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Alice no

País das Maravilhas


Lewis Carroll

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Alice no
País das Maravilhas
Lewis Carroll

Adaptação de
Camile Mendrot & Ana Paula Corradini

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COPYRIGHT © BY LEWIS CARROLL
COPYRIGHT © FARO EDITORIAL, 2021

Todos os direitos reservados.


Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sob quaisquer meios existentes
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Milkshakespeare é um selo da Faro Editorial.

Diretor editorial:  pedro almeida

Coordenação editorial:  carla sacrato

Revisão:  luciane h . gomide

Projeto gráfico e diagramação:  cristiane | saavedra edições


Capa:  renato klisman | saavedra edições

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)


Angélica Ilacqua crb-8/7057

Carroll, Lewis, 1832-1898


Alice no País das Maravilhas / Lewis Carroll; tradução de Camile
Mendrot, Ana Paula Corradini. — São Paulo : Faro Editorial, 2021.
108 p. : il, color.
 
ISBN 978-65-5957- 076-8
Título original: Alice’s Adventures in Wonderland
 
1. Literatura infantojuvenil inglesa 2. Literatura fantástica I. Título II.
Mendrot, Camile III. Corradini, Ana Paula
 
21-3477 CDD 028.5

Índice para catá­logo sis­te­má­t ico:


1. Literatura infantojuvenil inglesa 028.5

1a edição brasileira: 2021


Direitos de edição em língua portuguesa, para o Brasil,
adquiridos por faro editorial
 
Avenida Andrômeda, 885 – Sala 310
Alphaville – Barueri – sp – Brasil
cep: 06473-000
www.faroeditorial.com.br

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Capítulo 1

A lice estava achando meio chato ficar ali, sentada com sua irmã ao ar livre,
sem nada para fazer. Enquanto sua irmã lia um livro beeem sem graça, na
opinião de Alice, ela ficou só olhando para umas margaridas, viajando nos
pensamentos e curtindo uma preguiça.
Mas, de repente, um coelho passou correndo por ela. Bom...
não tinha nada de MUITO incrível nisso. Alice também não achou
nada de mais quando ouviu o Coelho dizer:
— Ah, não! Estou atrasado! Estou atrasado!

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Mas foi justo nesse instante que ele tirou um relógio do bolso do colete para
ver que horas eram.
“Peraí!”, Alice pensou, “eu nunca vi um coelho de colete, muito menos checando
as horas em um relógio!”
Então, ela não perdeu tempo e saiu em disparada atrás dele! Toda curiosa, con-
seguiu ver bem o momento em que ele pulou pra dentro de uma toca de coelho. Alice
não ficou para trás, foi correndo por
aquele túnel e quando percebeu...
— Aaaaaaaaaaaaah!
… quando percebeu já era tarde
demais, estava despencando em queda
livre. Talvez o poço fosse muito fundo,
ou ela estivesse caindo em câmera lenta.
Mas a verdade é que ela teve muito tempo
pra pensar durante a queda:
“Onde será que vou parar? Nossa!
Como é escuro lá embaixo! Um poço

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cheio de armários de cozinha e estantes de livros? Com mapas e quadros também!?
E este pote? Geleia de laranja! Hmmmm... Vazio!? Melhor guardar nessa prateleira
aqui! Depois dessa queda, nunca mais vou ter medinho de rolar as escadas de casa!
Não mesmo! Todo mundo vai me achar muito corajosa. Mesmo que eu despenque
do telhado!”
Alice continuou caindo. E caindo. E caindo mais um pouco. E continuou pensando.
E pensando. E pensando mais um pouco. Aquilo nunca tinha fim!
“Quantos quilômetros será que eu já caí? Será que vou parar no centro da Terra?
Não! Acho que vou chegar do outro lado da Terra! No Japão? Ou será na China? E será
que eles vão estar todos de cabeça pra baixo!?”
Como a queda não acabava e como não tinha nada melhor o que fazer, Alice
resolveu bater mais um papo consigo mesma:
“Ai, a Diná vai sentir tanto a minha falta! Coitada da minha gatinha. Será que
eles vão lembrar de dar leite pra ela? Dináááá, queria que você estivesse caindo aqui
comigo! Só que não tem ratos aqui no ar, né? Você ia ter que caçar um morcego. Mas
será que gatos comem morcegos? Gatos comem morcegos. Gatos comem morcegos?
Morcegos comem gatos?”

