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DIREITO CONSTITUCIONAL – MARCELO NOVELINO

Aula 14
3) Características

3.1) Universalidade;

3.2) Historicidade;

3.3) Inalienabilidade; imprescritibilidade;


indisponibilidade e irrenunciabilidade;

3.4) Relatividade (ou limitabilidade).


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3.1) Universalidade

- Liberdade e igualdade => dignidade humana;

- Validade universal # uniformidade;

- Titularidade: requisitos ou condições;

- Multiculturalismo e aspectos intranacionais.

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3.2) Historicidade

- Surgimento => evolução => extinção(?);

- Direitos naturais: eternos, universais e imutáveis;

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3.3) Inalienabilidade, imprescritibilidade,
indisponibilidade e irrenunciabilidade
(MP/MG 2017)

- Ausência de conteúdo econômico-patrimonial;

- Viés jusnaturalista.

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- DUDHC/1789: Os representantes do povo francês,
reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista
que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos
direitos do homem são as únicas causas dos males
públicos e da corrupção dos Governos, resolveram
declarar solenemente os direitos naturais,
inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que
esta declaração, sempre presente em todos os
membros do corpo social, lhes lembre
permanentemente seus direitos e seus deveres; [...]
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Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a
conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a
liberdade, a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão.
- DUDH/1948: Considerando que o reconhecimento
da dignidade inerente a todos os membros da
família humana e dos seus direitos iguais e
inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da
justiça e da paz no mundo.
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- Renúncia x “uso negativo”;

- Renúncia total/perpétua/irreversível
(titularidade) x Renúncia
parcial/temporária/reversível (exercício) =>
“prima facie”;

- Pressupostos:
I) Espécie de direto fundamental envolvido;
II) Vontade livre e autodeterminada;
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Exemplos:
- CC, Art. 11. Com exceção dos casos previstos
em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o
seu exercício sofrer limitação voluntária.
- CC, Art. 1.275. Além das causas consideradas
neste Código, perde-se a propriedade: [...] II - pela
renúncia;
- CRFB/88, Art. 12, § 4º - Será declarada a perda da
nacionalidade do brasileiro que: [...] II - adquirir
outra nacionalidade...
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3.4) Relatividade (ou limitabilidade)

- Limites: direitos ou interesses coletivos;

- Exceções:
- Direito a não ser escravizado;
- Direito a não ser torturado.

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4.1) Espécies;

4.2) Teorias.

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4) Eficácia dos direitos fundamentais

4.1) Espécies
(Procurador – VUNESP 2018; DPC/MS 2017)

- Eficácia vertical;

- Eficácia horizontal (externa; em relação a


terceiros; privada);

- Eficácia diagonal. (DPC/AC 2017)


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4.2) Teorias

4.2.1) Teoria da ineficácia horizontal;

4.2.2) Teoria da eficácia horizontal indireta;

4.2.3) Teoria da eficácia horizontal direta;

4.2.4) Teoria integradora.

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4.2.1) Teoria da ineficácia horizontal

- EUA;
- Fundamentos:
I) liberalismo;
II) autonomia privada;
III) interpretação do texto;
- Doutrina da “state action”:
I) pressuposto;
II) finalidade;
III) artifício.
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4.2.2) Teoria da eficácia horizontal indireta

- Alemanha => Günter Dürig;

- TCF/ALE: Caso Lüth;

- Relativização dos DF nas relações contratuais.

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Críticas à aplicação direta:

I) Desfiguração do direito privado;

II) Ameaça à autonomia privada;

III) Incompatibilidade com os princípios


democrático, da separação dos poderes e da
segurança jurídica.

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4.2.3) Teoria da eficácia horizontal direta
(Drittwirkung)

- Hans Carl Nipperdey;

- Portugal, Espanha, Itália e Brasil; (TJ/AM 2013)

- Autonomia da vontade: ponderação.

