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(IFMT/2019)    

Cantiga para não morrer

Quando você for se embora,

moça branca como a neve,

me leve.

Se acaso você não possa

me carregar pela mão,

menina branca de neve,

me leve no coração.

Se no coração não possa

por acaso me levar,

moça de sonho e de neve,

me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa

por tanta coisa que leve

já viva em seu pensamento,

menina branca de neve,


me leve no esquecimento.

(Ferreira Gullar. In: Dentro da noite veloz: poemas por Ferreira Gullar.
2 ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1979).

Sobre o poema acima e sua intertextualidade com o Trovadorismo português,


podemos afirmar corretamente que:

  O autor utiliza-se de ironia ao longo de todo o poema ao se referir à


suposta amada que, para ele, não é digna de amor por ser dada a
relacionamentos fortuitos. Posto isso, só pode ser uma cantiga de
escárnio.
  A referência utilizada pelo autor só pode ser de uma cantiga de
amigo, já que ele aceita a amada nem que seja como amigo.
  No poema, o eu-lírico sensibiliza-se com a amada que irá morrer e,
por isso, produziu uma canção de amigo para ela, e o primeiro verso, da
primeira estrofe, “Quando você for embora”, é um eufemismo.
  O texto de Ferreira Gullar é claramente inspirado nas cantigas de
amor.
  O poeta inspira-se nas cantigas de roda para produzir seu texto.

(UNCISAL/2018)    

A seguinte peça publicitária explora, como recurso comunicativo na construção


de seu sentido,

  a intertextualidade implícita, pois não se verifica, na peça publicitária da


Hortifruti, nenhuma sugestão explícita ao filme “As tartarugas ninjas”.
  a intertextualidade explícita, pois é feita uma citação à fonte do
intertexto em “Aqui a natureza tem superpoderes”.
  a intertextualidade estilística, visto que a campanha da Hortifruti
estabelece um diálogo com um cartaz ou outdoor de divulgação do filme
“As tartarugas ninjas”, quanto aos seus aspectos formais e estilísticos.
  a epígrafe, visto que o enunciado que constitui o slogan da peça
publicitária, “Mestres em defender sua pele”, funciona como uma
introdução que permite o entendimento do texto.
  a metalinguagem, pois o anúncio da Hortifruti discorre sobre outro
anúncio que se refere ao filme “As tartarugas ninjas”.

(FCM MG/2019)    

VIVA A NOSSA COADJUVÂNCIA

Todo trabalho de grupo tem uma pessoa que trabalha mais. Nunca me dediquei
tanto a nada na minha vida quanto à paternidade, mas, ainda assim, é preciso
ser sincero. Por mais esforçado que seja o pai, nos primeiros meses de vida do
bebê, somos como Chitãozinho, Sancho Pança, Robin, Pumba e aquele
supergêmeo, coitado, que só sabe virar água, enquanto a irmã vira qualquer
tipo de animal existente ou mitológico. Existe, na paternidade, uma grande
desigualdade de superpoderes.

Mil séculos de avanços científicos e o homem ainda não sabe fabricar um rim,
mesmo com todo o dinheiro do mundo, dentro do maior laboratório que há. A
natureza é sábia, não sei se o homem aguentava essa pressão. Tudo o que o
meu corpo produziu na vida inteira foi uma pedrinha de dois milímetros de
ácido úrico. E até hoje reclamo da dor.

A mulher, sozinha, sem qualquer ajuda, faz um corpo inteiro: trilhões de células,
diz o Google. E tudo isso, pasme, prestando atenção em outra coisa.

Nunca vou me acostumar com isso: enquanto conversava comigo, a mãe da


minha filha produziu um corpo inteiro dentro do corpo dela. Ao mesmo tempo
em que tomava banho, trabalhava, assistia a séries, ela fez, como se nada fosse,
braços, pernas, orelhas, olhos, pulmões, coração, fígado, estômago, bexiga, fez
coisas que ela não sabe nem pra que é que servem, fez baço, pâncreas, vesícula,
córnea. Da minha parte, tenho dificuldade em prestar atenção num filme
enquanto faço um misto-quente. Imagina se eu tivesse que fazer um cérebro.

