devido processo legal. Vedação à autotutela.

Analisando os autos, percebe-se que os autores, ora recorrentes, assumem a


condição de ocupantes do imóvel rural em tela, e pleiteiam a medida possessória sob
as alegações de improdutividade da propriedade, bem como descumprimento da
função social. Contudo, conforme preliminarmente exposto, tais requisitos não são
pertinentes às ações possessórias.

Muito embora reconheça que a Constituição Federal, em seu art. 186, reverencia o
Princípio da Função Social sobre as propriedades rurais, conforme bem salientado
pelo magistrado singular, existe um procedimento próprio para apurar se a
propriedade cumpre ou não tal prerrogativa, conforme previsto no art. 184 da
Constituição Federal, in verbis: (…)

Nos resta claro, portanto, que compete a União, se do interesse, através de


procedimento autônomo, levantar questões pertinentes a produtividade da terra e
respectivo descumprimento ou não da função social da propriedade, ficando defeso
nos autos da ação possessória abranger tais discussões. (…)

Ademais, ao meu entendimento, inexiste na Constituição Federal a prevalência de


princípios. Da mesma forma que aplica-se o principio da função social (art. 5º,
XXIII e art. 186), protege-se o direito à propriedade (art. 5º, XXII e art. 170).

Daí que, diante da relevância da matéria, faz-se necessário a instauração de


procedimento próprio, para verificar a colidência entre os preceitos e aplicar o
princípio da preponderância, pois qualquer medida de intervenção tem o caráter
excepcional.

Conclui-se, portanto, que a lei não pode ser aplicada por mãos próprias, de modo
que, reconhecer a legalidade da ocupação, sem o impulso do Estado, sem o devido
processo legal, e ainda, sem a justa indenização ao desapropriado, seria uma afronta
aos preceitos legais.

Não houve reforma.

11. Apelação cível – 1.0024.10.085263-1/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para reintegração. Ônus de sustentar a


reforma agrária é do Estado, não do particular/proprietário.

Salienta-se, neste aspecto, inda que o artigo 170, inciso III, da Carta Magna,
consagre a função social a ser conferida à propriedade, não se mostra cabível atribuir
exclusivamente ao particular o ônus de suportar a melhoria de vida da população
116
carente com a conseqüente distribuição de renda, uma vez que tal tarefa é acometida
ao Estado, a quem cabe precipuamente, solucionar e custear as questões sociais que
lhe são postas.

Não houve reforma.

12. Apelação cível – 1.0024.13.120056-0/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para concessão da reintegração. Deve ser
averiguada em ação de desapropriação, de responsabilidade da União.
Não houve reforma.

13. Apelação cível – 1.0620.13.001479-3/001 – Fundamento legitimador

Servidão de passagem. Ausência dos requisitos. O argumento da FSP não


prosperou em razão do caso concreto. A concessão da servidão prejudicaria o cumprimento da
FSP do outro imóvel.
Os autores pretendiam abrir uma servidão de passagem no imóvel vizinho. Uma
das alegações foi a de que “a construção da garagem trará maior utilidade a seu imóvel,
cumprindo sua função social”.
Na decisão, o TJMG afastou tal alegação porque ela seria impertinente.

Segundo o disposto no art. 1378 do Código Civil, para se obter a servidão de


passagem é necessário que os prédios sejam vizinhos com proprietários diferentes e
o objetivo seja dar maior utilidade ao imóvel dominante. Sua forma de constituição
é, em regra, através de ato voluntário e excepcionalmente por decisão judicial, por
meio da usucapião, hipótese prevista no art. 1379 do CC. Veja-se: (…)

Contudo, resta afastada a possibilidade de constituição da servidão pela hipótese do


art. 1378 do Código Civil, tendo em vista que os recorridos a ela se opõem.

Também não se pode deferir a constituição da servidão pela usucapião, pois não há
nos autos qualquer prova da existência dos requisitos elencados no art. 1379 do CC,
quais sejam, a posse contínua, aparente, sem oposição e por mais de 10 (dez) anos.

Ressalte-se que a prova desses requisitos era da apelante, conforme preceitua o art.
333, I do Código de Processo Civil.

O argumento atinente à FSP, entretanto, foi trabalhado, entendendo o Tribunal que


a servidão impediria que o imóvel serviente cumprisse com a FSP:
117

Lado outro, mesmo que se entenda pela aplicação do princípio da função social da
propriedade, a concessão da servidão seria muito gravosa aos proprietários do
imóvel.

É de se ter em mente que a servidão é uma das mais severas restrições ao exercício
da propriedade, pois parte do domínio do bem, é de certa forma transferido ao dono
do prédio dominante, como se extrai na lição de Arnaldo Rizzardo, a seguir
transcrita: (…)

Pelo que se observa dos anexos fotográficos trazidos pela própria apelante (fls.
12/15), a faixa do terreno que se encontra entre a rua e seu lote é de tamanho
considerável. No muro da recorrente já existe um portão de garagem, sendo que,
para a concessão da servidão de passagem, seria necessário fracionar o imóvel dos
recorridos.

A medida obstaria a eventual fruição desse pedaço de lote, seja para também
estacionarem veículos, para depósito de material, ou para cessão da posse a
terceiros.

Logo, a constituição da servidão traria prejuízos irreversíveis aos recorridos,


afetando o princípio da função social da propriedade em relação aos donos do
imóvel serviente.

Apesar de afastado, o argumento da FSP foi subsidiariamente analisado e


afastado, servindo portanto como um fundamento da decisão.
Não houve reforma.

14. Apelação cível – 1.0153.11.002816-1/002 – Fundamento legitimador

Ação de passagem forçada. FSP legitima o instituto. FSP usada para dar conteúdo
ao conceito de encravamento.
O imóvel não estava totalmente encravado, conteúdo, o acesso à via pública era
bastante difícil.

No caso dos autos, como muito bem mencionou o MM. Juiz de primeiro grau, o
imóvel dos autores não se encontra totalmente encravado, tendo acesso pelos
fundos, e para chegarem até a Av. Antonio Justino, percorrem um trajeto, parte dele
sobre as margens da linha férrea, e outra parte em um beco. Ocorre que, em pese o
imóvel não se encontrar totalmente encravado o acesso é bastante penoso e difícil,
principalmente nos momentos de trânsito de locomotivas, ao que parece não há luz
artificial.
118
Assim, o TJMG tratou de analisar se o encravamento precisa ser total ou parcial.
O argumento para entender que bastava encravamento parcial envolveu a função social da
propriedade, trabalhado nos seguintes termos.

A passagem forçada, basicamente é o direito de passar por prédio alheio conferido a


quem não tem acesso à via pública. É indevidamente chamada de servidão legal,
mas de servidão não se trata, pois não envolve limitação arbitrária, mas um dever
inerente à propriedade. (…)
O Instituto da passagem forçada tem como finalidade precípua assegurar o
cumprimento da função social da propriedade, assegurado no artigo 5 º inciso
XXIII da Constituição Federal. (…)

Já a moderna entende que é dispensável que o prédio seja absolutamente encravado,


sendo suficiente, para o deferimento da proteção pleiteada, que o caminho indicado
seja o mais adequado a atender às necessidades dos postulantes. Nelson Rosenvald e
Cristiano Chaves de Farias, assim se manifestam, citando entendimento de Arnaldo
Rizzardo:

“Contudo, parece-nos que, nos tempos atuais, a


penetração do princípio constitucional da função social
da propriedade evoca a destinação coletiva da coisa,
em benefício conjunto de seu titular e da
comunidade, visando a uma finalidade econômica
relevante. Assim, mesmo que exista uma saída para a
via pública, constatando-se dificuldade, insuficiência,
inadequação ou, até mesmo, periculosidade do percurso,
permitir-se-á ao magistrado interpretar o dispositivo de
forma extensiva, concedendo ao proprietário
necessitado outra saída para que seu imóvel tenha a
sua utilização ampliada e possa atender às
necessidades de exploração econômica”.(Faria,
Cristiano Chaves de ; Roosenvald, Nelson. Direitos
Reais, 6.ed. Rio de Janeiro; Lumen Juris, 2009, p.453).

O STJ já se manifestou no mesmo sentido:.

CIVIL. Direitos de vizinhança. Passagem forçada


(CC.art.559). Imóvel encravado. Numa era em que a
técnica da engenharia dominou a natureza, a noção de
imóvel encravado já não existe em termos absolutos e
deve ser inspirada pela motivação do instituto da
passagem forçada, que deita raízes na supremacia do
interesse público; juridicamente, encravado é o imóvel
cujo acesso por meios terrestres exige do respectivo
proprietário despesas excessivas para que cumpra a
função social sem inutilizar o terreno do vizinho,
especial conhecido e provido em parte 9STJ, Resp
316.336/MS, Rel. Min. Ari Pargendler, 3 ª Turma, j.
18.08.2005, DJ 19.09.2005, p. 316).

No caso dos autos, como muito bem mencionou o MM. Juiz de primeiro grau, o
imóvel dos autores não se encontra totalmente encravado, tendo acesso pelos
119
fundos, e para chegarem até a Av. Antonio Justino, percorrem um trajeto, parte dele
sobre as margens da linha férrea, e outra parte em um beco. Ocorre que, em pese o
imóvel não se encontrar totalmente encravado o acesso é bastante penoso e difícil,
principalmente nos momentos de trânsito de locomotivas, ao que parece não há luz
artificial.

Assim, também entendo que os autores devem ter o direito de passagem assegurado,
eis que sua propriedade encontra-se encravada.

Em vista, assim, da FSP, cujo objetivo seria dar uma finalidade coletiva à
propriedade, a passagem forçada é obrigatória para que o imóvel dominante possa dar
cumprimento à FSP.
Assim, a FSP é o que legitima o instituto, bem como o que conferiu o sentido de
“encravado’’, servindo portanto como fundamento legitimador.
Não houve reforma.

15. Apelação cível – 1.0024.12.172468-6/004 – Fundamento legitimador

Possessória. Cumprimento da FSP não é requisito para deferimento da


reintegração. FSP deve ser analisada em sede de ação de desapropriação. Competência da
União. Ofensa ao princípio do devido processo legal. Vedação ao exercício das próprias
razões.
Não houve reforma.

16. Agravo de instrumento – 1.0567.15.003420-3/001 – Retórica´

Ação de imissão na posse. Presentes os requisitos para deferimento da liminar.


FSP apenas mencionada.
Não houve reforma.

17. Apelação cível – 1.0024.08.075491-4/003 – Retórica

Ação possessória. O cumprimento da FSP não é requisito elencado pelo CPC para
provimento das ações possessórias.
120
Não houve reforma.

18. Apelação cível – 1.0701.11.032349-3/001 – Retórica

Usucapião especial urbano. Apelante proprietário de 1/8 de um terreno. Nua-


propriedade. Ausentes os requisitos para a prescrição aquisitiva. FSP apenas mencionada.
O autor pretendia usucapir um imóvel com fundamento na usucapião especial
urbana. Ocorre que ele era proprietário de 1/8 de uma nua-propriedade, a qual integrou seu
patrimônio por meio de herança. Apesar das especifidades do caso concreto, na qual o 1/8 do
imóvel de propriedade do autor é inutilizável, o TJMG entendeu que os requisitos da
usucapião especial urbana não foram atendidos. A FSP foi apenas mencionada.
Não houve reforma.

19. Embargos de declaração – 1.0024.09.719350-2/006 – Retórica

Embargos de declaração. Analisadas apenas as questões processuais dos embargos


de declaração. Ausência de omissão, contradição ou obscuridade.
Não houve reforma.

20. Apelação cível – 1.0439.12.016383-7/001 – Retórica

Usucapião especial rural. Interpretação ampla da produtividade do imóvel.


Preenchimento dos requisitos. As menções à FSP não tiveram utilidade argumentativa.
Houve reforma.

21. Agravo de Instrumento – 1.0024.14.230724-8/001 – Retórica

Possessória. FSP não é requisito para o deferimento da liminar por falta de


previsão legal.
Não houve reforma.
121

22. Apelação cível – 1.0024.10.268893-4/003 – Retórica

Possessória. Cumprimento da FSP não é requisito para dar provimentos às ações


de reintegração de posse.
Não houve reforma.
122
2016

1. Apelação cível – 1.0106.13.003997-2/001 – Fundamento autoaplicável

Usucapião extraordinária. Área inferior à do módulo rural. Art. 65 do Estatuto da


Terra. Finalidade é dar cumprimento à FSP. Não disposição de limite mínimo dentre os
requisitos. Pequena propriedade rural atrelada ao cumprimento da FSP. Impedir a usucapião
afrontaria o princípio da FSP.
O autor entrou com pedido de usucapião previsto no art. 550 do CC/73:

Art. 550. Aquele que, por 20 (vinte) anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de título e boa-fé
que, em tal caso, se presume, podendo requerer ao juiz que assim o declare por
sentença, a qual lhe servirá de título para transcrição no Registro de Imóveis.

O juiz sentenciante indeferiu o pedido com base no art. 65 do Estatuto da Terra,


que assim dispõe:

Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva
do módulo de propriedade rural.

Para afastar a aplicação do dispositivo, o TJMG teceu, antes, algumas


considerações acerca da usucapião rural (arts. 191 da Constituição e 1.239 do Código Civil).

A usucapião especial rural tem por finalidade promover a Política Agrícola do


Estado, cujo escopo é cumprir a função social e econômica da propriedade (Lei
n. 8.171/91, art. 2°, I). Para tanto, as normas a ela relativas fixaram sempre limite
máximo para a área usucapida (cinquenta hectares), não dispondo, por outro lado,
de limite mínimo.

Para embasar o posicionamento, trouxe o entendimento do STJ:

É irrefutável que o principal objetivo da usucapião constitucional rural é viabilizar,


por meio da propriedade familiar, a sobrevivência do trabalhador rural baseada na
exploração da terra. O maior desafio do instituto e que faz dele seu objetivo é a
harmonização de valores igualmente relevantes: a função social da propriedade, a
subsistência familiar e o progresso econômico.