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Para Alice, aquilo já estava com jeito de sonho. E resolveu perguntar à pró-
pria gatinha:
— Diná, me conta aí, você já comeu um morcego?
E, de repente: tum, tum. Alice finalmente caiu... numa pilha de folhas e galhos.
De um pulo só ela ficou de pé e foi logo dando uma olhada pra cima. Estava uma
escuridão só! Mas ali à frente tinha um caminho e quem ia correndo por ele? O Coelho
Branco! Alice apertou o passo a tempo de ouvi-lo dizer, enquanto fazia uma curva:
— Pelas minhas orelhas e meus bigodes, como estou atrasado!
Alice estava atrás dele, mas, assim que fez a curva, perdeu o coelho de vista.
E foi então que percebeu que havia chegado a um corredor de teto baixo, bem
comprido e todo iluminado. Ela viu
portas por todo o corredor, mas
estavam todas trancadas. Depois
de ir de um lado ao outro tentando
abri-las, Alice começou a voltar,
bem desanimada.

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Do nada ela viu uma mesinha de vidro com três pés. E, em cima dela, tinha apenas
uma chave de ouro. De cara Alice pensou que deveria ser a chave de alguma daquelas
portas. Só que as fechaduras eram muito grandes – ou a chave era muito pequena...
E ela não conseguiu abrir nenhuma das portas.
Mas, dando uma olhada melhor, ela descobriu uma portinha atrás de uma cor-
tina. TCHAM! Alice tentou e não é que a chave de ouro cabia direitinho na peque-
na fechadura?
Ela abriu a porta e viu uma passagem baixinha, que mais parecia
um buraco de rato. Alice deu uma espiada e ficou de boca aberta ao ver
o jardim mais lindo do mundo! Ah, que vontade de ver as flores e aqueles
chafarizes de perto.
“Mas, mesmo se a minha cabeça passar pelo buraco, vou
ficar entalada aqui”, Alice pensou.
Então, voltou para a mesa e, para a sua surpresa, viu uma
garrafinha que jurava que não estava lá antes. O vidrinho misterioso
tinha uma etiqueta que dizia “BEBA-ME”, mas a menina sabia que
não era bem assim.

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“Até parece que vou tomar esse negócio. Vai que é veneno!”, pensou.
Mas, depois de examinar a garrafa, Alice não encontrou sinal de veneno nenhum.
E tomou tudo num gole só!
A bebida tinha gosto de tortadecerejaecremedebacaxieperuassadoecaramelo...
ufa! E, para terminar, torrada com manteiga derretida.
Mas, mais estranho que o sabor, foi o efeito: Alice foi encolhendo, encolhendo,
até ficar miudinha.
— UHÚ! Jardim, aqui vou eu e... Ué! Cadê a chave dourada?
Alice tinha esquecido a chave em cima da mesa! E, minúscula daquele jeito, nunca
conseguiria escalar tão alto. Ela tentou e tentou, mas finalmente cansou. E começou
a chorar.
— Buááá!
Ainda bem que o chororô não durou muito porque Alice era ótima para dar
conselhos para ela mesma – como naquela vez em que tentou roubar num jogo de
croqué contra si própria... e decidiu se dar uma bronca.
— Chega, né, Alice?

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Ao enxugar as lágrimas, a menina notou uma caixa de vidro ao pé da mesa. E,
dentro dela, um cupcake com uma cara muito boa, e outra etiqueta: “COMA-ME”.
“Se a bebida me fez encolher, então esse bolinho vai... me fazer crescer!”, pen-
sou Alice.
E deu a primeira dentada.

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Capítulo 2

A lice estava crescendo tão rápido que perdeu os pés de vista! Ela
cresceeeeeeu até bater a cabeça no teto do túnel. Sem perder
tempo, a menina pegou a chave dourada e se agachou para abrir a
porta, mas... como agora tinha virado quase uma Aliceossaura,
só podia espiar o jardim com um olho só.
— Ah, não, de novo NÃO!
E a menina começou a chorar mais uma vez. Mas, gigante da-
quele jeito, as lágrimas monstruosas se juntaram rapidinho para formar
um mar ao seu redor: a poça já tinha uns 10 centímetros de profundidade!

