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Exercícios sobre Conjunção (Papéis Argumentativos e Polissemia)

Exercícios

1. (UFRJ) Na verdade, à primeira vista, seu aspecto era de um velho como tantos outros, de idade
indefinida, rugas, cabelos brancos, uma barba que lhe dará um vago ar de sabedoria e respeitabilidade.
Mas uma certa agilidade e o porte ereto darão a impressão de que, apesar da aparência de velho, o
viajante guardará o vigor da juventude. E os olhos... ah, o brilho dos olhos será absolutamente sem
idade, um brilho deslumbrado como o de um bebê, curioso como o de um menino, desafiador como o
de um jovem, sábio como o de um homem maduro, maroto como o de um velhinho bem-humorado que
conseguisse somar tudo isso.
(MACHADO, Ana Maria. O CANTO DA PRAÇA. Rio de Janeiro: Salamandra, 1986.)

As conjunções "mas" e "e”, que iniciam o segundo e o terceiro períodos, são especialmente importantes
na ESTRUTURAÇÃO e no SENTIDO DO TEXTO. Explique por quê.

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2. (Fatec) Observe o texto publicitário a seguir reproduzido, que explora de forma criativa o uso da
conjunção.

Assinale a afirmação correta a respeito dos procedimentos linguísticos encontrados em "Viver ou


Sonhar?" e "Viver e Sonhar.".
a) Temos, respectivamente, conjunção coordenativa aditiva e conjunção coordenativa alternativa,
pois, quando se joga com o sentido das frases, opondo-se as ações umas às outras, as conjunções
podem assumir valores e significados diferentes ou até mesmo opostos.
b) A primeira frase traz uma conjunção coordenativa alternativa com valor aditivo, e a segunda frase,
uma conjunção coordenativa aditiva com valor adversativo. Isto se dá devido à intenção do autor
de fazer um jogo de palavras muito em uso na linguagem publicitária.
c) Vê-se que a conjunção coordenativa, presente em ambos os casos, apesar de adquirir
significativos diferentes, não altera o sentido das frases, já que liga elementos independentes,
estabelecendo relações de alternância, no primeiro caso, e de igualdade ou alternância, no
segundo caso.
d) Temos, respectivamente, conjunção coordenativa alternativa e conjunção coordenativa aditiva. A
mudança de sentido obtida com a troca das conjunções está na escolha a ser feita: a primeira
implica exclusão de ações, o que leva à indecisão, enquanto a segunda expressa a soma de uma
ação à outra, resultando disso um modo mais completo de vida.
e) Temos, respectivamente, conjunção coordenativa alternativa e conjunção coordenativa aditiva. O
autor do texto publicitário, ao fazer um jogo, alternando as conjunções, tenta obter uma mudança
de sentido; porém, como podemos observar com uma leitura mais cuidadosa, nem toda troca de
conjunção caracteriza uma alternância de pensamento.

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3. (Fatec)
Vou-me embora pra Pasárgada Mando chamar a mãe-d'água
Vou-me embora pra Pasárgada Pra me contar as histórias
Lá sou amigo do rei Que no tempo de eu menino
Lá tenho a mulher que eu quero Rosa vinha me contar
Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
Vou-me embora pra Pasárgada É outra civilização
Aqui eu não sou feliz Tem um processo seguro
Lá a existência é uma aventura De impedir a concepção
De tal modo inconsequente Tem telefone automático
Que Joana a Louca de Espanha Tem alcaloide à vontade
Rainha e falsa demente Tem prostitutas bonitas
Vem a ser contraparente Para a gente namorar
Da nora que nunca tive
E quando eu estiver mais triste
E como farei ginástica Mas triste de não ter jeito
Andarei de bicicleta Quando de noite me der
Montarei em burro brabo Vontade de me matar
Subirei no pau-de-sebo - Lá sou amigo do rei -
Tomarei banhos de mar! Terei a mulher que eu quero
E quando estiver cansado Na cama que escolherei
Deito na beira do rio Vou-me embora pra Pasárgada.
(Manuel Bandeira, Libertinagem)

“E quando eu estiver mais triste


Mas triste de não ter jeito”

Contrariando o emprego tradicional, a palavra “mas” não assume, no contexto acima, o papel de criar
contraste ou oposição entre os enunciados que liga; antes, cria um vínculo de sentido de intensificação
entre eles.
Assinale a alternativa em que se repete esse emprego de “mas”:
a) Se você gosta, mas gosta mesmo de comer, então você tem de conhecer Digeplus. (Texto de
anúncio publicitário)
b) Na mesa do escritório (...) a cadeira onde sentava era injustamente mais alta do que as duas
poltronas (...) reservadas aos seus interlocutores. Falava de cima, mas sabia ser suave, educado e
divertidamente inteligente. (ISTOÉ)
c) Nos próximos anos ele vai torcer o pé no futebol, machucar o joelho no pega-pega, vai cair de
bicicleta, da árvore... Mas tudo bem, ele já é um associado Trasmontano. (Texto de anúncio
publicitário)
d) Então Macunaíma foi pescar porque agora não tinha mais ninguém que pescasse pra ele não. Mas
cada peixe que tirava do anzol e jogava no paneiro, a sombra pulava do ombro, engo lia o peixe e
voltava pro poleiro outra vez. (Mário de Andrade)
e) Chegou a pegar o punhal que o índio lhe dera, mas compreendeu logo que não teria coragem de
meter aquela lâmina no peito e muito menos na barriga, onde estava a criança. (Veríssimo)

