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Alice no País das

Maravilhas:
Uma Análise Completa
Alice no País das Maravilhas é uma obra
clássica da literatura infantil. Nesta
apresentação, exploraremos a história,
simbolismos, estrutura e legado da obra.
Quem foi Lewis Carroll?

Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo pseudônimo Lewis Carroll, foi
um escritor, matemático e fotógrafo britânico. Ele nasceu em 27 de janeiro de 1832
e faleceu em 14 de janeiro de 1898.
Carroll é mais conhecido por suas obras literárias, especialmente "Alice no país
das maravilhas" e "Através do espelho e o que Alice encontrou lá". No entanto, ele
também contribuiu para a matemática e é conhecido por suas obras em lógica
simbólica. Era um fotógrafo ávido e tirou muitas fotos de crianças, incluindo Alice
Liddell, a inspiração para o personagem de Alice.
Contexto e influências do autor

Época Influências Alice Liddel


A Inglaterra Vitoriana John Tenniel, ilustrador A inspiração para a
era um período de da obra, teve grande personagem principal
contrastes sociais e contribuição para o veio de Alice Liddel, filha
culturais, refletidos em visual dos personagens. do reitor da
obras como "Alice no Com suas tiras cômicas, universidade onde
País das Maravilhas". Carroll aprendeu a jogar Carroll trabalhava.
com palavras e jogos de
lógica.
A Inglaterra Vitoriana do Século XIX
A Inglaterra vitoriana foi um período da história do Reino Unido que durou de 1837 a
1901, durante o reinado da Rainha Vitória. Foi um período de grandes mudanças sociais,
políticas e econômicas que transformaram a sociedade britânica.
A Revolução Industrial estava em pleno andamento e a Inglaterra estava se tornando
uma potência econômica mundial. Além disso, houve um grande progresso na ciência,
tecnologia, medicina e educação. No entanto, também foi um período de grande
desigualdade social, com a classe trabalhadora lutando por condições de trabalho mais
justas e direitos civis.
Críticas de “Alice no país das maravilhas”
a Era Vitoriana
• Quebra das convenções sociais: a obra desafia as normas e convenções
sociais da era vitoriana, o que pode ter sido considerado subversivo ou
perturbador para a sociedade conservadora da época.
• Escapismo e fantasia: algumas críticas argumentam que a obra, com seu
mundo imaginativo e surreal, pode ser vista como uma forma de escapismo
da realidade opressiva e restritiva da era vitoriana.
• Desafio à autoridade: o questionamento da autoridade e a representação de
personagens poderosos, como a Rainha de Copas, de forma satírica e crítica,
podem ser interpretados como uma crítica ao sistema de governo e hierarquia
da época.
Influência de John Tenniel
As ilustrações de Tenniel capturaram perfeitamente a essência dos personagens e
cenários descritos por Carroll, adicionando uma camada visual significativa à narrativa. Seu
estilo detalhado e imaginativo ajudou a estabelecer a estética única da obra.
As representações de Tenniel de Alice, o Chapeleiro Maluco, a Rainha de Copas e outros
personagens se tornaram imagens icônicas da literatura infantil. Sua habilidade em
capturar a imaginação e a peculiaridade da história de Carroll contribuiu para o sucesso
duradouro de "Alice no País das Maravilhas".
A influência de Tenniel nas ilustrações de Carroll é inegável, e seu trabalho continua a
encantar leitores de todas as idades até hoje.
Literatura Fantástica
É um gênero que se destaca pela criação de mundos imaginários,
repletos de elementos mágicos, seres sobrenaturais e eventos
extraordinários. Essas histórias exploram o desconhecido, desafiando as
leis da realidade e transportando os leitores para universos cheios de
maravilhas e aventuras.
Os elementos fantásticos podem incluir criaturas míticas, magia,
viagens no tempo, mundos paralelos. Esse gênero permite aos leitores
escapar da rotina e embarcar em jornadas emocionantes e imaginativas.
Literatura Fantástica

Grandes obras de literatura fantástica, como "Alice no País das


Maravilhas", de Lewis Carroll, "O Senhor dos Anéis", de J.R.R. Tolkien, e
"As Crônicas de Nárnia", de C.S. Lewis, encantam leitores de todas as
idades com seus mundos fantásticos e personagens cativantes.