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De repente, uma criatura branca e peluda, e com uma roupa bem chique, passou
por ali: o Coelho Branco levava uma luva em uma pata e um leque na outra, e pelo
jeito continuava estressado.
— Ai, se a Duquesa me pega atrasado desse jei-
to! Socorro!
Alice bem que tentou pedir ajuda, mas o Coelho se
assustou e saiu correndo, deixando a luva e o leque pa-
ra trás.
A menina começou a se abanar.
— Mas que dia mais bizarro! E ontem estava tudo não normal...
E, de repente, um pensamento horrível passou pela cabeça da menina:
— Será que me trocaram por outra pessoa durante a noite? Será que
EU NÃO SOU MAIS EU? Mas, então, quem sou eu? Bom, eu não sou a minha amiga Ada
porque o cabelo dela é enrolado, e o meu, não. Também não sou a Mabel porque ela
não sabe nada, e sou muito sabida. Afinal, Roma é a capital da França e quatro vezes
três são treze, né? Ou será que não? E como era aquela rima mesmo?

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E ela recitou:

“Abobrinha com alface


Quilograma de salsão
Joaninha que é enorme
Faz forró na contramão.”

— Ai, estou tão cansada de ficar sozinha aqui...


E, sem perceber enquanto reclamava, ela já tinha colocado
uma das luvinhas do Coelho na mão. Alice estava encolhendo!
A menina correu para a portinha, mas... estava tran-
cada. De novo. E a chave? Alguém deveria estar de
brincadeira com ela, porque a chave estava
em cima da mesa. De novo.
— Arrrgh!!! NÃO ACREDITO!
E, como tudo sempre pode piorar,
Alice escorregou e SPLASH! caiu no mar
de lágrimas que ela mesma tinha chorado...

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— Quem mandou eu chorar tanto? Agora, como castigo, vou morrer afogada nas
minhas próprias lágrimas. Isso seria ironia pura e...
Alice ficou quieta ao perceber outra criatura se mexendo na água: seria um hi-
popótamo? Um leão-marinho? Ao pensar bem, do tamanhico que estava, só poderia
ser um rato mesmo.
“Será que rola conversar com um rato? Se bem que esse lugar é tão maluco
que é bem capaz de dar certo”, pensou. Então, tentou uma aproximação:
— Seu Rato, o senhor sabe sair desse mar? Cansei de nadar.
E o rato só olhando.
— Seu Rato? Seu Ratooooo...
“Hum... talvez ele não fale a minha língua”,
pensou. “Afinal, ele pode ser muito bem um
rato francês de férias aqui.”
E Alice mandou a primeira frase que tinha aprendido na aula de francês:
— Où est ma chatte?*
*  “Cadê minha gata?”

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O Rato deu um pulo para fora d’água e começou a tremer. Alice tinha dado o
maior fora.
— Ai, mil desculpas – ela disse na hora. — Eu esqueci que ratos não gostam
de... gatos.
— É claro que eu não gosto! – ele finalmente respondeu, todo nervosinho. —
E você gostaria, se fosse eu?
— Não, não, claro que não — Alice tentou consertar a conversa enquanto boiava
naquele mar. — Mas você tinha que conhecer a minha gatinha, a Diná. Ela é tão fófis
e ronrona tão bonitinho ao pé da lareira e adora ficar quietinha no meu colo e é
ó-ti-ma caçadora de ratos e... Ops!
O Rato ficou arrepiado até o rabo.
— Mas que conversa mais besta, menina! E eu lá vou querer falar de gato? Odeio
essas criaturas nojentas, malvadas, folgadas e ga... gatunas! Pronto, gatunas! Não
quero mais falar disso e ponto-final!
— Então vamos mudar de assunto. Erm... Você gosta de... CACHORROS? — per-
guntou Alice toda sem graça.

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O Rato ficou ali com uma cara de nem te ligo.
— Porque eu conheço um cachorrinho tão lindo perto da nossa casa! Ele tem o
pelo marrom e crespinho, e adora ir buscar tudo que a gente joga para ele, e pede
comida com a patinha, e ele mora numa fazenda e é ó-ti-mo caçador de ratos e... Ops!
Assim já era demais. O Rato deu as costas para Alice e saiu nadando.

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— Mil desculpas, senhor Rato! Não quis ofender o senhor de novo!
O Rato respondeu num tom sério:
— Vamos nadar até a margem e te conto a minha história. Você vai entender por
que odeio gatos e cachorros.
E era hora mesmo de sair dali. O piscinão já estava cheio de outras criaturas
que tinham caído na água. Alice viu um Pato, um Dodô, um Papagaio e um filhote de
Águia. Ela abriu caminho, e o grupo esquisito nadou para a margem.

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esta obra foi impressa
em outubro de 2021

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