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IMPSI – Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno

Curso de Especialização em Psicodrama Pós-Graduação “Lato Sensu”

JOGO DRAMÁTICO

O jogo dramático é uma técnica do Psicodrama que, por ser uma atividade lúdica,
abaixa o nível de tensão, possibilitando que o indivíduo trabalhe de forma indireta o seu conflito.

O jogo se insere no psicodrama como uma técnica que


propicia ao indivíduo expressar livremente as criações de
seu mundo interno, realizando-as na forma de representação
de um papel, ou por determinada atividade corporal.
(MONTEIRO et al, 1994, p. 210)

A autora Rosa Cukier confirma as idéias de Monteiro quando diz que:


É, portanto, finalidade do jogo dramático propiciar um
relaxamento do campo terapêutico, para que seja possível
uma aproximação sutil do material conflitivo. (1992, p. 74)

Sendo assim, os jogos dramáticos levam em conta os seguintes itens:

 Três Contextos: Social


Grupal
Dramático
 Cinco Instrumentos: Diretor
Ego-auxiliar
Protagonista
Cenário
Auditório
 Três Etapas: Aquecimento
Dramatização
Compartilhar

 Contextos

 Social: Constituído pela própria realidade social, é o mundo em que vivemos


(a escola, a família, o trabalho,...) e é regido por leis e normas que impõem
determinadas condutas e compromissos ao indivíduo que o integra.
 Grupal: Constituído pelo próprio grupo, com suas regras e condutas,
envolvendo o Diretor e o Ego-auxiliar.
 Dramático: Constituído pela cena montada, o campo do jogo. É neste contexto
artificial e fantástico que o Protagonista desenvolve seu papel em um
permanente “como se”. No Cenário, procura-se transformar um campo tenso
em campo relaxado, através da diminuição do compromisso pessoal,
permitindo uma visão mais ampla do conflito vivenciado.
 Instrumentos

 Diretor: É aquele que dirige o grupo. Abrange as funções de Produtor, Diretor


e Analista Social, envolvendo desde a seleção dos jogos, estabelecimentos
de regras, objetivos e modificações até o encerramento do mesmo,
conduzindo para o Compartilhar.
 Ego-auxiliar: Atua como ator, guia e investigador social, estabelecendo contato
direto com o Protagonista e o Diretor.
 Protagonista: É a pessoa em torno da qual se centraliza a dramatização. Nos
Jogos Dramáticos, o Protagonista é sempre o grupo e a produção dependerá dele.
 Cenário: É o espaço do “como se”, onde se constrói o Contexto Dramático para o
Protagonista “jogar”.
 Auditório: São os participantes que permanecem no Contexto Grupal, atuando
somente como observadores da ação dramática. Ao final, colaboram com seus
comentários no Compartilhar.

 Etapas

 Aquecimento: É a preparação do indivíduo para a ação. Existem duas fases de


aquecimento:
Aquecimento Inespecífico, que consiste em um conjunto de procedimentos
destinados a centralizar a atenção do Auditório, diminuir os estados de tensão e
facilitar a interação. Tem por objetivo colocar o grupo em atividade, para que se
manifeste através de suas interações e permita observar a dinâmica em jogo, que
dará origem ao Protagonista e/ou escolha do Jogo Dramático.
Aquecimento Específico, ocorre no Contexto Dramático e corresponde ao conjunto
de procedimentos destinados à construção do papel, para que ocorra maior
facilidade no seu desempenho.
 Dramatização: É o jogo, propriamente dito. É quando observamos a atuação e
evolução dos participantes, o grau de espontaneidade e criatividade dado ao papel
e o grau de participação de cada um.
 Compartilhar: É solicitado aos participantes (Protagonista, Auditório, Diretor e Ego-
auxiliar), no final do jogo/dramatização, que cada um expresse os sentimentos
vivenciados até aquele momento.
O jogo dramático da “Boutique Mágica” consiste em:

O Diretor representa no palco uma “Loja Mágica”. Ele próprio ou


algum membro do grupo escolhido por ele, assume o papel de
lojista. A loja está repleta de itens imaginários, de natureza não
física. Os itens não estão à venda, mas podem ser obtidos por
permuta, em troca de outros valores a serem entregues pelos
membros do grupo, individualmente ou em conjunto. Um após
outro, os membros do grupo oferecem-se para subir ao palco,
entrando na loja em busca de uma idéia, um sonho, uma
esperança, uma ambição. Parte-se do princípio de que só fazem
isso se sentem um forte desejo de obter um valor altamente
apreciado ou sem o qual suas vidas pareceriam carentes de
sentido. (MORENO, 1975, p. 35)
O jogo dramático, a “Boutique Mágica”, será realizado como Psicodrama Interno. 1

A BOUTIQUE MÁGICA

1) OBJETIVO:

Terapêutico: Proporcionar aos participantes elementos para o seu


desenvolvimento pessoal e/ou profissional.
Pedagógico: Trabalhar os conceitos básicos do Psicodrama e suas técnicas
através do Jogo Dramático.

