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Manual de Direito Penal- Parte Geral- Princípio da intervenção mínima; orienta

Rogério Sanches e limita o poder incriminador do Estado,


preconizando que a criminalização de uma
Capítulo 1- Noçoes Gerais de Direito Penal
conduta só se legitima se constituir meio
1. Definição necessária para proteção de determinado
bem jurídico. Se para o restabelecimento
O conceito de direito penal perpassa por da ordem jurídica violada forem suficientes
três aspectos: medidas civis ou administrativas, são estas
a) Aspecto formal ou estático: Direito que devem ser empregadas e não as
Penal é um conjunto de normas penais.
que qualifica certos comportamentos 2. Direito penal, Ciência do Direito
humanos como infrações penais Penal, criminologia e politica
(crime ou contravençã0, define os criminal.
seus agentes e fixa as sanções (pena
ou medida de segurança) a serem- Direito Penal: Conjunto de normas com a
lhes aplicadas. missão de elevar certos comportamentos
b) Aspecto Material: o Direito Penal humanos à categoria de infrações penais,
refere-se a comportamentos cominando sanções àqueles que os
considerados altamente praticam, sendo natural a existência de
reprováveis ou danosos ao uma ciência apta a organizar métodos de
organismo social, afetando bens interpretação e correta aplicação dessas
jurídicos indispensáveis à sua própria mesmas normas jurídicas.
conservação e progresso
Ciência do Direito Penal: deve também se
c) Aspecto Sociológico ou Dinâmico:
ater às manifestações sociais da conduta
Direito penal é mais um
criminosa e às condições pessoais daqueles
instrumento de controle social de
que a pratica.
comportamentos desviados (ao lado
de outros ramos, como Gênero “ciências penais” - Criminologia e a
Constitucional, civil, etc.), visando Política Criminal.
assegurar a necessária disciplina
Criminologia: é a ciência empírica que
social, bem como a convivência
estuda o crime, a pessoa do criminoso, da
harmônica dos membros do grupo.
vítima e o comportamento da sociedade. É

A manutenção da paz social demanda a


existência de normas destinadas a
estabelecer diretrizes que determinam ou
proíbem determinados comportamentos.
Quando violadas as regras de conduta,
surge para o Estado o poder (dever) de
aplicar sanções, civis e/ou penais. Nessa
tarefa (controle social) atuam vários ramos
do Direito. Todavia, temos condutas que,
por atentarem (de forma relevante e
intolerável) contra bens jurídicos uma ciência casual explicativa, que retrata
especialmente tutelados, determinam o delito enquanto fato, perquirindo as suas
reação mais severa por parte do Estado, origens, razões da sua existência, os seus
que passa a cominar sanções de caráter contornos e forma de exteriorização.
penal, regradas pelo Direito Penal. Abarca a Biologia Criminal e a Sociologia
Criminal.
O que diferencia uma norma penal da
demais é a espécie de consequência Política Criminal: finalidade de trabalhar as
jurídica que traz consigo (cominação das estratégias e meios de controle social da
penas e medidas de segurança) criminalidade (caráter teleológico). Posição
de vanguarda em relação ao direito
vigente.
preponderamente ao STF, por
meio da declaração de
3. Funcionalismo
inconstitucionalidade de normas
Corrente doutrinaria que visa analisar a penais.
real função d Direito Penal: funcionalismo
O poder punitivo do Estado não é
teológico e o funcionalismo sistêmico.
incondicionado, encontrando limite:
Teológico (ou moderado): Glaus Roxin-
i. Quanto ao modo: deve respeito
A função do Direito Penal é assegurar bens
aos direitos e garantias
jurídicos valendo-se de medidas de política
fundamentais. Ex: humanização
criminal.
das penas e dignidade da pessoa
Sistêmico (ou radical): Gunther Jakobs- humana.
Direito penal tem função de assegurar o ii. Quanto ao espaço: em regra,
império da norma, ou seja, resguardar o aplica-se a lei penal somente ao
sistema, mostrando que o direito posto fatos praticados apenas no
existe e não pode ser violado. Direito Penal território brasileiro.
do Inimigo iii. Quanto ao tempo: limitado no
tempo pelo instituto da prescrição
No Brasil, prevalece que o Direito Penal (causa extintiva de punibilidade
serve para assegurar bens jurídicos, sem prevista no art, 107 do CP)
desconsiderar a sua missão indireta (ou
mediata): o controle social e a limitação do O jus puniendi é de titularidade exclusiva
poder punitivo estatal. do Estado, ficando proibida a justiça
privada. Exceção: art. 57 do Estatuto do
A seleção de bens jurídicos a serem Indio.
tutelados terá como norte a Constituição
Federal. Tribunal Penal Internacional: competência
subsidiária em relação às jurisdições
4. Categorias do Direito Penal. nacionais dos países signatários e não
representa exceção à exclusividade do
A) Direito Penal Substantivo e Direito direito de punir do Estado.
Penal Adjetivo.
Princípio da Complementariedade: O TPI
Substantivo: corresponde ao direito não pode intervir indevidamente nos
material, que cria as figuras criminais e sistemas judiciais nacionais. O TPI será
contravencionais chamado a intervir somente se e quando a
Adjetivo: direito processual, trata das justiça repressiva interna falhe, seja
normas destinadas a instrumentalizar a omissa, insuficiente.
atuação do Estadi diante da ocorrência de C) Direito penal de Emergência e Direito
um crime. Penal Simbólico.
B) Direito Penal Objetivo e Direito Penal De Emergência: atendendo demandas de
Subjetivo. criminalização, cria normas de repressão,
Objetivo: conjunto de leis penais em vigor afastando-se, não rara vezes, de seu
no país, devendo observar a legalidade. importante caráter subsidiário e
fragmentário, assumindo feição
Subjetivo: direito de punir do Estado. nitidamente punitivista, ignorando as
Capacidade que o Estado tem de produzir e garantias do cidadão. Esquece a real
fazer cumprir suas normas. missão do Direito Penal, permitindo a
edição de leis que cumprem função
i. Sujetivo Positivo: capacidade
meramente representativa, afastando-se
conferida ao Estado de criar e
das finalidades legítimas da pena, campo
executar normas penais.
fértil para um Direito Penal Simbólico.
ii. Subjetivo Negativo: faculdade de
derrogar preceitos penais ou D) Direito Penal Promocional (político ou
restringir o alcance das figuras demagogo)
delitivas, atividade que cabe
Surge quando o Estado, visando concretizar atos inválidos e responsabilidade por atos
seus objetivos políticos, emprega as leis ilícitos)
penais como instrumento, promovendo
A teoria garantista penal de FERRAJOLI tem
seus interesses. Se afasta da intervenção
sua base fincada em dez axiomas ou
mínima e vale-se de outros ramos do
implicações dêonticas. Cada um dos
direito.
axiomas do garantisrno proposto por LUIGI
E) Direito de Intervenção FERRAJOLI se relaciona com um princípio
Parte da premissa de que o Direito Penal
não deve ser alargado, mas utilizado
apenas na proteção de bens jurídicos
individuais (vida, etc. ) e daquelas que
causem perigo concreto.