E não para por aí. Depois que o bebê nasce, a mãe ainda faz o leite. E ela não
precisa ter estudado alquimia nem nutrição nem culinária: o leite que ela faz é
perfeito e tem tudo de que o bebê precisa. E ela faz do próprio corpo uma
lanchonete aberta 24 horas, um bandejão popular que produz uma seiva, até
hoje, inimitável.

Nesse processo todo, sobra pra gente o resto. Mas alto lá: a coadjuvância é,
também, uma arte. Não vou dizer que é fácil. Chitãozinho sabe das dificuldades
de se fazer segunda voz. Robin, coitado, precisa se humilhar numa vestimenta
pra lá de ridícula.

No nosso caso, a coadjuvância envolve coisa pra caramba: amar


profundamente, botar pra arrotar, trocar fralda, ninar, cantarolar, esterilizar, mas,
sobretudo, lembrar todo dia que a mãe tá operando um milagre. Se dependesse
de mim, tava ninando uma pedrinha de ácido úrico.

(DUVIVIER, Gregorio. Folha de São Paulo. 25/2/2018. https://www1.folha.


uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2018/02/viva-a-nossa-coadjuvancia.
Acessado em 26/02/2018)

No primeiro parágrafo, o uso da intertextualidade tem a função de

  exemplificar, através da literatura e de outras formas culturais,


figuras coadjuvantes.
  contestar, por meio de diferentes meios de expressão, a supremacia
de um herói.
  contrapor, recorrendo a frases antitéticas, a importância do
coadjuvante.
  argumentar, com ênfase na erudição, a relevância da figura paterna.

As falas das personagens dos


quadrinhos estabelecem com os diversos textos de origem uma relação de

  nulidade
  contraditoriedade
  ambiguidade
  incompatibilidade
  intertextualidade
 (ETEC SP/2019)    
 Veja as imagens.

A primeira imagem se trata de uma pintura a óleo, de 1665, do artista


neerlandês Johannes Vermeer, intitulada de Moça com brinco de pérola. Ao lado
dela, vê-se uma personagem muito famosa no mundo dos desenhos animados.
O recurso empregado para aproximação entre as imagens é chamado de

  complementaridade, visto que a imagem 2 complementa o sentido


descrito na imagem 1.
  intertextualidade, visto que há uma influência da imagem 1 para a
criação da imagem 2.
  periodicidade, visto que as duas imagens denotam uma temática
recorrente ao longo da história.
  linearidade, visto que a imagem 2 foi desenvolvida antes da imagem
1.
  subjetividade, visto que a imagem 1 e a imagem 2 apresentam
modos de interpretação diferente para cada pessoa.

(ESPM SP/2018)    

Considere os dois textos que seguem:

Porém já cinco sóis eram passados

Que dali nos partíramos, cortando

Os mares nunca doutrem navegados,

Prosperamente os ventos assoprando,

Quando uma noite, estando descuidados


Na cortadora proa vigiando,

Uma nuvem, que os ares escurece,

Sobre nossas cabeças aparece. (…)

(Os Lusíadas, de Luís


Vaz de Camões, 1572)

Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais
temerosa desdita pesou sobre Nós. Por uma bela noite dos idos de maio do ano
translato, perdíamos a muiraquitã (…).

(Macunaíma, de Mário
de Andrade, 1928)

Observando que o segundo texto é posterior ao primeiro, pode-se dizer que


Mário de Andrade utilizou o seguinte recurso em relação a Camões:

  A intertextualidade, parodiando com passagens similares o texto


original.
  A interdisciplinaridade, pelos elementos comuns a ambos os textos.
  A epígrafe, ao reproduzir o texto primitivo.
  O hipertexto, através de uma leitura não linear do original.
  A apóstrofe, ao invocar um autor consagrado.

1. (UEG GO/2019)    

Leia o poema e a tirinha a seguir.