2) MATERIAL: Nenhum material específico, mas podem ser usados balões ou lenços para compor o
Boutique Mágica.

3) TEMPO DE DURAÇÃO: 4 horas

4) AMBIENTE FÍSICO: Sala ampla, arejada, com cadeiras removíveis.

5) AQUECIMENTO INESPECÍFICO:

Tem por objetivo preparar o grupo, deixando-o à vontade no espaço em que


vai ocorrer a vivência, diminuindo a tensão e a ansiedade que possam existir
neste momento.

Pedir aos participantes que caminhem pela sala, respirando, entrando em


contato com seu corpo, soltando as tensões, entrando em contato com seus
sentimentos, etc.

Pedir que se olhem em silêncio, percebendo o contato visual com o colega e percebendo como o
grupo se encontra neste momento.
Pedir que cada participante caminhe pela sala percebendo seu movimento usual e os sentimentos.
Pedir que cada um reflita como está caminhando na vida.
Pedir que modifique a forma de caminhar e perceba o que ocorre.

Introduzir mudanças: Andar rápido, andar arrastado, “o chão está gelado”, “o


piso está escorregadio”, “andando em brasas”,....

Pedir para que cada um reflita como reage às mudanças na vida: mudanças
previstas, inesperadas, bruscas,....

Pedir para que cada um crie um caminhar que melhor o satisfaça.

6) AQUECIMENTO ESPECÍFICO:

Tem por objetivo introduzir no grupo o tema específico que se pretende


desenvolver na dramatização. É centrado e estimula os participantes a se
prepararem para o processo de criação.

Pedir que cada um entre em contato com o seu momento de vida, pessoal e/ou profissional.

Perceba as suas realizações, os seus progressos como também suas necessidades e seus
desafios.

1
Psicodrama Interno: “É um trabalho de dramatização, onde a ação é interna, simbólica. O
paciente pensa, visualiza e vivencia a ação, mas não a executa,” (MENEGAZZO et al, 1995, p.
179)
Pedir que observem como vem se constituindo o seu processo de crescimento e desenvolvimento
pessoal e/ou profissional, em que estágio se encontram e quais são os próximos passos desejados.

7) DRAMATIZAÇÃO: O JOGO DRAMÁTICO

Pedir que cada participante busque um lugar na sala para se sentar ou deitar de forma que fique o
mais confortável possível.

Elaboração da Boutique Mágica como Psicodrama Interno.

8) COMPARTILHAR:

Solicitar a cada participante que expresse os sentimentos experimentados durante a vivência.


O compartilhar é falar de si, dos sentimentos, lembranças e experiências pessoais
evocadas pelo Jogo Dramático.
Não é falar do outro ou falar generalizando (as pessoas, o ser humano, agente,
nós,...).
Fala-se na primeira pessoa, EU me senti, eu me sinto, eu me lembrei, eu
percebi,....
Isso é muito importante e o Diretor deve ficar atento e corrigir quando acontecerem
as generalizações pedindo que a pessoa fale de si.

9) PROCESSAMENTO:

Solicitar aos participantes que relacionem a vivência com os objetivos propostos pelo Jogo
Dramático: Terapêutico e Pedagógico.
Avaliar a construção e desenvolvimento do jogo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) CUKIER, Rosa. Psicodrama Bipessoal. São Paulo: Editora Àgora, 1992.


2) GONÇALVES, C. S. ; ALMEIDA, W. C. ; WOLFF, J. R. Lições de Psicodrama:
Introdução ao Pensamento de J. L. Moreno. São Paulo: Editora Àgora, 1988.
3) MENEGAZZO, C. M. Magia, Mito e Psicodrama. São Paulo: Editora Àgora, 1994.
4) MONTEIRO, Regina F. Jogos Dramáticos. São Paulo: Editora Àgora, 1994.
5) MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 1975.
6) SILVA JÚNIOR, Aldo. Jogos para Terapia, Treinamento e Educação. Curitiba: Ed.
Imprensa Universitária, 1982.

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