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- STF - RE 158.215/RS: “COOPERATIVA -
EXCLUSÃO DE ASSOCIADO - CARÁTER
PUNITIVO - DEVIDO PROCESSO LEGAL. Na
hipótese de exclusão de associado decorrente de
conduta contrária aos estatutos, impõe-se a
observância ao devido processo legal, viabilizado
o exercício amplo da defesa. Simples desafio do
associado à assembléia geral, no que toca à
exclusão, não é de molde a atrair adoção de
processo sumário. Observância obrigatória do
próprio estatuto da cooperativa.”
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- STF - RE 201.819/RJ: “[...] A autonomia privada, que
encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser
exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e
garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados
em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não
confere aos particulares, no domínio de sua incidência e
atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições
postas e definidas pela própria Constituição, cuja eficácia
e força normativa também se impõem, aos
particulares, no âmbito de suas relações privadas, em
tema de liberdades fundamentais.” (DPE/SC 2017)
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- STF - RE 161.243/DF: “[...] Ao recorrente, por não
ser francês, não obstante trabalhar para a empresa
francesa, no Brasil, não foi aplicado o Estatuto do
Pessoal da Empresa, que concede vantagens aos
empregados, cuja aplicabilidade seria restrita ao
empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao
princípio da igualdade: C.F., 1967, art. 153, § 1º;
C.F., 1988, art. 5º, caput).”

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4.2.4) Teoria integradora

- Robert Alexy; Ernst-Wolfgang Böckenförde;

- Aplicação direta: somente em hipóteses


excepcionais.

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5) Dignidade da pessoa humana e direitos
fundamentais
5.1) Natureza;
5.2) Algo absoluto:
“A pessoa não tem mais ou menos dignidade em
relação a outra pessoa. Não se trata, destarte, de
uma questão de valor, de hierarquia, de uma
dignidade maior ou menor. É por isso que a
dignidade do homem é um absoluto” (Béatrice
Maurer) => # Direito absoluto.
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5.3) Sistema de direitos fundamentais:
- “Alfa e ômega”; “protoprincípio”;

5.4) A consagração da DPH (Art. º, III) impõe o


dever de:
I) Respeito:
- Poderes públicos e particulares;
- Caráter negativo;
- “Fórmula do objeto” (Kant) + “Expressão do
desprezo” (TCF/ALE).
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=> Kant (Fundamentação da metafísica dos
costumes):
- Traço distintivo do ser humano: existir como um
“fim em si mesmo”;
- “No reino dos fins tudo tem um preço ou uma
dignidade”;
- “Age de tal forma que trates a humanidade, tanto
na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro,
sempre também como um fim e nunca unicamente
como um meio” (imperativo categórico).
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II) Proteção:
- Direitos individuais (PC);
- Políticas públicas (PL e PE);
- Interpretação (PJ) => “Vetor interpretativo”;

III) Promoção:
- Direitos sociais;
- Políticas públicas (PL e PE);
- “Mínimo existencial”.

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- FUNDATEC - IGP-RS (2017) - De acordo com
Marcelo Novelino, na obra Manual de Direito
Constitucional: “Uma série de obstáculos dificulta a
tarefa de definir com precisão o que seja a
dignidade da pessoa humana, mas não impede a
identificação de hipóteses nas quais ocorre sua
violação no plano jurídico. Como já dito
anteriormente, a dignidade é uma qualidade
intrínseca de todo ser humano, e não um direito
conferido às pessoas pelo ordenamento jurídico...
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... A sua consagração como fundamento do Estado
brasileiro não significa, portanto, a atribuição de
dignidade às pessoas, mas, sim, a imposição aos
poderes públicos do dever de respeito, proteção e
promoção dos meios necessários a uma vida digna.”
Segundo o autor, o dever que “impede a realização
de atividades prejudiciais à dignidade” é o de:

a) Promoção; b) Amparo; c) Proteção; d)


Respeito; e) Agir.
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6) Dimensões

6.1) Dimensão subjetiva;

6.2) Dimensão objetiva. (MP/PR 2016)

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Dimensão objetiva => aplicações:

I) Atuam como normas de competência negativa:


- aquilo que está sendo outorgado ao indivíduo em termos
de liberdade para a ação e em termos de livre-arbítrio, em
sua esfera, está sendo objetivamente retirado do Estado.