Direito de Intervenção: as infrações de
índole difusa (ou coletiva) e causadoras de
perigo abstrato seriam tuteladas pela 5. "PRNATIZAÇÃO " DO DIREITO PENAL
Administração Pública, por meio de um
Expressão utilizada por parte da doutrina
sistema jurídico de garantias materiais e
para destacar o (atual e crescente) papel
processual s mais flexível, sem risco de
da vítima no âmbito criminal.
privação de liberdade do infrator.
Está-se criando campo fértil no cenário
F) Direito Penal como Proteção de
jurídico-penal para a Justiça Restaurativa.
contextos da vida em sociedade
Trata-se de uma forma diferente de encarar
Para STRATENWERTH, deve-se relegar ao o crime e os personagens nele envolvidos,
segundo plano a proteção dos interesses sobressaindo a reassunção, pelas partes,
estritamente individuais, dando-se enfoque do poder sobre as decisões a serem
máximo à proteção dos interesses difusos, tomadas após a prática do delito. Este
da coletividade, protegendo-se as futuras sistema é marcado pelo surgimento de uma
gerações. A noção de bem jurídico é "terceira via", quebrando a dualidade da
superada, sendo substituída pela tutela função da pena, até então restrita à
direta de relações ou contextos de vida. retribuição e prevenção, incluindo a
Converte-se, com isso, o Direito Penal (que, reparação como nova possibilidade.
em regra, reage a posteriori, contra um
6. AS VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
fato lesivo individualmente delimitado) a
um direito de gestão punitiva de riscos Trabalha com o tempo que o Estado leva
gerais. para punir o autor de uma infração penal,
mais ou menos grave.
G) Direito penal garantista (modelo de
Luigi Ferrajoli) 1ª velocidade: enfatiza as infrações penais
mais graves, punidas com penas privativas
A Constituição é o fundamento de validade
de liberdade, exigindo, por este motivo, um
de todas as normas infraconstitucionais,
procedimento mais demorado, que observa
que deverão respeitar os direitos
todas as garantias penais e processuais
fundamentais nela consagrados20• As
penais.
garantias dividem- se em:
2ª velocidade: relativiza, flexibiliza direitos
(i) Primárias: são os limites e vínculos
e garantias fundamentais, possibilitando
normativos impostos, na tutela do direito,
punição mais célere, mas, em
ao exercício de qualquer poder (ex:
compensação, prevê como consequência
proibições e obrigações, formais e
jurídica do crime sanção não privativa de
substanciais).
liberdade (penas alternativas).
(ii) Secundárias: são as diversas formas de
3ª velocidade: Defende a punição do
reparação subsequentes às violações das
criminoso com pena privativa de liberdade
garantias primárias (ex: anulabilidade dos
(I a velocidade), permitindo, para
determinados crimes (tidos como mais
graves), a flexibilização ou eliminação de Dividiu os delitos em públicos (crimina
direitos e garantias constitucionais (2a publica) , violadores dos interesses
velocidade), caminho para uma rápida coletivos (ex: crimes funcionais,
punição. homicídio) , punidos pelo jus publicum com
penas públicas, e privados (delicta
Capítulo 2- Evolução histórica do Direito
privata) , lesando somente interesses
Penal
particulares (ex: patrimônio) , punidos pelo
1. Introdução jus civile com penas privadas.

Não se pode considerar a existência de 5. DIREITO PENAL GERMÂNICO


normas penais sistematizadas em tempos
primitivos. Nesse período, o castigo não
estava relacionado à promoção de justiça,
mas vingança.
2. VINGANÇA PENAL
Vingança divina: Quando membro do grupo
social descumpria regras, ofendendo os
"totens", era punido pelo próprio grupo,
que temia ser retaliado pela divindade.
Pautando-se na satisfação divina, a pena
era cruel, desumana e degradante.
Vingança privada: uma vez cometido o
crime, a reação punitiva partia da própria
vítima ou de pessoas ligadas ao seu grupo
social, não se relacionando mais às
divindades. Por não haver regulamentação
por parte de um órgão próprio, a reação do
ofendido (ou do seu grupo) era
normalmente desproporcional à ofensa.
Código de Hamurabi traz a regra do talião ,
onde a punição passou a ser graduada de
forma a se igualar à ofensa. não evitava
penas cruéis e desumanas, fazendo
distinção entre homens livres e escravos,
prevendo maior rigor para os últimos.
Vingança pública: revela maior organização
societária e fortalecimento do Estado, na
medida em que deixa de lado o caráter
individual da punição para que dela se Frieldlosigkeit: o delinquente, quando sua
encarreguem as autoridades competentes, infração ofendia os interesses da
ficando legitimada a intervenção estatal comunidade, perdia seu direito
nos conflitos sociais com aplicação da pena fundamental a vida, podendo qualquer
pública. pena pública tinha por função cidadão matá-lo. Quando a infração atingia
principal proteger a própria existência do apenas uma pessoa ou família, o direito
Estado e do Soberano. penal germânico fomentava o
3. DIREITO PENAL NA GRÉCIA ANTIGA restabelecimento da paz social por via da
reparação, admitindo, também a vingança
Evoluiu da vingança privada, da vingança de sangue (jaida).
religiosa para um período político,
assentado sobre uma base moral e civil. 6. DIREITO PENAL NA IDADE MÉDIA

4. DIREITO PENAL EM ROMA Tribunal da Santa Inquisição: Não se nega,


todavia, a existência de aspectos positivos
no período, como a utilização da pena
privativa de liberdade com um caráter 8. HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRAS
reformador do criminoso (embora não fosse ILEIRO
a sua finalidade primeira) e a análise do
Ordenações Afonsinas (caráter religioso,
elemento subjetivo do delito.
influenciadas também pelo direito romano)
Todavia, foi durante o Iluminismo, no - 1514 -Ordenações Manuelinas (não
século XVIII, que se passou a buscar a definiam tipo ou quantidade de pena, ato
verdadeira evolução das normas de caráter discricionário do juiz) - compilação de D.
sancionador, pregando-se o afastamento Duarte Nunes Leão (reunindo leis até então
da incidência do Direito Penal então separadas e de difícil interpretação e
vigente. Após o período Iluminista, conhecimento por parte dos cidadãos) –
passaram a surgir as Escolas Penais. Ordenações Filipinas (vigorando por mais
de duzentos anos, sendo seu marco inicial
7. ESCOLAS PENAIS
o século XVII).
Diversos doutrinadores ou conjunto de
O Código Filipino fundamentava-se nos
doutrinadores que, em dado momento
preceitos religiosos. O Direito era
histórico-político, investigaram institutos
confundido com moral e religião, punindo-
como o crime, o delinquente e a pena,
se com rigor os hereges, após tatas,
construindo os pilares do sistema penal de
feiticeiros e benzedores. As penas eram
sua época.
cruéis e desumanas, tendo como fim
Principais escolas: as Escolas Clássica e principal infundir o temor pelo castigo.
Proclamação da independência e a
promulgação da Constituição de 1824 -
Código Criminal do Império - direito penal
protetivo e humanitário, permitindo a
individualização da pena, criando
agravantes e atenuantes, estabelecendo
julgamento especial para menores de 14
anos. A pena de morte, ainda presente,
ficou praticamente limitada para coibir
crimes praticados pelos escravos.
Misturando Direito com Religião, tipificou
como crime ofensas à crença oficial do
Estado.