Por isso, penso que possibilitar a divisão do módulo rural em casos como o que ora
se apresenta vai ao encontro do espírito constitucional, contribuindo sobremaneira
para melhoria da qualidade de vida no campo, dando dignidade aos trabalhadores.
Permitir a usucapião de imóvel cuja área seja inferior ao módulo rural da região é
otimizar a distribuição de terras destinadas aos programas governamentais para o
apoio à atividade agrícola familiar.
123

A pequena propriedade rural é inseparável de sua função social, cujo objetivo é


garantir o sustento da família que naquele imóvel labuta, contribuindo para o
progresso e bem-estar social.
(REsp n. 1.040.296/ES. Rel. Min. MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Min. LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, j. 02/06/2015, DJe 14/08/2015)

Diante desse posicionamento referente às usucapiões rurais (extraordinária ou


especial), o TJMG entendeu que a mesma “ratio” deveria se aplicar ao caso, na medida em
que a área que o autor pretendia usucapir “serve tanto à moradia quanto à subsistência”. Vedar
a usucapião, nesse sentido, seria uma afronta direta ao princípio da FSP. Aplicou-se,
analogicamente, o entendimento firmado em sede das usucapiões especial rural e
extraordinária, ainda que o fundamento do pedido fosse a usucapião prevista no art. 550 do
CC/16.
FSP usada diretamente para fundamentar a decisão.
Houve reforma.

2. Apelação cível – 1.0303.15.000584-9/001 – Fundamento legitimador

Ação de reintegração de posse. Passagem forçada. Encravamento parcial. FSP


utilizada para interpretação do conceito de encravamento.
O autor não tinha via que permitisse o acesso de máquinas agrícolas a sua
propriedade, mas a propriedade não estava encrava, já que tinha acesso sim às vias públicas.
Diante disso, o TJMG entendeu que

Numa leitura contemporânea, não se tem exigido que o imóvel esteja em situação de
absoluto encravamento, firme na função social da propriedade, a fim de lhe dar
uma destinação econômica (…)

Contudo, parece-nos que, nos tempos atuais, a penetração do princípio


constitucional da função social da propriedade e da comunidade, visando a uma
finalidade econômica relevante. Assim, mesmo que exista uma saída para a via
pública, constatando-se dificuldade, insuficiência, inadequação ou, até mesmo,
periculosidade do percurso, permitir-se-á ao magistrado interpretar o dispositivo de
forma extensiva, concedendo ao proprietário necessitado outra saída para que seu
imóvel tenha a sua utilização ampliada e possa atender às necessidades de
exploração econômica. (…)

Assim, atento ao fim social da propriedade, para de que o imóvel se destine à


utilidade econômica, e considerando que o mesmo se encontra encravado, hei por
bem atender à pretensão da autora.
124

Assim, a FSP deu conteúdo ao conceito de “encravamento”, foi usada como


parâmetro de interpretação. Foi, assim, fundamento legitimador.
Houve reforma.

3. Apelação cível – 1.0106.15.004951-3/001 – Fundamento legitimador

Registro de compra e venda de imóvel com área inferior ao módulo rural.


Cumprimento da FSP: aproveitamento adequado do solo. Diante disso, a existência de normas
de parcelamento do solo. Impossibilidade de registro de compra e venda de imóvel cuja área
seja inferior à do módulo rural.
Suscitação de dúvida. Os apelados pretendiam registrar contrato de compra e
venda de imóvel cuja área era inferior ao módulo rural. Pretendiam, portanto, se tornarem
proprietários do imóvel, nos termos do art. 1.245 do Código Civil. Em primeiro grau, o juiz
autorizou o registro.
O MP, então, interpôs apelação alegando que a FSP impõe o uso adequado do solo
e, assim, a observância das normas de parcelamento, uso e ocupação do solo.
Esse foi também o entendimento do TJMG:

No que tange à propriedade rural dispõe a CR/1988:

Art. 186. A função social é cumprida quando a


propriedade rural atende, simultaneamente, segundo
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

Acerca da função social da propriedade e o módulo rural, atente-se para a


jurisprudência do STJ:

1. A propriedade privada e a função social da


propriedade estão previstas na Constituição Federal de
1988 dentre os direitos e garantias individuais (art. 5.º,
XXIII), sendo pressupostos indispensáveis à promoção
da política de desenvolvimento urbano (art. 182, § 2.º) e
rural (art. 186, I a IV). (...). 4. O módulo rural previsto
no Estatuto da Terra foi pensado a partir da
delimitação da área mínima necessária ao
aproveitamento econômico do imóvel rural para o
sustento familiar, na perspectiva de implementação
125
do princípio constitucional da função social da
propriedade, importando sempre, e principalmente, que
o imóvel sobre o qual se exerce a posse trabalhada
possua área capaz de gerar subsistência e progresso
social e econômico do agricultor e sua família, mediante
exploração direta e pessoal - com a absorção de toda a
força de trabalho, eventualmente com a ajuda de
terceiros. (...). (REsp n.º 1040296/ES, 4ª T/STJ, rel. p/
acórdão Luís Felipe Salomão, DJe 14/8/2015 - ementa
parcial)

Cumpre salientar que a legislação infraconstitucional (notadamente a Lei n.º


4.504/1964 - Estatuto da Terra e a Lei n.º 5.878/1972 - Cria o Sistema Nacional de
Cadastro Rural), ao tratar do imóvel rural, prevê óbice à divisão da propriedade em
área inferior à prevista com módulo rural; confira-se:

Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de


dimensão inferior à constitutiva do módulo de
propriedade rural. (…)

Assim, a FSP é o que legitima as normas de parcelamento do solo, logo, violá-las,


é violar indiretamente o próprio princípio da FSP.
O caso merece, ainda, uma observação.
Nos casos envolvendo usucapião de imóvel rural cuja área é inferior ao módulo, o
TJMG, recorrentemente, vem defendendo a tese da possibilidade da aquisição do imóvel e o
consequente registro da sentença. Não há, entretanto, contradição. Uma coisa é usucapião
outra coisa é transmissão de imóvel fruto de loteamento ilegal ou irregular.
Primeiro porque para o TJMG as modalidades de usucapião rural, com previsão
constitucional, não preveem limite mínimo de área e, assim, lei inferior não poderia criar um
requisito não previsto na Constituição. Assim, as regras referentes ao módulo aplicam-se às
transmissões de propriedade mas não às aquisições por meio de usucapião.
Segundo porque o TJMG entende que, nas hipóteses de usucapião há uma
concretização direta da FSP, não podendo as regras de organização do solo impedirem o
desenvolvimento moradia e produção dum núcleo familiar. Prepondera, assim, o aspecto de
moradia e sustentação de pequenas unidades produtoras da FSP em detrimento do aspecto de
uso ordenado do solo. Até porque, no entender do TJMG, a usucapião rural tem como
premissa que moradia e produção rural familiar significam uso adequado do solo.
Terceiro porque loteamento irregular/ilegal é prática a ser coibida e que não se faz
presente na usucapião.
126
Houve reforma.

4. Apelação cível – 1.0027.11.012082-4/003 – Fundamento legitimador

Embargos de terceiro. Imóvel público doado a uma igreja. Igreja vendeu o imóvel
aos particulares/embargantes, sem anuência do município. Reversão da doação. Título nulo e
má-fé. FSP não se presta a permitir posses ilegais.
O município doou uma área a uma instituição religiosa, estabelecendo encargos
para sua efetivação. Acontece que a instituição religiosa transmitiu lotes a particulares e,
após, por meio da ação principal, a doação foi revertida, tendo o município sido provido,
também, em seu pedido de imissão na posse. A lei que concedeu o imóvel à igreja, ademais,
proibiu que o imóvel doado fosse transmitido sem a anuência do município.
Os embargos de terceiro foram opostos por um dos que firmaram contrato de
promessa de compra e venda. Alegaram que não pretendiam ver reconhecida a validade do
título aquisitivo, mas sim ter sua posse resguardada com base na FSP.
Em primeiro lugar, o TJMG entendeu pela clandestinidade da posse, na medida
em que

Trata-se, como bem observou o Município em sua defesa, de uma sequência


totalmente irregular e ilegal de alienações de área, que não pode ser agora amparada
por decisões do Poder Judiciário.

Como se vê, o autor manteve posse indireta clandestina, e, portanto, nula, e sem
qualquer tipo de título legítimo, não tendo condições de sustentar a pretensão
contida na inicial, pois o que fica patente nos autos é que a suposta posse, tal como
pretendida, não perdeu o seu caráter originalmente clandestino, na medida em que
não respeitadas as condições da doação pela igreja, e que vendeu o imóvel sem
qualquer autorização, mesmo porque, presente causa para reversão do bem ao
patrimônio municipal.

E, ainda que o Município tenha se mostrado inerte por mais de dez anos na reversão
da doação, certo é que o bem público não se mostra passível de prescrição
aquisitiva, encontrando-se o particular impossibilitado de usucapir, alienar ou
adquirir bens públicos, a teor do que prescreve o art. 183, §3º, da Constituição
Federal, bem como o art. 102 do Código Civil. (…)

E o Superior Tribunal de Justiça também possui entendimento consolidado no


sentido de que os bens públicos não são passíveis de posse por particulares.

Por fim, teceu considerações acerca da alegação do embargante fundada na FSP:


127

E não aproveita ao autor a invocação do princípio da função social da propriedade,


ou mesmo da dignidade da pessoa humana, que não se podem embasar em posses
irregulares e ilegais como na espécie, não se descurando que a administração pública
rege-se pelo princípio da legalidade e casos como o dos autos vão de encontro a este
princípio, assim como os do direito à propriedade, da segurança jurídica e da
imprescritibilidade do patrimônio público.

Do exposto, percebe-se que o Tribunal considerou como clandestina a posse do


embargante, na medida em que o título aquisitivo padecia de vários vícios, na medida em que
a transmissão entre particulares necessitava da anuência do município e, além, porque
presentes as condições de reversão da doação. A ilicitude da posse, assim, tem razão na
aquisição do imóvel. Diante disso, entendeu que a FSP não pode se embasar em posses
“irregulares e ilegais”.
A decisão, por isso, delimitou um campo de aplicação da FSP, qual seja, posses
que não sejam irregulares ou ilícitas. Isto é, a FSP só deve aproveitar àqueles cuja posse não
seja ilícita.
Entendimento peculiar. Noutras situações, o TJMG protegeu posses irregulares
com base na FSP. Ademais, em várias ações de usucapião, o TJMG desconsiderou eventual
vício no título aquisitivo como elemento para contaminar a posse.
A verdade é que o acórdão não deixou muito claro qual foi o raciocínio jurídico
percorrido. Fez considerações acerca da imprescritibilidade dos bens públicos, mas o imóvel
havia sido doado, com encargos e restrições, para entidade privada. Considerou como
clandestina posse adquirida por meio de contrato de promessa de compra e venda e, além
disso, não considerou que essa clandestinidade havia cessado. Enfim, o acórdão não é claro.
Não houve reforma.

5. Agravo de instrumento – 1.0000.16.010928-6/000 – Fundamento legitimador

Ação de reintegração de posse. A FSP deve ser averiguada em sede de


desapropriação, de competência da União, e dentro do devido processo legal. INCRA atestou
que a propriedade cumpria com a FSP. O cumprimento ou não da FSP para fins de reforma
agrária, assim, é mais uma questão de legitimidade (quem atesta o cumprimento), do que de
128
fato (há ou não descumprimento à FSP). Descumprimento da FSP, assim, atrelado ao
entendimento do INCRA.

Ademais, o INCRA/MG declarou o arquivamento do processo de desapropriação da


Fazenda Talimã, tendo em vista as “restrições agronômicas e ambientais do imóvel
rural que o tornaram inviável para a criação de um projeto de assentamento de
reforma agrária.” (fls. 180-TJ)

Portanto, ainda que o cumprimento da função social fosse óbice ao deferimento da


liminar de reintegração de posse, verifica-se que não é o caso do presente processo,
haja vista que a propriedade cumpria seu papel social.

Não houve reforma.

6. Apelação cível – 1.0024.13.120197-2/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Descumprimento da FSP não legitima invasão. Questão a ser


analisada em sede de desapropriação. Princípio do devido processo legal.
Não houve reforma.

7. Agravo de instrumento – 1.0000.16.009026-2/000 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Tutela provisória. FSP não é requisito para concessão da tutela
provisória. Deve ser analisada em sede de desapropriação. Observância do devido processo
legal. Vedação da autotutela.
Não houve reforma.

8. Apelação cível – 1.0024.11.330823-3/005 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Tutela provisória. FSP não é requisito para concessão da tutela
provisória. Deve ser analisada em sede de desapropriação. Observância do devido processo
legal. Vedação da autotutela.
Não houve reforma.

9. Agravo de instrumento – 1.0024.15.048153-9/001 – Fundamento legitimador


129

Ação possessória. Descumprimento da FSP não legitima invasão. Questão a ser


analisada em sede de desapropriação.
Não houve reforma.

10. Apelação cível – 1.0024.11.275674-7/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Descumprimento da FSP não legitima invasão. Questão a ser


analisada em sede de desapropriação.
Não houve reforma.

11. Apelação cível – 1.0024.14.094044-6/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Cumprimento da FSP não é requisito para concessão de


reintegração de posse. Descumprimento da FSP deve ser avaliado em sede de ação de
desapropriação.
Não houve reforma.

12. Apelação cível – 1.0024.07.492353-3/005 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Descumprimento da FSP não legitima invasão, em vista da


proibição da autotutela.
Não houve reforma.

13. Agravo de instrumento – 1.0701.14.006029-7/002 – Retórica

Ação de desapropriação. Sentença procedente e que imitiu provisoriamente o ente


público na área desapropriada. Iniciadas as obras do terminal ferroviário, o município
ingressou com pedido pugnando pela autorização judicial para execução dos serviços de
130
implantação da rede elétrica, sob a forma de servidão administrativa, no restante da área (não
expropriada) pertencente ao requerido. Pedido concedido em primeiro grau.
FSP consta apenas num trecho do voto em que, para demonstrar a presença
implícita do princípio da supremacia do interesse público, o relator menciona as hipóteses de
desapropriação.
Não houve reforma.