A literatura fantástica não apenas entretém, mas também nos faz


refletir sobre questões existenciais, morais e filosóficas. Essas histórias
nos transportam para além dos limites da realidade e nos permitem
explorar novas possibilidades e perspectivas.
Os Elementos Fantásticos em
"Alice no País das Maravilhas"
• Alice cai em um buraco de coelho e entra em um mundo mágico e surreal;

• Criaturas fantásticas: Chapeleiro Maluco, a Rainha de Copas e o Gato de Cheshire;

• Eventos extraordinários e situações absurdas, como poções que alteram o


tamanho das pessoas ou cogumelos que concedem habilidades especiais ou
animais que falam;
• Temas filosóficos, como a identidade, a lógica e a ilógica, a passagem do tempo e a
natureza do sonho;
• A narrativa desconstrói as convenções da realidade e nos faz questionar as
fronteiras entre o real e o imaginário.
O Nonsense em “Alice no país das maravilhas”
A obra "Alice no País das Maravilhas" é um exemplo notável da literatura
nonsense. Nesse estilo literário, os elementos lógicos e racionais são
subvertidos, dando lugar a situações absurdas e ilógicas.
Encontramos uma série de eventos e personagens que desafiam a lógica
convencional. A narrativa é repleta de absurdos que desafiam as
expectativas do leitor.
A linguagem também desempenha um papel importante na literatura
nonsense presente na obra. Palavras sem sentido, trocadilhos e diálogos
desconcertantes são utilizados para criar um ambiente caótico e divertido.
O Nonsense em “Alice no país das maravilhas”
• Coelho que olha constantemente para o relógio: Um coelho que está
sempre atrasado e obcecado pelo tempo, criando uma situação absurda.

• Chapeleiro maluco: Um personagem excêntrico que está sempre tomando


chá e fazendo perguntas sem sentido.

• Gato de Cheshire: Um gato misterioso que desaparece e reaparece,


deixando apenas seu sorriso enigmático.

• Rainha de Copas: Uma rainha tirânica que adora ordenar decapitações por
motivos fúteis.
Estrutura da obra: Tempo e Espaço
Há dois espaços configurados na obra: o mundo real, onde Alice está com sua
irmã, e o País das Maravilhas, em que ela chega ao descer pela toca.

• Mundo real: espaço bucólico, com uma lagoa e ovelhas, um “terreiro da


fazenda”. No lugar interiorano onde vivem, a noção de tempo não sofre as
distorções que se verificam na terra da Rainha, espaço onírico de Alice.

• Tempo real: quando Alice acorda de seu sonho, a irmã lhe diz: “Sem dúvida foi
um sonho curioso, minha querida; agora vá correndo tomar o seu chá,
está ficando tarde”, ou seja, o tempo segue o ritmo natural, pautando as
atividades tradicionais da região onde as irmãs moram.
Estrutura da obra: Tempo e Espaço

• A distorção do tempo/espaço começa quando Alice cai no buraco da toca


do Coelho. A queda parecia tão interminável que ela teve tempo de fazer
considerações: já teria ou não passado pelo centro da Terra e se alguém se
lembraria de alimentar sua querida gatinha Dinah.

• Uma das mais interessantes reflexões sobre o tempo acontece no chá maluco
com o Chapeleiro Maluco, a Lebre de Março e o Caxinguelê:

“‘Se você conhecesse o Tempo tão bem quanto eu’, disse o Chapeleiro,
‘falaria dele com mais respeito’.”
Estrutura da obra: Tempo e Espaço
• Ele trata o tempo como uma entidade concreta, personificada, cuja
amizade permitiria que os momentos desagradáveis passassem muito
rápido, de modo a que a vida fosse uma constante satisfação.

• Contudo, para a tristeza do Chapeleiro, ele brigara com o Tempo, que,


vingativo, impôs que seriam sempre 6 horas para aquele trio.

• Apegados de maneira absurda às formalidades sociais, eles são obrigados


a viver à mesa do chá, sempre servido no mesmo horário, sem ter tempo ao
menos para retirar a louça suja da mesa. Por esse motivo, ficam mudando
constantemente de cadeiras para reiniciar um ciclo interminável.
Estrutura da obra: Tempo e Espaço
• País das Maravilhas: um lugar bucólico, cheio de bosques, pontuado por
casas simpáticas, tais como as do Coelho Branco, da Duquesa e da Lebre de
Março. A maior vontade de Alice é adentrar no “jardim encantador” que ela
vira após a sua queda.