Proclamação da República (1890) - Código
Criminal da República - permitia as penas
de prisão, banimento (de natureza
temporária, evitando sanção de caráter
perpétuo) e suspensão de direitos,
instalando o regime penitenciário de
caráter correcional.
1932 - na Consolidação das Leis Penais
(Consolidação de Piragibe)
1942 - entra em vigor o Código Penal, que
permanece como o sistema básico de
normas penais e que teve sua parte geral
reformulada pela Lei n° 7.209/84.
Capítulo 3 – Fontes do Direito Penal
1. Introdução
Positiva.
Fontes do Direito Penal – Indicar de onde a Tratados e convenções
norma penal emana, qual a sua origem, de internacionais de direitos
onde ela provem e como se revela. humanos: Um acordo internacional
versando sobre direitos humanos,
2. Fonte Material do Direito Penal
celebrado por escrito entre Estados e
É a fonte de produção da norma, é o órgão regido pelo direito internacional,
encarregado da criação do Direito Penal. deve obrigatoriamente ser seguido,
possuindo caráter vinculante ("hard
Por previsão constitucional (art. 22, I , CF/8 law") , não importando se aprovado
8 )- a fonte material do Direito Penal é a pelo Congresso Nacional com
União. quórum de emenda, caso em que o
Exceção: possibilidade dos Estados- acordo tem status constitucional (art.
membros legislarem sobre questões 5°, §3°, CF/88) ou quórum simples,
específicas de direito penal, desde que figurando, então, com o status de
autorizados por lei complementar (art. 22, norma infraconstitucional, porém
parágrafo único, CF/88) supralegal (art. 5 °, § 2°, CF/88)33.
Os tratados e convenções não são
3. Fonte Formal do Direito Penal instrumentos hábeis à criação de
crimes ou cominação de penas para
Trata-se do instrumento se exteriorização
o direito interno (apenas para o
do Direito Penal, ou seja, do modo como as
direito internacional).
regras são reveladas. É a fonte de
Jurisprudência: Reveladora do
conhecimento ou cognição.
direito. Ocorre de forma evidente
Tradicionalmente classificadas em:
com as súmulas vinculantes (ex:
(A) Imediata: a lei é a única fonte verbete de nº 24). De outro lados, as
formal imediata do direito penal. decisões jurisprudenciais, ainda que
(B) Mediata: abrange os costumes e não vinculante, configuram também
os princípios gerais do direito. fonte formal imediata.
Princípios: muitas vezes conduzem
3.1. Fonte Formal do Direito Penal à absolvição ou redução de pena.
à luz da doutrina moderna. (ex: princípio da insignificância-
excludente de tipicidade material).
Entendemos que este rol exige uma Complementos: da norma penal
atualização, fomentada, inclusive, pela em branco seguem a lei e, portanto,
EC n° 45 (Reforma do Sistema Judiciário são incriminadores.
Nacional). (B) Fonte formal mediata
(A) Fontes formais imediatas; Apenas a doutrina.
Lei: único instrumento normativo
capaz de criar infrações penais 4. Fonte Informal do Direito Penal
(crimes e contravenções penais) e (costumes).
cominar sanções (pena ou medita de Costumes São comportamentos uniformes
segurança). e constantes (elemento objeto) pela
Constituição Federal: revela convicção de sua obrigatoriedade
direito penal, estabelecendo alguns (elemento subjetivo).
patamares abaixo dos quais a
intervenção penal não se pode Costumes criam infrações penais? É
reduzir. Esses patamares são absolutamente vedado o costume
mandatos de criminalização, porque incriminador. A lei é a única forma de
vinculam o legislador ordinário, rotular como crime determinada conduta,
reduzindo a sua margem de atuação obedecendo o princípio da reserva legal.
para obriga-los a protege (de forma
O costume pode atuar como causa supra
eficiente/suficiente) certos temas
legal de exclusão de ilicitude ou mesmo da
(bens ou interesses). Ex: Crime de
culpabilidade.
Racismo, etc.
Costume revogam infrações penais? Três 155. § 1°, do Código Penal- repouso
correntes divergem sobre a possibilidade noturno)
(ou não):
1ª corrente: o costume é capaz de revogar
5. Características e Classificação da Lei
a lei nos casos em que a infração penal não
Penal
mais contraria o interesse social. Nessa
hipótese, considera-se que a ausência de Características:
reprovação social corresponde à revogação
formal e material da norma penal (A) Exclusividade: somente ela (lei) define
incriminadora, dispensando-se, inclusive, a infrações (crimes e contravenções) e
edição de lei revogadora por parte do comina sanções penais (penas e medidas
congresso Nacional. de segurança);

2ª corrente: é inadmissível o costume (B) Imperatividade: é imposta a todos,


abolicionista. Entretanto, quando o fato j á independentemente da vontade de cada
não é indesejado pelo meio social, a lei não um;
deve ser aplicada pelo Magistrado. Isto (C) Generalidade: todos devem acatamento
significa que a lei, materialmente revogada, à lei penal, mesmo os inimputáveis, vez
depende apenas da revogação formal por que passíveis de medida de segurança; e
outra lei emanada do Congresso Nacional.
Até o advento desta lei revogadora, a (D) Impessoalidade: dirige-se
conduta, apesar de formalmente típica, não abstratamente a fatos (futuros) e não a
deve ser punida. pessoas, além de ser produzida para ser
imposta a todos os cidadãos,
3ª corrente: somente a lei pode revogar indistintamente.
outra lei. Esta corrente prevalece,
sobretudo, por disposição expressa da Lei Classificação:
de Introdução às normas do Direito
(A) Lei penal incriminadora: define as
Brasileiro, que dispõe, no seu art. 2°: "Não
infrações penais e cominam as sanções que
se destinando à vigência temporária, a lei
lhes são inerentes. Estrutura: preceito
terá vigor até que outra a modifique ou
primário (onde está contida a definição da
revogue”.
conduta criminosa) e de um preceito
Qual a finalidade do costume no secundário (que prevê a sanção penal
ordenamento jurídico brasileiro? aplicável).

Apesar de não criar ou revogar crimes e B) Lei penal não incriminadora (em sentido
sanções, o custume é vetor de amplo): não tem a finalidade criar condutas
interpretação das normas penais. É puníveis nem de cominar sanções a elas
possível o uso do costume segundo a lei relativas, subdividindo-se em:
(secundum legem), atuando dentro dos
(i) permissiva (justificante ou exculpante):
limites do tipo penal. Esse costume
Justificante - torna lícita determinadas
interpretativo possibilita a adequação do
condutas que, normalmente, estariam
tipo às exigências éticas coletivas. (ex: art
sujeitas à reprimenda estatal (ex: art. 25,
CP, legítima defesa).
Exculpante: se verifica quando elimina a
culpabilidade. (ex: embriaguez acidental
completa, art. 28, § 1 °, CP)
(ii) explicativa ou interpretativa: se destina
a esclarecer o conteúdo da norma,
(iii) complementar: função de delimitar a
aplicação das leis incriminadoras. (ex:
artigo 5 ° do Código Penal, que dispõe
sobre a aplicação da lei penal no território Histórica: é aquela interpretação que
brasileiro) indaga a origem da lei, identificando os
fundamentos da sua criação.