14. Agravo de instrumento – 1.0000.16.020656-1/000 – Retórica

Ação possessória. O atendimento ou não da função social da propriedade não é


requisito a ser questionado em sede de pedido de tutela provisória em ação possessória.
Não houve reforma.

15. Agravo de instrumento – 1.0000.16.020658-7/000 – Retórica

Ação possessória. O atendimento ou não da função social da propriedade não é


requisito a ser questionado em sede de pedido de tutela provisória em ação possessória
Não houve reforma.

16. Agravo de instrumento – 1.0000.16.011498-9/000 – Retórica´

Ação possessória. O atendimento ou não da função social da propriedade não é


requisito a ser questionado em sede de pedido de tutela provisória em ação possessória
Não houve reforma.

17. Apelação cível – 1.0024.10.165384-8/003 – Retórica

Ação possessória. O cumprimento da FSP não é requisito elencado pelo CPC para
provimento das ações possessórias.
Não houve reforma.
131
132
2017

1. Apelações cíveis – 1.0079.12.019090-9/001 e 1.0079.12.044422-3/001– Fundamento


autoaplicável (ambos)

Ações conexas. (1) Ação reivindicatória c/c pedido de desocupação. Imóvel em


terreno público. Obras públicas. Desistência da ação por parte do ente público. Possibilidade
de realização das obras sem a retirada das famílias. FSP como garantia do direito à moradia
(conteúdo). FSP usada para extinguir a ação sem julgamento do mérito por falta de interesse
de agir (função discursiva/aplicação). (2) Ação para reconhecimento de concessão de uso
especial para fins de moradia. Ausência de pedido prévio à Administração. Matéria de defesa
nos autos conexos. Inafastabilidade da jurisdição. No caso, desnecessidade de pedido
administrativo, em vista da ação reivindicatória. FSP como finalidade da MP 2.220/01. MP
2.220/01 como instrumento para dar FS ao imóvel público.
O caso é que, no primeiro processo, os réus/apelantes habitavam num imóvel
construído sobre terreno público municipal. O Município, em razão de pretender construir
uma rua, entrou com uma ação reivindicatória para retirar os apelantes. No curso do processo,
entretanto, o município ofereceu pedido de desistência, em razão da desnecessidade de retirar
os moradores para realização da obra. Os réus não aceitaram a desistência e, em primeiro
grau, o juiz sentenciou condenando os réus a se retirarem do imóvel. Uma das teses de defesa
apresentada pelos réus era a de que eles faziam jus em receberem o imóvel a título de
concessão de uso especial para fins de moradia, objeto do segundo processo.
No posicionamento majoritário do julgamento, inicialmente, o TJMG fez algumas
ponderações acerca do direito à moradia, considerando-o como um dos conteúdos mesmo da
FSP. Em sequência, em vista de o imóvel ser usado como moradia e, assim, cumprir com sua
FS, o Tribunal entendeu que, mesmo sem o aceite da desistência por parte dos réus, o
processo deveria ser extinto sem exame do mérito, por perda superveniente do interesse de
agir.

Ocorre que, após o saneamento do processo, o Município manifestou ás fls. 159/160,


requerendo a desistência da ação, ao fundamento de que o Secretário de Obras e
Serviços Urbanos encontrou outra solução para realização da obra sem a
necessidade de remoção das famílias que ocupam a área reivindicada.
133

Não obstante os réus não terem concordado com a desistência da ação, deve o
magistrado agir com sensibilidade nas ações que visam a perda de moradia das
pessoas carentes, que lá se instalaram e com dificuldade construíram a casa de
morada.

Ora, não é prudente que tendo o próprio município desistido da reivindicação da


área o juiz julgue procedente a ação e determine a desocupação do imóvel. Tal
atitude vai de encontro ao clamor da sociedade por uma gestão mais democrática do
imóvel público urbano, atrelando a ele o princípio da função social da propriedade.

Dessa forma, tendo o próprio ente municipal reconhecido a desnecessidade da


desocupação de famílias carentes para realização de obra pública, conseguindo,
inclusive, alternativa para realização aprovada pela Agência Nacional de Águas,
correto é o reconhecimento da perda superveniente do interesse de agir, pelo que
merece reforma a decisão singular.

Pois bem. A hipótese é de ação reivindicatória. O objetivo dessa espécie de ação é


reconhecer o direito de propriedade e imitir o proprietário na posse do bem. Logo, não é
porque um proprietário não irá mais realizar determinada obra que haveria uma perda
superveniente do interesse de agir. É por conta disso que, nesse caso, a FSP foi classificada
como norma autoaplicável. Ora, foi diante desse princípio que foi visualizada uma hipótese de
extinção do processo por falta de interesse de agir que, grosso modo, não existiria.
Uma peculiaridade desse julgado é, também, a forma de tratamento que o TJMG
deu a um imóvel público.

Ora, não é prudente que tendo o próprio município desistido da reivindicação da


área o juiz julgue procedente a ação e determine a desocupação do imóvel. Tal
atitude vai de encontro ao clamor da sociedade por uma gestão mais democrática do
imóvel público urbano, atrelando a ele o princípio da função social da
propriedade.

Ora, se a procedência da ação resultaria no reconhecimento de uma propriedade


pública que ficaria sem destinação (afinal, as obras não mais se realizariam), não haveria
interesse de agir do município na medida em que os imóveis públicos devem cumprir com
a FSP.
FSP usada, assim, diretamente como critério para se auferir a presença ou não de
interesse de agir.
Houve reforma.
O segundo processo, anexo ao acima analisado, era uma ação em que os
moradores pretendiam fosse declarado seu direito à concessão especial para fins de moradia
134
(MP 2.220/01). O juiz sentenciante declarou improcedente o pedido na medida em que os
autores não haviam requerido, antes, administrativamente o pedido.
Assim dispõe o art. 6.º da MP 2.220/01:

Art. 6º O título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido pela
via administrativa perante o órgão competente da Administração Pública ou, em
caso de recusa ou omissão deste, pela via judicial.

Para afastar a aplicação do dispositivo, o TJMG levantou dois argumentos não


relativos à FSP: inafastabilidade da jurisdição e desnecessidade da via administrativa em vista
da ação reivindicatória.
Além destes, foi desenvolvido um argumento relacionado a uma interpretação
finalística da lei e relacionado à FSP:

Vislumbra-se a importância da Concessão de Uso Especial para fins de moradia, que


surgiu em consonância ao clamor da sociedade por uma gestão mais democrática do
imóvel público urbano, atrelando a ele o princípio da função social da propriedade.

Impende-se ressaltar que, antes somente era mencionada e discutida a função social
da propriedade privada. Isto se justifica pelo fato de que nunca antes houve
instrumentos que comprovassem a importância de se atingir a função social da
propriedade pública, o que torna inovador tal instrumento. (…)

Assim, como instrumento da política urbana, a concessão especial para fins de


moradia visa à regularização fundiária em áreas publicas, sendo de grande
importância sua utilização para aqueles que ali habitam, encontrando-se à margem
do direito de propriedade.

Vale dizer, em matéria de direito à moradia (CF, art. 6º), cumpre a análise sensível
das circunstâncias fáticas pelo magistrado, caso a caso, porquanto convive o Direito
com o método da ponderação, que informa a necessidade de se sopesar a
importância dos bens jurídicos, de maneira a melhor adequá-los às premissas
constitucionais fundamentais, notadamente nos casos em que se leva em conta o
desabrigo de pessoas carentes por ato do próprio Poder Público. (…)

Nesse contexto, atenta in casu grave questão social, que desafia a aplicação do
Direito à luz do postulado da dignidade humana e também da garantia fundamental
de moradia. (…)

Vê-se, portanto, que, em sendo o objetivo da MP conferir ao imóvel público


urbano FS, na medida em que garante o direito à moradia, aplicar o disposto no art. 6.º da MP
seria contrário à finalidade da própria MP. FSP, assim, teve aplicação direta para afastar o
requisito inserto no art. 6.º da MP 2.220/01.
Houve reforma.
135

2. Agravo de instrumento – 1.0000.17.040665-6/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A comprovação do atendimento à função social da propriedade


não é requisito para a concessão da proteção possessória. FSP somente pode ser discutida em
demandas expropriatórias para fins de reforma agrária, cuja responsabilidade e competência
são da União Federal.
Não houve reforma.

3. Agravo de instrumento – 1.0017.12.008710-5/002 – Fundamento autoaplicável

Ação de reintegração de posse. Cumprimento da FSP não é requisito para


deferimento da tutela provisória. Após dilação probatória, possibilidade de se intimar o Poder
Público para tomar as providências cabíveis em vista de possível descumprimento da FSP.
Novamente uma invasão coletiva a imóvel rural. A tutela provisória foi deferida
em primeira instância e a associação que representa os ocupantes agravou da decisão. Um dos
fundamentos e pedidos foi, nas palavras do relator: “não cumprimento da função social da
propriedade, que autoriza a suspensão da liminar e expedição de ofício ao Poder Público
para dizer se tem interesse de intervenção no imóvel”.
A decisão do TJMG, aqui, contudo, foi peculiar. Veja-se como o Tribunal se
pronunciou:

Assim, a presença desses requisitos autoriza o deferimento de plano da


reintegração de posse, como ocorreu na hipótese. Eventual descumprimento da
função social da propriedade pode, em circunstâncias especiais, desencadear outras
providências – âmbito administrativo – e, quiçá, até impedir a reintegração;
porém, tudo isso depende da dilação probatória. (…)

Por outro, cabe ao Juízo a quo, após dilação probatória, decidir sobre a necessidade
de intimação dos Órgãos Públicos sobre eventual interesse na área objeto da lide, o
alegado descumprimento da função social da propriedade e os interesses
públicos sociais envolvidos no conflito.

Assim, a FSP foi reconhecida sim como requisito para concessão da tutela
possessória definitiva. FSP, portanto, como fundamento autoaplicável. O entendimento foi
contrário a quase todos os outros casos de invasão coletiva a imóvel rural.
136
Não houve reforma.

4. Apelação cível – 1.0024.07.785980-9/005 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Desnecessidade de demonstrar o cumprimento da FSP para


obtenção da tutela possessória. Descumprimento da FSP autoriza a desapropriação para fins
de reforma agrária, mas não legitima invasões.
Não houve reforma.

5. Apelação cível – 1.0024.10.125818-4/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Desnecessidade de demonstrar o cumprimento da FSP para


obtenção da tutela possessória. Descumprimento da FSP autoriza a desapropriação para fins
de reforma agrária, mas não legitima invasões.
Não houve reforma.
6. Apelação cível – 1.0024.13.300665-0/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. “Reforma Agrária é competência da Justiça Federal, sendo que


a verificação da função social da propriedade não é requisito necessário para as possessórias,
não havendo falar-se em qualquer legalidade na invasão feita pelos réus”.
Não houve reforma.

7. Agravo de instrumento – 1.0000.16.030984-5/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Desnecessidade de demonstrar o cumprimento da FSP para


obtenção da tutela possessória. Descumprimento da FSP autoriza a desapropriação para fins
de reforma agrária, de competência da União. Princípio do devido processo legal.
Não houve reforma.

8. Agravo de instrumento – 1.0000.16.089432-5/001 – Fundamento legitimador


137

Ação possessória. Desnecessidade de demonstrar o cumprimento da FSP para


obtenção da tutela possessória. Descumprimento da FSP autoriza a desapropriação para fins
de reforma agrária, de competência da União. Princípio do devido processo legal. Vedação à
autotutela.
Não houve reforma.

9. Apelação cível – 1.0024.11.330823-3/005 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Desnecessidade de demonstrar o cumprimento da FSP para


obtenção da tutela possessória. Descumprimento da FSP autoriza a desapropriação para fins
de reforma agrária, de competência da União. Princípio do devido processo legal.
Não houve reforma.

10. Apelação cível – 1.0024.14.094044-6/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Cumprimento da FSP não é requisito para concessão de


reintegração de posse. Descumprimento da FSP deve ser avaliado em sede de ação de
desapropriação.
Não houve reforma.
11. Agravo de instrumento – 1.0000.16.094525-9/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. Desnecessidade de demonstrar o cumprimento da FSP para


obtenção da tutela possessória. Descumprimento da FSP autoriza a desapropriação para fins
de reforma agrária, de competência da União. FSP deve ser discutida, se for o caso, perante à
Justiça Federal.
Não houve reforma.

12. Agravo de instrumento – 1.0000.17.034200-0/001 – Retórica


138
Ação possessória. A comprovação do atendimento à função social da propriedade
não é requisito para a concessão da proteção possessória. FSP apenas mencionada.
Não houve reforma.

13. Agravo de instrumento – 1.0710.16.002000-8/001 – Retórica

Ação possessória. Arrendamento rural. Ausência de notificação. Venda do imóvel.


Deferimento da tutela provisória em favor do arrendatário. FSP apenas mencionada.
Houve reforma.

14. Apelação cível – 1.0002.10.001051-7/001 – Retórica

Ação de usucapião. Posse contestada. Indeferimento do pedido por ausência do


requisito de posse mansa e pacífica. FSP consta apenas da ementa.
Não houve reforma.

15. Agravo de instrumento – 1.0024.15.169051-8/002 – Retórica´

Ação possessória. A comprovação do atendimento à função social da propriedade


não é requisito para a concessão da proteção possessória
Não houve reforma.

16. Agravo de instrumento – 1.0000.16.070485-4/001 – Retórica

Ação possessória. Para o deferimento da tutela provisória, basta a demonstrar


presentes os requisitos insertos no art. 561 do CPC. Não houve reforma.
139
2018

1. Agravo de instrumento – 1.0000.18.085647-8/001– Retórica

Invasão coletiva de imóvel rural. Tutela provisória da posse.