1. MAR PORTUGUÊS

1       Ó mar salgado, quanto do teu sal

2       São lágrimas de Portugal!

3       Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

4       Quantos filhos em vão rezaram!

5       Quantas noivas ficaram por casar

6       Para que fosses nosso, ó mar!


 

7       Valeu a pena? Tudo vale a pena

8       Se a alma não é pequena.

9       Quem quer passar além do Bojador

10     Tem que passar além da dor.

11     Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

12     Mas nele é que espelhou o céu.

PESSOA, Fernando. Mar Português. In: Antologia Poética. Organização


Walmir Ayala. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. p. 15.

Disponível em:
<https://tirasdidaticas.files.wordpress.com/2014/12/rato79.jpg?
w=640&h=215&gt; Acesso em: 13 nov. 2018.
 

O sentido da tirinha é construído a partir da relação que estabelece com os


famosos versos de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena / Se a alma não é
pequena” (linhas 7-8). O modo como esses dois textos se relacionam é chamado
de

1.  linearidade
2.  intencionalidade
3.  paráfrase
4.  metalinguagem
5.  intertextualidade
 (IFMT/2019)    

(Disponível
em: http://www.bocamaldita.com/1119817454/charge-do-dia-por-nani-humor)
O humor na tira é provocado devido ao uso de qual recurso linguístico?

  Citação.

  Ambiguidade.

  Personificação.

  Ironia.

  Intertextualidade.
(FUVEST SP/2019)    

1
  Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira,  2  falsidade ou
mistificação. Tomo de empréstimo a formulação  3  de Hans Blumenberg do mito
político como um processo  4  contínuo de trabalho de uma narrativa que responde
a uma  5  necessidade prática de uma sociedade em determinado  6  período.
Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em  7  suspenso o problema da
verdade. Seu discurso não pretende ter  8  validade factual, mas também não pode
ser percebido como  9  mentira (do contrário, não seria mito). O mito político
confere  10  um sentido às circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao  11  fazê-los
ver sua condição presente como parte de uma história  12  em curso, ajuda a
compreender e suportar o mundo em que  13  vivem.

ENGELKE, Antonio. O anjo redentor.


Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.

Sobre o sujeito da oração “em que vivem” (Ref. 12-13), é correto afirmar:

  Está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em “fazê-


los” (Ref. 11).
  É indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar a
quem se refere a ação verbal.
  É uma função sintática preenchida pelo pronome “que” (Ref. 12).
  Está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias” (Ref.
10).
  Expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se refere
a ação verbal.

(UEL PR/2018)    

Leia os poemas a seguir, de Carlos Drummond de Andrade.

Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.


No prato, a sopa esfria, cheia de escamas

e debruçados na mesa todos contemplam

esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,

uma letra somente

para acabar teu nome!

– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando…

E há em todas as consciências um cartaz amarelo:

“Neste país é proibido sonhar”.

Poema do jornal

O fato ainda não acabou de acontecer

e já a mão nervosa do repórter

o transforma em notícia.

O marido está matando a mulher.

A mulher ensanguentada grita.

Ladrões arrombam o cofre.

A polícia dissolve o meeting.

A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.

Poesia

Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma


poesia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2013. p. 35; 41; 45).

Acerca das funções exercidas pelos termos de “Poema do jornal”, assinale a


alternativa correta.

  A expressão “doce música mecânica” (nono verso) é sujeito do verbo


que aparece no mesmo verso.
  O termo “o” (terceiro verso) retoma o termo “repórter” e integra o
sujeito da forma verbal “transforma”.
  O termo “notícia” (terceiro verso) é um complemento nominal:
complementa “repórter”, substituído por “o”.
  O termo “mão” (segundo verso) é adjunto adnominal do sujeito
“repórter”.
  O termo “pena” (oitavo verso) é complemento antecipado do verbo
que aparece no mesmo verso

(Mackenzie SP/2018)    
01
 Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor Cândido Portinari

  Rio – 18 – Fevereiro – 1946


02

  Caríssimo Portinari:
03

04
  A  sua carta chegou muito atrasada, e receio que esta resposta  05  já não o ache
fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há  06  trabalho mais digno,
penso eu. Dizem que somos pessimistas e  07  exibimos deformações; contudo as
deformações e miséria existem  08  fora da arte e são cultivadas pelos que nos
censuram.