(iv) leis de extensão ou integrativas: é
aquela utilizada para viabilizar a tipicidade Sistemático: conduz à interpretação da lei
de alguns fatos. (ex: artigos 1 4, II e o em conjunto com a legislação que integra o
artigo 29 do Código Penal -a tentativa e a sistema do qual faz parte, bem como com
participação (em sentido estrito) seriam os princípios gerais de direito.
condutas atípicas não fossem tais normas.
Progressiva ou evolutiva: representa a
Capítulo 4 – Interpretação da Lei Penal busca do significado legal de acordo com o
progresso da ciência.
1. Introdução
Lógica: se baseia na razão, utilização de
Interpretar: buscar o preciso significado de
métodos dedutivos, indutivos e da dialética
um texto, palavra ou expressão,
para encontrar o sentido da lei.
delimitando o alcance da lei, guiando o
operador para a sua correta aplicação. (C) Quanto ao resultado
O ato de interpretar é, necessariamente, Declarativa ou declaratória: é aquela em
feito por um sujeito que, empregando que a letra da lei corresponde exatamente
determinado modo, chega a um resultado. àquilo que o legislador quis dizer, nada
Assim, são formas de interpretação: suprimindo, nada adicionando.
(A) Quanto ao sujeito que a interpreta (ou Restritiva: a interpretação que reduz o
quanto à origem), a interpretação pode ser: alcance das palavras da lei para que
corresponda à vontade do texto (!ex plus
Autêntica (ou legislativa): é aquela
dix it quam voluit).
fornecida pela própria lei. Subdivide-se em:
Extensiva: amplia-se o alcance das
(I) Contextual: editada conjuntamente com
palavras da lei para que corresponda à
norma penal que conceitua.
vontade do texto (!ex minus dix it quam
(II) Posterior: lei distinta e posterior voluit).
conceitua o objeto da interpretação.
INTERPRETAÇÃO SUI GENERIS:
Doutrinária ou científica (communis
Exofórica: ocorre quando o significado da
opiniodoctorum): é a interpretação feita
norma interpretada não está no
pelos estudiosos, pelos jurisconsultos. Não
ordenamento normativo. A palavra "tipo",
se trata de interpretação de observância
por exemplo, presente no art. 20 do CP,
obrigatória.
tem seu significado extraído da doutrina (e
Jurisprudencial, judiciária ou judicial: não da lei).
corresponde ao significado dado às leis
Endofórica: quando o texto normativo
pelos tribunais, à medida que lhes é exigida
interpretado toma de empréstimo o sentido
a análise do caso concreto, podendo
de outros textos do próprio ordenamento,
adquirir, hoje, caráter vinculante, dada a
ainda que não sejam da mesma Lei. Esta
possibilidade de edição, pelo STF, das
espécie está presente na norma penal em
"súmulas vinculantes" (artigo 1 03-A,
branco
CF/88, incluído pela E. C n° 45/2004) .
INTERPRETAÇÃO CONFORME A
(B) Quanto ao modo
CONSTITUIÇÃO
Gramatical, filológica ou literal: é a
É marcada pelo confronto entre a norma
interpretação que considera o sentido
legal e a Constituição, aferindo a validade
literal das palavras, correspondente a sua
daquela dentro de uma perspectiva
etimologia.
garantista, numa verdadeira "filtragem" à
Teleológica: perquire a vontade ou intenção qual só resistem aqueles dispositivos que
objetivada na lei (voluntalegis). não estão em desacordo com os direitos e
garantias da Carta Magna.
2. Interpretação Extensiva Analogia: se difere da interpretação
extensiva e da interpretação analógica. É
GUILHERME DE Souza Nucci é indiferente
uma regra de integração. Decorre de
se a interpretaçáo extensiva beneficia ou
uma lacuna e não de uma lei pendente de
prejudica o réu.
interpretação.
Jurisprudência: socorrendo-se do princípio
4. Integração da Lei Penal (Analogia)
do in dubio pro reo, limitam a sua aplicação
às normas não incriminadoras. Parte do pressuposto de que não existe
uma lei a ser aplicada ao caso concreto,
STJ: "O princípio da estreita legalidade
motivo pelo qual é preciso socorrer-se de
impede a interpretação extensiva para
previsão legal empregada à outra situação
ampliar o objeto descrito na lei penal...”
similar.
ZAFFARONI e PIERANGELI: apesar de
Seu fundamento é sempre a
defenderem a aplicação do in dubio pro reo
inexistência de uma disposição precisa de
como regra de interpretação, admitem, em
lei que alcance o caso concreto.
casos excepcionais (e sempre obedecendo
a limites), a interpretação extensiva da lei Embora a regra seja a da vedação do
penal, em especial quando sua aplicação emprego da analogia no âmbito penal, a
restrita resulta num escândalo por sua doutrina é uníssona ao permitir este
notória irracionalidade. recurso integrativo desde que estejam
presentes dois requisitos:
3. Interpretação Analógica (ou intra
legem) (A) certeza de que sua aplicação será
favorável ao réu (“in bonam partem ')
O Código, atendendo ao princípio da
legalidade, detalha todas as situações que (B) existência de uma efetiva lacuna
quer regulas e, posteriormente, permite legal a ser preenchida.
que aquilo que a elas seja semelhante
Analogia Legis: utilização de outra
possa também ser abrangido no
disposição normativa para integras a
dispositivo.
lacuna existente no ordenamento jurídico.
Ex: artigo 121, §2°, I, do Código Penal -
Analogia Iuris: emprego de um princípio
qualificado o homicídio quando cometido
geral do direito para regular um caso
"mediante paga ou promessa de
semelhante diante da inexistência de
recompensa, ou por outro motivo torpe".
norma penal aplicável.
Percebe-se que legislador fornece uma
formula causuistica (“mediante paga ou
promessa”) e, em seguida, apresenta uma
fórmula genérica (“ou por outro motivo
torpe”).
Desse modo, o significado que se busca é
extraído do próprio dispositivo, levando-se
em conta as expressões abertas e
genéricas utilizadas pelo legislador a
interpretação extensiva é o gênero, no qual
são espécies a interpretação extensiva em
sentido estrito e a interpretação analógica.
Para identificar de que espécie se trata, se Capítulo 5 – Teoria Geral da Norma Penal
deva considerar a lei penal e verificar se a 1. Princípios e sua Relação com o
mesma traz as fórmulas casuística e direito Penal
genéricas (interpretação analógica) ou não
fornece um padrão (interpretação Os princípios podem ser explícitos,
extensiva em sentido estrito), neste caso positivados no ordenamento, ou implícitos,
deixando a cargo do intérprete a extensão quando derivam daqueles expressamente
do conteúdo da lei objeto de interpretação. previstos e que decorrem de interpretação
sistemática de determinados dispositivos.