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4. (ENEM – 2016) O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade?
Não. O riso básico – o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e
da vocalização — nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas
vocalizações ultrassônicas – que nós não somos capazes de perceber – e que eles emitem quando
estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local
específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso,
o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse
mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós,
mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como
o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.
Disponível em http://globonews.globo.com. Acesso em 31 maio 2012 (adaptado)

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho
“Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele
estabelece com a oração seguinte uma relação de
a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de
vocalização dos ratos.
b) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização
dos ratos.
c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização
dos ratos.
d) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado
no cérebro.
e) proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização
dos ratos.

5. (UFPel-RS) Leia este texto: “O esparadrapo X não gruda no machucado, portanto não dói na hora de
trocar; ainda que seja um pouco mais caro que os outros, é muito, muito melhor...”
a) Na primeira parte desse texto, há uma relação de causa-consequência. Essa relação está
evidenciada pelo uso do nexo conclusivo “portanto”. Escreva a primeira parte, evidenciando a
mesma relação (causa-consequência) através de um nexo de causa.
b) Escreva a 2ª parte do texto, substituindo o nexo de concessão “ainda que” por outro semelhante
(também concessivo).

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6. (Puc-CAMP) CONFORME estava prestes a viajar para o exterior, não foi escolhida para o papel, QUE era
a mais indicada para representar aquele tipo de personagem.
A frase anterior está mal estruturada pelo uso inadequado das palavras em destaque. Mantida intacta
a oração principal, alterações têm de ser feitas para que o texto adquira coerência. Nesse caso, as
palavras destacadas devem ser substituídas, respectivamente, por:
a) Assim que – ainda que
b) Pois – visto que
c) Enquanto – ou
d) Se – à medida que
e) Como – embora

7. (UPF-RS) Se bate-boca resolvesse o problema da seca, muitos nordestinos deixariam de morrer de


fome. Enquanto lideranças políticas, judiciárias, eclesiásticas e da oposição continuam se digladiando
pela imprensa, a fome e a miséria vão consumindo esperanças, estimulando saques e criando um
cenário de guerra no tórrido território nordestino, onde dez milhões de brasileiros são vítimas indefesas
do flagelo da seca. Desses, 2,3 milhões estão no Ceará.

No 1º período do texto, estabelece-se uma relação entre:


a) Um fato e sua causa
b) Um fato e sua consequência
c) Um fato e sua condição de realização
d) Um fato e sua finalidade
e) Um fato e seu modo de realização

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Gabarito

1. A conjunção “mas” traz a ideia de que, apesar da aparência de velho, o homem guardava em si o vigor da
mocidade, e na sequência, a conjunção “e” acrescenta o detalhe dos olhos que, por sua vivacidade,
tornam a idade do homem absolutamente indevassável.

2. D
A conjunção “ou” na primeira oração é alternativa, pois apresenta a ideia de exclusão de uma das
alternativas: viver ou sonhar, fazendo com que o leitor tenha que escolher uma das duas; já a conjunção
“e” é aditiva, isto é, apresenta valor inclusivo, de forma que o interlocutor possa harmonizar as duas
decisões.

3. A
Já na primeira alternativa, encontramos a palavra “mas” intensificando uma ideia, enfatizando a
repetição do termo que veio anteriormente. Em todas as demais alternativas, o “mas” funciona como
marcador de oposição.

4. C
Há uma relação de condição porque o rato apenas deixa de fazer a vocalização se o cientista provocar
um dano em um local específico do seu cérebro.

5.
a) Como o esparadrapo X não gruda no machucado, não dói na hora de trocar. (Poderia ser “já que” ou
alguma outra conjunção causal).
b) Embora seja um pouco mais caro que os outros, é muito muito melhor.

6. E
Devemos trocar a ideia de conformidade por uma conjunção causal, primeiramente. Depois, precisamos
pensar em uma relação de concessão. Por isso, a melhor opção é a letra E: COMO estava prestes a viajar
para o exterior, não foi escolhida para o papel, EMBORA fosse a mais indicada para representar aquele
tipo de personagem.

7. C
No período “Se bate-boca resolvesse o problema da seca, muitos nordestinos deixariam de morrer de
fome” existe uma relação de condição marcada pela conjunção “se”.

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