Em primeiro grau, o juiz deferiu a tutela provisória da posse (nova). O MP
agravou da decisão, alegando ausência dos requisitos para concessão da liminar, na media em
que “(i) no caso de imóvel rural a posse é caracterizada pelo exercício de uma das formas de
atividade agrária produtiva voltada para a função social da propriedade”; e (ii) “não houve
inspeção judicial no imóvel nem audiência de justificação prévia, sendo a decisão proferida
com base unicamente nos documentos constantes dos autos”.
O julgamento foi marcado pelo contraponto que os desembargadores revisor e
vogal fizeram ao posicionamento do relator, que deu provimento ao agravo para reformar a
decisão que deferiu a tutela possessória provisória. O fundamento do relator para reformar a
decisão foi o de que o juiz não compareceu ao local do fato e, assim, não houve a
comprovação da presença dos requisitos. O relator partiu da seguinte premissa:

Note-se que este Des. Relator não desconhece que, na hipótese de serem
demonstrados documentalmente os requisitos da liminar reintegratória é dispensável
a audiência de justificação de posse. Porém, quando se depara com um conflito
envolvendo muitas pessoas e/ou famílias, deve-se ter enorme cuidado, pois está em
jogo não apenas a retomada da “posse” do imóvel, mas, sobretudo, o direito
daqueles que “nada possuem” de ocupar um espaço no mundo. (…)

Não se olvida que a solução é difícil de ser encontrada, mas a própria questão aponta
para a gravidade do conflito, pois, se de um lado há o direito à reintegração da
posse, de outro não se pode, simplesmente, alijar os ocupantes e enviá-los para o
“sem rumo”. Noutros termos, deve-se recorrer a um conceito de Direito que está
para além do revolvimento de regras possessórias, i.é, de um conceito que prime
pela “harmonia na convivência”.

Veja-se que o que se pretende pontuar com essa digressão é que o conflito
multitudinário sobre a posse de imóvel não deve ser tratado como mera ação
possessória entre “particulares”, mas como um fato extremamente relevante que
remete à harmonia social. Portanto, deve-se ter à frente o ideal da convivência
fraterna em primeiro lugar e, a partir das normas e princípios constitucionais,
intentar o melhor encaminhamento possível para o problema, a fim de que não haja,
mais ainda, o esgarçamento do tecido social.

A ideia, portanto, é a de que esse tipo de ação – “conflito multitudinário sobre a


posse” – deve ser tratada a partir de uma ótica que extrapola interesses particulares, já que o
140
conflito que carrega “remete à harmonia social”. É, por isso inclusive, o comando previsto no
art. 126 da Constituição:

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de
varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.

Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz


far-se-á presente no local do litígio.

Diante disso, não seria uma faculdade do Magistrado se fazer presente no local do
litígio, mas sim uma obrigação, na media em que, nas ações possessórias multitudinárias, se
“está em jogo a harmonia social ou a constituição de uma comunidade fraterna”.
O comparecimento do juiz, assim, é absolutamente necessário para correta
avaliação acerca do deferimento ou não da tutela provisória da posse. Assim se manifestou o
Des. Relator:

Isso não quer dizer que a “medida liminar” não deva ser deferida, mas, reitere-se, se
for o caso do deferimento, devem ser tomados muitos cuidados, justamente para que
não haja, mais ainda, “afronta aos direitos” daqueles que, hipoteticamente, ou em
tese, não possuem mínimos direitos sociais, como a “moradia” ou “trabalho” (art. 6º
da CR), que congregam uma espécie de núcleo axiológico para a projeção do ser
humano como humano.

E, aliado a isso, ganham também contornos de importância as alegações propostas


na inicial do agravo no que respeita à “posse agrária”, caracterizada pela
existência de atividade agropecuária produtiva e a questão da função social da
propriedade. (…)

E essas proposições poderiam ser facilmente comprovadas com a presença do


Magistrado no local dos fatos, ocasião em que poderia verificar se há ou não
“posse agrária” ou se o imóvel atende ou não a “função social”. Contudo, não é
só, sempre acompanhado - com intimação prévia -, tanto da Defensoria Pública
Estadual quanto do Ministério Público (arts. 176, 178, III e 185 do NCPC).

A conclusão do argumento é importante. Como se vê, para o Relator, a presença


do juiz é necessária, inclusive, para avaliar a qualidade da posse exercida sobre o imóvel e,
também, se este cumpre ou não com a FSP. Diante disso, o cumprimento da FSP, ao contrário
do posicionamento exarado na maioria esmagadora dos outros julgados analisados, é um dos
requisitos para deferimento ou não da ordem de reintegração.
A FSP, assim, seria norma autoaplicável. E não só. Em se tratando de imóvel
rural, ele é cumprida na medida em que exercida uma “posse agrária”, “caracterizada pela
existência de atividade agropecuária produtiva”.
141
Esse não foi o posicionamento adotado pelo TJMG. Por maioria, o Tribunal
entendeu que o não comparecimento do magistrado no local do conflito “não enseja nulidade
da decisão recorrida – uma vez identificada situação de flagrante urgência e devidamente
fundamentada, com observância das determinações legais aplicáveis”. A questão da FSP não
foi trabalhada no posicionamento da maioria, o que justifica a classificação do julgado como
“função retórica”.
Não houve reforma.

2. Apelação cível – 1.0142.15.003316-5/002 – Fundamento autoaplicável

Usucapião. Imóvel com área inferior ao módulo rural. Hierarquia das normas.
Princípio da FSP permite a usucapião de imóvel cuja é área inferior ao módulo rural. FSP
como trabalho e moradia. Precedente STJ.
Conforme art. 65 da Lei 4.504/64, os imóveis rurais cuja área seja inferior à do
módulo são irregistráveis. Com base nisso, o juiz de primeiro grau extinguiu ação de
usucapião rural constitucional por impossibilidade jurídica do pedido.
O TJMG se utilizou de dois argumentos para não aplicar a regra inserta no art. 65
da Lei 4.504/64. O primeiro foi a partir de uma análise de hierarquia das normas. A CR/88
não prevê área mínima passível de usucapião, assim, lei inferior não pode impor tal requisito.
O segundo argumento foi acerca da aplicação da FSP. Aqui, o TJMG se utilizou da
tese firmada no STJ por ocasião do Recurso Especial n.º 1.040.296/ES. A ementa é a que
segue:

RECURSO ESPECIAL. USUCAPIÃO RURAL CONSTITUCIONAL. FUNÇÃO


SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL. MÓDULO RURAL. ÁREA MÍNIMA
NECESSÁRIA AO APROVEITAMENTO ECONÔMICO DO IMÓVEL.
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DA NORMA. CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
PREVISÃO DE ÁREA MÁXIMA A SER USUCAPIDA. INEXISTÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL DE ÁREA MÍNIMA. IMPORTÂNCIA MAIOR AO
CUMPRIMENTO DOS FINS A QUE SE DESTINA A NORMA.

1. A propriedade privada e a função social da propriedade estão previstas na


Constituição Federal de 1988 dentre os direitos e garantias individuais (art. 5.º,
XXIII), sendo pressupostos indispensáveis à promoção da política de
desenvolvimento urbano (art. 182, § 2.º) e rural (art. 186, I a IV).
142
2. No caso da propriedade rural, sua função social é cumprida, nos termos do art.
186 da CF/1988, quando seu aproveitamento for racional e apropriado; quando a
utilização dos recursos naturais disponíveis for adequada e o meio ambiente
preservado, assim como quando as disposições que regulam as relações de trabalho
forem observadas.

3. A usucapião prevista no art. 191 da Constituição (e art. 1.239 do Código Civil),


regulamentada pela Lei n. 6.969/1981, é caracterizada pelo elemento posse-trabalho.
Serve a essa espécie tão somente a posse marcada pela exploração econômica e
racional da terra, que é pressuposto à aquisição do domínio do imóvel rural, tendo
em vista a intenção clara do legislador em prestigiar o possuidor que confere função
social ao imóvel rural.

4. O módulo rural previsto no Estatuto da Terra foi pensado a partir da delimitação


da área mínima necessária ao aproveitamento econômico do imóvel rural para o
sustento familiar, na perspectiva de implementação do princípio constitucional
da função social da propriedade, importando sempre, e principalmente, que o
imóvel sobre o qual se exerce a posse trabalhada possua área capaz de gerar
subsistência e progresso social e econômico do agricultor e sua família,
mediante exploração direta e pessoal - com a absorção de toda a força de
trabalho, eventualmente com a ajuda de terceiros.

5. Com efeito, a regulamentação da usucapião, por toda legislação que cuida da


matéria, sempre delimitou apenas a área máxima passível de ser usucapida, não a
área mínima, donde concluem os estudiosos do tema, que mais relevante que a área
do imóvel é o requisito que precede a ele, ou seja, o trabalho realizado pelo
possuidor e sua família, que torna a terra produtiva e lhe confere função social.

6. Assim, a partir de uma interpretação teleológica da norma, que assegure a tutela


do interesse para a qual foi criada, conclui-se que, assentando o legislador, no
ordenamento jurídico, o instituto da usucapião rural, prescrevendo um limite
máximo de área a ser usucapida, sem ressalva de um tamanho mínimo, estando
presentes todos os requisitos exigidos pela legislação de regência, parece
evidenciado não haver impedimento à aquisição usucapicional de imóvel que guarde
medida inferior ao módulo previsto para a região em que se localize.

7. A premissa aqui assentada vai ao encontro do que foi decidido pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal, em conclusão de julgamento realizado em 29.4.2015, que
proveu recurso extraordinário, em que se discutia a possibilidade de usucapião de
imóvel urbano em município que estabelece lote mínimo para parcelamento do solo,
para reconhecer aos recorrentes o domínio sobre o imóvel, dada a implementação da
usucapião urbana prevista no art. 183 da CF.

8. Na oportunidade do Julgamento acima referido, a Suprema Corte fixou a seguinte


tese: Preenchidos os requisitos do art. 183 da CF, o reconhecimento do direito à
usucapião especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional
que estabeleça módulos urbanos na respectiva área onde situado o imóvel (dimensão
do lote) (RE 422.349/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 29.4.2015)

9. Recurso especial provido.

A tese, portanto, é a de que o “módulo rural” visa precisamente à concretização da


FSP, normatizando o uso do solo. Da análise da usucapião rural prevista na CR/88, seus
143
requisitos são posse-trabalho e posse-moradia, do que se infere que: (i) há uso adequado do
solo e, portanto, (ii) há cumprimento da FSP. Nas palavras no TJMG:

não pode se sobrepor às concepções e princípios constantes da Constituição Federal


vigente, pois no Direito moderno se deve conferir atenção especial à função social
da propriedade de forma a garantir paz social a quem faz uso da área rural, seja com
fins de trabalho ou moradia e independente de sua metragem mínima.

Além disso, percebe-se que o TJMG deu também conteúdo à FSP, na medida em
que entendeu que o cumprimento da FSP pode se dar através da moradia e da pequena
produção agropecuária.
FSP como norma autoaplicável, na medida em que a “metragem mínima” não
pode ser empecilho ao seu cumprimento.
Houve reforma.

3. Apelação cível – 1.0142.17.001715-6/002 – Fundamento autoaplicável

Usucapião. Imóvel com área inferior ao módulo rural. Hierarquia das normas.
Princípio da FSP permite a usucapião de imóvel cuja é área inferior ao módulo rural.
Usucapião extraordinária de imóvel rural cuja área seja inferior ao módulo como uma forma
de concretização da FSP. FSP como trabalho e moradia. Precedente STJ.
Houve reforma.

4. Apelação cível – 1.0000.16.065652-6/006 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP como conteúdo mesmo do direito de propriedade. FSP


deve ser avaliada em sede de desapropriação, cuja competência é da União. “Qualquer
invasão de terra pertencente à particular [sic] não é legal, ainda que não demonstrada a função
social da propriedade, sob pena de se chancelar ocupações clandestinas como instrumento de
coerção do Estado à realização de reforma agrária”.
Não houve reforma.

5. Apelação cível – 1.0000.18.012324-2/001 – Fundamento legitimador


144

Ação possessória. FSP como conteúdo mesmo do direito de propriedade. FSP


deve ser avaliada em sede de desapropriação, cuja competência é da União. “Importante dizer,
por último, que a questão do descumprimento da função social da propriedade é irrelevante
para a proteção possessória, a qual não se prende ao cânone constitucional mencionado no
artigo 5º, inciso XXIII da Carta da República”.
Não houve reforma.

6. Apelação cível – 1.0000.16.094525-9/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP como conteúdo mesmo do direito de propriedade. FSP


deve ser avaliada em sede de desapropriação, cuja competência é da União. “Importante dizer,
por último, que a questão do descumprimento da função social da propriedade é irrelevante
para a proteção possessória, a qual não se prende ao cânone constitucional mencionado no
artigo 5º, inciso XXIII da Carta da República”.
Não houve reforma.

7. Apelação cível – 1.0024.14.193490-1/004 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP deve ser averiguada em ação de desapropriação. Vedação à


autotutela. Princípio do devido processo legal.
Não houve reforma.
8. Apelação cível – 1.0000.15.103147-3/003 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para provimento do pedido de reintegração.


Vedação à autotutela. FSP deve ser averiguada em ação de desapropriação, cuja competência
é da União.
Não houve reforma.

9. Agravo de instrumento – 1.0000.15.093017-0/001 – Fundamento legitimador


145

Ação possessória. FSP não é requisito para provimento do pedido de reintegração.


Vedação à autotutela. FSP deve ser averiguada em ação de desapropriação, cuja competência
é da União.
Não houve reforma.

10. Apelação cível – 1.0000.17.040665-6/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para provimento do pedido de reintegração.


FSP deve ser averiguada em ação de desapropriação, cuja competência é da União. Princípio
do devido processo legal.
Não houve reforma.

11. Apelação cível – 1.0024.15.046060-8/003 – Fundamento legitimador

Interdito proibitório. FSP deve ser averiguada em ação de desapropriação, cuja


responsabilidade é da União. Relativização do argumento da FSP, na medida em que a CR/88
também prevê a defesa da propriedade privada.
Não houve reforma.

12. Apelação cível – 1.0024.14.332479-6/002 – Fundamento legitimador

Ação possessória. A comprovação do atendimento à função social da propriedade


não é requisito para a concessão da proteção possessória. FSP apenas mencionada.
Não houve reforma.

13. Agravo de instrumento – 1.0000.16.065652-6/004 – Fundamento legitimador


146
Ação possessória. FSP não é requisito para provimento do pedido de reintegração.
Vedação à autotutela. FSP deve ser averiguada em ação de desapropriação, cuja competência
é da União.
Não houve reforma.