Duas diferenças básicas entre a lei e os "infração bagatelar", ou "crime de
princípios: bagatela" - poderá ocorrer situação em
que a ofensa concretamente perpetrada
Primeira: diz respeito à solução de conflito
seja diminuta, isto é, incapaz de atingir
existente entre ambos. Havendo embate
materialmente e de forma relevante e
entre leis, somente uma delas prevalecerá,
intolerável o bem jurídico protegido.
afastando-se as demais. Nos princípios,
invoca-se a proporcionalidade (ou Princípio da insignificância:
ponderação de valores), aplicando-os em
Primeiramente, deve-se ter em
conjunto, na medida de sua
consideração que a doutrina entendia a
compatibilidade. Logo, não há revogação
tipicidade como sendo a subsunção da
de princípios.
conduta empreendida pelo agente à norma
Segunda: está no plano da concretude. abstratamente prevista. Essa adequação
Malgrados ambos sejam dotados de conduta-norma é denominada de
aplicação abstrata, os princípios possuem "tipicidade formal". A tendência atual,
maior abstração quando comparados à lei. todavia, é a de conceituar a tipicidade
A lei é elaborada para reger abstratamente penal pelo seu aspecto formal aliado à
determinado fato, enquanto os princípios se tipicidade conglobante.
aplicam a um grupo indefinido de
A tipicidade conglobante, por sua vez, deve
hipóteses.
ser analisada sob dois aspectos: (A) se a
2. Princípios Gerais do Direito Penal. conduta representa relevante lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico (tipicidade
2.1. Princípios relacionados com a material) e (B) se a conduta é determinada
missão fundamental do Direito Penal. ou fomentada pelo direito penal
(antinormatividade). Deverá ser feito um
2.1.1. Princípios da exclusiva proteção juízo entre as consequências do crime
de bens jurídicos. praticado e a reprimenda a ser imposta ao
agente.
Bem jurídico é um ente material ou
imaterial haurido do contexto social, de O princípio da insignificância tem lugar
titularidade individual ou metaindividual justamente neste primeiro aspecto da
reputado como essencial para a tipicidade conglobante, a tipicidade
coexistência e o desenvolvimento do material. sob o aspecto hermenêutica, o
homem em sociedade e, por isso, jurídico- princípio da insignificância pode ser
penalmente protegido. Deve estar sempre entendido como um instrumento de
em compasso com o quadro axiológico interpretação restritiva do tipo penal sendo
vazado na Constituição e com o formalmente típica a conduta e relevante a
princípio do Estado Democrático e lesão, aplica-se a norma penal, ao passo
Social de Direito. A ideia de bem jurídico que, havendo somente a subsunção legal,
fundamenta a ilicitude material, ao mesmo desacompanhada da tipicidade material,
tempo em que legitima a intervenção penal deve ela ser afastada, pois que estará o
legalizada fato atingido pela atipicidade.
2.1.2. Princípio da intervenção penal Os Tribunais Superiores estabelecem
mínima. alguns requ isitos necessários para que se
possa alegar a insignificância da conduta.
O Direito Penal só deve ser aplicado
São eles: (A) a mínima ofensividade da
quando estritamente necessário, de modo
conduta do agente, (B) a ausência de
que a sua intervenção fica condicionada ao
periculosidade social da ação, (C) o
fracasso das demais esferas de controle
reduzido grau de reprovabilidade do
(caráter subsidiário), observando somente
comportamento e, por fim, (D) a
os casos de relevante lesão ou perigo de
inexpressividade da lesão jurídica causada.
lesão ao bem juridicamente tutelado
(caráter ftagmentário). Aplicando-se de A doutrina moderna convencionou
forma subsidiária e racional à preservação distinguir o princípio da insignificância ou
daqueles bens de maior significação relevo.
da bagatela própria e da bagatela 2.2.1. Princípio da exteriorização ou
imprópria (irrelevância penal do fato). materialização do fato
Bagatela própria: não se aplica o direito Pelo princípio da materialização do fato
penal em razão da insignificância da lesão (nullum crimen sine actio), o Estado só
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. pode incriminar condutas humanas
Conduta é formalmente típica, mas voluntárias, isto é, fatos (e nunca condições
materialmente atípica. Logo, não é internas ou existenciais). Em outras
criminosa, não se justificando a aplicação palavras, está consagrado o Direito Penal
do direito penal. É o que ocorre, por do fato, vedando-se o Direito Penal do
exemplo, com a subtração de um frasco de autor, consistente na punição do indivíduo
shampoo de uma grande rede de farmácia. baseada em seus pensamentos, desejos ou
estilo de vida.
Bagatela imprópria (irrelevância penal
do fato): conquanto presentes o desvalor O nosso ordenamento penal, de forma
da conduta e do resultado, evidenciando-se legítima, adotou o Direito Penal do fato,
conduta típica (formal e materialmente), mas que considera circunstâncias
antijurídica e culpável, a aplicação da pena, relacionadas ao autor, especificamente
considerando as circunstâncias do caso quando da análise da pena (personalidade,
concreto, em especial o histórico do autor antecedentes criminais), corolário do
do fato, torna-se desnecessária. Parte-se da mandamento constitucional da
premissa de que a função da pena/sanção individualização da sanção penal.
não pode ser meramente retributiva, mas,
2.2.2. Princípio da Legalidade
acima de tudo, preventiva. O fundamento
legal para aplicar este princípio estaria, na O artigo 5 °, inciso II, da Constituição
visão dos seus adeptos, no art. 59 do CP, Federal dispõe que " ninguém será
quando, na sua parte final, vincula a obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
aplicação da pena à sua necessidade. coisa senão em virtude de lei". Reforçando
essa garantia, o artigo 5 °, XXXIX da Carta
Em resumo: o princípio da bagatela própria
Magna (com idêntica redação do artigo 1 °
se aplica aos fatos que j á nascem
do CP) anuncia que " não há crime sem lei
irrelevantes para o Direito Penal, enquanto
anterior que o defina, nem pena sem prévia
que o princípio da bagatela imprópria tem
cominação lega!' .
aplicação quando, embora relevante a
infração penal praticada, a pena, diante do Trata-se de real limitação ao poder estatal
caso concreto, não é necessária, deixando de interferir na esfera de liberdades
de ser aplicada pelo magistrado. individuais, daí sua inclusão na Constituição
entre os direitos e garantias fundamentais.
Princípio da adequação social: apesar
Possui três fundamentos:
de uma conduta se subsumir ao modelo
legal, não será considerada típica68 se for (A) Político, numa clara exigência
socialmente adequada ou reconhecida, isto d e vinculação dos Poderes Executivo
é, se estiver de acordo com a ordem social e Judiciário a leis formuladas de
da vida historicamente condicionada. Tem forma abstrata, impedindo o poder
duas funções precípuas: (A) de restringir punitivo arbitrário;
o âmbito de abrangência do tipo penal (B) Democrático, que representa o
(limitando sua interpretação ao excluir as respeito ao princípio da divisão de
condutas socialmente aceitas) e (B) de poderes, conferindo aos
orientar o legislador na seleção dos bens representantes do povo (parlamento)
jurídicos a serem tutelados, atuando, a missão de elaborar as leis;
também, no processo de descriminalização (C) Jurídico, pois a lei prévia e
de condutas. clara produz importante efeito
intimidativo.
2.2. Princípios relacionados com o
fato do agente A doutrina desdobra o princípio em exame
em outros seis:
(A) Não há crime (ou (ou medida de segurança) sem
contravenção penal), nem pena lei estrita.