  O que às vezes pergunto a mim mesmo, com angústica, Portinari,  10  é isto: se
09

elas desaparecessem, poderíamos continuar a trabalhar?  11  Desejamos realmente


que elas desapareçam ou seremos também  12  uns exploradores, tão perversos
como os outros, quando expomos  13  desgraças? Dos quadros que você mostrou
quando almocei no Cosme  14  Velho pela última vez, o que mais me comoveu foi
aquela mãe com  15  a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento
horrível:  16  numa sociedade sem classes e sem miséria seria possível fazer-
se  17  aquilo? Numa vida tranquila e feliz que espécie de arte surgiria?  18  Chego a
pensar que faríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto  19  me horroriza.

  Felizmente a dor existirá sempre, a nossa velha amiga, nada a  21  suprimirá. E
20

seríamos ingratos se desejássemos a supressão dela,  22  não lhe parece? Veja como
os nossos ricaços em geral são burros.

  Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos  24  trouxesse
23

tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem desgostoso,  25  porque não nascemos


para tal sensaboria. O meu desejo é que,  26  eliminados os ricos de qualquer modo
e os sofrimentos causados  27  por eles, venham novos sofrimentos, pois sem isto
não temos arte.

  E adeus, meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para  29  Maria.
28

Graciliano

sensaboria: contratempo, monotonia

Assinale a alternativa correta.

  O referente do pronome isto (Ref. 10) é mencionado anteriormente


ao uso da forma pronominal indicada.
  O verbo dizem (Ref. 06) denota que se está diante de um sujeito da
ação indeterminado, sem uma referência precisa e relativo a comentários
que eram familiares aos interlocutores da carta.
  A forma pronominal o (Ref. 5) refere-se ao substantivo trabalho,
presente no período imediatamente posterior ao do emprego do
pronome citado.

(UNEMAT MT/2018)    

VELHAS PIADAS PROVOCAM DEBATE SOBRE RACISMO ENTRE


DESCENDENTES DE ASIÁTICOS

Quando tinha onze anos, o cineasta Leonardo Hwan voltava da escola


com um amigo em São Paulo, quando um homem de cerca de trinta anos se
aproximou, deu um susto nos garotos e gritou que eles deveriam “voltar para o
país deles”.

“Nunca esqueci. Fiquei muito assustado”, diz Leonardo, 27, que é brasileiro e
descendente de tawaineses. Hoje ele conta essa história para explicar
porque fazer a piada do “pastel de flango” ou gritar “abre o olho, japonês”
para descendentes de asiáticos é ofensivo. E ele tem que explicar diversas
vezes.

“É racista, é xenófobo. Não é ‘apenas uma piada’. Você está fazendo o mesmo


que o cara: está dizendo que a pessoa não pertence, que ela é estrangeira, que
não é bem-vinda”, diz Leonardo. Ele critica uma postagem do prefeito de São
Paulo, João Doria, que escreveu a legenda “acelela” em vez de “acelera” (seu
slogan) em uma foto durante uma visita à China […].

“Quando você diz ‘acelela’, está tirando sarro não dos chineses de lá, mas dos
imigrantes daqui, para quem a questão da língua e da adaptação é uma
dificuldade real, e para descendentes que lutam há anos para serem aceitos”,
afirma Leonardo.

[…]
Disponível em: https://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/bbc/2017
/08/04/velhaspiadas- provocam-debate-sobre-racismo-entre-descendentes-
deasiaticos. htm Acesso em: ago. 2017.

No texto, em “É racista, é xenófobo”, o referente que funciona como sujeito é:

  Você (3º e 4º parágrafos).


  Fazer a piada do "pastel de flango" ou gritar "abre o olho, japonês"
para descendentes de asiáticos (2º parágrafo).
  Um homem de cerca de trinta anos (1º parágrafo).
  Um amigo (1º parágrafo).
  O cineasta Leonardo Hwan (1º parágrafo).