14. Agravo de instrumento – 1.0000.17.081645-8/001 – Fundamento legitimador

Ação possessória. FSP não é requisito para provimento do pedido de reintegração.


Vedação à autotutela. FSP deve ser averiguada em ação de desapropriação, cuja competência
é da União. Não se discute, em possessórias, questões afetas ao direito de propriedade.
Não houve reforma.

15. Remessa necessária – 1.0460.14.001497-4/001 – Fundamento legitimador

Reintegração de posse. Imóvel público. Permissão de uso a uma terceira para que
residisse no imóvel. Desocupação temporária do imóvel. Invasão. Ausência de posse da ré:
detenção. FSP não é critério de litígio possessório de bem público entre particular e ente
público. Ente público conferiu sim FSP ao imóvel.
O município havia permitido a uma terceira que usasse imóvel de sua propriedade
para habitação. Essa terceira, temporariamente, desocupou o imóvel, pelo que este foi
invadido pela ré. Tanto município como essa terceira ajuizaram ação de reintegração de posse,
ambas julgadas improcedentes em 1.º grau. Conforme anotado pelo TJMG:

O magistrado julgou improcedentes as demandas, determinando a manutenção de


Maria Patrícia Moisés no imóvel, por ser esta a solução que atendia ao princípio da
função social da propriedade, haja vista que a ré demonstrou ser pessoa carente, que
necessita da casa para fins de moradia de sua família

Em primeiro lugar, o TJMG analisou a questão levantada pela ré de que o


município havia perdido a posse do imóvel e a permissionária, ao abandonar o imóvel, o
direito de permissão.

Como cediço, os bens públicos são indisponíveis, impenhoráveis, inalienáveis,


insuscetíveis de prescrição aquisitiva e de apossamento por particular. (…)
147

Assim, a ocupação de bem público, ainda que de forma regular – formalizada por
Termo de Permissão de Uso –, não pode ser reconhecida como posse,
equiparando-se à detenção, prevista nos arts. 1.198 e 1.208 do Código Civil.

Por essa razão, não persiste o argumento da ré de que o Município, ao firmar Termo
de Permissão de Uso com Geismara Amaral Dias, teria perdido a posse do bem. Ora,
transfere-se apenas a detenção, de forma que o Município permanece na condição
de possuidor e proprietário do bem, fazendo jus à proteção possessória. (…)

Não se discute aqui a relação existente entre a permissionária e a ré ou eventual


proteção possessória que uma tenha em relação à outra, mas tão somente o direito
do Município de reaver imóvel de sua propriedade.

Isso porque, embora entre as particulares possa se falar em relação de posse,


entre o ente público e a ocupante do bem há, no máximo, detenção.

Só se há, assim, de se falar em análise de melhor posse de imóvel público quando


a contenda for entre particulares. Se o litígio for entre ente público e o “ocupante do bem há,
no máximo, detenção”. Essa distinção é fundamental para análise da FSP neste caso. É diante
dela que o TJMG vai afastar a alegação de que a ré deu função social ao bem e, assim, merece
ser mantida na posse deste. A conclusão foi a seguinte:

Conquanto seja possível cogitar-se na utilização da função social no litígio entre


dois particulares que ocupam bem público – como ocorreu no julgado supra –, o
mesmo não se aplica quando o litígio se dá entre o particular e o ente público.

Como exposto acima, “a função social da propriedade é a base normativa para a


solução dos conflitos atinentes à posse”, que inexiste no caso dos autos, em que a
permanência da ré no local gerou apenas detenção.

O posicionamento é interessante por dois motivos: (i) o TJMG entendeu que a


FSP não é critério para julgamento de possessória envolvendo ente público e privado, na
medida em que há apenas detenção; (ii) indiretamente, o TJMG entendeu que a FSP é critério
para julgamento de possessória acerca de bem público em que os litigantes são particulares. O
item -ii fica mais evidente quando se analisa a decisão do STJ que o tribunal mineiro usou
para fundamentar a decisão:

RECURSO ESPECIAL. POSSE. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BEM


PÚBLICO DOMINICAL. LITÍGIO ENTRE PARTICULARES. INTERDITO
POSSESSÓRIO. POSSIBILIDADE. FUNÇÃO SOCIAL. OCORRÊNCIA.

1. Na ocupação de bem público, duas situações devem ter tratamentos distintos: i)


aquela em que o particular invade imóvel público e almeja proteção possessória ou
148
indenização/retenção em face do ente estatal e ii) as contendas possessórias entre
particulares no tocante a imóvel situado em terras públicas.

2. A posse deve ser protegida como um fim em si mesma, exercendo o particular o


poder fático sobre a res e garantindo sua função social, sendo que o critério para
aferir se há posse ou detenção não é o estrutural e sim o funcional. É a afetação do
bem a uma finalidade pública que dirá se pode ou não ser objeto de atos
possessórias por um particular.

3. A jurisprudência do STJ é sedimentada no sentido de que o particular tem apenas


detenção em relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção possessória.

4. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares


sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à posse.

5. À luz do texto constitucional e da inteligência do novo Código Civil, a função


social é base normativa para a solução dos conflitos atinentes à posse, dando-se
efetividade ao bem comum, com escopo nos princípios da igualdade e da dignidade
da pessoa humana.

6. Nos bens do patrimônio disponível do Estado (dominicais), despojados de


destinação pública, permite-se a proteção possessória pelos ocupantes da terra
pública que venham a lhe dar função social.

7. A ocupação por particular de um bem público abandonado/desafetado - isto é, sem


destinação ao uso público em geral ou a uma atividade administrativa -, confere
justamente a função social da qual o bem está carente em sua essência.

8. A exegese que reconhece a posse nos bens dominicais deve ser conciliada com a
regra que veda o reconhecimento da usucapião nos bens públicos (STF, Súm 340;
CF, arts. 183, § 3°; e 192; CC, art. 102); um dos efeitos jurídicos da posse - a
usucapião - será limitado, devendo ser mantido, no entanto, a possibilidade de
invocação dos interditos possessórios pelo particular.

9. Recurso especial não provido. (REsp 1296964 / DF, Relator Ministro Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, julgamento em 18.10.2016, publicação em 07.12.2016)

Além desse argumento, subsidiariamente, o TJMG entendeu também de que a


alegação de que era a ré, e não o município, quem conferia função social ao imóvel não era
verídica. Na verdade, o ente público cumpriu sim com a FSP:

Ainda que assim não fosse, in casu, não é possível dizer que o Município não estava
observando a função social do bem, a justificar a permanência da ré para que desse
ao imóvel a destinação devida.

Isso porque, o Município firmou o Termo de Permissão de Uso em favor de


Geismara Amaral Dias justamente para dar função social ao bem, que serviria de
moradia para a permissionária e sua família. (…)

Se o imóvel estava sendo utilizado para a moradia de outra munícipe, ficando


desocupado por um breve período, não é possível dizer que não era atendida a
função social da propriedade.
149

A FSP no julgado, então teve bem delimitada seu campo de aplicação, além de ter
sido lhe dada conteúdo: moradia. Foi, assim, fundamento legitimador da decisão.
Houve reforma.

16. Apelação cível – 1.0687.14.001954-2/001 – Retórica

Usucapião tabular. Ausência de registro e posterior cancelamento. Possibilidade


de provimento se preenchidos os requisitos de justo título e boa-fé.
A análise deste acórdão está prejudicada pela má qualidade, principalmente, do
relatório. De toda forma, o termo FSP consta apenas de excertos de doutrina e jurisprudência
presentes no acórdão.
Houve reforma.

17. Agravo de instrumento – 1.0166.18.001060-4/001 – Retórica

Servidão administrativa. Pedido de imissão provisória na posse. Descabimento.


Necessidade de demonstrar inexistência de prejuízo ao particular e, se for o caso, realizar o
depósito prévio. FSP apenas mencionada.
Não houve reformar.

18. Apelação cível – 1.0388.10.000308-5/006 – Retórica

Usucapião especial urbano. Presentes os requisitos .FSP apenas mencionada.


Houve reforma.

19. Agravo de instrumento – 1.0598.14.000867-6/003 – Retórica

Ação de rescisão contratual c/c despejo. Tutela provisória para despejar a


ré/agravante. Contrato de arrendamento rural .Inadimplemento no que diz respeito não apenas
150
ao pagamento, mas também no que se refere ao mau uso da terra. Despejo mantido. FSP
apenas mencionada na ementa.
Não houve reforma.

20. Agravo de instrumento – 1.0000.17.075953-4/001 – Retórica

Ação possessória. FSP não é requisito elencado para concessão de reintegração


provisória da posse.
Não houve reforma.

21. Apelação cível – 1.0035.10.008687-1/002 – Retórica

Ação reivindicatória. Imóvel público. Tese de defesa: direito à concessão de uso


especial para fins de moradia. O TJMG entendeu que a posse era de má-fé e precária.
Divergência aberta pela primeira vogal, vencida. FSP consta apenas da ementa do voto
vencido.
O TJMG entendeu que a posse exercida pela ré era precária e de má-fé, não sendo
assim hábil a gerar concessão direito a uso especial para fins de moradia. Apenas a vogal
entendeu que presentes os requisitos para deferir o pedido de concessão de direito a uso
especial para fins de moradia.
Ao analisar o instituto, teceu algumas considerações.

Com efeito, a Concessão de Uso Especial para fins de moradia, surgiu em


consonância ao clamor da sociedade por uma gestão mais democrática do imóvel
público urbano, atrelando a ele o princípio da função social da propriedade.

Impende-se ressaltar que, antes somente era mencionada e discutida a função social
da propriedade privada. Isto se justifica pelo fato de que nunca antes houve
instrumentos que comprovassem a importância de se atingir a função social da
propriedade pública, o que torna inovador tal instrumento.

O posicionamento adotado, contudo, não trabalhou o princípio da FSP.


Não houve reforma.
151
REFERÊNCIAS ANEXOS

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0023.10.000149-6/001. Agravante: Paulo José da


Silva e outros. Agravado: Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerias.
Relatora: Desembargadora Vanessa Verdolim Hudson Andrade. Belo Horizonte/MG, 24 de
agosto de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 14 de setembro de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
numeroRegistro=1&totalLinhas=1&linhasPorPagina=10&numeroUnico=1.0023.10.000149-
6%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0023.10.000151-2/001. Agravante: Ana da


Maternidade de Jesus. Agravada: CODEMIG - CIA de Desenvolvimento Econômico de
Minas Gerais. Relatora: Desembargadora Vanessa Verdolim Hudson Andrade. Belo
Horizonte, MG, 05 de outubro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 22 de outubro de 2010.
Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
numeroRegistro=1&totalLinhas=1&linhasPorPagina=10&numeroUnico=1.0023.10.000151-
2%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.09.505096-9/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Jose Julio Barros Sommerhauzer e outros. Relator:
Desembargador Pereira da Silva. Belo Horizonte/MG, 18 de maio de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 08 de junho de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
numeroRegistro=1&totalLinhas=1&linhasPorPagina=10&numeroUnico=1.0024.09.505096-
9%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.09.660655-3/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Jose Jorge de Melo. Relator: Desembargador Batista de
Abreu. Belo Horizonte/MG, 21 de julho de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 20 de agosto de
152
2010. Disponível em:
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3%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.09.729583-6/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Agropecuaria Adail Batista Coelho Filhos Ltda. Relator:
Desembargador Francisco Kupidlowski. Belo Horizonte/MG, 17 de junho de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 02 de julho de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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6%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.010786-1/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravada: Replasa – Reflorestadora S/A. Relator: Desembargador
Pereira da Silva. Belo Horizonte/MG, 31 de agosto de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 21 de
setembro de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.085263-1/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: FLE Empreendimentos Agrícolas Ltda. Relator:
Desembargador Marcelo Rodrigues. Belo Horizonte/MG, 04 de agosto de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 18 de agosto de 2010. Disponível em:
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153
BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.085263-1/001. Agravante: Otelino José da
Silva e outros. Agravado: Município de Luz. Relator: Desembargador Antônio Sérvulo. Belo
Horizonte/MG, 09 de fevereiro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 30 de abril de 2010.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.122427-7/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Espólio de Durval Spada Vito e outros. Relatora:
Desembargadora Márcia de Paoli Balbino. Belo Horizonte/MG, 30 de setembro de 2010. DJ:
Belo Horizonte/MG, 14 de outubro de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.157861-5/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Antônio Pereira Barbosa. Relator: Desembargador José
Flávio de Almeida. Belo Horizonte/MG, 17 de novembro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG,
06 de dezembro de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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5%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.157867-2/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Ilias Antônio de Oliveira e outros. Relatora:
Desembargadora Márcia de Paoli Balbino. Belo Horizonte/MG, 28 de outubro de 2010. DJ:
Belo Horizonte/MG, 24 de novembro de 2010. Disponível em:
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154
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BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0024.10.175959-5/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravada: Regina Blanche Galassi Gargalhone e outros. Relatora:
Desembargadora Márcia de Paoli Balbino. Belo Horizonte, MG, 30 de setembro de 2010. DJ:
Belo Horizonte/MG, 14 de outubro de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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5%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0334.09.015877-8/001. Agravante: Transportadora


Martins & Miranda Ltda. Agravada: COPAPI – Cooperativa Agropecuária Itapagipe.
Relatora: Desembargadora Selma Marques. Belo Horizonte/MG, 02 de junho de 2010. DJ:
Belo Horizonte/MG, 24 de junho de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento 1.0554.10.000074-0/001. Agravante: Ricardo dos


Santos. Agravada: CEMIG Distribuição S/A e outros. Relatora: Desembargadora Vanessa
Verdolim Hudson Andrade. Belo Horizonte, MG, 05 de outubro de 2010. DJ: Belo Horizonte/
MG, 22 de outubro de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.° 1.0000.16.009026-2/000. Agravante: Defensoria


Pública de Minas Gerais na condição de curadora especial. Agravado: Votorantim Siderurgia
S/A. Relator: Des. Alberto Henrique. Belo Horizonte, 16 de junho de 2016. DJ: 24 de junho
155
de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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2%2F000&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.° 1.0017.12.008710-5/002. Agravante: Associação


Rural do Assentamento Princesa do Vale. Agravado: Erica Gomes Figueiredo e outros.
Relator: Des. Manoel dos Reis Morais. Belo Horizonte, 05 de setembro de 2017. DJ: 15 de
setembro de 2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.° 1.0024.13.174142-3/002. Agravante: incertos e


não abidos. Agravado: Archibald Velloso de Araújo e outros. Relator: Des. Evandro Lopes da
Costa Teixeira. Belo Horizonte, 13 de março de 2014. DJ: 25 de março de 2014. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º -1.0024.10.170706-5/001. Agravante:


Movimento Libertação Sem Terra e outros. Candido Eduardo Paiva Machado e outros.
Relator: Des. Pedro Bernardes. Belo Horizonte, 1 de novembro de 2011. DJ: 16 de novembro
de 2011. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento n.º 1.0000.15.093017-0/001. Agravante: Defensoria


Pública de Minas gerais. Agravado: José Jorge de Melo. Relatora: Des. Aparecida Grossi.
156
Belo Horizonte, 01 de agosto de 2018. DJ: 02 de agosto de 2018. Disponível em:
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0%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>.

