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Texto A

E vão 150 anos de Alice no País das Maravilhas

Foi há 150 anos, mas não desapareceu no tempo. Pelo contrário, perpetuou- se. A
história que encantou o público infantil, e não só, marcou uma mudança na sua época
na forma como se passava a mensagem. Rebobinemos até 1865. Lewis Carroll,
professor matemático, apresentava o livro Alice no País das Maravilhas.
Conscientemente ou não de que o iria fazer, marcou o início de uma nova era na
escrita infantil. A obra tornou-se intemporal: personagens como o chapeleiro louco, o
coelho branco e a rainha de copas fazem parte do imaginário de muitos leitores e
perdurarão no tempo. A história celebra este ano um século e meio de existência. O
impacto desta história foi tão notório, que se criou o “dia de Alice” que ainda hoje é
comemorado em todo o mundo. Começou a ser pensada a 4 de julho de 1862, durante
uma viagem de barco, na qual estavam presentes três irmãs, uma delas de nome de
Alice Lidell. Inicialmente o livro começou por se chamar Alice Adventures Under
Group, saindo em julho de 1865. Hoje é conhecido em todo o mundo por Alice no País
das Maravilhas. Confessa o investigador de estudos anglo-portugueses, da
universidade Nova de Lisboa, Rogério Puga, esta foi uma obra “que foi inovadora
numa época em que os livros para crianças tinham uma voz moralizadora. E
sobreviveu aos tempos”. De facto a obra continua a inspirar muitos artistas, como é o
caso de Damon Albarn que se prepara para estrear no Reino Unido o musical Wonder
Land, com base no livro de Carroll. O investigador acrescenta que esta é uma obra
que tem sido amplamente estudada “É todo um imaginário cultural que sobrevive
àquela obra: a figura do chapeleiro louco, da lagarta, do buraco da toca do coelho
onde Alice cai e descobre um mundo de non sense2 e absurdo. É uma obra
estranhíssima e ambígua3 ”. Puga reforça ainda a intemporalidade e o caráter
revolucionário do livro relativamente ao que era feito até então “É um livro intemporal,
ambíguo porque esbate as classificações entre o que é literatura para crianças e para
adultos. Na época até havia uma discussão entre o que era realidade e fantasia na
literatura e diziam que a fantasia era má para crianças. Foi revolucionário porque fala
de loucura e de sonho.” Esta data não passou despercebida em Portugal. A nove de
outubro realiza-se na Biblioteca Nacional, em Lisboa, uma conferência dedicada à
obra e ao seu século e meio de existência. Contará com a presença da tradutora da
obra Margarida Vale de Gato e as investigadoras Ana Margarida Ramos, Sara Reis da
Silva, Dora Batalim Sottomayor, assim como Blanca-Ana Roig Rechou e Isabel Mociño
González, da universidade de Santiago de Compostela. A obra foi, mais tarde,
adaptada para cinema pela Disney e por Tim Burton, para peças de teatro e musicais.
Em 150 anos, o livro teve centenas de adaptações, versões, traduções e ilustrações.
Portugal não é exceção e estão disponíveis no mercado várias edições, desde
ilustrações originais de John Tenniel, que deu corpo à figura de Alice, do gato de
Cheshire, da lebre de Março ou da tartaruga fingida.

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