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II) Atuam como pautas interpretativas e critérios
para a configuração do direito
infraconstitucional:
- impõem que a legislação infraconstitucional seja
interpretada à luz dos direitos fundamentais
(“interpretação conforme”). (Procurador –
VUNESP 2018)

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- STF - ADI 4.277/DF: “[...] O sexo das pessoas,
salvo disposição constitucional expressa ou
implícita em sentido contrário, não se presta como
fator de desigualação jurídica. Proibição de
preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da
Constituição Federal, por colidir frontalmente com o
objetivo constitucional de ‘promover o bem de
todos’...

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[...] Ante a possibilidade de interpretação em sentido
preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do
Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se
necessária a utilização da técnica de ‘interpretação
conforme à Constituição’. Isso para excluir do
dispositivo em causa qualquer significado que impeça o
reconhecimento da união contínua, pública e duradoura
entre pessoas do mesmo sexo como família.
Reconhecimento que é de ser feito segundo as
mesmas regras e com as mesmas consequências da
união estável heteroafetiva.”
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III) Impõem o dever de proteção e promoção de
posições jurídicas fundamentais contra possíveis
violações por terceiros, tornando-se verdadeiros
mandamentos normativos direcionados ao Estado.

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- STF - ADI 3.510/DF (voto Min. Lewandowski):
“[...] penso que a discussão travada nestes autos
não deve limitar-se a saber se os embriões
merecem ou não ser tratados de forma condigna,
ou se possuem ou não direitos subjetivos na fase
pré-implantacional, ou, ainda, se são ou não
dotados de vida antes de sua introdução em um
útero humano...

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... Creio que o debate deve centrar-se no direito à
vida entrevisto como um bem coletivo, pertencente
à sociedade ou mesmo à humanidade como um
todo, sobretudo tendo em conta os riscos
potenciais que decorrem da manipulação do
código genético humano.”

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7) Conteúdo essencial

7.1) Objetivo;

7.2) Formas determinação:


7.2.1) Teoria absoluta;
7.2.2) Teoria relativa.

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7.2.1) Teoria absoluta

a) Conteúdo essencial:
- “Núcleo duro” do DF;

b) Periferia:
- Parte passível de intervenção legislativa.

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- STF - ADPF 130 (voto Min. Ayres Britto): “A uma
atividade que já era ‘livre’ (incisos IV e IX do art. 5º),
a Constituição Federal acrescentou o qualificativo
de ‘plena’ (§ 1º do art. 220). Liberdade plena que,
repelente de qualquer censura prévia, diz respeito
à essência mesma do jornalismo (o chamado
‘núcleo duro’ da atividade)...

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... Assim entendidas as coordenadas de tempo e de
conteúdo da manifestação do pensamento, da
informação e da criação lato sensu, sem o que não
se tem o desembaraçado trânsito das ideias e
opiniões, tanto quanto da informação e da criação.
Interdição à lei quanto às matérias nuclearmente de
imprensa, retratadas no tempo de início e de
duração do concreto exercício da liberdade, assim
como de sua extensão ou tamanho do seu conteúdo.

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[...] As matérias reflexamente de imprensa,
suscetíveis, portanto, de conformação
legislativa, são as indicadas pela própria
Constituição, tais como: direitos de resposta e de
indenização, proporcionais ao agravo; proteção do
sigilo da fonte ("quando necessário ao exercício
profissional"); responsabilidade penal por calúnia,
injúria e difamação; diversões e espetáculos
públicos...”.
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