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.010928-6/000. Agravante: Defensoria


Pública de Minas Gerais na condição de curadora especial. Agravado: E.E.C.P. Relator: Des.
Pedro Aleixo. Belo Horizonte, 19 de setembro de 2016. DJ: 26 de setembro de 2016.
Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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6%2F000&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.011498-9/000. Agravante: Movimento


dos Sem Terra. Agravado: Rachel Miranda Portugal Reis. Relator: Des. José Flávio de
Almeida. Belo Horizonte, 11 de agosto de 2016. DJ: 23 de agosto de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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9%2F000&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de Instrumento n.º 1.0000.16.020656-1/000. Agravante:


Organização de Inclusão dos Trabalhadores Rurais dos Sem Terra. Agravado: Alcindo de
Castro. Relator: Des. Domingos Coelho. Belo Horizonte, 10 de outrubro de 2016. DJ: 18 de
outubro de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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1%2F000&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.020658-7/000. Agravante:


Organização de Inclusão dos Trabalhadores Rurais dos Sem Terra. Agravado: Alcindo de
157
Castro. Relator: Des. Domingos Coelho. Belo Horizonte, 10 de outrubro de 2016. DJ: 18 de
outubro de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.030984-5/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: REPLASA Reflorestadora S/A. Relator: Des. Luiz Artur
Hilário. Belo Horizonte, 02 de maio de 2017. DJ: 09 de maio de 2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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5%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.065652-6/004. Agravante: Defensoria


Pública de Minas Gerais, na condição de curadora especial. Agravado: Carlos Renato de
Morais e outros. Relator: Des. João Cancio. Belo Horizonte, 12 de junho de 2018. DJ: 13 de
junho de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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6%2F004&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.070485-4/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Maria Analina Burmann Loech. Relator: Des. Márcio
Idalmo Santos Miranda. Belo Horizente, 07 de março de 2017. DJ: 22 de março de 2017.
Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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158
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.089432-5/001. Agravante: Ministério
Público de Minas Gerais. Agravado: APERAM INOX América do Sul Ltda. Relator: Des.
José Marcos Vieira. Belo Horizonte, 26 de abril de 2017. DJ: 27 de abril de 2017. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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5%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.16.094525-9/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Celulose Nipo Brasileira S/A CENIBRA. Relator: Des.
Otávio Portes. Belo Horizonte, 22 de março de 2017. DJ: 27 de março de 2017. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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9%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.17.034200-0/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Caio Dutra Coelho e outros. Relator: Des. José Augusto
Lourenço dos Santos. Belo Horizonte, 22 de novembro de 2017. DJ: 23 de novembro de
2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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0%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.17.040665-6/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Espólio de João Dias de Oliveira e outros. Relator:
Sérgio André da Fonseca Xavier. Belo Horizonte, 19 de setembro de 2017. DJ: 19 de
setembro de 2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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159
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.17.075953-4/001. Apelante: Defensoria
Pública de Minas Gerais na condição de curadora especial e outros. Apelado: Cambium Brazil
MG Investimentos Florestais Ltda. Relator: Des. Amorim Siqueira. Belo Horizonte, 27 de
fevereiro de 2018. DJ: 02 de março de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.17.081645-8/001. Agravante: Movimento


de Luta pela Terra. Agravado: João Alberto Nozela e outros. Relator: Des. Cabral da Silva.
Belo Horizonte, 27 de março de 2018. DJ: 09 de abril. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0000.18.085647-8/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Israel Marques. Relator: Des. Manoel dos Reis Morais.
Belo Horizonte, 04 de dezembro de 2018. DJ: 13 de dezembro de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.10.165384-8/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Alexandre Mello Soares. Relator: Des. Sebastião Pereira
de Souza. Belo Horizonte, 3 de março de 2011. DJ: 8 de abril de 2011. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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160
BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.11.100813-2/001. Agravante: Itapeva
Florestal Ltda. Agravado: Zilda Ferreira Cardoso e outros. Relator: Des. Marcelo Rodrigues.
Belo Horizonte, 20 de julho de 2011. DJ: 25 de julho de 2011. Disponível em :
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.11.109443-9/006. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Joé Bento Alves da Silva e outros. Relator: Des.
Domingo Coelho. Belo Horizonte, 23 de julho de 2014. DJ: 31 de julho de 2014. Diponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.11.193012-9/001. Agravante: Carla Maria


Isaias. Agravado: Urbel Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte. Relator: Des. Edivaldo
George dos Santos. Belo Horizonte, 03 de abril de 2012. DJ: 13 de abril de 2012. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.12.108829-8/002. Agravante: Defensoria


Pública de Minas Gerais. Agravado: Município de Belo Horizonte. Relator: Des. Elias
Camilo. Belo Horizonte, 27 de setembro de 2012. DJ: 5 de outubro de 2012. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.12.108829-8/003. Agravante: Leonardo


Pericles Vieira Roque e outros. Agravado: Município de Belo Horizonte. Relator: Des. Elias
161
Camilo. Belo Horizonte, 27 de setembro de 2012. DJ: 5 de outubro de 2012. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.12.108829-8/004. Agravante: Onofre


Maia de Souza e outros. Agravado: Município de Belo Horizonte. Relator: Des. Elias Camilo.
Belo Horizonte, 27 de setembro de 2012. DJ: 5 de outubro de 2012. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.12.248205-2/001. Agravante: João Hilbert


Filho. Agravado: Lourdes Hilbert Cardoso. Relator: Des. Rogério Medeiros. Belo Horizonte,
2 de maio de 2013. DJ: 10 de maio de 2013. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.12.253190-8/002. Agravante: Fernando


Antônio Rehfeld Santos. Agravado: Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas. Relator:
Des. Elias Camilo . Belo Horizonte, 08 de maio de 2014. DJ: 23 de maio de 2014. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.13.242724-6/001. Agravante: Marcio
Santos Vieira e outros. Agravado: Município de Belo Horizonte. Relator: Des. Selma
Marques. Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 2014. 11 de março de 2014. Disponível em:
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162
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.14.094044-6/001. Agravante: Brasfrigo S/


A. Agravado: Movimento dos Trabalhadores Rurais. Relator: Des. Domingos Coelho. Belo
Horizonte, 06 de agosto de 2014. DJ: 14 de agoto de 2014. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.15.048153-9/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Denise Faria Nolasco e outros. Relator: Des. Márcio
Idalmo Santos Miranda. Belo Horizonte, 22 de março de 2016. DJ: 14 de abril de 2016.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0024.15.169051-8/002 Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Alamir Ferreira da Cunha Júnior e outros. Relator: Des.
Amorim Siqueira. Belo Horizonte, 18 de abril de 2017. DJ: 28 de abril de 2017. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.10.027369-1/001. Agravante: Ceonice


Maria dos Santos. Agravado: Equias de Souza Andrade. Relator: Des. Antônio Bispo. Belo
Horizonte, 16 de junho de 2011. DJ: 7 de julho de 2011. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.12.072599-3/001. Agravante: Toninho


Imóveis Ltda. e outros. Agravado: Maria Valdeisa Bezerra. Relator: Des. Rogério Medeiros.
Belo Horizonte, 2 de maio de 2013. DJ: 10 de maio de 2013. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.13.017161-8/001. Agravante: Muschioni


Empreendimentos Ltda. Agravado: Andre Luiz Gomes e Silva e outro. Relator: Des. Amorim
Siqueira. Belo Horizonte, 11 de março de 2014. DJ: 17 de março de 2014. Diponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.13.017161-8/003. Agravante: Muschioni


Empreendimentos Ltda. Agravado: Andre Luiz Gomes e Silva e outro. Relator: Des. Amorim
Siqueira. Belo Horizonte, 11 de março de 2014. DJ: 17 de março de 2014. Diponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.13.071478-9/001. Agravante: Lacerda dos


Santos Amorim. Agravado: CEASA MG S/A. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da Mata. Belo
Horizonte, 13 de março de 2014. DJ: 21 de março de 2014. Diponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0079.13.071478-9/003. Agravante: Patrícia


Mendes Pereira. Agravado: CEASA MG S/A. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da Mata. Belo
Horizonte, 13 de março de 2014. DJ: 21 de março de 2014. Diponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0166.18.001060-4/001. Agravante: Município


de Claudio. Agravado: Incorporação Imobiliária C.D. Ltda. Relator: Des. Bitencourt
Marcondes. Belo Horizonte, 06 de novembro de 2018. DJ: 14 de novembro de 2018.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0245.13.021550-3/001. Agravante: Luzia


Cipriano dos Santos e outros. Agravado: Maria José Sampaio Sobrinho. Relator: Des.
Domingos Coelho. Belo Horizonte, 09 de outubro de 2014. DJ: 20 de outubro de 2014.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0313.13.004762-1/001. Agravante: Julio


Tavares da Costa. Agravado: Everaldo Gomes do Prado e outros. Relator: Des. Evandro
Lopes da Costa Teixeira. Belo Horizonte, 13 de março de 2014. DJ: 25 de março de 2014.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0338.12.004715-8/001. Agravante: Helton


Carlos Antunes Carneiro. Agravado: Cemig Distribuição S/A. Relator: Des. Vanessa Verdolim
Hudson Andrade. Belo Horizonte, 10 de setembro de 2013. DJ: 18 de setembro de 2013.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0433.14.024770-4/001. Agravante: Catopê


Empreendimentos Imobiliários Ltda. Agravado: Fabíola Dias de Oliveira. Relator: Des.
Antônio Bispo. Belo Horizonte, 19 de março de 2015. DJ: 27 de março de 2015. Disponível
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0461.10.000008-6/001. Agravante: Município


de Ouro Preto. Agravado: Carlos Kuenerz & Cia Ltda. Relator: Des. Leite Praça. Belo
Horizonte, 24 de maio de 2011. DJ: 8 de julho de 2011. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0567.15.003420-3/001. Agravante: Fernando


Luiz Machado de Freitas. Agravado: Salvador dos Santos Júnior. Relator: Des. Antônio Bispo.
Belo Horizonte, 17 de setembro de 2015. DJ: 02 de outubro de 2015. Disponível em: <https://
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0598.14.000867-6/003. Agravante: Companhia


Energética Vale do São Simão. Agravado: João Nunes da Silva Júnior. Relator: Des. Amorim
Siqueira. Belo Horizonte, 29 de maio de 2018. DJ: 11 de junho de 2018. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0693.11.009155-2/001. Agravante: Tomé Reis


Alvarenga. Agravado: Município de São Tomé das Letras. Relator: Des. Antônio Sérvulo.
Belo Horizonte, 10 de abril de 2012. DJ: 20 de abril de 2012. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0701.14.006029-7/002. Agravante: Francisco


Martins Teixeira e outros. Agravado: Município de Uberaba. Relator: Des. Peixoto Henriques.
Belo Horizonte, 01 de novembro de 2016. DJ: 08 de novembro de 2016. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de instrumento n.º 1.0710.16.002000-8/001. Agravante: Nildo


Meneghini. Agravado: M5 Agropecuária Ltda. e outros. Relator: Des. Amorim Siqueira. Belo
Horizonte, 21 de novembro de 2017. DJ: 05 de dezembro de 2017. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de intrumento n.º 1.0024.14.046479-3/001. Agravante: Ministério


Público de Minas Gerais. Agravado: Espólio de Eloy Carlo Issy. Relator: Des. Veiga de
Oliveira. Belo Horizonte, 03 de outubro de 2014. DJ: 10 de outubro de 2014. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravo de intrumento n.º 1.0024.14.230724-8/001. Agravante: Defensoria


Pública de Minas Gerais na condição de curadora especial. Agravado: Brasil Foods S/A.
Relator: Des. Belo Horizonte, 14 de abril de 2015. DJ: 28 de abril de 2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Agravode instrumento n.º 1.0024.14.005544-3/003. Agravante: Geraldo


Luciando dos Santos. Agravado: Ministério Público de Minas Gerais. Relator: Des. Belizário
de Lacerda. Belo Horizonte, 03 de novembro de 2015. DJ: 11 de novembro de 2015.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.05.824716-4/002. Apelante: Luciano Monteiro


Santos e outros. Apelada: Agroreservas Do Brasil Ltda. Relatora: Desembargadora
Evangelina Castilho Duarte. Belo Horizonte/MG, 25 de fevereiro de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 30 de março de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.06.046178-7/001. Apelante: Francisca Divina


Franco e outros. Apelado: Auristides Francisco dos Santos e outros. Relator: Desembargador
Nilo Lacerda. Belo Horizonte/MG, 24 de março de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 03 de maio
de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.06.271829-1/002. Apelante: FAREVASF Fazendas


Reunidas Vale do São Francisco Ltda. Apelado: João Paulo da Silva e outros. Relator:
Desembargador Marcelo Rodrigues. Belo Horizonte/MG, 24 de março de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 19 de abril de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.06.987003-8/003. Apelante: Incertos –


Representação Especial. Apelado: Laurentino de Andrade Filocre e outros. Relator:
Desembargador Nicolau Masselli. Belo Horizonte/MG, 15 de julho de 2010. DJ: Belo
Horizonte/MG, 11 de agosto de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.08.243516-5/003. Apelante: Agremax Extração


Beneficiamento Argila LTDA. Apelado: Natanael Rodrigues de Oliveira Sena e outros.
Relator: Desembargador Tibúrcio Marques. Belo Horizonte, MG, 02 de dezembro de 2010.
DJ: Belo Horizont/MG, 26 de janeiro de 2011. Disponível em:
169
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0024.08.959087-1/003. Apelante: Defensoria Pública de


Minas Gerais. Apelado: Santo Crociari e sua mulher. Relator: Desembargador Fabio Maia
Viani. Belo Horizonte/MG, 11 de maio de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 11 de junho de
2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0069.06.017304-9/001. Apelante: Geraldo Lima Ferreira e


outros. Apelada: Associação Centro Espirita Irmã Scheila. Relator: Desembargador José
Flávio de Almeida. Belo Horizonte/MG, 24 de março de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 03 de
maio de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0245.99.004080-1/001. Apelante: Lotaco Imóveis


Lancamentos Ltda e outros. Apelado: Rogério Tadeu Lara e outros. Relator: Desembargador
Wagner Wilson. Belo Horizonte/MG, 30 de junho de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 23 de
julho de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0390.03.004234-0/003. Apelante: Paulo Begale Bernardes


e sua mulher. Apelada: Luiza Milani Bernardes e outros. Relator: Desembargador Eduardo
170
Mariné da Cunha. Belo Horizonte/MG, 28 de janeiro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 09 de
abril de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0628.08.012725-9/001. Apelante: Dalmo Juscelino


Andrade e outros. Apelada:Telemar Norte Leste S/Ae outros. Relator: Desembargador
Arnaldo Maciel. Belo Horizonte, MG, 28 de setembro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 29
de outubro de 2010. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível 1.0699.08.082305-6/002. Apelante: José Moreira e outros.