• Depois de muitas peripécias, ela conseguiu entrar no jardim: era belíssimo,


mas não era um espaço harmonioso e delicado. Pelo contrário, era um lugar
cheio de arbitrariedades e violência, impostas por uma rainha colérica.

• Portanto, apesar da beleza, o jardim se configura uma verdadeira


distopia, uma inversão de todo caráter harmônico que se esperava
encontrar no local.
Estrutura da obra: Tipo de narrador
• Narrador em terceira pessoa, distanciado e impessoal. Contudo, em
alguns momentos, ele se dirige diretamente ao leitor, abrindo parênteses
para convidá-lo a participar da história: “Se você não souber o que é um
Grifo, olhe a ilustração”; “imagine fazer mesura quando se está
despencando no ar... Você acha que conseguiria?”.

• No fim da história, o narrador se aproxima dos pensamentos da irmã de


Alice para descrevê-la. Isso evoca as circunstâncias da criação da história,
pois parece ser o próprio autor opinando sobre sua amiga Alice: “podia até
ouvir as entonações da voz dela, e ver aquele jeitinho de jogar a cabeça
para afastar o cabelo desgarrado que sempre lhe caía nos olhos”.
Estrutura da obra: Tipo de narrador
• No parágrafo final, ele faz uma reflexão sobre a passagem do tempo,
imaginando a Alice adulta a lembrar “sua própria vida de criança, e os dias
felizes de verão”.

• O estilo do narrador é marcado por trocadilhos e enigmas, os quais desafiam


os tradutores a captar a ideia dos jogos fonéticos. Isso explica as grandes
variações do texto de uma tradução para outra.
Temas presentes na obra
1 Identidade
Alice questiona constantemente sua identidade
e seu lugar no mundo.

2 Realidade vs. Fantasia


O mundo fantástico de Alice questiona a
fronteira entre realidade e imaginação.

3 Crescimento
Alice cresce e amadurece na história, aprendendo
lições valiosas.
Simbologias presentes na obra
Coelho Branco Chapeleiro Maluco Rainha de Copas

É constantemente Simboliza a Simboliza a


associado com a Revolução Industrial, corrupção e o
pressa e a ansiedade. a loucura, obssessão abuso de poder.
Carrega um relógio pelo tempo. É ridícula, já que
que é um símbolo da É testemunha no suas ordens
Revolução Industrial. processo das tortas frequentemente
e desperta o senso não são
de justiça de Alice. cumpridas.
Simbologias presentes na obra
Lagarta Gato Maus-tratos

Questiona quem é Alice Força Alice a aceitar Todos os personagens


de forma existencial. que não há lógica no maltratam Alice.
Ela diz que não sabe País das Maravilhas. Por isso, ela passa a
mais quem é. Portanto, ela deve questionar, confrontar
Representa a ampliar as e argumentar. Seria
metaformose/ processo possibilidades de um incentivo as
de amadurecimento. interpretação/ crianças na Era
imaginação. Vitoriana.
O SURREALISMO
A arte do sonho, do subconsciente, da não razão, da influência Freudiana

Recebe influência das teorias psicanalíticas de Freud;

Proclama que a arte não pode ser produzida pela razão;

Busca de um mundo alucinado, da libertação do inconsciente, da


valorização do sonho e das sensações.
Elementos surrealistas e simbológicos na obra
Partes com Simbolismo:

• O Coelho Branco simboliza o conceito de tempo e urgência, enquanto


Alice o segue pelo buraco do coelho, embarcando em uma jornada de
autodescoberta.

• A Rainha de Copas representa o governo autoritário e a


irracionalidade, com sua obsessão por decapitações e sua famosa
frase "Cortem-lhe a cabeça!"

• A transformação da Lagarta em uma borboleta simboliza o


crescimento pessoal e a metamorfose.
Elementos surrealistas e simbológicos na obra
Partes Surrealistas:

• A cena em que Alice cresce e encolhe de tamanho depois de beber


poções, desafiando as leis da física e da lógica.

• O chá maluco do Chapeleiro Maluco, onde o tempo é retratado


como um loop infinito.