(ou medida de segurança) sem
Proíbe-se a utilização da analogia para criar
lei.
tipo incriminador, fundamentar ou agravar
Princípio da reserva legal: a infração pena. Note-se, contudo, que a analogia in
penal somente pode ser criada por lei em bonam partem é perfeitamente possível,
sentido estrito, ou seja, lei complementar como ressaltado anteriormente,
ou lei ordinária, aprovadas e sancionadas encontrando justificativa no princípio da
de acordo com o processo legislativo equidade.
respectivo, previsto na CF/ 8 8 e nos
(E)Não há crime (ou contravenção
regimes internos da Câmara dos Depurados
penal), nem pena (ou medida de
e Senado Federal.
segurança) sem lei certa.
Embora não possam criar infrações penais,
Princípio da taxatividade ou da
as medidas provisórias podem versar
determinação: é dirigido mais
sobre direito penal não incriminador. Neste
diretamente à pessoa do legislador,
sentido, decidiu o Supremo Tribunal
exigindo dos tipos penais clareza, não
Federal que a vedação constante do artigo
devendo deixar margens a dúvidas, de
62, § 1 °, I, "b" da CF/8 88 1 não abrange as
modo a permitir à população em geral o
normas penais benéficas, assim
pleno entendimento do tipo criado.
consideradas "as que abolem crimes ou
lhes restringem o alcance, extingam ou (F)Não há crime (ou contravenção
abrandem penas ou ampliam os casos de penal), nem pena (ou medida de
isenção de pena ou de extinção de segurança) sem lei necessária.
punibilidade”. Temos no ordenamento
jurídico pátrio exemplo de medida Desdobramento lógico do princípio da
provisória versando sobre direito penal intervenção mínima, não se admite a
favorável ao réu, criação da infração penal sem necessidade,
em especial quando a conduta indesejada
Também é inadmissível que a lei delegada pelo meio social pode perfeitamente ser
verse sobre direito penal, com fundamento inibida pelos outros ramos do Direito.
no artigo 68, § 1°, CF/88. Resoluções de
quaisquer espécies (TSE, CNJ, CNMP, dentre
outras) não podem criar infrações penais,
porquanto não são lei em sentido estrito.
(B) Não há crime (ou
contravenção penal), nem pena
(ou medida de segurança) sem
lei anterior.
Princípio da anterioridade: a criação de A legalidade deve ser compreendida sob
tipos e a cominação de sanções exige lei dois aspectos: o da legalidade formal e da
anterior, proibindo-se a retroatividade legalidade material.
maléfica.
Formal: representa a obediência aos
(C) Não há crime (ou trâmites procedimentais (devido processo
contravenção penal), nem pena legislativo) fazendo da lei aprovada,
(ou medida de segurança) sem sancionada e publicada uma lei vigente.
lei escrita.
Material: a observância às formas e
Só a lei escrita pode criar crimes e sanções procedimentos impostos não é suficiente,
penais, excluindo-se o direito sendo imprescindível que a lei respeite o
consuetudinário para fundamentação o u conteúdo da Constituição Federal, bem
agravação da pena. como dos tratados internacionais de
direitos humanos, observando direitos e
(D) Não há crime (ou
contravenção penal), nem pena
garantias do cidadão. Apenas desse modo complemento normativo,
é possível falar em lei válida. neste caso, emana do
próprio legislador, ou seja,
da mesma fonte de
produção normativa.
 Norma penal em
2.2.2.1.Princípio da Legalidade, tipo branco imprópria
aberto e a norma penal em branco. homovitelina: o
complemento emana
Classificação da lei quanto ao da mesma instância
conteúdo: legislativa
(A)Completa: norma penal completa é  Norma penal em
aquela que dispensa complemento branco
valorativo (dado pelo juiz) ou heterovitelina: o
normativo (dado por outra norma). complemento da
Exemplo: art. 1 2 1 do CP. norma emana de
(B)lncompleta: é a norma penal que instância legislativa
depende complemento valorativo diversa
(tipo aberto) ou normativo (norma  Norma penal em branco
penal em branco). Analisemos cada ao revés (ou invertida):
uma das espécies de lei incompleta. o complemento refere-se à
(I) Tipo aberto: é aquele que sanção, preceito
depende de complemento secundário, não ao
valorativo, a ser conferido pelo conteúdo proibitivo
julgador no caso concreto. Ex: (preceito primário). O
crimes culposos. Para não complemento deverá,
ofenderem o princípio da necessariamente, ser
legalidade, a redação típica deve encontrado em lei. Temos
trazer o mínimo de determinação. respeitável doutrina
Também são abertos os tipos em questionando a
que o legislador utiliza na sua constitucionalidade da
construção elementos norma penal em branco,
normativos, que demandam juízo quando complementada
de valor do magistrado. por norma inferior (norma
(II) Normal penal em branco: é penal em branco
aquela que depende de heterogênea, ou própria),
complemento normativo. É dizer: pois implicaria em violação
seu preceito primário (descrição da reserva legal e divisão
da conduta proibida) não é de poderes. Este
completo, dependendo de entendimento, no entanto,
complementação a ser dada por está longe de ser
outra norma. Esta espécie majoritário. Entende a
comporta as seguintes quase unanimidade da
classificações: doutrina, ser constitucional
 Norma penal em branco a lei penal em branco,
própria (ou em sentido mesmo quando
estrito ou heterogênea): complementada por norma
o seu complemento inferior, exigindo, porém,
normativo não emana do que o recurso à técnica da
legislador, mas sim de remissão seja
fome normativa diversa. absolutamente
 Norma penal em branco excepcional, necessário,
imprópria (ou em somente, por razões de
sentido amplo ou técnica legislativa.
homogênea): o
 Norma penal em branco e (A) A obrigatoriedade da
instâncias federativas individualização da acusação: a
diversas: a lei penal em denúncia deve imputar de forma
branco (própria ou específica a conduta tida como
imprópria) pode ser criminosa, sendo inepta a acusação
complementada por que não individualiza agente e seu
normas oriundas de comportamento
instâncias federativas (B) A obrigatoriedade da
diversas (Poderes individualização da pena:
Executivo ou Legislativo considerando a gravidade do fato e
Federal, Estadual ou as condições do seu autor.
Municipal). É preciso, no
entanto, que se atente 2.3.2. Princípio da responsabilidade
para o fato de que a subjetiva
iniciativa dessas instâncias
Não bastar que o fato seja materialmente
federativas no
causado pelo agente, ficando a sua
complemento das normas
responsabilidade (penal) condicionada à
penais em branco deve ser
existência da voluntariedade, leia-se
restrita, sob pena de se
dolo ou culpa.
caracterizar generalizada
delegação de competência O deliro de rixa qualificada (CP, art. 137,
legislativa privativa da parágrafo único), que no caso de morre ou
União, expediente vedado lesão grave agrava a pena de rodos os
pela Constituição Federal. agentes, só pelo faro da participação na
rixa, hoje deve ser interpretado em
2.2.3. Princípio da ofensividade ou consonância com o princípio da
lesividade responsabilidade subjetiva, ou seja, só
responde por esse resultado agravador
O princípio da ofensividade ou lesividade
quem atuou frente a ele com dolo ou culpa.
(nullum crimen sine iniuria) exige que do
Fora disso é admitir a versari in re illicita no
fato praticado ocorra lesão ou perigo de
Direito penal, o que é vedado.
lesão ao bem jurídico tutelado.