  A forma pronominal lhe (Ref. 22) refere-se anaforicamente ao


substantivo dor, presente no início do parágrafo.
  É opcional o uso do acento indicador da crase em a mim mesmo
(Ref. 09), de acordo com as regras atuais de ortografia e acentuação.

(EsPCEX/2018)    

Política pública de saneamento básico: as bases do saneamento como


direito de cidadania e os debates sobre novos modelos de gestão

Ana Lucia Britto

Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ

Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles

A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável e


ao esgotamento sanitário é indispensável para o pleno gozo do direito à vida. É
preciso, para tanto, fazê-lo de modo financeiramente acessível e com qualidade
para todos, sem discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem
progressivamente as desigualdades na distribuição de água e esgoto entre
populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou pobres.

No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de 35 milhões de


brasileiros não são atendidos com abastecimento de água potável, mais da
metade da população não tem acesso à coleta de esgoto, e apenas 39% de
todo o esgoto gerado são tratados. Aproximadamente 70% da população que
compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda
domiciliar mensal de até ½ salário mínimo por morador, ou seja, apresentam
baixa capacidade de pagamento, o que coloca em pauta o tema do saneamento
financeiramente acessível.

Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-se avanços
importantes na busca de diminuir o déficit já crônico em saneamento e pode-se
caminhar alguns passos em direção à garantia do acesso a esses serviços como
direito social. Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a
criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das Cidades, que
deram à política urbana uma base de participação e controle social.

Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de recursos para o setor,
sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a instituição de um marco regulatório (Lei
11.445/2007 e seu decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o
setor, o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado pelos
Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio Ambiente, e aprovado
por decreto presidencial em novembro de 2013.

Esse marco legal e institucional traz aspectos essenciais para que a gestão dos
serviços seja pautada por uma visão de saneamento como direito de cidadania:
a) articulação da política de saneamento com as políticas de desenvolvimento
urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de
proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a transparência das ações,
baseada em sistemas de informações e processos decisórios participativos
institucionalizados.

A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o saneamento,


por meio da obrigatoriedade de planos municipais de abastecimento de água,
coleta e tratamento de esgotos, drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que
possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação de serviços e
para que possam ser acessados recursos do governo federal (OGU, FGTS e FAT),
com prazo final para sua elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também
a participação e o controle social, através de diferentes mecanismos como:
audiências públicas, definição de conselho municipal responsável pelo
acompanhamento e fiscalização da política de saneamento, sendo que a
definição desse conselho também é condição para que possam ser acessados
recursos do governo federal.

O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação da prestação


dos serviços de saneamento, visando à garantia do cumprimento das condições
e metas estabelecidas nos contratos, à prevenção e à repressão ao abuso do
poder econômico, reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados
em caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão submetidos às
atividades de um único prestador.

FONTE: adaptado de http://www.


assemae.org.br/artigos/item/1762-sane-
amento-basico-como-direito-de-cidadania

“Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a criação da


Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das Cidades, que deram à
política urbana uma base de participação e controle social”.

No fragmento, o pronome relativo exerce a função sintática de

  objeto direto e introduz uma restrição.


  sujeito e introduz uma explicação.
  sujeito e introduz uma restrição.
  objeto direto e introduz uma explicação.
  objeto indireto e introduz uma explicação.

(UEG GO/2018)    

Dificuldades para a busca da verdade

1
 Em nossa sociedade, é muito difícil despertar nas pessoas o desejo de buscar a
verdade. Pode 2 parecer paradoxal que assim seja, pois parecemos viver numa
sociedade que acredita nas ciências, que 3 luta por escolas, que recebe durante
24 horas diárias informações vindas de jornais, rádios e televisões , 4 que possui
editoras, livrarias, bibliotecas, museus, salas de cinema e de teatro, vídeos,
fotografias e 5 computadores.