Apelado: Luiz Fernando Santiago e outros. Relator: Desembargador Rogério Medeiros. Belo
Horizonte/MG, 25 de fevereiro de 2010. DJ: Belo Horizonte/MG, 13 de abril de 2010.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.° 1.0024.07.492353-3/005. 1.º Apelante: Gilson Guilheis
Moreira e outros. 2.º Apelante: Maria Luiza Sidônio. Apelado: Márcio Antonio Molica Soares
e outros. Relator: Des. Amorim Siqueira. Belo Horizonte, 02 de fevereiro de 2016. DJ: 19 de
fevereiro de 2016. Disponível em:
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171
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.° 1.0456.04.024748-2/001. Apelante: Marilda Aparecida
da Silva. Apelado: COHAB/MG. Relator: Des. Renato Dresch. Belo Horizonte, 19 de
novembro de 2015. DJ: 25 de novembro de 2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.°1.0024.12.172468-6/004. 1.º Apelante: Andréia Xaviaer


dos Santos e outros. 2.º Apelante: Demais integrantes do MST e outros. 3.º Apelante:
Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Milton Araújo Júnior. Relator: Luciano Pinto.
Belo Horizonte, 22 de janeiro de 2015. DJ: 28 de janeiro de 2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0000.15.103147-3/003. Apelante:A.P.P. e outros.


Apelado: Espólio de A. D. C. G. e outros. Relator: Des. Roberto Vasconcellos. Belo
Horizonte, 02 de agosto de 2018. DJ: 06 de agosto de 2018. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0000.16.065652-6/006. Apelante: Alair Antônio Silva e
outros. Apelado: Carlos Renato de Morais e outros. Relator: Des. João Cancio. Belo
Horizonte, 04 de dezembro de 2018. DJ: 04 de dezembro de 2018. Dinsponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do;jsessionid
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6%2F006&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>
172
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0000.16.094525-9/002. Apelante: Defensoria Pública
de Minas Gerais. Apelado: Celulose Nipo Brasileira S/A CENIBRA. Relator: Des. Otávio
Portes. Belo Horizonte, 24 de outubro de 2018. DJ: 25 de outubro de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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9%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>.

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0000.17.040665-6/002. Apelante: Graciele Lima Lopes
e outros. Apelado: João Dias de Oliveira e outros. Relator: Des. Sérgio André da Fonseca
Xavier. Belo Horizonte, 03 de julho de 2018. DJ: 03 de julho de 2018. Disponível em: https://
www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0000.18.012324-2/001. Apelante: Defensoria Pública


de Minas Gerais. Apelado: Celulose Nipo Brasileira S/A CENIBRA. Relator: Des. Otávio
Portes. Belo Horizonte, 14 de novembro de 2018. DJ: 19 de novembro de 2018. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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2%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0002.10.001051-7/001. Apelante: Arilma Antônia


Valadares da Silva e outros. Apelado: Mário Esteves de Alcantara e outros. Relator: Des. José
Flávio de Almeida. Belo Horizonte, 19 de abril de 2017. DJ: 26 de abril de 2017. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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7%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar> .

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0016.12.002340-9/001. Apelante: Município de


Alfenas. Apelado: Ministério Público de Minas Gerais. Relator: Des. Dárcio Lopardi Mendes.
173
Relator para o acórdão: Des. Heloisa Combat. Belo Horizonte, 20 de junho de 2013. DJ: 27 de
junho de 2013. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0016.12.002399-5/002. Apelante: Minitério Público de


Minas Gerais. Apelado: Município de Alfenas e outros. Relator: De. Heloisa Combat. Belo
Horizonte, 04 de dezembro de 2014. DJ: 11 de dezembro de 2014. Diponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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5%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0021.10.000229-0/001. Apelante: Município de Alto


Rio Doce. Apelado: Aguines Teresinha Rosa da Silva. Relator: Des. Maurício Barros. Belo
Horizonte, 14 de junho de 2011. DJ: 30 de setembro de 2011. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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0%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0021.10.000230-8/001. Apelante: Município de Alto


Rio Doce. Apelado: Luciana Fátima das Chagas Agostinho. Relator: Des. Elias Camilo. Belo
Horizonte, 31 de março de 2011. DJ: 8 de abril de 2011. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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8%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0021.10.000234-0/001. Apelante: Município Alto Rio
Doce. Apelado: Lucineia Matias Inacio. Relator: Des. Vieira de Brito. Belo Horizonte, 4 de
agosto de 2011. DJ: 19 de outubro de 2011. Disponível em:
174
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0%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0023.12.000393-6/001. Apelante: Roquinda Gomes e


outros. Relator: Des. Antônio de Pádua. Belo Horizonte, 20 de setembro de 2012. DJ: 28 de
setembro de 2012. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.02.736148-4/004. Apelante: João Eduardo


Fernandes Peixoto. Apelado: incertos e desconhecidos e outros. Relator: Des. Osmando
Almeida. Belo Horizonte, 19 de julho de 2011. DJ: 8 de agosto de 2011. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.05.812601-2/001. 1.º Apelante: Ênio Carlos
Gonçalves e outros. 2.º Apelante: incertos e desconhecidos. Apelado: Jaime Fernando
Barreiro Lopes e outros. Relator: Des. Rogério Medeiros. Belo Horizonte, 5 de julho de 2012.
DJ: 17 de agosto de 2012. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.07.785980-9/005. Apelante adesivo: Espólio de


Antonio Duma. 1.º Apelante: Antonio Pereira de Carvalho e outros. 2.º Apelante: Ministério
Público de Minas Gerais. Apelado: Espólio de Aidê Rocio Duma e outros. Relator: Márcio
Idalmo Santos Miranda. Belo Horizonte, 08 de agosto de 2017. DJ: 23 de agosto de 2017.
175
Disponível em:
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9%2F005&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.08.075491-4/003. 1.º Apelante: Incertos e


desconhecidos. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Sudeste
Empreendimentos Imobiliários e Agropecuários Ltda. Relator: Des. Pedro Aleixo. Belo
Horizonte, 08 de julho de 2015. DJ: 17 de julho de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do;jsessionid
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4%2F003&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.08.103024-9/001. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Sucocitrico Cutrale Ltda. e outros. Relator: Des. João Cancio. Belo
Horizonte, 26 de agoto de 2014. DJ: 29 de agosto de 2014. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.08.196282-1/001. Maria das Dores da Silva e
outros. Apelado: Letícia Vianna de Mello Carneiro e outros. Relator: Des. José Marcos
Vieira. Belo Horizonte, 1 de fevereiro de 2012. DJ: 10 de fevereiro de 2012. Diponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.08.237146-9/002. Apelante: incertos e


desconhecidos e outros. Apelante adesivo: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado:
176
Edson Rodrigues da Silva. Relator: Des. Alexandre Santiago. Belo Horizonte, 26 de março de
2014. DJ: 31 de março de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.09.476626-8/002. 1.º Apelante: incertos e


desconhecidos. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas gerais. Apelado: Lourdes Camargo
Ferreira. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da Mata. Belo Horizonte, 12 de dezembro de 2013.
DJ: 19 de dezembro de 2013. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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8%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.09.566641-8/004. Apelante: Manoel Soares


Freires e outros. Apelado: José Luis Pereira dos Santos. Relator: Des. Wanderley Paiva. Belo
Horrizonte, 30 de setembro de 2015. DJ: 05 de outubro de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.09.673501-4/001. 1.º Apelante: desconhecidos,


incertos e indeterminados. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Saulo
Barbar e outros. Relator Des. Luciano Pinto. Belo Horizonte, 17 de julho de 2017. DJ: 29 de
julho de 2014. Disponível em :
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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177
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.09.681598-0/002. 1.º Apelante: incerto e
desconhecido. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Mário Auguto de
Freitas Azevedo e outros. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da Mata. Belo Horizonte, 30 de
janeiro de 2014. DJ: 07 de fevereiro de 2014. Diponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.09.726908-8/001. Apelante: Clemente Gonçalves


Viana e outros. Apelado: Associação Familiar Carmense. Relator: Des. Sebastião Pereira de
Souza. Belo Horizonte, 14 de novembro de 2012. DJ: 27 de novembro de 2012. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.010786-1/003. Apelante: Minitéio Público de


Minas Gerais. Apelado: Replasa Reflorestadora S/A. Relator: Des. Ângela de Lourdes
Rodrigues. Belo Horizonte, 18 de novembro de 2014. DJ: 28 de novembro de 2014.
Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.085263-1/003. Apelante: incertos e


desconhecidos. Apelado: FLE Empreendimentos Agrícolas Ltda. Relator: Des. Paulo Balbino.
Belo Horizonte, 09 de setembro de 2015. DJ: 15 de setembo de 2015. Disponível em: <https://
www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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178
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.092241-8/004. Apelante: Ministério Público de
Minas Gerais. Apelado: Sucocitrico Cutrale Ltda. e outros. Relator: Des. João Cancio. Belo
Horizonte, 26 de agoto de 2014. DJ: 29 de agosto de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.100206-1/002. Apelante: Jair Roberto Vieira e
outros. Apelado: Isidoro Vilela Coimbra. Relator: Des. João Cancio. Belo Horizonte, 12 de
agosto de 2014. DJ: 18 de agosto de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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1%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.102905-6/003. 1.º Apelante: réus revéis e não
identificados. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Relator: Des. Estevão
Lucchesi. Belo Horizonte, 03 de abril de 2014. DJ: 25 de abril de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.125818-4/001. 1.º Apelante: incertos e


desconhecidos. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Fazenda Morro
Preto. Relator: Des. José Augusto Lourenço dos Santos. Belo Horizonte, 02 de agosto de
2017. DJ: 08 de agosto de 2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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179
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.165384-8/003. 1.º Apelante: Cleiton de
Oliveira e outros. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Alexandre Melo
Soares. Relator: Des. Pedro Aleixo. Belo Horizonte, 02 de março de 2016. DJ: 11 de março de
2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.175959-5/002. Apelante: Defensoria Pública


de Minas Gerais. Apelado: Gustavo GalassiGargalhone. Relator: Des. Márcia De Paoli
Balbino. Belo Horizonte, 28 de novembro de 2013. DJ: 10 de dezembro de 2013. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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5%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.10.268893-4/003. 1.º Apelante: Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado:
Nahylda Nunes Silva Guimarães. Relator: Des. Ângela de Lourdes Rodrigues. Belo
Horizonte, 03 de março de 2015. DJ: 13 de março de 2015. Disponívl em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.11.109443-9/006. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: José Bento Alves da Silva e outros. Relator: Des. Domingos Coelho.
Belo Horizonte, 23 de julho de 2014. DJ: 31 de julho de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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180
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.11.172238-5/002. Apelante: incertos e
desconhecidos. Apelado: José Carlos Franco Junqueira. Relator: Des. Leite Praça. Belo
Horizonte, 21 de novembro de 2013. DJ: 03 de dezembro de 2013. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.11.275674-7/003. 1.º Apelante: incertos e


desconhecidos e outros. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Brasil
Ecodiesel Indústria e Comércio de Biocombustíveis e Óleos Vegetais. Relator: Des. Alberto
Henrique. Belo Horizonte, 03 de março de 2016. DJ: 11 de março de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do;jsessionid
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.11.305782-2/001. Apelante: Denie Lenoir.