• A habilidade do Gato de Cheshire de desaparecer e reaparecer à


vontade, deixando apenas seu sorriso para trás.
Resumo da história de
"Alice no país das maravilhas"

1 Cena Inicial 2 Personagens


Alice segue um coelho branco que fala. Alice encontra criaturas diferentes,
Ela cai em um buraco e entra em um como o Chapeleiro Maluco, a Rainha
mundo fantástico. de Copas e a Lagarta Fumante.
3 Jogos de Linguagem 4 Moral
A trama é repleta de jogos de linguagem Alice aprende a ser corajosa e a
e lógica, como o poema "Jabberwocky". pensar por si própria.
Análise dos personagens principais

Alice Coelho Branco Lagarta

É curiosa e corajosa ao É obsessivo por Figura enigmática


enfrentar as estranhas pontualidade. É quem que desafia Alice a
criaturas do País das instiga a aventura de se definir e ensina a
Maravilhas. Alice. menina a controlar
É uma criança que Simboliza a pressa e a seu tamanho,
questiona o papel dela ansiedade. incentivando seu
no mundo. amadurecimento.
Análise dos personagens principais

Duquesa Gato Chapeleiro Maluco

Personagem poderosa, É um personagem É um personagem


que vive um misterioso que louco, o qual afirma
descompasso entre informa a Alice que o que o Tempo é uma
essência e aparência. mundo em que ela pessoa e que parou
está é louco e sem de correr.
lógica.
Análise dos personagens principais

Rainha de Copas Falsa tartaruga e Grifo

Personagem colérica e Personagens que


autoritária, que apresentam os vícios
simboliza o poder e os problemas da
exercido de forma educação no período.
cruel.
Recepção da obra pela crítica literária
Primeiras críticas
A obra foi relativamente ignorado à época de sua
publicação, mas ganhou popularidade rapidamente.

Divergências

Alguns críticos consideram-na literatura infantil,


enquanto outros a veem para todas as idades.

Reviravolta Crítica
Tornou-se um clássico da literatura inglesa de tal
forma que não pode ser ignorada.
Legado da obra na cultura pop

Papel Outras Obras Museu


Muitos personagens, A história inspirou O Museu de Oxford,
frases e imagens da obra diversas cidade natal de Carroll,
entraram na cultura pop e adaptações, como tem hoje diversas
se tornaram símbolos do filmes, desenhos exposições dedicadas à
estilo e da personalidade animados, e games. sua obra e influência.
de Lewis Carroll.
Filmes, Desenhos e Jogos inspirados na obra
Filmes e Séries:

• Alice no País das Maravilhas (2010) - Versão live-action do diretor Tim Burton.
• Alice Através do Espelho (2016) - Sequência do filme de 2010 (Tim Burton).
• Once Upon a Time in Wonderland (2013-2014) - Série de televisão spin-off de
"Once Upon a Time".
• Alice in borderland (2020) – Série de suspense japonesa baseada em um mangá.

Desenhos Animados:

• Alice no País das Maravilhas (1951) – Clássica animação da Disney.


• Alice no País das Maravilhas (1983) - Série animada da NBC.
• Alice no País das Maravilhas (1991) - Série animada japonesa adaptada.
Filmes, Desenhos e Jogos inspirados na obra
Jogos:
• American McGee's Alice (2000) - Jogo de ação e aventura com temática sombria.
• Alice: Madness Returns (2011) - Sequência de American McGee's Alice, também
com temática sombria.
• Kingdom Hearts (2002) - Jogo que inclui um mundo baseado em "Alice no País
das Maravilhas".

Filmes em que há intertextualidade com a obra


•Matrix (1999) - O filme apresenta uma cena em que o personagem Neo precisa
escolher entre tomar uma pílula vermelha ou uma azul, uma clara referência ao
momento em que Alice escolhe seguir o coelho branco.
•Donnie Darko (2001) - O coelho Frank, personagem do filme, é uma referência
visual e temática à obra de Lewis Carroll.
MATRIX Ressurections - como Alice no País das Maravilhas influenciou o filme [Siga o coelho branco] - YouTube
Conclusão e reflexões sobre
"Alice no país das maravilhas"

Décadas após sua publicação, a obra de Lewis


Carroll continua intrigando leitores de todas as
idades.
Ela é um exemplo do impacto da imaginação e
como histórias aparentemente infantis podem ter
muito a ensinar. Lewis Carroll criou um mundo sem
igual e um legado que permanece fascinante para
todos.

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