6
 Ora, é justamente essa enorme quantidade de veículos e formas de informação
que acaba tornando 7 tão difícil a busca da verdade, pois todo mundo acredita
que está recebendo, de modos variados e 8 diferentes, informações científicas,
filosóficas, políticas, artísticas e que tais informações são
verdadeiras, 9 sobretudo porque tal quantidade informativa ultrapassa a
experiência vivida pelas pessoas, que, por isso, 10 não têm meios para avaliar o
que recebem.

 Bastaria, no entanto, que uma mesma pessoa, durante uma semana, lesse de
11

manhã quatro jornais 12 diferentes e ouvisse três noticiários de rádio diferentes;


à tarde, frequentasse duas escolas diferentes, onde 13 os mesmos cursos
estariam sendo ministrados; e, à noite, visse os noticiários de quatro canais
diferentes 14 de televisão, para que, comparando todas as informações
recebidas, descobrisse que elas “não batem” 15 umas com as outras, que há
vários “mundos” e várias “sociedades” diferentes, dependendo da fonte
de 16 informação.

 Uma experiência como essa criaria perplexidade, dúvida e incerteza. Mas as


17

pessoas não fazem ou não 18 podem fazer tal experiência e por isso não
percebem que, em lugar de receber informações, estão 19 sendo desinformadas.
E, sobretudo, como há outras pessoas (o jornalista, o radialista, o professor,
o 20 médico, o policial, o repórter) dizendo a elas o que devem saber, o que
podem saber, o que podem e 21 devem fazer ou sentir, confiando na palavra
desses “emissores de mensagens”, as pessoas se sentem 22 seguras e confiantes,
e não há incerteza porque há ignorância.

CHAUÍ, Marilena. Convite
à Filosofia. 13. ed. 2003.
São Paulo: Ática. p. 90.

No trecho “é justamente essa enorme quantidade de veículos e formas de


informação que acaba tornando tão difícil a busca da verdade” (Refs. 6-7), o
constituinte “essa enorme quantidade de veículos e formas de informação”
exerce a função sintática de

  objeto direto
  predicativo do sujeito
  objeto indireto
  aposto
  sujeito

(EsPCEX/2018)

Política pública de saneamento básico: as bases do saneamento como


direito de cidadania e os debates sobre novos modelos de gestão

Ana Lucia Britto

Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ

Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles

 
A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável e
ao esgotamento sanitário é indispensável para o pleno gozo do direito à vida. É
preciso, para tanto, fazê-lo de modo financeiramente acessível e com qualidade
para todos, sem discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem
progressivamente as desigualdades na distribuição de água e esgoto entre
populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou pobres.

No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de 35 milhões de


brasileiros não são atendidos com abastecimento de água potável, mais da
metade da população não tem acesso à coleta de esgoto, e apenas 39% de
todo o esgoto gerado são tratados. Aproximadamente 70% da população que
compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda
domiciliar mensal de até ½ salário mínimo por morador, ou seja, apresentam
baixa capacidade de pagamento, o que coloca em pauta o tema do saneamento
financeiramente acessível.

Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-se avanços
importantes na busca de diminuir o déficit já crônico em saneamento e pode-se
caminhar alguns passos em direção à garantia do acesso a esses serviços como
direito social. Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a
criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das Cidades, que
deram à política urbana uma base de participação e controle social.

Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de recursos para o setor,
sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a instituição de um marco regulatório (Lei
11.445/2007 e seu decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o
setor, o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado pelos
Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio Ambiente, e aprovado
por decreto presidencial em novembro de 2013.

Esse marco legal e institucional traz aspectos essenciais para que a gestão dos
serviços seja pautada por uma visão de saneamento como direito de cidadania:
a) articulação da política de saneamento com as políticas de desenvolvimento
urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de
proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a transparência das ações,
baseada em sistemas de informações e processos decisórios participativos
institucionalizados.

A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o saneamento,


por meio da obrigatoriedade de planos municipais de abastecimento de água,
coleta e tratamento de esgotos, drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que
possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação de serviços e
para que possam ser acessados recursos do governo federal (OGU, FGTS e FAT),
com prazo final para sua elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também
a participação e o controle social, através de diferentes mecanismos como:
audiências públicas, definição de conselho municipal responsável pelo
acompanhamento e fiscalização da política de saneamento, sendo que a
definição desse conselho também é condição para que possam ser acessados
recursos do governo federal.