A exigência de responsabilidade irrestrita
Uma vez reconhecido este princípio,
da embriaguez voluntária ou culposa (CP,
parcela da doutrina questiona a
art. 28, II), em rodas as situações, mesmo
constitucionalidade dos delitos de perigo
quando não concorre dolo ou culpa, seria
abstrato (ou presumido), casos em que da
uma responsabilidade objetiva no nosso
conduta o legislador presume, de forma
Código Penal. Mas também aqui há uma
absoluta, o perigo para o bem jurídico.
fórmula para evitá-la: reside na teoria da
A tese não seduziu os Tribunais Superiores, actio libera in causa [que vamos estudar
para quem a criação de crimes de perigo dentro da culpabilidade]. De qualquer
abstrato não representa, por si só, modo, por força dessa teoria, quando ao
comportamento inconstitucional por parte agente no momento precedente (da
do legislador penal. embriaguez) nem sequer era previsível o
resultado, não há que se falar em
2.3. Princípios relacionados com o
responsabilidade penal"
agente do fato
2.3.3. Princípio da culpabilidade
2.3.1. Princípio da responsabilidade
Postulado limitador do direito de punir.
pessoal
Assim, só pode o Estado impor sanção
Proíbe-se o castigo penal pelo fato de penal ao agente imputável (penalmente
outrem. Inexiste, em se tratando de Direito capaz), com potencial consciência da
Penal, responsabilidade coletiva. São ilicitude (possibilidade de conhecer o
desdobramentos deste princípio: caráter ilícito do seu comportamento),
quando dele exigível conduta diversa copiosamente, vem preferindo essa
(podendo agir de outra forma). denominação.
2.3.4. Princípio da igualdade De acordo com o Estatuto de Roma
(Decreto no 4.388/2002), podemos
O princípio da igualdade (ou da isonomia)
enumerar três consequências extraídas
está previsto de maneira expressa no caput
deste princípio:
do artigo 5° da CF/88, o qual dispõe: "Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de (A) Qualquer restrição à liberdade do
qualquer natureza [...]". Essa garantia se investigado/acusado somente se admite
estende aos estrangeiros, mesmo que não após sua condenação definitiva, não
residentes no país. evitando, porém, a prisão cautelar ao longo
da persecução criminal, desde que
Pressupõe não somente a igualdade formal,
imprescindível, exigindo-se adequada
mas também a igualdade material, ou seja,
fundamentação;
"para todos os indivíduos com as mesmas
características devem prever-se, através da (B) Cumpre à acusação o dever de
lei, iguais situações ou resultados jurídicos" demonstrar a responsabilidade do réu, e
ou, ainda, deve-se tratar de forma "igual o não a este comprovar sua inocência (o
que é igual e desigualmente o que é ônus da prova incumbe sempre ao titular
desigual". Ex: constitucionalidade das da ação penal);
ações afirmativas.
(C) A condenação deve derivar da certeza
2.3.5. Princípio da presunção de inocência do julgador, sendo que eventual dúvida
(o u da não culpa) será interpretada em favor do réu (in dubio
pro reo).
A Constituição Federal, no artigo 5°, inciso
LVI I, determina que " ninguém será 2.4. Princípios relacionados com a pena.
considerado culpado até o trânsito em
2.4.1. Princípio da dignidade da pessoa
julgado de sentença penal condenatória”.
humana
Na verdade, o princípio insculpido na
referida norma garantia é o da presunção A ninguém pode ser imposta pena ofensiva
de não culpa (ou de não culpabilidade). à dignidade da pessoa humana, vedando-
Uma situação é a de presumir alguém se reprimenda indigna, cruel, desumana ou
inocente; outra, sensivelmente distinta, é a degradante.
de impedir a incidência dos efeitos da
condenação até o trânsito em julgado da 2.4.2. Princípio da individualização da pena
sentença, que é justamente o que a O princípio da individualização da pena
Constituição brasileira garante a todos. está previsto constitucionalmente. Dispõe o
Reconhecemos que a denominação artigo 5 °, XLVI, CF/ 88: "a lei regulará a
princípio da presunção de inocência não se individualização da pena...”. A
coaduna com o sistema de prisão provisória individualização da resposta estatal ao
previsto no nosso ordenamento jurídico: autor de um fato punível deve ser
como admitir que alguém, presumidamente observada em três momentos: a) na
inocente, seja preso na fase de definição, pelo legislador, do crime e sua
investigação policial ou no curso da pena; h) na imposição da pena pelo juiz; c)
instrução criminal, leia-se, sem a haver e na fase de execução da pena, momento
sentença penal condenatória? em que os condenados serão classificados,
segundo os seus antecedentes e
Por outro lado, parece aceitável a personalidade, para orientar a
decretação (excepcional) de uma prisão individualização da execução penal (art. 5°
temporária ou preventiva sobre alguém não LEP).
presumido inocente, sobre o qual pairam
indícios suficientes de autoria, mas que 2.4.3. Princípio da proporcionalidade
ainda não pode ser considerado culpado. O Para que a sanção penal cumpra a sua
próprio Supremo Tribunal Federal, função, deve se ajustar à relevância do
bem jurídico tutelado, sem desconsiderar Excepcionalmente, será permitida a
as condições pessoais do agente. retroatividade da lei penal para alcançar
fatos passados, desde que benéfica ao réu.
2. 4. 4. Princípio da pessoa/idade
Extra-atividade: possibilidade conferida à
Artigo 5°, inciso XLV, da Constituição
lei de movimentar-se no tempo (para
Federal, que dispõe: "nenhuma pena
beneficiar o réu). Pose ser compreendida
passará da pessoa do condenado podendo
como gênero do qual são espécies:
a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos a) Retroatividade: capacidade que a
termos da lei, estendidas aos sucessores e lei penal tem de ser aplicada a fatos
contra eles executadas, até o limite do praticados antes da sua vigência.
valor do patrimônio transferido " b) Ultra-atividade: representa a
possibilidade de aplicação da lei
2. 4.5. Princípio da vedação do "bis in idem
penal mesmo após a sua revogação
"
ou cessação de efeitos.
Previsto expressamente na Constituição,
mas sim no Estatuto de Roma, que criou o 2. Tempo do Crime
Tribunal Penal Internacional : 'í'lrt. 20. Ne
Teoria da Atividade: CP, ART. 4º,
bis i n idem. I. Salvo disposiçáo e m
“considera-se praticado o crime no
contrário do presente Estatuto, nenhuma
momento da ação ou omissão, ainda
pessoa poderá ser julgada pelo Tribunal por
que outro seja o momento do
actos constitutivos de crimes pelos quais
resultado”.
este já a tenha condenado ou absolvido. 2 -
Nenhuma pessoa poderá ser julgada por Pelo princípios da coincidência (da
outro tribunal por um crime mencionado no congruência ou da simultaneidade),
artigo 5°, relativamente ao qual já tenha todos os elementos do crime (fato
sido condenada ou absolvida pelo típico, ilicitude e culpabilidade) devem
Tribunal". estar presentes no momento da
conduta. A imputabilidade do agente
Entende-se, majoritariamente, que o
dependerá da aferição da sua idade no
princípio em estudo não é absoluto. Entre
momento da ação ou da omissão.
nós, a exceção ao princípio do non bis in
idem se encontra no artigo 8°, que autoriza O momento do crime é também marco
novo julgamento e condenação pelo inicial para saber a lei que, em regra,
mesmo fato, nos casos de vai reger o caso concreto, ganhando
extraterritorialidade da lei penal brasileira. ainda mais importância no caso de
secessão de leis penais no tempo.