Apelado: Thales Lenoir. Relator: Des. Amorim Siqueira. Belo Horizonte, 06 de maio de 2014.
DJ: 12 de maio de 2014. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.11.321932-3/001. Apelante: Valdelice de Lourdes


Moreira Reis, Apelado: Walmir Moizes dos Reis. Relator: Des. Otávio Portes. Belo
Horizonte, 29 de janeiro de 2015. DJ: 09 de fevereiro de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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181
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.12.097452-2/007. Apelante: Ministério Público de
Minas Gerais. Apelado: Sucocitrico Cutrale Ltda. e outros. Relator: Des. João Cancio. Belo
Horizonte, 26 de agoto de 2014. DJ: 29 de agosto de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.12.098569-2/002. 1.º Apelante: Django Alves e
outros. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Espólio de João Alves
Rodrigues e outros. Relator: Des. Aparecida Grossi. Belo Horizonte, 07 de outubro de 2015.
DJ: 20 de outubro de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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2%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.13.104114-7/002. 1.º Apelante: incertos e


desconhecidos. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Oscar Santos de
Farias. Relator: João Cancio. Belo Horizonte, 10 de novembro de 2015. DJ: 17 de novembro
de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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1.0024.13.104114-7/002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar&>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.13.120056-0/002. 1.º Apelante: incertos e


desconhecidos. 2.º Apelante: Ministério Público de Minas Gerais. Apelado: Vale do Tijuco
Açúcar e Álcool Ltda. Relator: Des. Alberto Henrique. Belo Horizonte, 25 de junho de 2015.
DJ: 03 de julho de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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182

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.13.120197-2/002. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Vale do Tijuco Açúcar e Álcool Ltda. Relator: Des. Wagner Wilson.
Belo Horizonte, 22 de junho de 2016. DJ: 01 de julho de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.13.300665-0/003. 1.º Apelante: Defensoria


Pública de Minas Gerais na condição de curadora especial. 2.º Apelante: Ministério Público
de Minas Gerais. Apelado: Ana Paula Alves Cruzeiro. Relatora: Des. Juliana Campos Horta.
Belo Horizonte, 07 de junho de 2017. DJ: 13 de junho de 2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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0%2F003&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.14.094044-6/002. Apelante: Adilson Pereira de


Araújo e outros. Apelado: BRASFIGO S/A. Relator: Des. Domingos Coelho. Belo Horizonte,
24 de fevereiro de 2016. DJ: 01 de março de 2016. Disponível em: <https://www5.tjmg.jus.br/
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.14.193490-1/004. Apelante: Movimento dos


Trabalhadores Sem Terra e outros. Apelado: Valéria Rodrigues Carrijo e outros. Relator: Des.
João Cancio. Belo Horizonte, 23 de outubro de 2018. DJ: 25 de outubro de 2018. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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1%2F004&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>.
183
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.14.332479-6/002. Apelante: Ministério Público de
Minas Gerais. Apelado: Tropical Empreendimentos e Participações Ltda e outros. Relator:
Des. Evandro Lopes da Costa Teixeira. Belo Horizonte, 14 de junho de 2018. DJ: 26 de junho
de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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6%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.15.046060-8/003. Apelante: Defensoria Pública


de Minas Gerais. Apelado: Edson César Peixoto e outros. Relator: Des. Pedro Aleixo. Belo
Horizonte, 20 de junho de 2018. DJ: 29 de junho de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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8%2F003&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0027.11.012082-4/003. Apelante: André Leonardo


Alves. Apelado: Município de Betim. Relator: Des. Judimar Biber. Belo Horizonte, 06 de
outubro de 2016. DJ: 08 de novembro de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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4%2F003&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0035.10.008687-1/002. Agravante: Marizete Braz


Fernandes. Agravado: Estado de Minas Gerais. Relator: Des. Edilson Olímpio Fernandes.
Belo Horizonte, 14 de abril de 2018. DJ: 27 de abril de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do;jsessionid
=08B82CDD323F1C808CA178551D77DC43.juri_node2?
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1%2F002&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>
184
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0073.10.001866-9/001. Apelante: Lacir Costa da Silva.
Apelado: COHAB/MG. Relator: Des. Ana Paula Caixeta. Belo Horizonte, 11 de julho de
2013. DJ: 21 de julho de 2013. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0079.12.019090-9/001. Apelante: Crecione Gomes dos
Santos e outros. Apelado: Município de Contagem. Relator: Des. Audebert Delage. Belo
Horizonte, 05 de setembro de 2017.DJ: 15 de setembro de 2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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9%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0079.12.044422-3/001. Apelante: Crecione Gomes dos
Santos e outros. Apelado: Município de Contagem. Relator: Des. Audebert Delage. Belo
Horizonte, 05 de setembro de 2017.DJ: 15 de setembro de 2017. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0106.13.003997-2/001. Apelante: Antonio Correa


Lopes. Relator: Des. José Marcos Vieira. Belo Horizonte, 18 de maio de 2016. DJ: 31 de maio
de 2016. Disponível em: <https://www4.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_partes_advogados2.jsp?
listaProcessos=10106130039972001>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0106.15.004951-3/001. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Oficial do Cartório do 2.º Ofício de Notas de Cambuí. Relator: Des.
Peixoto Henriques. Belo Horizonte, 18 de outubro de 2016. DJ: 21 de outubro de 2016.
Disponível em:
185
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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3%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0114.08.090074-8/001. Apelante: Rariane Merces


Alves Nunes e outros. Apelado: Adão Rosa e outros. Relator: Des. Manoel dos Reis Moarais.
Belo Horizonte, 24 de março de 2015. DJ: 17 de abril de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0132.08.011112-4/001. Apelante: Valmir Damasceno de


Souza.. Apelado: Carlos José de Faria Santos. Relator: Des. José Affonso da Costa Côrtes.
Belo Horizonte, 13 de setembro de 2012. DJ: 20 de setembro de 2012. Disponível em: <http://
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0142.15.003316-5/002. Apelante: Valdivino Pio da


Fonseca. Apelado: Ministério Público de Minas Gerais. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da
Mata. Belo Horizonte, 23 de agosto de 2018. DJ: 31 de agosto de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0142.17.001715-6/002. Apelante: Matheus Benito Silva
Fonseca. Apelado: Klever Nogueira Cunha e outros. Relator: Des. Luiz Carlos Gomes da
Mata. Belo Horizonte, 26 de abril de 2018. DJ: 04 de maio de 2018. Disponível em: <https://
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0145.07.402445-9/001. Apelante: Antonio Celso


Ferreira. Apelado: Maria Lúcia de Souza Ferreira e outros. Relator: Des. Estevão Lucchesi.
Belo Horizonte, 8 de agosto de 2012. DJ: 24 de agosto de 2012. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0153.11.002816-1/002. Apelante: Wilson Crepaldi


Júnior e outros. Apelado: Maria Aparecida de Oliveira Lacerda e outros. Relator: Des. Pedro
Aleixo. Belo Horizonte, 28 de janeiro de 2015. DJ: 05 de fevereiro de 2015. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0240.10.001671-8/001. Apelante: Noêmia Auxliadora


dos Santos e outros. Apelado: Selmira Gouveia dos Santos. Relator: Des. Pereira da Silva.
Belo Horizonte, 02 de abril de 2013. DJ: 26 de abril de 2013. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0245.07.126572-3/001. Apelante: Joel Marcelo Dias e
outros. Apelado: Regina Luzia Teixeira. Relator: Des. Sebastião Pereira de Souza. Belo
Horizonte, 4 de fevereiro de 2011. DJ: 1 de abril de 2011. Disponível em:
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187

BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0284.08.009185-3/005. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Braz Moreira da Silva. Relator: Des. Rogério Coutinho. Belo
Horizonte, 11 de março de 2015. DJ: 20 de março de 2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0303.15.000584-9/001. Apelante: Maria Márcia


Ramos. Apelado: José Divino de Almeida. Relator: Des. Mota e Silva. Belo Horizonte, 08 de
novembro de 2016. DJ: 16 de novembro de 2016. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0382.12.007849-0/001. Apelante: Júlio Cesar Castro.
Apelado: Antônio Pedro Filho e outros. Relator: Des. Mariza Porto. Belo Horizonte, 26 de
junho de 2014. DJ: 07 de julho de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0388.10.000308-5/006. Apelante: Danúbia Silvanoda


Silva. Apelado: Espólio de Gentil Maria de Jesus. Relator: Des. Antônio Bispo. Belo
Horizonte, 04 de outubro de 2018. DJ: 11 de outubro de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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188
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0433.98.002228-2/005. Apelante: Petrobras
Distribuidora S/A. Apelado: incertos e descohecidos e outros. Relator: Des. Alberto Aluízio
Pacheco de Andrade. Belo Horizonte, 25 de janeiro de 2011. DJ: 18 de fevereiro de 2011.
Disonível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0439.12.016383-7/001. 1.º Apelante: Edvandro Ferreira
de Andrade. 2.º Apelante: Tereza Andrade Pinto Duarte. Apelado: Maria do Carmo da Matta
Mello. Relator: Des. Newton Teixeira Carvalho. Belo Horizonte, 26 de junho de 2014. DJ: 04
de julho de 2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0439.12.016383-7/001. 1.º Apelante: Edvandro Ferreira
de Andrade. 2.º Apelante: Tereza Andrade Pinto Duarte. Apelado: Maria do Carmo da Matta
Mello. Relator: Des. Newton Teixeira Carvalho. Belo Horizonte, 26 de junho de 2015. DJ: 04
de julho de 2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0471.11.010614-6/001. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Antônio Aparecida Rezenda Teixeira e outros. Relator: Des. Cláudia
Maia. Belo Horizonte, 13 de agosto de 2014. DJ: 21 de agosto de 2014. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0518.05.077871-2/001. Apelante: Mauricio Rosa


Franco e outros. Apelado: Eduardo Oliveira Gonçalves e outros. Relator: Des. Dídimo
Inocêncio de Paula. Belo Horizonte, 27 de janeiro de 2011. DJ: 15 de fevereiro de 2011.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0549.11.002837-6/001. Apelante: Benvindo da Paixão.


Relator: Des. Raimundo Messias Júnior. Belo Horizonte, 6 de agosto de 2013. DJ: 21 de
agosto de 2013. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0620.13.001479-3/001. Apelante: Elizabeth Junho


Giovanini. Apelado: Guilherme Ferreira de Carvalho e outros. Relator: Des. Vicente de
Oliveira Silva. Belo Horizonte, 17 de março de 2015. DJ: 31 de março de 2015. Disponível
em: <https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0687.14.001954-2/001. Apelante: Marina Zarparoli de


Oliveira. Apelado: Danielle Oliveira Lage e outros. Relator: Des. Pedro Aleixo. Belo
Horizonte, 07 de novembro de 2018. DJ: 14 de novembro de 2018. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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190
BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0701.11.032349-3/001. Apelante: Homero Inacio de
Oliveira e outros. Apelado: Osmar Rodrigues de Oliveira e outros. Relator: Juíza de Direito
Maria Luiza Santana Assunção. Belo Horizonte, 24 de junho de 2015. DJ: 02 de julho de
2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.05.263464-0/001. 1.º Apelante: Cicero Domingos
Penha. 2.º Apelante: Luzia Alves de Oliveira. 3.º Apelante: Cassio Cordeiro. 4.º Apelante:
Espólio de Cristovam Júlio Oliveira Terra. Apelado: CEMIG Geração Transmissão S/A.
Relator: Des. Sandra Foneca. Belo Horizonte, 28 de maio de 2013. DJ: 07 de junho de 2013.
Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.06.266588-1/001. 1.º Apelante: Município de


Uberlândia. 2.º Apelante: William Silva. Apelado: Município de Uberlândia e William Silva.
Relator: Des. Belizário de Lacerda. Belo Horizonte, 21 de janeiro de 2014. DJ: 24 de janeiro
de 2014. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Apelação cível n.º 1.0702.08.437423-1/001. 1.º Apelante: Município de


Uberaba. 2.º Apelante: Olímpio da Silva Santo e outros. 3.º Apelante: Luzia dos Santos Neri.
Apelado: Município de Uberaba e outros. Relator: Des. Antônio Sérvulo. Belo Horizonte, 11
de junho de 2013. DJ: 21 de unho de 2013.
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação Cível/Reexame Necessário 1.0024.83.104572-9/001. Remetente:


Juízo da 3.ª Vara da Fazenda da Comarca de Belo Horizonte. Apelante: Marcio De Castro
Marques Primeiro e outros. Apelado: Estado de Minas Gerais e outros. Relator:
Desembargador Edgard Penna Amorim. Belo Horizonte/MG, 25 de fevereiro de 2010. DJ:
Belo Horizonte/MG, 05 de maio de 2010. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Apelação cível/Reexame necessário n.º 1.0024.03.114883-6/001. Apelante:


Estado de Minas Gerais. Apelado: Maria Pedro de Almeida. Relator: Des. Armando Freire.
Belo Horizonte, 28 de outubro de 2014. DJ: 10 de novembro de 2014. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL. TJMG. Embargos de declaração n.º 1.0024.09.719350-2/006. Embargante: Sheila


Elizabeth Cabral. Embargado: Município de Belo Horizonte. Relator: Des. Edgard Penna
Amorim. Belo Horizonte, 28 de maio de 2015. DJ: 06 de junho de 2015. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Embargos infringentes n.º 1.0702.05.263464-0/003. Embargante: CEMIG


Transmissão e Geração S/A. Embargado: Cícero Domingos Penha. Relator: Des. Edilson
Olímpio Fernandes. Belo Horizonte, 11 de março de 2014. DJ: 25 de março de 2014.
Disponível em:
192
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BRASIL. TJMG. Reexame necesário n.º 1.0003.10.002884-8/001. Remetente: Juiz de Direito


da Comarca de Abre Campos. Autor: CODEMIG. Réu: Cloves Daniel do Carmo e outros.
Relator: Des. Vanessa Verdolim Hudson Andrade. Belo Horizonte, 03 de setembro de 2013.
DJ: 12 de setembro de 2013. Disponível em:
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BRASIL. TJMG. Remessa necessária n.º 1.0460.14.001497-4/001. Remetente: Juízo da 2.ª


Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Ouro Fino. Autor:
Município de Ouro Fino. Ré: Maria Patrícia Moisés. Relatorra: Des. Áurea Brasil. Belo
Horizonte, 12 de abril de 2018. DJ: 18 de abril de 2018. Disponível em:
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BRASIL.TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.11.330823-3/005. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Vale do TijucoAçúcar e Álcool Ltda. Relator: Des. Mariangela
Meyer. Belo Horizonte, 17 de maio de 2016. DJ: 03 de junho de 2016. Disponível em:
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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BRASIL.TJMG. Apelação cível n.º 1.0024.11.330823-3/005. Apelante: Ministério Público de


Minas Gerais. Apelado: Vale do TijucoAçúcar e Álcool Ltda. Relator: Des. Mariangela
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Meyer. Belo Horizonte, 25 de abril de 2017. DJ: 05 de maio de 2017. Disponível em: <https://
www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?
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