O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação da prestação


dos serviços de saneamento, visando à garantia do cumprimento das condições
e metas estabelecidas nos contratos, à prevenção e à repressão ao abuso do
poder econômico, reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados
em caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão submetidos às
atividades de um único prestador.

FONTE: adaptado de http://www.


assemae.org.br/artigos/item/1762-sane-
amento-basico-como-direito-de-cidadania

“ Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-


se avanços importantes na busca de diminuir o déficit já crônico em
saneamento”.

As expressões sublinhadas acima desempenham, respectivamente, as funções


sintáticas de

  sujeito paciente e sujeito paciente.


  sujeito agente e sujeito paciente.
  objeto direto e sujeito paciente.
  sujeito paciente e objeto direto.
  objeto direto e objeto direto

1. (UFRGS/2018)    

 – Temos sorte de viver no Brasil – dizia 02 meu pai, depois da guerra. – Na


01

Europa 03 mataram milhões de judeus.

 Contava as experiências que os médicos 05 nazistas faziam com os


04

prisioneiros. 06 Decepavam-lhes as cabeças, faziam-nas 07 encolher – à maneira, li


depois, dos índios 08 Jivaros. Amputavam pernas e braços. 09 Realizavam
estranhos transplantes: uniam a 10 metade superior de um homem ……..
metade 11 inferior de uma mulher, ou aos quartos 12 traseiros de um bode.
Felizmente morriam 13 essas atrozes quimeras; expiravam como 14 seres humanos,
não eram obrigadas a viver 15 como aberrações. (…….. essa altura eu tinha 16 os
olhos cheios de lágrimas. Meu pai pensava 17 que a descrição das maldades
nazistas me 18 deixava comovido.)

 Em 1948 foi proclamado o Estado de 20 Israel. Meu pai abriu uma garrafa de
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vinho – 21 o melhor vinho do armazém –, brindamos ao 22 acontecimento. E não


saíamos de perto do 23 rádio, acompanhando …….. notícias da guerra 24 no
Oriente Médio. Meu pai estava 25 entusiasmado com o novo Estado: em
Israel, 26 explicava, vivem judeus de todo o mundo, 27 judeus brancos da Europa,
judeus pretos da 28 África, judeus da Índia, isto sem falar nos 29 beduínos com
seus camelos: tipos muito 30 esquisitos, Guedali.

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 Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias.

 Por que não ir para Israel? Num país de 33 gente tão estranha – e, ainda por
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cima, em 34 guerra – eu certamente não chamaria a 35 atenção. Ainda menos como


combatente, 36 entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu 37 me via correndo
pelas ruelas de uma aldeia, 38 empunhando um revólver trinta e oito, 39 atirando
sem cessar; eu me via caindo, 40 varado de balas. Aquela, sim, era a morte
que 41 eu almejava, morte heroica, esplêndida 42 justificativa para uma vida
miserável, de 43 monstro encurralado. E, caso não morresse, 44 poderia viver
depois num kibutz . Eu, que 45 conhecia tão bem a vida numa fazenda,
teria 46 muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os 47 membros
do kibutz terminariam por me 48 aceitar; numa nova sociedade há lugar
para 49 todos, mesmo os de patas de cavalo.

Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no


jardim . 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2001.

Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir, sobre os sujeitos de


algumas formas verbais do texto.

(   )   O sujeito da forma verbal mataram (Ref. 02) é milhões de judeus (Ref.


03).

(   )   O sujeito da forma verbal Amputavam (Ref. 08) é os médicos


nazistas (Refs. 04-05).

(   )   O sujeito da forma verbal morriam (Ref. 12) é essas atrozes


quimeras (Ref. 13).

(   )   O sujeito da locução verbal foi proclamado (Ref. 19) é o Estado de


Israel (Ref. 19).

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


o  F – V – F – F.
o  V – F – F – V.
o  V – V – V – V.
o  V – F – V – F.
o  F – V – V – V.

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