O princípio do non bis in idem tem três
significados: 3. Sucessão de Leis no Tempo
(A) Processual: ninguém pode ser Sucessão de leis no tempo: entre a data
processado duas vezes pelo mesmo crime; do fato praticado e o término do
cumprimento da pena, podem surgir
(B) Material: ninguém pode ser condenado
várias leis penais.
pela segunda vez em razão do mesmo fato;
Regra Geral: artigo 5°, XL da CF/88 - "a
(C) Execucional: ninguém pode ser
lei penal não retroagirá, salvo para
executado duas vezes por condenações
beneficiar o réu ".
relacionadas ao mesmo fato.
Capitulo 6- Eficácia da lei Penal no Tempo
1. Introdução
Em regra, aplica-se a lei penal vigente ao
tempo da realização do fato criminoso ao
tempo da realização do fato criminoso
(tempus regit actum).
Natureza jurídica: a descriminalização
representa causa extintiva da punibilidade,
o que consta expressamente do seu artigo
1 07, III.
3.1. Sucessão de lei incriminadora
A lei penal abolicionista não deve respeito à
A novatio legis incriminadora é a lei que coisa julgada. Isto porque, por expressa
não ex1st1a no momento da pratica da disposição do artigo 2°, caput, CP, cessarão
conduta e que passa a considerar como tanto a execução quanto os efeitos penais
delito a ação ou omissão realizada. Esta da sentença condenatória. Tal dispositivo
norma é irretroativa, nos termos do artigo 1 não infringe o artigo 5°, inc. XXXVI, da CF
° do Código Penal. ("a lei não prejudicará o direito adquirido, o
3.2. Novatio legis in pejus ato jurídico e a coisa julgada"), pois o
mandamento constitucional tutela a
A nova lei que, em qualquer modo, garantia individual e não o direito de punir
prejudica o réu (lex gravior) é irretroativa, do Estado.
devendo ser aplicada a lei vigente quando
do tempo do crime. Observância ao Como ficam os efeitos da condenação
princípio da anterioridade, corolário do na hipótese de "abolitio criminis"?
princípio da legalidade. Efeitos Penais x Efeitos Extrapenais:
Qual lei deve ser aplicada se, no decorrer Os efeitos extrapenais estão positivados
da prática de um crime permanente ou nos artigos 9 1 e 92 do Código Penal e não
crime continuado, sobrevém lei mais serão alcançados pela lei
grave? descriminalizadora. Assim, mesmo com a
revogação do crime, subsiste, por exemplo,
Crime permanente: é aquele cuja a obrigação de indenizar o dano causado,
consumação se prolonga no tempo. Ex: enquanto que os efeitos penais terão de ser
crime de sequestro (art. 1 48, CP). extintos, retirando-se o nome do agente do
rol dos culpados, não podendo a
Crime continuado: ficção jurídica através
condenação ser considerada para fins de
da qual, por motivos de política criminal,
reincidência ou de antecedentes penais. A
dois ou mais crimes da mesma espécie,
expressão descriminalizar (=abolir o
praticados nas mesmas condições de
crime), significa retirar de certa conduta o
tempo, lugar e maneira de execução,
caráter de criminoso, mas não o caráter de
devem ser tratados, para fins da pena,
ilicitude, já que o direito penal não constitui
como crime único, majorando- se a pena.
o ilícito (caráter subsidiário); logo, não
3.3. Abolitio criminis pode, pela mesma razão, desconstituí-lo.

A abolição do crime representa a supressão 3.4. Novatio legis in mellius (lex


da figura criminosa. Trata-se da revogação mitior)
de um tipo penal pela superveniência de lei
Trata-se da nova lei que de qualquer modo
descriminalizadora. A lei abolicionista está
beneficia o réu. Esta lei retroagirá,
prevista no artigo 2°, caput, do Código
atendendo à regra, prevista também no art.
Penal, que preceitua que: "Ninguém pode
2°, parágrafo único, do Código Penal: "A lei
ser punido por Jato que lei posterior deixa
posterior, que de qualquer modo favorecer
de considerar crime, cessando em virtude
o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
dela a execução e os efeitos penais da
ainda que decididos por sentença
sentença condenatória':
condenatória transitada em julgado. "
Depois do trânsito em julgado, qual o juiz próprio acusado ou condenado,
competente para aplicar a lei penal mais permitindo-lhe indicar (por meio de
benéfica? defensor) qual a norma que efetivam
ente o beneficia.
A resposta a esse questionamento
dependerá do conteúdo da lei penal Para beneficiar o réu, admite-se
benéfica. Se a sua aplicação depender de combinação de leis penais?
mera operação matemática, o juiz da
Combinação de leis penais seria a
execução da pena é competente para
faculdade conferida ao juiz para, na
aplicá-la. Por outro lado, se for necessário
determinação da lei mais benéfica, tomar
juízo de valor para aplicação da lei penal
mais favorável, o interessado deverá
ajuizar revisão criminal (art. 62 1 do
CPP) para desconstituir o trânsito em
julgado e aplicar a lei nova.
A súmula n° 6 1 1 do STF, dispondo que
"transitada em julgado a sentença
condenatória, compete ao juiz da
execução a aplicação de lei mais
benigna”, é incompleta, já que, se a lei
mais benigna implicar juízo de valor,
competirá ao juízo revisor, ou seja,
àquele responsável pelo julgamento da
revisão criminal.
É possível a aplicação da lei penal
mais benéfica durante o seu
período de “vacatio legis"? Duas
correntes:
1ª corrente: tempus vacationes tem
como fulcro primordial a necessidade
de que a lei promulgada se torne
conhecida. Não faz sentido, portanto, que preceitos ou critérios mais favoráveis da lei
aqueles que já se inteiraram do teor da lei anterior e, ao mesmo tempo, os da lei
nova fiquem impedidos de lhe prestar posterior, conjugando -os de forma a
obediência, desde logo, quanto a seus aplicá-los ao caso concreto.
preceitos mais brandos, quando, em razão
3.5. Princípio da continuidade
da retroatividade benéfica, mais cedo ou
normativo-típica
mais tarde isso teria que acontecer.
A abolitio criminis não se confunde com o
2ª corrente: (predominante) no período
princípio da continuidade normativo-típica.
de vacatio legis a lei penal não possui
eficácia jurídica ou social, devendo imperar A abolitio representa supressão formal e
a lei vigente. Fundamenta-se esta corrente material da figura criminosa, expressando o
no fato de que a lei no período de vacatio desejo do legislador em não considerar
legis não passa de mera expectativa de lei. determinada conduta como criminosa.
Como proceder em caso de dúvida O princípio da continuidade normativo-
sobre qual a lei penal mais benéfica? típica, por sua vez, significa a manutenção
do caráter proibido da conduta, porém com
Nem toda lei permitirá identificar
o deslocamento do conteúdo criminoso
claramente se sua aplicação beneficiará ou
para outro tipo penal. A intenção do
não o réu. Em alguns casos, é mesmo
legislador, nesse caso, é que a conduta
possível que a lei aparente ser benéfica,
permaneça criminosa.
porém o réu entenda ser ela prejudicial.
Presente a dúvida, deve-se consultar o

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